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DEVELOPMENT AND ENTREPRENEURSHIP

6. FINANÇAS PARA EMPREENDEDORES

Muitas vezes, ao iniciar um novo projeto, o empreendedor comete os seguintes erros


comuns: uma má previsão, objetivos irreais ou falta de conhecimento do aspecto
financeiro que envolve o desenvolvimento de um negócio.

É de vital importância para o negócio conhecer o que se tem em mão e como lidar com
ele. Muitas vezes, a separação entre sucesso e fracasso é determinada pelo
conhecimento (ou ignorância) dos fundamentos básicos necessários para fazer crescer
o projeto. Embora existam gerentes que estão encarregados dos aspectos financeiros
do projeto, é sempre bom conhecer seus prós e contras.

Os erros mais habituais no início destes projetos são:

 Previsões pouco ou nada realistas. Exceto para startups, onde a empresa é


novidade e não há dados anteriores, quando se fazem previsões de um negócio
há que ser o mais realista possível. Não se deve tentar fingir um conhecimento
de algo que não é conhecido, ao menos se deveria realizar um estudo para tentar
determinar, da melhor forma possível, como funcionará a empresa. Não é
correto prever altos lucros e minimizar gastos. Em mais de uma ocasião, o
primeiro que sucede num negócio novo são perdas. Quanto mais conscientes
formos da realidade, mais ajustado será o resultado do projeto.

 Marcar objetivos ambiciosos. Alcançar um objetivo depois de muito trabalho é


muito satisfatório, mas nem sempre é alcançado, muito menos num projeto que
acaba de ser iniciado. Ao contrário do que fazem as grandes marcas, é
aconselhável reduzir o horizonte a objetivos realistas, dar um passo de cada vez
e poupar o máximo de energia. Voltando às previsões, o empreendedor deve
entender que por mais pequeno que seja o objetivo proposto, deve sempre
responder à pergunta "como faço para alcançá-lo?".

 Não prever diferentes cenários. Pensar que a única opção é um cenário bem-
sucedido é outro dos erros mais comuns. A melhor maneira de adaptar-se ao que
está para vir é ter pelo menos três cenários com os quais nos podemos

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encontrar, de modo que a margem de manobra seja maior: um cenário de


fracasso (cenário pessimista), um cenário de sucesso (cenário otimista) e um
cenário de mínimos para que o projeto seja minimamente satisfatório (cenário
realista).

 Não distinguir entre as contas da empresa e as contas pessoais. O dinheiro da


empresa não deve ser misturado com o pessoal e não se deve confundir o
dinheiro da empresa com o seu.

 Não atualizar as despesas ao volume da atividade. Os gastos devem ser revistos


periodicamente e não somente uma percentagem de venda.

 Outro erro habitual consiste no facto de não possuir um Conhecimento mínimo


de finanças.

Na seção a seguir apresentaremos as fundações financeiras imprescindíveis para um


empreendedor de modo que não caia em erros. As bases de contabilidade serão
expostas com o objetivo de proporcionar um conhecimento mínimo das contas e
conceitos básicos sobre financiamento, custos de produção, etc.

6.1 ESTADOS FINANCEIROS

A contabilidade fornece muita (e muito valiosa) informação sobre a empresa. Esta


informação é recolhida nas demonstrações financeiras e é apresentada sob forma de
relatórios denominados contas anuais. As demonstrações financeiras têm uma tem uma
dupla exposição de dados:

 A nível exterior. É a contabilidade financeira e apresenta os resultados


patrimoniais, financeiros e contábeis. Também fornece informações à
administração pública sobre o cumprimento dos regulamentos.

 A nível interno. É a contabilidade da gestão e provê informações sobre a própria


empresa, a sua capacidade, as suas despesas e lucros, os custos de produção,
etc.

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A elaboração das contas anuais é obrigatória e deve ser depositada no Registo Mercantil
para que possam ser consultadas. Como este manual está dirigido ao empreendedor e
o volume de seu projeto vai para a categoria de pequena empresa, os dados financeiros
que obrigatoriamente deve realizar são os seguintes:

 O balanço patrimonial. Reflete a situação patrimonial da empresa. É constituído


por ativos, passivos e património líquido, pelo que representa a estrutura dos
ativos e direitos da sociedade e os meios de financiamento com os quais foram
obtidos. O saldo é representado como um documento dividido em duas partes:
à esquerda o ativo (com seus ativos e direitos) e à direita as fontes de
financiamento compostas pelo patrimônio líquido e o passivo. O saldo deve
refletir um equilíbrio absoluto entre o ativo, que forma a estrutura econômica e
a rede e os passivos, que formam a estrutura financeira:

PATRIMÔNIO LÍQUIDO
ATIVO
PASSIVO

 A conta de ganhos e perdas (ou conta de resultados). Reflete o resultado


económico do exercício ao realizar a diferença entre a coluna de entrada de
benefícios e despesas e perdas.

