ACI-509 Fundamentos de Refratários
ACI-509 Fundamentos de Refratários
ACI-509 Fundamentos de Refratários
FUNDAMENTOS EM REFRATÁRIOS
Rev. 0 – 23/05/2011
ÍNDICE
DESCRIÇÃO DA APOSTILA
ABREVIATURAS
a Distância interatômica
E Módulo de elasticidade
Tensão
Deformação
FA Força de atração
FR Força de repulsão
A Constante de Madelung
Z Carga do íon
CI Caráter iônico
E Diferença entre as eletronegatividades dos átomos
∆H0fus Entalpia de fusão
∆S0fus Entropia de fusão
Is Índice de silicatação
Ib Índice de basicidade
I Atração íon-oxigênio
Z Número de cargas elétricas do cátion
V Razão CaO/SiO2
Is Índice de silicatação
Ib Índice de basicidade
I Atração íon-oxigênio
k Constante de proporcionalidade
R Separação interatômica
I Atração média íon-oxigênio
ni Número de moles do óxido (CA)i
(zc)i Número de coordenação do cátion C do óxido (CA)i
i Número de cátions por mol de (CA)i
kp Condutividade térmica do ar
u Razão entre a condutividade térmica do sólido com a do ar
( k c / k p)
P Fração volumétrica de poros (porosidade)
Difusividade térmica
Densidade da peça
Cv Calor específico
KIC Tenacidade à fratura (MPa.m1/2)
c Resistência à compressão
F Carga de ruptura
Brasil Teste de compressão diametral, também conhecido como
teste Brasil
f ou MOR Resistência à flexão em 3 ou 4 pontos
L Distância entre os apoios inferiores do corpo-de-prova
l Distância entre apoios superiores do corpo-de-prova no
ensaio a 4 pontos
b Largura do corpo-de-prova
d Altura do corpo-de-prova
Y Fator geométrico igual a π-1/2 (razão entre o comprimento da
trinca e a espessura do corpo-de-prova)
C Tamanho crítico de trinca
wof ou GIC Trabalho de fratura ou energia de fratura (J/m2)
Pdu Área sob a curva força-deslocamento (integral)
GF Energia superficial de fratura específica (J/m2)
JIC Valor crítico da integral-J (J/m2)
Curva-R Curva de resistência ao crescimento de trinca
Rc Resistência ao crescimento de trinca
gf Energia da superfície de fratura
Ci Tamanho inicial da trinca no corpo-de-prova de teste é
designado como
G Taxa de liberação de energia de deformação
DCNL Região não-linear da curva convencional força-
deslocamento (desvio do comportamento linear elástico que
antecede a carga máxima)
Gc Tenacidade à fratura
r Densidade do material
vt Velocidade transversal das ondas
vL Velocidade longitudinal das ondas
Eo Módulo de elasticidade do material sem poros
P Porosidade
Coeficiente de Poisson
G Módulo de cisalhamento
s Taxa de deformação ou de fluência (estacionária)
S Termo de microestrutura. Envolve o tamanho de grão e sub-
grão, densidade, concentração de uma solução sólida
n
Expoente de tensão
Q Energia de ativação
R Constante de Boltzmann
Coeficiente de expansão térmica (K-1)
T Variação de temperatura (K)
Cp Calor específico
S Fator de forma
f Fator de atenuação de 0 < f 1
ef Energia de superfície efetiva
RCT Resistência ao choque térmico
A Número do ciclo que ocorreu a primeira trinca
B Número do ciclo que ocorreu a ruptura
BOF Conversores a oxigênio
MA Espinélio de aluminato de magnésio
LMF Forno de panelas metalúrgicas
EAF / FAE Forno a arco-elétrico
RM Resistência Mecânica
CA CaO.Al2O3
CA2 CaO.2Al2O3
C12A7 12CaO.7Al2O3
MUD Massa refratária projetada para preenchimento e selagem do
furo de corrida do alto-forno
j Número de moles por segundo por cm2 removido
c∞ Concentração na massa líquida
ci Concentração de saturação na interface
Espessura da camada limite (ou de contorno)
1. CONCEITOS BÁSICOS
Os materiais refratários abrangem uma ampla variedade de materiais de
diferentes composições químicas e mineralógicas para aplicações estruturais
a elevadas temperaturas. O estudo de materiais refratários envolve
conhecimentos sobre as matérias-primas, processos de fabricação e as
propriedades antes e durante o serviço. A descrição de suas propriedades de
interesse depende da sua aplicação. As matérias-primas originais são
alteradas com a elevação da temperatura, seja na produção e/ou, não raro,
durante seu uso, por reações que nem sempre se completam na totalidade,
levando à formação de novas fases mineralógicas, muitas das quais
metaestáveis1. Deste modo, a previsão da microestrutura resultante do
processo de fabricação, e uma eventual modificação durante o uso, o que
implica no desempenho do material, não é muitas vezes tarefa fácil. Da
mesma forma, para o siderurgista, o entendimento do comportamento desses
materiais quando solicitados termo-química-física-mecanicamente nos
processos siderúrgicos é fator essencial para a otimização dos processos de
fabricação de aço em termos de custos, qualidade, mas também, condizentes
com os dias atuais, com menor impacto ambiental.
1.1 DEFINIÇÃO
A definição de materiais refratários permite identificar e contextualizar esses
materiais entre os materiais de uso industrial. Devido à sua ampla utilização
em Engenharia, muitas vezes não está clara sua definição como material. A
indústria, de maneira geral, os emprega onde é necessário dispor de
materiais que façam frente a solicitações onde estão presentes elevadas
temperaturas, e a necessidade de reduzir perdas térmicas, concentrando
calor onde se processam reações de obtenção de metais (mas não só de
metais), transformação de fases, refino e conformação.
Uma primeira associação que se faz para materiais refratários é a de
materiais com elevado ponto de fusão. No entanto, a temperatura na qual os
materiais fundem passa a ser uma informação secundária, principalmente se
for tomada como base a temperatura de fusão dos elementos ou compostos
puros. Na verdade, os materiais refratários, como a ampla maioria dos
materiais de uso industrial, não são utilizados com esse grau de pureza. E é a
introdução de outros componentes, como os aditivos, os elementos-liga, as
segundas (ou mais) fases, que permite a obtenção de um conjunto de
propriedades que faz com que um material seja utilizado para determinada
aplicação.
A maior parte dos materiais refratários é constituída de óxidos como SiO2,
Al2O3, CaO e MgO ou de compostos como carbonetos, boretos e nitretos e
mesmo grafite. A Tabela 1.1 apresenta uma lista de materiais cerâmicos com
seus respectivos pontos de fusão. Aparentemente, tem-se nessa lista a
explicação para o emprego desses compostos em materiais refratários. A
temperatura de fusão está relacionada às ligações químicas que os átomos
1
fase metaestável: fase que existe enquanto o estado de completo equilíbrio não for alcançado.
Rev. 0 – 23/05/2011
Com respeito ainda à Tabela 1.1, verifica-se que além do ponto de fusão,
alguns compostos apresentam características não-interessantes para seu uso
em Engenharia, apesar de um ponto de fusão elevado. O BeO, por exemplo,
é extremamente tóxico. Outros óxidos, como o Cr2O3 (forma Cr+6,
carcinogênico), MgO e CaO (hidratam e expandem), ZrO2 e SiO2
(transformações de fases com variação dimensional significativa) encontram
aplicações industriais como materiais refratários, uma vez contornadas
(tecnologicamente) suas características desinteressantes.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) define refratário como:
“Material cerâmico, natural ou artificial, conformado ou não,
geralmente não-metálico, que retém a forma física e a
identidade química quando submetido a altas temperaturas”
(NBR 8826).
Já a Associação Brasileira de Cerâmica apresenta uma definição bastante
completa para refratário:
“Grupo que compreende uma diversidade de produtos, que
têm como finalidade suportar temperaturas elevadas nas
condições específicas de processo e de operação dos
equipamentos industriais, que em geral envolvem esforços
mecânicos, ataques químicos, variações bruscas de
temperatura e outras solicitações. Para suportar estas
solicitações e em função da natureza das mesmas, foram
desenvolvidos inúmeros tipos de produtos, a partir de
diferentes matérias-primas ou mistura destas”.
Em princípio, restaria uma indefinição quanto ao que seria “alta temperatura”
ou “temperaturas elevadas”. Pode-se encontrar na literatura como em da
CRUZ (1978) que “a refratariedade simples mínima ou cone pirométrico
equivalente mínimo para que um material possa ser considerado refratário,
corresponde ao CONE ORTON 15 (1.435°C)”. Por outro lado, diversas
normas internacionais estabeleceram ~1500°C como a temperatura mínima a
que um material refratário deva resistir para ser considerado com refratário.
Z (Si+4) = 4 Z (O-2) = 2
Por outro lado, para satisfazer a segunda lei de Pauling que obriga que na
rede a separação entre dois cátions vizinhos deve ser máxima, a
configuração que adota os tetraedros é hexagonal tal como na Figura 1.9.
As ligações Si-O são altamente energéticas, cerca de 452 kJ/mol de ligações,
e com 64% de caráter iônico (CI), calculado a partir da diferença entre as
eletronegatividades dos átomos envolvidos na ligação química (CI = 1 – exp (-
0,25 E2)), onde E é a diferença entre as eletronegatividades dos átomos).
Com isso, a sílica tem um ponto de fusão relativamente alto (1.730°C). Como
sua entalpia e sua entropia de fusão valem respectivamente:
1.3.1.3 Microestrutura
Em muitos materiais, mais de uma fase está presente, contendo cada fase
tanto arranjo atômico como propriedades distintas. A conjugação das fases
presentes em um material constitui sua microestrutura (10-8 a 10-3m). A
Figura 1.11 apresenta um elenco de microestruturas típicas em materiais
refratários. Observa-se uma variada tipologia, partindo-se de uma
microestrutura monofásica, onde apenas contorno de grão é diferenciado,
passando às microestruturas polifásicas. Deve-se considerar que o tipo,
proporção, forma, distribuição, orientação e tamanho das fases co-
existentes na microestrutura estão associados às propriedades que esses
materiais apresentarão em serviço. Nunca é demais enfatizar o papel que
desempenha a presença de fases vítreas na definição do comportamento
termomecânico.
1.3.2 DESEMPENHO
O profissional que lida com refratários deve estar preparado para entender
um produto que foge do trivial, nos diferentes níveis estruturais de sua
constituição. Para tanto, deve ter pleno entendimento de técnicas de
caracterização dessas estruturas e de ensaios de investigação do
comportamento dos materiais refratários. Deve saber avaliar e interpretar as
propriedades físicas, químicas e mecânicas determinadas com base em
normas técnicas e ter criatividade para fazer testes que simulam determinada
meio ácido: Al2O3 = 2Al+3 + 3O-2 óxido básico (cede O-2) Equação 1.1
meio básico: Al2O3 + O-2= 2(AlO2)-1 óxido ácido (consome O-2)Equação 1.2
Definição:
índice de basicidade= Ib = 1/Is≡(moles O-2 em óxidos básicos / moles O-2 em
SiO2)
Exemplo: Determine o grau de silicatação da fase vítrea que acompanha a
magnesita, supondo constituída somente de forsterita (2MgO.SiO2),
montichelita (MgO.CaO.SiO2), ou só de merwinita (3CaO.MgO.2SiO2).
