Bíblia - A Soberania de Deus Na Salvação.

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*INTRODUÇÃO: CONTEXTO BÍBLICO DAS DOUTRINAS DA GRAÇA E HISTÓRICO DO

TERMO: CINCO PONTOS DO CALVINISMO.*

*BÍBLIA*: *A SOBERANIA DE DEUS NA SALVAÇÃO:*

Desde o primeiro profeta de Israel nas peregrinações no deserto, o legislador Moisés, até o
discípulo João, derradeiro apóstolo, que vivia na ilha de Patmos, todos os escritores da
Escritura Sagrada apresentaram uma singular verdade acerca da salvação nas doutrinas da
graça. Quando examinamos de volta as páginas da Bíblia, vemos a ampla diversidade de
autores que a escreveram. Compondo o cânon da Escritura estão os escritos de mais de
quarenta indivíduos, uma colagem virtual de uma série de diferentes homens bem dotados.
Esses servos de Deus viveram em mundos separados uns dos outros em três continentes –
Ásia, Europa e África. Eles escreveram em três línguas – hebraico, aramaico e grego.
Escreveram durante um longo período de tempo – de aproximadamente 1400 a.C. a 100
A.D. Provinham de todos os caminhos da vida. Dois dos escritores, João e Pedro, eram
pescadores. Outros dois, Moisés e Davi, eram pastores nos campos. Um deles, Amós, era
boiadeiro. Davi e Salomão foram reis. Jeremias, Jonas, Joel e outros foram profetas. Isaías
e Daniel foram estadistas. Neemias, copeiro de um rei. Havia um médico, Lucas; um
escriba, Esdras; um cobrador de impostos, Mateus; e um fariseu convertido, Paulo. Josué
foi um general militar. Samuel foi juiz. Alguns, como Asafe, eram levitas no templo. Dois
eram meios-irmãos de Jesus, Tiago e Judas. Um era sacerdote, Ezequiel. Evidentemente,
os escritores da Escritura Sagrada representavam um segmento imenso dentre todos os
estilos de vida. Nenhum outro livro teve tão grande variedade de autores. Homens de
diferentes contextos e cenários e de diferentes línguas foram usados por Deus para
formarem um só livro, a Bíblia. UMA SÓ VOZ: AS DOUTRINAS DA GRAÇA Apesar de
todas essas dificuldades, o Espírito Santo guiou estes mais de quarenta homens enquanto
escreviam, para que registrassem uma só verdade-padrão nas questões da salvação – as
doutrinas da graça. Cada livro, cada capítulo e cada versículo da Bíblia falam com uma só
voz. Juntos, eles testificam a graça soberana de Deus. Todos os escritores da Bíblia
redigiram um só diagnóstico da depravação total do homem. Eles escreveram com um só
entendimento da eleição incondicional. Registraram uma só postura sobre a expiação
limitada. Documentaram uma só posição sobre a graça irresistível do Espírito. E ensinaram
uma só perspectiva sobre a perseverança dos santos. A Bíblia proclama com uma só voz
de trombeta as doutrinas da graça, jamais se contradizendo. Esta unidade em meio a tanta
diversidade é uma prova monumental da autoria sobrenatural da Escritura. O triunfal desfile,
no qual o Espírito guiou estes escritores da Bíblia durante um milênio e meio, chegou ao fim
com o apóstolo João. O derradeiro apóstolo vivo escreveu no fim do século primeiro.
Exilado para a ilha de Patmos, este pregador perseguido acrescentou as verdades finais ao
corpo da Escritura. Realizando esse trabalho, ele contribuiu com as verdades que coroam a
graça soberana. Temos aí a consumação da revelação infalível de Deus ao homem por
intermédio dos escritores da Bíblia.

