Contação de Histórias

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O QUE É A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS

O termo “contação de histórias” é uma expressão relativamente recente, livremente traduzida e adaptada
do castelhano "cuentacuentos" que, por sua vez, pode significar tanto o ato de se contar histórias, quanto
o próprio contador. Na língua inglesa, o termo "Storytelling", similar a contação de histórias, se refere ao
ato ou capacidade de narrar um fato ou história, seja de forma improvisada ou planejada.

Na atualidade, a contação de histórias é usada também para difundir o conhecimento didático nas escolas,
mesmo que não configure sua função principal. O fato é que o ato é uma das práticas mais remotas da
humanidade, tendo em vista que o ser humano conta histórias desde o início do desenvolvimento das
habilidades de comunicação e da fala trocar experiências, em momentos de confraternização, entre
outros.

A contação de histórias também ajudava os povos antigos a passarem o tempo e a vencerem o tédio.
Além disso, são também a maneira mais significativa que a humanidade encontrou para expressar as
experiências que nas narrativas realistas não aconteciam. Com o passar dos anos, as histórias se
tornaram uma forma de preservar as culturas e os valores, e de compartilhar o conhecimento com outros
povos e gerações posteriores.

Desta maneira, não há como negar que as histórias tiveram um importante papel no processo evolutivo da
humanidade. As histórias despertam a imaginação, as emoções, o interesse e as expectativas. Ouvir uma
história e/ou contá-la e recontá-la é uma maneira de preservar as culturas, os valores e compartilhar o
conhecimento. Faz parte da tradição de vários povos desde os mais antigos tempos.

Narrativas orais são passadas de geração a geração desde o início da humanidade, num movimento de
recriação. A absorção da cultura está ligada à contação de histórias, já que muitas vezes os valores
culturais de um povo estão impressos na prática. Ao mesmo tempo em que serviu, ao longo dos anos,
como recurso de comunicação, a contação de histórias despertava imaginação, emoções, interesse e
expectativas dos ouvintes.

Através de todos os estímulos gerados pela contação de histórias, foi percebido que através delas, as
pessoas são capazes de absorver valores morais e sociais. É nesse contexto que entra a importância
desta como prática educativa, pela qual as crianças podem começam a desenvolver a imaginação, a
criatividade, o gosto pela leitura e pela linguagem, criando empatia com os personagens.

A contação de histórias desperta o lado lúdico, característica muito importante para o desenvolvimento
infantil. É no lúdico que a criança desenvolve criatividade e senso crítico. As histórias são ferramentas
para ajudar as crianças na observação, reflexão e memória, sendo também sensações experimentadas
por quem escuta uma história. Assim, as escolas compreenderam que esta técnica é poderosa na
educação dos seus alunos.

Além de ensinar a ler e a escrever, é dever da instituição de ensino criar nas crianças o hábito e gosto do
aluno em consumir histórias, livros, contos, crônicas e literatura.

DIFERENÇA ENTRE LER E CONTAR HISTÓRIAS


Contar uma história é diferente de ler uma história. O contador de histórias cria imagens que ajudam a
despertar as sensações e a ativar no ouvinte os sentidos: paladar, audição, tato, visão e olfato. Assim,
suas narrativas são carregadas de emoção e repletas de elementos significativos, como gestos, ritmo,
entonação, expressão facial, silêncios. Tais elementos proporcionam uma interação direta com o público e
implicam improvisação e interpretação.

O contador recria o conto junto com seu auditório, conservando algumas partes do texto. No entanto, as
modifica, conforme a interação que estabelece com o público. O leitor de histórias, por sua vez, empresta
sua voz ao texto, respeitando a estrutura linguística da narrativa, bem como as escolhas lexicais do autor.
Ler uma história é uma forma de apresentar a obra conforme sua linguagem original. Contar histórias
envolve improvisação, interação e elementos agregados.

Leitura e contação de histórias são duas formas diferentes, mas importantes. Um texto escrito segue as
normas da língua escrita, que são completamente diferentes daquelas da linguagem falada. Quando uma
criança ouve a leitura de uma história ela introjeta funções sintáticas da língua, além de aumentar seu
vocabulário e seu campo semântico.

Aquele que lê a história deve dominar a arte de contá-la, estar preparado suficientemente para fazê-lo com
apoio no texto, sabendo utilizar o livro como acessório integrado à técnica da voz e do gesto. Quem lê
para uma criança não lhe transmite apenas o conteúdo da história; promovendo seu encontro com a
leitura, possibilita-lhe adquirir um modelo de leitor e desenvolve nela o prazer de ler e o sentido de valor
pelo livro.

PRINCIPAIS GÊNEROS DE HISTÓRIAS CONTADAS


Poesia

A poesia (do latim poēsis), ou texto lírico (segundo a Poética Clássica) é uma das sete artes tradicionais,
que retrata a realidade sob a ótica da imaginação do autor e também do leitor. Apesar da importância do
sentido da mensagem poética, é a forma estética que define um texto como poético ou não.

A poesia é, via de regra, formada por atributos metafísicos e existenciais. Assim, a arte de poetizar nos
permite exprimir nossos sentimentos mais recônditos por meio da utilização de recursos linguísticos e
estéticos.

Cordel

A literatura de cordel, também conhecida como folheto, é um tipo de poesia popular que é impressa e
divulgada em folhetos. Suas imagens são feitas através da xilogravura. Este é um gênero literário popular
que existe em outros países além do Brasil.

O nome literatura de cordel tem origem na forma como esses folhetos são vendidos, eles normalmente
são pendurados em barbantes, cordas ou cordéis. Estes folhetos eram vendidos em bancas, nas feiras e
nos mercados.

Novela

Módulo mais complexo do romance e também mais dinâmico, é dividida em episódios, são contínuos e
não têm interrupções. A novela consiste em uma narração que, diferentemente dos romances, é menos
duradoura e toda a história se passa ao redor de uma personagem. Costuma ter entre 50 e 100 páginas e
apresenta uma situação de conflito que vai sendo desvendada no decorrer da história.

Conto

Narrativa curta que gira em torno de um só conflito, com poucos personagens. Os contos são pequenas
narrativas, estruturadas em parágrafos e em seus textos, estão contidas várias situações rotineiras.

Os contistas ou escritores de contos relatam nos acontecimentos cotidianos, histórias cômicas, do folclore
brasileiro, mas sempre são ocasiões bem populares. Outro elemento do conto é que ele se aproxima
bastante de poesias e crônicas.

Crônica

Narrativa breve que tem por objetivo comentar algo do cotidiano; é um relato pessoal do autor sobre
determinado fato do dia a dia. As crônicas são textos exclusivos para os jornais, pois elas trabalham com o
factual (de curta duração).
O cronista escreve sobre fatos, elaborando um texto geralmente curto, em que críticas, sátiras, indiretas e
afins, podem ser inseridas. O escritor de crônicas costuma contar uma situação de forma bem simples,
mostrando sua visão do mundo.

Romance

Uma narrativa longa, geralmente dividida em capítulos, possui personagens variadas em torno das quais
acontece a história principal e também histórias paralelas a essa, pode apresentar espaço e tempo
variados.

O romance, oriundo dos contos épicos, contém um tempo, lugar, os personagens, um enredo, típico do
texto narrativo. Nele, as ações ocorrem em conjunto e os personagens podem surgir no decorrer da trama.

Características como essa, fazem com que esse estilo passe a ser mais abundante de recursos que um
conto ou uma crônica, por exemplo. Além disso, o romance tem características que se aproximam
bastante da realidade.

Fábula

As fábulas são textos muito ricos e seus autores utilizam uma imensa capacidade criativa, visto que, nessa
modalidade de sentido figurado, os animais têm características de seres humanos como a fala,
capacidade de pensar, etc. Na produção de textos para fábulas pode-se usar sátiras, críticas e sempre no
final existe uma lição de moral. Geralmente, são histórias infantis destinadas às crianças; porém, não
devem ser desprezadas.

A modalidade originou-se no antigo Oriente, onde gregos, babilônicos, assírios, já utilizavam dessa forma
tão divertida de ensino. No decorrer da história, os autores usavam desse artifício para criticar, muitas
vezes, a política, por exemplo. Autores como La Fontaine, George Orwell, Sá de Miranda, Monteiro Lobato
e muitos outros são grandes escritores de fábulas.

HISTÓRIA DA LITERATURA INFANTIL


A história da literatura infantil tem relativamente poucos capítulos. Começa a delinear-se no início do
século XVIII, quando a criança pelo que deveria passa a ser considerada um ser diferente do adulto, com
necessidades e características próprias, pelo que deveria distanciar-se da vida dos mais velhos e receber
uma educação especial, que a preparasse para a vida adulta.

Nesta época existiam duas realidades distintas: a criança da nobreza, orientada por preceptores, este liam
geralmente os grandes clássicos, enquanto a criança das classes desprivilegiadas liam ou ouviam as
histórias de cavalaria, de aventuras. A constituição da literatura infantil se deu em meio a um novo modelo
de família que estava a se constituir.

A concepção de uma faixa etária diferenciada, com interesses próprios e necessitando de uma formação
específica só acontece em meio à Idade Moderna. Esta mudança se deveu a outro acontecimento da
época: a emergência de uma nova noção de família, centrada não mais em amplas relações de
parentesco, mas num núcleo unicelular, preocupado em manter sua privacidade (impedindo a intervenção
dos parentes em seus negócios internos) e estimular o afeto entre seus membros.

A Literatura Infantil chega ao Brasil somente mais tarde, ocorrendo inicialmente após a implantação da
Imprensa Régia, em 1908, mais especificamente com a chegada de D. João VI ao país. Nessa época as
obras eram apenas as traduções das obras de Portugal. Alberto Figueiredo Pimentel foi uns dos primeiros
autores da época a fazer adaptações que ficaram conhecidas pela inserção dos contos europeus no
Brasil. O autor publica traduções dos contos de Perrault, dos irmãos Grimm e de Andersen, em obras
como Contos da carochinha, Histórias da avozinha, Histórias da baratinha.

A Literatura Infantil como produção própria de um brasileiro ocorreu por volta de 1922, por Monteiro
Lobato.Considerando que as obras adaptadas eram de origem européia, o primeiro registro de literatura
infantil brasileira dá-se pelas mãos de Monteiro Lobato, em 1920, com a obra A menina do narizinho
arrebitado.

Lobato revoluciona com a realidade da literatura infantil apresentada nessa época, ele procura superar
preconceitos históricos, ignorar o moralismo e preceitos religiosos, algo que era tão presentes nas obras
que eram destinadas aos pequenos.

Ruth Rocha também é uma grande referência, com obras de grande sucesso, como O que os olhos não
vêem. O reizinho mandão, O rei que não sabia de nada. Ziraldo também enquadra- se nessa lista, com
suas varias obras, das quais podemos citar O menino Maluquinho, O menino mais bonito do mundo, A
bela borboleta, entre outros.

