Manual GeoRio Vol 3 Muros
Manual GeoRio Vol 3 Muros
Manual GeoRio Vol 3 Muros
1. PRÓLOGO .................................................................................................................... 5
2. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 6
3. MUROS .......................................................................................................................... 8
4. REFORÇO COM GEOSSINTÉTICOS ................................................................... 38
5. ANEXO 1 - REFERÊNCIAS ..................................................................................... 95
6. ANEXO 2 - GLOSSÁRIO DE GEOSSINTÉTICOS ............................................... 98
7. ANEXO 3 – ESPECIFICAÇÕES - ATERROS ..................................................... 100
8. ANEXO 4 – ESPECIFICAÇÕES – CONCRETO ARMADO ............................. 103
9. ANEXO 5 – ESPECIFICAÇÕES – CORTES ....................................................... 112
10. ANEXO 6 – ESPECIFICAÇÕES – DISPOSITIVOS DE DRENAGEM
INTERNA EM ESTRUTURAS DE CONTENÇÃO .................................................... 115
11. ANEXO 7 – ESPECIFICAÇÕES – ESTRUTURAS REFORÇADAS COM
GEOSSINTÉTICOS........................................................................................................ 121
12. ANEXO 8 – ESPECIFICAÇÕES – GABIÕES .................................................. 132
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 3.1 - Estados de Tensão em um Elemento de Solo .................................................... 9
Figura 3.2 - Variação do coeficiente de empuxo em função do movimento de translação do
muro ..................................................................................................................................... 11
Figura 3.3 - Método de Rankine: cálculo do empuxo para retroaterro horizontal .............. 12
Figura 3.4 - Método de Rankine: cálculo do empuxo ativo para retroaterro inclinado....... 13
Figura 3.5 - Método de Coulomb: determinação gráfica do empuxo ativo......................... 15
Figura 3.6 - Determinação do ponto de aplicação do empuxo ............................................ 16
Figura 3.7 - Método de Coulomb: equação para cálculo do empuxo ativo ......................... 17
Figura 3.8 - Método de Coulomb: ábacos para estimativa do coeficiente KA ..................... 18
Figura 3.9 - Método de Coulomb: cálculo do empuxo passivo com os ábacos de Caquot e
Kerisel (1948) ...................................................................................................................... 19
Figura 3.10 - Condições de estabilidade em muros de peso................................................ 21
Figura 3.11 - Verificação da estabilidade do muro contra o deslizamento na base. ........... 23
Figura 3.12 - Análise de estabilidade do muro contra o tombamento ................................. 23
Figura 3.13 - Distribuição de pressões na base do muro ..................................................... 24
Figura 3.14 - Muro de concreto armado em L: seção transversal........................................ 26
Figura 3.15 - Muro de concreto armado (Foto GeoRio)...................................................... 26
Figura 3.16 - Muro de concreto ancorado na base: seção transversal ................................. 27
Figura 3.17 - Muro de concreto armado com contrafortes chumbados na rocha (Foto GeoRio)
............................................................................................................................................. 27
Figura 3.18 - Muro de concreto armado chumbado na rocha .............................................. 28
Figura 3.19 - Muros de alvenaria de pedra. ......................................................................... 29
Figura 3.20 - Muros de concreto ciclópico (ou concreto gravidade)................................. 30
Figura 3.21 - Muros de gabiões ........................................................................................... 30
Figura 3.22 - Execução de muro em gabiões (Foto GeoRio) .............................................. 32
Figura 3.23 - Muro em gabiões (Foto GeoRio) ................................................................... 32
Figura 3.24 - Seção esquemática de muros de solo-pneus. ................................................. 34
Figura 3.25 - Muro de solo-pneus (Foto GeoRio) ............................................................... 34
Figura 3.26 - Muro de contenção com sacos de solo-cimento ............................................ 35
Figura 3.27 - Muro de terra armad ...................................................................................... 37
Figura 4.1 - Tipos comuns de geossintéticos (Modificado de Palmeira, 1995). ................. 39
Figura 4.2 - Esquemas típicos de estruturas em solo reforçado com geossintéticos ........... 40
Figura 4.3 - Esquema da geometria de uma geogrelha........................................................ 42
Figura 4.4 - Comportamento típico da resistência à tração versus ..................................... 45
Figura 4.5 - Estrutura de contenção em solo reforçado com geossintético ......................... 47
Figura 4.6 - Forças atuantes para estudo de estabilidade .................................................... 48
Figura 4.7 - Distribuição de tensões verticais na base......................................................... 51
Figura 4.8 - Análise de Estabilidade Externa ...................................................................... 53
Figura 4.9 - Análise de capacidade de ancoragem do reforço ............................................. 54
Figura 4.10 - Transmissão de tensões para o reforço .......................................................... 55
Figura 4.11 - Arranjo com regiões com diferentes espaçamentos entre reforços................ 56
Figura 4.12 - Ancoragem do reforço junto à face................................................................ 59
Figura 4.13 - Sobrecargas localizadas no terrapleno ........................................................... 63
Figura 4.14 - Carregamento localizado sobre o maciço reforçado (Jewell, 1996) .............. 64
Figura 4.15 - Talude íngreme reforçado com geossintéticos............................................... 65
Figura 4.16 - Análise de várias superfícies planas para cálculo de empuxos. ..................... 66
Figura 4.17 - Características do problema analisado por Jewell (1996). ............................ 67
Figura 4.18 - Ábacos para dimensionamento de taludes íngremes (Jewell, 1996) - ru =0 .. 68
Figura 4.19 - Ábacos para dimensionamento de taludes íngremes (Jewell, 1996) - ru = 0.25
............................................................................................................................................. 69
Figura 4.20 - Ábacos para dimensionamento de taludes íngremes (Jewell, 1996) - ru = 0.50
............................................................................................................................................. 70
Figura 4.21 - Diagrama de tensões ativas na massa reforçada ............................................ 72
Figura 4.22 - Análise de condições de estabilidade externa ................................................ 73
Figura 4.23 - Distribuição de tensões na base. .................................................................... 74
Figura 4.24 - Efeito da componente vertical da carga na superfície (Jewell, 1996) ........... 74
Figura 4.25 - Efeito da componente horizontal da carga na superfície (Jewell, 1996) ....... 75
Figura 4.26 - Composição de carregamentos para análise de estabilidade interna (Jewell,
1996) .................................................................................................................................... 75
Figura 4.27 - Efeito da compactação (Jewell, 1996). .......................................................... 76
Figura 4.28 - Gráfico para estimativa de deslocamentos horizontais máximos (FHWA, 1990)
............................................................................................................................................. 77
Figura 4.29 - Estimativa de deslocamentos horizontais na face – aterros arenosos (Jewell e
Milligan, 1989) .................................................................................................................... 79
Figura 4.30 - Sapata com Carga Excêntrica Sobre Camada Elástica (Milovic et al, 1970) 80
Figura 4.31 - Esquema do exemplo. .................................................................................... 81
Figura 4.32 - Distribuição de tensões horizontais na face interna do maciço reforçado. .... 82
Figura 4.33 - Arranjo dos reforços com espaçamento uniforme. ........................................ 86
Figura 4.34 - Variação de S requerido com a profundidade. ............................................... 87
Figura 4.35 - Arranjo dos reforços com espaçamento variável. .......................................... 87
Figura 4.36 - Distribuição de tensões horizontais na face da estrutura. .............................. 90
Figura 4.37 - Esquema final da estrutura reforçada............................................................. 94
Figura 11.1 - Esquema da construção incremental ............................................................ 123
Figura 11.2 - Processo incremental ................................................................................... 123
Figura 11.3 - Processo incremental – Método Europeu .................................................... 124
Figura 11.4 - Construção incremental com forma escorada .............................................. 124
Figura 11.5 - Estrutura com face contínua de concreto ..................................................... 124
Figura 11.6 - Face de alvenaria de blocos ......................................................................... 125
Figura 11.7 - Unidades de face em peças pré-moldadas de concreto em “L” .................. 125
Figura 11.8 - Unidades de face em bloquetes pré-moldados ............................................. 125
Figura 11.9 - Face com blocos de gabião. ......................................................................... 126
Figura 11.10 - Execução de face em parede escorada ....................................................... 126
Figura 11.11 - Fixação do reforço à parede. ...................................................................... 127
Figura 11.12 - Revestimento de taludes íngremes com bloquetes ou geocélulas.............. 128
Figura 11.13 - Revestimento de taludes íngremes vegetação e geogrelhas....................... 128
Figura 11.14 - Costuras típicas para solidarização de mantas de geossintéticos ............... 128
Figura 11.15 - Emendas de geogrelhas com barras de aço................................................ 129
Figura 11.16 - Transpasse de mantas................................................................................. 129
Figura 11.17 - Material de reforço drenante ...................................................................... 130
Figura 11.18 - Reforço impermeável ou pouco drenante .................................................. 130
Figura 12.1 - Abertura dos painéis e remoção de irregularidades ..................................... 133
Figura 12.2 - Dobramento dos painéis............................................................................... 133
Figura 12.3 - Ponteamento das arestas .............................................................................. 134
Figura 12.4 - Alinhamento e acabamento.......................................................................... 134
Figura 12.5 - Etapa de enchimento .................................................................................... 135
Figura 12.6 - Abertura e esticamento do fardo .................................................................. 135
Figura 12.7 - Correção do posicionamento do diafragma ................................................. 135
Figura 12.8 - Levantamento das paredes laterais .............................................................. 136
Figura 12.9 - Posicionamento dos colchões ...................................................................... 136
Figura 12.10 - Enchimento dos colchões .......................................................................... 137
Figura 12.11 - Enrolamento da tela ................................................................................... 137
Figura 12.12 - Fechamento do tubo ................................................................................... 138
Figura 12.13 - Fechamento das extremidades ................................................................... 138
Figura 12.14 - Transporte dos gabiões-saco ...................................................................... 138
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 3.1 - Valores típicos de parâmetros geotécnicos para projeto de muros ................. 22
Tabela 3.2 - Fatores de capacidade de carga (Vesic, 1975) ................................................ 25
Tabela 3.3 - Parâmetros típicos de misturas de solo-cimento (Marangon, 1992) ............... 37
Tabela 4.1 - Tipos de geossintéticos e suas aplicações possíveis ........................................ 38
Tabela 4.2 - Valores de para análises preliminares .......................................................... 41
Tabela 4.3 - Valores mínimos dedm para geotêxteis .......................................................... 46
Tabela 4.4 - Valores mínimos de dm para geogrelhas ....................................................... 46
Tabela 4.5 - Recomendações quanto a gramatura mínima para geossintéticos................... 46
Tabela 4.6 - Valores de uOT e CM (Milovic et al., 1970)................................................ 80
Prólogo - Manual GeoRio Vol 3
1. Prólogo
5
Introdução - Manual GeoRio Vol 3
2. Introdução
APRESENTAÇÃO
Este manual é um guia de projeto e execução de estabilização de taludes no Rio de Janeiro.
Contempla o projeto e execução de muros de gravidade, concreto armado e os reforçados
com geossintéticos.
O Manual foi concebido como um instrumento para o engenheiro experiente, reunindo em
um só volume as técnicas mais usuais de estabilização. Não é um livro-texto, mas uma
orientação sobre a boa prática de projeto e execução.
ORGANIZAÇÃO DO MANUAL
O texto do Manual de Muros inclui ábacos para cálculo dos empuxos de terras e indica as
verificações de estabilidade e fatores de segurança. Os tipos de muros abrangidos incluem
os tradicionais de gravidade e concreto armado, gabiões e até soluções inovadoras com a
utilização de pneus usados.
Os anexos incluem referências, especificações e desenhos-tipo.
FORMATO
O Manual contém uma grande quantidade de figuras, ábacos e fotos. Estas provêm dos
arquivos da GeoRio, que existem graças à dedicação de mais de quarenta anos do fotógrafo
Sr. Ary Maciel, e por cessão algumas empresas, como a Este Engenharia, Geoflex, Geokon
e dos arquivos pessoais dos autores.
ELABORAÇÃO DO MANUAL
O Manual de Encostas da GeoRio resultou de um contrato intitulado “Elaboração de
Manuais Técnicos de Projetos, Especificações e Execução para Obras de Estabilização”,
contrato 091/98, entre a GeoRio e a Insitutek Ltda, que contou com uma equipe de
especialistas geotécnicos para elaboração.
A coordenação e edição dos trabalhos foi realizada pelo Dr A Ortigão (UFRJ), assistido pelo
Dr A Sayão (PUC-Rio).
Os capítulos de Geologia e Movimentos de Massa foram de elaborados pelo Dr H Penha
(UFF),
O Capítulo de Drenagem e Proteção Superficial pela Dra Denise Gerscovich (Uerj);
6
Introdução - Manual GeoRio Vol 3
7
Muro - Manual GeoRio Vol 3
3. Muros
INTRODUÇÃO
Este capítulo tem por objetivo abranger as principais recomendações para o projeto e
construção de muros de contenção. Vários textos clássicos, entre livros e manuais, são
referidos neste capítulo.
Os seguintes principais tipos de estruturas de contenção são enfocados neste capítulo:
Muros de peso: alvenaria de pedras, concreto gravidade, gabiões, solo-pneus, solo
reforçado e sacos de solo cimento
Muros de concreto armado: seção em L, com contrafortes e chumbado
EMPUXOS DE SOLO
Considerações gerais
O estado de tensões atuando em um elemento de solo pode ser representado por um círculo
no diagrama de Mohr (tensão cisalhante vs tensão normal ). À medida que o solo é
submetido a uma solicitação de cisalhamento, o círculo de Mohr varia de diâmetro.
Enquanto o círculo situa-se abaixo da envoltória de resistência, usualmente representada por
uma linha reta denominada envoltória de Mohr-Coulomb, o elemento de solo permanece em
equilíbrio (Figura 3.1a).
8
Muro - Manual GeoRio Vol 3
'
c' R
x x C x
pa p0 pp
-c' '
'
a) Diagrama de Mohr
'
A
K0
a' R
C
pa p0 pp p'
-a'
'
b) Diagrama MIT
10
Muro - Manual GeoRio Vol 3
ATIVO PASSIVO
x x
4.5
D
4.0
3.5
Coeficiente de empuxo
3.0
F
2.5
2.0
D = Areia densa
KP
1.5
F = Areia fofa
1.0
0.5 K0
F
D KA
0
2 1 0 1 2 3 4
Método de Rankine
A teoria clássica de Rankine para o cálculo de empuxos de solo é válida para muros de
contenção de grande altura, com tardoz vertical liso, suportando retroaterro com superfície
horizontal. Com estas condições, as tensões principais (1 e 3) existentes em um elemento
de solo próximo ao tardoz do muro estão sempre atuando nas direções vertical e horizontal.
As indicações da Figura 3.1 são, portanto, válidas para a teoria de Rankine, quando toda a
massa de solo no retroaterro encontra-se em um estado de equilíbrio plástico. A teoria
considera, portanto, que os movimentos do muro são suficientes para mobilizar os estados
de tensão ativo ou passivo. A Figura 3.3 apresenta de forma resumida o método de Rankine
para o cálculo do empuxo E nos estados ativo e passivo de tensões, para o caso de retroaterro
com superfície horizontal. Como a distribuição de tensões laterais no muro é admitida como
sendo triangular, o ponto de aplicação do empuxo E situa-se a 33% da altura do muro.
Resultados experimentais em modelos reduzidos (Terzaghi e Peck, 1967) indicam, no
11
Muro - Manual GeoRio Vol 3
entanto, que em muros com rotação no topo ou com retroaterros de areia compacta, o ponto
de aplicação de E pode situar-se mais acima, da ordem de 40 a 50% da altura do muro. Com
isto, a tendência ao tombamento do muro é, na realidade, maior do que a prevista na teoria
de Rankine, sendo o erro contrário à segurança do muro.
M A P
A P
H
E
H
3
o P
ATIVO PASSIVO
' '
A 45 P 45
2 2
KA
tan A tan P
KP
tan P tan A
PA K A H - 2 c' K A PP K P H 2c' K P
EA
PA H PP H
EP
2 2
, c’, ’ = parâmetros efetivos do retroaterro
Outro aspecto importante a ser ressaltado é que a teoria de Rankine despreza a ocorrência de
resistência ao cisalhamento (atrito e adesão) no contato solo/muro. Esta simplificação pode
levar a valores significativamente maiores de empuxo ativo. Neste caso, porém, o erro da
teoria é favorável à segurança do muro, apesar de anti-econômico.