As doutrinas da graça compõem um sistema coeso de teologia no qual a soberania é


claramente demonstrada na salvação dos pecadores eleitos. Não só se reconhece que
Deus reina sobre toda a história humana, micro e macro, mas também que ele é soberano
na dispensação da sua graça salvadora. De Gênesis a Apocalipse, Deus é apresentado na
Escritura como absolutamente determinativo em outorgar a sua misericórdia. Ele é exposto
como tendo escolhido desde antes da fundação do mundo aqueles que quer salvar, e
depois, dentro da história, fazendo isso acontecer. O apóstolo Paulo anunciou claramente a
graça soberana de Deus na salvação do homem. Ele escreveu que, desde a eternidade,
Deus escolheu, quis, decidiu e planejou salvar alguns pecadores. Eleger é escolher, e Deus
escolheu os que seriam salvos. Paulo escreveu: *“Pois ele diz a Moisés: ‘Terei misericórdia
de quem eu quiser ter misericórdia e terei compaixão de quem eu quiser ter compaixão’.
Portanto, não depende do desejo ou do esforço humano, mas da misericórdia de Deus.”
(Rm 9.15-16).* Isso equivale a dizer que Deus decide quem vai salvar a fim de manifestar
sua glória: *“Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis em sua presença. Em amor nos predestinou para sermos adotados como
filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o bom propósito da sua vontade” (Ef 1.4,5);*
“Sabemos, irmãos, amados de Deus, que ele os escolheu” (1Ts 1.4); “Deus os escolheu
como seus primeiros frutos para serem salvos mediante a obra santificadora do Espírito e a
fé na verdade” (2Ts 2.13); Deus “nos salvou e nos chamou com uma santa vocação, não
em virtude das nossas obras, mas por causa da sua própria determinação e graça. Esta
graça nos foi dada em Cristo Jesus desde os tempos eternos” (2Tm 1.9); e “Paulo, servo de
Deus e apóstolo de Jesus Cristo, para levar os eleitos de Deus à fé” (Tt 1.1).

Os apóstolos Pedro e João ensinavam precisamente a mesma autoridade suprema de Deus


na salvação dos eleitos. Pedro escreveu: “Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos eleitos de
Deus, peregrinos dispersos no Ponto, na Galácia, na Capadócia, na província da Ásia e na
Bitínia” (1Pe 1.1); e: “Portanto, irmãos, empenhem-se ainda mais para consolidar o
chamado e a eleição de vocês” (2Pe 1.10). O apóstolo João escreveu: “A besta que você
viu, era e já não é. Ela está para subir do Abismo e caminha para a perdição. Os habitantes
da terra, cujos nomes não foram escritos no livro da vida desde a criação do mundo, ficarão
admirados quando virem a besta, porque ela era, agora não é, e entretanto virá” (Ap 17.8).

Toda a Escritura é um testemunho de que Deus é soberano na salvação. Esse é o alvo


desse estudo, mostrar Biblicamente as doutrinas da graça.

*João Calvino e “Os Cinco Pontos do Calvinismo”:*

*SÍNODO DE DORT (1619) :* Ao contrário do que muitos pensam, não foi João
Calvino quem escreveu “Os Cinco Pontos do Calvinismo”. Talvez algumas pessoas
ficarão impressionadas com esta afirmação. No entanto, a magna pergunta que se faz
é: Se não foi Calvino, quem foi então? “Estes cinco pontos foram formulados pelo
Sínodo de Dort, Sínodo este convocado pelos estados Gerais (da Holanda) e
composto por um grupo de 84 Teólogos e 18 representantes seculares, entre esses
estavam 27 delegados da Alemanha, Suíça, Inglaterra e outros países da Europa
reunidos em 154 Sessões, desde 13 de novembro de 16 18 até maio de 1619” .
Portanto, peca por ignorância quem afirma ser João Calvino o autor destes cinco
pontos, porque na verdade, a afirmação correta é que estes “pontos” foram
fundamentados tão somente nas doutrinas ensinadas por ele. Aliás, este sistema
doutrinário, se assim podemos chamá-lo, foi elaborado somente 54 anos após a
morte do grande reformador (1509-1564). Razão de sua Escrita Os Cinco Pontos do
Calvinismo foram
formulados em resposta a um “documento que ficou conhecido na história como
‘Remonstrance' ou o mesmo que ‘Protesto'”, apresentado ao Estado da Holanda pelos
“discípulos do professor de um seminário holandês chamado Jacob Hermann, cujo
sobrenome latino era Arminius *(1560-1600). Mesmo estando inserido
na tradição reformada, Arminius tinha sérias dúvidas quanto à graça soberana de
Deus, visto que era simpático aos ensinos de Pelágio e Erasmo, no que se refere à
livre vontade do homem”. Este documento formulado pelos discípulos de Arminius
tinha como objetivo mudar os símbolos oficiais de doutrinas das Igrejas da Holanda
(Confissão Belga e Catecismo de Heidelberg ), substituindo pelos ensinos do seu
mestre. Os cinco pontos do calvinismo foi uma resposta dada aos cinco pontos do
arminianismo.