 A memória. Amplia e conclui as informações que os documentos difundem os


documentos anteriores. Inclui a informação mínima obrigatória e tudo o que é
necessário para dar conta da situação e do exercício da empresa durante o
exercício e deve fornecer dados qualitativos sobre eles.

A informação financeira deve cumprir os seguintes requisitos:

- Deve ser objetiva.

- Deve ser comprovável.

- Deve ser fiável. As auditorias internas e externas garantem este requisito.

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- Deve ser completa.

- Deve ser relevante.

- Deve ser oportuna a atualizada.

- Deve ser clara.

Se a informação contida for objetiva significa que não está apresentada sob qualquer
prejuízo, desvio ou obliquidade que esconda a verdadeira realidade. A informação
objetiva e neutra pode ser verificada sem dificuldade. As auditorias possibilitam verificar
se as informações fornecidas se adequam à realidade, de modo que lhe darão
confiabilidade (é um marco importante, pois as empresas precisam gerar confiança para
crescer). Essa informação financeira deve ser completa e relevante significa que nenhum
dado deve ser deixado de fora dos relatórios. Caso contrário, estaríamos confrontados
com alguns dados que não seriam totalmente verdadeiros e não seriam úteis em uma
tomada de decisão importante. Recorde-se que a função das demonstrações financeiras
é facilitar a análise e o controle das decisões e determinar se uma política tem sido boa
ou não (e, neste caso, para corrigir o curso no tempo). Portanto, informações relevantes
e abrangentes mostrarão os riscos aos quais a empresa está exposta no futuro.
Finalmente, a clareza da informação permite que qualquer pessoa que consulta as
demonstrações financeiras para formar um juízo adequado sobre o estado da empresa
e pode enfrentar com garantias a tomada de decisão. Além disso, se todas as
informações em conjunto satisfizerem estes requisitos, pode ser comparada com a
situação de outras empresas e contrastar a sua situação e rentabilidade, possíveis riscos,
etc.

Esses requisitos são refletidos no plano geral de contabilidade (PGC), que é também a
norma que rege a contabilidade das empresas.

Antes de alargar os elementos das demonstrações financeiras, é aconselhável examinar


alguns princípios contabilísticos de cumprimento obrigatório. Para além dos requisitos
acima referidos, estes princípios ajudarão a dar uma imagem credível do estado da
empresa:

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 Princípio de empresa em funcionamento. A menos que exista prova contrária,


se considera que a gestão da empresa estará em funcionamento no futuro
previsível, de modo que a informação refletida não terá como objetivo a
transmissão ou liquidação da empresa.

 Princípio de registro. As transações ou factos económicos se registam quando


ocorrem, refletindo no exercício ao qual as contas anuais se referem as despesas
e receitas que o afetam.

 Princípio de uniformidade. Se se adota um critério, deve ser mantido no tempo


e aplicado de forma igualitária nas transações, eventos e condições semelhantes,
desde que a suposição que motivou a escolha do critério não seja alterada. Se
essas suposições forem alteradas, os critérios selecionados poderão ser
modificados. Deve refletir-se no relatório, indicando a incidência quantitativa e
qualitativa nas contas anuais.

 Princípio de prudência. Sem o risco de prejudicar uma imagem fiel, o PGC


determina que as estimativas e avaliações em condições de incerteza devem ser
prudentes.

 Princípio de não compensação. A menos que a norma assim o estabeleça, não


se podem compensar os ativos e passivos das despesas e rendimentos e há que
avaliar separadamente os elementos que integram as contas.

