Informativo STJ 780
Informativo STJ 780
Informativo STJ 780
Este periódico, elaborado pela Secretaria de Jurisprudência do STJ, destaca teses jurisprudenciais
firmadas pelos órgãos julgadores do Tribunal nos acórdãos proferidos nas sessões de julgamento, não
consistindo em repositório oficial de jurisprudência
SEGUNDA SEÇÃO
DESTAQUE
Em regra, não existe conflito de competência entre o juízo da recuperação judicial e o juízo
trabalhista que determina o prosseguimento da execução apenas contra os sócios ou coobrigados.
Além disso, a cláusula do plano de recuperação judicial que estende a novação aos
coobrigados, fiadores, obrigados de regresso e avalistas deve ser aprovada expressamente pelos
credores detentores dessas garantias, não tendo eficácia para os que não compareceram à
assembleia geral, abstiveram-se de votar ou se posicionaram contra.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
DESTAQUE
A inserção de dados falsos em sistema de dados federais não fixa, por si só, a competência
da Justiça Federal, a qual somente é atraída quando houver ofensa direta a bens, serviços ou
interesses da União ou órgão federal.
Conforme orientação jurisprudencial desta Corte, "conquanto o Sistema DOF tenha sido
instituído e implantado pelo IBAMA (art. 1º da Portaria/MMA n. 253/2006, c/c Instrução Normativa
n. 112/2006 do IBAMA), o mero fato de o Sistema estar hospedado em seu site não atrai, por si só, a
competência federal para o julgamento de delito de falsificação de Documento de Origem Florestal"
(CC 168.575/MS, relator Ministro Reynaldo Soares da Fonseca, Terceira Seção, julgado em
9/10/2019, DJe 14/10/2019).
No caso, não foi indicado nenhum prejuízo concreto ao ente federal ou demonstrada a
ofensa a interesse direto e específico da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
públicas com a suposta apresentação de informação falsa no sistema DOF (Documento de Origem
Florestal), motivo pelo qual o feito deve ser processado e julgado pela Justiça comum estadual.
DESTAQUE
Diante de recurso de apelação com base no art. 593, III, d, do CPP, é imprescindível que o
Tribunal avalie a prova dos autos a fim perquirir se há algum elemento que ampare o decidido pelos
jurados.
É indiscutível que os jurados atuantes no Tribunal do júri julgam por íntima convicção,
pois não precisam justificar as razões pelas quais responderam de um modo ou de outro os quesitos
formulados. Todavia, essa premissa não impede que o Tribunal de origem exerça controle sobre a
decisão dos jurados, sob pena de tornar letra morta o contido no art. 593, III, d, do CPP, que
expressamente estipula cabimento de apelação contra decisão de jurados manifestamente contrária
à prova dos autos.
Nesse sentido, é indispensável que o Tribunal avalie a prova dos autos, com fim de
perquirir se há algum elemento que ampare o decidido pelos jurados. Trata-se de providência
objetiva de cotejo do veredicto com a prova dos autos, sendo prescindível qualquer ingresso na
mente dos jurados. Contudo, cabe ressaltar que, havendo duas versões jurídicas sobre os fatos,
ambas amparadas no acervo probatório, deve ser preservada a decisão dos jurados, em atenção à
soberania dos veredictos.
No caso, o apelo da acusação fez referência expressa a elementos do acervo probatório dos
autos para concluir que houve excesso doloso, razão pela qual a decisão dos jurados seria
manifestamente contrária à prova dos autos. Não é o caso de absolvição por clemência. Os jurados
não absolveram o interessado, pois responderam negativamente ao quesito genérico. Houve, sim,
reconhecimento de legítima defesa e o reconhecimento de seu excesso. O que se discute é se esse
excesso foi culposo ou doloso.
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
Essa regra (de total reversibilidade/restituição ao estado anterior), porém, não pode ser
aplicada em relação ao segurado em gozo de benefício previdenciário por incapacidade laborativa,
concedido por meio de tutela de urgência posteriormente revogada, na medida em que, nesses
casos, o ônus (de perder a condição de segurado) não é completamente previsível, evitável ou
mitigável.
Portanto, não é de todo previsível porque o art. 15, I, da Lei n. 8.213/1991 assegura que,
independentemente de contribuições, quem está em gozo de benefício (qualquer que seja a natureza
da concessão, porque o dispositivo não diferenciou), mantém a qualidade de segurado, sem limite de
prazo, isto é, não seria razoável exigir do segurado de boa-fé considerar que tal previsão expressa
fosse afastada automaticamente na ocasião da revogação da medida de caráter precário.
Ademais, o ônus (de perder a qualidade de segurado) não é mitigável ou evitável, pois
enquanto o segurado está em gozo de benefício previdenciário por incapacidade laborativa,
concedido por meio de tutela de urgência, não pode recolher contribuições previdenciárias, uma vez
que, em tal condição, não se insere na previsão dos arts. 11 ou 13 da Lei n. 8.213/1991.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
No caso de contrato verbal e sem licitação, o ente público tem o dever de indenizar, desde
que provada a existência de subcontratação, a efetiva prestação de serviços, ainda que por terceiros,
e que tais serviços se reverteram em benefício da Administração.
