08 Tomas de Aquino e Dante Coleção Os Pensadores 1988 1

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Palavra do mês - Dezembro


2015

“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me


consagrou pela unção para evangelizar os pobres;
enviou-me para proclamar a libertação aos presos e
aos cegos a recuperação da vista, para restituir a
liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano da
graça do Senhor” (Lc 4, 18-19).
 
Jesus também tinha a sua “carteira de identidade”.
 
Quando Ele quis revelar-se ao mundo, após seus trinta
anos de escondimento e submissão em Nazareth, o
fez através destas Palavras do profeta Isaías, que
proclamou na sinagoga da sua cidade:“O Espírito do
Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou
pela unção para evangelizar os pobres; enviou-me
para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a
recuperação da vista, para restituir a liberdade aos
oprimidos e para proclamar um ano da graça do
Senhor”. (Lc 4, 18-19). E terminando a leitura disse
solenemente: “Hoje se cumpriu aos vossos ouvidos
essa passagem da Escritura”(Lc 4, 21).
 
Jesus tinha clareza desta sua identidade de “servo” de
Javé, de servo sofredor (cf. Is 53), seu nome “Je-
shuah” expressa o rosto do Pai Misericordioso, Deus
salva.
 
Neste sentido, Ele pôde afirmar com toda a autoridade
para Filipe: “Quem me vê, vê o Pai!” (Jo 14,9). Com
toda razão, o Papa Francisco, na sua bula de
proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia
“Misericordiae Vultus” (O Rosto da Misericórdia) nos
convida a contemplar, no Cristo, a plena revelação do
Pai, aquela “imagem” que a escritura proibia de pintar
ou esculpir, pois só o Cristo podia revelá-la de forma
surpreendente e inesperada! “Ele é o resplendor da
Glória do Pai, a expressão do seu ser” (Hb 1, 3) “Ele é a
imagem do Deus invisível...” (Col 1, 15). Este Deus que
os judeus esperavam revestido de “Glória e
esplendor”, como “Rei todo poderoso” para libertar
Israel do poder dos pagãos e levar o seu povo
escolhido a dominar sobre o mundo inteiro, se
apresenta como servo sofredor, fraco, “em tudo
semelhante aos irmãos... Misericordioso e digno de
confiança, a fim de espiar os pecados do povo”... (Hb
2, 17), “Cordeiro levado ao matadouro... calado, sem
abrir a boca... sem beleza para atrair o olhar... o mais
desesperado e abandonado de todos...” (cf. Is 53, 1ss).
 
Talvez por isso o próprio João Batista ficou perplexo,
num determinado momento da sua vida, enquanto
estava preso, na escuridão da prisão e da sua “noite
espiritual” e mandou perguntar se era mesmo Jesus
aquele Messias que Ele tinha anunciado. A resposta
de Jesus foi clara. Ele reafirmou com força os “traços”
da sua “carteira de identidade”: “Ide contar a João o
que vedes e ouvis: os cegos recuperam a vista, os
coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos
ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres é
anunciado o Evangelho; e feliz aquele que não se
escandaliza a meu respeito.” (Lc 7, 22-23)
 
Ainda hoje o mundo fica escandalizado perante este
“rosto” de Deus: “a Palavra e o conceito de
Misericórdia parecem criar mal-estar aos homens... Ele,
na sua autossuficiência tecnológica e do domínio do
mundo, parece não querer deixar espaço para a
Misericórdia de Deus” (MV 11) .Mesmo por isso, Papa
Francisco nos chama a proclamar com força e revelar
concretamente esta Misericórdia no nosso tempo, e a
sermos testemunhas autênticas deste amor que
“desce” e que, por isso, manifesta o Rosto da
Misericórdia do Pai. Precisamos “surpreender”,
“chacoalhar” o mundo com a Misericórdia,
despertando-o do torpor em que se encontra!
 
“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me
consagrou pela unção para evangelizar os pobres;
enviou-me para proclamar a libertação aos presos e
aos cegos a recuperação da vista, para restituir a
liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano da
graça do Senhor” (Lc 4, 18-19).
 
O Espírito Santo tinha descido sobre Jesus de
Nazareth no seu batismo, em forma de pomba (cf. Lc 3,
22) e a “pomba” era a oferenda dos mais pobres. Este
Espírito “Pai dos pobres”o leva a descer com Ele entre
os pecadores, que iam ser batizados no rio Jordão;
entre os pobres que necessitam ser evangelizados;
entre os presos que precisam ser soltos; entre os
cegos que precisam ver e os oprimidos que
necessitam de libertação. O Espírito, o “Paráclito” =
“Advogado”, que responde ao grito, ao clamor dos
que sofrem. Revela a Missão do Senhor como uma
chuva de graça sobre a humanidade, um novo
“dilúvio”, não mais para eliminar a humanidade
pecadora, mas para eliminar o pecado.
Transformando, pela Sua graça, os pecadores em
santos e testemunhas da Sua Misericórdia, como disse
Jesus para Santa Faustina e como repete São Paulo:
“Pela graça fostes salvos, por meio da fé, e isso não
vem de vós, é o dom de Deus!” (Ef 2, 8).
 
