(Faces Da Leitura e Da Escrita) Na Teoria e Na Prática - O Ensino de Leitura
(Faces Da Leitura e Da Escrita) Na Teoria e Na Prática - O Ensino de Leitura
(Faces Da Leitura e Da Escrita) Na Teoria e Na Prática - O Ensino de Leitura
Even3 Publicações
1a. edição
2020
Diagramação: Roger Henrique Pozza
Capa: Roger Henrique Pozza
Revisão: Autores
APRESENTAÇÃO
Os organizadores
P á g i n a | 13
ABSTRACT
This article presents a panoramic review of BNCC (National Curriculum for Brazil),
related to the reading axis from a view of the French line discourse analysis - DA.
The main objective is to point out the document's assumptions about the English
language teaching - reading axis - in a global perspective, presenting elements of
discourse analysis that dialogue with the skills listed in the BNCC and that, in a
certain way, can guide teachers about reading activities to be applied in the
classroom.
“(...) a língua não existe fora dos sujeitos sociais que a falam e
fora dos eventos discursivos nos quais eles intervêm e nos
quais mobilizam suas percepções, seus saberes quer de ordem
linguística quer de ordem sociocognitivas, ou seja, seus
modelos de mundo”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A BNCC tem como objetivo fundamental a diminuição das
desigualdades em relação ao ensino oferecido em um país
continental como o Brasil. No entanto, o desenvolvimento das
habilidades e competências apresentadas no documento
dependerá da atuação do professor e em sua capacidade de
selecionar atividades e vivências, e de promover sequências
didáticas que permitam aos alunos o desenvolvimento das
habilidades e competências ao longo de sua vida acadêmica.
Os conceitos e pressupostos da AD poderão auxiliar os
professores na diminuição da fragmentação no ensino de línguas,
na ampliação do repertório cultural e na apropriação de uma língua
que não é a sua materna, mas que comunica e que garante a
comunicação em um mundo globalizado e multicultural.
No entanto, há de se pensar a formação de professores de
língua inglesa em uma perspectiva multicultural para atender aos
eixos propostos no documento.
REFERÊNCIAS
Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Educação é a Base.
Brasília, MEC/CONSED/UNDIME, 2017.
INTRODUÇÃO
Os sujeitos, ao realizarem as práticas sociais de leitura e de
escrita, partem de um lugar social e de um tempo específicos a fim
de usar a linguagem/língua como forma de interagir entre os seus
interlocutores nas mais diversas experiências vivenciadas por eles
nesses processos.
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1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A noção de leitura e de escrita assumida pelo professor é
central para sua realização, visto que isso norteará todo o fazer
pedagógico desse professor, imputando consequências sobre o
modo de praticar leitura e escrita. Essa orientação está
inevitavelmente ligada à noção de linguagem assumida pelo
professor. Desde Freire (2019, p. 23), já tínhamos assumido que a
definição de linguagem que respalda o trabalho do professor
2 PRODUÇÃO DE RRP
A atividade de produção de RRP é uma metodologia
frequente no meu ato de ensinar/desenvolver as práticas de leitura
e de escrita no meu ofício de professor da Educação Básica e, além
de considerá-las práticas socioculturais, portanto, passíveis de
ensino-aprendizagem, auxiliam no ato de forjar leitores e escritores
críticos, conforme se espera das redes de ensino no atual contexto
de nossas sociedades.
Assim, desde o primeiro contato, já na primeira semana de
aula com meus alunos, proponho que produzam RRP, os quais
inicialmente são do ano letivo anterior e, no decorrer do ano
escolar, são relatos dos períodos/bimestres que existem no ano
escolar. Portanto, cada aluno, em média, produz quatro RRP por
ano na disciplina de língua portuguesa por mim ministrada.
Para os alunos das séries concluintes, o último RRP a ser
produzido no ano escolar é bastante especial. Primeiro, porque já
estão imersos na prática regular de produção, leitura e
apresentação dos RRP, o que se configura, portanto, como um fazer
cotidiano desses alunos enquanto desenvolvem suas habilidades e
competências de língua portuguesa, inseridos como sujeitos de sua
aprendizagem escolar; segundo, nesse caso, porque os alunos-
sujeitos vão retomar parte de sua experiência estudantil durante os
quatro anos dos anos finais do Ensino Fundamental.
