Renata Garcia de Oliveira

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FACULDADE RAÍZES

CURSO DE DIREITO

RENATA GARCIA DE OLIVEIRA

A RESSOCIALIZAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO

ANÁPOLIS-GO
2018
RENATA GARCIA DE OLIVEIRA

A RESSOCIALIZAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO

Monografia apresentada ao Departamento


do Curso de bacharel em Direito da
Associação Evangélica Faculdade Raízes
como requisito parcial à obtenção do
Certificado de Conclusão do curso.

Orientador: Prof. Dr. Cézar Gratão.

ANÁPOLIS-GO
2018
DEDICATÓRIA

Aos meus queridos e amados Pais. Aos


meus avós Geralda Divina de Oliveira,
Joaquim de Oliveira e Sebastiana Garcia
Silva, que são minhas inspirações de vida.
AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por ter


me dado forças, nunca me deixando
desistir e por ter me permitido chegar até
aqui. Agradeço aos meus pais por todo
apoio, por toda credibilidade e confiança
depositada a mim. Tudo que fiz e faço são
para vocês e por vocês.
RESUMO

A presente monografia irá tratar sobre a ineficácia da aplicabilidade da Lei de


Execução Penal, sobre a realidade vivenciada nas penitenciárias brasileiras e a
dificuldades dos apenados com a sua reinserção na sociedade, devido ao
cumprimento da pena ao que é submetido. A ressocialização tem como principal
objetivo preparar o apendo para voltar a sociedade e ter uma vida digna. E para isso
ela tem a Lei de Execução Penal como sua principal aliada, vez que nela está
expressa todos os direitos e deveres relacionado ao cumprimento a pena. Fica à
mercê do Estado dá as assistências necessárias a esses apenados, como a saúde,
educacional, profissional e social, porém a realidade vivida dentro de uma
penitenciaria brasileira não condiz nenhum pouco com o que está previsto em lei. Os
presos são submetidos a viver em celas superlotada, em locais insalubres e de grande
grau de periculosidade. Isso faz com o que saiam de lá pior do que quando entraram
e fazendo a sociedade desacreditar que eles possam se regenerar e ser sim pessoas
dignas e honestas.
ABSTRACT

This monograph will deal with the ineffectiveness of the Law on Criminal Execution,
about the reality experienced in Brazilian penitentiaries and the difficulties of the
prisoners with their reintegration into society, due to the fulfillment of the sentence to
which it is submitted. Resocialization has as main objective to prepare the apend to
return to society and to have a dignified life. And for this she has the Criminal
Enforcement Act as its main ally, since it is expressed in her all rights and duties related
to compliance with punishment. It is at the mercy of the state that it provides the
necessary assistance to those victims, such as health, education, professional and
social, but the reality lived within a Brazilian penitentiary does not fit at all with what is
provided by law. The prisoners are subjected to living in overcrowded cells, in
unhealthy places and to a high degree of dangerousness. This makes them out of there
worse than when they entered and making society discredit that they can regenerate
themselves and be rather worthy and honest people.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 8
2 CONCEITO E FUNÇÃO DA PENA ....................................................................... 11
2.1 Conceito ............................................................................................................. 11
2.2 Função da pena ................................................................................................. 11
2.2.1 Escola Clássica ............................................................................................... 12
2.2.2 Escola Positivista ............................................................................................ 14
3 LEI DE EXECUÇÃO PENAL E SUA APLICABILIDADE ...................................... 15
3.1 Objetivos da Lei de Execução Penal .................................................................. 15
3.2 Dos Direitos e Deveres dos Presos .................................................................... 15
3.3 Progressão e Regressão Da Pena ..................................................................... 17
3.4 Da Liberdade Condicional .................................................................................. 18
4 A REALIDADE DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO ........................... 18
4.1Superlotação ....................................................................................................... 19
4.2 Violência ............................................................................................................ 20
4.3 A Reincidência ................................................................................................... 20
5 A RESSOCIALIZAÇÃO ........................................................................................ 22
5.1 Assistência Material ........................................................................................... 23
5.2 Assistência à Saúde ........................................................................................... 23
5.3 Assistência Jurídica ........................................................................................... 24
5.4 Assistência Educacional ..................................................................................... 24
5.5 Assistência Social .............................................................................................. 24
5.6 Trabalho para Condenados ................................................................................ 25
6 A REINCLUSÃO SOCIAL DO APENADO ........................................................... 26
6.1 As Barreiras enfrentadas pela Ressocialização ................................................. 26
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 28
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 29
8