A Literatura infantil é, antes de tudo, literatura, ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que representa
o Mundo, o Homem, a Vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática; o imaginário e o real; os
ideais e sua possível/impossível realização.

A literatura infantil, como seu adjetivo determina, é a literatura destinada à criança, que tem como objetivo
principal oferecendo-lhe, através do fictício e da fantasia, padrões para interpretar o mundo e desenvolver
seus próprios conceitos.

Há diferentes tipos ou gêneros diferentes de literatura infantil. Alguns são classificados com base nas
preferências da criança, enquanto outros são classificados com base na idade recomendada ou na
habilidade de leitura requerida. Alguns exemplos mais conhecidos são: livros de figurinhas, ficção
fantasiosa, ficção realista e a literatura tradicional.

A IMPORTÂNCIA DA LEITURA
O papel da literatura infantil no desenvolvimento da criança nos anos iniciais da educação infantil

O primeiro contato da criança com o texto, geralmente, é por meio das histórias apresentadas, oralmente,
por pais e familiares. Elas podem ser contadas em diversas ocasiões, como, por exemplo, ao acordar,
durante uma tarde chuvosa, antes de dormir, preparando para um sono tranquilo e restaurador. Trata-se
de uma prática extremamente importante por configurar o início do processo de aprendizagem.

Ouvir histórias desenvolve o pensamento crítico e oferece para as crianças a possibilidade de conhecer
um mundo encantador, mas, também, cheio de conflitos e dificuldades que precisam ser enfrentados.
Quando uma criança ouve histórias, ela passa a perceber  as diferenças que retratam o caráter dos
personagens, além da compreensão de valores básicos da conduta humana e convívio social.

As histórias formam o gosto pela leitura, pois quando a criança aprecia ouví-las, adquire o impulso inicial
que mais tarde a atrai para a leitura. Além disso, as histórias são um poderoso recurso de estimulação do
desenvolvimento psicológico e moral que pode ser utilizado como recurso auxiliar da manutenção da
saúde mental do indivíduo em crescimento. Os benefícios não param por aí.

As histórias enriquecem  o vocabulário infantil, amplia seu mundo de ideias e conhecimentos e desenvolve
a linguagem e o pensamento. Também  educam e estimulam o desenvolvimento da atenção, da
imaginação, observação, memória, reflexão e linguagem. Ao cultivar a sensibilidade de quem ouve, educa
o espírito e guiam a criança na descoberta de sua própria identidade.

A família e os professores têm papel substancial para auxiliar os infantes a desenvolver o gosto pela
literatura. Eles precisam ter modelos de leitores e ter contato com os livros, seja em livrarias, bibliotecas ou
salas de leitura. Toda a comunidade deveria assumir o papel de formador de leitores.

literatura infantil abre portas para o universo da imaginação, incentivando a criança desde muito cedo a
praticar a leitura prazerosa. O hábito da leitura além de ser fonte de lazer, é um aumenta a proficiência da
escrita e da própria leitura, contribuindo para a formação de uma sociedade com cidadãos leitores,
pensantes e críticos.
Pensando nisso, Ministério da Educação executa o Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), que
distribui obras da literatura Infantil e infanto-juvenil para todas as escolas públicas do país.

Interação social

As histórias facilitam a adaptação da criança ao meio ambiente, pela incorporação de valores sociais e
morais que ela capta da vida de seus personagens. O homem é indiscutivelmente um ser de comunicação
e interação com os demais de sua própria espécie em todos os contextos, seja no trabalho, escola, com a
família, amigos e com o mundo que o rodeia.

Partindo do princípio de que estamos na era da tecnologia e informação, não é possível conceber que o
ser humano de forma geral não tenha acesso à leitura como instrumento de conhecimento da sua e de
outras culturas, de confronto de ideologias e produção de argumentos que construirá um cidadão reflexivo
e atuante na sociedade.

A leitura como prática social exige um leitor reflexivo, atento e que seja capaz de empregar seus
conhecimentos prévios, sejam linguísticos, textuais e de mundo, a fim de que
possa construir novos enunciados. O leitor crítico parte do já conhecido e incorpora de uma forma
reflexiva, novos significados a um universo de conhecimento para entender melhor a realidade em que
vive.

A concepção de leitura como um processo de enunciação se inscreve num quadro teórico mais amplo que
considera como fundamental o caráter dialógico da linguagem e, consequentemente, sua dimensão social
e histórica. A leitura como atividade de linguagem é uma prática social de alcance político.

Ao promover a interação entre indivíduos, a leitura, compreendida não só como leitura da palavra, mas
também como leitura de mundo, deve ser atividade constitutiva de sujeitos capazes de interligar o mundo
e nele atuar como cidadãos.

TRANSMISSÃO DE VALORES PELA CULTURA ORAL


A forma mais antiga de se conhecer histórias é através da oralidade, a história ouvida pela sua avó, cuja
sua bisavó contou-lhe e que hoje sua mãe lhe conta. Talvez não tenha nenhum registro escrito, você não
irá até sua estante pegar um diário e ler em voz alta as histórias de centenas de anos atrás, mas nem por
isso você deixará de conhecer e encantar-se por aqueles mitos, contos, ritos e ensinamentos.

A verdade é que, para conhecermos uma história não precisamos da letra (escrita), mas sim da palavra
(falada). A tradição oral tem a função de preservar histórias, de garantir às novas gerações indígenas ou
afro-brasileiras o conhecimento de seus antepassados. Para muitos grupos a oralidade é a única forma de
resgatar e preservar sua ancestralidade.

Hoje, mais de um milhão de brasileiros não possuem o português como sua língua materna. Temos mais
de 200 línguas em nosso território, onde muitas são indígenas e não possuem qualquer tradição escrita.
Essas línguas aos poucos vêm se perdendo. A cada ano a preservação pelas novas gerações tem se
tornado um desafio maior.

Atualmente, milhares de brasileiros com ancestrais afro-brasileiros e indígenas desconhecem sua própria
história ou acreditam não ter uma de fato. Quando nossas histórias não estão em livros, é compreensível
acreditarmos que nós não carregamos uma história para além de genocídios e sofrimentos, pensamos que
nossos ancestrais não têm nada a nos ensinar.

Mas, a tradição oral e seus ensinamentos são tão importantes e de tantas formas que, alguns estudos nos
mostram não apenas sua necessidade no conhecimento cultural, mas também no aprendizado de diversas
áreas, como por exemplo na agricultura.

A tradição oral não se apresenta somente em formato de contos e mitos. Canções e rezas também fazem
parte da preservação histórica de povos indígenas e afro-brasileiros. Quando pensamos em terreiros
compreendemos a importância histórica que, por exemplo, rezadeiras e curandeiros possuem no resgate
do poder da fé através da palavra.
O conhecimento de vida e da natureza dessas pessoas, não só auxiliam os que lhe procuram com dores
físicas, mas também psicologicamente e, essa cura deve ser valorizada, a cura pela palavra e pela fé, a
cura milenar. Nesse cenário, é incontestável o poder da palavra falada.

É através da oralidade que povos constroem sua cultura, é através da palavra que um indivíduo se torna
capaz de construir sua identidade cultural. Essa tradição tem como objetivo não só o repasse de histórias,
mas também a construção cultural de um povo, a criação dentro de uma coletividade da importância de
cada história, a importância das percepções individuais e repasse das mesmas.

Através da tradição oral é possível a construção dos povos de tempos em tempos e esses valores, a
tradição do coletivo, a ancestralidade e a palavra não devem jamais deixar serem silenciados ou
esquecidos.

Oralidade e o processo comunicativo

A oralidade ressurge com importância inegável e se torna, no meio corporativo, fator decisivo no
relacionamento com diversos públicos, instaurando importantes transformações nos processos
comunicativos contemporâneos. Pela interface entre a oralidade na evocação da memória, o uso da voz
humana, viva, pessoal, peculiar, faz o passado ressurgir no presente de maneira extraordinariamente
imediata.

A associação entre o poder da palavra e a função do cultor da memória, a partir da tradição de uma cultura
oral, revela o imenso poder conferido à palavra, apresentado por uma relação quase mágica que acontece
entre o nome e o que é nomeado a partir da pronúncia.

As narrativas são eficazes em estimular resposta dos ouvintes. As histórias excitam a imaginação e geram
estados consecutivos de criação de tensão (perplexidade e reação) e de liberação de tensão (insight e
solução). O ouvinte, longe de ser um receptor passivo, é levado a um estado de reflexão ativa ao dar suas
próprias conexões e significações ao relato evocado.

A linguagem se transformaria num esforço deliberado e contínuo em forma de sinais gráficos, acústicos,
gestuais, para dar conta das necessidades materiais e psicológicas dos seres humanos. Estudos indicam
as seguintes formas de oralidade: a primária, em que não se tem nenhum contato com a escrita; a mista,
onde os sujeitos já convivem com a escritura, apesar de exercer pouca influência no cotidiano; e a
secundária em que a apropriação da escrita possibilita a manutenção do oral.

NOÇÕES BÁSICAS DA LITERATURA INFANTIL


Principais características de uma obra infantil
O livro infantil possui características estéticas que envolvem a literatura de uma forma geral e, ainda que
seja peculiarmente definido pelo destinatário, a obra pode levar o leitor a uma abrangente compreensão de
sua existência. Nessa perspectiva, pode-se afirmar que em qualquer possibilidade de delimitar o conceito
de literatura infantil existirá o parâmetro de identificação do leitor com o texto que manuseia.

No entanto, sabemos que embora o texto seja consumido pela criança, é o adulto que elabora a obra.
Nisto, é necessário compreender que não basta falar sobre criança, mas ver o mundo através dos seus
olhos, ajudando-a a ampliar seu olhar nas mais variadas direções. As linguagens simples, cotidianas, com
frases curtas e com uso de recursos como a onomatopeia, divertem o leitor infantil e chamam sua atenção.

Neste ponto, frisa-se a importância de evitar palavras complexas para o universo infantil  ou expressões
que possam ter duplo sentido e causar interpretações indesejadas. Outra característica é a ausência de
gírias ou as ditas “expressões do momento”. Mesmo que isso aproxime os leitores atuais, pode afastar os
futuros, tornando a obra datada. Um cuidado primordial é a inserção de personagens com os quais as
crianças se identifiquem.
Desde as obras literárias infantis mais clássicas, como Peter Pan e O Pequeno Príncipe, passando pelos
livros de Monteiro Lobato, que mostram o cotidiano de Pedrinho, Narizinho e Emília, até outros mais
recentes, como a série Harry Potter, todos eles têm algo em comum: as crianças são as protagonistas das
histórias! Também é essencial um visual caprichado, especialmente a capa, que deve ser atrativa.

É possível dizer que estratégias de adaptação são necessárias para adequar a situação da história ao
sujeito que vai vivenciá-la, ou seja, para colocar a criança em sintonia com o texto. De acordo com o
psicólogo russo Liev Vygotsky, o diálogo facilita o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da
atenção por meio da interação social. Vygotsky acentuou ainda que palavra e ação estão completamente
fundidas para a criança.