Neste trabalho, nossa atenção se volta para a produção de
RRP realizados por uma turma de estudantes concluintes do 9º ano
do Ensino Fundamental de uma escola da rede pública. A escola
investigada é de número identificador pelo INEP (Instituto
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Autora: XXXXXXXX
Fonte: Banco de textos do autor.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As reflexões aqui empreendidas em volta do binômio
leitura e escrita, considerando a produção de RRP como uma
prática significativa no contexto escolar, a partir dos estudos de
Solé (1998); Brasil (1997a, 1998, 2016), Bakhtin (2003 [1979]),
Cafiero (2005), Kleiman (2008), Alves (2014), que, permitem que
assinalemos algumas considerações finais.
A primeira é a de que o texto não é apenas uma unidade
pronta, acabada e fechada em si mesmo, mas, sobretudo, um lugar
de produção de sentidos, visto que leitura e escrita são
compreendidas como atividades socialmente engajadas. Assim,
constituem processos de interlocução entre autor-texto-leitor e
não uma relação de hierarquias.
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REFERÊNCIAS
ALVES, M. de F. Leitura, compreensão de textos e formação
docente. In: PEREIRA, R. C. M. (Org.). Prática de Leitura e Escrita
na Escola: construindo textos e reconstruindo sentidos. João
Pessoa: Editora da UFPB, 2014.
RESUMO: Este trabalho discute sobre leitura e seu ensino a partir de dois objetivos
principais: refletir sobre o processo de interação entre produtor e leitor via texto
escrito e apresentar uma proposta de atividade com base nessa reflexão. Para isso,
assumimos os pressupostos teóricos elaborados pelo Círculo de Bakhtin acerca de
linguagem e interação, em torno dos quais, com base em Andrade (2020), podemos
pensar em uma proposta bakhtiniana de leitura, intitulada dialógico-interacionista.
Como abordagem metodológica para o ensino de leitura na educação básica,
defendemos o uso da aprendizagem cooperativa, abordagem que, segundo
discutimos, permite a troca de conhecimentos entre os sujeitos aprendizes com foco
em uma interação da qual todos participam responsivamente. Articulando a
concepção dialógico-interacionista de leitura com a metodologia aprendizagem
cooperativa, apresentamos uma proposta de atividade de leitura voltada para o
ensino médio, em torno do tema demarcação de terras indígenas. Concluímos que,
para além de pensar a leitura com base numa proposta dialógico-interacionista, é
necessário lançar propostas de ensino que auxiliem docentes a efetivarem, na
prática, essa abordagem. Isso é importante por defendermos que somente uma
concepção teórico-metodológica como essa é capaz de formar sujeitos habilidosos
na análise crítica das construções linguístico-discursivas com as quais interagem, já
que se perfila na formação de um leitor que percebe que toda construção de
linguagem é estrategicamente elaborada por um sujeito que arquiteta ideologias
para efetivar a adesão de seu(s) interlocutor(es).
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Neste texto, buscamos refletir sobre leitura, apresentando
uma discussão teórica e uma proposta de abordagem em sala de
aula. A atividade apresentada visa o desenvolvimento do
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1ª Etapa – 20 minutos
• Em papéis, considerando o número de alunos da turma,
escreva as seguintes funções sociais: Índio, Ambientalista,
Ruralista – a favor da PEC, Político 1 – a favor da PEC e
Político 2 – contra a PEC. Se sua turma tiver 30 alunos, por
exemplo, faça 6 papeizinhos com cada função, para formar
5 equipes representativas. Esse sorteio viabiliza que os
estudantes se unam não somente com aqueles com quem
tem mais intimidade, mas também com outros colegas, os
quais também podem contribuir com a construção de
conhecimento.
• Depois, solicite aos alunos que puxem um papel e se unam
com quem foi contemplado com a mesma função.
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mesma função ser dividida entre dois alunos. Comente com eles a
importância de que considerem suas habilidades para assumir a
função.
• Certifique-se de que todo o processo cooperativo foi
realizado para poder partir para a etapa seguinte.
2ª etapa – 30 minutos
• Pergunte aos alunos o que sabem sobre demarcação de
terras indígenas. Debata com a turma e construa com eles
alguma bagagem prévia acerca desse tema.
• Leia com eles a notícia abaixo:
Marcela Diniz
13/11/2018, 17h25 - ATUALIZADO EM 13/11/2018 - 18h10
Adaptado de https://www12.senado.leg.br/radio/1/noticia/primeira-
mulher-indigena-eleita-para-a-camara-dos-deputados-alerta-para-o-
perigo-de-retrocessos-nos-direitos-dos-indios. Acesso em 13 abr. 2019.