1 INTRODUÇÃO

Nos últimos anos o sistema penitenciário brasileiro enfrenta uma crise,


devido ao número de presos que crescem a cada dia. Porém, sabemos que esse não
é o único fator, em conjunto com ele temos a má administração dos sistemas
penitenciários, a insuficiência de investimentos em segurança e aplicação devida da
Lei de Execução Penal (BRASIL, 1984).
Como consequência dessas ineficiências os presídios acabam por sofrer
com a superlotação vindo junto com ela violação dos Direitos Humanos, que atinge
tanto os detentos quanto os próprios agentes penitenciários, são submetidos a
trabalhar e a viver em condições insalubres e perigosas, ficando mais vulneráveis a
contração de doenças e até mesmo a morte, pois os detentos participantes de facções
usam essa situação como forma de recrutar mais integrantes e gerando assim
rebeliões.
A Lei de Execução Penal brasileira é uma das leis mais completas não só
do país, como também do mundo. Tem como objetivo além do efetivo cumprimento
da pena pelo detento a ressocialização do próprio, expressa em seu artigo 1º, porem
em relação a esse quesito vem deixando muito a desejar.
Infelizmente o pensamento que Estado e sociedade tem sobre a aplicação
da pena é como se fosse uma punição, um castigo pelo delito cometido e não como
uma forma de preparar o detento para voltar a viver em sociedade, e isso só faz com
que a crise aumente cada vez mais.
Um grande marco na história brasileira decorrente dessa crise foi a rebelião
que ocorreu em Manaus no ano de 2017 entre duas facções contando com a morte
de detentos por meio de decapitação e fugitivos. Outro ocorrido foi a rebelião do
presídio de Aparecida de Goiânia onde houve a morte de dois agentes penitenciários
e a fuga de 106 detentos conseguindo capturar apenas 27 destes.
Com essa situação se tornando cada vez mais comum percebemos que a
segurança está bastante escassa dentro dos presídios, pois com a falta de
investimentos na segurança acaba por gerar uma insuficiência de equipamentos para
revistas dentro das celas, dos detentos e dos visitantes, principalmente as dos
visitantes, pois com o aumento de números de presos aumenta também o número de
9

visitas, que muitas das vezes conseguem passar pela revista portando armas, drogas
e celulares.
Em seu artigo 12 a LEP prevê: “A assistência material ao preso e ao
internado consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instalação
higiênicas”. No entanto sempre nos debatemos com notícias em telejornais, revistas,
artigos e etc. que a realidade dentro das penitenciarias é completamente diferente,
detentos vivem em meio a lixo, insetos, ratos, sendo expostos a condições precárias
e insalubres, além de ter que conviver com a superlotação das celas que acabam por
abrigar mais que a metade da sua capacidade máxima, isso ocorre pelo fato do
aumento de prisões no país e também atrasos de julgamento de presos provisórios.
Esses e muitos outros fatores em conjunto colaboram para contração de doenças
físicas e mentais.
Mas qual será a melhor forma de solucionar tal crise?
O sistema penitenciário brasileiro tem como objetivo a ressocialização de
detentos, que consiste em dar a eles o suporte necessário para que possam reintegrar
novamente à sociedade e buscar compreender os motivos que os leva-los a praticar
tais delitos, ou seja, é dar a eles a chance de mudar o futuro para melhor independente
do que veio acontecer no passado.
O Ministério da Justiça resolveu criar um grupo de agentes junto com a
força policial estadual com intuito de agir dentro das penitenciárias para conter os
problemas do sistema penitenciário brasileiro é o chamado Grupo Nacional de
Intervenção Penitenciária.
Porém, eles podem investir em conjunto em atividades socioeducativas
dentro dos presídios como fornecimentos de atividades, trabalhos, estudos e
tratamentos médicos e psicológicos fazendo com o que a reincidência seja evitada e
a LEP alcance seu objetivo principal que é devolver à sociedade uma pessoa digna e
útil, pois sabemos que a maioria dos presos ao saírem da prisão acabam por voltarem
a praticar crimes.
Para que essa medida socioeducativa venha por funcionar é necessário
não só que tenha respeito e acatamento à LEP, mas também que a sociedade aqui
do lado do lado de fora mude sua visão e forma de pensar em relação aos detentos,
deixando o preconceito de lado e não acreditando que a violência e a morte sejam a
forma mais eficaz para a sua ressocialização. De fato, para combater a criminalidade
o governo tem que agir de forma mais firme e rígida, mas jamais violenta. E, claro,
10

investir cegamente na segurança e em projetos de leis como por exemplo todas


cidades são obrigatórias a ter um lugar especifico para a detenção somente de presos
provisórios que estão no aguarde de seu julgamento, e que incentivem os detentos a
melhorem e se prepararem para enfrentar uma nova fase dentro da sociedade.
11