As superfícies de ruptura (linhas OA ou OP na Figura 3.3), desenvolvidas no solo ao serem
atingidos os estados limites de equilíbrio ativo ou passivo, apresentam inclinação A ou P,
respectivamente, em relação à direção horizontal. Os valores de EA e EP correspondem aos
empuxos efetivos do solo sobre o muro, ou seja, não incluem a ação da água eventualmente
presente no retroaterro.
A teoria de Rankine pode ser estendida para o caso de retroaterro com superfície inclinada
de um ângulo com a horizontal (Figura 3.4). Neste caso, a pressão efetiva do solo sobre o
muro pode ainda ser admitida com distribuição triangular, porém atuando com direção ,
paralela à superfície do retroaterro. A Figura 3.4 resume os procedimentos do método de
Rankine para cálculo do empuxo ativo do solo sobre o muro.
12
Muro - Manual GeoRio Vol 3
M
H A EA
H/3
p
O
1.0
arcsen sen sen
20 '
25
A 45 2 30
2 35
k A cos
cos cos 2
cos 2 40
cos cos 2
cos
2
0.5 45
p A k A H 2 c k A
kA
pA H
EA
2
, c’, ’= parâmetros efetivos do retroaterro
= fator angular do retroaterro ( < < 90º) 0.0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45
(graus)
Figura 3.4 - Método de Rankine: cálculo do empuxo ativo para retroaterro inclinado
Método de Coulomb
Na teoria de Coulomb, considera-se o equilíbrio limite de uma cunha de solo com seção
triangular, delimitada pelo tardoz do muro e pelas superfícies do retroaterro e de ruptura. A
solução do problema não é rigorosamente correta, pois considera unicamente duas equações
de equilíbrio de forças, desprezando o equilíbrio de momentos. Para o caso ativo, a
incorreção da teoria de Coulomb é em geral desprezível (GEO, 1993).
Em relação à teoria de Rankine, o método de Coulomb tem aplicação mais ampla, pois vale
para condições irregulares de geometria de muro e superfície de retroaterro, sem desprezar
a resistência mobilizada entre o muro e o solo. Em um caso geral, a solução gráfica,
considerando superfície de ruptura planar, é a mais adequada, apesar de trabalhosa. Um
exemplo deste procedimento gráfico para solução do empuxo pelo método de Coulomb está
apresentado na Figura 3.5 para o caso ativo. Deve-se notar que o procedimento gráfico
possibilita a incorporação de sobrecargas concentradas ou distribuídas no topo do retroaterro
ou ainda a existência de nível freático no interior do retroaterro.
Os principais passos para a solução gráfica de Coulomb estão resumidos a seguir.
(i) arbitra-se uma superfície de ruptura (superfície OA1 na Figura 5), com inclinação
próxima à indicada pelo método de Rankine;
13
Muro - Manual GeoRio Vol 3
(ii) plota-se o polígono de forças, considerando todas as magnitudes e direções das forças
que atuam na cunha OA1M de solo instável (Figura 3.5);
(iii) determina-se o valor do empuxo E1 correspondente à superfície OA1 arbitrada;
(iv) arbitra-se uma nova superfície de ruptura (OA2), plota-se o novo polígono de forças e
determina-se o empuxo E2 correspondente;
(v) repete-se o procedimento por diversas vezes, com o objetivo de se obter um gráfico da
variação do empuxo E com a distância X (afastamento do ponto A da superfície de
ruptura em relação ao ponto M no topo do muro);
(vi) no caso ativo, o ponto correspondente ao valor máximo do gráfico E vs X indica a
magnitude do empuxo EA e a posição da superfície crítica de Coulomb. No caso
passivo, o empuxo EP e a superfície crítica de Coulomb correspondem ao valor mínimo
do gráfico E vs X.
14
Muro - Manual GeoRio Vol 3
A W
C
U2 U1
R
EA '
O
Superfície OA : arbitrada
(a) Forças atuando na cunha OAM
Peso W = . V
EA
Coesão C = c' . S1
R Adesão A = cw . S2
Ação da água U1 = u1 . S1
U2
Ação da água U2 = u2 . S2
A
Ação da Normal RA ( direção ')
C
W Empuxo EA ( direção )
U1
V = volume da cunha OAM
S2 = área do tardoz OM
EA E4
E1
X
A A4
M A1
EA = empuxo ativo
OA = superfície crítica
G
ít ica
EA cr
cie
rfí
P upe
S
Procedimento:
No caso de empuxo ativo provocado por retroaterro não coesivo (c’ = 0), a solução analítica
do método de Coulomb está apresentada na Figura 3.7. A solução vale para tardoz com
inclinação , retroaterro com inclinação e atrito solo/muro . No caso particular de
valores nulos para , e , são obtidos os resultados previstos pela teoria de Rankine. Os
valores do coeficiente de empuxo KA podem ser obtidos diretamente a partir dos ábacos
apresentados na Figura 3.8. Os ábacos estão apresentados para os valores usuais de = 0 e
/ ’ = 2/3. Uma estimativa preliminar de KA pode ser rapidamente obtida por interpolação
a partir dos casos apresentados na Figura 3.8.
De maneira análoga, a Figura 3.9 permite a obtenção do coeficiente de empuxo KP para a
estimativa do empuxo passivo, neste caso com base nos ábacos apresentados por Caquot e
Kerisel (1948). Em ambas as figuras, estão disponíveis os ábacos para as situações mais
simples de muro com tardoz vertical ou de retroaterro com superfície horizontal.
16
Muro - Manual GeoRio Vol 3
M
EA
A
H
3
o
cos 2 '
KA 2
sen ' sen '
cos cos 1
2
cos cos
EA
K A H 2
2
17
Muro - Manual GeoRio Vol 3
1.0 1.2
20 20
25 '
0.8 30 1.0 ' 25
30
40
45 35
0.6 0.8 40
KA 50 45
KA 0.6
0.4
0.4
0.2
=0 0.2 =0
0.0
0.0
0 10 20 30 40 50
0 10 20 30 40 50
1.0 1.2
20
20 25 ' 25
30
0.8 35
1.0 ' 30
35
40
0.8 40
0.6 45 45
KA
KA 0.6
0.4
0.4
2 2 '
0.2
= ' 0.2 =
3 3
0.0 0.0
0 10 20 30 40 50
0 10 20 30 40 50
(a) Muro vertical (=0) (b) Terrapleno horizontal (=0)
Figura 3.8 - Método de Coulomb: ábacos para estimativa do coeficiente KA
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Muro - Manual GeoRio Vol 3
M
H
H/3 Ep
o
100 15
1.0 0º
50 0.8 10 10º
/' 0.6 20º
0.4
0.2 30º
0.0
5 40º
K*p 10 K*p
5
1
1
0 10 20 30 40 0 10 20 30 40
' '
1.0 1.0
/' /'
0.8 0.7 0.8 0.7
0.6 0.5
R 0.6
0.5
R
0.3 0.3
0.4 0.4
0.1 0.1
0.0 0.0
0.2 0.2
0.0 0.0
0 10 20 30 40 0 10 20 30 40
' '
(a) Muro Vertical (=0) (b) Retroaterro Horizontal (=0)
Figura 3.9 - Método de Coulomb: cálculo do empuxo passivo com os ábacos de Caquot e Kerisel (1948)
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Muro - Manual GeoRio Vol 3
Efeitos da água
Os métodos de cálculo de empuxo apresentados neste item referem-se apenas ao empuxo
efetivo do retroaterro sobre o muro, o qual é considerado perfeitamente drenante. No caso,
porém, de muro impermeável ou com sistema de drenagem defeituoso, pode ocorrer uma
elevação do nível d’água no retroaterro, provocado, por exemplo, por chuvas intensas.
Nestas situações, o muro passa a suportar também o empuxo hidrostático provocado pela
água .
O efeito do empuxo (EW) provocado pela água do retroaterro sobre o muro é sempre contrário
à estabilidade. Para a pior situação, considerando um muro totalmente impermeável, com
nível d’água na superfície do retroaterro, o valor do empuxo ativo total (solo + água) atuando
no muro pode chegar ao dobro do empuxo do solo no caso de muro permeável com nível
d’água profundo. É, portanto, de fundamental importância que as estruturas de contenção
sejam dotadas de sistemas de drenagem adequados, com vistoria e manutenção frequentes.
ESTABILIDADE DE MUROS
Os muros de peso, também denominados muros de gravidade, dependem da geometria e do
peso próprio para a sua estabilidade. Um muro de peso deve ser construído com largura
suficiente para evitar o surgimento de tensões de tração no interior do muro. Estas tensões
seriam provocadas pela ação instabilizante do empuxo do solo, com tendência ao
deslizamento da base e ao tombamento do muro.
Para garantia de estabilidade do muro, os seguintes mecanismos potenciais de ruptura
deverão ser cuidadosamente estudados e verificados:
instabilidade global do talude;
deslizamento ao longo da base do muro;
tombamento em relação ao pé do muro;
capacidade de suporte do solo de fundação do muro.
Os itens acima são comuns ao projeto e dimensionamento de todos os tipos convencionais
de muros de arrimo. A Figura 3.10 apresenta uma ilustração destes mecanismos potenciais
de ruptura de muros de peso.
20
Muro - Manual GeoRio Vol 3
onde: ’d e c’d são, respectivamente, o ângulo de atrito e a coesão para dimensionamento;
’p e c’p são, respectivamente, o ângulo de atrito e a coesão de pico; e FS e FSc são os
fatores de redução para atrito e coesão, respectivamente. Os valores de FS e FSc devem
ser adotados na faixa entre 1,0 e 1,5, dependendo da importância da obra e da confiança na
estimativa dos valores dos parâmetros de resistência ’p e c’p.
A Tabela 3.1 apresenta uma indicação de valores típicos dos parâmetros geotécnicos
usualmente necessários para pré-dimensionamento de muros de contenção com solos da
região do Rio de Janeiro. Na Tabela 3.1 estão apresentados o peso específico total (, o
ângulo de atrito efetivo (’) e a coesão efetiva (c’), correspondentes aos níveis de tensões e
21
Muro - Manual GeoRio Vol 3
22
Muro - Manual GeoRio Vol 3
muro reaterro
H W
E
N
Solo de fundação
B
W . a + EP . b
FS =
EA EA . c
W
c
b EP
a
Figura 3.12 - Análise de estabilidade do muro contra o tombamento
muro (W) deve ter linha de ação passando dentro do terço central da área da base do muro.
Desta forma, garante-se que ocorrem somente pressões de compressão no contacto
muro/fundação, minimizando a possibilidade de tombamento do muro.
Verificação da capacidade de suporte do solo de fundação
A distribuição de pressões verticais na base do muro apresenta uma forma trapezoidal,
conforme indicado na Figura 3.13. Esta distribuição não uniforme é devida à ação
combinada do peso W e do empuxo E sobre o muro. Assim, obtém-se:
max [4]
FV 6e
1
A B
min
H EA
W
c
máx min
N
e
24
Muro - Manual GeoRio Vol 3
(graus) Nc Nq N
Muro em L
O tipo mais usual de muro de concreto armado é o muro com seção em L (ou muro de flexão),
ilustrado na Figura 3.14. Uma fotografia é apresentada na Figura 3.15. O muro consta de
uma laje de base, enterrada no terreno de fundação, e uma face vertical (ou subvertical). A
laje de base em geral apresenta largura entre 50 e 70% da altura do muro. A face trabalha à
flexão e pode empregar se necessário vigas de enrijecimento, no caso alturas maiores. Para
muros com alturas superiores a cerca de 5 m, é conveniente a utilização de contrafortes (ou
nervuras), para aumentar a estabilidade contra o tombamento. No caso da laje de base ser
interna, ou seja, sob o retroaterro, os contrafortes devem ser adequadamente armados para
resistir a esforços de tração. No caso de laje externa ao retroaterro, os contrafortes trabalham
à compressão. Esta configuração é menos usual, pois acarreta perda de espaço útil a jusante
da estrutura de contenção. Os contrafortes são em geral espaçados de cerca de 70% da altura
do muro.
projeto pode ser adotada quando na fundação do muro ocorre material competente (rocha sã
ou alterada) e quando há limitação de espaço disponível para que a base do muro apresente
as dimensões necessárias para a estabilidade.
Figura 3.17 - Muro de concreto armado com contrafortes chumbados na rocha (Foto GeoRio)
27
Muro - Manual GeoRio Vol 3
Chumbadores Contrafortes
MUROS DE PESO
Muros de alvenaria de pedras
Em um muro de peso, a reação ao empuxo do solo é proporcionada pelo peso próprio da
estrutura e pelo atrito em sua base, o qual é função direta deste peso. Dentre os muros de
peso, os construídos com blocos de pedras são naturalmente os mais antigos e numerosos.
Estas estruturas apresentam rigidez elevada, com movimentos somente por translação, sem
deformações ou distorções significativas.
No caso de muro de pedras arrumadas manualmente, a resistência do muro resulta
unicamente do embricamento dos blocos de pedras (Figura 3.19). Este muro apresenta como
vantagens a simplicidade de construção e a dispensa de dispositivos de drenagem, pois o
material do muro é drenante. Outra vantagem é o custo reduzido, especialmente quando os
blocos de pedras são disponíveis no local. No entanto, a estabilidade interna do muro requer
que os blocos devem ter dimensões aproximadamente regulares, o que causa um valor menor
do atrito entre as pedras.
Muros de pedra sem argamassa devem ser recomendados unicamente para a contenção de
taludes com alturas de até 2m. A base do muro deve ter largura mínima de 0,5 a 1,0m e deve
ser apoiada em uma cota inferior à da superfície do terreno, de modo a reduzir o risco de
ruptura por deslizamento no contato muro/fundação.
No caso de taludes de maior altura (cerca de uns 3m), deve ser utilizada argamassa de
cimento e areia para preencher os vazios dos blocos de pedras. Neste caso, podem ser
utilizados blocos de dimensões variadas. A argamassa provoca uma maior rigidez no muro,
porém elimina a sua capacidade drenante. É necessária então a implementação dos
dispositivos usuais de drenagem de muros impermeáveis, tais como, dreno de areia ou
geossintético no tardoz e tubos barbacãs para alívio de poropressões na estrutura de
contenção.
28
Muro - Manual GeoRio Vol 3
29
Muro - Manual GeoRio Vol 3
concreto ciclópico pode ser utilizado em casos de contenção de taludes com alturas máximas
na faixa de 4 a 5m.
Muros de gabiões
Uma outra solução que pode ser também cogitada é a execução de muros de contenção de
encostas com gabiões.
Os gabiões são gaiolas metálicas preenchidas com pedras arrumadas manualmente e
construídas com fios de aço galvanizado em malha hexagonal com dupla torção. As
dimensões usuais dos gabiões são: comprimento de 2m e seção transversal quadrada com
1m de aresta. No caso de muros de grande altura, gabiões mais baixos (altura = 0,5m), que
apresentam maior rigidez e resistência, devem ser posicionados nas camadas inferiores, onde
as tensões de compressão são mais significativas. No caso de muros muito longos, gabiões
com comprimento de até 4m podem ser utilizados para agilizar a construção. A Figura 21
apresenta ilustrações de gabiões.
A rede metálica que compõe os gabiões apresenta resistência mecânica elevada. No caso da
ruptura de um dos arames, a dupla torção dos elementos preserva a forma e a flexibilidade
da malha, absorvendo as deformações excessivas. O arame dos gabiões é protegido por uma
galvanização dupla e, em alguns casos, por revestimento com uma camada de PVC. Esta
proteção é eficiente contra a ação das intempéries e de águas e solos agressivos (Maccaferri,
1990).
30
Muro - Manual GeoRio Vol 3
Os gabiões são montados individualmente no local da obra e costurados por arames de aço
com características semelhantes aos utilizados nas gaiolas, porém de diâmetro inferior, para
melhor trababilidade. As costuras são executadas ao longo das arestas dos gabiões em
contacto, tanto na lateral quanto na vertical. Deste modo, o muro de gabiões comporta-se
como uma estrutura monolítica, com uniformidade das características geotécnicas, tais como
rigidez e ângulo de atrito interno. Os blocos de pedras utilizados no preenchimento dos
gabiões devem ser sãos e apresentar granulometria uniforme, com diâmetro entre 1,0 e 2,0
vezes a dimensão da malha. As características geotécnicas dos gabiões usualmente adotadas
em projeto são: peso específico = 17 kN/m3 e ângulo de atrito = 35 graus.