Solução:
Is (2MgO.SiO2) = 2/2 = 1 = neutra
Is (MgO.CaO.SiO2) = 2/(1+1) = 1 = neutra
Is (3CaO.MgO.2SiO2) = (2x2)/(3+1) = 1 = neutra
Na prática industrial, usa-se índices definidos pela porcentagem em peso.
Assim, por exemplo, por anos tem sido usada em Siderurgia a razão V,
segundo a Equação 1.3.
% peso CaO
V Equação 1.3
% peso S i O 2
n (z ) (I
)
I
i c i i CA i
n (z )
i c i i
Equação 2.6
onde:
ni = número de moles do óxido (CA)i
(zc)i = número de coordenação do cátion C do óxido (CA)i
i = número de cátions por mol de (CA)
i
1.6 EXERCÍCIOS
1. Defina materiais refratários.
2. Por que caracteriza-se um material refratário pela refratariedade simples
ao invés do ponto de fusão, visto que os óxidos, componentes de um material
refratário, têm elevado ponto de fusão?
3. Apresente 3 definições de materiais refratários segundo a literatura. Na
aplicação em siderurgia, como você definiria materiais refratários?
23. Como você classificaria cada um dos materiais refratários acima citados:
ácido, básico ou neutro?
24. Como é calculada a basicidade (B) de uma escória? Utilize este índice
para definir escória ácida e básica.
25. Quais são os principais campos de aplicação de materiais refratários?
2. CLASSIFICAÇÃO
Os materiais refratários de uso mais comum são os sílico-aluminosos,
constituídos essencialmente por sílica (SiO2) e alumina (Al2O3) que se
classificam de acordo com o percentual de Al2O3. Outros tipos de materais
refratários são também classificados conforme o composto preponderante em
sua composição química/mineralógica.
Os refratários básicos são classificados em magnesianos, magnesiano-
cromíticos, cromomagnesianos, dolomíticos e magnésia carbono. Estes
refratários ainda dividem-se de acordo com o teor de MgO e com o teor de
carbono (para os magnésia carbono).
Os refratários conformados isolantes são classificados de acordo com a
densidade, onde se correlaciona a massa específica aparente (mea) com a
temperatura e a variação linear dimensional (vld).
A enorme variedade de materiais refratários utilizados pela indústria, nos
mais variados setores, é a razão pela qual existe a necessidade de se
enquadrar esses materiais em categorias restritas e padronizadas, como
previstas em normas ISO, a ASTM e a ABNT.
A norma brasileira NBR 10.237 classifica de maneira geral os materiais
refratários conformados e não-conformados, baseando-se nos principais
critérios considerados relevantes sob os pontos de vista de faricação,
identificação, comercialização e aplicação desses materiais. A Figura 2.1
sumariza a classificação da NBR 10.237.
Grupo Classe
Arco
Cunha
Formatos padronizados
Conformados Paralelos
Radiais
Formatos especiais
Argamassas
Concretos densos e isolantes
Massas de socar
Não-conformados
Massas plásticas
Massas de projeção
Massas granuladas secas
Grupo Classe
Queimados
Impregnados
Quimicamente ligados
Conformados Eletrofundidos
A piche
Ligados (curados ou não) A alcatrão
A resinas
Produtos obtidos apenas pela mistura de seus
Não-conformados componentes, não necessitando de algum
processo de conformação.
Prensados
Extrudados
Moldados manualmente (por
socagem)
Classe
Moldados por colagem
Moldados por vibração
Moldados por vertimento
Eletrofundidos
Grupo Classe
Silicosos ou de sílica
Ácidos
Sílico-aluminosos ou de sílica-alumina
Magnesianos ou de magnésia
Magnesiano-cromíticos ou de magnésia-cromita
Básicos Cromomagnesianos ou de cromita-magnésia
Dolomíticos ou de dolomita
De magnésia carbono
Aluminosos ou de alumina
De alumina carbono
De alumina-carbeto-carbono, de sílico carbono
Neutros Aluminosos-cromíticos ou de alumina-cromita
Cromíticos ou de cromita
De carbono
Grafíticos ou de grafita
De carbeto de silício
Especiais De cordierita
De mullita
Grupo Classe
Conformados ou não-conformados Refratários densos e refratários
isolantes
Classe
Características
SL-1 SL-2 SL-3
SiO2 (%) 65,00/84,99 85,00/92,99 Mín. 93,00
Classe
Características
SA-4 SA-3 SA-2 SA-1
Al2O3 (%) 22,00/27,99 28,00/33,99 34,00/39,99 40,00/45,99
Classe
Características
MG-85 MG-90 MG-95 MG-98
MgO (%) 81,00/85,99 86,00/90,99 91,00/95,99 Mín 96,00
Classe
Características
MC-60 MC-70 MC-80
MgO (%) 55,00/64,99 65,00/74,99 75,00/80,99
Classe
Características
CM-40 CM-50
MgO (%) 35,00/44,99 45,00/54,99
Classe
Características
DL-30 DL-40 DL-50
MgO (%) 25,00/34,99 35,00/44,99 Mín. 45,00
2.7.2.5 De magnésia-carbono
Os materiais refratários conformados e os não-conformados de magnésia-
carbono estão classificados em função do teor do carbono (C), conforme a
Tabela 2.15.
Características Classe
MB-05 MB-10 MB-15 MB-20 MB-25 MB-30
C (%) máx. 7,50 12,50 17,50 22,50 mín.
7,49 a a a a 27,50
12,49 17,49 22,49 27,49
2.7.3.2 De alumina-carbono
Podem estar classificados como aluminosos, conforme a Tabela 2.16,
embora com certo teor de carbono.
Classe
Características
AL-50 AL-60 AL-70 AL-80 AL-70
Al2O3 (%) 46,00/55,99 56,00/65,99 66,00/75,99 76,00/85,99 mín. 86,00
Características Classe
CR-30 CR-40 CR-50
Cr2O3(%) 25,00/34,99 35,00/44,99 Mín. 45,00
2.7.3.6 De carbono
Os materiais refratários de carbono estão classificados em:
a) refratários conformados: classificados em função do teor de eletrografite e
condutividade térmica, conforme a Tabela 2.18;
b) refratários não-conformados: classificados em função da condutividade
térmica, conforme Tabela 2.19.
SiC (%) 50,0 60,0 65,0 70,0 75,0 80,0 85,0 ≥ 90,0
a a a a a a a
59,9 64,9 69,9 74,9 79,9 84,9 89,9
Classe A B C D E F G
2.7.4.2 De cordierita
Os materiais refratários conformados e os não-conformados de cordierita
estão classificados em função dos teores de óxido de alumínio (Al2O3), óxido
de silício (SiO2) e óxido de magnésio (MgO), conforme a Tabela 2.22.
Características Classe
CD-3 CD-2 CD-1
Al2O3(%) 37,00/41,99 42,00/49,99 50,00/55,00
SiO2 (%) 51,99/46,00 45,99/40,00 39,99/46,00
MgO (%) 10,99/8,00 7,99/5,00 4,99/3,00
2.7.4.3 De mullita
Os materiais refratários à base de mullita estão classificados em função dos
teores de óxido de alumínio (Al2O3), que devem estar na faixa de 56 a 79%.
As impurezas devem ser no máximo 5,0%.
2.8 EXERCÍCIOS
1. Liste os critérios pelos quais os materiais refratários são classificados
segundo a NBR 10.237.
2. Qual a norma brasileira que define a classificação dos materiais
refratários? Qual a norma ISO? E a norma americana? E a norma européia?
3. Quais as formas dos materiais refratários abrangidas pela norma
brasileira?
4. Por qual critério são classificados os materiais refratários isolantes?
5. Como são classificados os materiais refratários à base de carbeto de
silício?
6. Qual o critério na classificação dos materiais refratários quanto ao ataque
por ácidos? O que prevê a norma brasileira?
7. Por qual critério são classificados os materiais refratários de carbono não-
conformados? E os conformados?
8. Quais são e como são classificados os materiais refratários neutros quanto
à natureza química, conformados e os não-conformados?
9. Quais os grupos e classes utilizados na classificação dos materiais
refratários quanto à natureza química e mineralógica dos seus constituintes?
10. Quais processos de conformação são citados na classificação dos
materiais refratários quanto ao processo de conformação.
3. FABRICAÇÃO
Os materiais para seu uso precisam apresentar forma (geometria) e
dimensões adequadas o que é propiciado por um processo de fabricação (da
matéria-prima ao produto final). A seleção de um processo de fabricação leva
em conta as características das matérias-primas a serem processadas e as
propriedades tecnológicas desejadas no produto final. Os materiais
refratários, como materiais cerâmicos, apresentam propriedades típicas que
os diferem substancialmente de outros materiais (como os metais e os
polímeros) que fazem com que os processos de fabricação para a obtenção
de um produto final sejam bastante particulares.
O fato de os materiais cerâmicos serem frágeis (não deformarem
plasticamente) exclui a possibilidade de processá-los por conformação
mecânica (como é típico para os metais). A elevada temperatura de fusão,
baixa condutividade térmica e elevado calor específico desfavorecem a
conformação por fusão (como também é típico para os metais). Por outro
lado, a elevada friabilidade de óxidos e compostos refratários e a baixa
granulometria de muitas matérias-primas naturais favorecem a adoção do
processamento de pós, sua compactação e posterior queima para a obtenção
dos materiais refratários formatados, tal como serão empregado
industrialmente (Figura 3.1). A sequência para a frabricação de materiais não-
formatados (monolíticos) exclui a etapa de conformação e a queima ocorre no
próprio equipamento em que foram aplicados.
3.1. MATÉRIAS-PRIMAS
3.1.1 CARACTERIZAÇÃO DE MATÉRIAS-PRIMAS
As matérias-primas para serem empregadas na indústria de materiais
refratários devem ser caracterizadas quanto a aspectos como:
i) composição química;
ii) composição mineralógica
iii) composição granulométrica;
iv) reatividade (área superficial)/morfologia;
v) análise térmica (reações/transformações com a temperatura);
v) refratariedade;
O controle destas características é essencial para que o processo de
fabricação resulte em um material refratário com as propriedades desejadas.
Considerações sobre as técnicas empregadas no controle dessas
características são apresentadas a seguir.