A contabilidade deve alcançar três objetivos: explicar a estrutura econômica (reflexando


o ativo), explicar a estrutura financeira (reflexando o passivo) e demonstrar os
resultados da empresa (através da conta de ganhos e perdas). O PCG indica em que
consiste cada um deles:

 Ativos: móveis, marcas, dinheiro, bens, patentes, carros etc. Qualquer bem,
direito ou outro recurso controlado financeiramente, resultantes de eventos
passados, com os quais se espera ganhar benefício econômico ou algum
rendimento no futuro.

 Passivos: dívidas, obrigações, indenizações... estas são as obrigações atuais


decorrentes do passado. A fim de extingui-los, a empresa espera se livrar dos

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recursos destinados a produzir lucros ou retornos no futuro. As provisões são


incluídas, que são uma parte que é reservado para os pagamentos cujo o valor é
sabido adiantado.

 Patrimônio líquido: capital social, subsídios, doações. É uma parte residual dos
ativos uma vez que todos os seus passivos foram deduzidos. Inclui contribuições
de membros ou proprietários que não são considerados passivos.

 Rendimentos: aumentos de patrimônio durante o ano, a forma de entrada ou


aumento de valor dos ativos, mas também pode ser a diminuição de suas
responsabilidades, desde que sua origem não vem de contribuições de parceiros
ou proprietários.

 Gastos: estas são as diminuições que ocorrem nos ativos líquidos durante o ano,
por partidas ou diminuindo o valor dos ativos, ou aumentando o valor do passivo.

Os ativos, passivos e patrimônio líquido são calculados no balanço patrimonial,


enquanto os rendimentos e despesas são registradas na conta de perdas e ganhos.

Dentro dos ativos e passivos, eles podem ser classificados em corrente e não-atual ativo
e não-corrente passiva e passiva atual:

 Ativo circulante: é composto pelos elementos patrimoniais do processo de


compra/venda e que estão sujeitos a um processo de renovação. Eles podem ser
ações (destinadas à venda ou participantes no processo de produção), dívidas de
curto prazo, curto prazo ou investimentos em tesouraria (dinheiro líquido
disponível). O período de um ano ou menos é considerado curto prazo.

 Ativo não circulante: constituído pela estrutura produtiva da empresa. São os


elementos patrimoniais que representam os investimentos não destinados à
venda. Estes tipos de ativos são recuperáveis após vários exercícios económicos.
Podem ser intangíveis (elementos intangíveis economicamente valorizados),
materiais ou financeiros de longo prazo (investimentos realizados pela empresa).
É considerado um período de longo prazo de mais de um ano.

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 Passivo circulante: estas são as dívidas utilizadas para financiar ativos correntes.
A maturidade é geralmente a curto prazo e a pagar por terceiros.

 Passivo não circulante: são as dívidas da empresa que foram utilizadas para o
financiamento de ativos não correntes. A maturidade é geralmente mais de um
ano e é pagável por terceiros.

Para controlar cada um desses elementos e ter as informações contábeis apropriadas,


cumprindo os critérios mencionados, a contabilidade usa registros feitos através das
contas, que permitem representar e medir um elemento patrimonial mostrando o seu
ponto inicial e as suas variações durante um determinado exercício: se mostrarão os
aumentos de valor do elemento patrimonial através das cobranças e lucros, e as
reduções através de pagamentos.

O movimento nas contas é, em verdade, duplo, uma vez que, ao adquirir um bem, o
património aumenta, mas cria uma despesa monetária que prejudica a liquidez da
empresa ou aumenta sua dívida. Graficamente, se pode representar da seguinte forma:

DE ATIVO
CONTAS DE BALANÇO
DE PASSIVO

DE COMPRAS E GASTOS
CONTAS DE RESULTADO
DE VENDAS E GANHOS

Este sistema caracteriza-se pelo facto de existirem uma ou mais contas devedoras e uma
ou mais contas credoras em cada lançamento contabilístico. As contas são
personificadas à medida que forem capazes de dar e receber, aumentar e diminuir. Além
disso, o que se anota no DEVE tem que ser igual ao que é registrado no HAVER. A ação
de marcar uma operação contábil chama-se assentar. Os lançamentos são anotações
completas de uma operação.

A maneira mais difundida para fazer essas anotações conhecesse como entrada
dupla. Consiste em gravar duas vezes, no DEVE e HAVER, cada operação, de
modo que se estabeleça uma relação de movimento. Visto que se estabelece

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uma relação entre o DEVE e HAVER, deve haver sempre uma concordância entre
si, de modo os assentos serão sempre quadrados.
As contas de ativo funcionam da seguinte forma:
DEVE HAVER

+ -

Estes tipos de contas aumentam seu valor pelo DEBE e diminuem pele HAVER, portanto,
os aumentos do ativo se anotam na parte esquerda e as diminuições na parte direita.