A execução de muros de gabiões é simples, não requerendo equipamentos ou mão de obra
especializados. O preenchimento pode ser executado manualmente, com blocos de rocha
naturais (seixos rolados) ou artificiais (brita ou blocos de pedreiras).
A base de um muro de gabiões tem normalmente cerca de 40 a 60% da altura total. Por
razões estéticas e de limitação de espaço, é comum que os muros de gabiões apresentem
seção transversal com face externa vertical e tardoz com degraus internos. No entanto, do
ponto de vista da estabilidade, é recomendável a existência de degraus na face externa, com
um recuo mínimo de uns 20cm entre camadas sucessivas de gabiões. Alternativamente, a
face externa pode ser construída com uma pequena inclinação (5 a 10 graus) em relação à
vertical, em direção ao retroaterro. Para estes muros inclinados e apoiados sobre uma
camada de concreto de regularização da fundação, é recomendável a colocação de
dispositivos de drenagem dispostos ao longo da base do tardoz do muro, de modo a permitir
a condução da água para fora da estrutura.
Em muros de gabiões com retroaterro de solo argiloso, deve-se executar uma camada de
filtro de areia e pedrisco, com cerca de 50cm de espessura, adjacente ao tardoz. Este filtro é
um dispositivo de grande importância para evitar o carreamento das partículas de argila por
entre os vazios dos blocos dos gabiões, garantindo a integridade da obra.
As principais características dos muros de gabiões são: flexibilidade elevada, permitindo
deformações diferenciais do retroaterro e do terreno de fundação do muro; resistência
elevada, devida ao peso dos gabiões e ao coeficiente de atrito dos blocos de rocha sã; e
permeabilidade elevada, devida à granulometria uniforme dos blocos, que garante a
drenagem da encosta e a ausência de empuxo hidrostático no tardoz do muro,.
As Figura 3.22 apresenta um muro de gabiões em execução e a Figura 3.23 um outro após a
execução.
31
Muro - Manual GeoRio Vol 3
Muros de solo-pneus
A utilização de pneus usados em obras geotécnicas apresenta-se como uma solução que
combina a elevada resistência mecânica do material com o baixo custo, comparativamente
aos materiais convencionais. O muro de solo-pneus é um muro de gravidade, construído
através da combinação de pneus usados com solo localmente disponível. Isto garante a
simplicidade de construção e o custo reduzido. A primeira construção documentada de um
muro de solo-pneus foi reportada por Long (1990). Este muro possui altura variando de 2 a
7m e comprimento total da ordem de 650m.
32
Muro - Manual GeoRio Vol 3
33
Muro - Manual GeoRio Vol 3
A seção típica do muro experimental de solo-pneus relatado por Medeiros et al (1997) está
apresentada na Figura 3.24. Uma fotografia do muro, após o final da execução é mostrada
na Figura 3.25.
1
1
2,0 m
sobrecarga
7 pneus 4 pneus
1,1 m 1 2,4 m 0,4 m
8 retroaterro
5 pneus
9 pneus 3,0 m
1,45 m 1,0 m
Encosta
9 pneus 6 pneus 0,9 m
1,45 m 3,6 m
0,6 m
células de pressão
2,5 m 3,0 m
inclinômetros
34
Muro - Manual GeoRio Vol 3
35
Muro - Manual GeoRio Vol 3
Como vantagens adicionais desta técnica, pode-se citar a facilidade de execução do muro
com forma curva (adaptada à topografia local) e a adequabilidade do uso de solos residuais
de rochas granítico-gnáissicas. Estes solos são localmente encontrados nas encostas da
região sudeste do país e apresentam-se em geral com granulometria predominantemente
arenosa, com cerca de 20 a 40% de material silto-argiloso. Nestes casos, a presença de uma
pequena porcentagem de argilominerais (caulinita), em um solo arenoso bem graduado, é
benéfica para o processo de estabilização do solo com cimento. No caso de solos residuais
maduros, predominantemente argilosos, a estabilização com cal pode ser mais eficiente que
o cimento. Detalhes sobre estabilização de solos com cal e com cimento podem ser obtidos
em Ingles e Metcalf (1973), Pinto e Boscov (1990) e em Marangon (1992).
Quanto ao tipo de cimento, os diferentes tipos utilizados em concreto podem ser empregados
nas misturas de solo-cimento. O mais usual, no entanto, é o cimento Portland comum, o
qual é constituído por silicatos e aluminatos de cálcio. Em presença de água, estes elementos
se hidratam, produzindo o endurecimento da mistura. No caso de solos contendo matéria
orgânica, os cimentos de alta resistência inicial são os mais recomendados. O cimento deve
sempre ser estocado em local com baixa umidade ambiente, até o dia da utilização.
É importante também ressaltar que a água a ser utilizada na mistura solo-cimento não deve
conter impurezas, tais como sais, ácidos, álcalis ou matéria orgânica.
Com estas substâncias, as reações de estabilização do solo com cimento podem ser
retardadas ou prejudicadas.
Resultados típicos de ensaios de laboratório com misturas de solo-cimento estão resumidos
na Tabela 3. Nestes ensaios, foram utilizados solos residuais jovens, provenientes de
saibreiras em maciços gnáissicos. Estes solos apresentavam granulometria bem graduada,
sendo cerca de 70 a 90% de areia. A densidade real dos grãos sólidos (Gs) era de 2,70, sendo
a caulinita o mineral predominante na fração argila.
Na Tabela 3, C/S representa a porcentagem em peso do teor de cimento na mistura, e d
são os resultados de compactação proctor normal (respectivamente, teor de umidade ótima
e peso específico seco máximo), E é o módulo de elasticidade (inclinação do trecho linear
da curva tensão-deformação) e r é a resistência à compressão simples da mistura de solo-
cimento. Os valores de E e r são resultados de ensaios de compressão simples em corpos
de prova cilíndricos com 100mm de altura e 50mm de diâmetro, após 7 dias de cura. Pode-
se verificar que uma variação do teor de cimento causa uma alteração reduzida nos resultados
de compactação. No entanto, a rigidez e a resistência crescem significativamente com o
aumento do teor de cimento, dentro da faixa considerada no programa experimental.
Os valores registrados para r poderiam qualificar o material solo-cimento com um
comportamento de rocha branda (r entre 1 e 25 MPa, segundo a classificação da ISRM,
1979). Deve-se ainda ressaltar que, após 1 mês de cura, foram observados valores de r
cerca de 50 a 100% superiores aos obtidos aos 7 dias. Como conclusão da pesquisa, um teor
de cimento (C/S) da ordem de 7 a 8% em peso foi considerado adequado para a estabilização
dos solos em obras de contenção de encostas.
36
Muro - Manual GeoRio Vol 3
0 14,1 17,2 -- --
5 12,9 17,8 405 1177
7 13,3 18,0 767 1771
8 12,7 18,0 921 2235
37
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
INTRODUÇÃO
Geossintéticos são materiais sintéticos para aplicação em obras de engenharia civil,
particularmente as geotécnicas e de proteção ambiental. Os geossintéticos compreendem um
conjunto de materiais poliméricos com características e funções diferenciadas. Os polímeros
mais comumente utilizados na confecção destes materiais são o polipropileno, o polietileno
e o poliéster. Os principais geossintéticos disponíveis, suas funções e características estão
sumariadas na Tabela 4.1 e Figura 4.1.
As definições dos diversos tipos de geossintéticos, segundo a norma técnica ABNT NBR
12553, são apresentadas no anexo Glossário.
geocélula
(j)
Figura 4.1 - Tipos comuns de geossintéticos (Modificado de Palmeira, 1995).
39
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
geossintético
face
barbacã
aterro
terreno
natural
geossintético
terra vegetal
com ou sem
geocélula
40
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
Notas:
’ = ângulo de atrito do solo obtido em condições de cisalhamento drenado.
41
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
(*) área sólida em planta menor que 85% da área total em planta e boa interação por
ancoragem com o solo envolvente.
Para geogrelhas a obtenção de atrito de interface é mais complexa. Isto se deve ao fato que
a intensidade de interação entre solo e geogrelha depende das características mecânicas da
geogrelha, das características do solo, da geometria da grelha, do comprimento ensaiado e
das condições de ensaio (Palmeira, 1987 e Palmeira e Milligan, 1989). Jewell et al. (1984)
sugerem a expressão abaixo para a estimativa do coeficiente de interação entre solo e
geogrelha (Figura 4.3 - Esquema da geometria de uma geogrelha):
tan tan p b b b’ 1
fb s [2.1]
tan ’ tan ’ s g ’ 2 tan ’
v
onde:
fb - coeficiente de aderência entre solo e geogrelha;
- ângulo de atrito de interface equivalente entre solo e geogrelha;
’ - ângulo de atrito do solo;
s - percentagem da parcela sólida em planta da grelha disponível para atrito de pele
com o solo (< 1);
p - angulo de atrito de interface do solo com a superfície sólida da geogrelha;
b - percentagem da área total sólida disponível para ancoragem em cada membro de
ancoragem da grelha ao longo da largura da geogrelha;
b - altura ou espessura dos membros de ancoragem da geogrelha (Figura 4.3);
sg - espaçamento entre membros de ancoragem (Figura 4.3);
’b - tensão normal desenvolvida em cada membro de ancoragem;
’v - tensão vertical atuante sobre a geogrelha.
membros de longitudinais
membros de ancoragem
b
área disponível
para ancoragem
'b
sg
42
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
Palmeira (1987) observa que no caso de geogrelhas com aberturas pequenas e/ou
comprimentos grandes a interferência entre membros de ancoragem pode alterar
significativamente o valor dado pela expressão 2.1.
Os geossintéticos são materiais extremamente duráveis em condições normais de solo.
Assim, a deterioração por ataques de substâncias presentes no solo só se constitui em
problema em ambientes agressivos. Nestes casos os fabricantes dos produtos devem ser
consultados e ensaios especiais devem ser exigidos. Deve-se evitar a exposição prolongada
do geossintético à luz solar durante estocagem, devido aos raios ultra-violetas poderem
comprometer propriedades importantes do mesmo.
DEFINIÇÃO DE PARÂMETROS DE DIMENSIONAMENTO
Aspectos Relativos aos Solos
Os tipos de solos mais indicados para utilização em obras de solo reforçado são àqueles
materiais predominantemente arenosos, com boa resistência friccional e elevada capacidade
drenante. Experiências bem sucedidas com a utilização de solos pouco plásticos com certa
percentagem de finos, particularmente os siltes arenosos, são reportadas na literatura. Para
solos com elevada percentagem de finos ( 30% passando na peneira 200) devem ser
tomados cuidados quanto à drenagem, deformabilidade do maciço e interação solo-reforço.
Estruturas executada com solos possuindo elevada percentagem de finos são susceptíveis a
geração de poropressões durante a construção e a deslocamento significativos da face
(Murray & Bolden, 1979). Em situações em que tais fatores são controlados ou aceitáveis os
resultados obtidos têm sido bastante promissores.
Em vista da extensibilidade dos geossintéticos e da diferença de níveis de deformação
necessários para romper o solo e o reforço, é recomendável que o ângulo de atrito do solo
para dimensionamento seja o valor o valor de resistência de pico dividido por um fator de
redução. Jewell (1996) recomenda que o valor do ângulo de atrito do solo obtido para
condições de resistência de pico seja minorado por um fator de redução que resulte em um
ângulo de atrito de dimensionamento próximo ao valor do ângulo de atrito do solo a volume
constante (’cv). Assim:
tan ’p
’ tan 1 ’
cv [2.3]
onde:
' - ângulo de atrito efetivo do solo para dimensionamento;
’p - ângulo de atrito efetivo do solo obtido em condições de pico de resistência;
- fator de redução no valor do ângulo de atrito do solo;
43
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
onde:
Tref - resistência à tração de referência do geossintético ao final da vida útil da obra;
Tíndice - resistência à tração índice obtida em ensaio de laboratório em condições de
deformação plana com duração inferior à vida útil da obra;
fl - fator de redução devido ao efeito de fluência para a temperatura ambiente esperada
na obra.
44
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
Tíndice extrapo
carga de tração
lação
Tref
onde:
Td - resistência à tração de dimensionamento;
m - fator de redução devido a incertezas quanto ao material;
dm - fator de redução devido a danos mecânicos durante a instalação/ construção;
amb - fator de redução devido a danos provocados pelo ambiente (ataque por substâncias
agressivas, etc.).
O valor de m é função da qualidade e acurácia dos resultados de ensaios de laboratório,
conhecimento e experiência com o produto e outras eventuais incertezas. Um valor mínimo
recomendado para m é igual a 1.1.
O valor de dm depende das condições de instalação do geossintético, do tipo de material de
aterro e dos cuidados e técnicas de construção (equipamentos e energia de compactação, por
exemplo). Os geossintéticos mais leves (menor gramatura, MA) são mais sensíveis a danos,
particularmente os com gramatura inferior a 300 g/m2. As Tabela 4.3 e Tabela 4.4
apresentam valores mínimos recomendados para dm para geotêxteis e geogrelhas,
respectivamente. Quanto menor a gramatura, mais relevantes podem ser as perdas de
resistência devidas a danos mecânicos e efeitos do ambiente. A Tabela 4.5 apresenta valores
mínimos recomendados para a gramatura do geossintético em aterros reforçados.
45
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
2 140
2<H4 200
4<H10 300
H10 500
H
S
47
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
Q= qB
solo 1 solo 2
c'1, 1 e '1 c'2, , e '2
W
H
E
B yE
N' tanb
N'
onde:
q - sobrecarga uniformemente distribuída sobre o terrapleno;
FSd - fator de segurança contra o deslizamento ao longo da base ( 1.5);
1 - peso específico do material 1;
E - empuxo ativo por Rankine
H - altura do maciço reforçado;
b - ângulo de atrito entre a base do maciço reforçado e o solo de fundação.
O valor do empuxo de terra (E) deve ser aquele obtido desprezando-se eventuais tensões
ativas negativas até a profundidade da trinca de tração, no caso de aterros coesivos.
No caso de aterros não coesivos (c1 = c2 = 0), a expressão 3.1 se transforma em:
q
k a 2 1 2
2 H
Bd FS d H [3.2]
1 q
2 tan b
2 2H
48
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
onde:
ka2 - coeficiente de empuxo ativo para o material 2 (Figura 4.6);
2 - peso específico do material 2;
O valor de ka2, por Rankine, é dado por:
'
k a 2 tan 2 45o 2 [3.3]
2
onde: au = adesão entre base do muro e solo de fundação (au = Su, onde Su é a resistência
não-drenada do solo de fundação e 0 < 1).
A presença de sobrecargas localizadas na superfície do terreno devem ser levadas em conta,
através da consideração dos acréscimos de tensões horizontais sobre a face interna do maciço
reforçado devido ao carregamento ou através da utilização de outra metodologia de cálculo
de empuxos de terras (Coulomb, por exemplo). A abordagem da presença de sobrecargas
localizadas será vista adiante.
Análise da Possibilidade de Tombamento
Outro mecanismo de instabilidade considerado é a possibilidade do maciço reforçado girar
ao redor do seu pé (ponto O na Figura 4.6). Utilizando-se a teoria de Rankine para o cálculo
das tensões horizontais ativas, o somatório de momentos em relação ao ponto O permite
determinar a expressão abaixo para largura da massa reforçada de modo a se garantir a
estabilidade quanto ao tombamento:
2 FS t Ey E
Bt [3.5]
1H q
onde:
Bt - largura da base da massa de solo reforçado de modo a se atender à condição de
estabilidade contra o tombamento;
FSt - fator de segurança contra o tombamento ( 2).
yE - braço de alavanca do empuxo ativo em relação ao pé da estrutura.
49
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
q
FSt k a 2 1 3
2H
Bt H [3.6]
q
3 1
2 2H
Nesta fase de dimensionamento deve-se adotar provisoriamente o maior dos valores entre
Bd e Bt (expressões 3.1, ou 3.4, e 3.5) para a largura da base (B, Figura 4.6).
Verificação da Distribuição de Tensões na Base e Capacidade de Carga do Solo de Fundação
Em vista da carga atuante na base da estrutura ser excêntrica, é prática corrente assumir-se
um carregamento com forma trapezoidal para a distribuição de tensões normais na superfície
do terreno de fundação, conforme esquematizado na Figura 4.7. Neste caso, os valores das
tensões normais máxima e mínima do carregamento trapezoidal são dadas pelas seguintes
expressões:
2 N 3x R
v min 1 [3.7]
B B
2N 3x
v max 2 R [3.8]
B B
com:
WxW QxQ Ey E
xR [3.9]
W Q
onde:
vmax - tensão vertical máxima na base;
vmin - tensão vertical mínima na base;
N - força normal na base (= W + Q);
xR - distância da resultante das forças na base ao pé da estrutura.