2 CONCEITO E FUNÇÃO DA PENA

2.1 Conceito
As penas surgiram com intuito de punir aquele que fosse contrário as
medidas propostas pela sociedade, ultrapassando a pessoa que cometeu o ato
delinquente atingindo também sua família, que era expulsa do país e perdiam todos
seus bens.
A pena é uma sanção penal, imposta pelo Estado, juntamente com a
execução de uma sentença ao culpado de praticar infração penal, onde consiste na
restrição ou na privação de um bem jurídico, com finalidade de retribuir o al causado
pelo infrator, bem como a readaptação social e prevenir novas transgressões que
podem vim acontecer pela demência da aplicabilidade da LEP. Elas podem ser
privativas de liberdade, restritiva de direito e por multa. Por essa definição entendemos
que, pena é uma imposição, diminuição de um bem jurídico, que segundo Gusmão:
“tudo aquilo que pode ser objeto de tutela jurídica, suscetível ou não de valorização
econômica” (MACHADO, 2017).
Isso se remete por exemplo, na perda ou diminuição da liberdade,
propriedade da vida. Essa imposição deve está prevista em lei e ser aplicada por
órgãos do poder judiciário, para aquele que pratica um ato que ofenda o Código Penal
Brasileiro.
O código penal ira proteger aqueles bens jurídicos considerados vitais para
a sociedade, utilizando a pena como um meio legal de repressão aos atos ilícitos, que
defendem ao bem jurídico, sendo eles a vida, a honra, a saúde, o patrimônio, a
liberdade, etc.
Sendo assim, entendemos que o meio de ação que vale o direito penal
brasileiro é a pena, e observa-se que o direito penal é essencial para a sociedade,
uma vez que junto com a pena segundo Prado: “funcionam como instrumento
excepcional e subsidiário de controle social, visando proteger bens considerados
essências à vida harmônica em sociedade”.

2.2 Função da pena

A pena é a sanção mais eficaz para ser aplicada ao homem, quando este
comete algo que fere os padrões éticos-morais de uma sociedade ou que possam
12

oferecer riscos aos bens jurídicos fundamentais do indivíduo, sendo está a principal
função da pena. Porém temos outras teorias que podemos considerar.
Dentre algumas linhas de pensamentos a respeito das teorias da pena,
duas dessas se destacam, sendo elas a Escola Clássica e a Escola Positivista.

2.2.1 Escola Clássica

Tendo como seus maiores percussores Carrara e Beccaria, originou-se da


filosofia grega antiga, do jusnaturalismo e do contratualismo, tendo como
característica principal o racionalismo iluminista antropocêntrico. Na verdade, não se
tratou de um movimento organizado, mas foi a primeira tentativa de sistematização do
direito penal.
Para Carrara o crime foi conceituado como sendo uma contradição entre o
fato humano e a lei, cometido de uma forma racional, dentro do direito, do livre arbítrio
humano, onde o pensamento iluminista acreditava que o homem era como um ser
livre e dotado de inteligência, que tinha a total liberdade de exercer a prática do bem
e do mal, sendo essa prática uma verdade inquestionável, usadas como base dos
princípios para a construção da teoria iluminista.
Além disso, o delito era como uma modificação externa da natureza
provocada pelo homem, que produzia uma ação que ia contra os preceitos da justiça
e que eram culpáveis, sendo este componente da culpabilidade. Não havia a
necessidade de comprovação da verdadeira intenção do infrator, apenas o resultado
do delito era o suficiente para que fosse comprovado o dolo. Tudo era analisado a
partir da relação entre o motivo e o efeito, ou seja, se houve uma conduta humana
que produziu um resultado típico, conduta essa antijurídica, houve o cometimento de
um crime.
Essa é uma conceituação bem simples e de fácil aplicação, porém não é
mais adequada, pelo fato de que ao dar total importância ao resultado gerado pelo
delito, e desprezando completamente a intenção do agente. Isso faz com o que os
princípios de tal teoria seja mais cabível as ciências exatas, uma vez que, impedem
uma análise mais detalhada do caso concreto.
A função da pena para esta escola era uma forma de restabelecer a ordem
na sociedade, vez que as normas eram tidas como absolutas e eternas, tinha total
13