As contas de património ativo e passivo funcionam da seguinte maneira:

DEVE HAVER

- +

Representam a forma como os recursos são adquiridos para que a empresa tenha os
bens e direitos com os quais exerce a sua atividade. Nestas contas, o aumento do valor
se dá no HAVER e na diminuição do DEVE, de modo que os aumentos são marcados à
direita da conta e as diminuições à esquerda.
Quanto a contas de resultados, se devem dividir nas contas de rendimentos e de contas
de gastos.
Nas contas de rendimentos ficam registrados os aumentos líquidos do ativo (ou
diminuições de passivo) que geram um aumento do património líquido. Nascem do
HAVER, só recebem anotações no HAVER e somente se apresentam um saldo credor ou
um saldo negativo, a zero. Sua representação é feita da seguinte maneira:

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CONTAS DE GANHOS

DEVE HAVER

Diminuições

Saldado a 31 de Aumentos

dezembro

Nas contas de gastos, ficam registradas as diminuições líquidas do ativo (ou aumentos
de passivo) que geram um descenso no património líquido. Nascem do DEVE, somente
recebem anotações do DEBE e apresentam saldo devedor ou saldo negativo, igual a
zero. Se representa da seguinte maneira:

CONTAS DE GASTOS

DEVE HAVER

Diminuições

Aumentos Saldado a 31 de
dezembro

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Resumimos as tabelas na seguinte proposto:

AUMENTAM DIMINUEM

DE ATIVO PELO DEVE PELO HAVER


CONTAS DE BALANCE
DE PASSIVO PELO HAVER PELO DEVE

DE COMPRAS E
CONTAS DE GASTOS PELO DEVE
RESULTADOS
DE VENDAS E GANHOS PELO HAVER

6.1.1 Livros contábeis

De acordo com as regulamentações vigentes, as empresas são obrigadas a submeter


seus Livros de Contabilidade. O código de comércio estabelece que a contabilidade deve
ser realizada de forma ordenada, adequada à atividade realizada e que permite um
acompanhamento cronológico de suas atividades e a elaboração de saldos e inventários.
Como resultado, a empresa deve sempre ter um livro de inventários e contas anuais e
um livro diário.

O livro diário é composto por assentos requisitados cronologicamente. Neste livro,


como o seu nome indica, serão representadas as operações diárias da empresa. Se
admite a anotação conjunta de totais de operações para períodos não superior a um
trimestre, desde que os detalhes sejam anotados em outros livros ou registros
correspondentes.

Existe também o livro maior, composto por um livro ou conjunto de folhas contábeis
em que os elementos patrimoniais são representados com os aumentos e diminuições
que podem sofrer. Sempre que se anota algo no livro diário, esta informação deve ser
refletida no livro maior.

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6.1.2 Ciclo contábil

As operações contábeis são realizadas no chamado ciclo contábil. É normal começar a 1


de janeiro e terminar em 31 de dezembro, embora seja possível encontrar exercícios
que iniciam um determinado dia do ano e terminar o dia anterior do ano seguinte.

Em qualquer caso, o ciclo contábil consta dos seguintes elementos:

- Lançamento de abertura. É o primeiro lugar que abre o ciclo contábil. Consiste


em marcar o ativo no livro diário deve e os passivos no Haber. O libro maior
também deve reabrir as contas.

- Fatos contabilísticos. São os que são gerados durante o exercício contabilístico


e são registados nos dois livros.

- Balanço de somas e saldos. Permite que se verifique se há erros na contabilidade


dos dois livros. Se comprova a soma do DEVE acrescido dos saldos das contas dos
ativos e de despesas e deve ser igual à soma do HAVER e dos saldos credores das
contas passivos e de rendimentos.

- Regularização. Se realiza quando se comprova o balanço de somas e saldos.


Nesse momento o resultado da empresa é calculado. Para concluir o exercício,
devem-se fechar as contas de compras e despesas e seus saldos devedores, e
fechar as contas de vendas e rendimentos e seus saldos de credores. Os saldos a
receber das contas de compras e despesas passam ao HAVER contra a conta de
ganhos e perdas, e os saldos credores passam ao DEVE contra a conta de ganhos
e perdas.