50
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
Q= qB
solo 1 solo 2
c'1, 1 e '1 c'2, , e '2
W
H
E
B/2 B/2
yE
e
O
vmin
vmax
2
H
v min 1H q k a 2 ( 2 H 3q) [3.12]
B
Neste caso (c1 = c2 = 0), a excentricidade da carga na base da massa de solo reforçado é dada
por:
q
k a 2 1 3
2 H B
H 2
e [3.13]
1 q B 6
6
2 H
2
O valor da excentricidade (e) deve ser menor ou igual a B/6, de modo a que teóricamente
toda a base da estrutura esteja comprimida (vmin 0).
51
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
Para a análise da capacidade de carga do solo de uma fundação com carga excêntrica pode-
se utilizar a sugestão de Meyerhoff (1953), considerando-se a base da estrutura como uma
sapata equivalente com largura (B’) dada por:
B ' B 2e [3.14]
O valor dado pela expressão 3.16 deve, então, ser comparado à capacidade de carga do solo
de fundação. Para esta comparação pode-se utilizar a tradicional expressão para o cálculo de
capacidade de carga de uma fundação corrida (Terzaghi e Peck, 1967):
q max c ' N c q s N q 0.5 f B ' N [3.17]
onde:
qmax - capacidade de carga do solo de fundação;
c’ - coesão do solo de fundação;
qs - sobrecarga ao nível da base da estrutura, caso esta esteja parcialmente enterrada;
f - peso específico do solo de fundação;
Nc, Nq e N - fatores de capacidade de carga obtidos em função do ângulo de atrito do solo
de fundação (Terzaghi e Peck, 1967).
No caso de solo de fundação fino solicitado por carregamento não-drenado, a expressão de
capacidade de carga a utilizar é dada por:
q max S u N c q s [3.18]
camadas de solo mais fracos na fundação (Figura 4.8). Neste caso, métodos de análise de
estabilidade de taludes devem ser empregados de modo a se verificar as condições de
estabilidade global do maciço. O método de análise de estabilidade a ser escolhido dependerá
das características do problema em estudo. Para situações em que superfícies de
deslizamento circulares podem ser empregadas, é comum a utilização do método de Bishop
Modificado.
’ ’ 2c1’
hz k a1 vz k a1 1 z q [3.20]
k a1
53
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
z1
S
Iai
45º +'/2
2 o 1'
k a1 tan 45 [3.21]
2
’ ’ 2c1’ Ey
hz k a1 vz k a1 1 z q 6 E [3.22]
k a1 B 2
’ ’ 2c1’
Ti hz S k a1 vz S k a1 1 z q S
k a1
[3.
23]
onde:
Ti - esforço de tração no reforço i;
54
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
distribuição de tensões
horizontais ativas
'hi reforço i
S
Para i = 1 (reforço mais superficial) substitui-se o valor de S na expressão 3.15 pela altura
de terra sob responsabilidade daquele reforço, que é a distância ao longo da vertical entre a
superfície do terreno e o ponto médio entre a primeira e a segunda camada de reforço.
Admitindo-se que o esforço no reforço seja igual à sua resistência à tração de
dimensionamento, obtém-se a seguinte expressão para o espaçamento necessário entre
reforços na profundidade z:
Td
S [3.24]
2c1’
k a1 1 z q
k a1
Pela expressão 3.24 pode-se observar que o espaçamento necessário entre reforços varia
inversamente com a profundidade. Neste caso, pode-se variar o espaçamento entre reforços
ao longo da altura do aterro de modo a ser ter um projeto mais optimizado. Tanto no caso de
espaçamento constante entre reforços quanto no caso de espaçamento variável, a camada de
reforço mais solicitada é a mais profunda, em geral na base do maciço reforçado (z = H).
Neste caso, o espaçamento uniforme entre reforços é dado por:
Td
Suniforme [3.25]
2c1’
k a1 1H q
k a1
55
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
A opção de utilizar espaçamento entre reforços variável ao longo da altura do aterro, embora
economize camadas de reforço, torna a estrutura menos rígida (menos camadas de reforço)
e adiciona um complicador construtivo. Em geral, tal opção só se justifica para aterros de
maior altura, em que não se requeira uma maior rigidez do maciço reforçado. Neste caso, é
comum se utilizar zonas de espaçamento entre reforços constantes, mas múltiplos da
espessura da camada de solo compactado do aterro, conforme esquematizado na Figura 4.11,
por comodidade construtiva.
Verificação das Condições de Ancoragem do Reforço
Ancoragem da Extremidade Interna do Reforço
No que diz respeito à possibilidade de arrancamento da camada de reforço, para uma
estrutura de contenção como a esquematizada na Figura 4.9, a situação crítica ocorre nos
reforços superficiais. No caso de presença de sobrecarga localizada na superfície do
terrapleno esta situação pode se alterar, dependendo do tipo e intensidade da sobrecarga e da
sua distância à face interna da massa reforçada.
Pela teoria de Rankine a superfície crítica de deslizamento está inclinada com a horizontal
de um ângulo igual a 45o+’1/2, onde ’1 é o ângulo de atrito efetivo do solo da massa
reforçada, conforme esquematizado na Figura 4.9. Assim, o comprimento de ancoragem do
reforço i, na profundidade zi, é dado por:
'
lai B ( H zi ) tan 45o 1 .26]
2
Figura 4.11 - Arranjo com regiões com diferentes espaçamentos entre reforços
Neste caso, o fator de segurança contra a ruptura por ancoragem do reforço i é dado por:
2l ai 1 z i tan
FS anci 2 [3.27]
Ti
56
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
onde:
- ângulo de atrito entre solo e reforço;
Ti - esforço de tração no reforço i (expressão 3.23)
(b) Com sobrecarga distribuída na superfície do terrapleno:
2l ai ( 1 z i q) tan
FS anci 2 [3.28]
Ti
Para muros sob as condições esquematizadas na Figura 4.9 a tendência é o fator de segurança
contra a ruptura por ancoragem aumentar com a profundidade do reforço. Em função do
valor do fator de segurança obtido para a ancoragem, pode ser necessário aumentar os
comprimentos de alguns reforços. Caso isso seja necessário, dependendo dos custos relativos
dos materiais, pode ser mais interessante aumentar o comprimento de todos os reforços da
mesma quantidade para manter o comprimento constante ao longo da altura da estrutura e
facilitar o controle de construção.
O comprimento final dos reforços (largura da base do maciço reforçado) deve ser tal que
todas as condições de estabilidade (interna e externa) sejam atendidas.
Ancoragem da Extremidade Dobrada do Reforço Junto à Face
Há também a necessidade de ancorar a extremidade dobrada do reforço na face do muro,
conforme esquematizado na Figura 4.12. Isto se aplica a aterros reforçados construídos de
modo incremental (ver item 5). O estado de tensões junto à face de geossintético da estrutura
(ainda sem o revestimento definitivo) é certamente complexo, uma vez que envolve o
arqueamento da massa de solo junto à face por causa do abaulamento do geossintético que
compõe a face provisória. Assumindo-se que as tensões normais sobre os comprimento la e
lb são iguais a tensão vertical no meio do comprimento la e desprezando-se efeitos de
concentração de tensões nos cantos (conservativo), para as condições da Figura 4.12, o valor
de lb é dado por:
FS af h' 2 S
lb [3.29]
tan v sin 1 tan inf
'
tan
onde:
lb - comprimento de ancoragem ao longo da horizontal;
FSaf - fator de segurança para a ancoragem na face ( 1.5);
’h - tensão horizontal média entre duas camadas de reforço;
’v - tensão vertical entre duas camadas de reforço;
- inclinação do comprimento la com a horizontal (Figura 4.12);
inf - ângulo de atrito de interface entre a face inferior do trecho com comprimento lb e
o material subjascente (solo ou reforço, se solo: inf = );
- ângulo de atrito entre o reforço e o solo de aterro 1.
57
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
Da expressão 3.32 pode-se observar que a situação mais crítica ocorre em reforços
superficiais (’v baixos). Ensaios em modelos confirmam tal situação (Lanz, 1992). Assim,
para a camada de reforço mais superficial, situada na profundidade z1 à partir da superfície
do terrapleno, tem-se:
z1
v' q [3.30]
2
logo:
FS af h' 1 2 z1
lb [3.31]
tan z1 2q sin 1 tan inf
tan
T
la z1
'v
S
' reforço i
t
'h lb
58
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
T
la
'v
S z1
'
t
'h lb
b) Reforço na superfície do aterro, i = 1.
Para geogrelhas com baixa razão entre área sólida em planta e área total em planta, de forma
a favorecer o intertravamento dos grãos entre os membros da grelha, o valor de tan inf/tan
é próximo a 1. Ângulos de atrito de interface entre geotêxteis podem variar de 6 a 30,
dependendo das características de rugosidade da superficie do geotêxtil. Geotêxteis do tipo
tecido, razoávelmente lisos, tendem a fornecer baixos valores de ângulo de atrito de interface
geotêxtil-geotêxtil (< 15) . Tupa e Palmeira (1995) apresentam valores de ângulos de atrito
de interface entre diferentes geossintéticos. Caso o trecho dobrado esteja em contacto com a
camada de reforço ao longo do comprimento lb e não de disponha de dados de ensaios, pode-
se adotar conservativamente tan inf/tan = 0 na expressão 3.31.
Se ’hcomp ‘h (em z = z1/2), usar ‘h = ’hcomp e q = 0 na expressão 3.31, onde ’hcomp
é tensão horizontal induzida pela compactação (item 3.4.3).
Se ’hcomp < ‘h (em z = z1/2), usar ‘h = ‘h (para z = z1/2) e q ( 0) na expressão 3.34,
onde ‘h (para z = z1/2) é a tensão efetiva horizontal no estado ativo na profundidade
z1/2.
valor da inclinação é arbitrado pelo projetista. Para materiais de aterro
predominantemente arenosos, pode-se utilizar o valor de próximo ao ângulo de atrito
da areia no repouso ou aproximadamente igual ao ’cv do material de aterro.
O comprimento total do trecho dobrado para o reforço superficial (i = 1) é dado por:
1 FS af h '
1 2
lo la lb z1 1m [3.34]
sin tan z1 2q sin 1 tan inf
tan
Por razões de facilidade construtiva é recomendado que o comprimento total dobrado (lo)
não seja inferior a 1 m (Koerner, 1998).
A sequência de cálculo de lo é a seguinte:
1. Calcular o valor de la, admitindo-se que o trecho lb é desnecessário (lb = 0):
FS af h' S
la [3.35]
2 v' tan
59
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
z1
v' q e ‘h = ‘h (em z = z1/2), se ’hcomp < ‘h (em z = z1/2) ou
2
z1
v' e ‘h = ’hcomp , se ’hcomp ‘h (em z = z1/2).
2
S
v' ( zi ) q e ‘h = ‘h (em z = zi - S/2), se ’hcomp < ‘h (em z = zi - S/2)
2
ou
S
v' zi e ‘h = ’hcomp, se ’hcomp ‘h (em z = zi - S/2)
2
S (ou z1 , para i = 1)
Se: 1 m la OK Não é necessário o comprimento lb e, neste
sin
caso:
lo l a 1 m [3.36]
FS af h' 2 S
lb [3.37]
tan v sin 1 tan inf
'
tan
Com:
Para zi = z1 (camada de reforço superficial, i = 1), fazer:
S = z1
z1
v' q e ‘h = ‘h (em z = z1/2), se ’hcomp < ‘h (em z = z1/2) ou
2
60
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
z1
v' e ‘h = ’hcomp , se ’hcomp ‘h (em z = z1/2).
2
S
v' zi q e ‘h = ‘h (em z = zi - S/2), se ’hcomp < ‘h (em z = zi - S/2)
2
ou
S
v' zi e ‘h = ’hcomp, se ’hcomp ‘h (em z = zi - S/2)
2
Neste caso:
z t
la 1 [3.38]
sin
lo l a l b 1 m [3.39]
onde t é a espessura de solo abaixo do trecho com comprimento lb (Figura 4.12). Para os
demais reforços, z1 deve ser substituído por S na expressão 3.38.
Sobrecargas Localizadas e Efeito da Compactação
Sobrecargas localizadas devem ser levadas em conta nas análises de estabilidade externa e
interna. Apesar da contradição do uso de soluções plásticas e elásticas em um mesmo
problema, as soluções oriundas da teoria da elasticidade têm sido comumente utilizadas para
a estimativa de acréscimos de tensões horizontais. Poulos e Davis (1974) apresentam
soluções elásticas para variados tipos de carregamentos. As Figura 4.13(a) e (b)
esquematizam a presença de sobrecargas localizadas na superfície do terrapleno. É
importante frisar que estruturas em solo reforçado, como outros tipos de estruturas de
contenção de peso, são usualmente consideradas deslocáveis para a presença de estruturas
sensíveis a recalques na superfície do terrapleno. Há uma grande experiência muito bem
sucedida com a presença de pavimentos sobre o maciço reforçado bem projetado. Entretanto,
a experiência com a presença de elementos de fundações estruturais ainda é limitada.
Palmeira e Gomes (1996) discutem a análise de estabilidade de estruturas reforçadas sob a
ação de carregamentos localizados.
Uma abordagem simplificada para se levar em conta a presença de uma sobrecarga
localizada (em faixa) sobre o maciço reforçado é esquematizada na Figura 4.14. Neste caso,
61
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
o acréscimo de carga horizontal que deve ser absorvida pelas camadas de reforço pode ser
estimado por (Jewell, 1996):
Ph Qh ka1Qv [3.40]
onde:
Ph - acréscimo de carga horizontal devido à sobrecarga localizada na superfície;
Qh - componente horizontal da carga na superfície;
Qv - componente vertical da carga na superfície;
ka1 - coeficiente de empuxo ativo do solo 1.
Os acréscimos máximos de tensões horizontais devido às componentes horizontal e vertical
do carregamento são dados por:
Acréscimo devido à componente horizontal da força Q:
2Qh
hh [3.41]
hc
com:
’
hc d tan 45o 1 [3.43]
2
h
62
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
b
q
muro reforçado
2 2
1 1
h
onde:
x - distância da face da estrutura ao ponto médio do carregamento distribuído;
b - largura do carregamento distribuído;
z - profundidade considerada.
63
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
Qh
Qv Q carregamento em faixa
hc Ph
H
45o + '1/2
B maciço reforçado
Figura 4.14 - Carregamento localizado sobre o maciço reforçado (Jewell, 1996)
onde:
ru - parâmetro de poropressão;
- peso específico do solo;
z - profundidade do elemento de solo considerado.
Comumente se utiliza um valor constante de ru para todo o maciço.
Os gráficos para a determinação do coeficiente de empuxo horizontal (kReq) neste caso são
apresentados nas
Figura 4.18 a Figura 4.20. Nestas figuras aparecem também os gráficos para determinação
dos comprimentos dos reforços de modo a se atender a estabilidade interna e a segurança
contra o deslizamento ao longo da base.
Uma sobrecarga uniformemente distribuída no terrapleno pode ser levada em conta no
dimensionamento através da consideração da altura de terra equivalente, dada pela
expressão:
H eq H ho [4.2]
geossintético
aterro
terreno
natural
65
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
E
Emax
q
maciço reforçado
Emax
E max
H
sm
crítico
com:
q
ho [4.3]
onde:
Heq - altura equivalente do talude levando em conta a sobrecarga na superfície;
H - altura real do talude;
ho - espessura equivalente de solo para a sobrecarga na superfície do terrapleno;
q - sobrecarga uniformemente distribuída na superfície do terrapleno;
- peso específico do material de aterro.
66
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
maciço reforçado
q
H
u
Emax
Os passos a serem seguidos para o dimensionamento de um talude íngreme por Jewell (1989
e 1996) são descritos abaixo:
1) Com as características do talude obtém-se o valor de kReq e LR através das
2) Figura 4.18 a Figura 4.20(a a c), dependendo do valor de ru adotado. O valor de LR é o
maior entre os valores que garantam estabilidade interna e contra o deslizamento ao
longo da base. Os gráficos para d determinação de LR foram construídos admitindo-se
um coeficiente de interação fb = 0.8 (ver equação 2.1). Caso o valor de fb seja diferente,
o valor de LR obtido pelo gráfico deve ser multiplicado por 0.8/ fb.