3.1.1.6 Refratariedade
Para obter informações sobre a refratariedade de uma matéria-prima, utiliza-
se a determinação do cone pirométrico equivalente (CPE). O procedimento
é definido, segundo a norma NBR 6222 da ABNT. Conforme essa norma, a
matéria-prima é moldada para adquirir a forma de cone e então montada em
uma base que resista sem deformação às condições de queima. A inclinação
do cone com a base é de 82º e a ponta do cone fica a 5 cm da superfície da
base de montagem. Ao lado dos cones pirométricos conformados, são
colocados cones de referência (padrão) que abrangeram uma faixa de
temperatura estimada para o ponto de amolecimento do material analisado. A
taxa de aquecimento é de 150K/hora. Ao ser atingida uma determinada
temperatura, os cones se deformaram. A temperatura em que a ponta do
Argilas
As argilas podem ser definidas genericamente como silicatos de alumínio
hidratado. São encontradas em depósitos por todo o mundo, mas em função
da composição química e propriedades mineralógicas, somente uma menor
porção é adequada à produção de refratários. São constituídas de:
i) argilominerais (principais: caulinita, montmorilonita e ilita);
ii) outros minerais: sílica livre, carbonatos, feldspatos, micas não hidratadas
(muscovita e biotita), elementos alcalinos e alcalinos terrosos e compostos
de ferro e titânio;
iii) matéria orgânica e resíduos carbonosos (eventualmente).
A Figura 3.13 apresenta a estrutura cristalina de argilominerais, destacando-
se o espaçamento entre lâminas que dá origem a uma propriedade típica das
argilas: a hidroplasticidade.
As argilas apresentam uma grande variação em suas propriedades, as quais
vão ter influência direta na qualidade dos refratários. As propriedades variam
em consequência das diferentes composições mineralógicas devido às
origens geológicas das argilas. Pode-se dizer que nenhuma argila é igual à
outra, pois além da presença de argilominerais, tem-se uma extensa variação
na quantidade das fases e na distribuição granulométrica das mesmas. Estes
fatores vão influenciar o comportamento da conformação, secagem e queima
dos produtos. Portanto, é necessário, além da análise química, o uso da
caracterização mineralógica, e da composição granulométrica para se prever
seu comporamento em materiais refratários.
São consideradas impurezas nas argilas para a produção de refratários,
principalmente os alcalinos e óxidos de ferro e de titânio que reagem com a
sílica formando silicatos de baixa refratariedade. O teor total dessas
impurezas deve ser controlado, pois são os principais limitantes da
temperatura máxima de uso dos produtos. O teor de Fe2O3 e de TiO2 deve
ser menor que 3% em peso para não comprometer a refratariedade da argila.
O teor de CaO + MgO + álcalis deve ser inferior a 2%. O total de impureza
(não contando SiO2) deve ser inferior a 5% em peso. A sílica como impureza,
dependendo do teor e da granulometria, pode ser bastante prejudicial pelo
seu polimorfismo, que traz sérias consequências na aplicação dos produtos
refratários sílico-aluminosos.
3.1.4.3 Cromita
A cromita é a denominação na prática dada aos espinélios cromíferos de
fórmula geral (Mg, Fe+2)O.(Cr, Al, Fe)O3. As matérias-primas industriais,
devido à variação da sua composição química, são sub-divididas em quatro
tipos de maior importância:
i) cromita, propriamente dita, Fe2O3.Cr2O3;
ii) cromopicotita (Mg, Fe) (Cr, Al)2O4;
iii) magnesiocromita (Mg, Fe).Cr2O4 e
iv) aluminocromita Fe(Cr, Al)2O4.
3.2 FORMULAÇÃO
As matérias-primas utilizadas na fabricação de materiais refratários devem
ser formuladas e homogeneizadas em misturadores. Esta etapa pode ocorrer
durante a cominuição das matérias-primas em moinhos, a seco ou a úmido,
quando a redução granulométrica é necessária. As formulações de materiais
refratários, porém, não estão sujeitas estritamente às proporções na qual
teoricamente seria maximizada a densificação. Se assim fosse, quanto menor
a granulometria da matéria-prima, maior seria a densifcação da massa
durante a queima.
As massas refratárias comumente apresentam uma composição
granulométrica com distintas faixas de tamanho de partículas. Na prática, as
composições com uma única faixa granulométrica estreita têm uma limitação
no grau de empacotamento de 36% a 45% em volume. A utilização de
frações granulométricas diversas teria a finalidade de propiciar um maior
empacotamento da massa refratária durante a etapa de conformação.
3.3 CONFORMAÇÃO
O tipo de processo para a obtenção da forma na peça refratária depende da
natureza da massa refratária, quantidade a ser produzida, do acabamento
superficial, do formato das peças, e, não menos importante, das propriedades
finais desejáveis no material refratário após queima.
Pode-se distinguir diferentes processos de conformação (ou moldagem), que
levam a diferentes compactações, de acordo com a quantidade de água ou
3.4 SECAGEM
Antes da queima, as peças moldadas, mas ainda não queimadas, têm de ser
secas a um conteúdo de umidade residual de 2 a 3%. Se a secagem em
fornos ocorrer muito rapidamente e levar a formação de trincas de
cizalhamento, estes defeitos não têm como ser reparados a posteriori. As
peças refratárias a verde de secagem mais difícil, devido a seus altos
conteúdos de umidade de 17 a 20%, são os sílico-aluminosos conformados
através de prensagem plástica. O seu conteúdo de água é mantido em parte
por adsorção na superfície das partículas de argila, e em parte nos poros, por
capilaridade.
À medida que a água perto das superfícies externas das peças não-
queimadas evapora devido à ação do calor, um vácuo significativo ocorre na
água remanescente nos poros, causado pelo efeito de sucção nos capilares
que tenham secado. O efeito de vácuo é maior perto do exterior da peça e
diminui gradativamente em direção ao interior da peça, na mesma proporção
do aumento de umidade. Consequentemente, tensões de tração aparecem
na zona superficial, e estas podem produzir trincas. O grau de tensão
depende do formato da peça e cresce com o aumento da área superficial.
Tamanhos grandes têm de ser secos com cuidados especiais.
Industrialmente, a secagem ocorre pela descarga de gases ou água quente
sob pressão nos fornos de queima.
Os materiais refratários sílico-aluminosos são constituídos essencialmente de
silicatos e sílico-aluminatos naturais, hidratados ou não. Os silicatos
hidratados, argilas e caulins, apresentam estrutura lamelar e com notável
plasticidade, adquirida em contato com a água. A absorção de água pelas
micelas argilosas cria um inchamento da matéria-prima, tanto maior quanto
mais alta for a umidade. A operação inversa, a secagem, acontece, então
com uma diminuição de volume da massa caracterizada por retração linear.
As moléculas de água que estão em contato com as partículas argilosas se
transformam em colóides caracterizados por micelas contornadas por água
fortemente ligadas por forças eletroestáticas, permanecendo como água
intersticial em estado mais ou menos fixo. Disto resulta que a secagem será
efetuada quando se eliminar a água intersticial ou água livre. Em
contrapartida, tem-se a maior dificuldade para eliminar a água fortemente
ligada às partículas argilosas. Pode-se, então, dividir em muitas fases a
passagem do produto verde (material úmido) a produto seco (contendo
umidade higroscópica). A Figura 3.30 ilustra os mecanismos atuantes na
secagem de um corpo poroso e a variação do volume de uma massa
refratária argilosa em função da redução de umidade durante o processo de
secagem.
3.5 QUEIMA
Após secagem, os materiais refratários são levados à etapa de queima,
quando adquirem as propriedades finais para fazer frente às condições de
serviço. A queima consiste em submeter as peças conformadas e secas a
uma dada condição de tempo e temperatura, que dependem da composição
e propriedades desejadas ao produto final. Durante a queima ocorre:
i) aumento da densidade
ii) diminuição da porosidade
iii) diminuição da área superficial
iv) contração linear
v) aumento da resistência mecânica
As temperaturas de queima para os mais importantes tipos de refratários
encontram-se dentro das faixas apresentadas na Tabela 3.2.
outro lado, maiores resistências ao choque térmico são obtidas com produtos
de maior porosidade. A porosidade diminui com o aumento da temperatura e
patamar de queima.
A Figura 3.31 ilustra também a diferença entre as microstruturas finais em
função do tipo de sinterização que ocorre durante a queima que é
dependente da presença ou não de formadores de fase vítrea nas matérias-
primas. Notoriamente, argilas (silicatos de alumínio hidratados) constituem-
se de agentes vitrificadores da microestrutura, resultando nos refratários
sílico-aluminosos.
mesma fase vítrea pode propiciar uma maior resistência ao choque térmico
do material refratário em serviço, além de baixar a temperatura necessária
para a densificação do material refratário na etapa de queima.
A Figura 3.33 ilustra o processo de sinterização por fase vítrea, incluindo uma
curva de queima típica para materiais à base de argila refratária. Além do
endurecimento da microestrutura do material refratário, a queima traz
mudanças à sua composição mineral - por exemplo, a conversão do quartzo
em cristobalita e tridimita.
Os constituintes das argilas plásticas nos materiais refratários sílico-
aluminosos reagem entre si para formar a mullita, porém, óxido de ferro,
titânio e outras substâncias são dissolvidos por silicatos, diminuindo a
viscosidade destes.
Não só os materiais sílico-aluminosos estão sujeitos à formação de fases
vítreas. Nos materiais refratários cromo-magnesianos, o periclásio (MgO)
reage com a cromita na presença de silicatos líquidos e forma espinelas
secundárias. Para controlar estas reações e transformações, que
normalmente são acompanhadas de mudanças de volume, os materiais
refratários têm de ser queimados não apenas a temperaturas específicas,
mas também a taxas específicas de aquecimento e resfriamento.
Figura 3.33 Processo de sinterização por fase vítrea, incluindo uma curva de
queima típica para materiais à base de argila refratária.
onde:
GV = variação da energia livre associada ao volume ds partículas;
GB= variação da energia livre associada ao contorno de grão;
GS = variação da energia livre associada à superfície das partículas.
onde:
Ptotal = porosidade total;
m = massa da amostra;
ms = massa seca da amostra;
v.a.= volume aparente da amostra;
v = volume da amostra.
Pode-se fazer também uso do porosímetro de mercúrio que fornece a
distribuição de tamanho de poros, além da porosidade. Neste método,
somente a porosidade conectada é medida, mas mesmo micro e nanoporos
3.6.2 CLADDING
Os blocos de cromo-magnesita queimados à morte frequentemente possuem
folhas metálicas de aço agregadas em sua superfície. Em serviço, as folhas
metálicas reagem com o MgO e formam magnesioferrita piroplástica, a qual
liga o material refratário à alvenaria monolítica.
3.6.3 IMPREGNAÇÃO
Os materiais refratários de dolomita queimada à morte, passíveis de
hidratação, são impregnados com alcatrão ou piche, a fim de receberem uma
proteção contra umidade e aumentar sua resistência ao ataque de escórias.
3.7 EXERCÍCIOS
1. Explique porque os materiais refratários não são conformados por
processos tradicionais de conformação mecânica e fundição. Em que a
friabiliadade dos materiais (matérias-primas) de materiais refratários pode
influir na conformação dos mesmos?
2. Faça um diagrama esquemático comparativo do processo de fabricação de
materiais refratários formatados e não formatados. Onde estão as principais
diferenças?
3. Cite pelo menos dois métodos utilizados na caracterização das matérias-
primas refratárias, quanto à:
a) composição química;
b) composição mineralógica
c) composição granulométrica;
d) reatividade (área superficial)/morfologia;
e) análise térmica (reações/transformações com a temperatura);
f) refratariedade.