- O saldo das contas de ganhos e perdas, uma vez obtido o DEVE e o HAVER, dá-
nos o resultado do exercício.

- Encerramento. É feito após a regularização e depois que todas as contas sejam


canceladas, que deve ser deixada a zero. O saldo da dívida é registrado na conta
e no saldo de crédito no débito.

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6.2 DIREÇÃO FINANCEIRA

Além da contabilidade, o empreendedor deve ter algumas noções sobre finanças. Nesta
seção, vamos expor conceitos básicos de gestão financeira, tais como o ciclo financeiro,
investimento, autofinanciamento, cash flow ou scorecard, e desenvolver algo mais dos
elementos vistos na contabilidade.

No que diz respeito aos investimentos de ativos correntes e não correntes, o primeiro é
considerado a curto prazo e o segundo a longo prazo. O investimento ativo é realizado
para assegurar o funcionamento do ciclo de exploração (se nossa companhia imprime
as peças 3D e nós queremos ter mais estoque de matérias-primas, teremos que fazer
um investimento para o conseguir). Contrariamente, o investimento de ativos não
correntes ocorre quando se usa no processo de produção ou, às vezes na sua venda (se
detectarmos uma demanda por uma peça impressa em 3D que não fabricamos e
determinarmos que seu fabrico será rentável, nós faremos um investimento deste tipo).

6.2.1 O ciclo financeiro

Visto que este tipo de investimento é feiro durante o ciclo financeiro, devemos saber
exatamente o que é. Consiste no período entre a aquisição de matérias-primas, a sua
transformação em produtos acabados, a sua venda, a documentação de uma conta a
receber e a obtenção de dinheiro para reiniciar o ciclo novamente. Começa com a
aquisição de recursos, ou financiamento, que então se aplicam à compra e pagamento
de bens de ativos fixos (investimento). Estes bens são gradualmente liquidados através
do processo de amortização, que mais não é do que a incorporação do seu valor
consumido em cada ciclo de produção ao custo de produção e que afeta a recolha de
vendas.

Existe também um outro ciclo, o de longo prazo. Está associada à renovação do ativo
não circulante da empresa, no qual encontramos os ativos amortizáveis (aqueles cujo
valor diminui com a passagem do tempo, uso, deterioração ou outras causas além das
mudanças nos preços no mercado. Essa diminuição deve ser registrada nos livros
contábeis) e os ativos não amortizáveis (neste caso, a sua diminuição não é amortizável,
como certos investimentos imobiliários tangíveis, intangíveis ou imobilizados em
andamento).

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Finalmente, há o ciclo de curto prazo, também chamado de ciclo de exploração ou de


ciclo de dinheiro-mercadorias-dinheiro. Caracteriza-se por ter uma permanência e
regularidade dentro da empresa, pois depende das condições internas do mesmo. Neste
ciclo, os investimentos estão associados ao chamado capital circulante mínimo e são
considerados apenas os investimentos necessários para atender ao ciclo operacional da
empresa. O capital circulante é a parte do capital produtivo cujo valor é transferido para
os bens produzidos e regressa, após seu investimento, ao capitalista.

Em qualquer caso, o tempo decorrido desde que a empresa faz o investimento até que
seja recuperado pela venda e recolhida do produto é conhecido como o período médio
de maturação (PMM). O PMM por sua vez divide-se em:

 Período médio de aprovisionamento: É o tempo que transcorre desde que uma


unidade monetária é investida na compra de matérias-primas até que sejam
incorporadas ao processo produtivo.

 Período médio de fabricação: É o tempo que transcorre desde que as matérias-


primas saem para a fabricação até o momento que se obtém o produto acabado.

 Período médio de vendas: O tempo decorrido desde que o produto acabado é


obtido até que seja vendido.

 Período médio de cobrança: Tempo decorrido desde que o produto é vendido


até o momento em que se cobra aos clientes

 Período médio de pagamento a provedores: É o tempo entre a compra dos bens


ou as matérias-primas e o pagamento dos mesmos aos fornecedores.

6.2.2 Análise económica e financeira

A estrutura financeira de uma empresa são os recursos financeiros que possui. Estes
recursos devem ser adaptados às previsões e estruturados da melhor forma possível
para obter a maior rentabilidade. Um investimento não lucrativo não tem razão de
existir. A é no final de contas, a relação entre o lucro e o investimento num determinado
período de tempo.

