15 - 09 - Meningites Bacterianas Na Infância OK

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Joatã, Michelle, Rafa F.

, Nathão, Pifinha

Meningites bacterianas na infância


*meningite viral → normalmente não deixa sequelas importantes
*meningite bacteriana é mais grave → leva a ter mais sequelas
*Advento da vacinação: cobertura de idade cada vez maior

Definição:
→ MENINGITE: Inflamação das meninges (piamater e aracnóide) que recobrem o parênquima cerebral e
SNC. Sintomas: febre, cefaléia, vômitos e rigidez de nuca
→ ENCEFALITE: inflamação do parênquima cerebral. Sintomas: febre, cefaléia e disfunção cerebral
(rebaixamento do nível de consciência e crises convulsivas)
→ Agentes: vírus, bactérias e fungos.
*As crises convulsivas são focais

Etiologia:
→ RN: reflete a flora materna (E. Coli, outras Enterobactérias, Streptococcus do grupo B (S. agalactie),
Listeria monocytogenes);
→ 1 - 3 meses: Enterobactérias, Streptococcus do Grupo B, Listeria monocytogenes, Streptococcus
pneumoniae, Neisseria meningitides, Haemophilus influenza;
→ 3 meses - 5 anos: Streptococcus preumoniae, Neisseria meningitides, Haemophilus influenza;
→ Maiores de 5 anos: N. meningitides, S. pneumoniae.

Epidemiologia no Brasil:
→ No nosso país a meningite é considerada uma endemia
→ Atualmente a prevalência é de cerca de 2 casos a cada 100 mil habitantes (1990 - 2000 taxas médias de
20 casos /100 mil habitantes; 53% bacterianas)
→ Sua taxa de letalidade é elevada, variando de 3% a 19% dos casos confirmados das bacterianas
→ Há um predomínio significativo em crianças
*fragilidade na BHE atingindo SNC

Transmissão:
→ RN: secreções genitais maternas.
→ Lactentes e crianças: disseminação hematogênica após colonização (ex: otite, mastoidites, sinusite, TCE,
mielomeningocele, neurocirurgia prévia)
→ Transmissão em geral, de pessoa a pessoa, através das vias respiratórias
*atenção redobrada em crianças com hiperemia de conduto auditivo!
→ Depende do estado imune, da virulência da cepa. da presença de anticorpos séricos.
→ Período de transmissão - variável, depende do agente infeccioso, do tempo do diagnóstico e início do
tratamento.
→ Período de incubação - em geral de 2 a 10 dias, em média 3 a 4 dias.

Quadro clínico:
→ Variam de acordo com a idade:
- LACTENTES: instabilidade térmica, gemência, irritabilidade, choro persistente, letargia, hipotonia,
convulsões, vômitos, abaulamento de fontanela anterior, recusa alimentar.
- CRIANÇAS: febre, náuseas, vômitos, cefaleia, fotofobia, exantema petequial, rigidez de nuca, sinal de
Kernig e Brudzinski, convulsões, sinais neurológicos focais, paresias de pares cranianos, edema de
papila, confusão mental, alteração de nível de consciência, coma, ataxia, letargia, irritabilidade.
Joatã, Michelle, Rafa F., Nathão, Pifinha

Diagnóstico:
→ Exame físico: Kernig, Brudzinski e Lasegue

→ Laboratorial:
- Punção lombar: realização de exame citoquímico, coloração de gram, cultura, eventualmente PCR
do LCR.
- CONTRA INDICAÇÕES:
➢ ABSOLUTAS: instabilidade cardiorrespiratória; alteração do estado de consciência ( ECG
menor que 9, sinais neurológicos focais, anisocoria); convulsões prolongadas, sinais de HIC;
infecção cutânea no local de punção, mielomeningocele.
➢ RELATIVAS: trombocitopenia (plaq inferior a 50 mil, alterações de coagulação (até correção).
*exame citoquímico é o diagnóstico do agente causador da doença
- Hemograma, Proteína C reativa, glicemia, ionograma, uréia, creatinina, gasometria, lactato, urina;
- Hemocultura : 2 amostras colhidas em locais diferentes - estudos de vários centros revelam que
quando realizada em condições ideais, permite a identificação do agente responsável em cerca de
50 a 90 % dos casos.
→ Alterações liquóricas:
- Normal: celularidade até 5 em crianças, até 30 em Rn / leucócitos 100% mnc / glic 40-80 / proteína
15-40.
- Meningites bacterianas - predomínio de PMN 75%, e virais predomínio de LMN 75%.
- Nas formas virais agudas, pode haver predomínio de neutrófilos no início e mudança para
predomínio linfocitário em 12-24h.
→ Considerações:
- Colher sempre glicemia antes da PL;
- Pode haver esterilização do LCR (2h após ATB se N. meningitidis, 4h se S. pneumoniae e 8h se
meningite neonatal por SGB). Nesses casos, a elevação da contagem de leucócitos e
proteinorraquia são suficientes para estabelecer o diagnóstico.
- Numa PL traumática é difícil valorizar os resultados citoquímicos na suspeita de meningite
bacteriana, iniciar atb e aguardar cultura.
→ Diagnóstico Etiológico:
- Cultura - isolamento da bactéria.
- Exame quimiocitológico do LCR - permite a contagem e o diferencial de células, dosagem de glicose
e pt no LCR. ORIENTA a suspeita clínica.
- Bacterioscopia direta (gram) → caracteriza morfológica e tintorialmente as bactérias presentes (ex:
meningococo = diplococo gram negativo).
- Aglutinação pelo Látex - detecta o antígeno bacteriano.
Joatã, Michelle, Rafa F., Nathão, Pifinha

- Reação em cadeia de polimerase (PCR) - detecta o DNA presente na amostra (sensível e específico).