4. Qual a importância de caracterizar as matérias-primas refratárias a serem
empregadas em futuros produtos refratários?
5. Cone pirométrico equivalente de uma matéria-prima: o que representa e
como é medido?
6. Quais são as principais matérias-primas empregadas na obtenção de
materiais sílico-aluminosos? Qual a fase que se deseja maximizar neste tipo
de refratários?
7. Qual a importância do uso das argilas como matéria-prima de refratários
sílico-aluminosos?
8 A principal matéria-prima para refratários aluminosos é a alumina, mas
dificilmente consegue-se obter um refratário aluminoso apenas a partir de
argila refratária. Como a alumina pode ser obtida?
9. Pode-se obter a magnésia (MgO), a partir de diferentes matérias-primas.
Cite-as e escolha uma delas para explicar o processamento intermediário e
calcinação da mesma.
( ) sílico-aluminoso
( ) mulítico
( ) alta alumina
4. PROPRIEDADES
Este capítulo apresenta as principais propriedades tecnológicas de interesse
dos materiais refratários e a metodologia para sua determinação.
3
Densidade real e densidade teórica são também referidas na língua inglesa,
respectivamente, por ultimate particle density e x-ray density (REED, 1995).
4
A densidade aparente é conhecida na língua inglesa por bulk density.
5
A densidade aparente da parte sólida é referida em língua inglesa apenas como apparent
density. Portanto, a tradução literal resultará em previsível confusão.
ms
d .a.s Equação 4.3
v.a.s.
onde:
d.a.s. = densidade aparente da parte sólida;
ms = massa da amostra seca;
v.a.s. = volume aparente da parte sólida.
A medição da densidade aparente da parte sólida e densidade aparente de
materiais refratários densos conformados é descrita pela NBR 6220,
utilizando método de imersão em água ou querosene (para materiais que
reagem com água). A determinação da densidade aparente de refratários
isolantes conformados é dada pela NBR 6115.
V = volume de gás;
h = espessura do meio;
d = diâmetro do cilindro onde o gás escoa;
t = tempo de escoamento do gás
p = perda de pressão.
Condução
Todos os materiais transferem calor por condução quando seus átomos ou
moléculas trocam energia por choques entre si.
Os sólidos são os mais efetivos condutores de calor. A transferência de
energia no interior do sólido pode ocorrer de duas formas:
i) os elétrons dos átomos transferem energia para elétrons de outros átomos
(ke);
ii) pela propagação da vibração da rede cristalina, quantizada por fônons (kf).
A transmissão por ke ocorre pelo fato de que quando um corpo é aquecido,
os átomos tornam-se mais vibráteis, passando a ter movimentos de maior
velocidade e maior amplitude, isto é, seus elétrons passam a percorrer
órbitas maiores. Os átomos da zona aquecida, devido à sua maior trajetória,
provocam choques nos átomos vizinhos frios e transformam a energia
cinética em térmica. Isto ocorre sucessivamente até ocasionar o equilíbrio
cinético entre os átomos dos corpos. A presença de elétrons livres, como nos
metais, aumenta a efetividade da transmissão de calor por este processo.
A transmissão por kf ocorre pela propagação da vibração da rede cristalina.
Esta transmissão de energia vibracional depende da organização da rede
cristalina, independendo da presença de elétrons livres. A vibração da rede
cristalina é quantizada, sendo fônon a menor unidade de vibração da rede.
Sólidos com cristalização ordenada, com orientação preferencial e formados
por átomos com tamanhos semelhantes, conseguem transferir energia em
seu interior com elevada efetividade. É a forma preponderante de
Convecção
Nos fluidos, o contato com uma fonte quente resulta em aumento de volume
sem, porém, aumento de peso; em consequência há redução de densidade.
A transferência de calor ocorre como resultado da diferença de densidade
entre os fluidos; densidade esta maior no fluido frio e menor no quente.
A transmissão de calor à pressão atmosférica em fluidos é menos efetiva do
que em sólidos porque a interação entre átomos ou moléculas é menos
frequente. Além disso, quando um átomo ou molécula de gás choca-se com
um sólido, a energia não é eficientemente transferida, pois o gás retém boa
parte da energia anterior ao choque.
Radiação
Consiste em um processo de transmissão de calor de uma fonte quente para
uma fonte fria sem, entretanto, necessitar de meio material para ocorrer. O
processo dá-se através de ondas eletromagnéticas que atuam entre as fontes
sem aquecer o meio intermediário. A radiação ocorre com maior eficiência no
vácuo. A energia transmitida é quantizada por fótons. A Equação de Stefan-
Boltzmann (Equação 4.7) define o fluxo de calor irradiado por uma superfície
aquecida.
q .(Tsup
4
erfície Tmeio )
4
Equação 4.7
onde:
q = fluxo de calor;
= emissividade (valor entre 0 e 1);
= constante de Stefan-Boltzmann;
T superfície = temperatura da superfície irradiante;
T meio = temperatura do meio;
A transmissão de calor por radiação (fótons) exige temperaturas elevadas
para uma significativa transformação de energia radiante em térmica (varia
com a temperatura na quarta potência). A intensidade de emissão de onda
depende da temperatura aplicada, isto é, quanto maior a temperatura, maior
o comprimento de onda, maior a energia radiante, portanto, maior é a energia
transmitida. Na prática, torna-se significativa somente para temperaturas
acima de 800°C. Portanto, para baixas temperaturas (menores que 800ºC),
nos materiais refratários ocorre transmissão térmica por fônons (condução) e
para temperaturas mais elevadas, a transmissão dá-se por fótons (radiação).
1 fv1 fv 2 fv
.... n Equação 4.9
k k1 k2 kn
onde:
fv = fração volumétrica do sólido;
k = condutividade térmica do sólido.
Para o caso de microestrutura onde uma fase está dispersa em outra, tem-se
uma interpolação mais complexa para o cálculo da condutividade térmica.
Para estas estruturas, utilizando-se valores de condutividade térmica das
fases sólida e porosa, obtém-se a condutividade final através da Equação
4.10.
1 u
1 2P
k 2u 1
Equação 4.10
kc 1 u
1 P
2u 1
onde:
k = condutividade térmica do material com poros;
kc= condutividade térmica da matriz contínua;
kp = condutividade térmica do ar;
u = razão entre a condutividade térmica do sólido com a do ar (kc/kP);
P = fração volumétrica de poros (porosidade).
A baixas temperaturas, menores que 800ºC, onde a contribuição devida a
radiação possa ser desprezada, a Equação 5.10 pode ser reduzida para a
Equação 5.11.
1 P
kp k Equação 4.11
1 0,5P
Além do efeito da porosidade, também deve-se considerar a variação da
temperatura. Para óxidos como BeO, MgO, Al2O3, por exemplo, em um
intervalo de temperatura de 50ºC até 500ºC, a condutividade térmica varia
aproximadamente com o inverso da temperatura absoluta.
Para os materiais refratários cristalinos, a condução térmica depende da
temperatura aplicada, da estrutura cristalina e impurezas. A condutividade
térmica é inversamente proporcional à temperatura aplicada e está
diretamente relacionada à estrutura cristalina (ver gráfico da variação da
condutividade térmica em função da temperatura da Figura 4.4).
k Cv Equação 4.12
onde:
k = condutividade térmica;
= difusividade térmica;
= densidade da peça;
Cv = calor específico.
Na técnica do fio quente, são necessárias duas amostras em forma de
paralelepípedos retangulares ou de semicilindros. Em um dos corpos de
prova são feitas duas ranhuras paralelas: por uma delas passa o fio quente e
pela outra um termopar. A profundidade desses sulcos deve corresponder
aproximadamente ao diâmetro dos fios a serem neles inseridos, e a distância
recomendada entre ambos é de 15 a 17mm. Sobre esse corpo-de-prova é
então colocado o segundo corpo. As superfícies em contato devem ser bem
polidas para proporcionar o melhor contato térmico possível. A junção de
referência do termopar é mantida a uma temperatura constante (referência).
No processo de medida da condutividade térmica, faz-se passar uma
corrente elétrica constante através do fio, e registra-se o aumento de
temperatura no material a uma distância r desse fio, a partir da temperatura
inicial de equilíbrio. No caso de medida em temperaturas superiores a
ambiente, os corpos-de-prova e o dispositivo de medida são colocados no
interior de um forno.
Os métodos normatizados comumente utilizados para medição da
condutividade térmica de materiais refratários do tipo isolantes térmicos são
basicamente o das placas quentes protegidas e o do transdutor de fluxo de
calor, cujas normas são respectivamente:
ASTM C - 177/85 - Standard test method for steady state heat flux
measurements and thermal transmission properties by means of the guarded
hot-plate apparatus.
DIN 52612 - Testing of thermal insulating materials; determination of thermal
conductivity by the guarded hot plate apparatus; thermal resistance.
ISO/DIS 8302 - Thermal insulation - determination of steady-state area
thermal resistance and related properties - guarded hot plate apparatus.
ABNT/PNB 22.02.01-006 - Determinação da condutividade térmica de
espuma rígida de poliuretano para fins de isolação térmica - método de
ensaio.
DIN 52616 - Testing of thermal insulation; determination of thermal
conductivity by means of a heat flow meter.
ISO/DIS 8301 - Thermal insulation - determination of steady state thermal
resistance and related properties - heat flow meter apparatus.
diametral para produzir uma fratura trativa interna alinhada com o diâmetro da
amostra, conforme a Equação 4.14.
F
Brasil (Equação 4.14)
d L
onde:
F = carga de ruptura;
A = área, para o cilindro A = .d2/4;
d = o diâmetro;
L = comprimento do cilindro.
3 F L
f ( MOR) (3 pontos) Equação 4.15
2bd 2
3 F (L l)
f ( MOR) (4 pontos) Equação 4.16
2bd 2
onde:
f ou MOR= resistência à flexão em 3 ou 4 pontos;
L = distância entre os apoios inferiores do corpo-de-prova;
l = distância entre apoios superiores do corpo-de-prova no ensaio a 4 pontos;
b = largura do corpo-de-prova;
d = altura do corpo-de-prova;
F = carga de fratura.
Esta expressão indica a tensão trativa máxima que o corpo-de-prova
prismático é submetido na sua parte inferior. Apesar de talvez 80-90% das
resistências de refratários apresentadas na literatura serem obtidas com base
em testes usando a Equação 5.15 (flexão a 3 pontos), este método deixa
muito a desejar, principalmente pela distribuição de falhas no material
refratário e taxa de aplicação de carga durante o teste. A flexão a 4 pontos
abrange um volume maior de material carregado com a mesma intensidade.
Os resultados assim obtidos tendem a ser mais representativos do
comportamento mecânico do material submetido ao ensaio.
Tipicamente, refratários apresentam resistência à flexão (MOR) na faixa de 5-
40 MPa à temperatura ambiente (ver Tabela 4.1). É importante observar que
materiais refratários não são muito resistentes, se comparados com materiais
K IC f Y C Equação 4.17
onde:
KIC = tenacidade à fratura;
Y = um fator geométrico;
C = tamanho crítico de trinca.