autonomia de introduzir as leis positivas ao agente que havia praticado o ato ilícito de
forma voluntária e consciente.
Durante esse período a pena era encarada como meramente retributiva,
ela tinha como objetivo a retribuição para o agente do delito, acreditando que assim
poderia restabelecer a ordem jurídica violada. Sendo assim, nesse sistema a pena
não teria finalidade, além da “justa” retribuição do mal causado.
Porém tal teoria foi muito criticada, nos dizeres de Pontes a pena não tem
aproveitamento “ nem para o apenado, nem para a sociedade, perdendo,
consequentemente, todo o seu sentido”, entendendo que não parece racional nem
apropriado à natureza humana, que a pena seja apenas um mal, em outras palavras,
não se pode fazer com o que a pena tenha apenas a finalidade à retribuição, sem se
preocupar com a volta do infrator à sociedade, pois ao optarem pela mera retribuição
a pena alcançaria somente o fim de fazer justiça com as “próprias mãos” digamos
assim. Uma vez que ela não seria efetivamente realizada, ou seja, o que há de mais
inconveniente nesta teoria é que ela é bem clara quanto a sua não preocupação em
reinserir o infrator à sociedade, mostra também que esse não é o modo mais
adequado para se lutar contra a criminalidade.
Outra questão sobre essa teoria aplicada pela escola clássica é o modo
como ela ver o direito penal, como sendo uma maneira para o controle da
criminalidade. Porém, na verdade o direito penal funciona como forma de controle da
sociedade, e deve ser usado em última ocasião e não como um suporte de uma
sociedade.
A impressão de que o direito penal serviria como um meio eficaz par o
controle da criminalidade, não traz tanta veracidade assim. Para que se possa obter
um direito penal mais contundente é necessário entender que mais importante que a
duração da pena é a certeza da punição.
Apesar de todas essas críticas, vale lembrar que a escola clássica trouxe
também muitas contribuições ao estudo da pena, destacando e fundamentando a
proporcionalidade entre a gravidade do delito praticado e a pena aplicada. Essa
proporção é importante para constituir uma medida de justiça, mas também para nos
mostrar a importância da sua pratica, pois em sistemas jurídicos anteriores não havia
tal proporcionalidade, pois, a única forma de pena era a morte.
A escola clássica também auxiliou na constituição da teoria do delito que é
usado até hoje, onde foi dividido entre ação culpável e antijurídica. Também foi a ela
14

que ajudou na construção do conceito de imputabilidade, utilizada também nos dias


de hoje, podendo a definir como o livre arbítrio de escolher entre o certo e errado.

2.2.2 Escola Positivista

Essa pelo contrário, tinha suas teorias baseadas no empirismo, um primeiro


momento tal teoria teve um forte vínculo antropológico, onde teve como seu maior
expoente Cesar Lombroso9, que baseou todo seu pensamento na convivência junto
com os próprios criminosos, onde percebeu que eles seguiam uma mesma
característica física, o que o levou a concluir que é a natureza que determina se vai
ser ou não um criminoso.
Lombroso era totalmente contrário a teoria clássica, pois ele entendia que
o que levava o homem a pratica de um crime seria um determinismo biológico. E foi
justamente por ter essa concepção que ele contribuiu para o surgimento do conceito
de periculosidade, entendida como a existência de indivíduos que são perigosos, por
não conseguirem controlar seus instintos.
15

3 LEI DE EXECUÇÃO PENAL E SUA APLICABILIDADE

A Lei de Execução Penal, apesar de ser uma grande conquista para a


legislação brasileira, infelizmente ela não consegue ter um bom resultado em sua
aplicação na pratica, uma vez que os presídios estão sofrendo com superlotações, os
presos não estão tendo seus direitos e deveres garantidos sendo tratados com total
descaso. Isso faz com o que os presídios se tornem na verdade uma escola do crime,
pelo simples fato do poder Executivo não cumpri devidamente com o seu papel.

3.1 Objetivos da Lei de Execução Penal

Em seu artigo 1° a Lei de Execução Penal preceitua que:

Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de


sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a
harmônica integração social do condenado e do internado (BRASIL,
1984).