[...]
Inclui dentre as competências exclusivas do Congresso Nacional a aprovação de
demarcação das terras tradicionalmente ocupadas pelos índios e a ratificação
das demarcações já homologadas; estabelecendo que os critérios e
procedimentos de demarcação serão regulamentados por lei.
[...].
Disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao
=14562. Acesso em 4 out. 2020.
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3ª etapa – 50 minutos
• Após um debate inicial com os estudantes, solicite que eles,
considerando as funções sociais e, por isso, os devidos
posicionamentos que defendem, produzam o rascunho de
uma publicação a ser realizada no Facebook emitindo uma
opinião acerca da notícia que leram.
• Para que produzam o texto e melhor entendam os
discursos evocados pela função social a eles imbuída, peça
ao organizador dos materiais que pesquise textos que
possam ajudá-los a construir suas opiniões. Por exemplo, a
equipe que está imbuída pela função social ruralista pode
procurar, em sítios da internet, quais as opiniões
defendidas por esses atores acerca do assunto tratado.
• Ressalte aos estudantes que, mesmo não concordando com
a função social sorteada, é necessário que, ao longo da
atividade, valorem o tema em acordo com os discursos
defendidos pela função a eles atribuídas.
• Acompanhe sempre a produção dos rascunhos e a
pesquisa dos estudantes, fazendo intervenções e
fomentando discussões.
4ª etapa – 75 minutos
• Crie um grupo no Facebook ou uma página no Instagram
com o nome Discutindo sobre a demarcação de terras
indígenas e adicione os estudantes ou peça para que eles
entrem/sigam.
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5ª etapa – 25 minutos
• Por fim, solicite aos estudantes que debatam entre si as
cláusulas do contrato e marquem com x aqueles que foram
bem realizadas pela equipe. Caso haja alguma que não
tenha sido cumprida satisfatoriamente, peça que
expliquem por que não conseguiram concretizá-la,
ressaltando que isso não os prejudicará. A intenção é
apenas que eles autoavaliem suas atitudes.
• Peça, ainda, que eles escrevam as dificuldades que
encontraram ao longo do desenvolvimento das atividades.
Isso servirá para que você, professor ou professora, faça
um diagnóstico da atividade e possa planejar outras aulas.
• Receba os contratos cooperativos e, em momento
oportuno, dê sugestões de como os estudantes poderiam
sanar os problemas que tiveram.
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Avaliação
A atividade poderá ser avaliada com base no engajamento
dos alunos ao longo do processo. O professor pode, também,
utilizar-se do contrato cooperativo para analisar como os
estudantes organizaram-se para cumprir as propostas. Pode-se
utilizar os seguintes critérios:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo norteador deste trabalho foi apresentar a leitura
em sua face dialógica e, por isso, como interação em função da qual
se tensionam pontos de vista, discursos e ideologias. Em função
dessa defesa, acreditamos ser urgente trabalhar com uma
abordagem como essa nas atividades escolares, uma vez que os
estudantes já estão imersos em práticas sociais em que, muitas
vezes, discursos de ódio são proclamados. É necessário, por isso, se
adotamos a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, 1996)
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REFERÊNCIAS
AMORIM, M. Cronotopo e exotopia. In: BRAIT, B. (org.) Bakhtin:
outros conceitos-chave. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2018, p. 95-
114.
INTRODUÇÃO
Está presente nas Políticas Públicas de Educação, em
Moçambique a ideia segundo a qual a educação desempenha um
papel fulcral na dinâmica das componentes crescimento econômico
e desenvolvimento social, promovendo o bem-estar dos cidadãos e
garantindo que os mesmos desfrutem dos benefícios do progresso
científico e tecnológico. E mais, a Política Nacional de Educação em
Moçambique tem, entre outras atribuições, a missão de avaliar,
monitorar e supervisionar os projectos políticos-pedagógicos e
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades enfatizam a decodificação, o que significa, de
certo modo, que a leitura é entendida como o ato de “extrair o
significado do texto”(LEFFA, 1996). Nessa perspectiva, o leitor faz
o reconhecimento do material linguístico e do significado que ele
fornece. Esta tendência compromete a formação de leitores pois a
leitura não vai mais além da identificação visual das palavras, por
um lado. Por outro, o leitor torna-se passivo, por conseguinte,
devendo responder conforme a perspetiva do professor,
bloqueando toda a sua criatividade.