3) espaçamento entre reforços requerido na base é dado por:
Td
S
k d H eq
[4.4]
O espaçamento pode ser constante ao longo de toda a altura do talude (igual ao valor dado
pela equação 4.4) ou variar, de modo semelhante ao apresentado para estruturas de
contenção.
4) A resistência por ancoragem limita a carga que o reforço é capaz de desenvolver de modo
a manter o equilíbrio da estrutura. Para compensar a perda de força capaz de ser
mobilizada no reforço, utiliza-se o coeficiente de empuxo de dimensionamento dado por:
67
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
'
0,5 20o
ru = 0
0,4
25o
30o
0,3
35o
k
40o
0,2
45o
50o
0,1
0
30 40 50 60 70 80 90
(o)
(a) Coeficiente de empuxo
LR
LR
H
H desliz
int
1.2 ru = 0
1.2 ru = 0
'
0.8 20o 0.8
'
30o 20o
40o 0.4
0.4 25o
50o
30o
35o
45o 40o
0 0
30 50 70 90 30 50 70 90
(o ) (o )
68
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
20o '
0,6
25o
ru = 0,25 30o
0,5
35o
40o
0,4 45o
50o
k 0,3
0,2
0,1
0
30 40 50 60 70 80 90
(o)
(a) Coeficiente de empuxo
LR LR
H H desliz
int
30o
0.6 0.6
40o
50o 30o
40o
0 0 50o
30 50 70 90 30 50 70 90
(o) (o)
Figura 4.19 - Ábacos para dimensionamento de taludes íngremes (Jewell, 1996) - ru = 0.25
69
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
'
0,8 20o
0,7 ru = 0,50 30o
40o
0,6
50o
0,5
k 0,4
0,3
0,2
0,1
0
30 40 50 60 70 80 90
(o)
(a) Coeficiente de empuxo
LR LR
H int H
desliz
3.0 3.0
ru = 0,50 ru = 0,50
'
2.0 2.0 20o
'
20o
25o
Figura 4.20 - Ábacos para dimensionamento de taludes íngremes (Jewell, 1996) - ru = 0.50
k Re q
kd [4.5]
L
1 B
LR
com:
70
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
T 1 1
LB d [4.6]
2H 2 1 ru
f b tan
’
onde:
kd - coeficiente de empuxo ser usado no dimensionamento;
LB - comprimento de ancoragem requerido para o reforço na base da estrutura;
LR - comprimento do reforço de modo a atender às condições de estabilidade interna e
segurança contra o deslizamento. Maior dos valores obtidos nas
Figura 4.18 (b) e (c), no caso de ru = 0, por exemplo;
Td - resistência à tração do reforço de dimensionamento;
fb - coeficiente de interação entre solo e reforço (ver equação 2.1)
Para evitar mecanismos de ruptura superficiais, não passando pelo pé do aterro reforçado,
aumenta-se a tensão horizontal na região superficial do aterro de um valor dado por:
com:
LB
z crit H [4.8]
LR
onde:
min - tensão a ser equilibrada pelos reforços na região superficial do aterro (é assumida
constante até a profundidade zcrit. Se min é menor que hcomp, deve-se usar hcomp.
zcrit - profundidade crítica, acima da qual o reforço só é capaz de mobilizar um esforço
de tração igual a sua resistência por ancoragem.
O diagrama de tensões ativas a ser equilibrado pelas camadas de reforço aparece
esquematizado na Figura 4.21. Os reforços podem ser distribuídos ao longo da altura real da
estrutura (com espaçamento constante ou variável) de modo a equilibrar o diagrama de
tensões horizontais da Figura 4.21.
71
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
z'
z'crit
Heq
z' kd'v
Figura 4.21 - Diagrama de tensões ativas na massa reforçada
com:
kd
E ( H eq2 ho2 ) [4.10]
2
As pressões que definem o diagrama trapezoidal de tensões verticais na base são dadas por:
2N 3x
v max 2 R 0 [4.12]
B B
2N 3x R
v min 1 0 [4.13]
B B
72
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
B
vmin
vmax
N
xR
onde N é a força norma na base (
Figura 4.23), dada por:
N W Q [4.14]
maciço reforçado
xQ Q=qB
W
xw
H u
Emax
B
yE
Ntanb
N
xR
N
[4.16]
B'
Com:
73
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
q max
FS f 3 [4.18]
B
vmin
vmax
N
xR
O comprimento final dos reforços (largura da base do maciço reforçado) deve ser tal que
todas as condições de estabilidade (interna e externa) sejam atendidas.
As considerações sobre compactação apresentadas para as estruturas de contenção podem
também ser estendidas ao caso de taludes íngremes reforçados.
Verificação da Estabilidade Global
Neste caso procede-se de modo semelhante ao apresentado para estruturas de contenção em
solo reforçado com geossintéticos (ver item 3.3).
x
Qh
Qv Q maciço reforçado
Qv ka1 /hc
b
1
2
hc
45o + '1/2 H
Qv ka1
x + (b + z)/2
B
z
74
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
Qh
Qv Q maciço reforçado
2Qh/hc
hc
H
45o + '1/2
B
Figura 4.25 - Efeito da componente horizontal da carga na superfície (Jewell, 1996)
Na presente data ainda não são disponíveis métodos simples para a estimativa de
deslocamentos horizontais na face de estruturas de arrimo em solo reforçado com
geossintéticos. Dados de obras reais sugerem deslocamento horizontais máximos entre 0.2 e
3% da altura da estrutura (tipicamente entre 0.2 e 1.2% da altura), dependendo das
características da obra, rigidez do reforço, tipo de solo, compressibilidade da fundação, etc.
Em vista da complexidade do problema, é importante frisar que as metodologias
apresentadas abaixo devem ser encaradas como ferramentas um tanto grosseiras para se ter
uma indicação do possível nível de deslocamentos horizontais máximos de faces de
estruturas de contenção em solo reforçado com geossintéticos.
4
1 - carregamento uniformemente
distribuído na superfície;
2 - peso próprio do solo;
3 - componente horizontal de carregamento
localizado na superfície;
5
4 e 5 - componente vertical de carregamento
1 localizado na superfície.
Figura 4.26 - Composição de carregamentos para análise de estabilidade interna (Jewell, 1996)
75
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
h(z = 0)
e
H
h max R , para reforços rígidos [3.46]
250
76
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
R
0
0 0.5 1.0 1.5
B/H
Figura 4.28 - Gráfico para estimativa de deslocamentos horizontais máximos (FHWA, 1990)
E
Tr [3.48]
n
H 2 q
E k a1 H [3.49]
2
onde:
Tbase - esforço de tração no reforço na base da estrutura;
Tr - esforço de tração constante em cada reforço para espaçamento variável;
E - empuxo ativo a ser resistido pelas camadas de reforço;
n - número de camadas de reforço.
Comparações entre a metodologia proposta por Jewell (1996) e resultados de modelos físicos
de estruturas reforçadas mostraram boa concordância somente quando o valor adotado para
77
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
o ângulo de atrito mobilizado foi igual a ’cv e com ângulo de dilatância igual a zero, ou seja,
em condições de estado crítico (Palmeira e Lanz, 1994).
Na falta de valores de ensaios, o valor do ângulo de dilatância de areias pode ser estimado
pela relação apresentada por Bolton (1986):
1.25( ’p cv’ ) [3.50]
onde:
- ângulo de dilatância da areia;
’p - ângulo de atrito de pico da areia em condições de deformação plana;
’cv - ângulo de atrito da areia a volume constante.
Como a correlação apresentada pela FHWA (1990) é baseada na observação de obras reais
ela embute deslocamentos horizontais que possam ter seido causados por compressão do
solo de fundação, o que não ocorre na metodologia apresentada por Jewell e Milligan (1989).
0,55
0,5
= 0o
0,45
0,4
hmaxJ = 10o
HTbase 0,35
0,3
= 20o
0,25
0,2
20 25 30 35 40 45
Ângulo de atrito mobilizado (graus)
78
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
0,9
hmaxJ
0,8
HTr
0,7
0,6
0 5 10 15 20 25
Ângulo de dilatância, (graus)
Figura 4.29 - Estimativa de deslocamentos horizontais na face – aterros arenosos (Jewell e Milligan,
1989)
Ne
e tan 1 2
2 CM
cos [3.52]
E B
f
com:
E
tan 1 [3.53]
N
onde:
xe - deslocamento horizontal elástico da base da massa reforçada;
- inclinação da resultante das forças na base da estrutura com a vertical;
N - força normal na base da estrutura;
Ef - módulo de elasticidade do solo de fundação;
e - rotação elástica da base da estrutura;
e - excentricidade da força na base da estrutura;
B - largura da base da estrutura;
79
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
e
Ef, r
B/2 B/2
Base rígida
Figura 4.30 - Sapata com Carga Excêntrica Sobre Camada Elástica (Milovic et al, 1970)
O deslocamento máximo por compressão elástica do solo de fundação é então estimado por:
he xe H sin e [3.54]
80
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
1 17 kN/m3
c'1 0
’1 = ’cv 32º
’p 39º
29
= 19 kN/m3
c'1 = 6 kPa
’2 = 30
Fundação b 25
c’ 10 kPa
’ 34
Ef 30 MPa
f 0.30
Reforço:
Geotêxtil não tecido de poliéster
MA = 430 g/m2
fl = 1.8
solo 2
H=5m
D=7,2
81
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
onde:
' 30
k a 2 tan 2 45 2 tan 2 45 0.333
2 2
1.5 62.11
Bd 2.10 m
(17 5 10) tan 28
Verificação do Tombamento
2 FSt EyE
Bt [3.5]
1H q
0 10 20 30 'h (kPa)
0,57 m
2
solo 2
H=5m
E=62,1 kN/m
4
1,48 m
Q = 2.1x10 = 21 kN/m
xW = xQ = 1.05 m
WxW QxQ Ey E
xR [3.9]
W Q
Então:
N = W + Q = 178.5 + 21 = 199.5.0 kN/m
2 N 3x R
v min 1 [3.7]
B B
199.5 3 0.59
v min 1 10.93 kPa < 0
2 .1 2
Deve-se aumentar a base da estrutura de modo a se ter vmin positivo e não muito pequeno.
Seja, então, admitir-se B = 3.5 m. Neste caso:
W = 17x3.5x5 = 297.5 kN/m
Q = 3.5x10 = 35 kN/m
xW = xQ = 1.75 m
Então:
N = W + Q = 297.5 + 35 = 332.5 kN/m
332.5 3 1.47
v min 1 24.7 kPa
3 .5 3 .5
Então:
83
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
2N 3x
v max 2 R [3.8]
B B
2 332.5 3 1.47
v max 2 = 140.6 kPa
3 .5 3 .5
B 3 .5
e xR 1.47 0.28 m
2 2
332.5
113.10 kPa
2.94
Então:
q
FS f max 3 [3.19]
1628.76
FS f 14.4 3 OK
113.10
84
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
Estabilidade Interna
Dados do reforço para dimensionamento:
T
Tref indice [2.4]
fl
39.2
Tref 21.8 kN/m
1 .8
Tref
Td [2.5]
m dm amb
21.8
Td 15 kN/m
1 .1 1 .2 1 .1
Td
S [3.24]
2c1’
k a1 1 z q
k a1
com:
'
k a1 tan 2 45 1 [3.21]
2
32
k a1 tan 2 45 0.31
2
85
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
15
Suniforme 0.51m
20
0.31 17 5 10
0.31
O arranjo para reforços com espaçamento uniforme aparece esquematizado na Figura 4.33.
O total de camadas de reforço nesse caso seriam n = 10 camadas.
reforço
5m
0.5 m
3.6 m
Para S variável ao longo da altura, a variação de S com a profundidade z seria dada por:
15 15
S
0.31 [17 z 10] 5.27 z 3.1
No caso o espaçamento variável ao longo da altura da estrutura, várias opções são possíveis,
desde que se atenda aos requisitos da Figura 4.34 e tendo-se em mente que a estrutura se
torna mais deformável. Caso se opte por espaçamentos múltiplos da espessura da camada
de solo compactado (admitida igual a 0.25 m), pode-se utilizar espaçamento S = 0.50 m da
86
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
1
profundidade, z (m)
5m
3.6m
87
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
1'
lai B ( H zi ) tan 45 [3.26]
2
32
lai 3.5 (5 0.50) tan 45 1.01 m
2
2lai 1 zi tan
FS anci 2 [3.27]
Ti
S
T1 z1 'hz
2
e ’hz é a tensão horizontal média ao longo do trecho da face sob responsabilidade do reforço.
O diagrama de tensões horizontais dentro da massa reforçada, junto à face é dada pela
expressão abaixo:
88
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
’ ’ 2c1’
hz k a1 vz k a1 1 z q [3.20]
k a1
A Figura 4.36 (a) e (b) apresenta os diagramas de tensões horizontais na face para os casos
sem e com sobrecarga na superfície. Nesta situação, em ambos os casos a tensão horizontal
crítica é o valor induzido pela compactação. Nesse caso ’hz = 10 kPa. Então:
Como a tensão horizontal induzida pela compactação é maior que oriunda do peso próprio
do solo, tem-se ‘h = ‘hcomp = 10 kPa. Então, para o reforço superficial (S = z1 = 0.45 m):
FSaf h’ z1
la [3.35]
2 v’ tan
1.5 10 0.75
la 1.59 m
0.75
2 17 tan 29
2
89
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
efeito da compactação
'h = 3,10 kPa
0 10 20 30 'h (kPa) 0 10 20 30 40 'h (kPa)
2 2
4 4
Admitindo-se = 30º:
z1 0.75
1.50 m < la o comprimento lb é necessário. Então:
sin sin 30
FS af h' 2 S
lb [3.37]
tan v sin 1 tan inf
'
tan
Então:
1.5 10 2 0.75
lb 0.09 m
tan 29 17 0.75 sin 30 (1 1)
2
z t 0.75 0.1
la 1 1.13 m [3.38]
tan tan 30
90
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
Pelo gráfico da Figura 3.15 (FHWA, 1990), para B/H = 3.6/5 = 0.72, tem-se R = 1.0.
Majorando-se esse valor pelo efeito da sobrecarga, tem-se:
H q H q
R 1 0.25 h max R 1 0.25 [3.47]
250 20 75 20
5 10 5 10
1.0 1 0.25 h max 1.0 1 0.25
250 20 75 20
1.25( ’p cv
’
) [3.48]
91
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
h max J
0.39
HTbase
Tbase = ka1S(H+q)
Então:
0.39 5 14.73
h max 0.072m = 7.2 cm
400
Os valores obtidos pela FHWA (1990) e por Jewell e Milligan (1989), foram muito
próximos, adote-se hmax= 7.5 cm.
N
xe uOT sin [3.51]
Ef
Como a base da estrutura foi alterada para atender a ancoragem, a nova excentricidade é
dada por:
Q = 3.6 x 10 = 36 kN/m
N = W + Q = 342 kN/m
92
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
xW = xQ = 1.80 m
WxW QxQ Ey E
xR [3.9]
W Q
B 3.60
e xR 1.53 0.27 m
2 2
E 1 62.11
tan 1 tan 10.29
N 342
Então:
N 342
xe uOT sin 1.853 sin 10.29 0.0038m 0.38cm
Ef 30000
Ne
e tan 1 2
2 CM
cos [3.52]
E B
f
342 0.27
e tan 1 2 3.013 cos 10.29 0.081
2
30000 3.60
93
Reforços com geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3
Logo, hmax/H = 8.6/500 = 0.017 2/100 inclinar face em por uma relação 1/50.
Detalhe 1
0,10
0,50
0,10
~
1,5 1,0 0,30
5,0
Detalhe 2 0,5
1,5 Detalhe 2
1,0
Detalhe 3
1,15
3,6
0,5
94
Referências - Manual GeoRio Vol 3 Muros
Anexo 1 Referências
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96
Referências - Manual GeoRio Vol 3 Muros
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Graduação em Geotecnia da Universidade de Brasília, Brasília, DF.
Wawrychuck, W.F. (1987). Two Geogrid Reinforced Soil Retaining Walls. MSc. Thesis, Royal Military College
of Canada, Kingston, Ontario, Canada, 158 p.