Sendo assim, o Estado passa poder exercer seu direito de punir o


criminoso, seja privando sua liberdade ou cumprindo qualquer outro tipo de pena, para
com isso inibir o surgimento de novos delitos. Acredita-se que com a aplicação da
punição, a readaptação e a reeducação do condenado é garantida.
Para Oliveira (1990, p.16):
O aspecto humano, a finalidade educativa, da pena, buscando
recuperar o condenado para uma inserção reintegradora do mesmo
meio social, procurando não só a defesa a sociedade como colocar
um elemento produtivo e reeducado no convívio com seus
semelhantes.

A finalidade da aplicação da pena é reintegrar o condenado após seu


cumprimento, a sociedade, fazendo com o que mesmo possa conviver em sociedade
de maneira integra, honesta e digna com os demais.

3.2 Dos Direitos e Deveres dos Presos

Sabemos que a realidade dos detentos dentro das cadeias quando


submetidos ao regime penitenciário é completamente contrário ao que é previsto na
16

Declaração Universal doas Direitos Humanos, esses são submetidos a total


discriminação e tratados sem nenhuma dignidade.
Mirabete leciona que (1996, p. 114):
Por estar privado de liberdade, o preso encontra-se em uma situação
especial que condiciona uma limitação dos direitos previstos na
Constituição Federal e nas leis, mas isso não quer dizer que perde,
além da liberdade, sua condição de pessoa humana e a titularidade
dos direitos não atingidos pela condenação.

Assim entendemos que para o doutrinador, que as situações, muitas das


vezes humilhantes e vexatórias, que os condenados são submetidos, atentam contra
a dignidade da pessoa, de sua vida e sua integridade física e moral, onde é totalmente
proibido atentar contra esses direitos segundo o que prevê a Constituição Federal em
seu artigo 5°, inciso XLIX: “Art.5°(...) XLIX- é assegurado aos presos o respeito à
integridade física e moral”.
Em seu artigo 41 e incisos a Lei de Execução Penal prevê todos os direitos
direcionados aos condenados:
I - alimentação suficiente e vestuário;
II - atribuição de trabalho e sua remuneração;
III - Previdência Social;
IV - constituição de pecúlio;
V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o
descanso e a recreação;
VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e
desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da
pena;
VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e
religiosa;
VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado;
X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias
determinados;
XI - chamamento nominal;
XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da
individualização da pena;
XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento;
XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de
direito;
XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência
escrita, da leitura e de outros meios de informação que não
comprometam a moral e os bons costumes.
XVI - atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da
responsabilidade da autoridade judiciária competente (BRASIL, 1984).

Já em seu artigo 39 são previstos os deveres dos condenados, onde


segundo o artigo constituem deveres dos condenados:
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I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença;


II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem
deva relacionar-se;
III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados;
IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga
ou de subversão à ordem ou à disciplina;
V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas;
VI - submissão à sanção disciplinar imposta;
VII - indenização à vítima ou aos seus sucessores;
VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas
realizadas com a sua manutenção, mediante desconto proporcional da
remuneração do trabalho;
IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento;
X - conservação dos objetos de uso pessoal (BRASIL, 1984).

O que a lei prevê são conjuntos de regras referente a boa convivência do


condenado dentro das penitenciarias. Além de cumprir com suas obrigações legais, o
condenado se submete às normas de execução da pena. Isso faz com o que
mantenha a disciplina dentro do ambiente, uma vez que essa disciplina se garante
pela obediência às determinações das autoridades e seus agentes no desempenho
do trabalho.

3.3 Progressão e Regressão Da Pena

A progressão tem como objetivo principal de ressocializar o condenado


dando a ele a condição de cumpra a sua pena de uma forma não tão rigorosa, como
o exposto no artigo 112 da Lei de Execução Penal:

Art. 112. A pena privativa de liberdade será executada em forma


progressiva, com a transferência para regime menos rigoroso, a ser
determinada pelo Juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos 1/6
(um sexto) da pena no regime anterior e seu mérito indicar a
progressão (BRASIL, 1984).

Ou seja, é necessário que o condenado cumpra um sexto de sua pena para


que ele possa vir a usufruir desse benefício, período esse que é contado a partir do
ingresso ao regime prisional.
A regressão acontece quando o condenado passa de regime de
cumprimento mais benéfico à um mais gravoso, pelo fato do não cumprimento de algo
que foi acordado em juízo, ou pela pratica de um novo delito. Porém, o condenado
não perde nenhum de seus direitos pela troca desse regime.
18