A jurisprudência do STJ é no sentido de que, mesmo que seja nulo o contrato realizado
com a Administração Pública, por ausência de prévia licitação, é devido o pagamento pelos serviços
prestados, desde que comprovados, nos termos do art. 59, parágrafo único, da Lei n. 8.666/1993,
sob pena de enriquecimento ilícito da Administração.
O STJ reconhece, ademais, que, ainda que ausente a boa fé do contratado e que tenha ele
concorrido para nulidade, é devida a indenização pelo custo básico do serviço, sem margem alguma
de lucro.
Assim, a inexistência de autorização da Administração para subcontratação, não é
suficiente para afastar o dever de indenizar, no caso, porque a própria contratação foi irregular, haja
vista que não houve licitação e o contrato foi verbal.
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DESTAQUE
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DESTAQUE
Assim, não se pode perquirir tão somente acerca da segurança jurídica dos contratantes
do contrato de parceria agrícola, mas também se deve levar em conta a segurança jurídica do
contratante da cédula de produto rural que, mediante conduta pautada pela boa-fé, entabulou
negócio jurídico, sem nenhuma ciência de outros terceiros que pudessem ser afetados, até por que
não tinha como sabê-lo. Se o contrato de parceria rural nem sequer havia sido registrado, era
impossível, o conhecimento por parte de terceiros. Ademais, a Lei n. 6.015/1973 prescreve que o
registro determina a prioridade do título.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
Lei n. 6.015/1973
PROCESSO REsp 2.066.868-SP, Rel. Ministra Nancy Andrighi,
Terceira Turma, por unanimidade, julgado em
20/6/2023.
DESTAQUE
Não atendido o prazo legal de 30 dias para formulação do pedido principal em tutela
antecipada requerida em caráter antecedente, a medida concedida perderá a sua eficácia e o
procedimento de tutela antecedente será extinto sem exame do mérito.
O CPC/2015, ao estabelecer que o pedido principal deverá ser formulado nos mesmos
autos em que requerida a tutela cautelar antecedente (art. 308), inovou no ordenamento jurídico,
extinguindo a autonomia do processo cautelar. O prazo de 30 dias não é mais destinado ao
ajuizamento de uma nova ação para buscar a tutela do direito assegurado pela medida cautelar, mas
à formulação do pedido de tutela definitiva no processo já existente. Ou seja, a dedução do pedido
principal é um ato processual, que produz efeitos no processo em curso.
Consequentemente, o lapso temporal previsto no art. 308 do CPC/2015 têm natureza
processual, devendo ser contado em dias úteis (art. 219 do CPC/2015). Nesse sentido, a doutrina
disciplina que é "mais adequado classificá-lo como mero prazo preclusivo (interno ao processo),
considerando que a formulação do pedido se faz na mesma relação jurídica processual já inaugurada
com o pleito de tutela cautelar antecedente (tratando-se, pois, de prazo para a prática de ato
processual). (...). Aplica-se para a contagem do trintídio o art. 224 do CPC, excluindo-se o dia do
começo (efetivação) e incluindo-se o dia do final. E aplica-se, também, o disposto no art. 219 do CPC,
vez que se trata de prazo para a prática de ato processual (formulação do pedido principal), sendo,
portanto, contado em dias úteis".
Anota-se, ainda, a lição doutrinária de que "a concessão e efetivação da tutela cautelar, em
caráter antecedente, impõe ao autor o ônus processual de formular o requerimento do pedido
principal no prazo de trinta dias, sendo esse prazo preclusivo, não permitindo dilatação, a não ser
em virtude de justa causa (art. 223, caput) (...). Na contagem dos prazos em dias, estabelecido por lei
ou pelo juiz, computar-se-ão somente os úteis (art. 219, caput), com a exclusão do dia do começo e
inclusão do dia do vencimento (art. 224, caput), salvo se esses dias forem não úteis, caso em que
serão protraídos para o primeiro dia útil seguinte, bem assim se coincidirem com dia em que o
expediente forense for encerrado antes ou iniciado depois da hora normal ou houver
indisponibilidade da comunicação eletrônica (art. 224, § 1º). Essas normas devem ser observadas
também no procedimento urgente cautelar".
Não atendido o prazo legal, a medida cautelar concedida perderá a sua eficácia (art. 309, I,
do CPC/2015) e o procedimento de tutela cautelar antecedente será extinto sem exame do mérito.
Em verdade, "a extinção opera ipso jure, cabendo ao juiz simplesmente declará-la, pondo fim ao
processo sem resolução do mérito". "Inexiste sentido para a preservação do curso do pedido de
cautelar antecedente após o trintídio legal, mormente porque a parte poderá, oportunamente,
apresentar o pedido principal em outra demanda".
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
Essa espécie de interpretação decorre da carência de amplitude da lei, que não abrange o
necessário para atender o caso concreto. Trata-se de uma técnica interpretativa na qual o
magistrado amplia o sentido da norma, de forma a alcançar uma situação que, a princípio, não seria
objeto dela. Ela não cria direito novo, mas apenas identifica o verdadeiro conteúdo e alcance da lei,
que não teria sido suficientemente expresso no texto normativo.