97
Glossário de geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3 Muros
Tiras plásticas: tiras desenvolvidas para servirem como reforço em obras do tipo “Terra
Armada” em situações de ambiente agressivo para as tradicionais tiras metálicas
Fibras, micro-telas e fios: são elementos que misturados ao solo a ser compactado formam um
material composto (“fibrosolo”) com maior resistência mecânica
Geodrenos: tiras plásticas ranhuradas ou nervuradas ou tubos plásticos perfurados envoltos por
geotêxtil não tecido para utilização em drenagem e filtração
98
Glossário de geossintéticos - Manual GeoRio Vol 3 Muros
Geocélulas: são materiais compostos por unidades (células) que confinam o solo (ou concreto)
em seu interior. Podem ser superpostas uma às outras para a construção de estruturas de arrimo
de gravidade ou serem instaladas sobre taludes como fixador de vegetação e/ou para proteção
contra erosão superficial.
Gramatura: é a massa do geossintético por unidade de área, geralmente expressa em g/m2.
99
Especificações - Aterros - Manual GeoRio Vol 3 Muros
OBJETIVO
Esta especificação tem por objetivo estabelecer os procedimentos e rotina para a escolha,
utilização e compactação de materiais na execução de aterros nas obras fiscalizadas pela
GeoRio.
NORMAS COMPLEMENTARES
Complementam esta especificação:
ABNT NBR-7182 Solo - Ensaio Normal de Compactação
DNER ME-47/64 Compactação de Solos
DNER ME-80/64 Análise Granulométrica de Solos por Peneiramento
DNER ME-44/74 Limite de Liquidez de Solos
DNER ME-82/63 Limite de Plasticidade de Solos
DNER ME-50/64 Índice de Suporte Califórnia de Solos
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Aterros são segmentos da terraplanagem cuja implantação requer o depósito e a compactação
controlada de materiais previamente escavados, provenientes de cortes ou de caixas de
empréstimos.
As operações de aterro compreendem :
- Espalhamento, homogeneização, umedecimento ou aeração e compactação dos materiais
oriundos de cortes ou empréstimos para a construção do corpo principal do aterro, sua
camada final e substituir materiais que foram removidos para melhorar as condições d
efundação.
Na construção de aterros devem merecer cuidados especiais aqueles que se encontrem nas
seguintes condições:
- apresentem elevadas alturas (15m ou mais);
- estejam situados em locais cujo solo de fundação tenha baixa capacidade de suporte, elevada
compressibilidade, excessiva umidade ou alto teor de material orgânico e particularmente
quando constituídos de argila mole;
100
Especificações - Aterros - Manual GeoRio Vol 3 Muros
101
Especificações - Aterros - Manual GeoRio Vol 3 Muros
A inclinação do talude dos aterros será fixada no projeto, em função da natureza dos solos
empregados e da altura dos terraplenos. Os taludes dos aterros devem apresentar, após a
execução da terraplanagem, a inclinação indicada no projeto. Qualquer alteração da inclinação
somente será aprovada pela Fiscalização. Os taludes devem apresentar a superfície
desempenada e livre do material solto.
O projeto deverá estabelecer os elementos de proteção anti-erosiva a ser adotados, tais como
proteção vegetal , execução de patamares (escalonamento), sistema de drenagem e
revestimentos especiais, quando for o caso.
Durante a execução, os serviços já concluídos deverão ser mantidos em boa conformação e
permanentemente drenados. As obras de proteção anti-erosiva e de drenagem superficial dos
aterros, devem ser executadas o mais breve possível.
EQUIPAMENTOS
Os equipamentos a serem empregados consistem em: rolos compactadores, usados em obras de
maior porte, e os aplicados a pequenas obras, onde se usam compactaores tipo sapo, soquetes
manuais e placas vibratórias.
CONTROLE
Controle Geométrico
O acabamento da plataforma do aterro será procedido mecânica ou manualmente de forma a
alcançar-se a conformação indicada no projeto, admitidas as seguintes tolerâncias:
- variação máxima de altura de ± 0,05m;
- variação máxima de largura da ordem de 0,20m para cada semi-plataforma, não se
admitindo variação para menos.
Controle Tecnológico
Devem ser realizados os seguintes ensaios:
- um ensaio de compactação, segundo o método DNER ME-47, para cada 1.000m3 de um
mesmo material empregado no corpo do aterro.
- um ensaio de determinação de massa específica aparente seca in situ, e de umidade para
cada camada de material compactado do corpo do aterro, correspondente ao ensaio de
compactação referido na alínea anterior.
- um ensaio de granulometria (DNER ME-80), de limite de liquidez (DNER ME-44) , e de
limite de plasticidade (DNER ME-82), para todo grupo de 10 (dez) amostras submetidas ao
ensaio de compactação referido anteriormente.
102
Especificações – Concreto armado - Manual GeoRio Vol 3 Muros
OBJETIVO
O objetivo desta especificação é estabelecer as condições mínimas a serem observadas no
preparo e aplicação de concreto e concreto armado nas obras fiscalizadas pela GeoRio.
NORMAS COMPLEMENTARES
Complementam esta especificação as seguintes normas:
ABNT NBR 5732 Cimento Portland Comum
ABNT NBR 5733 Cimento Portland de Alta Resistência Inicial
ABNT NBR 5735 Cimento Portland de Alto Forno
ABNT NBR 5740 Análise Química de Cimento Portland Disposições Gerais
ABNT NBR 6118 Projeto e Execução de Obras de Concreto Armado
ABNT NBR 7211 Agregados para Concreto
ABNT NBR 7480 Barras e Fios de Aço destinados a Armaduras para Concreto Armado.
ABNT NBR 7212 Concreto Pré-misturado
ABNT NBR 7215 Ensaio de Cimento Portland
ABNT NBR 7217 Determinação de Composição Granulométrica dos Agregados
ABNT NBR 7218 Determinação do Teor de Argila em Torrões Agregados
ABNT NBR 7219 Determinação do Teor de Materiais Pulverulentos nos Agregados
ABNT NBR 7220 Avaliação das Impurezas Orgânicas das Areias para Concreto
ABNT NBR 7221 Areia - Ensaio de Qualidade
ABNT NBR 8953 Concreto – Classificação pela resistência à compressão de concreto para
fins estruturais – Classificação;
ABNT NBR 10342 – Concreto Fresco – Perda de abatimento – Método de Ensaio;
ABNT NBR 11581 – Cimento Portland – Determinação do tempo de pega – Método de Ensaio;
ABNT NBR 11768 – Aditivos para concreto de cimento Portland – Especificação;
103
Especificações – Concreto armado - Manual GeoRio Vol 3 Muros
104
Especificações – Concreto armado - Manual GeoRio Vol 3 Muros
Agregados
O agregado miúdo consistirá de areia natural, constituída unicamente de grãos de quartzo.
O agregado graúdo consistirá de pedra britada, proveniente de rocha sã. Seu emprego no
concreto será feito com a mistura em proporções convenientes, de acordo com o traço indicado
dos materiais de granulometria conhecida.
O cascalho só poderá ser empregado quando especificado no projeto e aprovado em laboratório.
As propriedades dos agregados serão regidas pelas especificações da ABNT NBR 7211. Os
agregados deverão ser armazenados separadamente, isolado do terreno natural por assoalho de
madeira ou camada de concreto magro.
Pedra-de-mão
A pedra-de-mão para concreto ciclópico será de rocha sã e deverá ter qualidade idêntica a
exigida para a pedra britada que constituirá o agregado graúdo.
Deverá ser isenta de incrustações nocivas e sua máxima dimensão não poderá ser superior a
30cm nem a metade da dimensão mínima do elemento a ser construído.
Água
A água para o concreto deverá ser perfeitamente limpa, clara, isenta de óleo, matéria orgânica
e outras substâncias nocivas. Presumem-se satisfatórias as águas potáveis e as que tenham pH
entre 5,8 e 8. Os limites de matéria orgânica, resíduos sólidos, sulfatos, cloretos e açúcar são
os indicados na norma ABNT NBR 6118.
Na hipótese de haver dúvida quanto a qualidade da água, devem ser realizados ensaios
necessários, conforme ABNT NBR 6118.
A estocagem deve ser feita em recipiente limpo e se necessário coberto.
EQUIPAMENTO
As instalações de preparo do concreto serão feitas sob inteira responsabilidade da Executante,
que ao dimensioná-las, deverá levar em conta o volume a executar dentro dos respectivos
cronogramas, suas dificuldades, condições locais e tudo o mais que possa influir na sua
capacidade de produção.
As dimensões das betoneiras deverão ser compatíveis com o traço a ser usado. Será permitida
a utilização de central de concreto, desde que aprovada pela Fiscalização.
As betoneiras, como todo o equipamento, deverão ser mantidas em perfeitas condições,
principalmente no que se refere ao dispositivo de medição de água.
Deverão ser previstos vibradores e agulhas compatíveis com as peças a serem concretadas,
inclusive vibradores de reserva em perfeito estado de funcionamento. Indispensável também o
ar comprimido com água, para limpeza de formas e superfícies.
PREPARO DO CONCRETO
Os trabalhos de preparação do concreto consistem em amassamento, lançamento e
adensamento. As quantidades dos materiais para mistura devem obedecer rigorosamente aos
traços definidos em projeto.
Com prévia autorização da Fiscalização, após recomendação do laboratório, poderão ser
incluídos na mistura, aditivos para aceleração da pega ou impermeabilizantes.
O concreto será misturado mecanicamente em betoneira equipada com reservatório de água e
dispositivo para medir com suficiente precisão a quantidade de água usada.
105
Especificações – Concreto armado - Manual GeoRio Vol 3 Muros
Os aditivos deverão ser adicionados à água durante a mistura. O amassamento deve continuar
até que se consiga uma distribuição uniforme dos materiais, por período nunca inferior a um
minuto e meio.
Após a adição da água, o tempo máximo para iniciar-se o lançamento do concreto é de trinta
minutos. Nos casos de transporte em caminhão-betoneira, este tempo máximo pode ser de
cinquenta minutos; entre o instante de início da mistura e o final do lançamento, o máximo
deverá ser de 60 minutos, desde que não seja usado retardador de pega do cimento.
A Executante poderá empregar concreto proveniente de usinas comerciais, desde que mantidos
os mesmos padrões de qualidade indicados no projeto e com prévia autorização da Fiscalização.
Em casos especiais, a critério da Fiscalização, a mistura para confecção do concreto poderá ser
feita manualmente, mas nunca em contato direto com o terreno, mas sobre uma caixa de
madeira. Nesta situação, a mistura é feita inicialmente a seco até obter-se cor uniforme;
posteriormente, adiciona-se água na proporção especificada. Não se permitirá amassamento
superior a 350 litros de concreto de uma só vez.
TRANSPORTE E LANÇAMENTO
O concreto deve ser transportado do local de amassamento para o lançamento tão rapidamente
quanto possível e o meio de transporte deverá ser tal que não acarrete a segregação de seus
elementos ou perda de qualquer deles, não se admitindo o uso de concreto remisturado.
O lançamento do concreto deverá ser feito segundo um plano pré estabelecido, tendo em vista
os pontos das juntas ou emendas de concretagem. Só poderá ser feito após a selagem das
ligações entre formas, bem como limpeza e umdecimento.
Não será permitido lançar-se concreto de altura superior a 2 m sem o uso de tubos ou calhas de
comprimento regulável e com menor diâmetro possível, levando-se em conta a consistência do
concreto.
A Executante não poderá iniciar o lançamento do concreto sem a vistoria da Fiscalização às
formas e armaduras.
O concreto, tanto quanto possível, deve ser depositado uniformemente em camadas de igual
espessura permitindo, assim, uma pressão sobre as formas e cimbramento o mais regular
possível.
Deve-se prever também o lançamento de maneira tal que não haja o início de pega de uma
camada antes da camada seguinte ter sido lançada sobre ela.
Durante ou imediatamente após o lançamento o concreto deve ser adensado mecanicamente
para evitar bolhas de ar por meio de vibradores de tipo e tamanho aprovados pela Fiscalização.
A vibração deverá ser feita cuidadosamente a fim de deslocamento da armadura ou segregação
e escorrimento do concreto.
A distância entre os pontos de vibração deverá ser, no máximo, de 50 cm e o vibrador não
poderá ser usado para empurrar o concreto para dentro da forma. Cada imersão deverá durar no
máximo 30 segundos, retirando-se o vibrador lentamente.
Em elementos estruturais altos, deverá ser usado vibrador de placa externa.
Somente em casos excepcionais, a critério da Fiscalização, poderá se adensar o concreto por
meio de soquetes manuais.
O sistema de lançamento deverá ser aprovado pela Fiscalização.
106
Especificações – Concreto armado - Manual GeoRio Vol 3 Muros
107
Especificações – Concreto armado - Manual GeoRio Vol 3 Muros
Nos casos em que as superfícies são protegidas pelas formas, o concreto deverá ser curado, por
umidecimento, da parte superior, durante pelo menos 7 dias.
Nos lugares onde não for possível cobrir o concreto com areia, terra, serragem molhada ou
material semelhante, as superfícies de concreto deverão ser permanentemente molhadas.
A água usada na cura deverá ser limpa e livre de elementos que possam prejudicar, manchar ou
descolorir o concreto.
As formas de madeira deverão ser molhadas frequentemente , para impedir a abertura de juntas
e a evaporação através da madeira.
Quando os moldes forem metálicos, especial atenção deverá ser dada à vedação das juntas.
As superfícies a serem cobertas com terra só necessitarão ser curadas até ser colocado o aterro.
Durante as 24 horas seguinte ao término da concretagem deverá ser vetado todo o recebimento
ou depósito de materiais ou ainda vibrações provenientes de estaqueamento nas proximidades
das partes concretadas.
Qualquer processo especial de cura só poderá ser utilizado com aprovação prévia da
Fiscalização.
ACABAMENTO
As irregularidades causadas por deslocamentos ou má colocação da forma ou por ligamentos
soltos ou madeira defeituosa da forma, bem como "ninhos de abelhas" serão consideradas como
irregularidades e deverão ser reparadas, onde ocorrerem, sem ônus para a GeoRio.
CONTROLE DE RESISTÊNCIA E ACEITAÇÃO
O concreto deverá ter sua resistência verificada através de rompimento de corpo de prova por
laboratório idôneo, previamente aprovado pela Fiscalização, e obedecendo ao controle
sistemático determinado pela ABNT NBR 6118 e ABNT NBR 12655.
A Fiscalização exigirá da Executante, relatórios periódicos por obra, ou por etapa de obra,
interpretando os certificados de verificação de resistência escolhido, de tal forma que possam
ser verificadas se foram satisfeitas as condições quanto a qualidade e resistência do concreto.
Assim, a estrutura de obra será aceita automaticamente se: fck,est fck (o valor estimado de
resistência característica do concreto à compressão deverá ser maior ou igual à resistência
característica do concreto à compressão ).
Caso ocorra fck,est < fck a decisão a tomar será baseada nas verificações recomendadas item 16.2
da ABNT NBR 6118.
FORMAS
A Executante será responsável pela eficiência das formas para suportar às pressões
decorrentes do lançamento, adensamento e vibração do concreto e outras cargas atuantes, sem
falhas, movimentos ou de flexões das partes componentes. Em grandes vãos pode-se empregar
contra-flechas para compensar a deformação das formas ao peso do concreto fresco. As formas
deverão obedecer aos alinhamentos e dimensões das obras de concreto apresentadas no projeto
e serão constituídas de maneira a assegurar a perfeita aparência das superfícies do concreto.
As formas deverão ser dimensionadas de modo a não sofrerem deformações prejudiciais, quer
sob a ação dos fatores ambientais, quer sob a ação de fatores ambientais, quer sob as cargas e
especialmente a do concreto fresco, considerado o efeito do adensamento.
Será permitido o emprego de tipos ou técnicas especiais na construção de formas, desde que
sua utilização e resultado sejam comprovados pela prática, devendo-se justificar a eficiência de
108
Especificações – Concreto armado - Manual GeoRio Vol 3 Muros
outros métodos propostos que, por serem novos, careçam de maior garantia, no entender da
Fiscalização.
Todas as formas deverão ser suficientemente estanques de modo a impedir a perda da nata de
cimento. As juntas serão preenchidas com madeira ou mastique, não sendo permitido o emprego
de gesso ou argila. Substâncias gordurosas e descolorantes não deverão ser utilizadas.
Imediatamente antes do lançamento do concreto, a Executante deverá realizar cuidadosa
vistoria nas formas para verificação da sua geometria, estanqueidade, rigidez e limpeza,
molhando-as perfeitamente a fim de evitar a fuga da nata do cimento.
Em peças nas quais a limpeza se torna difícil, deverão ser deixadas aberturas provisórias para
facilitar esta operação.
As formas de madeira poderão ser reutilizadas, desde que aprovadas pela Fiscalização, estejam
em bom estado , desempenadas, inteiramente limpas e sem bordos quebrados ou danificados, e
análogas, em todos os pontos de vista às formas feitas com madeira nova.