Existem várias maneiras de medir-se a tenacidade à fratura de materiais.
Para materiais refratários, é utilizado o modo de ruptura I (KI), típico do
ensaio de flexão (Figura 4.8), em corpos-de-prova artificialmente trincados
(entalhe com disco de diamante).
O termo Y está relacionado à razão entre o comprimento da trinca e a
espessura do corpo-de-prova, apesar da maioria dos pesquisadores usarem
o entalhe reto à metade da espessura do corpo-de-prova. Os valores da
função Y(c/d) são tabelados.
Os comprimentos de trinca estimados são geralmente iguais ou maiores que
os agregados no material refratário. Isto não é uma surpresa porque sempre
se soube que as composições de refratários com maiores tamanhos de
agregados têm menores resistências mecânicas que aquelas contendo
apenas agregados finos. É evidente que as trincas intrínsecas ao corpo
refratário são relacionadas aos maiores agregados no refratário, constituindo
o defeito controlador da resistência mecânica. Este é um ponto importante
para o entendimento da resistência de materiais refratários e a função dos
agregados numa composição refratária.
A tenacidade à fratura indica sua susceptibilidade à fratura. Os valores para
materiais refratários variam tipicamente na faixa entre 0,2 a 1,5 MPa.m1/2, o
que não representa valores de tenacidade muito grandes. Refratários
moldados apresentam-se na extremidade inferior de tal intervalo e tijolos
queimados na superior. Para fins de comparação, a tenacidade do vidro de
janela é 0,75 MPa.m1/2, enquanto que para a maioria dos ferros fundidos é
cerca de 20 MPa.m1/2. Os aços mais tenazes apresentam valores maiores
que 200 MPa.m1/2.
Os baixos valores de tenacidade à fratura são esperados, visto que
refratários não são muito resistentes e suas trincas intrínsecas são
consideravelmente grandes. A presença de grandes agregados (trincas) pode
ser observada mesmo a olho nu nos materiais refratários. Apesar da
wof
P du Equação 4.18
2A
onde:
wof = energia ou trabalho de fratura;
Pdu = área sob a curva força-deslocamento (integral);
A = área transversal do ligamento restante do corpo-de-prova com entalhe.
O fator 2 é incluído porque quando o corpo-de-prova é rompido, duas novas
superfícies de fratura são criadas. Isto é semelhante às energias ou
tenacidade (áreas sob as curvas) na Figura 4.8.
À temperatura ambiente, os materiais refratários densos, monofásicos, têm
valores de energia de fratura de cerca de 30 J/m2. Os materiais refratários
microestruturalmente bem projetados têm valores de energia de fratura de
aproximadamente 100 J/m2 ou mais. Os valores máximos de energia de
fratura a temperaturas elevadas são frequentemente > 1000 J/m2, devido à
presença de silicatos viscosos. A temperaturas ainda mais elevadas, quando
os silicatos perdem viscosidade, os valores de energia de fratura decaem
para poucos J/m2.
Quando a curva força-deslocamento é integrada, análogo à Equação 4.18
previamente descrita, é possível obter o trabalho de fratura total. Alguns
pesquisadores usam esta técnica para definir a energia superficial de fratura
específica e usam GF ao invés de energia de fratura total, 2wof .
G .vt
2
Equação 4.21
2
1 2 t
v
vL Equação 4.22
2
21 t
v
L
v
onde:
= densidade do material;
vt = velocidade transversal das ondas;
vL = velocidade longitudinal das ondas.
E E 0 1 1,9 P 0,9 P 2 Equação 4.23
onde:
Eo = módulo de elasticidade do material sem poros;
P = porosidade.
A Tabela 4.2 apresenta valores de módulo de elasticidade de alguns
materiais refratários.
Uma indicação da resistência do material sob o efeito do calor, pode ser feita
em testes de simples deformação sob o próprio peso (sag deformation test),
também denominado de ensaio de piroplasticidade. Neste teste, um corpo-
de-prova retangular é aquecido sobre apoios em um forno. Pode-se
determinar a temperatura em que a parece a primeira deformação
piroplástica significativa ou qual a deformação piroplástica do material a uma
dada temperatura.
pequena, não ocorre deformação, mas fratura. O teste sob carga vai dar um
resultado mais útil em relação à refratariedade simples, já que indica a
temperatura em que se pode trabalhar com segurança, sob carga, sem que o
refratário tenha sofrido deformação significativa.
O comportamento de um material refratário nestas condições é influenciado
pela forma das fases presentes na microestrutura. Fases aciculares e
dentadas suportam cargas sem deformações até 20 a 30% de fase líquida ao
passo que cristais arredondados, deformam-se com 10 a 16% de fase líquida
formada. O comportamento do refratário sob carga é também influenciado
pela porosidade, quanto maior a porosidade menor a refratariedade.
onde,
E = módulo de elasticidade
= deformação
: coeficiente de expansão térmica
T: variação de temperatura
As tensões térmicas podem atingir valores bastante elevados, bem
superiores à resistência mecânica da maioria dos materiais refratários. Por
exemplo, uma alumina submetida a uma variação de temperatura T = 200 K
gera no seu interior uma tensão térmica assim calculada pela Equação 5.25):
dados da alumina: E = 400 GPa; = 9.10-6K-1)
t = E . . T = 400 GPa. 9.10-6K-1. 200 K = 720 MPa!
A alumina dificilmente chega a uma resistência mecânica à flexão superior a
300MPa
Teoricamente, um corpo isotrópico e homogêneo não produz tensões
térmicas durante o aquecimento/resfriamento se tiver expansão térmica livre.
Na prática, os materiais refratários são submetidos a um gradiente térmico,
gerando na superfície tensões compressivas no aquecimento e tensões de
tração no resfriamento, porque as variações de dimensões estão impedidas.
As características do meio (transferência de calor), do material e do projeto
de instalação do revestimento vão determinar a presença ou não de choque
térmico.
Quanto mais rápida a transferência de calor do meio para corpo e menor a
condutividade do material do corpo, tanto maior será a tensão gerada na
superfície, segundo a Equação 4.26. Comparando-se com a Equação 4.25
anterior tem-se a introdução de devido à natureza bi-axial da tensão.
ET
TÉRMICA Equação 4.26
1
onde:
= coeficiente de Poison.
= (b . h) / k Equação 4.27
onde:
b = fator referente à geometria do corpo (metade da espessura de uma
placa);
k = condutividade térmica do material.
São propostas as Equações 4.28, 4.29 e 4.30 para a definição de R, R’ e R’’
que são parâmetros usados para avaliar a resistência do material refratário
ao choque térmico, permitindo a comparação de diferentes materiais. Quanto
maior R, R’ e R’’ maior será a resistência do material. Este enfoque,
puramente baseado no conceito de termoelasticidade, costuma ser conhecido
como teoria clássica do choque térmico. Conforme a situação, alta ou
1
R Equação 4.28
1 .k
R' Equação 4.29
1 k
R" Equação 4.30
.cp
onde:
: resistência mecânica (módulo de ruptura à flexão);
E: módulo de elasticidade;
: coeficiente de Poisson;
: coeficiente de expansão térmica;
k: condutividade térmica;
: densidade;
Cp: calor específico.
Alternativamente, a tensão pode ser expressa em termos de T de fratura,
segundo a Equação 4.31.
1 .S
T fratura Equação 4.31
. f
onde:
T: variação de temperatura
S: fator de forma
f = fator de atenuação de 0 < f 1, quanto maior f, menor a contribuição da
transferência de calor por condução no sólido e maior a convecção no meio
ambiente.
E
R ' '' (Equação 4.32)
1
2
E
R "'' ef
1
2
(Equação 4.33)
Na Figura 4.17, tem-se a zona inferior (abaixo da curva de linha cheia) onde
as diferenças de temperaturas impostas (T) não produzem aumento do
tamanho de trinca. Somente quando ocorre um T que corresponda à
coordenada da curva (linha cheia) para determinado tamanho de trinca (como
Linicial x Tc), a trinca irá propagar, seguindo o caminho indicado no gráfico. A
linha tracejada corresponde à posição em que a trinca pára, após iniciada sua
propagação. Isto é devido ao fato de que, para pequenas trincas iniciais, a
taxa de energia elástica liberada durante a propagação excede a energia de
fratura. Este excesso se converte em energia cinética de propagação que
levará a trinca a uma extensão exagerada (!), de modo que Linicial alcança o
tamanho de Lfinal. Por outro lado, uma trinca longa vai se propagar de modo
quase estático ao longo da linha cheia. Por exemplo, para Lfinal propagar é
preciso a geração de uma T da magnitude de Tf, propagando agora
somente pela linha cheia, de maneira que cada novo T propicia um pequeno
aumento do tamanho da trinca.
Na Figura 4.17, o tipo de curva corresponde à diferença de temperatura (T)
em função do tamanho da trinca e está associado às propriedades do
material que representa. A curva cheia corresponde a um material de
determinada densidade de trincas, quando esta varia, a curva assume outra
forma. Quanto menor a densidade de trincas, maior será o tamanho final de
uma trinca curta, ao se propagar.
A propagação de uma trinca pode ser associada à perda de resistência
mecânica do material. Tem-se dois comportamentos distintos, conforme as
ainda Figuras 4.17. Note que a forma das curvas é exatamente o mesmo do
caminho de propagação de Linicial ilustrado no gráfico de Hasselmann da
mesma Figura 4.17.
Para materiais densos, de propagação de trinca estável, em (A), não há
extensão da trinca nem perda de resistência, apenas acúmulo de energia
elástica ou crescimento de trincas subcríticas. Em (B), ocorre a propagação
de trinca e perda instantânea de resistência mecânica, com a transformação
em energia de fratura e energia cinética, esta levando ao crescimento
exagerado da trinca. Em (C), a resistência mecânica fica constante com novo
4.4.2 PIER-TEST
Consiste em unir-se 2 tijolos e dois meio-tijolos com a argamassa a ser
testada, de forma a se obter uma junta vertical e duas horizontais. Após
secagem e aquecimento até temperatura máxima de uso, observa-se o seu
comportamento quanto a eventual escorrimento, contração e falta de
aderência. A temperatura de queima e o tijolo utilizado é função da classe da
argamassa a ser testada, conforme a Tabela 4.7.
Temperatura de
Classe da Argamassa Tijolo CPE mínimo
Aquecimento (°C)
Aluminosa 36 1705
Super duty 33 1600
High duty 31,5 1500
Medium duty 29 1400
4.5 EXERCÍCIOS
1. Qual o método indicado para medir a densidade de um material refratário
para projeção? Explique.
2. A partir da determinação da densidade real de um material refratário você
teria condições de diferenciá-lo em aluminoso ou silicoso? Explique.
3. A medição da densidade aparente de dois materiais distintos pode nos dar
subsídios para classificá-los em refratários ou isolantes? Explique.
4. Como influencia a porosidade sobre outras propriedades? Descreva.
5. Como se determina a refratariedade simples de um material refratário? O
que são os cones pirométricos padrões?