*Porque Cinco Pontos?*

Este documento formulado pelos alunos de Jacob Arminius tinha como teor cinco
principais pontos, conhecidos como “Os Cinco Pontos do Arminianismo”. E como já
dissemos logo acima, em resposta a este Cinco Pontos do Arminianismo, o Sínodo
de Dort elaborou também o que conhecemos como “Os Cinco Pontos do Calvinismo”
ao invés de sete ou dez.

Estes pontos do calvinismo são conhecidos mundialmente pela palavra *TULIP*, um


acróstico popular que na língua inglesa significa:
*T*otal Depravity = Depravação Total *U*nconditional Election = Eleição Incondicional
*L*imited Atonement = Expiação Limitada *I*rresistible Grace = Graça Irresistível
*P*erseverance of Saint = Perseverança dos Santos

O acróstico *TULIP* representa os assim chamados cinco pontos do Calvinismo, os quais


são, em resumo, como seguem:

*Resumo*: Os Cinco Pontos do Calvinismo


por Robert L. Reymond, Ph. D.

1. Depravação Total. Tanto por causa do pecado original, como pelos seus próprios atos
pecaminosos, toda a humanidade, exceto Cristo, em seu estado natural é inteiramente
corrupta e completamente má, ela é restringida de manifestar a sua corrupção em plenitude
por causa da instrumentalidade da graça comum de Deus. Em conformidade com a sua
natureza, ela é completamente incapaz de salvar a si mesma.

2. Eleição Incondicional. Antes da criação do mundo, em sua simples e livre graça e amor,
Deus elegeu a muitos pecadores para uma completa e final salvação, contudo, sem prever
a fé ou as boas obras, ou qualquer outra coisa que lhes servisse de condição ou causa, que
movesse Deus a escolhe-los. Que seja afirmado, a base da eleição não estava neles, mas
em Si mesmo.
3. Expiação Limitada. Cristo morreu eficazmente, o que é verdadeira salvação somente
para o eleito, apesar da infinita suficiência de sua expiação e o divino chamamento a todos
ao arrependimento e confiança em Cristo, prover a garantia para a proclamação do
evangelho a todos os homens. Eu pessoalmente, prefiro os termos “expiação definitiva”,
“expiação particular”, ou “expiação eficaz”, em vez de “expiação limitada”, tanto por causa
de uma possível confusão da palavra “limitada”, como também, por causa de todo “limite”
evangélico que a expiação possa ter em seu desígnio (o Calvinista), ou em seu poder de
aplicar o seu propósito (o Arminiano).

4. Graça Irresistível. Esta doutrina não significa que o não-eleito encontrará a graça
irresistível de Deus, mas sim, que a graça salvadora de Deus não se estende igualmente a
ele. Nem mesmo significa que o eleito encontrará a irresistível graça salvadora de Deus,
desde o início se estendendo a ele, como se o eleito pudesse resistir a sua oferta por um
período. O que ela significa é que o eleito é incapaz de resistir continuamente a graciosa
oferta de Deus. No tempo designado, Deus atrai o eleito, um por um, a si mesmo,
removendo a sua hostilidade e oposição a Ele e seu Cristo, produzindo o desejo de receber
o seu Filho.