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LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
O artigo 513, § 2º, II, do Código de Processo Civil (CPC/2015) dispõe que o devedor será
intimado para cumprir a sentença "por carta com aviso de recebimento, quando representado pela
Defensoria Pública ou quando não tiver procurador constituído nos autos, ressalvada a hipótese do
inciso IV".
A norma processual é clara e não permite nenhum outro entendimento a respeito do tema,
sendo, por conseguinte, causa de nulidade a ausência de intimação da parte revel em fase de
cumprimento de sentença, não obstante ter sido devidamente citada na ação de conhecimento.
Portanto, nas hipóteses em que o executado revel estiver sendo representado pela
Defensoria Pública ou não possuir procurador constituído nos autos, a intimação deve ocorrer por
carta com Aviso de Recebimento (AR).
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
LEGISLAÇÃO
DESTAQUE
Além disso, não há ilegalidade pelo fato de o órgão acusatório sequer ter iniciado diálogo
com a defesa sobre o tema, notadamente porque, de forma fundamentada, explicitou as razões pelas
quais entendeu não ser viável a propositura do acordo. O oferecimento submete-se à
discricionariedade do Ministério Público como titular da ação penal. Não constitui direito subjetivo
do acusado a oferta do acordo. Por fim, também não cabe ao Poder Judiciário impor ao Ministério
Público a obrigação de ofertá-lo.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS
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DESTAQUE
No caso, a absolvição em primeira instância foi revista pelo Tribunal que, acolhendo a
apelação interposta pela acusação, condenou o réu pela prática do delito incurso no art. 33, caput, da
Lei n. 11.343/2006. Na linha argumentativa desenvolvida a negativa do réu em juízo quanto à
comissão do delito seria estratégia para evitar a condenação. As exatas palavras utilizadas no
acórdão recorrido foram que: "Fosse verdadeira a frágil negativa judicial, certamente o réu a teria
apresentado perante a autoridade policial, quando entretanto, valeu-se do direito constitucional ao
silêncio, comportamento que, se por um lado não pode prejudicá-lo, por outro permite afirmar que a
simplória negativa é mera tentativa de se livrar da condenação". Houve, portanto, violação direta ao
art. 186 do CPP.
O raciocínio enviesado que concedeu inequívoco valor de verdade à palavra dos policiais e
que interpretou a negativa do acusado em juízo como mentira, teve o silêncio do réu em sede
policial como ponto de partida. A instância de segundo grau erroneamente preencheu o silêncio do
réu com palavras que ele pode nunca ter pronunciado, já que, do ponto de vista processual-
probatório, tem-se apenas o que os policiais afirmaram haver escutado, em modo informal, ainda no
local do fato.
Decidiu o Tribunal estadual, então, que, se de um lado havia razões para crer que o réu
mentia em juízo, de outro, estavam os desembargadores julgadores autorizados a acreditar que os
policiais é que traziam relatos correspondentes à realidade, ao afirmarem: 1) que avistaram o
acusado descartando as drogas que foram encontradas no chão, 2) que a balança de precisão que
estava no interior de um carro abandonado seria do acusado e, adicionalmente, 3) que ainda na cena
do crime, o recorrente haveria confessado informalmente que, sim, traficava.
Essa narrativa toma como verídica uma situação em que o investigado ofereceu àqueles
policiais, desembaraçadamente, a verdade dos fatos, em retribuição à empatia com que fora tratado
por eles; como se houvesse confidenciado um segredo a novos amigos, e não confessado a prática de
um delito a agentes da lei. Se é que de fato o acusado confirmou para os policiais que traficava por
passar por dificuldades financeiras, é ingenuidade supor que o tenha feito em cenário totalmente
livre da mais mínima injusta pressão.
Por fim, ante a manifesta escassez probatória que - em violação ao art. 186 do CPP - se
extraiu do silêncio do acusado inferências que a lei não autoriza extrair, impõe-se reconhecer que o
standard probatório próprio do processo penal, para a condenação, não foi superado.
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No caso, a prisão preventiva está justificada, pois, segundo a decisão que a impôs, foi
apreendida grande quantidade e variedade de drogas, a saber, 2kg (dois quilos) de maconha, 8g
(oito gramas) de crack e 18g (dezoito gramas) de cocaína. Dessarte, evidenciadas a periculosidade
da ré e a necessidade da segregação como forma de acautelar a ordem pública. Ademais, o decreto
de prisão preventiva salienta que, embora a autuada não possua antecedentes criminais, a elevada
quantidade de drogas apreendidas invibializa a concessão da liberdade provisória (art. 310, II, CPP).
Com efeito, a negativa da prisão domiciliar à acusada teve como lastro o fato de o delito ter
sido cometido em sua própria residência, com armazenamento de grande quantidade e variedade de
drogas em ambiente onde habitava com os filhos, colocando-os em risco, circunstância apta a afastar
a aplicação do entendimento da Suprema Corte.
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