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Como vimos na inteligência estratégica, a informação que a empresa tem é vital


para fazer avaliações na tomada de decisão. Analisando as demonstrações
financeiras nos permite entender a situação atual da empresa e, se as
informações cumpriram os requisitos, também permite comparar a situação
interna com a de outras empresas. A partir daqui as conclusões podem ser
extraídas em através da análise de pontos fortes e fracos da empresa para saber
onde trabalhar mais, que direção tomar etc. Além disso, as demonstrações
financeiras podem fornecer informações de diferentes níveis, dependendo do
período de tempo ou não. Por esta razão, podem-se realizar:

 Análise estática: Faz-se num determinado período de tempo e analisa um único


balance de perdas. Esta análise é útil para conhecer a estrutura da empresa.

 Análise dinâmica: Se realiza uma análise das demonstrações financeiras em dois


momentos diferentes, assim se podem ver as diferenças que existem entre um
momento e outro. Esta análise é útil para identificar tendências.

Com estas análises, as informações resultantes indicarão a liquidez e a solvência da


empresa, o que não é nada além da capacidade que tem de obter recursos líquidos
através da sua exploração e da capacidade de lidar com a sua dívida de curto prazo
respectivamente. Outro aspecto que refletir a liquidez é o capital de giro, que é a parte
do ativo atual financiado pelo passivo circulante. Podemos determinar o fundo de
manobra, subtraindo o passivo circulante do ativo atual ou subtraindo o ativo não
circulante à soma do patrimônio líquido e do passivo não circulante. O resultado deve
ser positivo, caso contrário, a empresa não será capaz de lidar com qualquer dívida.

Existe uma outra maneira de analisar diferentes aspectos da parte financeira das
empresas, que consiste em relacionar duas magnitudes e obter um rácio. O rácio
permite, portanto, comparar diferentes cifras e expressá-las em porcentagens. Através
dos rácios, podemos comparar períodos (por exemplo, a relação que tem os custos
laborais entre os custos de produção) ou empresas diferentes (por exemplo, os
resultados de nossa empresa com os da empresa líder no setor).

A análise por rácios pode ser:

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- De liquidez: indica a capacidade que a empresa tem para lidar com sua dívida de
curto prazo através dos seus ativos correntes.

- De tesouraria: mede o mesmo que o rácio de liquidez, mas com a sua tesouraria
e os seus ativos mais líquidos.

- De solvência indica o saldo financeiro de uma empresa. Proporciona


informações sobre a capacidade da empresa para emprestar a curto e longo
prazo.

- De endividamento: indicam o nível de dívida da empresa.

Como comentamos anteriormente, a rentabilidade é a relação entre o benefício e o


investimento. Segundo o tipo de benefício que se tenha em conta, as empresas podem
determinar diferentes rentabilidades:

- Rentabilidade financeira: é o lucro líquido obtido pela empresa para cada


investimento feito.

- Rentabilidade dos ativos: sem ter em conta a forma como foram financiados, a
rentabilidade dos ativos mede a capacidade que os ativos têm de gerar valor.

- Rentabilidade dos recursos próprios relaciona os lucros obtidos com os recursos


próprios e mede a eficiência com que a empresa remunera o investimento de
seus sócios e acionistas.

- Rentabilidade sobre vendas: mede a rentabilidade da empresa e pode ser


expressa pela margem comercial que obtém.

- Rentabilidade económica: indica a rentabilidade da empresa em relação ao


investimento feito em ativos, independentemente da estrutura financeira da
empresa.

Outra forma de medir os recursos gerados pela empresa que não seja o lucro líquido é
o estado do cash flow ou dos fluxos de tesouraria. Durante um determinado período,
determina uma diferença entre pagamentos e cobranças, tornando a tesouraria final

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mais ou menos do que a inicial. Essa variação é o que constitui o fluxo ou movimento
líquido, cuja análise realiza o estado dos fluxos de tesouraria.

Por exemplo, dispomos das seguintes entradas e saídas da tesouraria quanto a um


investimento:

Entrada de tesouraria

75 125 75 100 150

75 5 110 75

100

Saídas de tesouraria

As entradas totais adicionam até 525 e as saídas, 365. Nesse caso, esse fluxo de caixa
produziria uma liquidez final de 160 unidades monetárias.