Assim, ao arranjar a sequência de palavras, ela organiza o mundo para si e toma consciência do que
sabe, pensa e sente. O pensamento da criança e as histórias a ela dirigidas também podem ser
representados por meio da observação do desenho. Piaget aponta que, até aproximadamente sete anos
de idade, a criança pensa e vê o mundo do mesmo modo que desenha.

Os educadores que ministram aulas para crianças até essa faixa etária podem ter familiaridade com essa
afirmação. Na área da literatura, através da ilustração, também é possível compreender aspectos
importantes do desenvolvimento infantil. Acima de tudo, a imaginação deve ser priorizada. A criança é
naturalmente levada a desconfiar dos livros que lhe vêm tolher a liberdade, que é o melhor dos seus bens.

Tudo que, na infância, impede o movimento é feita contra a natureza e suportado a contra gosto. É mister,
portanto, compensar essa inevitável supressão pela imaginação. Esta recompõe, com o repouso do corpo,
o mais agitado dos mundos. A movimentação é outro requisito da obra infantil. A criança é incapaz de uma
atenção demorada, isto é, irá interessar-se pelos livros onde em todo momento apareçam fatos novos e
interessantes.

Não se trata do que pensaram as pessoas, ou do que sentiram, mas do que fizeram. Uma boa técnica de
desenvolvimento é indispensável à obra. O autor terá mais sucesso se evitar descrições e digressões
longas, ainda que muito pitorescas, que não tenham nada com o fio de ação da história. Em geral, elas
interrompem a movimentação, e o resultado disso não será o desejado pelo autor. A narrativa precisa
correr a galope, sem nenhum efeito literário.

A qualidade da forma é outra característica que não deve ser descuidada. O valor estético não pode ser
relegado, sob o pretexto de que se escreve para crianças. Lembramos que o texto para crianças deve ser
igual ao dos adultos, só que melhor. Por fim, uma obra infantil jamais deve subestimar a inteligência de
uma criança. O autor deve enxergá-la como leitora inteligente e pensante, identificada com obras que
desenvolvam o seu intelecto.

Técnica da jornada do herói

Joseph Campbell desenvolveu uma técnica chamada Jornada do Herói, algo aplicado em importantes
obras literárias e, até mesmo, animações dos estúdios Disney. Trata-se de uma sequência de 12 etapas
pelas quais um protagonista passa para chegar ao status de herói. Veja quais são:

 apresentação do cotidiano do personagem principal;


 chamado para uma aventura;
 recusa à oportunidade de se aventurar fora do cotidiano;
 travessia do primeiro limiar;
 execução de testes e convivência com aliados e inimigos;
 preparativos para provação central;
 provação central, que geralmente é um confronto com o vilão;
 encontro com a deusa, no caso dos arquétipos masculinos;
 recompensa pela passagem da provação central;
 caminho de volta para casa;
 ressurreição no local de partida;
 retorno com elixir, como o tesouro concreto ou abstrato trazido pelo herói.

TIPOS DE HISTÓRIAS INFANTIS


Contos de fadas

Os contos de fada foram originados em tempos muito antigos e eram contados de geração em geração
para passar conhecimentos. Na Idade Média e com o surgimento da imprensa, foram registradas em livros
e assim se disseminaram por todo o mundo. Os contos de fadas são narrativas cuja história se reproduz a
partir de um motivo principal e transmite conhecimento e valores culturais, oralmente.

O herói ou heroína tem de enfrentar grandes obstáculos antes de triunfar contra o mal. A convivência e
rivalidade, as etapas da vida e sentimentos que fazem parte de cada um são apresentados para oferecer
uma explicação do mundo que nos rodeia e nos permite criar formas de lidar com isso. Curiosamente,
animais falantes são mais comuns que as fadas propriamente ditas.

A propósito, palavra portuguesa “fada” vem do latim fatum (destino, fatalidade, fado) e se reflete nos
idiomas das principais nações européias: conte de fées na França, fairy tale na Inglaterra, cuento de
hadas na Espanha e racconto di fata na Itália. No Brasil e Portugal, na forma como são hoje conhecidos,
surgiram no fim do século XIX sob o nome de contos da carochinha. Esta denominação foi substituída por
“contos de fadas” no século XX.

Principais características

 Fazem uso de magia, metamorfose ou encantamentos;


 Seu núcleo problemático é existencial (o herói busca a realização pessoal);
 Os obstáculos ou provas constituem-se num verdadeiro ritual de iniciação e crescimento interior;
 Início feito para partir do aqui e do agora, mostrando que a história se passa longe do mundo real:
“Era um vez…” “Há muitos e muitos anos…”
 Final feliz, pois após tanto sofrimento a criança precisa de alívio: “E viveram felizes para sempre…”
 Elementos de encantamento e dicotomia: bem versus mal.
 Narrativa complexa, com a presença de muitos diálogos.
 Presença de um narrador: figura que detém todo o conhecimento e que é “dono da vida” dos
personagens.
 Vocabulário rico.
 Acontecimentos: encadeiam-se não por laços lógicos, mas por laços afetivos.
 Presença de castelos (resquícios medievais) e bosques (onde o encantamento acontece).
 Presença marcante da natureza.
 Abordagens de relações: pai, mãe, madrasta, madrinha (conceito social de apadrinhamento).

Relação entre conto de fadas e o universo infantil

As histórias de fantasia possuem funções que vão além de encantar quem as ouve. Elas ensinam às
crianças valores importantes, como superar problemas como a morte de um ente querido, lutar pela vida, e
a separação de entes queridos. Também são responsáveis por fazê-los perceber lições de moral e a
diferença entre bem e mal. Além disso, o tão famoso final feliz mostra que elas devem sempre ter
esperança de um futuro melhor.

Os tradicionais contos também colaboram para o desenvolvimento da criatividade e da imaginação, que


tornam a criança mais apta a lidar com problemas na idade adulta. A frase de introdução, que começa com
“era uma vez” e sempre remete a um reino distante, faz com que a criança seja estimulada a imaginar
realidades diferentes das que vive, transmitindo os valores dessa cultura, assim a criança fica mais
tolerante a outras culturas.

Lendas

Lendas são narrativas transmitidas oralmente com o objetivo de explicar acontecimentos misteriosos ou
sobrenaturais. Para isso, há uma mistura de fatos reais com imaginários, história e fantasia. As lendas vão
sendo contadas ao longo do tempo e modificadas através da imaginação do povo.

Ao se tornarem conhecidas, são registradas na linguagem escrita. Do latim legenda (aquilo que deve ser
lido), as lendas inicialmente contavam histórias de santos, mas ao longo do tempo o conceito se
transformou em histórias que falam sobre a tradição de um povo e que fazem parte de sua cultura.

Características de uma Lenda

 Se utiliza da fantasia ou ficção, misturando-as com a realidade dos fatos.


 Faz parte da tradição oral, e vem sendo contada através dos tempos.
 Usa fatos reais e históricos para dar suporte às histórias, mas junto com eles envolvem a
imaginação para “aumentar um ponto” na realidade.
 Faz parte da realidade cultural de todos os povos.
 Fornece explicações aos fatos que não são explicáveis pela ciência ou pela lógica. Porém, são
mais facilmente aceitas, pois apesar de serem fruto da imaginação não são necessariamente
sobrenaturais ou fantásticas.
 Sofre alterações ao longo do tempo, por serem repassadas oralmente e receberem a impressão e
interpretação daqueles que a propagam.

Fábulas

Fábula (do latim fabula = história, jogo, narrativa) é um texto narrativo alegórico e curto, escrito em prosa
ou verso, no qual as personagens são geralmente animais com características humanas como a fala, os
costumes etc., e apresentam um ensinamento, uma lição moral para o homem

Como as fábulas criticavam usos, costumes e até pessoas, os autores usavam os animais como
personagens para fugir de alguma possível perseguição.

Características gerais das fábulas

 Narrativa alegórica em prosa ou verso;


 Comportamento antropomórfico (de forma semelhante ao homem) dos animais;
 Apresentação dos aspectos, virtudes, qualidades e defeitos do caráter do homem, através do
comportamento dos animais;
 Temática bastante variada como, por exemplo, a vitória da inteligência sobre a força, a derrota dos
orgulhosos etc.;
 Por ser um gênero transmitido oralmente, existem várias versões de uma mesma história;

Personagens tipo: As personagens da fábula são denominadas “personagens tipo”, pois representam o
comportamento de um conjunto de pessoas e não de forma individualizada. Alguns exemplos são a cigarra
(representa os irresponsáveis) e a formiga (representando o grupo dos trabalhadores). Apresentação de
uma lição moral no final da história.

Mitos

Mitos são narrativas utilizadas pelos povos antigos para explicar fatos da realidade e fenômenos da
natureza que não eram compreendidos por eles. Se utilizam de muita simbologia, personagens
sobrenaturais, deuses e heróis.
Todos estes componentes são misturados a fatos reais, características humanas e pessoas que realmente
existiram. Um dos objetivos do mito é transmitir conhecimento e explicar fatos que a ciência ainda não
havia explicado. Acima de tudo, mito não é o mesmo que fábula, conto de fadas ou lenda.

Características de um mito

 Tem caráter explicativo ou simbólico.


 Relaciona-se com uma data ou com uma religião.
 Procura explicar as origens do mundo e do homem por meio de personagens sobrenaturais como
deuses ou semi-deuses.
 Explica a realidade através de suas histórias sagradas, que não possuem nenhum tipo de
embasamento para serem aceitas como verdades.

Alguns acontecimentos históricos podem se tornar mitos, desde que as pessoas de determinada cultura
agreguem uma simbologia que tornem o fato relevante para as suas vidas.
Todas as culturas possuem seus mitos. Alguns assuntos, como a criação do mundo, são bases para
vários mitos diferentes.

CLASSIFICAÇÃO POR FAIXA ETÁRIA


Separada por faixa etária, a literatura infantil pode ser usada de diferentes formas em cada fase. A
primeira fase acontece na primeira infância (15/17 meses aos 3 anos). A criança, prende-se ao
movimento, ao tom de voz, e não ao conteúdo do que é contado, por isso, as histórias devem ser rápidas
e curtas. As histórias são parte do universo infantil, e desde cedo, é possível mostrar imagens, bichinhos e
desenhos criativos.

A criança aprenderá a nomear os objetos e começará a se adaptar com o ambiente de leitura e de


transmissão de histórias. A criatividade é importante na hora de contar uma história simples, mas que
complete o sentido da gravura que o pequenino está vendo. Entre um ano e meio até 3 anos, as histórias
infantis devem ser curtas e contar com uma descrição detalhada do enredo.