Para efeito das obras a que se refere esta especificação, formas podem ser classificadas nos
tipos a seguir discriminados, de acordo com sua utilização:
Forma Comum: serão aquelas utilizadas para superfícies de reaterro de concreto que ficarão
posteriormente cobertas por um revestimento, ou ainda fiquem internas em caixões.
Poderão ser utilizadas, neste caso, tábuas aparelhadas e de comprimento e largura variáveis.
Forma para Concreto Aparente: serão aquelas utilizadas para superfície de concreto que
deverão ser completamente lisas, isentas de irregularidades e com coloração homogênea.
Estas formas deverão ser de madeirit resinada ou forrada de outro material liso e não
absorvente tais como, aço e plástico. Todas as bordas dos painéis deverão ser em esquadro
e retilíneas em ambas as direções, devendo os painéis coincidirem perfeitamente no
comprimento, largura e alinhamento.
Os tipos descritos podem também ser caracterizados para peças planas ou curvas.
Os dispositivos de aço utilizados para fixação das formas deverão ser construídos de modo a
permitir a sua retirada até a profundidade idêntica à do recobrimento do concreto, sem danificá-
lo.
Quanto aos materiais, as formas poderão ser metálicas, madeira, produtos aglomerados ou
outros previamente aprovados pela Fiscalização.
O produto empregado para facilitar a remoção das formas não deverá deixar manchas no
concreto aparente. A sua aplicação nas formas deverá ser feita antes da colocação da armadura.
ESCORAMENTO
À Executante caberá projetar e dimensionar os escoramentos e andaimes necessários,
salvo no caso de elementos simples já consagrados pela prática. Este Projeto com os detalhes
de construção e cálculos justificativos, será submetido à aprovação da Fiscalização , com
antecedência necessária, podendo ou não ser aceito. Os escoramentos deverão ser calculados
para suportar o peso próprio total acrescido do peso total do concreto fresco, calculado
utilizando-se o peso específico = 26 kN/m3, e uma sobrecarga de pelo menos 2 kPa.
As deformações devido às cargas nos escoramentos, serão determinadas com a maior
aproximação possível, a fim de ser dada a contra-flecha necessária.
Cuidados especiais deverão ser tomados nos apoios do escoramento (cunhas de madeira dura,
caixas de areia, parafusos especiais etc), para permitir um ajuste, bem como um
descimbramento suave e uniforme.
109
Especificações – Concreto armado - Manual GeoRio Vol 3 Muros
Andaimes situados mais de 2 m acima do terreno natural, assim como passarelas, saídas de
escadas etc, deverão ser protegidas com corrimão de tubos ou tábuas com 1 m de altura.
A estabilidade dos escoramentos será verificada periodicamente, principalmente após
interrupções longas das obras ou após temporais. Especial atenção deverá ser dada aos
elementos de ligação.
O descimbramento deverá ser feito de modo suave e uniforme de acordo com o plano que
deverá ser apresentado pela Executante e devidamente estudado para atuação simultânea dos
dispositivos utilizados nessa operação.
Os escoramentos poderão ser constituídos por elementos de madeira ou metálicos, desde que
previamente aprovados pela Fiscalização e sempre que se enquadrem nestas especificações. Na
hipótese de utilização de madeira, a possibilidade de deformações transversais no sentido das
fibras deve ser reduzida intercalando-se chapas de madeira dura ou aço.
Nos escoramentos de madeira deve-se evitar, na medida do possível, ligações em peças
verticais, assim como em peças sujeitas a compressão. Quando isto for inevitável, as emendas
deverão eliminar a possibilidade de deslocamento lateral ou separação, para tal, deverão ser
utilizados reforços de fixação lateral.
Não serão permitidas emendas nos elementos submetidos flexão.
Quando forem utilizadas cunhas de madeira (exclusivamente madeira dura), estas terão uma
inclinação de 1:10 e serão suficientemente largas para estabelecer um contato perfeito.
Os escoramentos metálicos com braçadeiras serão admitidos sempre que satisfaçam as
condições estáticas e dinâmicas necessárias.
ARMADURA
As armaduras deverão estar isentas de qualquer material nocivo antes de serem colocadas nas
formas. Deverão ser colocadas de modo apropriado e, durante a operação de concretagem,
mantidas na posição correta através de dispositivo que garantam posicionamento e cobrimento
indicados no projeto.
Antes e durante o lançamento do concreto, as plataformas de serviços deverão estar dispostas
de modo a não acarretar deformações às armaduras.
Serão utilizadas barras de aço nos diâmetros, quantidades e categorias indicados na lista de
barras do projeto.
O corte e dobramento das barras devem ser executados a frio, de acordo com os detalhes de
projeto e as normas aplicáveis.
No caso de interrupções de obras, as barras que já tenham sido parcialmente incorporadas ao
concreto deverão ser protegidas com nata de cimento.
As barras que se sobressaiam das juntas de concretagem deverão ser limpas e liberadas do
concreto endurecido, antes de prosseguir a concretagem.
As emendas das barras serão sempre por transpasse e deverão ser executadas de acordo com os
detalhes de projeto.
As emendas com solda e luvas só poderão ser empregadas excepcionalmente, devendo neste
caso a Executante apresentar o processo a ser utilizado para aprovação da GeoRio.
Com a finalidade de evitar a paralisação dos serviços, a Executante deverá prever, com base no
cronograma de execução, a manutenção de estoque mínimo de material por bitola, de acordo
com o projeto.
110
Especificações – Concreto armado - Manual GeoRio Vol 3 Muros
Montagem
A armadura será montada no interior das formas, na posição e espaçamento indicados no
projeto, de tal maneira que suporte, sem deslocamento, as operações de lançamento do concreto.
Será permitido para esse fim o uso de arame e tarugos de aço.
As posições corretas das armaduras serão garantidas por espaçadores e suportes que deverão
ser instalados antes da armadura, juntamente com as ligações entre as próprias armaduras.
Como regra geral, os espaçadores e suportes serão de concreto com resistência e durabilidade
idêntica às do concreto da obra , podendo ser usados espaçadores e suportes metálicos e de
plástico, desde que não fiquem em contato com as formas e sejam aprovados pela Fiscalização.
Não será permitida a colocação de armadura de aço em concreto fresco e não será permitido o
reposicionamento das barras quando o concreto estiver em processo de endurecimento.
Controle
A Fiscalização inspecionará as armaduras durante a montagem e colocação nas formas
verificando, em cada caso, o posicionamento das barras, o seu diâmetro, a limpeza do material,
a correta execução das emendas, a colocação dos espaçadores e suportes, de modo a assegurar
a rigorosa obediência ao projeto e a esta especificação.
111
Especificações – Cortes - Manual GeoRio Vol 3 Muros
OBJETIVO
Esta especificação tem por objetivo estabelecer os procedimentos e rotinas para a execução de
cortes nas obras fiscalizadas pela GeoRio.
NORMAS COMPLEMENTARES
Complementam esta norma os seguintes documentos:
ABNT NBR 9061 Segurança de escavações a céu aberto
ABNT NBR 11682 Estabilidade de taludes
CONDIÇÕES GERAIS
Cortes são segmentos cuja implantação requer, geralmente, a escavação do material constituinte
do terreno natural em locais determinados pelo projeto e/ou pela fiscalização.
A escavação consiste nas operações de extração do material no local em que ele se encontra e,
em geral, da carga no veículo transportador. Poderá ser executada nas seguintes situações:
1. em caixas de empréstimo de material selecionado, visando a sua aplicação em
terraplenagem;
2. na remoção de material impróprio dos cortes ou escorregado dos taludes de cortes e aterros;
3. remoção total ou parcial de aterros existentes, e na execução de degraus nos taludes dos
aterros implantados, no caso de alargamento dos mesmos, quando deverá ser assegurado
largura suficiente para operação do equipamento de terraplenagem;
4. ou com outros objetivos, tudo conforme as indicações do projeto ou orientação da
fiscalização.
As operações integrantes do serviço de cortes são a seguir indicadas:
1. Escavação de materiais integrantes do terreno natural indicado no projeto. Isto pode
suceder seja por indicação do projeto, seja por indicação da fiscalização, quando ocorrer
rocha sã ou decomposta, solos de elevada expansibilidade e de baixa capacidade de suporte.
Nestes casos as espessuras de remoção deverão ser fixadas pelo projeto ou, em caso de
omissão, pela Fiscalização. No caso de cortes em rocha, a espessura de rebaixamento
necessária à assegurar a substituição do material por outro que ofereça condições aceitáveis
112
Especificações – Cortes - Manual GeoRio Vol 3 Muros
de drenagem é de cerca de 0,40 m. Nos demais casos, tal espessura é muito variável,
podendo ser exigida a total remoção de certos tipos de materiais.
2. Remoção de solos impróprios para fundação de aterros, tendo em vista o preparo das
respectivas fundações.
3. Carga, transporte e descarga dos materiais escavados, nos locais de aterro, bota-fora ou
local de depósito, e prévia preparação das praças de estocagem, quando necessário.
Nos cortes em que for constatada, através das análises de estabilidade efetuadas, a necessidade
de rebaixamento do lençol freático para garantir a integridade geométrica dos taludes ou para
facilitar ou permitir a execuçäo dos mesmos, deverá ser estudado e indicado sistema provisório
ou definitivo de rebaixamento. Este sistema deverá ser concebido em compatibilidade com o
projeto de drenagem previsto para o corte, a menos que seja inviável o atendimento de tal
premissa face a implicaçöes de custo ou condicionantes de segurança.
MATERIAIS
A classificação dos materiais ocorrentes nos cortes será procedida de acordo com as seguintes
definições:
Primeira categoria, onde se enquadram os solos cuja a escavação é efetuada com equipamentos
tipo tratores de lâmina, escavadeiras;
Segunda categoria, aqueles materiais que devido a sua resistência ao corte exigem o emprego
contínuo de escarificadores
Terceira categoria, comprende as rochas sãs e alteradas cuja extração exige o emprego contínuo
de explosivos e do equipamento usual de desmonte a fogo como compressores, perfuratrizes,
marteletes e ferramentas de corte.
EXECUÇÃO
O desenvolvimento da escavação se processará mediante a previsão da utilização adequada ou
da rejeição dos materiais. Desta forma, somente serão transportados para a constituição de
aterros os materiais que, por sua caracterização e classificação, sejam compatíveis com as
especificações de execução dos aterros incluídas no projeto.
Constatada a conveniência técnica e econômica da reserva de materiais terrosos escavados nos
cortes, para a execução das camadas superiores dos aterros, será procedido o depósito dos
referidos materiais para oportuna utilização.
Analogamente, no caso de cortes em rocha, constatada a conveniência técnica e econômica da
reserva do material escavado para confecção de alvenaria e enrocamentos, será procedido o
depósito do produto de escavação para a utilização ulterior prevista.
As massas excedentes serão objeto de bota-foras, nos locais previstos no projeto ou indicados
pela fiscalização, devendo a executante proceder sua execução cuidadosamente de modo a
assegurar a manutenção do aspecto paisagístico, o livre escoamento das águas e a estabilidade
e segurança das vias públicas próximas.
Nos cortes em rocha não serão admitidas pedras salientes em relação ao plano do talude nem a
existência de blocos que, pela sua situação, venham a ameaçar a segurança da via ou do tráfego.
Os taludes dos cortes devem apresentar, após a execução a inclinação indicada na seção tipo do
projeto. Qualquer alteração da inclinação somente será adotada quando aprovada pela
Fiscalização. Os taludes devem apresentar a superfície desempenada obtida pela utilização
normal do equipamento de escavação.
113
Especificações – Cortes - Manual GeoRio Vol 3 Muros
Nos cortes indicados no projeto e naqueles em que se venha observar sinais indicadores de
escorregamentos atuais ou potenciais, a critério da Fiscalização, será executado o
escalonamento dos taludes e as necessárias obras de drenagem dos patamares bem como o
revestimento dos taludes com espécies vegetais apropriados. Taludes que exijam tratamentos
especiais, no que tange à estabilidade e à proteção anti-erosiva, serão objeto de projetos
específicos.
No caso de alargamento de cortes, o recorte do talude existente far-se-á assegurando-se
condições adequadas e suficientes para a operação normal dos equipamentos de terraplenagem.
CONTROLE
O acabamento dos cortes será procedido mecânica ou manualmente de forma a alcançar-se a
conformação da seção transversal do projeto, admitidas as seguintes tolerâncias:
1. variação máxima de altura de 0,05m;
2. variação máxima de largura de 0,20m.
114
Especificações – Dispositivos de Drenagem Interna em estruturas de contenção- Manual GeoRio Vol 3 Muros
OBJETIVO
Esta especificação tem por objetivo estabelecer os requisitos mínimos aplicáveis na execução
de drenagem interna de estruturas de contenção nas obras fiscalizadas pela GeoRio.
NORMAS COMPLEMENTARES
Complementam esta especificacação:
ABNT NBR 7362/80 Tubo de PVC Rígido com Junta Elástica para Coletores de Esgoto
ABNT NBR 7367/88 Projeto e Assentamento de Tubulações de PVC Rígido para Sistemas de
Esgoto Sanitário
ABNT NBR 1843/89 Tubo de PVC Rígido para Instalações Prediais e Águas Pluviais
ABNT NBR 9061/85 Segurança de Escavação a Céu Aberto
DNER-ES 292/97 Drenagem – Drenos Subterrâneos
DNER-ES 294/97 Drenagem – Dreno Sub-superficial
CONDIÇÕES GERAIS
As condições hidrogeológicas, definidas em termos de posição do lençol d’água e direções
preferenciais de fluxo, devem ser bem estabelecidas durante a etapa de investigações
geotécnicas.
Métodos diretos (sondagens a trado ou a percussão) ou investigações geofísicas
(eletroresistividade) devem ser utilizadas para identificação do lençol d’água.
O material drenante/filtrante pode ser constituído por agregados ou mantas sintéticas
selecionadas para atender à função especificada em projeto.
O grau de compactação especificado para os materiais agregados devem ser compatíveis com
a resistência e permeabilidade especificadas em projeto.
Os materiais utilizados deverão satisfazer às exigências dos projetos específicos, tanto no que
se refere aos tubos, aos materiais usados para o envolvimento dos drenos, quanto ao filtro e
processos construtivos.
115
Especificações – Dispositivos de Drenagem Interna em estruturas de contenção- Manual GeoRio Vol 3 Muros
116
Especificações – Dispositivos de Drenagem Interna em estruturas de contenção- Manual GeoRio Vol 3 Muros
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Especificações – Dispositivos de Drenagem Interna em estruturas de contenção- Manual GeoRio Vol 3 Muros
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Especificações – Dispositivos de Drenagem Interna em estruturas de contenção- Manual GeoRio Vol 3 Muros
Nos pontos de deságue dos dispositivos deverão ser executadas obras de proteção, de modo a
não promover a erosão das vertentes ou assoreamento de cursos d’água.
Em todos os locais onde ocorrem escavações ou aterros necessários à implantação das obras,
deverão ser tomadas medidas que proporcionem a manutenção das condições locais através de
replantio de vegetação local ou grama.
Como em geral as águas subterrâneas afetam os mananciais locais, durante execução dos
drenos ou após a sua conclusão deverá ser mantida a qualidade das águas e sua potabilidade,
impedindo-se a sua contaminação, especialmente por despejos sanitários.
Durante desenvolvimento das obras deverão ser adotados cuidados quanto a sinalização
adequada, tráfego desnecessário de equipamentos ou veículos por terrenos naturais e, quando
for o caso, com a circulação de pedestres.
O tráfego de veículos, na região de instalação de geodrenos, não deve ser permitido a menos
que a Fiscalização considere que o material de cobertura esteja protegendo adequadamente a
manta.
CONTROLE DE QUALIDADE
Material
O controle tecnológico do agregado empregado será realizado pela verificação das
granulometrias dos materiais drenantes e filtrantes, através de ensaios de análise
granulométrica, em quantidade mínima de uma para cada 15m3 de material aplicado.
O controle tecnológico do geossintético empregado, quando for o caso, será realizado
executando-se ensaios específicos, atendidas as recomendações dos fabricantes e
especificações particulares.
A manta de geotêxtil que tiver sido exposta à radiação ultra-violeta por uma período maior do
que 7 dias não poderá ser utilizada como elemento permanente de drenagem.
Os dispositivos abrangidos nesta Especificação que tratam de estruturas construídas com
concreto deverão atender as prescrições e exigências previstas pelas normas da ABNT, nas
seções pertinentes a execução de estruturas de concreto armado.