6. Qual a aplicabilidade e limitações das informações de refratariedade
simples? Descreva os pontos críticos do ensaio de refratariedade simples.
7. Em termos de resistência mecânica a frio, qual o principal, resistência à
compressão ou à flexão, por quê? Para que serve esta informação?
8. Em quais tipos de aplicações é importante a resistência à abrasão?
9. Qual a importância do módulo de elasticidade para refratários? Por que E é
importante no projeto estrutural?
10. Como é medido o módulo de elasticidade?
11. Quais os principais parâmetros que influenciam a resistência mecânica de
refratários? O que é a curva R de um material refratário?
12. Em termos estruturais, o que ocorre com um material refratário com o
aumento de temperatura?
13. Defina capacidade térmica e calor específico, dilatação térmica e
condutividade térmica. Qual a importância de cada uma dessas
propriedades?
14. Descreva um método de medição de Cp, k e .
15. Escreva a curva de Cp x T e descreva suas principais características. Por
que o comportamento desta curva é o mesmo da curva dilatação x T?
16. Como ocorre a condução de calor em refratários cerâmicos? Como k se
relaciona com a temperatura?
17. Quais são os ensaios de resistência mecânica a quente praticados para
materiais refratários?
18. Descreva o comportamento dos materiais a temperatura elevadas,
diferenciando a resistência mecânica a frio e a quente.
19. Descreva os pontos críticos do ensaio de fluência. Explique a influência
da temperatura/tensão e microestrutura na fluência. Como o material pode
deformar-se quando solicitado a quente (em fluência)?
20. Como se pode avaliar a resistência ao choque térmico de materiais
refratários?
21. A partir dos dados que seguem, determine qual dos dois tijolos de alta
alumina sofreria uma maior degradação em contato com o aço.
Dados:
54. Com base nos dados da Tabela 4.5, explique por que quanto maior a
quantidade de alumina em um refratário aluminoso maior é a temperatura em
que ocorre a deformação por fluência.
55. Quais são os fatores que influenciam a resistência à fluência de um
material refratário?
GLOSSÁRIO
Para os efeitos da NBR 8826, aplicam-se as seguintes definições.
Abaulamento: ou empeno, é o desvio da curvatura desejada da superfície de uma peça
refratária por distorção ocorrida durante a fabricação.
Abóbada: Construção refratária destinada a fechar a parte superior dos fornos ou de partes
dos fornos. Existem vários tipos de abóbada, tais como: abóbadas em berço, suspensas,
planas, móveis, apoiadas, fixas, semi-esféricas, inclinadas, nervuradas, segmentadas,
refrigeradas, semicirculares e domas.
Abrasão: Desgaste da superfície de um produto refratário em uso, pelo efeito mecânico de
sólidos em movimento.
Absorção: Relação entre a massa absorvida do líquido saturante por um corpo-de-prova até
a saturação (massa úmida) e a massa do corpo-de-prova seco (massa seca).
Acabamento: Fase do processo de fabricação e/ou aplicação de refratários, que consiste em
dar os retoques finais no produto e/ou no revestimento.
Achatamento: Tipo de deformação.
Aciaria: Instalação siderúrgica onde se produz aço; existem três modalidades básicas de
aciaria: aciaria a oxigênio, elétrica e Siemens-Martin (SM).
Ácido bórico: Produto químico geralmente empregado como agente sinterizador em massas
refratárias de socar, de fórmula H3BO3.
Ácido fosfórico: Produto químico geralmente empregado como agente ligante de pega
química, de fórmula H3PO4.
Aço: Liga de ferro e carbono, com teor de carbono variando entre 0,008% a 2,0%, podendo
conter outros elementos de liga, bem como outros elementos residuais resultantes do
processo de fabricação do mesmo.
Aditivo: Termo usado para designar matérias-primas e/ou produtos utilizados em pequenas
proporções na composição de produtos refratários.
Aditivo antioxidante: Produto adicionado aos refratários com a finalidade de inibir ou evitar
a oxidação do carbono.
Adobe ou adobo: Aglomerado de matérias-primas, geralmente composto de argilas
plásticas com ou sem adição de materiais não plásticos; geralmente são extrudadas a vácuo.
Após tratamento térmico, o adobe se converte em chamote refratário.
Adsorção: Processo no qual as moléculas de um fluido são concentradas na superfície de
um material por forças químicas, físicas ou ambas.
Agalmatolito: Rocha metamórfica constituída essencialmente de pirofilita.
Agente fluxante: Aditivo que tem por finalidade abaixar a temperatura inicial de formação de
“líquidos” do sistema em estudo.
Agente oxidante: Composto que se decompõe durante a fusão ou no período, de queima,
fornecendo oxigênio.
Agente redutor: Agente que provoca uma ação de redução. Os principais agentes redutores
na indústria são hidrogênio, carbono, monóxido de carbono e propano.
Aglomeração: Processo através do qual um ou mais materiais, geralmente finamente
divididos, são colocados em contato íntimo, com ou sem uso de ligantes, constituindo assim
elementos de maiores dimensões. Os principais processos de aglomeração são: pelotização,
sinterização, nodulização, briquetagem e clinquerização.
Aglomerante: Substância adicionada a um material ou mistura de granulados refratários
para promover aglomeração.
Agregado refratário: Produto refratário constituído essencialmente de materiais granulares,
em faixas granulométricas determinadas, natural, beneficiado ou sintético, geralmente
utilizado na fabricação de outros refratários.
Água combinada: Água quimicamente mantida como água de cristalização.
Rev. 0 – 23/05/2011
Água necessária para moldagem: Quantidade de água que deve ser adicionada a um
produto refratário não-conformado, a fim de conferir-lhe consistência e trabalhabilidade ideais
para aplicação.
Ala de corrida ou vazamento: Área onde se processa a corrida ou vazamento do metal
líquido, contido no equipamento onde foi produzido ou transportado.
Álcalis: Termo que identifica os óxidos de metais alcalinos, os quais, quando presentes nas
matérias-primas agem como agentes formadores de fase vítrea durante o processo de
queima do produto. EXEMPLOS: óxido de sódio (Na2O), óxido de potássio (K2O) e óxido de
lítio (Li2O).
Alcatrão: Subproduto da destilação de várias substâncias orgânicas, geralmente viscoso e
de cor negra, composto principalmente de hidrocarbonetos.
Algaraviz: Peça componente do sistema de distribuição de ar quente, instalada entre o
joelho e a ventaneira de um alto-forno, revestida internamente de refratários.
Alto-forno: Forno vertical destinado à produção de ferro gusa através da redução de minério
de ferro na presença do coque ou carvão vegetal, constituído de uma carcaça metálica
revestida internamente com refratário.
Alumina: Óxido de alumínio, de fórmula Al2O. Existe sob várias formas cristalinas, sendo as
principais a alumina-alfa e alumina-gama. É usado como matéria-prima em indústria de
refratários, principalmente na fabricação de refratários aluminosos.
Alumina bolha ou globular: Alumina globular constituída predominantemente por esferóides
ocos, de tamanhos variados, o que lhe confere elevado poder isolante. É usada na
fabricação de refratários aluminosos isolantes.
Alumina calcinada ou bayer: Alumina obtida pelo processo bayer.
Alumina eletrofundida: Alumina fundida, obtida por eletrofusão.
Alumina fundida: Alumina obtida pela fusão de materiais contendo teores elevados de óxido
de alumínio, constituída essencialmente pelo mineral coríndon (óxido de alumínio).
Alumina micronizada: Alumina calcinada, finamente moída.
Alumina tabular: Alumina granular de alta densidade e baixa porosidade, que se apresenta
em forma de cristais tabulares, obtida a partir da alumina calcinada através de tratamento
térmico em altas temperaturas, sendo constituída praticamente de 100% em fase alfa.
Alvenaria refratária: Construção feita através do empilhamento de peças refratárias
assentadas ou não com argamassas, ou através da aplicação de refratários não-
conformados, constituindo o revestimento de um equipamento.
Amarração: Desencontro das juntas de fiadas sobrepostas ou adjacentes de um
revestimento refratário ou dispositivo geométrico, objetivando o intertravamento de seus
elementos, maior rigidez da construção e/ou maior estanqueidade da alvenaria refratária.
Amianto (asbesto): Mineral fibroso de composição química variada, constituído
principalmente de silicatos hidratados de magnésio, tais como: crisolita, actinolita, tremolita,
antigonita e serpentina.
Amolecimento: Deformação de um material refratário pelo efeito da temperatura.
Amorfo: Ausência de estrutura cristalina ou de arranjo molecular definido, sem forma
definida.
Amostra: Conjunto de um ou mais itens extraídos de um lote, destinado a fornecer
informações sobre este, servindo geralmente de base para uma decisão sobre o lote.
Amostragem: Procedimento usado para extrair ou constituir uma amostra.
Amostragem simples: Tipo de amostragem que constitui em tomar apenas uma amostra
por lote.
Amostragem aleatória simples: Tipo de amostragem simples na qual se faz a extração de
n itens a partir de um lote de N itens de tal maneira que todas as combinações de n itens
tenham a mesma probabilidade de serem escolhidas.
Análise: Decomposição de um todo em suas partes constituintes, de modo a identificar cada
uma dessas partes.
Argamassa refratária de pega a quente: Argamassa refratária que desenvolve pega após
aquecimento.
Argamassa refratária de pega ao ar: Argamassa refratária que desenvolve pega após
secagem ao ar, sem aquecimento.
Argamassa refratária de pega cerâmica: Argamassa refratária que desenvolve pega após
aquecimento, com aparecimento de novas fases.
Argamassadeira: Equipamento de mistura utilizado na umidificação e homogeneização de
argamassas.
Argila: Rocha geralmente plástica, constituída essencialmente por silicatos de alumínio
hidratados, denominados argilominerais podendo conter sílica livre e outras impurezas dentro
de sua rede cristalina, tais como magnésio e ferro.
Argila refratária ou caulinítica: Argila constituída essencialmente pelo argilomineral
caulinita.
Argila refratária aluminosa: Argila cauIinítica contendo teor de óxido de alumínio superior a
46%, após ser calcinada a uma temperatura da ordem de 1000°C.
Argila refratária sílico-aluminosa: Argila caulinítica contendo teor máximo de óxido de
alumínio de 46%, após ser calcinada a uma temperatura da ordem de 1000°C.
Argilomineral: Minerais constituintes das argilas.
Arrebentamento: Fenômeno que ocorre com refratários contendo cromita e que estejam em
temperatura elevada e ambiente de óxido de ferro; a cromita da face de trabalho absorve
óxido de ferro e expande, até que tensões internas provoquem a ruptura estrutural.
Asbesto: Ver amianto.
Assentamento: Aplicação de produtos refratários conformados, com ou sem argamassa,
durante o revestimento de equipamentos.
Ataque de escória: Reação química destrutiva entre refratários e agentes escorificantes a
temperaturas elevadas.
Atmosfera oxidante: Atmosfera de um forno com excesso de oxigênio e que tende a oxidar
materiais nele colocados.
Atmosfera redutora: Atmosfera de um forno com insuficiência de oxigênio.