Ao contar a história, é importante repetir as falas, os personagens, os elementos de causa e ressaltar o


humor e o mistério. Também é importante dar  preferência para as fábulas, pois ajudam a prender a
atenção da criança com as pequenas falas de bichinhos e outros seres. O interesse, especialmente dos
bebês, é aguçado por meio de texturas, cores, sons e também pela voz de quem conta a história.

Os livros com texturas, tridimensionais e ilustrados são ótimas escolhas para prender a atenção do leitor
mirim. Pop-ups e dobraduras são outros grandes aliados. O gênero não é nenhum segredo: os bebês
gostam de livros que estimulam sua visão, audição e tato. A segunda fase, na segunda infância (3 a 6
anos) é a fase do “conte outra vez”, pois a criança gosta de ouvir a mesma história várias vezes.

Ela segue gostando de fábulas rápidas, envolvendo mistérios e humor, poucos personagens e muitas
gravuras coloridas. Contos de fadas como "O Lobo e os Sete Cabritinhos", "Os Três Porquinhos",
"Cachinhos de Ouro" são ideais para essa fase. É bom destacar que o pequeno leitor passa a observar
roteiros mais definidos, ou seja, com começo, meio e fim. Outro ponto é que os contos conhecidos nesta
etapa costumam ser gravados na memória.

Ademais, as ilustrações seguem sendo indispensáveis, mesmo sem a inclusão de texturas e dobraduras.
Dos 6 até cerca de 8 anos, as histórias ganham complexidade, com mais personagens e tramas mais
complicadas. Não que as fábulas deixem de ser amadas, mas o leitor começa a preferir enredos com
ambientes e realidades mais conhecidos, como escola, casa, sítio,  praia, familiares e amigos.

Revistas em quadrinhos e pequenas histórias de aventuras costumam ser bem atrativos. Isso sem falar
que histórias com moral ampliam a imaginação, caráter, repertório cultural da criança, bem como
desenvolvem seu vocabulário. Até nove anos, é uma fase em que a imaginação vai mais além: os sonhos
de criança se desdobram e começa a busca por algo grandioso.
Fantasias e invenções estão na tônica do tipo de história infantil que prende a atenção da criança dessa
faixa etária. Por fim, entre nove e 12 anos, as fantasias continuam em alta, mas já se misturam com as
histórias reais e de ficção científica. Livros de contos e crônicas devem ser incentivados, além da
oportunidade em explorar novos enredos e histórias de viagens, mitologia, lendas e humor.

Vale a pena estimular a conhecer histórias reais de invenção, perpetuadas ao longo dos anos. Os livros
com texturas, tridimensionais e ilustrados são ótimas escolhas para prender a atenção do leitor mirim.
Pop-ups e dobraduras são outros grandes aliados. O gênero não é nenhum segredo: os bebês gostam de
livros que estimulam sua visão, audição e tato. Em suma, veja as principais características de cada idade:

 Até os 2 anos
– Livros com figuras grandes e cores vibrantes de objetos do dia a dia.
– Livros de plástico ou tecido lavável. Eles devem ter o tamanho adequado para que um bebê os
manuseie.
– Livros feitos de materiais que estimulem os sentidos com diferentes texturas e aromas.
– Histórias contadas em frases simples e curtas com figuras que explicativas.
– Textos com rimas são divertidos para que os pais leiam em voz alta.

 De 3 a 5 anos
– Ilustrações e fotos coloridas e claras.
– Enredos simples e divertidos. A história deve ser rápida para que o livro possa ser lido de uma vez só.
– Conteúdo com rimas e repetições que estimulem a memória da criança.
– Livros que explorem conceitos básicos como letras, números, formas e cores.
– Personagens centrais da idade da criança ou um pouco mais velhos. Animais divertidos também
prenderão a atenção do pequeno leitor.

 De 6 a 11 anos
– Texto claro e fácil de ler.
– Páginas coloridas com ilustrações atraentes e fotos que ajudem a identificar o significado de palavras
menos comuns.
– Livros que falem de assuntos de interesse específico da criança.
– Livros de experiências, projetos e receitas culinárias simples e bem ilustrados.
– Outros livros dos autores e ilustradores favoritos da criança.
– Histórias que ela gostava de ouvir quando era criança.
– Livros em capítulos que possam ser lidos em várias sessões.

 A partir dos 12 anos


– Livros sobre assuntos do interesse do jovem.
– Romances que ajudem o pré-adolescente a lidar com os desafios diários do crescimento através de
personagens que vivem experiências similares.
– Livros que apresentam novas experiências e oportunidades.
– Livros de fatos, como o livro dos recordes, de curiosidades e almanaques.
– Biografias, clássicos, folclore, ficção histórica e mitologia.

PRINCIPAIS AUTORES DA LITERATURA INFANTIL


Os livros lidos na infância influenciam muito na construção do caráter e personalidade de um indivíduo que
vai agregando valores e conceitos à vida através de suas leituras. A literatura infantil é representada por
inúmeros escritores de grande talento e prestígio. Veja alguns deles:

 Ziraldo: Desenhista, cartunista e escritor. Criou a revista brasileira em quadrinhos “A Turma do


Pererê”. Em 1980 lançou o livro infanto-juvenil O Menino maluquinho, um sucesso que encanta
milhares de crianças e que serviu de inspiração para peças de teatro, filme, quadrinhos e seriado
de TV.
 Ruth Rocha: Escritora brasileira de livros infantis, é membro da Academia Paulista de Letras. Sua
obra mais conhecida é Marcelo, Marmelo, Martelo. Recebeu o prêmio Jabuti com o livro Escrever e
Criar.

 Monteiro Lobato: foi escritor e editor, sendo 'O Sítio do Picapau Amarelo', como ficou conhecida
sua coleção de aventuras para os pequenos leitores, sua obra de maior destaque na literatura
infantil. Conhecido como um dos primeiros autores de literatura infantil em nosso país e em toda
América Latina.

 Maurício de Sousa: Premiado autor brasileiro de histórias em quadrinhos, com mais de 200
personagens, criou a Turma da Mônica, obra que alegra e fascina milhares de crianças em todo o
mundo.

 Eva Furnari: Escritora e ilustradora de livros infanto-juvenil. No início de sua carreira dedicou-se a
livros com ilustrações, sem texto. Personagem mais famosa: “A Bruxinha”.

 Ana Maria Machado: Uma das escritoras de maior destaque no Brasil, seu primeiro livro infantil
publicado foi Bento-que-bento-é-o-frade, que recebeu um prêmio da Fundação Nacional do Livro
Infantil e Juvenil - FNLIJ.

 Fernando Vilela: Escritor e ilustrador, ganhou com o livro Lampião e Lancelote o primeiro lugar no
Jabuti 2007 em duas categorias: Melhor livro infantil e Melhor ilustração de livro.

 Mariana Massarani: Escritora e ilustradora de livros infantis. Ganhou o prêmio Jabuti de Literatura
em 1997 e 2003 na categoria Melhor ilustração de livro infantil e juvenil.

 Angela-Lago: Escritora e ilustradora recebeu diversos prêmios Jabuti e da Fundação Nacional do


Livro Infantil e Juvenil (FNLIJ) e outros internacionais. Sua obra Cena de Rua foi incluído em uma
coletânea da Abrams Press, de Nova York, selecionado entre os quinze melhores livros de
imagens do mundo.

 Daniel Mundukuru: escritor indígena doutor em educação e já foi premiado com o Jabuti e pela
Academia Brasileira de Letras. Como mais de 50 livros publicados, Mundukuru é um dos autores
de livros infantis indicados pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.

 Hans Christian Andersen, autor de “Soldadinho de Chumbo” e “A Pequena Sereia”. É


considerado o responsável por revigorar os contos de fadas, explorando melhor os seus limites e
adicionando novos desejos e fantasias. O autor, que escreveu mais de 150 contos, se inspirava em
alguns daqueles que ouvira na infância, mas também gostava de afirmar o poder de seu próprio
gênio e imaginação na elaboração das histórias.

 Odilon Moraes: o paulistano é considerado um dos melhores autores de livros infantis ilustrados
do país. Princesinha Medrosa, um conto de fadas moderno sobre uma menina que tenta superar o
medo do escuro, é um de seus principais livros.

 Irmãos Grimm autores de “A gata borralheira”. Jacob e Wilhelm nasceram na região de Frankfurt,
na Alemanha, e dedicaram-se ao registro de fábulas infantis a partir das histórias orais contadas
em seu país. Além disso, realizaram estudos de linguística e folclore, tendo dado grandes
contribuições à língua alemã.
 Jean de La Fontaine, foi um poeta e fabulista francês, autor de fábulas importantes, como “O Lobo
e o Cordeiro”.

 Antoine de Saint-Exupéry: escreveu para jornais e revistas franceses e publicou diversas obras,
sempre com temas ligados à aviação e à guerra, entre elas 'O Aviador' , mas seu grande sucesso é
mesmo o livro infantil 'O Pequeno Príncipe'.

 Beatrix Potter: nasceu em 1866 na cidade de Londres. Ela começou a desenhar esses animais e
quase todos eles viraram personagens de suas obras. Por conta dessa relação com a natureza, os
efeitos da industrialização sobre o meio ambiente viraram uma questão central de sua vida.  'As
Aventuras de Pedro Coelho' é uma de suas principais obras.

 C.S.Lewis: com sua mente lógica e brilhante e seu estilo vivo e lúcido, escreveu livros adultos e
histórias infantis conhecidas por milhões de pessoas no mundo inteiro. Entre elas estão 'As
Crônicas de Nárnia'.

 Cecília Meireles: é considerada a primeira grande escritora da literatura brasileira e a principal voz
feminina de nossa poesia moderna. Suas obras são permeadas de musicalidade e combinam
versos regulares e livres, além de metros diversos.

 Adriana Falcão: conhecida pelo seu trabalho no teatro, TV e cinema — é dela, por exemplo, o
roteiro do filme o Auto da Compadecida.

 Roseana Murray: poetisa e escritora de obras infanto-juvenis brasileira, como Exercícios de Amor.

 Eva Furnari: ilustradora e escritora ítalo-brasileira, autora de obras como Felpo Filva e Lolo
Barnabé.

 Duda Machado:  escreve desde 1977, mas só 20 anos depois passou a dedicar-se a literatura
infantil. Entre suas obras, estão Histórias com Poesias, Alguns Bichos & Cia e Tudo Tem a Sua
História.

APLICAÇÃO DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA ESCOLA


Uso pedagógico da leitura na escola
A prática da leitura se faz presente na vida das pessoas desde o momento em que passam a compreender
o mundo a sua volta. No constante desejo de decifrar e interpretar o sentido das coisas que os cercam, de
perceber o mundo sob diversas perspectivas, de relacionar a ficção com a realidade em que vivem, no
contato com um livro, enfim, em todos esses casos, está de certa forma lendo, embora muitas vezes o
indivíduo não se dá conta disso.