Seguidamente, não há clareza sobre o conceito de
compreensão, isto é, comumente, no Manual, todas as questões que
incidem sobre o texto são consideradas de compreensão, mesmo
que sejam de outra natureza. Por isso, sugerimos que façam
melhoramentos nas atividades de leitura presentes no Manual e se
adote uma perspetiva de leitura interativa com vista a se formar
leitores hábeis e ativos. Por exemplo, o título do manual: “Regras
de Comunicação”, que estamos analisando, ilustra a visão da língua
sob a perspetiva estrutural.
Portanto, Morais (2006), apud Martins & Sá (2008, p.243),
destaca que, os manuais escolares, particularmente os de Língua
Portuguesa, devem constituir um contributo para ajudar a formar
leitores. As autoras destacam ainda que, o manual escolar, como
promotor da compreensão leitora, deve permitir criar uma
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REFERÊNCIAS
1. INTRODUÇÃO
O livro didático ainda é um dos materiais pedagógicos mais
utilizados pelos professores na educação básica, principalmente
nas escolas públicas, mesmo com a advento das novas tecnologias
de comunicação e informação. Na maioria das vezes, ele constitui-
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os livros didáticos costumam circulam em todos os
ambientes educacionais das instituições brasileiras e nas
residências de estudantes e professores. Podem ser diferentes no
assunto de que tratam, no formato, uso de cores, espessura, tipo de
acabamento, preço, mas todos têm algo em comum: trazerem
informação e conhecimento, colaborando no trabalho docente e na
formação dos estudantes. Longe de ser a única possibilidade de
trabalho em sala de aula, o livro didático ainda é um dos principais
materiais de apoio do professor para a formação dos estudantes, e
que, inclusive, deve contribuir em promover a reflexão e a
autonomia dos alunos, assegurando-lhes em aprendizagem efetiva
e possibilitando torna-los cidadãos participativos.
Para tanto, o livro didático deve ser isento de erros
conceituais ou preconceitos, deve incentivar o debate e estimular o
trabalho do professor dentro e fora da sala de aula. Além disso é
fundamental que sua proposta seja flexível permitindo sua
utilização em diversos contextos socioculturais e regionais, já que
as informações contidas neles são construídas a partir de
específicas conjunturas históricas, sociais, culturais, políticas,
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REFERÊNCIAS
AMARAL, E. et al. Novas palavras: volume único. 2 ed. São Paulo:
FTD, 2003. (Coleção Novas Palavras, v. 1).
INTRODUÇÃO
A leitura tornou-se tema recorrente de pesquisas,
principalmente nos ultimos quarenta anos, em diversas areas das
Ciencias Humanas, interessando, por exemplo, a Linguística, a
Literatura, a Historia, a Educaçao, a Sociologia. Seja enquanto
processo cognitivo, seja enquanto açao individual ou enquanto
pratica coletiva, a pesquisa em torno da tematica da leitura esta
longe de esgotar-se. Justamente por ser um processo dinamico,
interligado ao contexto material e sociocultural de cada momento
historico, o estudo das praticas de leitura exige constante revisao e
atualizaçao.
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los, pois nas feiras de livros, por exemplo, pode-se comprar boa
literatura por um preço muito acessível. Por outro lado, percebe-se
que a maioria dos estudantes pesquisados apropria-se de livros, e
o faz principalmente pela Internet, comprando-os ou baixando os
arquivos digitais. Mais uma vez aqui, evidenciam-se os efeitos das
Tecnologias Digitais de Informaçao e Comunicaçao (TDICs) na
formaçao academica, seja mediando o acesso aos livros, seja
substituindo os suportes impressos pelos digitais.
Perguntamos, em seguida, a opiniao dos estudantes em
relaçao a influencia da Internet sobre a leitura. Dos pesquisados,
71,9% consideram que a Internet contribuiu para uma diminuiçao
da frequencia da leitura de livros. Em uma primeira analise, ao
facilitar o acesso as informaçoes, a Internet poderia reduzir a
leitura de livros em geral (tecnicos, científicos, de literatura,
religiosos, etc.), visto que as informaçoes poderiam ser obtidas a
partir de outras fontes. No caso dos textos academicos, ganha cada
vez mais relevancia a leitura de artigos científicos, disponibilizados
por periodicos vinculados a universidades de todo o mundo, cuja
busca e facilitada atraves de apurados mecanismos que filtram os
resultados de acordo com o interesse específico do pesquisador.