3.4 Da Liberdade Condicional

A liberdade condicional é usada como uma forma de tentativa para a


diminuição dos efeitos negativos da prisão.
A visão geral que se tem sobre a adoção da liberdade condicional é que ela
é uma forma que o condenado tem de se adaptar a liberdade e assim poder se
reintegrar na sociedade, com isso também ocorre a diminuição do índice de
superlotação dos presídios.
Ao conquistara essa liberdade provisória o apenado se submete a certos
tipos de condições, podendo ser facultativas ou obrigatória, tendo restrição somente
a sua locomoção. Condições essas que estão previstas no artigo 132, parágrafo 1° da
LEP que expressa o seguinte:

Art.132- (...)§ 1º Serão sempre impostas ao liberado condicional as


obrigações seguintes:
a) obter ocupação lícita, dentro de prazo razoável se for apto para o
trabalho;
b) comunicar periodicamente ao Juiz sua ocupação;
c) não mudar do território da comarca do Juízo da execução, sem
prévia autorização deste (BRASIL, 1984).

Para a aplicabilidade desse “benefício” é necessário que a pena privativa


de liberdade seja igual ou superior a dois anos, podendo fazer a soma das penas para
atingir esse limite mínimo.
19

4 A REALIDADE DO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO

Sabemos que a realidade que vivenciamos é um tato quanto assustadora


em relação ao elevado índice de criminalidade, e como forma de combate-la e evitar
a reincidência adota-se a pena de prisão privativa de liberdade, que deve ser aplicada
somente em caráter excepcional.
Quando é imposta ao condenado a pena de prisão, esse vai para
penitenciarias para o cumprimento de tal, onde em lei deve ser um lugar digno para
convivência doas detentos, onde devem ser exercidos seus direitos e deveres, ao qual
tratamos no primeiro capítulo.
Mas a realidade dentro dessas penitenciaras são completamente diferentes
do que é expresso em lei, muita das vezes esses lugares parecem uma verdadeira
cena de filme de terror. São celas superlotadas, presos sendo tratados com desprezo
e total descaso, onde vivem em meio de lixos e animais que podem transmitir doenças,
se tornando mais vulneráveis a pegar algum tipo de doença.
Esse descaso ao qual eles são tratados provém da falta de cumprimento
do Estado com as suas obrigações que são indispensáveis para o cumprimento da
pena de prisão. Está mais do que claro que os problemas referentes ao sistema
penitenciário nunca ocuparam o lugar das principais preocupações da administração
pública, isso só acontece quando da ocorrência de rebeliões dentro dos presídios, a
crise que o sistema vem enfrentando se torna pública.

4.1Superlotação

O problema mais enfrentado hoje pelos presídios brasileiros é a


superlotação, sendo este um dos maiores obstáculos a ser enfrentado quando a
colocado em prática a ação da ressocialização.
O Brasil é um dos países com maior população carcerária do mundo, pois
não possui estabelecimentos carcerários adequados para cada tipo de pena, onde
presos já condenados são colocados junto com aqueles que aguardam julgamento.
Isso dá a entender que o Estado não vê essas pessoas como humanas e sim como
um estorvo um peso.
Em seu artigo 88, a LEP discorre sobre os alojamentos dos detentos,
determinando a sua individualização e o tamanho de sua área mínima, além de
20

assegurar que o detento viva em um lugar digno e salubre. Mas não é bem assim que
acontece, em uma cela chega a alojar mais de vinte presos, onde esses muitas das
vezes, não tem lugar para dormir, onde ficam vulneráveis a pegar doenças, pois os
sadios são colocados juntos com os doentes.
Junto com a superlotação vem também muitas dificuldades e empecilhos a
serem enfrentadas pelo sistema carcerário brasileiro, onde acaba afetando o
tratamento dos detentos dentro dos presídios, pois o indivíduo tem sua identidade
individual atingida e acaba por perder ela, levando assim a revolta e a violência.

4.2 Violência

Os detentos têm seus direitos e deveres assegurados pela Constituição


Federal, Declaração Universal dos Direitos Humanos, Lei de Execução Penal, durante
seu cumprimento da pena. Em tese todos eles lhe tiram apenas o direito à liberdade,
pois, na pratica ocorre a violação de vários outros direitos.
O objetivo quando o condenado vai para prisão é que ele receba uma
punição pelo delito cometido e que ele seja tratado de forma humana para que ele se
torne apto a viver em liberdade mais uma vez, no entanto quando entram dentro das
prisões eles deixam sua personalidade e dignidade lá fora. Pois passam a sofrer
abusos e agressões tanto por parte de colegas de reclusão ou por parte administrativa
do próprio presidio.
A violência dentro do sistema prisional se tornou quase que um habito, que
muitos acreditam que não existe uma possibilidade se quer de ter uma solução. Na
opinião de Herkenhoff (1998, p.37): “O pretendido tratamento, a ressocialização é
incompatível com o encarceramento. Pode se notar que o autor acredita na doutrina
que o objetivo de ressocializar os detentos durante o período de cumprimento da pena
é algo impossível.