Desde a sua concepção, o Senhor surpreendeu e
contradisse todas as expectativas do povo de Israel.
Ele sempre “desceu”: desceu do céu no seio de uma
virgem; desceu numa gruta no meio dos animais e dos
pastores “impuros”; desceu em Nazareth onde esteve
“submisso”; desceu no rio Jordão no meio dos
pecadores; desceu no meio dos pobres, excluídos,
marginalizados, leprosos, pagãos, prostitutas,
endemoniados, famintos; desceu tornando-se apenas
“coisa”, “objeto” em nossas mãos na Eucaristia.
Desceu despojando-se, assumindo a forma de um
escravo, humilhando-se, fazendo-se obediente até a
morte e à morte de Cruz! (cf. Fl 2, 8) Ele desceu mais
ainda tornando-se menos do que homem “sou verme
e não homem, opróbrio dos homens, desprezado do
povo” (Sl 22, 7). Desceu até a escuridão do sepulcro e,
não contente, desceu até o “inferno”, antes de ser
exaltado, pelo Pai, acima de tudo.
 
Papa Bento XVI dizia que Jesus sempre desceu e só
subiu na Cruz por nosso Amor. Assim, com Ele,
precisamos “descer por esta ponte até aqueles que
sofrem para alcançar a altura de Deus”.
 
Temos certeza que o Senhor voltará a surpreender-
nos neste tempo como no tempo da sua encarnação.
Hoje existem muitos profetas de desventuras e
catástrofes. Pessoalmente estamos convencidos que o
Senhor prepara a humanidade para um novo
“Pentecostes de Misericórdia” de que vemos e
testemunhamos as primícias. Deus é Amor! Ele é Pai e,
se permitir alguma purificação, cremos que seja para a
nossa correção, pois quem ama, corrige! Acima de
tudo, porém, cremos na revelação que São João fez
uma vez para Santa Gertrudes. Ele convidou a santa a
reclinar sua cabeça junto com a dele, no peito do
Senhor. Ao perceber o calor e o júbilo do palpitar do
Coração de Jesus, Gertrudes perguntou por que o
evangelista não tinha revelado este mistério nos seus
escritos e João respondeu que aos “últimos tempos
estava reservada a graça de ouvir a voz eloquente do
Coração de Jesus. A esta graça o mundo envelhecido
rejuvenescerá: sairá de seu torpor, e o calor do amor
divino inflamá-lo-á de novo” . 
 
“O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me
consagrou pela unção para evangelizar os pobres;
enviou-me para proclamar a libertação aos presos e
aos cegos a recuperação da vista, para restituir a
liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano da
graça do Senhor” (Lc 4, 18-19).
 
Este é o tempo favorável!Como viver esta Palavra
neste tempo? “Um ano de Misericórdia”, cita o Papa
Francisco na bula ao comentar esta Palavra de Lucas
4, 18-19, “isto é o que queremos viver” (MV 16) . Trata-
se de descer com Jesus, com gestos concretos de
amor, com aquela “criatividade” do Espírito para uma
nova evangelização. Os homens do nosso tempo
querem ainda “ver Jesus” e nós podemos torná-Lo
visível deixando viver em nós os traços da sua
“carteira de identidade”.
 
Maurício, um acolhido nosso, após 10 anos vividos na
rua e 27 nas drogas, veio nos procurar, cheio de
alegria, para nos agradecer. Eu sou uma nova criatura
dizia, porque conheci o Senhor, experimentei o seu
amor porque vocês não desistiram de mim... Quantas
vezes caí e vocês me levantaram! Perdi-me e vocês
me procuraram! Até que eu me rendi à Sua
Misericórdia! Eu nasci de novo e agora estou livre, pois
conheci o Amor do Senhor. Eu queria com vocês levar
Jesus, a Sua Misericórdia, para quem ainda não
conhece o Seu Amor.
 
Descemos com Cristo, para mostrar o Cristo não pelas
palavras e, sim, pelo Seu Amor Misericordioso,
compassivo, paciente, como fez Madre Teresa quando
um muçulmano lhe disse: “Agora sei que Jesus é vivo:
eu o vi no amor com que as suas mãos cuidaram das
feridas da minha lepra!” Ele é fiel! Que a Sua
Misericórdia viva e se revele em nós!
 
 
Deus os abençoe!
Pe. João Henrique    Pe. Antonello Cadeddu
 

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