5. Perseverança dos Santos. O eleito está eternamente seguro em Cristo, que preserva
para Si mesmo, capacitando-lhe a perseverar nEle até o fim. Aqueles que professam ser
cristãos, e se apostatam da fé (1 Tm 4:1), são como João disse: “eles saíram do nosso
meio, mas na realidade não eram dos nossos, pois se fossem dos nossos, teriam
permanecido conosco; o fato de terem saído mostra que nenhum deles era dos nossos” (1
Jo 2:19).

Fonte: Robert L. Reymond, A New Systematic Theology of the Christian Faith (Nashville:
Thomas Nelson Publishers, 1998), Apêndice E.

*Considerações Finais*
Para inteirar o leitor do todo da história, Spencer nos diz que após o Sínodo de
Dort se reunir em 154 Sessões num “completo exame das doutrinas de Arminius e
comparar cuidadosamente seus ensinos com os ensinos das Escrituras Sagradas,
chegaram à conclusão que os ensinos de Arminius eram heréticos”. “E não somente
isto, mas o Concílio impôs censura eclesiástica aos ‘remonstrantes' depondo-os dos
seus cargos, e a autoridade civil (governo) os baniu do país por cerca de seis
anos”. Diante disso, creio que a diferença crucial entre o Arminianismo e o
Calvinismo se resume na palavra Soberania. Enquanto os calvinistas entendem que
Deus opera a salvação na vida do ser-humano conforme a sua livre e soberana
vontade, os arminianos salientam que o homem é capaz de por si só querer ou não ser
salvo. Se partirmos da premissa que o homem está completamente morto diante de
Deus como nos ensina Efésios 2:1, entenderemos porque a salvação depende tão
somente da graça e da misericórdia do SENHOR, pois “não depende de quem quer
ou quem corre, mas de usar Deus a sua misericórdia”(Rm 9:16). Portanto, creio que
os objetivos deste artigo foram de fato alcançados, demonstrando assim a verdadeira
história dos “Cinco Pontos do Calvinismo”. Que assim, queira o Senhor nosso Deus
nos abençoar e nos dar sempre a graça de sermos verdadeiros propagadores da
história reformada.

Jonas 2: 9. ..."Ao Senhor pertence a salvação."

"Não é uma novidade, então, que eu estou pregando; não é nenhuma nova doutrina.
Gosto de proclamar essas velhas e fortes doutrinas, que levam o apelido de
CALVINISMO, mas que são, certa e verdadeiramente, a verdade revelada de Deus
como se vê em Cristo Jesus. Por meio desta verdade, eu faço uma peregrinação no
passado, e, conforme vou caminhando, vejo, pai após pai, confessante após
confessante, mártir após mártir, se levantarem para apertar minhas mãos....
Assumindo estas coisas como o padrão da minha fé, vejo a terra dos antigos cheia
de irmãos meus: contemplo multidões que confessam as mesmas coisas que eu
confesso, e reconheço que esta é a religião da igreja de Deus. " Charles H.
Spurgeon

SOLI DEO GLORIA

NOTAS: [1] -Tradução livre e adaptada do livro The Five Points of Calvinism,
www.unifil.br/teologia/arquivos/ cincopontoscalvinoesboco.pdf [2] -The Five Points of
Calvinism, p. 1, ob.cit. [3] -Duane E. Spencer, TULIP, Os Cinco Pontos do Calvinismo
à Luz das Escrit uras, p. 111-112, Parakletos, 2ª Edição –São Paulo –2000. [4] -Esta
síntese foi retirada do livro TULIP , p. 15-19. [5] -TULIP , p. 112. [6] -The Five Points
of Calvinism, p. 6.

OBS. NÃO VAMOS NOS ATER A PARTE DE HISTÓRICA DOS DOS CINCO PONTOS DO
CALVINISMO. PARA MAIS INFORMAÇÕES SOBRE O SÍNODO DE DORT- INDIOCO OS
VÍDEOS DO PROFESSOR FRANKLIN FERREIRA NO YOUTUBE.

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