→ Diagnósticos diferenciais:
- MENINGITE VIRAL → mais pré-escolar, baixo nível de células, proteínas e glicose dentro dos níveis
de normalidade
- MENINGITE TUBERCULOSA → líquido claro, glicose baixa e muita proteína
- ABCESSO CEREBRAL → importante fazer exame de imagem
- TU CEREBRAL
- HEMORRAGIA SUBARACNÓIDEA

Terapêutica:
→ Deve ser de início precoce, ENDOVENOSA, com ATBs capazes de atingir níveis bactericidas no LCR.
→ EMPÍRICA:
- 0 - 2 meses: ampicilina e cefalosporina de 3G
- maiores de 2 meses: cefalosporina de 3G
- PNEUMO SENSÍVEL - penicilina cristalina
- PNEUMO RESISTENTE - cefalosporina 3G
- PNEUMO RESISTENTE à peni e cefalosporina - associar vancomicina + ceftriaxone + rinfampicina
- MENINGOCOCO - penicilina ou ampi ou ceftriaxone
→ TERAPIA ESPECÍFICA:
- BACILO GRAM NEGATIVO - ceftriaxone ou meronem
- PSEUDOMONAS - cefalosporina 4G ou meronem
- LISTERIA - ampi + amica
- S. AUREUS - oxa ou vancomicina (conforme AB)
→ Tempo de Tratamento:
- N. MENINGITIDIS - 7 DIAS
- S.PNEUMONIAE - 10 A 14 DIAS
- S.AGALACTIAE - 14 A 21 DIAS
- BGN, S.AUREUS, LISTERIA - 21 DIAS
*só meningite tem prognóstico pior

DEXAMETASONA:
→ Indicações
- Meningite por H. influenzae tipo B (maiores de 6 semanas de vida: comprovadamente eficaz nesses
casos, diminuindo a perda auditiva).
- Meningite por S. pneumoniae - a sua utilização não é consensual, mas pode-se considerar o seu
uso.
→ Dose: 0,4 - 0,6 mg/kg/d EV 12/12 ou 8/8 horas por 2 dias
→ Efeito máximo se administrada 1 a 2 horas antes da primeira dose de atb, ou simultaneamente.

Controle de LCR:
→ Repetir PL:
- Nos casos de meningite neonatal ( recomenda-se repetir após 48 horas do início do tratamento):
- Nos casos de meningite por bacilos Gram negativos;
- Nos casos de meningite por pneumo resistente;
- Se má evolução clínica;
- Se febre prolongada ou reaparecimento da febre.
Joatã, Michelle, Rafa F., Nathão, Pifinha

Prognóstico:
→ Mortalidade: menor 10% (relacionada à menor idade - mais elevada no período neonatal, ao diagnóstico
tardio, maior nos casos de meningite pneumocócica)
→ Mortalidade por N. meningitidis e HIB menor 5%
→ Sequelas graves no dnpm: 10 a 20% dos casos
Complicações:
→ Quanto menor a idade maiores as sequelas:
→ Déficit auditivo, distúrbio de linguagem;
→ Retardo mental;
→ Crises convulsivas;
→ Coleção subdural (suspeitar se febre prolongada, recorrente, abaulamento de fontanelas - solicitar TAC
OU RNMI
→ Abscessos cerebrais.

Profilaxia
→ INDICAÇÃO: contatos domiciliares e de creches. médicos e paramédicos que manipularam secreções
sem paramentação.
1) Doença meningocócica: rifampicina - Rn 5mg/kg 12/12 2d, criança 10m/kg 12/12h 2d, adultos
600mg 12/12h 2d ou ceftriaxone 250mg dose única ou cipro 500mg dose única.
2) Meningite por Haemophilus: rifampicina 20mg/kg 1x/d 4d (menores de 1 mês - 10mg/kg 1x/d 4d).

Prevenção:
→ A vacinação é considerada a forma mais eficaz na prevenção das meningites bacterianas, sendo que
vacinas específicas para determinados agentes etiológicos estão disponíveis no programa nacional de
imunizações.
→ Cobertura vacinal: Haemophilus influenzae tipo B (penta), BCG (formas graves de TB incluindo as
meningites): vacina pneumocócica conjugada, meningocócica conjugada ACWY, meningocócica B**
** não oferecida na rede pública

*Meningococcemia sem meningite é mais letal → Existe com e sem meningite

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