A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da
continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. Com isso a leitura é
uma forma de atribuição contínua de significado, os quais precisam ser desvelados pela compreensão do
ser humano, pela sua subjetividade. Assim, a leitura é um dos grandes elementos da civilização humana.
A prática da leitura da palavra é um fator que deve ser realizado, na sala de aula e na biblioteca, fazendo
uso de livros didáticos e literários, revistas, jornais, entre outros, a fim de transformar em qualidade a
relação textual com o mundo leitor. O incentivo à leitura deve partir do professor em sala de aula, dos pais
e da sociedade, pois assim os alunos passarão a buscar leituras individualizadas.

Dessa forma, o texto quando lido com intenção de compreendê-lo tem o poder de transformar o leitor
passivo em um leitor crítico e agente capaz de modificar e formar conceitos. Por isso é importante o uso
da biblioteca escolar, a qual deve ser amplamente explorada pelos professores para que os alunos tomem
gosto pelas leituras diversas, a qual pode ser vista como propagadora da função social do ato de ler

Os educadores veem na contação de histórias uma ferramenta para estimular o gosto pela leitura e
folclore, além de uma afirmação positiva de assuntos e abordagens pedagógicas. O trabalho com leitura
parece estar em um novo patamar nas escolas nos últimos anos. Os professores compreendem a função
da leitura em suas diferentes modalidades: leitura pelo professor, leitura pelo aluno, leitura compartilhada,
leitura para apresentar aos outros.

Ler e apreciar um texto, atribuir sentido a ele, reler, comentar, comparar com outras leituras, ouvir o que
dizem outras pessoas sobre o mesmo texto e ampliar seu olhar são ações que a escola pode desenvolver
com os alunos em diferentes faixas etárias. No entanto, é importante frisar que ler vai muito além de
decodificar códigos. Essa atividade envolve a atribuição de sentido ao texto e faz com que, assim, seja
possível apreciá-lo e fomentar o entendimento sobre diversos assuntos.

A leitura não expõe o aluno apenas a novas palavras, aumentando o seu vocabulário. Ela também permite
que ele tenha contato com novas informações, experiências, culturas e realidades. Além disso, ajuda no
processo de desconstrução de conceitos pré-julgados dos estudantes e possibilita o conhecimento de uma
diversidade de assuntos. Ainda, ler colabora para que o indivíduo expanda a habilidade de comunicação,
pense, imagine e crie mais, uma vez que a leitura é capaz de proporcionar ao leitor um maior repertório
sobre diversos assuntos.

A leitura promove a reflexão e favorece um raciocínio claro. Dessa forma, o aluno adquire uma posição
ativa em seu processo de aprendizagem, pois percebe que é capaz de se posicionar diante do
conhecimento, de questionar e formular argumentos bem fundamentados. O senso crítico é aguçado e
novas competências podem ser desenvolvidas, despertando, assim, a consciência para que se torne um
cidadão ativo em sociedade.

A prática da leitura da palavra é um fator que deve ser realizado, na sala de aula e na biblioteca, fazendo
uso de livros didáticos e literários, revistas, jornais, entre outros, a fim de transformar em qualidade a
relação textual com o mundo leitor. O incentivo à leitura deve partir do professor em sala de aula, dos pais
e da sociedade, pois assim os alunos passarão a buscar leituras individualizadas.

Dessa forma, o texto quando lido com intenção de compreendê-lo tem o poder de transformar o leitor
passivo em um leitor crítico e agente capaz de modificar e formar conceitos. Por isso é importante o uso
da biblioteca escolar, a qual deve ser amplamente explorada pelos professores para que os alunos tomem
gosto pelas leituras diversas, a qual pode ser vista como propagadora da função social do ato de ler.

O aluno que lê e interpreta passa a ter um gosto pela leitura, pois compreende aquilo que está escrito. Os
textos em sala de aula podem ser tirados de jornais, de livros, podem ser contos, enfim, podem ser de
qualquer gênero. Porém, é preciso levar o aluno a pensar e argumentar. Pensar certo é entender e
descobrir o que pode estar escondido nos fatos e nas coisas, naquilo que se analisa e observa.
Com base nisso é preciso que o aluno, em sala de aula, leia com atenção. Ele deve ser motivado pelo
professor, o qual deve mostrar o que há nas entrelinhas, nas figuras, no título, isto é, em tudo que pode
despertar a curiosidade do aluno. Assim, criar condições de leitura trata-se de dialogar com o leitor sobre
sua leitura, ou seja, sobre o sentido que ela dá: seja a algo escrito, quadro, coisas, sons, imagens, ideias,
situações reais ou imaginárias.

Dessa maneira, o aluno que lê mais ou que passa a ter o hábito de ler revelará um desempenho melhor,
pois posicionará diante dos fatos, acontecimentos e será capaz de selecionar os textos que atendem uma
necessidade sua, interpretando, analisando e produzindo com eficácia.

Como estimular a leitura no aluno

Com estudantes cada vez mais conectados e munidos de tecnologias, como fazer com que esses
recursos estejam a serviço da escola? Como transformá-los em instrumentos de ensino e aprendizagem
para criar novos contextos e novas propostas em sala de aula? Algumas possibilidade podem guiar neste
processo:

 ofereça textos de diferentes gêneros e suportes e trabalhe os contextos em que esses textos foram
produzidos. A contextualização é fundamental para que os alunos atribuam sentido ao que estão
lendo;
 proponha leitura de temas que promovam a reflexão e que favoreçam a discussão entre os alunos;
 utilize ferramentas e plataformas digitais de modo que o professor promova o protagonismo do
aluno, sendo este convidado a atuar de modo reflexivo e ativo com os colegas e/ou com essas
ferramentas;
 proponha experiências diferenciadas de leitura na sala de aula, e se possível, trabalhando de forma
interdisciplinar, pois o processo de ensino e aprendizagem deve ser foco de ensino dos
professores das diferentes disciplinas.
 sugira materiais para lerem nas férias com o intuito de mostrar que a leitura pode ser uma atividade
presente em momentos de lazer;
 promova saraus, leituras de notícias e outros eventos que exercitem a interpretação de texto e
aproximem os alunos dos diferentes gêneros discursivos;
 monte um clube do livro;

A leitura compartilhada ou colaborativa - aquela em que alunos e professor leem juntos um mesmo texto e
apresentam suas ideias e impressões acerca do que foi lido - tem como finalidade criar condições para
que as estratégias de atribuição de sentido sejam explicitadas pelos diferentes leitores, possibilitando,
dessa forma, que uns se apropriem de estratégias utilizadas por outros, ampliando e aprofundando sua
proficiência leitora pessoal.

TEORIA DA APRENDIZAGEM DE VIGOTSKI


A teoria de aprendizagem de Vygotsky — psicólogo bielorrusso que morreu há mais de 80 anos — tem
uma ênfase importante no papel das relações sociais no desenvolvimento intelectual. Para ele, o homem é
um ser que se forma em contato com a sociedade. “Na ausência do outro, o homem não se constrói
homem”, diz. Sua compreensão é a de que a formação se dá na relação entre o sujeito e a sociedade a
seu redor.

Assim, o indivíduo modifica o ambiente e este o modifica de volta. Dessa maneira, a interação que cada
pessoa estabelece com um ambiente, a experiência pessoalmente significativa, é muito importante para
ela. Por isso, a teoria de aprendizagem de Vygotsky ganhou o nome de socioconstrutivismo e tem como
temas centrais o desenvolvimento humano e a aprendizagem.

O contexto social é, então, determinante quando se fala em desenvolvimento cognitivo e, assim, o


profissional tem de responder aos desafios impostos pela diversidade na sala de aula. Quando o professor
aplica esse conhecimento no processo ensino-aprendizagem, ele pode acompanhar, no decorrer do
desenvolvimento infantil, a evolução da manifestação de pensamento e da expressão (verbal ou não) da
criança.

Abaixo, segue uma síntese dos principais pontos discutidos por essa teoria:

 Segundo Vygotsky, o desenvolvimento cognitivo do aluno se dá por meio da interação social, ou seja,
de sua interação com outros indivíduos e com o meio.
 Para substancialidade, no mínimo duas pessoas devem estar envolvidas ativamente trocando
experiência e idéias.
 A interação entre os indivíduos possibilita a geração de novas experiências e conhecimento.
 A aprendizagem é uma experiência social, mediada pela utilização de instrumentos e signos, de
acordo com os conceitos utilizados pelo próprio autor.
 Um signo, dessa forma, seria algo que significaria alguma coisa para o indivíduo, como a linguagem
falada e a escrita.
 A aprendizagem é uma experiência social, a qual é mediada pela interação entre a linguagem e a
ação.
 Para ocorrer a aprendizagem, a interação social deve acontecer dentro da zona de desenvolvimento
proximal (ZDP), que seria a distância existente entre aquilo que o sujeito já sabe, seu conhecimento
real, e aquilo que o sujeito possui potencialidade para aprender, seu conhecimento potencial.
 Dessa forma, a aprendizagem ocorre no intervalo da ZDP, onde o conhecimento real é aquele que o
sujeito é capaz de aplicar sozinho, e o potencial é aquele que ele necessita do auxílio de outros para
aplicar.
 O professor deve mediar a aprendizagem utilizando estratégias que levem o aluno a tornar-se
independente e estimule o conhecimento potencial, de modo a criar uma nova ZDP a todo momento.
 O professor pode fazer isso estimulando o trabalho com grupos e utilizando técnicas para motivar,
facilitar a aprendizagem e diminuir a sensação de solidão do aluno.
 Mas este professor também deve estar atento para permitir que este aluno construa seu
conhecimento em grupo com participação ativa e a cooperação de todos os envolvidos
 Sua orientação deve possibilitar a criação de ambientes de participação, colaboração e constantes
desafios.
 Essa teoria mostra-se adequada para atividades colaborativas e troca de ideias, como os modelos
atuais de fóruns e chats.

 ORIENTAÇÕES PARA LEITURA NA ESCOLA


A prática de leitura na escola é salutar, mas é preciso seguir alguns pontos para que os resultados sejam
alcançados. O primeiro passo é, antes de narrar a história, abrir espaço para uma boa conversa. Se a
história a ser lida envolve animais domésticos e o contador não bate papo com as crianças antes, corre o
risco de ser interrompido por elas que, compreensivelmente, vão compartilhar suas experiências pessoais.

Por isso, é fundamental que o contador abram espaço para que as crianças falem antes da narração,
momento que é possível conhecê-las melhor e os prepara para a aventura. A linguagem corporal do
contador também tem grande relevância para o processo e é imprescindível haver a troca de olhares
diretas com os ouvintes. Identificando alguém desatento, é bom separar algum tempo para contar a
história diretamente para ele.