Atributo: Característica de qualidade cuja inspeção é realizada apenas pela constatação de
sua presença ou ausência. Em geral, o atributo é uma propriedade qualitativa, não
mensurável, ou cuja medição não é prática; são exemplos os defeitos de aparência (aspecto
visual).
Atrito: Termo relacionado a desgaste por fricção ou abrasão.
Badeleíta ou baddeleyita: Mineral composto essencialmente de dióxido de zircônio.
Barbotina: Suspensão estável de argilas em água, incluindo ou não outros materiais
finamente moídos, usada na fabricação de refratários e cerâmicas em geral.
Barragem de distribuidor: Peça ou construção refratária, podendo conter furos e insertos
refratários, destinada direcionar o fluxo do aço no distribuidor do sistema de lingotamento
contínuo, visando a retenção de inclusões do aço líquido pela escória. Quando colocada no
fundo do distribuidor, é chamada barragem inferior, e barragem superior, se colocada na
parte alta do distribuidor sem atingir o fundo.
Barrilha: Nome dado ao carbonato de sódio, de fórmula Na2CO3.
Batelada: Quantidade de material fabricada em uma sequência de produção para a qual se
espera uniformidade em características específicas.
Bauxito: Rocha residual constituída essencialmente por hidróxidos de alumínio, tais como:
diásparo, gibsita, boemita, e impurezas como hidróxidos de ferro, quartzo e argilominerais.
Bauxito refratário calcinado: Bauxito de baixo teor de ferro, titânio e outras impurezas,
calcinado, utilizado para fabricação de refratários.
Bentonita: Rocha constituída essencialmente por argila montmorilonítica, com alta
plasticidade.
Chapeamento interno: Inserção de chapa de aço no interior de uma peça refratária, durante
o processo de conformação.
Checker ou chequer (grelha): Nome dado ao tijolo multifurado usado no regenerador dos
altos-fornos.
Choque térmico: Variação brusca de temperatura, susceptível de provocar o fenômeno da
termoclase (trinca ou ruptura do produto).
Cianita: Mineral de fórmula empírica Al2O3.SiO2 e estrutura cristalina diferente dos minerais
andaluzita e silimanita de mesma fórmula.
Cimento de aluminato de cálcio: Ver cimento refratário aluminoso.
Cimento refratário aluminoso: Cimento constituído essencialmente de aluminatos de
cálcio, geralmente empregado na fabricação de concretos refratários, conferindo-lhes pega
hidráulica.
Cintamento ou cintagem: Envolvimento parcial com fita ou arame de aço da superfície
externa de peças refratárias geralmente relacionadas com lingotamento de aço, objetivando
evitar o aparecimento de trincas e/ou soltura de pedaços do refratário quando do seu uso.
Cinza: Resíduo sólido não combustível que permanece depois da queima de qualquer
material combustível.
Classificação de refratários: Arranjo sistemático ou divisão dos refratários em grupos
baseados em características similares, tais como origem (matérias-primas), composição,
propriedades ou uso.
Clínquer: Aglomerado mineral que foi submetido a um processo de queima com fusão de
fases.
Clínquer aluminoso: Clínquer constituído em sua maior parte de aluminato de cálcio obtido
pela fusão parcial ou completa de uma mistura homogênea e convenientemente
proporcionada, constituída basicamente de calcário e bauxita.
Coating cerâmico: Revestimento ou camada em forma de barbotina, composto por
matérias-primas cerâmicas, aplicado na superfície de trabalho de peças refratárias, a fim de
minimizar a oxidação, desgaste e erosão das mesmas, além de conferir molhabilidade.
Coeficiente de condutibilidade (ou condutividade) térmica: Quantidade de calor por
unidade de tempo que flui através da unidade de superfície de um corpo-de-prova, por
unidade de espessura, quando submetido à variação de temperatura de um grau. É
comumente expresso em kcal.m/m2.h.°C. No sistema internacional de unidades (SI), é
expresso em W/(m.K). Para converter a unidade de kcal.m/m2.h.°C para W/(m.K), multiplicar
por 1,162279.
Colagem por barbotina: Processo de fabricação de peças cerâmicas no qual a barbotina é
vazada em moldes de gesso. Após a absorção de água pelo molde, a barbotina enrijece e
adquire o formato da peça que se deseja obter.
Colagem por fusão: Processo de moldagem no qual o material refratário fundido é vazado
em molde de alta refratariedade, no qual são reproduzidos os formatos da peça que se
deseja obter.
Colarinho: Técnica utilizada na fabricação de peças refratárias por moldagem manual,
visando obter as mesmas características da peça: o colarinho é removido logo após a
conformação da peça.
Colóide: Qualquer material Fino que pode ser facilmente colocado em suspensão (seco ou
úmido).
Combustão: Processo de combinação de uma substância com o oxigênio (oxidação),
geralmente com reação exotérmica e auto-sustentável; também é conhecido como processo
de queima.
Combustão completa: Combustão que combina as proporções químicas adequadas de
combustível e ar, de tal forma que combustível e oxigênio são totalmente consumidos.
Combustão incompleta: Queima parcial da mistura combustível-ar geralmente como
consequência de um inadequado fornecimento de oxigênio ou à temperatura tão baixa que a
Fiada: Cada uma das camadas horizontais e sobrepostas de peças em uma construção
refratária. Existem várias denominações de fiadas, dependendo de se a altura da fiada
corresponde ao comprimento, largura ou espessura da peça e tipo de face que compõe sua
superfície lateral.
Fibra cerâmica: Produto filoforme resultante da fusão e resfriamento rápido de mistura
refratária.
Fibra metálica: Elemento metálico, geralmente de aço inoxidável, com comprimento de 20
mm a 30 mm e seção não uniforme de 0,3 mm2 a 1,0 mm2, adicionado aos concretos
refratários com a finalidade de aumentar-lhes a resistência à abrasão, á erosão e ao choque
térmico, evitando também perdas por lascamento e escamação, além de conferir melhoras
de outras propriedades mecânicas e estruturais ao refratário.
Finos: Denominação dada às menores frações de uma classificação granulométrica,
geralmente abaixo de 1,0 mm, fornecida à “matriz” dos produtos refratários.
Fissura: Irregularidade superficial na forma de abertura estreita ou trinca fina, normalmente
conhecida com craquelamento.
Floculação: Aglomeração de partículas em suspensão, provocando a sedimentação das
mesmas.
Floculante: Eletrólito adicionado a uma suspensão coloidal para provocar a agregação e
sedimentação de partículas como resultado da redução da repulsão entre elas.
Fluorita: Mineral cúbico de composição CaF2 e dureza 4 na escala de Mohs.
Fluxo: Ver fundente.
Folha de dados técnicos ou ficha técnica: Folha que contém informações tais comos:
marca, descrição, principais aplicações, composição química, características físico-químicas,
térmicas, indicações de embalagem, prazo de estocagem etc., fornecida pelo fabricante com
a finalidade de identificar um determinado produto, assim como fornecer informações,
técnicas, fundamentais e/ou específicas sobre o mesmo.
Folha de dados de segurança: Documento emitido pelo fabricante, relativo a um produto de
sua fabricação, onde são necessariamente informados: os constituintes que podem
prejudicar a saúde de pessoas e/ou contaminar o meio ambiente; os cuidados necessários
para manuseio, transporte, estocagem e utilização do produto; os equipamentos de
segurança e cuidados a serem tomados em caso de contaminação pelo produto e danos
pessoais; os cuidados a serem tomados com relação aos resíduos do produto após sua
utilização para proteção à saúde e ao meio ambiente.
Força ligante: Resistência de ligação na junção de duas peças refratárias, formada pela
argamassa após a secagem a 110°C, ou após queima a uma temperatura especificada.
Fôrma: Dispositivo usado para conformação de peças refratárias, cuja cavidade reproduz a
forma geométrica destas.
Formato padronizado: Ver tijolo padronizado.
Fornalha: Câmara de combustão de um equipamento.
Forno: Equipamento no qual, por intermédio de calor, se produzem transformações físicas e
químicas em um determinado material.
Forno circular: Tipo de forno intermitente cuja característica principal é que o forno se
movimenta e o material em processo de queima fica estático, recebendo calor.
Forno intermitente: Forno no qual o processo de queima é aplicável a cada carga a ser
queimada.
Forno-panela: Forno constituído essencialmente de uma panela e complementos destinados
ao refino secundário do aço. Contém e pode conter sistema de elementos para aquecimento
elétrico, agitação eletromagnética, plugue poroso para injeção de gases inertes, sistema de
lança para injeção de gases com aditivos e pós em suspensão.
Forno rotativo: Forno contínuo geralmente com forma cilíndrica e movimento giratório em
torno de seu eixo longitudinal; normalmente este tipo de forno apresenta leve inclinação
descendente a partir da extremidade de alimentação.
Haste de tampão: Barra de aço revestida de peças refratárias (luvas de haste), destinada a
controlar o fluxo de escoamento do aço durante o lingotamento.
Hematita: Mineral de ferro, de fórmula Fe2O3, cristalizado na variedade polimórfica alfa.
Hercinita: Mineral do grupo dos espinélios, de fórmula empírica FeO.Al2O3.
Hidrargilita: Ver gibsita.
Hidratação: Combinação química de um mineral com água.
Ignição: Aquecimento do refratário em atmosfera oxidante com queima de seus constituintes
ligados ou impregnados.
Ilmenita: Titanato de ferro de fórmula empírica FeO.TiO2.
Impregnação: Preenchimento parcial ou total dos poros abertos de um material refratário
com um outro material.
Inclusão: Tipo de contaminação caracterizada pela presença de corpo estranho inserido na
massa do produto. Após a remoção deste corpo estranho, este defeito se transforma em
cavidade.
Índice de rebote: Relação entre o material refratário aplicado por projeção e o que não
adere e cai.
Índice de trabaIhabilidade: Valor que exprime a medida da moldabilidade na fabricação ou
na aplicação de produtos refratários, geralmente após a adição de água e/ou aditivos.
Início de pega: Começo do endurecimento das argamassas, concretos ou massas
refratárias.
Injeção de massa: Aplicação de mistura refratária com índice de trabalhabilidade adequado,
utilizando-se bomba de injeção.
Inserto refratário: Peça refratária inserida em outro refratário e geralmente diferente deste.
EXEMPLO: Placa refratária de alumina com inserto refratário à base de cromo.
Inspeção: Atividade de avaliação da conformidade por medição, observação, exame, ensaio,
calibração, de uma ou mais características apropriadas, e a comparação dos resultados com
requisitos especificados, a fim de determinar se a conformidade para cada uma destas
características é obtida.
Inspeção por amostragem: Inspeção de um número limitado de itens de um lote. Ver
amostragem.
Inspeção por atributos: Método que consiste em constatar, em cada um dos itens de um
lote ou de uma amostra extraída deste lote, a presença ou a ausência de uma certa
característica qualitativa (atributo) e em contar quantos itens possuem ou não esta
característica. Em síntese, a inspeção por atributos simplesmente classifica o item em
defeituoso ou não defeituoso, de acordo com um determinado critério. Ver atributo.