4.3 A Reincidência

A reincidência é consequência do que os presos são submetidos dentro


das prisões, muitos acreditam que em vez de reeducar o detento a prisão acaba por
se tornar uma escola onde ensina mais ainda sobre o crime e sua prática.
21

Muitos doutrinadores acreditam que com a realidade vivida hoje pelo


sistema penitenciário vigente é impossível haver a ressocialização dentro do ambiente
prisional. Bitencourt (2006, p. 9) alega que: “Para a criminologia crítica, qualquer
reforma que se possa fazer no campo penitenciário não terá maiores vantagens, visto
que, mantendo-se a mesma estrutura do sistema capitalista, a prisão manterá sua
função repressiva e estigmatizadora”.
A reincidência se dá também pelo preconceito social que os detentos
sofrem, uma vez que, o rótulo de ex detento será sempre carregado por eles, e isso
faz com o que a sociedade o repudie e não os disponibilizam novas oportunidades. É
o que diz Herkenhoff (1998, p.37): “o estigma da prisão acompanha o egresso,
dificultando seu retorno à vida social. Longe de prevenir delitos a prisão convida à
reincidência: é fator criminogênico”.
Mesmo com que o condenado cumpra sua pena, a sociedade não
compreende a ideia de ressocialização, por isso por mais que exista uma previsão
legal de que ao ressocializar o apenado ele esteja apto a retornar ao convívio social,
é necessário que a sociedade também esteja apeta a recebe-lo.
Para isso é necessário que não apenas nosso sistema prisional se adeque
a legislação, mas também a mentalidade dos que comandam, e consequentemente
isso refletira na sociedade e essa também passara a se adequar.
22

5 A RESSOCIALIZAÇÃO

Conforme mencionado no primeiro capítulo a LEP tem como objetivo


principal preparar o condenado para o retorno a sociedade, dever esse que é dado ao
Estado conforme expresso em seu artigo 10:
Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado,
objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em
sociedade (BRASIL, 1984).

Cabe ao Estado o dever de punir e reprimir a pratica de crimes, mas o


sistema apenas faz com que o sujeito se afaste da sociedade, e quando volta a
sociedade é ainda pior.
A ressocialização não é uma tarefa fácil e não cabe somente ao Estado,
pois ao reinserir novamente a sociedade o apenado tem um desejo de ser uma nova
pessoa perante ela e a sua família.
Como entende Renato Marcão (2005, p.01):

A execução penal deve objetivar a integração social do condenado e


do internado, já que adotada a teoria mista ou eclética, segundo o qual
a natureza retributiva da pena não busca apenas a prevenção, mas
também a humanização. Objetiva-se, por meio da execução punir e
humanizar.

A legislação tem dupla finalidade, efetiva o que foi sentenciado e dá sentido


para que se cumpra a pena de forma humanizada e, assim, o apenado volte a
sociedade sem a intenção de praticar novos delitos. A ressocialização tem o propósito
de oferecer dignidade, humanidade e honra ao apenado.
Mas para que esse método funcione e preciso que o Estado exerça
corretamente o seu papel, juntamente com a sociedade. Uma vez que também a
participação da família é de suma importância para que o apenado não se sinta
abandonado e nem que está sendo tratado com descaso.
A essência inerente da reinserção social é a assistência e a ajuda na
aquisição dos meios necessários para a reintegração do sujeito a sociedade. Vale
ressaltar que não há como separar o castigo da humanização, pois ambos são
inerentes entre si e oferecem um melhoramento na situação particular do preso.
23

5.1 Assistência Material

O Estado tem o dever de dar assistência ao condenado, visando sempre a


prevenção do crime e os orientando a ter uma boa convivência ao seu retorno à
sociedade.
A assistência material nada mais é que o suprimento das necessidades
básicas dos condenados, como alimentação, vestuário e instalações higiênicas.
Segundo Lúcio Paulo Nogueira (1996, p.19):
A qualidade de vida que se pretende dar ao condenado, no nosso
modesto entendimento, não pode de forma alguma ser melhor do que
a que se dá ao homem livre, que trabalha o dia todo, talvez recebendo
uma remuneração que não lhe permite ter uma vida digna, mas que
continua honesto e respeitando as regras de convivência social.