Entretanto, cuidado  para que ele não se torne o centro das atenções, respeitando o limite exato para
responder perguntas. Afinal, intervenções em excesso podem comprometer o trabalho. Ademais, é
importante mencionar pontos importantes ao contar uma história:

 Conversa prévia
Receba as crianças individualmente, dando o máximo de atenção que puder a cada uma, sempre de
forma afetiva. Converse com o grupo e estabeleça algumas regras para a contação. Lembre-se também
de criar um certo suspense antes do início da história.
 A preparação
Esteja com os materiais organizados, suficientes para a contação e para a atividade posterior (se houver).
É muito importante ter segurança em relação ao que vai contar, o que começa com você mesmo gostar da
história.

 A duração da narrativa
Respeite o interesse da turma, a faixa etária e o ambiente (climatização).

 Lidando com interrupções


Aproveite as interferências dos alunos para enriquecer a história, mas não deixe de combinar
antecipadamente sobre o que podem ou não fazer durante a contação.

 Conversa depois da história


É importante que o momento da contação tenha um final bem definido. Um bom recurso é concluir a
história com uma rima ou aplauso diferente. Por exemplo: “Bata palmas quem gostou do era uma vez,
quem não gostou que fique para outra vez!”.

 O preparo geral
Para quem eu contarei? Onde eu contarei? Com que finalidade contarei? Como marcarei o clímax? Como
prepararei o ambiente? Como trabalharei os elementos surpresa? Que gestos e roupas usarei? Como
prepararei minha voz?

 Contação
A história deve ser contada calmamente, porém com ritmo e entusiasmo, criando uma expectativa positiva
com relação aos acontecimentos.

O contador de histórias deve ser habilidoso e entrar na história, levando consigo os seus ouvintes. Vale
utilizar recursos variados, como música, sons, imagens e outros materiais alternativos para tornar a
experiência ainda mais rica.

DICAS PARA PROJETOS DE LEITURA NA ESCOLA


1) Faça um projeto de leitura bem estruturado

Sem dúvidas, estimular o hábito de leitura dos alunos é um dos muitos desafios enfrentados pelos
professores atualmente. Mas mesmo com esse desafio, o papel do docente é de grande importância para
melhorar o cenário de leitura no Brasil. Então, para estimular esse hábito em seus alunos, crie um projeto
de leitura bem estruturado.

Um bom projeto deve ter a seguinte estrutura:


a. Identificação
b. Problema
c. Justificativa
d. Objetivos (gerais e específicos)
e. Conteúdos (desenvolvimento)
f. Disciplinas envolvidas
g. Metodologia
h. Cronograma
i. Recursos utilizados
j. Conclusão

2) Crie metas de leitura semanais

Nem sempre seu aluno vai ler um livro inteiro se você decidir discuti-lo somente ao final do bimestre ou
trimestre. É provável que ele deixe para ler na última semana ou até mesmo um ou dois dias antes da
discussão, não é? Diante dessa situação, a proposta de um projeto de leitura não terá sentido.

Por isso, você pode criar metas semanais ou quinzenais de leitura e ir promovendo aos poucos a
discussão do livro. Portanto, crie um cronograma com seus alunos e nessas discussões mostre a
importância desse hábito.

3) Promova atividades diferenciadas

A partir das metas semanais de leitura, crie diferentes atividades para serem realizadas a cada semana ou
quinzena. Varie, não realize somente debates. Alguns formatos que podem  ajudar a engajar seus alunos
são:
 Quizzes.
 Filmes.
 Videoaulas.
 Teatros.
 Desenhos.

Lembre sempre de adequar esses formatos à realidade, ao perfil e ao segmento de cada turma. Assim, a
dinâmica do projeto de leitura será muito mais interativa e proveitosa para todos.

4) Integre outras disciplinas no processo

É cada vez mais imprescindível trazer a interdisciplinaridade para a rotina escolar. E com um projeto de
leitura não é diferente. Na área de linguagens, por exemplo, trabalhar obras literárias é muito fácil. Mas
existem vários livros que possuem temáticas que podem ser facilmente integrados a outros componentes
curriculares.

5) Estimule o hábito de leitura fora de sala

Além de trabalhar com um projeto de leitura, é importante estimular para que esse hábito também
aconteça fora de sala de aula. Despertar esse interesse pode ser um desafio, mas é fundamental lembrar
que a leitura traz inúmeros benefícios para a formação do aluno.

6) Mostre os benefícios da leitura

O primeiro passo deste processo é mostrar e reiterar a importância da leitura no dia a dia dos alunos. Além
de melhorar as habilidades de interpretação de texto, ler com frequência também enriquece o vocabulário,
aumenta os conhecimentos adquiridos e desenvolve a capacidade de argumentação do estudante.

7) Estimule a ida à biblioteca

Você sabe se seus alunos tem o costume de ir à biblioteca? Ou se já visitaram uma? É provável que
muitos deles já tenham ido ao espaço na escola, mas será que conhecem a Biblioteca Pública de sua
cidade? Esse pode ser um passeio cultural interessante a ser realizado com os alunos. Normalmente,
esses espaços têm atividades, rodas de conversa e, em alguns locais, algum tipo de clube de leitura.

8) Incentive seus alunos a fazerem seu próprio projeto de leitura


É importante que a escola já defina, no início do ano, quando rever seu Projeto Político Pedagógico (PPP),
quais serão os livros literários trabalhados em cada série durante o ano.  No entanto, uma ideia para
estimular a leitura fora de sala é incentivar seus alunos a criarem seu próprio projeto de leitura.

Nele, os estudantes poderiam dar dicas de livros que gostam de ler em seu tempo livre, seja por meio de
um vídeo ou de um post em blog da turma. Quem decide a melhor forma são os alunos, o importante aqui
é o compartilhamento de experiências e, é claro, a criação do hábito de leitura.

8) Feira do Livro

As Feiras do Livro são excelentes oportunidades para despertar o interesse de seus alunos no mundo dos
livros. Elas acontecem nas escolas e nos espaços públicos das cidades, e contam com a venda de livros
e, em alguns casos, com uma programação de atividades e discussões literárias.

Principais recursos utilizados

o Contação: adaptação do contador ou história decorada na íntegra.


o Com o livro: leitura dinâmica, dramatizada, com as ilustrações do livro.
o Com gravuras: varal, livro ampliado.
o Com fanelógrafo: gravuras coloridas, dobraduras, sombras – usar o velcro atrás.
o Com desenhos: desenhar as personagens enquanto vai contando a história.
o Fantoches: de varetas, dedoches, de caixinhas, de papel machê, de meias, de EVA, de espuma,
de feltro ou qualquer outro material que sua criatividade permitir.

Atividades pós-contação

Após a contação, é importante realizar um trabalho em que as crianças se envolvam e relembrem o que foi
contado. Nessa hora, é preciso considerar a faixa etária de cada grupo, o que vai guiar na realização de
diferentes tipos de atividades, como as descritas a seguir:
o Dobraduras das personagens
o Desenhos das personagens que mais gostou
o Construção com sucatas
o Música sobre a história
o Fantoches diversos
o Bonecos com papel machê
o Máscaras
o Construção de livrinhos
o Dramatizações
o Fantasias
o Teatro de sombras
o Painéis

Sugestões de leitura por faixa etária

Pré-escolares: até 3 anos


o Histórias de bichos.
o Contos rítmicos que sejam leves, lúdicos, bem humorados e curtos.
o Cantigas de ninar.
o Veja dicas de livros para faixa etária de 3 anos.
Fase pré-mágica: de 3 a 6 anos
o Histórias de bichos.
o Pequenos contos de fadas com enredo simples e poucas personagens.
o Poemas simples.
o Trava-línguas.
o Parlendas.
o Cantigas de rodas.
o Veja dicas de livros para a faixa etária de 5 anos.

Fase escolar: 7 anos


o Histórias de crianças, animais e encantamentos.
o Contos de fadas mais elaborados.
o Aventuras no ambiente próximo: família e comunidade.

Fase escolar: 8 anos


o Histórias humorísticas.
o Contos de fadas mais elaborados.
o Lendas folclóricas.

Fase escolar: 9 anos


o Mitos.
o Contos de fadas mais elaborados.
o Antigo testamento como mito.
o Histórias verídicas.
o Histórias de humor.

Fase escolar: 10 anos


o Mitos.
o Mitologia nórdica.
o Narrativas de viagens.
o Histórias verídicas.

Fase escolar: 11 anos


o Mitos (hindus, persas, árabes, egípcios).
o Narrativas de viagens.
o Histórias verídicas.
o Mitos de heróis.

Fase escolar: 12 anos em diante


o Narrativas de viagens
o Histórias verídicas
o Biografias e romances

CLÁSSICOS DA LITERATURA INFANTIL NACIONAL


De acordo com o site Pensador, há clássicos interessantes para ler em sala de aula:

1. História meio ao contrário, de Ana Maria Machado


Começa com "E então eles se casaram, tiveram uma filha linda como um raio de sol e viveram felizes para
sempre". Uma história que começa pelo “fim” e onde o príncipe e a princesa fazem tudo ao contrário.

2. Pé de pilão, de Mário Quintana

Uma combinação de cultura popular, religião e imaginação neste livro que conta a história de um menino
transformado em pato que está em busca de sua avó enfeitiçada por uma fada.

3. A arca de Noé, de Vinícius de Moraes


O compositor de MPB e Bossa Nova escreveu um único livro voltado para crianças: o resultado foi essa
bela obra com 32 poemas que se tornaram clássicos da literatura infantil, incluindo O Pato e A Casa e a
Foca.

4. A Bolsa Amarela, de Lygia Bojunga

Uma das mais importantes e premiadas obras da literatura infantil nacional. O livro conta a história de
Raquel, uma menina que coloca em uma bolsa amarela que ganha da tia os seus três principais desejos:
crescer, ter nascido menino e se tornar escritora. A brincadeira que mistura real e imaginário é fascinante.

Às vezes a gente quer muito uma coisa e então acha que vai querer a vida toda. Mas aí o tempo passa. E
o tempo é o tipo de sujeito que adora mudar tudo. Um dia ele muda você e pronto: você enjoa de ser
pequena e vai querer crescer.

5. O Menino Maluquinho, de Ziraldo


Quem nunca ouviu falar do menino com uma panela na cabeça? As aventuras do garoto esperto e
atrapalhado é um clássico da literatura, da TV, do teatro.

6. Marcelo, marmelo, martelo, de Ruth Rocha

Ruth Rocha transforma qualquer situação banal em uma lição incrível neste livro com personagens que
inventam novas palavras, superam diferenças e valorizam a amizade. São pequenas cabeças que dão
espaço a aprendizagens indispensáveis para viver em sociedade.

7. Bisa Bia Bisa Bel, de Ana Maria Machado


Ana Maria Machado ensina sobre superação e amizade nessa história onde Isabel fica encantada pelo
retrato de sua bisavó, Bia, que nunca conheceu. Apesar disso, as duas se tornam muito próximas e
confidentes.