No controle tecnológico para os tubos de PVC serão seguidas as normas da ABNT NBR
7362/90 ou ABNT NBR 7365/82, no que couberem e atendidas as recomendações dos
fabricantes e especificações particulares.
Nenhum material será utilizado antes de aprovado pela Fiscalização.
Geométrico
Os elementos geométricos característicos serão estabelecidos no projeto com as quais será feito
o acompanhamento da execução.
As dimensões das seções transversais, assim como as declividades de fundo, não devem diferir
das indicadas no projeto em mais de 1%, em pontos isolados.
Todas as medidas de espessura efetuadas devem se situar no intervalo de 10%, em relação à
espessura de projeto.
Acabamento
O controle qualitativo dos dispositivos será feito de forma visual avaliando-se as características
de acabamento das obras executadas.
Aceitação e Rejeição
Os serviços rejeitados deverão ser corrigidos, complementados ou refeitos
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Especificações – Dispositivos de Drenagem Interna em estruturas de contenção- Manual GeoRio Vol 3 Muros
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Especificações – Estruturas Reforçadas com Geossintéticos- Manual GeoRio Vol 3 Muros
OBJETIVO
Esta especificação tem por objetivo estabelecer os procedimentos para a execução de estruturas
reforçadas com geossintéticos em obras fiscalizadas pela GeoRio
NORMAS COMPLEMENTARES
Complementam esta especificação:
ABNT NBR 12553 Geotêxteis (terminologia);
ABNT NBR 12568 Geotêxteis - determinação da gramatura;
ABNT NBR 12569 Geotêxteis - determinação da espessura;
ABNT NBR 12592 Identificação de geotêxteis para fornecimento;
ABNT NBR 12593 Amostragem e preparação de corpos-de-prova de geotêxteis;
ABNT NBR 12824 Geotêxteis - determinação da resistência à tração não-confinada - ensaio
de tração de faixa larga;
ABNT NBR 13134 Geotêxteis - determinação da resistência à tração não-confinada de
emendas - ensaio de tração de faixa larga;
ABNT NBR 13359 Geotêxteis - determinação da resistência ao puncionamento estático -
ensaio com pistão tipo CBR.
AFNOR G 38-015 Détermination de la résistance au déchirement;
AFNOR G 38-016 Mesure de la permittivité hydraulique;
AFNOR G 38-017 Porométrie: Détermination de l’ouverture de filtration;
ASTM D3786 Test method for burst strength;
ASTM D4491 Test method for water permeability of geotextiles by permittivity;
ASTM D4533 Test method for trapezoid testing strength of geotextiles;
ASTM D4632 Test method for breaking load and elongation of geotextiles (Grab
Method);
121
Especificações – Estruturas Reforçadas com Geossintéticos- Manual GeoRio Vol 3 Muros
ASTM D4716 Test method for constant head hydraulic transmissivity (in-plane flow)
of geotextiles and geotextile related products;
ASTM D4751 Test method for determining apparent opening size of a geotextile;
ASTM D4884 Test method for seam strength of sewn geotextiles;
ASTM D4886T Test method for abrasion resistance of geotextiles (sand paper/sliding
block method);
ASTM D5101 Test method for measuring the soil-geotextile system clogging potential
by the gradient ratio.
ABNT NBR 12593 Amostragem e preparaçäo de corpos-de-prova de geotêxteis
DNER PRO 380/98 Geossintéticos para obras rodoviárias
PROCESSOS CONSTRUTIVOS
Basicamente, os processos construtivos de aterros reforçados podem ser divididos em
incremental ou em parede escorada. Da Figura 0.1 à Figura 0.3 estão esquematizados os
processos de construção incremental mais comuns, em que uma forma, em forma de “L”, com
a inclinação prevista para a face, é deslocada ao longo da vertical, à medida em que o aterro
reforçado é elevado. A forma é usualmente construída na obra com pranchas de madeira com
largura típica da base da ordem de 0,6 m e pode ser deslocada com facilidade por poucos
operários. Uma variação deste processo é apresentado na Figura 0.4 onde a prancha móvel de
madeira é apoiada no terreno de fundação através de escoras.
Na maioria dos casos práticos, as estruturas em solo reforçado necessitam de elementos que
componham a face visando a proteção do geossintético contra a ação de intempéries (raios ultra-
violeta, agentes químicos), contra o vandalismo ou para atender a algum requisito de
estabilidade local na região da face.
As estruturas em solo reforçado com geossintéticos permitem uma grande variedade de faces.
As mais tradicionais são as faces em concreto e as em alvenaria de blocos. Após o término da
construção do maciço reforçado, como esquematizado da Figura 0.1 à Figura 0.4, o mesmo
pode ser revestido por uma face de concreto contínua (Figura 0.5) ou em alvenaria de blocos
(Figura 0.6).
A face de concreto pode ser construída do modo tradicional, com a utilização de formas, ou ser
executada em concreto projetado com grelha de aço ou geogrelha na face para sustentação do
concreto. É importante lembrar que o concreto projetado pode impregnar a camada de geotêxtil
na face da estrutura, comprometendo a sua capacidade drenante. Neste caso o geotêxtil deve
ser protegido (capa plástica contra a possível impregnação). A hidrólise do concreto durante a
cura também reduz a resistência de geotêxteis à base de poliéster que estejam em contacto com
este.
122
Especificações – Estruturas Reforçadas com Geossintéticos- Manual GeoRio Vol 3 Muros
solo de fundação
aterro compactado
geotêxtil dobrado
sobre o aterro
forma
aterro compactado
geossintético
solo de fundação
123
Especificações – Estruturas Reforçadas com Geossintéticos- Manual GeoRio Vol 3 Muros
forma
aterro compactado
geossintéticos
sem compactação ou
compactação manual leve aterro compactado
(c) Instalação da camada de aterro junto (d) Instalação do restante da camada de aterro
à face e dobra da extremidade do reforço
Figura 0.3 - Processo incremental – Método Europeu
parede
pranchada
de tábuas
escora
geossintético
face de concreto
ou concreto
projetado
barbacã
124
Especificações – Estruturas Reforçadas com Geossintéticos- Manual GeoRio Vol 3 Muros
suportes para o empilhamento dos blocos. O acabamento final da face é feito com um
revestimento de argamassa.
colunas
geossintético guia blocos
Alvenaria de
tijolos ou
blocos
barbacã
revestimento
posterior
Figura 0.6 - Face de alvenaria de blocos
A Figura 0.7 apresenta outra alternativa de construção incremental onde as formas para a
execução da face são peças de concreto que formarão a face definitiva da estrutura.
geossintético
unidades de
unidade de face
face pré pré-moldada
moldadas
barbacã
furo para
barbacã
geossintético geossintético
bloquetes
pré-moldados
barbacã
face
módulo
125
Especificações – Estruturas Reforçadas com Geossintéticos- Manual GeoRio Vol 3 Muros
A ligação entre bloquetes e entre bloquetes e camadas de reforço é comumente feita por pinos,
barras, saliências ou reentrâncias. O equilíbrio individual dos bloquetes deve ser verificado sob
a ação de tensões horizontais na face. Além disso, a tensão vertical sobre o bloquete, devido ao
peso dos bloquetes superiores, deve ser menor que a sua resistência à compressão.
A Figura 0.9 apresenta solução semelhante, em que blocos de gabião são utilizados como
elementos de face.
geossintético
módulo de
gabião
parede
escora
126
Especificações – Estruturas Reforçadas com Geossintéticos- Manual GeoRio Vol 3 Muros
costura
geossintético
face
127
Especificações – Estruturas Reforçadas com Geossintéticos- Manual GeoRio Vol 3 Muros
reforço
terra vegetal e geogrelha
128
Especificações – Estruturas Reforçadas com Geossintéticos- Manual GeoRio Vol 3 Muros
direção de espalhamento
do aterro
face 30 cm
transpasse
SISTEMAS DRENO-FILTRANTES
A hipótese de projeto usual em uros é que as poropressões atuantes na face sejam nulas.
Portanto, são necessários dispositivos filtrantes que garantam a drenagem completa. A Figura
0.17 e a Figura 0.18 esquematizam as configurações típicas, dependendo do tipo de reforço
geossintético utilizado. Caso o reforço seja drenante (geotêxtil não-tecido, por exemplo), o
próprio elemento de reforço também serve como elemento drenante no maciço reforçado. É
importante que se mantenha a continuidade entre as diversas camadas de reforço e que as
mesmas sejam conectadas a barbacãs, para a saída da água através da face da estrutura (Figura
0.17). A drenagem de água do lenço freático da região pode ser conseguida através de colchão
drenante (geotêxtil, geocomposto ou camada granular) nas bases do maciço reforçado e do
aterro. Tubos perfurados longitudinais, envoltos em tela ou camada de geotêxtil, podem
também ser necessários para a coleta da água na base da estrutura, junto a face. As condições
de filtro devem ser verificadas para seleção do geossintético ou material granular para
drenagem.
A Figura 0.18 apresenta esquematicamente o sistema dreno-filtrante típico para estruturas com
elementos de reforço impermeáveis ou com baixa capacidade de condução de fluídos
(geogrelhas e geotêxteis tecidos). Neste caso, é necessária a presença de camadas drenantes na
base do aterro e na face da estrutura, associada aos barbacãs.
129
Especificações – Estruturas Reforçadas com Geossintéticos- Manual GeoRio Vol 3 Muros
30 cm 30 cm
face
reforço geotêxtil
30 cm não tecido
barbacã
camada dreno-filtrante
(geotêxtil ou geocomposto)
ao longo de toda a altura
da face
reforço geotêxtil
face não tecido
reforço
barbacã
130
Especificações – Estruturas Reforçadas com Geossintéticos- Manual GeoRio Vol 3 Muros
131
Especificações – Gabiões- Manual GeoRio Vol 3 Muros
OBJETIVOS
Esta especificação tem por objetivo estabeler procedimentos para a execução de obras em
gabiões em obras fiscalizadas pela GeoRio.
NORMAS COMPLEMENTARES
Complementam esta especificações:
ABNT NBR 8964 Arame de aço de baixo teor de carbono, zincado, para gabiões
ABNT NBR 10514 Redes de aço com malha hexagonal de dupla torção para confecção de
gabiões
GENERALIDADES
No escopo desta especificação são considerados os seguintes tipos de gabiões:
Gabiões caixa com revestimento em PVC
São gabiões caixa em malha hexagonal de dupla torção, fabricados em arame de baixo teor de
carbono (BTC) com zincagem pesada, revestimento em PVC e com diafragmas inseridos de
metro em metro durante o processo de fabricação. Os gabiões devem vir acompanhados do
mesmo tipo de arame em diâmetro inferior, com revestimento em PVC, para amarração e
atirantamento, na proporção mínima de 6% sobre seu peso.
Colchão com revestimento em PVC
São colchões em malha hexagonal de dupla torção, fabricados em arame BTC com zincagem
pesada, com revestimento em PVC e com diafragmas de parede dupla, moldados de metro em
metro no processo de fabricação. Os colchões devem vir acompanhados do mesmo tipo de
arame em diâmetro inferior, com revestimento em PVC, para amarração e atirantamento, na
proporção mínima de 5% sobre seu peso, bem como das respectivas tampas.
Gabião saco com revestimento em PVC
São gabiões em malha hexagonal de dupla torção, fabricados em arame BTC com zincagem
pesada, com revestimento de PVC. Os gabiões devem vir acompanhados do mesmo tipo de
arame em diâmetro inferior, com revestimento em PVC para amarração e atirantamento na
proporção mínima de 2% sobre seu peso.
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EXECUÇÃO DA OBRA
Os trabalhos para a implantação das obras de gabiões, em particular as escavações necessárias
ao assentamento de suas bases, devem ser feitos nos tamanhos e formas estipulados pelo
projeto, no intuito de garantir uma adequada fundação para as obras de gabiões. Findado toda
a etapa de corte, escavação, preparo de fundação e eventuais escoramentos que se fizerem
necessários, proceder-se-á com a execução das peças, conforme a seguir.
ENCHIMENTO DOS GABIÕES
No enchimento, pode-se usar pedra de mão ou seixo rolado. No caso da pedra de mão, é
recomendada a de procedência granítica. Nesse caso o peso específico da estrutura em gabiões
após preenchida deve ser de 17 kN/m3.
Devem ser excluídos, sem restrições, os materiais que possuam baixo peso específico, e que se
fragmentem com facilidade.
MONTAGEM DE GABIÕES-CAIXA
Os gabiões devem ser fornecidos previamente dobrados e reunidos em fardos. Sua montagem
consiste, inicialmente, em abrir o fardo, desdobrar o gabião sobre uma superfície rígida e plana,
e, com os pés, tirar todas as irregularidades (Figura 0.1).
A seguir, deve-se dobrar os painéis para se obter o formato da caixa, juntando os fios de borda
e torcendo os arames que saem dos painéis (Figura 0.2).
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inferior dos cantos e costurando os painéis em contato, alternando voltas simples e duplas a
cada malha (Figura 0.3).
Com um certo número de gabiões já ponteados em forma prismática, faz-se a ligação entre si
com firmes costuras ao longo das arestas em contato, como as costuras dos diafragmas,
obtendo-se grupos que serão dispostos no local definitivo, já com o terreno preparado.
Após ter colocado as caixas em posição, antes de enchê-las, deve-se puxá-las com um gabarito
de madeira, para se conseguir um bom alinhamento e acabamento (Figura 0.4).
A seguir, inicia-se a fase de enchimento das caixas, preenchendo-as até 1/3 da sua altura,
fixando dois tirantes em faces expostas para evitar que ocorra o “embarrigamento” dessas
faces. Preenche-se mais 1/3 da caixa, fixando outros dois tirantes, e preenche-se até 3 a 5 cm
acima da altura da caixa (Figura 0.5). Para caixas menores (com menos de 1,0 m de altura),
preenche-se, inicialmente, até metade da altura da caixa, coloca-se os tirantes, e completa-se o
enchimento até 3 a 5 cm acima da altura da caixa. Nunca deve-se encher uma caixa sem que a
caixa ao lado esteja parcialmente preenchida.
No caso de enchimento dos gabiões tipo caixa, pode ser executado a mão ou com o auxílio de
equipamentos mecânicos. A pedra deve ser de consistência conforme descrita acima, tendo
tamanho levemente superior a abertura das malhas e no máximo de até 20 cm.
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Terminado a fase de enchimento das caixas, dobra-se as tampas, amarrando-as sempre com a
mesma costura.
MONTAGEM DOS COLCHÕES
Os colchões também devem ser fornecidos previamente dobrados e reunidos em fardos. Sua
montagem consiste, inicialmente, em abrir o fardo, retirar e esticar cada peça, até obter seu
comprimento nominal (Figura 0.6).
Dando seqüência a montagem, junta-se, com os pés, as paredes dos diafragmas que ficarem
abertas (Figura 0.7), e levanta-se as paredes laterais utilizando os cortes como guias para a
definição da altura de cada parede (Figura 0.8). Aconselha-se a utilização de um sarrafo de
madeira para o perfeito alinhamento da dobra.
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Tendo definida a geometria do colchão, costura-se as abas aos diafragmas logo após a definição
da dobra e ponteia-se os painéis frontais. As costuras são executadas de modo contínuo,
passando-se o fio em todas as malhas, dando-se dupla volta a cada duas malhas.
Depois de ponteados e costurados os diafragmas, os colchões devem ser posicionados no local
onde serão aplicados, e costurados entre si (com a mesma costura dos diafragmas), em todos os
cantos de contato (Figura 0.9).
É importante lembrar que, quando o talude é muito inclinado, a fixação dos colchões deve ser
feita com o auxílio de estacas de madeira.
Dando seqüência, inicia-se o enchimento dos colchões, a partir da parte inferior do
revestimento, acomodando as pedras para reduzir os vazios (Figura 0.10). Deve-se observar as
mesmas características quanto a consistência do material, sendo que o tamanho das pedras deve
ser mais homogêneo e levemente superior a abertura das malhas do colchão a fim de garantir,
no mínimo, duas camadas de pedras, melhor acabamento e facilitar o enchimento.
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Amarra-se uma das extremidades do arame de borda que sai da malha em um lugar fixo,
puxando a outra extremidade do fio até fechar o tubo (Figura 0.12). Na seqüência, enrola-se as
duas extremidades do arame de borda, entrelaçando-as. Essas operações devem ser feitas em
ambas as pontas do gabião saco (Figura 0.13).
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