Por outro lado, nos ultimos anos, houve um crescimento de livros
digitais (e-books), em todas as areas do conhecimento e de acesso
livre.
Passamos, agora, a analisar dados referentes
especificamente a literatura. Em relaçao a frequencia de leitura, dos
sujeitos pesquisados, 42,7% apontaram nao ter o habito de ler
literatura (romance, conto, poesia). Dos que leem, 10,4% disseram
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ler um livro por mes; 16,7% disseram ler um livro a cada tres
meses; 11,5% leem um 1 livro a cada seis meses; e 18,8% disseram
ler um livro a cada ano (Figura 4).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A analise dos resultados da pesquisa reitera, sobretudo, a
complexidade que envolve a leitura e suas praticas, ja que as
maneiras de ler, de apropriar-se dos textos, variam de um grupo
social para outro de acordo com sua cultura, seus objetivos,
interesses e expectativas. Os resultados revelam que as praticas de
leitura dos estudantes dos CST do IFRS-Campus Bento Gonçalves
voltam-se, prioritariamente, a necessidades pragmaticas, como
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REFERÊNCIAS
ALVES, A. L. M. S. Leitura e Universidade: comportamento de
leitura na formação do pedagogo da UFPA. In: Simpósio
Brasileiro/V Congresso Luso-Brasileiro/I Colóquio Ibero-
americano. Porto Alegre. Por uma Escola de Qualidade para
Todos. Anais... Porto Alegre: UFRGS/FEFED/PPGEDU, v. 1., 2007,
p. 1-15. Disponível em:
http://www.anpae.org.br/congressos_antigos/simposio2007/22
7.pdf. Acesso em: 25 jan. 2018.
RESUMO: A leitura é uma habilidade muito valorizada nas sociedades letradas, nela,
estão implicadas várias operações de natureza cognitiva e metacognitiva,
indispensáveis para a construção de sentidos. Assim, o presente artigo objetiva
analisar algumas estratégias de compreensão leitora observadas em duas crianças
em processo de alfabetização e letramento, que frequentam escolas públicas. Este
estudo se fundamenta nos constructos teóricos de Solé (1998), Kleiman (1995,
2016), Leffa (1996); Davis et al (2005) entre outros. Para tanto, adota- se a técnica
de análise de protocolos verbais como instrumento de investigação, a partir da obra
digitalizada de Valéria Belém (2012): “O cabelo de Lelê”, envolvendo os dois
estudantes em situações diferentes de interação com as professoras-pesquisadoras.
Os resultados do estudo revelaram que ambas as crianças acionam algumas
operações estratégicas de cunho cognitivo e metacognitivo antes, durante e depois da
leitura; no entanto, necessitam de mediação para poder ativá-las e realizar
inferências, sobretudo, implícitas. O contexto sociocultural e a vivência dos
estudantes constituem fatores relevantes para a compreensão de conteúdos e
assuntos veiculados nas obras literárias.
INTRODUÇÃO
A leitura é alvo de pesquisas de diferentes campos
epistemológicos: Psicologia, Linguística, Neurologia, Sociologia e a
Educação, que se imbricam na tentativa de explicar e compreender
os mecanismos implicados nesse fenômeno. De fato, o ato de ler “é
um processo de integração de diversas operações” (COSCARELLI;
NOVAIS, 2010, p. 36), que exigem do leitor o acionamento de
estratégias sociocognitivas e metacognitivas, indispensáveis à
construção de sentidos.
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4A2 se encontra um ano adiantado em relação à A1, durante análise não levaremos
em conta esse aspecto, por estarem no mesmo ciclo de estudo.
5Protocolo 1: parte I- duração 4: 34; parte II- duração 28: 31. Protocolo 2: duração
aproximadamente 12:00.
6 P1- Lenir Maria de Farias Rodrigues; P2- Jacilda Siqueira Pinho.
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Protocolo 1, parte I
P1: Oi! Gostaria que você me ajudasse na leitura desse livro. Posso
contar contigo?
(1) A1: Sim
(2) P1: Pegue esse livro em mãos. Dê uma folheada. Em cada
página, dá uma olhadinha.
Aluna pega o material impresso e começa a folheá-lo com
delicadeza, sem se ater a nenhum detalhe ilustrativo. A atividade
dura aproximadamente 1min. 26seg.