"É que a Bisa Bia mora comigo, mas não do lado de fora. Bisa Bisa mora muito comigo mesmo. Ela mora
dentro de mim."
8. A Bruxinha Atrapalhada, de Eva Furnari

Um livro também premiado e perfeito para instigar a imaginação infantil e para crianças em fase de
alfabetização, pois não tem palavras, só ilustrações. São dez histórias em que a bruxinha faz coisas
incríveis com sua varinha mágica: às vezes dá certo, outras não, mas os resultados são sempre
interessantes e divertidos.

9. O Fantástico Homem do Metrô, de Stella Carr


Um livro de aventura excelente para crianças a partir dos 8 anos, que já estão pegando seus primeiros
romances nas mãos. Nesta história, acompanhamos Marco, Eloís e Isabel em uma cidade destruída e
aterrorizante, com um enigma nas mãos para resolver que envolve um estranho homem do metrô.

10. O meu pé de laranja lima, de José Mauro de Vasconcelos

Já foi telenovela, já foi filme, e o livro nunca sai de moda: Zezé, de apenas cinco anos, é de família pobre e
que não dá a ele a atenção que gostaria. Enquanto ajuda na criação dos irmãos para os pais conseguirem
o sustento da família, o menino encontra força e apoio em sua árvore favorita.

11. Ou isto ou aquilo, de Cecília Meireles


A vida é feita de escolhas difíceis, mesmo quando somos crianças. Neste clássico, Cecília Meirelles brinca
com a linguagem, o ritmo, a sonoridade em uma série de poemas que com certeza marcou a infância de
muitos brasileiros.

12. Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato

É o livro onde somos apresentados aos clássicos personagens do Sítio do Picapau Amarelo, como a
Emília, Tia Nastácia, Dona Benta e sua neta, a Narizinho. Foram nestas páginas escritas por Lobato em
1920 que começou o que depois veríamos nas adaptações para a televisão, cinema, teatro, etc.

13. Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque


Sim! Chico Buarque escrevendo para criança. É a história de uma garota amarela de medo que precisa
superar suas inseguranças para enfrentar o Lobo e conseguir ser feliz.

14. A História dos Pingos, de Mary França

Muito divertido e também ideal para aprendizagem. Neste livro, 7 personagens, ou pingos, são
apresentados com seus nomes, cores e características específicas. A brincadeira está em identificá-los,
separá-los e entender suas diferenças.

15.  História de dois amores, de Carlos Drummond de Andrade


O maior poeta brasileiro também escreveu para crianças e é genial, como sempre. Osbó, chefe dos
elefantes, tem uma amizade com Pul, um “pulgo”. Os dois vivem aventuras divertidas quando Osbó decide
tirar férias das suas obrigações e descansar.

16. A Vida Íntima de Laura, de Clarice Lispector

Clarice não abandona seu estilo de escrita profundo e delicado, mesmo quando está falando de uma
galinha comum, que tem uma vida corrida e um pescoço feio. O que parece um roteiro inocente traz à luz
questões relacionadas ao medo da morte, a vaidade e outros sentimentos delicados.

17. A Vaca Proibida, de Edy Lima


Edy Lima mistura o fantástico com o engraçado nessa história de aventura que conta com a presença de
uma vaca voadora, um dono de supermercado, um homem baixinho, uma mulher estressada e um robô. O
resultado é confusão, alegria, bagunça, tudo junto e misturado.

18. O Menino Mágico, de Rachel de Queiroz

Premiado pela Unesco como um dos dez melhores livros brasileiros infantis, esta obra tem como
protagonista Daniel, um menino que possui poderes mágicos e é capaz de viver aventuras incríveis nos
seus sonhos. A vida começa a complicar quando ele decide tentar ganhar um prêmio na TV.
19. Pluft, o Fantasminha, de Maria Clara Machado

Também já foi peça de teatro e minissérie de TV. Essa é a história de Maribel, uma menina que é raptada
pelo pirata Perna-de-Pau e acaba indo morar no sótão de uma casa onde há uma família de fantasmas,
incluindo Pluft, o fantasminha que tem medo de gente.

20. O Vovô Fugiu de Casa, de Sérgio Capparrelli

Um livro onde uma criança ensina aos adultos uma bela lição de amor e amizade. Um garoto e seu avô
italiano empreendem uma fuga quando a família decide internar o velhinho em um asilo. O resultado desta
aventura é de emocionar pessoas de qualquer idade.
21. É Isso Ali, de José Paulo Paes

São várias temáticas e assuntos tratadas em poemas que brincam com os inúmeros significados das
palavras. É um livro divertido, lúdico e com belas ilustrações.

22. Lúcia Já-Vou-Indo, de Maria Heloísa Penteado

Lúcia Já-Vou-Indo é uma lesma que faz tudo devagar. É convidada para uma festa e teme não chegar a
tempo, mas o que importa nessa história são as lições que ela vai dando e aprendendo no caminho.
Simples, engraçada e educativa.

23. A Fada Que Tinha Ideias, de Fernanda Lopes de Almeida


Neste mundo inventado, fadas não podem sair por aí criando feitiços por conta própria. Mas a fada Clara
Luz é muito criativa e quer fazer o mundo acontecer através de suas ideias. Ela acredita que o mundo só
se mexe quando alguém inventa alguma coisa, e por causa disso, pode se encrencar com a Rainha.

24.  Palavras, Palavrinhas e Palavrões, de Ana Maria Machado

Ana Maria Machado acerta mais uma vez nessa história educativa que acompanha uma menina que, com
a chegada de uma irmãzinha, deixa de ficar brava com as regras sobre palavras e decide brincar com
elas. Uma aula de português cheia de encanto e doçura.

25. O Fantástico Mistério da Feiurinha, de Pedro Bandeira


As clássicas princesas dos contos de fada se reúnem, já mais velhas, para procurar por Feiurinha, uma
princesa que desapareceu com seu príncipe, reino e castelo. Uma obra que reúne literatura clássica
infantil mundial com um bom toque brasileiro de Pedro Bandeira.

26. O Gênio do Crime, de João Carlos Marinho

Um livro aclamado por vários autores clássicos que conta mais uma das aventuras da Turma do Gordo.
Dessa vez, a turma precisa descobrir uma fábrica clandestina de figurinhas de futebol que está acabando
com o negócio do Seu Tomé, um homem bom.

27. Uma ideia toda azul, de Marina Colasanti


Conto de fadas criados por uma autora brasileira! Fadas, reis, unicórnios, cisnes e princesas misturam-se
nessa coleção com 10 contos que trazem ao leitor histórias sensíveis, engraçadas e emocionantes.

28. Flicts, de Ziraldo

Todo o humor e genialidade de Ziraldo voltam para essa obra que conta a história de Flicts, uma cor rara e
triste que não consegue achar o seu lugar no mundo. É um livro para pensar sobre compaixão, identidade,
preconceito e respeito ao próximo.

29. A Vaca Mimosa e a Mosca Zenilda, de Sylvia Orthof


Uma mosca, pequenina, que não sai de jeito nenhum de perto da Vaca Mimosa, grande e bela. O zunido
incomoda e isso deixa a Vaca meio maluca. Um livro cheio de ritmo e muito divertido! Foi premiado com
um Jabuti de melhor produção editorial.

30. Poemas Para Brincar, de José Paulo Paes

O título já diz tudo: neste clássico da literatura infantil, adultos e crianças são convidados a brincar com
palavras e mergulhar no mundo divertido, musical e cheio de imaginação da poesia. Os textos de José
Paulo Paes para esta obra já renderam até peça de teatro. Uma delícia de ler!

CONTOS INFANTIS BRASILEIROS


 O arco íris

Quando chove e aparece o sol, a luz que bate nas gotas de água desenha no céu esse maravilhoso
fenômeno semicircular chamado arco-íris, e que é formado por uma família de sete cores.
Os pais primários de todas as cores que existem são três: o vermelho, o amarelo e o azul.
A seguir ao vermelho fogo, vem o amarelo ouro e, entre os dois, fica o laranja, cor secundária, filha da
cálida união dos dois.
O amarelo luminoso e o azul aéreo criam o equilibrado verde, dono da primavera.
Depois do azul vem outro azul irmão, que se chama anil ou índigo, profundo e único como tu, e no fim vem
o místico violeta, fusão do azul com o vermelho.
E quando todos dançam em roda, dá-se o milagre absoluto do branco: o arco-íris!

 O aniversário do Sr. Leão

Conversavam a Girafa e a Elefanta, muito animadas, e sabes do que falavam?


Queriam festejar o aniversário do Senhor Leão e convidar todos os animais da selva!
A Pomba e o sr. Mocho foram encarregadas de avisar toda a selva.
No dia seguinte, com um sol radioso, puseram-se a trabalhar.
Fizeram um grande bolo para que chegasse para todos.
Formaram uma grande orquestra e deixaram tudo preparado.
O macaquinho Titi ficou encarregado de ir chamar o Leão e toda a sua família, que não sabiam de nada.
Quando chegou, o Leão ficou muito emocionado e feliz.
Cantaram-lhe os parabéns e começou a festa, que durou uma semana inteira!

 O coelho das orelhas compridas

Amanhecia no bosque quando o coelhinho das orelhas grandes saiu de casa com o seu macacão azul e
uma cesta, para comprar legumes e frutas.
Saltando entre pinheiros e amoras, de onde começaram a sair tordos, cães e ratinhos para o ajudar nas
compras, logo chegou à feira.
Escolheu cenouras, alfaces e rabanetes, para fortalecer os olhos e os dentes.
Também maçãs com vitaminas para adoçar a merenda e todas as outras que vocês quiserem
recomendar-lhe que leve.
No seu regresso, a mesa estava posta e os seus 15 irmãozinhos, com as patinhas lavadas, esperavam
sentados para almoçar.
Depois de lavar as dentolas e dormir a sesta, saíram, como recompensa, para brincar com os seus
amigos, os bichinhos, as aves e os insetos do bosque.

 Tita e Lola

Tita era uma cachorrinha muito querida e mimada, mas que vivia sozinha o dia inteiro, a coitada.

É que seus donos passavam muitas horas trabalhando e Tita, sem outra escolha, ficava sempre
esperando.

As horas passavam lentas, quase nada acontecia, os segundos se arrastavam, Tita acordava e dormia.

E quando chegava à noite era uma festa sem fim! Tita recebia os donos tremendo feito um pudim!

Mas de manhã, no outro dia, logo vinha a solidão... Os seus olhos perseguindo os donos pelo portão...

Numa tarde bem chuvosa, de repente uma surpresa! Trouxeram um novo cãozinho:

- Venha ver, minha princesa!


Só que a Tita não gostou nem um pouco do que viu, nem daquilo que cheirou, nem daquilo que sentiu.

Latindo forte e rosnando, mirando bem no nariz, veio logo abocanhando e não pegou por um triz!

E foi assim que a Tita conheceu o cão estranho. Descobriu que era uma fêmea e precisava de um banho!

Ela se chamava Lola e ainda era um bebê! A Tita quebrou a cuca sem saber o que fazer...