Esta análise, juntamente com o restante das demonstrações financeiras, é muito valiosa,
pois permite determinar a capacidade que a empresa tem de gerar tesouraria e as
necessidades de liquidez que ela exigirá. Com estes dados, o empresário pode ter uma
melhor opinião na tomada de decisão, como no caso de um grande investimento.

6.2.3 Custo e benefício da empresa

Quando se começa um projeto empresarial, é bom saber que despesas irá ter a empresa.
O custo pode ser definido como a mensuração e valorização do consumo feito ou
previsto pela aplicação racional dos fatores para a obtenção de um produto, trabalho
ou serviço. No entanto, esta definição é muito ampla e pode afinar-se mais ainda. Os
diferentes tipos de custos podem ser classificados de acordo com:

 Sua natureza: salários, provisões, estoques de matérias-primas etc.

 Seu centro de atividade: gastos do departamento de administração, gastos da


área I+D, etc.

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 Sua imputação: dentro destes custos estão os diretos (identificáveis no produto


ou seção, por exemplo, a despesa salarial de um trabalhador em uma cadeia de
montagem de uma empresa de automóveis) e os indiretos (não identificáveis nos
produtos, por exemplo, o custo de um trabalhador da tesouraria mesma
empresa de automóveis). Para determinar esse custo, se aplica um critério
arbitrário.

 Sua variabilidade: neste caso, pode ser diferenciada entre o custo fixo (que é
independente do volume de atividade que a empresa tem e permanece
constante) e o custo variável (que é o custo dos recursos que sofrem variações
de acordo com o volume de atividade da empresa).

 Sua representação: os custos anteriores surgem como custos totais, mas podem
ser representados também os custos unitários ou em custos médios.

 Tomada de decisões: neste caso, os custos são analisados para determinar a


direção que a empresa deve tomar, valorizando as vantagens e consequências
de tomar uma ou outra decisão de acordo com seus custos. Nas despesas de
acordo com a tomada de decisão há as despesas relevantes (despesas que são
diferentes para cada uma das alternativas que a empresa tem diante de si) e as
despesas inalteradas (os gastos incorridos ou que irão suceder dependendo da
alternativa que se siga).

 Custos históricos ou standards: esses custos são diferenciados porque os


primeiros são reais (é considerado o custo no momento de uma compra ou do
processo de produção), enquanto que os segundos são custos predeterminados
ou custos provisórios (são calculados antes iniciar a produção). A comparação
entre um e o outro é útil para conhecer a variação que tem sido capaz de
produzir e corrigir os custos padrão futuros.

Além de conhecer os tipos de despesas, o empregador precisa extrair


informações dos dados para aumentar sua rentabilidade. Por esta razão, é
interessante usar uma ferramenta que lhe permitirá tirar o máximo partido de
todos os dados disponíveis. É sobre contabilidade analítica.

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A contabilidade analítica mede a efetividade da empresa, não apenas em nível


geral, mas também no departamento ou seção por seção. O empregador tem
informações sobre cada parte da empresa, de modo que terá um horizonte mais
amplo e mais detalhado do estado de coisas na tomada de decisão. Os objetivos
propostos são a valorização dos ativos derivados do processo produtivo, o
cálculo de custos, a análise dos resultados econômicos e o planejamento e
controle da gestão.
Através da contabilidade analítica, além dos dados, temos respostas para perguntas que
a contabilidade financeira não é capaz de responder:

Contabilidade financeira Contabilidade analítica

Externo. Registra fatos que Interno. Registra fatos que

afetam a empresa com o afetam a empresa

CARÁCTER exterior: fornecedores, internamente: consumo de

bancos, os impostos, materiais, unidades

clientes etc. produzidas, gastos para


departamentos.

Sujeita a regulação
REGULAÇÃO Não sujeita a regulação.
mercantil.

Detalhes periódicos
RELATÓRIOS Resumos anuais.
segundo suas necessidades.

TEMPO Passado. Para decisões futuras.

Elaboração de
demonstrações financeiras Detalha em profundidades
OBJETIVOS (balanço patrimonial, conta a conta de ganhos e perdas
de ganhos e perdas...). para tomar decisões

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apropriadas e para avaliar


os resultados obtidos.