(3) P1: Agora, observe com atenção a imagem da capa e o título
do livro. Qual é o título dolivro?
(4) A1: O cabelo de Lelê.
(5) P1: Isso! Do que você acha que vai falar esse livro?
(6) A1: Do cabelo.
(7) P1: Essa imagem aqui (apontando para a imagem da capa): é
de um menino, de uma menina?
(8) A1: Um menino. [Responde pouco convicta].
(9) P1: Você acha que é de um menino? Professora diz
apontando para o título do livro: “O cabelo de...”
(10) P1. e A1:Lelê”.
(11) P1: Você ainda não sabe se é de um menino ou de uma
menina?
(12) A1: Não.
(13) P1: E aqui? A professora mostra uma imagem. O que está
escrito ‘nesse’ livrinho aqui?
(14) A1: Países africanos? Países africanos.
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Protocolo 1, Parte II
(1) P1: Oi. Conseguiu ler? Você teve dificuldade em compreender
o texto?
(2) A1: Um pouco.
(3) P1: Teve dificuldades em ler alguma palavra?
(4) A1: Sim...
(5) P1: Por quê? O que ela acha do cabelo dela? [...]
(6) P1: Pode falar, fala o que você entendeu até agora.
(7) A1: Ela tem cachinhos.
A entrevistadora volta na página 7 da obra, em que a
narradora onisciente demonstra o sentimento da personagem em
relação ao cabelo: “Jeito não dá, jeito não tem”. E assim questiona
A1:
(8) P1.: Você acha que tem? O cabelo dela tem jeito?
(9) A1: Para tirar os cachinhos? Acho que não.
(19) P1: O que Lelê quer tanto saber? Porque ela pergunta “- De
onde vêm tantos cachinhos? a pergunta se mantém”. O que ela
quer saber? [...] Aqui não tem certo, nem errado!
(21) A1: Ela quer saber dos cachinhos.
(75) P1: Primeiramente, você acha que Lelê puxou para quem?
Ela é parecida com quem? [...] Ela herdou esses cachinhos de
quem?
(76) A1: De toda a família, eu acho.
(77) P1: Você acha que a cultura brasileira é formada por só um
tipo de cultura ou [...] vários tipos culturas? [...] Você acha que no
Brasil tem muitas coisas misturadas?
(78) A1: Na minha é muito.
(79) P1: Você conhece uma pessoa parecida com Lelê, que tem a
mesma aparência dela? A1 balança a cabeça afirmativamente.
(75) P1: Na sua família tem gente que se parece com a Lelê? Hã?
(76) P1: A gente se parece com quem? Você se parece com quem?
(77) A1: Sabrina Sato! Diz mostrando uma pinta entre os olhos.
(78) P1: Ah... Eu achei que você fosse falar com seu pai ou sua
mãe. (Risos das duas)
(87) P1: Por que ela sentia tristeza? De que ela não gostava?
(88) A1: Cabelo?
(89) P1: Você que tem que me dizer? A1 anui afirmativamente.
(90) P1: E agora ela gosta?
(91) A1: Sim!
(92) P1: Muito bem! A Lelê ama o que vê e você concorda com
ela?
(93) A1: Sim.
(94) P1: Você acha que a gente tem que se gostar do jeito que a
gente é?
(95) A1: Sim
(96) P1: E nós somos todos iguais ou somos diferentes?
(97) A1: Sim. Somos todos inguais.
(98) P1: Como assim, não entendi?
(99) A1: Inguais, tipo tem pernas, tem pés.
Protocolo 2, Parte I
(1) P2: Primeiramente você deslize o dedo pelo celular, veja bem
as imagens, até o final da página, agora volte para o início...
(2) A2: Desliza o dedo de forma rápida e sem medo em manusear
o objeto.
P2: Vamos para a capa? Agora pode ler. Está falando sobre? Você
acha que vai falar sobre o que o livro?
(3) A2: Não sei
(4) P2: Não sabe? Quem é Lelê...Descreva como que Lelê é...Como
é Lelê ? Lá onde você parou...
(5) A2: Ela tem cabelo grande
(6) P2: Ela tem o que?
(7) A2: Cabelo grande
Protocolo 2, Parte II
(8) P2 Você conhece alguém que tem o cabelo igual da Lelê?
Coleguinhas do bairro, da sala ou da cidade?
(9) A2: Sim...da cidade
(10) P2: Meninas ou menino?