Porque a Lola aprontava uma enorme confusão! E sempre que ela chegava Tita perdia seu chão.

Lola roubava a bola, cheia de baba e sujeira, e jogava na comida, numa baita melequeira!

Esburacava o pijama, se enrolava numa fita, roubava o lugar na cama, pisando em cima de Tita!

Destruía as almofadas, roía os móveis sem dó, fuçava o lixo de noite, causando um bom quiproquó!

E se a Tita reclamava, levava logo uma bronca. - Ela ainda é um bebê! Fica quieta e não apronta!

Tita ficou magoada, quis ir embora e sumir, mas percebeu, amuada, que não tinha pra onde ir...

Numa noite bem escura, começou a trovoar. Tita, que era madura, não era boba de ligar!

Mas a Lola inocente, vendo o mundo naufragar, sentiu medo e de repente começou a soluçar.

Era um choro amedrontado de cortar o coração. Tita, antes magoada, sentiu pena e aflição.

Com a garganta apertada e uma secura na boca, sem saber o que fazer pôs-se a uivar meio rouca.

Lola ficou em silêncio, respirando sem parar, mas logo sentiu o apelo e junto pôs-se a uivar.

Cantaram por muito tempo, cada qual com sua voz, diluindo no tormento o medo triste e feroz.

Procurando por carinho a Lola veio chegando. Foi de leve e de mansinho, na Tita se aconchegando.

E a Tita disfarçou. Fingiu que não estava vendo... Fez ar de quem não ligou, que não estava percebendo...

Mas, a partir deste dia, veja só como é a vida: Tita tinha companhia! Lola ganhou uma amiga!
E não pense que por isso acabou a confusão. Às vezes, Tita acordava com humor de furacão!

E se a pequena insistia depressa a Tita rosnava! E, se a Lola bobeava, quase, quase que pegava!

E eram as duas ganindo, dividindo a solidão, ambas com os olhos seguindo os donos pelo portão...

Mas, mal os donos sumiam, já começava a folia: Lola e Tita viviam brincando com alegria!

Porque a vida é assim, às vezes tem solidão, sem ninguém pra dividir nossa dor no coração...

Mas não vá desanimar! Ouça bem uma verdade: saiba que tudo melhora com uma boa amizade!

 Nino quer um amigo

Nino, por que você está sempre tão sério e cabisbaixo?

Nino vivia triste. Ele se sentia sozinho. Ninguém queria ser amigo dele.

Pobre Nino.

Um dia, na praia, ele ficou esperançoso de encontrar um amigo.

- Ah, um menino. Quem sabe..., e tentou chegar perto dele.

Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco.

E ainda jogou areia no Nino.

Coitado dele.

Outro dia, na escola, ele tentou puxar conversa com uma colega de turma. Olhou para a menina, que era
toda sardenta, uma graça. Esboçou um sorriso e tentou puxar assunto.

Mas estava tão acostumado a ficar calado e sério que as palavras demoraram a sair de sua boca.

A menina bonitinha desistiu de esperar que ele dissesse alguma coisa. Virou-se de costas e foi brincar
com uma amiga.

Tadinho do Nino.
Nem os animais pareciam querer ser seus amigos.

Uma tarde, Nino viu um menino com um cão passeando na praça.

Ficou com vontade de agradar o cachorro, mas ficou com medo de que ele mordesse.

Fez um agrado bem tímido.

O cão nem aí para ele.

Que pena, Nino.

Até que um dia, ele tinha desistido de procurar.

Pensando em por que, quanto mais tentava encontrar um amigo, mais sozinho se sentia...

Ficou distraído, pensando, e adormeceu.

Quando acordou, olhou-se no espelho.

Enquanto escovava os dentes, percebeu que fazia muitas caretas.

Achou engraçado. Enxaguou a boca e continuou brincando com o espelho.

Era riso daqui, riso de lá. Era língua do Nino e língua do espelho. Piscadela aqui, piscadela ali. Começou
ali uma verdadeira folia. Era um jogo de reconhecimento entre Nino e sua imagem no espelho. E não é
que Nino era bem engraçadinho? Ele mesmo nunca tinha reparado nisso antes.

Que cara legal era o Nino.

Que garoto charmoso, bem-humorado!

Nino ficou encantado com seu espelho.

Fez-se ali uma grande amizade.

E depois dessa amizade surgiram muitas outras.

Nino hoje é um cara cheio de grandes amigos. Incluindo ele mesmo.

Valeu, Nino.
 O galo que logrou a raposa

Um velho galo matreiro, percebendo a aproximação da raposa, empoleirou-se numa árvore. A raposa,
desapontada, murmurou: “… Deixe estar, seu malandro, que já te curo!…” E em voz alta:

– Amigo, venho contar uma grande novidade: acabou-se a guerra entre os animais. Lobo e cordeiro,
gavião e pinto, onça e veado, raposa e galinhas, todos os bichos andam agora aos beijos, como
namorados. Desça desse poleiro e venha receber o meu abraço de paz e amor.

– Muito bem! – exclamou o galo. Não imagina como tal notícia me alegra! Que beleza vai ficar o mundo,
limpo de guerras, crueldades e traições! Vou já descer para abraçar a amiga raposa, mas… como lá vêm
vindo três cachorros, acho bom esperá-los, para que eles também tomem parte na confraternização.

Ao ouvir falar em cachorros Dona Raposa não quis saber de histórias, e tratou de por-se a fresco, dizendo:
– Infelizmente, amigo Có-ri-có-có, tenho pressa e não posso esperar pelos amigos cães. Fica para outra
vez a festa, sim? Até logo.

E raspou-se.

Contra esperteza, esperteza e meia.

 Dona Cotinha, Tom e Gato Joca

Em frente à minha casa tem outra casa, pequena, de madeira, azul com janelas brancas. Está no fim de
um terreno enorme com muitas árvores. Para mim aquilo é o que chamam de floresta. Tom diz que é um
quintal. Ali mora dona Cotinha, uma velhinha que tem cabelos lilás e dirige um Fusquinha vermelho. Esse
passou a ser meu esconderijo. Dona Cotinha sempre aparece com um prato de comida. Diz:

- Vem, gatinho. Olha só o que eu trouxe para você.

Sou premiado com sardinha fresca, atum, macarrão. Tenho engordado além da conta. Dia desses estava
tomando sol e ouvi o Tom me chamar. O danado sentiu meu cheiro e descobriu meu segredo. Ele estava
no portão quando chegou dona Cotinha, no seu Fusquinha.

- Bom dia, menino - disse ela. Já que está em frente à minha casa, faça uma gentileza e abra o portão.

Tom obedeceu. Dona Cotinha afagou minha cabeça e perguntou:

- Este gatinho é seu?

- Sim, senhora.

- Ele é muito educado.

- Obrigado - disse eu, na minha voz de gato.

- No primeiro dia que o vi por aqui, ele entrou na casa e cheirou tudo. Agora, sempre deixo uma comidinha
para ele!
- Ah! Mas o Joca não come comida de gente, não, senhora. Só come ração - disse o Tom.

- Come, sim, meu filho. E come de tudo.

Dona Cotinha acabava de denunciar minha gula e o aumento de peso. Continuou:

- Passe aqui no fim da tarde. Faço um bolo de fubá com cobertura de chocolate que é de dar água na
boca.

Com água na boca fiquei eu. Naquela tarde voltamos à casa de dona Cotinha. Ela foi logo mostrando pro
Tom uma coleção de carrinhos antigos. Era do filho dela, que morreu bem pequeno. Depois nos levou
para uma sala repleta de livros. Tom ficou de boca aberta e perguntou:

- A senhora já leu todos esses livros?

- Praticamente todos. Ler foi minha diversão, meu bom vício. Infelizmente meus olhos não ajudam mais.
Essa pilha que você está vendo aqui ainda nem foi tocada.

Tom começou a ler em voz alta, e sua voz encheu a sala de seres fantásticos. O tempo parou.

Desse dia em diante, à tardinha, eu e Tom tínhamos uma missão. Abrir os livros de dona Cotinha e deixar
os personagens passearem pela casa mágica, no meio da floresta da cidade de pedra.

CONTOS INFANTIS DA LITERATURA ESTRANGEIRA

 O Patinho Feio

ERA UMA VEZ uma mamãe pata que teve 5 ovos. Ela esperava ansiosamente pelo dia em que os seus
ovos quebrassem e deles nascessem os seus queridos filhos!

Quando esse dia chegou, os ovos da mamãe pata começaram a abrir, um a um, e ela, alegremente,
começou a saudar os seus novos patinhos. Mas o último ovo demorou mais a partir, e a mamãe começou
a ficar nervosa…

Finalmente, a casca quebrou e, para surpresa da mamãe pata, de lá saiu um patinho muito diferente de
todos os seus outros filhos.

- Este patinho não pode ser meu! Exclama a mamãe pata.


- Alguém te pregou uma peça - afirma a vizinha galinha.

Os dias passaram e, à medida que os patinhos cresciam, o patinho feio tornava-se cada vez mais
diferente dos outros. Cansado de ser gozado pelos seus irmãos e por todos os animais da quinta, o
patinho feio decide partir.

Mesmo longe da fazenda, o patinho não conseguiu paz, pois os seus irmãos perseguiam-no por todo o
lago, gritando:
- É o pato mais feio que nós já vimos!
E, para onde quer que fosse, todos os animais que encontrava faziam troça dele.

- Que vou fazer? Para onde ir?

O patinho sentia-se muito triste e abandonado. Com a chegada do inverno, o patinho cansado e cheio de
fome encontra uma casa e pensa

- Talvez aqui encontre alguém que goste de mim! E assim foi.

O patinho passou o inverno aconchegadinho, numa casa quentinha e na companhia de quem gostava
dele. Tudo teria corrido bem se não tivesse chegado a primavera e com ela, um gato malvado, que
enganando os donos da casa, correu com o patinho para fora dali!

- Mais uma vez estou sozinho e infeliz… Suspirou o patinho feio.

O patinho seguiu o seu caminho e, ao chegar a um grande lago, refugiou-se junto a uns juncos, e ali ficou
durante vários dias. Um dia, muito cedo, o patinho feio foi acordado por vozes de crianças.

- Olha! Um recém-chegado! Gritou uma das crianças. Todas as outras crianças davam gritos de alegria.

- E é tão bonito! Dizia outra.

Bonito?... De quem estão falando? Pensou o patinho feio.

De repente, o patinho feio viu que todos olhavam para ele e, ao ver o seu reflexo na água, viu um grande e
elegante cisne.

- Oh!... Exclama o patinho, admirado.

Crianças e outros cisnes admiravam a sua beleza e cumprimentavam-no alegremente.

Afinal ele não era um patinho feio, mas um belo e jovem cisne! A partir desse dia, não houve mais tristezas
e o patinho feio, que agora era um belo cisne, viveu feliz para sempre!

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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