Inspeção por variáveis: Método que consiste em medir e registrar os resultados obtidos
para uma dada característica de qualidade para cada item de um lote; geralmente é a
inspeção com base em ensaios físicos, químicos ou térmicos.
Inspeção total ou 100%: Inspeção de todas as unidades de produto do lote de inspeção.
Inversão: Mudança de estrutura física entre duas ou mais formas de cristais polifórmicos.
EXEMPLO: Inversão de quartzo alfa para quartzo beta na temperatura de 573°C.
Isolante refratário: Ver refratário isolante.
Isolante térmico: Mistura de agregados minerais não-metálicos, naturais ou sintéticos, tendo
como características principais reduzida densidade de massa aparente e baixa condutividade
térmica.
Isomorfos: Minerais de análise química análoga e estrutura cristalina similar. Estes minerais
normalmente formam soluções sólidas.
EXEMPLO: 2MgO.SiO2 (forsterita) e 2Fe.SiO2 (faialita), formando olivina.
Jateamento: Projeção de partículas abrasivas sobre uma ou mais superfícies de peça
refratária para promover sua limpeza ou para determinação de sua resistência à erosão.
Junta: Espaço entre peças ou seções adjacentes de uma construção refratária, geralmente
preenchido com argamassa.
Junta de dilatação: Abertura preenchida ou não com material comprimível ou inflamável,
deixada na construção refratária para absorver a dilatação dos refratários.
Junta de expansão: Ver junta de dilatação.
Kieserita: Mineral de fórmula MgSO4.H2O, obtido geralmente das soluções residuais de
processamento de sais de potássio, empregado na produção de magnésia.
Laminação: Defeito na estrutura interna de peças refratárias, caracterizado por uma
descontinuidade na estrutura.
Lança: Tubo metálico, revestido ou não de refratários, utilizado nos processos de pré-
tratamento do gusa e metalurgia secundária para injeção de gases ou pós apropriados.
Lascamento: Desprendimento de lascas ou pequenos pedaços em peças refratárias, em
consequência de ruptura mecânica, térmica ou estrutural.
Lastro: Material refratário usado na queima de peças refratárias, com várias finalidades, tais
como: suporte para peças, composição geométrica do empilhamento, separação das peças
para evitar o contato entre elas, estabilidade de empilhamento, confecção de muflas e
capelas.
Liga de silicato: Coesão desenvolvida entre os constituintes de um refratário pela formação
de fases vítreas na matriz.
Liga direta: Coesão desenvolvida entre os constituintes de um refratário por um mecanismo
predominantemente de difusão no estado sólido.
Liga fosfática: Coesão desenvolvida entre constituintes de um refratário pela formação de
fosfatos após secagem ou cura.
Ligação a piche: Coesão desenvolvida entre os constituintes de um refratário conformado
pela utilização de piche como ligante.
Ligação cerâmica: Coesão desenvolvida entre os constituintes de um refratário, resultando
no aparecimento de novas fases durante o processo de queima.
Ligação fenólica: Coesão desenvolvida entre os constituintes de um refratário pela
utilização de resinas fenólicas.
Ligante: Material adicionado ou presente em uma composição refratária cuja função é
conferir trabalhabilidade e plasticidade promover coesão intergranular no estado úmido, seco
ou queimado.
Ligante químico: Substância orgânica ou inorgânica que, adicionada às misturas refratárias,
confere propriedades adequadas ao uso através da reação química entre o ligante e os
componentes da mistura.
Lignossulfonato: Subproduto da indústria de celulose utilizado como ligante orgânico
(também conhecido como vixil).
Lingotamento: Transferência do metal líquido do equipamento de produção ou de transporte
para solidificação em moldes.
Lingotamento contínuo: Processo de lingotamento utilizado para moldar metais líquidos
sob a forma de tarugos ou placas de forma contínua.
Lingotamento convencional: Ver lingotamento direto e lingotamento indireto.
Lingotamento direto: Processo de lingotamento convencional em que o metal líquido é
transferido da panela para lingoteiras (moldes).
Lingotamento indireto: Tipo de lingotamento convencional no qual o metal líquido é
transferido da panela para um conjunto de lingoteiras (moldes), com base no princípio dos
vasos comunicantes.
Lingoteira: Molde, geralmente de ferro fundido, no qual os metais são vertidos para fins de
solidificação.
Linha de escória: Região de um equipamento de produção ou de transporte correspondente
à camada de escória.
Refratário neutro: Refratário que é resistente ao ataque químico por escórias e a fluxos de
natureza ácidas ou básicas em altas temperaturas.
Refratário plástico: Ver plástico refratário.
Refratário quimicamente ligado: Refratário produzido por processos nos quais a
resistência mecânica é resultante da coesão intergranular desenvolvida pela adição de
ligantes químicos.
Refratário religado de grãos fundidos: Ver refratário eletrofundido.
Refratário resistente à corrosão: Refratário de baixa porosidade, baixa permeabilidade e
alta resistência ao ataque químico e penetração à maioria dos ácidos e alguns outros
produtos químicos corrosivos.
Refratário retificado: Refratário que teve uma ou mais de suas faces colocadas nas
dimensões especificadas por trabalho de usinagem mecânica das superfícies, geralmente
após queima.
Refratário sílico-aluminoso: Refratário constituído essencialmente de sílica e alumina.
Refratário silicoso: Refratário constituído essencialmente de sílica.
Refugo: Material refugado (reprovado) por não cumprir às especificações.
Regenerador: Equipamento destinado à troca cíclica de calor, o qual alternativamente
armazena calor dos produtos da combustão para no ciclo seguinte devolve-lo ao ar ou gás
utilizado na combustão.
Regenerador de alto-forno: Regenerador usado para aquecer o ar de combustão dos altos-
fornos.
Rejuntamento: Aplicação de argamassa refratária nas juntas de alvenaria refratária, de
modo a melhorar sua estanqueidade.
Reologia: Ciência que investiga as propriedades e o comportamento mecânico (deformação
e escoamento) dos materiais.
Reparo: Restauração de um revestimento refratário que permite a continuidade operacional
do equipamento.
Repetibilidade: Desvio-padrão dos resultados obtidos pelo mesmo operador, usando o
mesmo instrumento em sucessivas medições sobre a mesma amostra.
Reprodutibilidade: Desvio-padrão dos resultados obtidos por diferentes operadores, usando
o mesmo ou diferentes instrumentos em diferentes laboratórios sobre a mesma amostra,
usando o mesmo método ou técnica analítica.
Requeima: Tratamento térmico aplicado a um refratário queimado.
Resíduo: Quantidade de material que permanece retida em uma malha após uma análise
granulométrica.
Resina: Material utilizado como ligante ou constituinte de materiais refratários, que se
caracteriza por endurecer através de ligações polímeras.
Resistência à abrasão: Propriedade definida pela capacidade do refratário de resistir à
abrasão.
Resistência à compressão: Propriedade definida pela capacidade do refratário de resistir à
deformação ou ruptura quando submetido a um esforço de compressão.
Resistência à compressão a frio: Ver resistência à compressão à temperatura ambiente.
Resistência à compressão a quente: Propriedade de os refratários resistirem à deformação
ou ruptura, quando submetidos a uma carga de compressão, estando aquecidos a uma
determinada temperatura.
Resistência à compressão à temperatura ambiente: Propriedade de os refratários
resistirem a deformações ou ruptura, quando submetidos a uma carga de compressão,
estando o produto à temperatura ambiente.
Resistência à corrosão: Propriedade definida pela capacidade do refratário resistir à
corrosão.
Vidro: Produto inorgânico fundido e resfriado a uma situação rígida, sem cristalização.
Viscosidade: Propriedade definida pela resistência de um material fluido (líquido ou gás) ou
semifluido ao movimento de fricção interna, determinada por métodos instrumentais
específicos. É uma medida da maior ou menor fluidez do material, geralmente expressa em
poise ou centipoise.
Viscosímetro: Instrumento para medir a viscosidade de líquidos a uma temperatura e
condições atmosféricas especificadas.
Vítrea: Fase parcial ou completamente formada de vidro.
Vitrificação: Processo de conversão de uma parte substancial de um refratário em fase
vítrea.
Vitrificar: Tornar vítreo, geralmente por aquecimento.
Volátil: Termo relativo que expressa a tendência de uma substância ou de um componente
de um material se transformar em gás ou vapor na temperatura ambiente ou em algum outro
domínio de temperatura. Quando aplicados a materiais refratários, os voláteis são aqueles
componentes que, durante o tratamento térmico, se transformam em gás ou vapor como
resultado da decomposição ou outra mudança química.
Volume aparente: Volume de uma peça ou de um corpo-de-prova, incluindo o volume da
parte sólida e o dos poros abertos e fechados.
Volume aparente da parte sólida: Volume de uma peça ou de um corpo-de-prova, incluindo
o volume da parte sólida e os dos poros fechados.
Volume real ou verdadeiro: Volume apenas da parte sólida de um material, excluindo o
volume de poros abertos e/ou fechados.
Wollastonita: Mineral triclínico de composição CaSiO3. Inverte para pseudowollastonita a
1200°C; funde incongruentemente a 1544°C.
Zimba: Ver cambota.
Zircão: Ver zirconita.
Zircônia: Dióxido de zircônio de fórmula ZrO2.
Zirconita: Silicato de zircônio de fórmula empírica ZrO2.SiO2 (ou ZrSiO4).
Zirquita: Titanato de zircônio de fórmula empírica (Ca.Fe)(Zr,Ti,Tn)2O5.
Zona de queima: Região de um forno que é mantida na temperatura de queima dos
refratários durante o processo de queima.
Zona de sinterização: Região dos fornos rotativos e verticais de maior temperatura, onde
ocorre a sinterização propriamente dita.
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Rev. 0 – 23/05/2011
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NBR 6115: Materiais refratários isolantes - Determinação da densidade de massa aparente (1996)
NBR 6220: Materiais refratários densos conformados - Determinação da densidade de massa
aparente, porosidade aparente, absorção e densidade aparente da parte sólida (1997)
NBR 6221: Materiais refratários - Determinação da densidade de massa real (1995)
NBR 6222: Material refratário - Determinação do cone pirométrico equivalente (1995)
NBR 6223: Material refratário - Determinação da refratariedade sob carga (1995)
NBR 6224: Materiais refratários densos conformados - Determinação da resistência à compressão a
temperatura ambiente (2001)
NBR 6225: Materiais refratários conformados - Determinação da variação linear dimensional (2001)
NBR 6368: Material refratário plástico - Determinação do índice de trabalhabilidade (1994)
NBR 6637: Materiais refratários - Determinação da dilatação térmica linear reversível (1995)
NBR 6945: Materiais refratários - Determinação do teor de umidade de matérias primas e de refratários
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NBR 6946: Materiais refratários - Determinação granulométrica por peneiramento de matérias-primas
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projeção, concretos isolantes, densos e de fluência livre (2001)
NBR 8383: Amostragem para inspeção por atributos em materiais refratários conformados (1995)
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Rev. 0 – 23/05/2011