(11) A2: Menina. Minha prima Iandra:
(12) P2: Quem mais se parece com o cabelo igual da Lelê?
(13) A2: Meus dois irmãos. O Giu e o Victor..
(14) P2: Parece?
(15) A2: E eu também.
(16) P2: Você acha que se parece com seus pais no que?
(17) A2: No cabelo, no rosto..
(18) P2: Qual é a cor da Lelê?
A2: Negra
Protocolo 2, Parte IV
(23) A2: Toda pergunta existe..exige re..resposta e em um livro
vou procurar.[...]Depois do Atlântico, a África chama. E conta uma
trama de sonhos e medos. De guerra e vidas e mortes no
em..enredo(som vibrante)
(27 ) P2:Enredo?
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4 RESULTADOS E CONCLUSÕES
A partir das questões norteadoras sobre as estratégias
cognitivas e metacognitivas realizadas pelas crianças antes,
durante e após a leitura e os resultados gerados das análises dos
protocolos verbais, foi possível inferir as seguintes ponderações:
- A1 e A2 acionam o conhecimento prévio no ato de leitura, mas
necessitam de ajuda para que consigam “reavivá-los” na
memória. Apenas a visualização de imagens não é o suficiente
para a compreensão textual e atribuição de sentidos.
- Durante a leitura, as duas crianças, embora ainda pequenas,
realizam algumas inferências implícitas baseadas em outros
repertórios de leitura (desenhos animados, por exemplo),
experiências vividas ou compartilhadas, valores e crenças.
- A2, por ser da mesma etnia da personagem do livro, impetrou
maiores inferências quanto a cor, cabelo e rosto. Além disso,
conseguiu identificar-se com a protagonista, relacionando-a com
pessoas da família.
- A1 e A2 já realizam algumas operações metacognitivas, mas
ainda necessitam de apoio de um par mais competente para
realizar ações de reparo para suprir as dificuldades de
compreensão leitora.
- Ambas as crianças já realizam, eficazmente, atividades
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REFERÊNCIAS
revista.unioeste.br/index.php/trama/article/download/6811/79
77> Acesso em 01 dez.2016.
INTRODUÇÃO
No âmbito da política linguística de uma nação está presente o
processo de aquisição da linguagem em seus aspectos linguísticos
e discursivos a serem transmitidos pela escola. É nesse contexto
que se instaura a alfabetização, momento em que a criança começa
a aprender o sistema alfabético e ortográfico da língua portuguesa,
e que também ela vai aperfeiçoando alguns aspectos da sua
oralidade à medida que interage com seus semelhantes durante o
processo de ensino-aprendizagem.
Sendo assim, um país que tem por princípios fundamentais a
soberania, a cidadania e a dignidade da pessoa humana, assume
constitucionalmente a sua responsabilidade social com as políticas
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POPULAÇÃO
ANO DO CENSO NÃO ALFABETIZADA
TOTAL Nº %
a) População de 5 anos e mais
12Retirada de Ferraro (2002, p. 34): Fontes: Para 1872, 1890 e 1920, ver: Brasil,
Recenseamento Geral do Brasil 1920, v. IV, 4ª parte - População, e IBGE, Censo 1940,
os quais reproduzem os dados dos censos anteriores. Para os demais censos, ver:
IBGE, Censo demográfico, 1940, 1950, 1960, 1970, 1980, 1991, 2000. O Censo de
1900 não foi considerado em razão das distorsões sobre o analfabetismo resultantes
do subrecenseamento de extensas áreas ruais em alguns estados. Sobre isto ver:
Brasil, Receseamento Geral 1920, e Ferrari (1985).
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REFERÊNCIAS
ARAÚJO, D. S.; ALMEIDA, M. Z. C. M. de. Políticas Educacionais:
refletindo sobre seus significados. Revista Educativa. Goiânia –
Goiás, v. 13, nº. 1, p. 97 – 112, jan./jun., 2010.
1969/decreto-50370-21-marco-1961-390046-publicacaooriginal-
1-pe.html>. Acesso em: 03/12/2019.