Quando se inicia um projeto de negócios, mesmo que seja pequeno, deve-se projetar
onde se deseja chegar por meio de um desenvolvimento corporativo no futuro. Disto
trata a planificação financeira a curto e longo prazo.

Explicamos em que consiste a estrutura financeira. Neste ponto, é apropriado aplicá-la


com uma visão de futuro. Para planificar as necessidades de financiamento da empresa,
é necessário estabelecer critérios de ação com base nos custos, prazos, flexibilidade ou
riscos assumíveis. O plano econômico e financeiro é o resultado final e detalha a
estratégia que a empresa seguirá em dois níveis: operações de longo prazo e operações
de curto prazo.

As operações de longo prazo incluem as necessidades que a empresa espera ter com
base nos fluxos líquidos de caixa líquidos. Entre outros elementos, tem de estimar as
necessidades decorrentes dos seus planos, que custos representam os recursos
financeiros (dependendo das taxas mínimas de retorno exigidas para os projetos de
investimento), a coesão que estes custos têm com os objetivos empresariais etc. Além
disso, a planificação deve ser revisada continuamente, uma vez que podem suceder
diferentes circunstâncias, de modo que há que reajustar para acomodar a nova situação.

As operações de curto prazo determinam as necessidades de financiamento e têm a ver


com a gestão dos ativos e passivos circulantes da empresa e a liquidez de que necessita
para realizar o processo de produção normalmente. Deve determinar como sua
atividade diária é financiada (folha de pagamento, pagamentos de fornecedores, política
de faturamento, etc.) e tem que analisar a liquidez obtida e como se geram os fluxos de
caixa. Portanto, deve responder à forma como tem de ser financiado no seu dia-a-dia,
qual é o nível ideal de tesouraria para não falhar com os pagamentos, qual é o seu PMM
e como ele afeta o seu financiamento, etc.

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A relação que se estabelece entre o longo e curto prazo permite ver como a empresa se
organiza no seu dia a dia. Por exemplo, um serviço de hospedagem web precisa de um
local com melhor resfriamento para seus servidores. A longo prazo, se prevê um certo
investimento de capital. Com base nessa previsão, se pode organizar o curto prazo e
determinar como distribuir sua liquidez para lidar com o aluguel das instalações atuais,
os salários dos trabalhadores e seu próprio salário. Da mesma forma, se a previsão de
investimento planificada não encaixa com as previsões a curto prazo, haverá que alterar
o plano.

6.2.4 Scorecard

Vimos anteriormente uma ferramenta importante para as finanças. Veremos agora uma
outra que atualmente serve de grande ajuda na gestão de planos de financiamento. O
Scorecard, que é um relatório periódico elaborado em diferentes níveis de
responsabilidade dentro da empresa e que permite ver em detalhes o desenvolvimento
de cada parte e seus desvios em relação aos principais objetivos. Ainda que uma
empresa recém-criada não possua tantos departamentos ou seções, é interessante
saber a existência do scorecard e realizar um controle completo de cada elemento de
acordo com o projeto do empreendedor. Quantas mais informações melhores decisões.
O Scorecard visa precisamente fornecer informações para a tomada de decisão.

Caracteriza-se por orientar-se a um objetivo, fornece informações detalhadas e


relevantes, procura a ação para melhoria, apresenta informações financeiras e não
financeiras e é apresentada em um formato selecionado que permite uma análise
periódica sob uma perspectiva temporal.

Existe uma versão chamada Balanced Score Card (BSC), elaborado por Kaplan e Norton
(1992 e 1996), mediante a qual, a Direção pode desenvolver o processo da sua
estratégia, desde que a concebe até a sua consecução. Também permite uma maior
comunicação dentro da empresa, uma vez que se comunica em todos os níveis, de modo
que a gestão pode receber um feedback de forma mais rápida.

O BSC baseia-se em quatro perspectivas:

 Perspectiva financeira: indica se os desempenhos geram um mínimo aceitável.

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 Perspectiva de clientes: a gestão identifica os segmentos de clientes e os


mercados em que estará presente, bem como os indicadores de desempenho
(satisfação do cliente, retenção de clientes, etc.).

 Perspectiva de processo interno: identifica os processos críticos internos nos


quais a empresa deve se destacar.

 Perspectiva de formação e crescimento: identifica os mecanismos de longo


prazo que garantem o desenvolvimento e o crescimento da empresa, com base
nas pessoas, nos sistemas de informação e nos procedimentos.

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