Resumo: O presente artigo tem como objetivo refletir sobre os aspectos mais
recorrentes na disciplina Leitura Extensiva no ensino-aprendizagem de português
como língua estrangeira (PLE), especificamente no curso de licenciatura em
português na China. Tendo repensado as concepções de língua, cultura e forma-uso,
que direcionam direta ou indiretamente a programação de uma aula de Leitura
Extensiva, e com base na nossa prática pedagógica no IPM, propomos uma unidade
didática orientada pela visão de que a leitura extensiva abre espaço amplo para
tratar línguas-culturas, além de desenvolver as capacidades interculturais e de
leitura-escrita integrada. Esperamos que este artigo pode inspirar a prática de
professores de PLE na China e em outras realidades, e também possibilitar aos
interessados conhecer um pouco mais o ensino de português como língua
estrangeira na China.
1. INTRODUÇÃO
Com base na nossa prática pedagógica da atualidade como
professor de PLE, em um mundo cada vez mais globalizado e de
superdiversidade, é nosso propósito refletir neste artigo sobre o
lugar da disciplina Leitura Extensiva no ensino-aprendizagem de
português para falantes nativos de chinês, incluindo os aspectos
teóricos-metodológicos. Iniciamos o texto com uma apresentação
do ensino desta matéria no curso de licenciatura em língua
portuguesa na China, dos 1960s ao presente, na qual explicitamos
a dicotomia forma-uso da língua. A seguir, fazemos algumas
reflexões teóricas acerca das concepções de língua, de cultura no
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18 Disponível em:
https://www.dge.mec.pt/sites/default/files/Basico/Documentos/quadro_europeu
_comum_referencia.pdf
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19A ESLT desde a sua fundação tem sido responsável pela formação de tradutores e
intérpretes, especialmente tradutores e intérpretes chinês/português e
português/chinês, sendo estas as duas línguas, línguas oficiais de Macau.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo, apresentamos a situação da Leitura Extensiva
como uma disciplina ou unidade curricular no curso de licenciatura
de português na China, de um olhar crítico, buscando refletir e
repensar os conceitos relacionados com esta matéria em causa,
como a língua, a cultura e a dicotomia forma-uso, para ter melhor
elaboração dos materiais didáticas para aprendizes chineses e
assim fornecer-lhe os espaços de interação reflexiva e intercultural.
Partindo da separação das habilidades de leitura e de escrita,
ocorrida ainda comumente no ensino-aprendizagem de PLE na
China, o que não satisfaz mais as necessidades atuais dos alunos
nem os requisitos das referências para aprendizagem de línguas
estrangeiras, apresentamos uma proposta de leitura-escrita
integrada na Leitura Extensiva. Ao pensar a importância da cultura,
baseada na nossa prática com os alunos chineses, concluímos que a
aula de Leitura Extensiva é e deve ser sempre um espaço
privilegiado para tratar as questões culturais, desenvolver as
práticas reflexivas de conhecimentos mais variáveis em relação das
línguas portuguesas, pois o português é uma língua pluricêntrica, e
assim como um campo fértil para construção de identidades.
Esperamos que esse artigo pode inspirar a prática de professores
de PLE na China e em outras realidades, e também possibilitar aos
interessados conhecer um pouco mais o ensino de português como
língua estrangeira na China.
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REFERÊNCIAS
BIZARRO, R. Língua e cultura no ensino do PLE/PLS: reflexões e
exemplos. Revista LINGVARVM ARENA, v.3, p.117-131, 2012.
SOBRE OS ORGANIZADORES
Dedicam-se à organização das coletâneas Faces da Leitura e da
Escrita: teorias & práticas e MESCLAR - Matizes na Educação
Superior: conhecimentos, leituras, aplicações & reflexões.
SOBRE OS AUTORES
Prof. Dr. Alex Santana França
Professor universitário, pesquisador e escritor. Possui graduação
(Licenciatura e Bacharelado) em Letras Vernáculas pela
Universidade Federal da Bahia (2002-2009), Especialização em
Metodologia do Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e
Indígena pela Faculdade de Ciências Educacionais (FACE) e
Argumento Pós-graduação (2008-2010), Mestrado em Letras pelo
Programa de Pós-graduação em Literatura e Cultura pela
Universidade Federal da Bahia (2010-2012) e Doutorado em Letras
pelo Programa de Pós-graduação em Literatura e Cultura da
Universidade Federal da Bahia (2014-2018). Desenvolve pesquisa
sobre literatura, fotografia e cinema de países africanos e
afrodiaspóricos. Tem poemas e textos acadêmicos publicados em
livros, revistas eletrônicas e impressas, e em anais de eventos
nacionais e internacionais. Possui experiência docente na educação
básica, técnica e superior (graduação e pós-graduação). Atua na
curadoria e crítica de cinema. (Texto informado pelo autor)