O que o autor quis dizer com seu raciocínio é que não seria justo o preso
ter melhores condições de vida do que um homem que é livre batalha por isso de
forma honesta, mas também isso não quer dizer que o preso mereça viver de uma
forma indigna e desumana, apenas que ele não tenha mais privilégio que o homem
livre.
Segundo o autor (1996, p. 20) “ o crime não retira do homem a sua
dignidade, mas também não deve o regime carcerário propiciar-lhe mais benefícios
do que aquele que desfruta quando em liberdade”, motivo pelo qual o preso deve
receber um tratamento adequado e digno, como alimentação, que deve ser distribuída
no café da manhã, no almoço e jantar, e condições higiênicas adequadas. Já o
vestuário, deve ser padronizado, ou seja, o uso de uniformes pelos presos.

5.2 Assistência à Saúde

Em seu artigo 14, caput, parágrafo 2° a Lei de Execução Penal estabelece


que:
Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de caráter
preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico,
farmacêutico e odontológico. (...)
§ 2º Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para
prover a assistência médica necessária, esta será prestada em outro
local, mediante autorização da direção do estabelecimento (BRASIL,
1984).
24

Porém, sabemos que em muitos casos, a realidade que as penitenciarias


brasileiras estão vivendo hoje é uma completamente diferente ao o que é previsto em
lei. A mesma, não dispõem de equipamentos apropriados para o atendimento médico,
farmacêutico e odontológicos, e os outros estabelecimentos ao quais eles deveriam
recorrer que na maioria das vezes é da rede pública, também são carentes desses
equipamentos e serviços.

5.3 Assistência Jurídica

Segundo o Código de Processo Penal “nenhum acusado, ainda que


ausente ou foragido, será processado ou julgado sem defensor”.
Caso o acusado não designa de nenhum defensor, que poderá ser
nomeado por ele mesmo, o juiz terá habilitação de nomear um defensor para o
mesmo.

5.4 Assistência Educacional


A Lei de Execução Penal dispõe em seus artigos 17, 18 e 19 que a
assistência educacional compreenderá a instituição e a formação profissional e
técnico, sendo obrigatório o ensino de primeiro grau.
Quanto às mulheres a assistência deve ser dada conforme suas condições.

5.5 Assistência Social

A Lei de Execução Penal alega que a assistência que deve ser dada ao
condenado é de total dever do Estado, que tem por finalidade ampará-lo e prepará-lo
para o retorno a sociedade.
Em seu artigo 23 a LEP assegura que, incumbe ao serviço de assistência
social:
I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames;
II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento, os problemas e
as dificuldades enfrentadas pelo assistido;
III - acompanhar o resultado das permissões de saídas e das saídas
temporárias;
IV - promover, no estabelecimento, pelos meios disponíveis, a
recreação;
V - promover a orientação do assistido, na fase final do cumprimento
da pena, e do liberando, de modo a facilitar o seu retorno à liberdade;
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VI - providenciar a obtenção de documentos, dos benefícios da


Previdência Social e do seguro por acidente no trabalho;
VII - orientar e amparar, quando necessário, a família do preso, do
internado e da vítima (BRASIL, 1984).

Porém a realidade vivida é outra, um a vez que sempre há reclamações


sobre o Estado não estar prestando bem o seu papel, em relação a assistência que
deve ser dada ao condenado.

5.6 Trabalho para Condenados

Durante a execução da pena os condenados podem exercer algum tipo de


trabalho, podendo ser dentro ou fora do estabelecimento pena, tendo todos os direitos
que uma pessoa tem em relação ao exercício do trabalho, como remuneração,
segurança no ambiente de trabalho, direitos previdenciários e sociais.
O trabalho durante o cumprimento da pena pode servir como um
complemento para o processo de reintegração e a readaptação do condenado na
sociedade.
Mas para que esse mecanismo de ressocialização funcione é preciso que
haja semelhanças entre o trabalho do condenado com o do trabalhador livre, ou seja,
que seu trabalho também seja aparado pelas Consolidações das Leis de Trabalho,
porém o condenado não goza de alguns benefícios como 13º salário e férias.
De acordo com o artigo 29 da Lei de Execução Penal a remuneração do
trabalhador condenado é mediante previa tabela, não podendo ser inferior a três
quartos do salário mínimo.
A jornada de trabalho é de no máximo oito horas e mínimo de seis horas,
devendo haver descanso nos finais de semanas e feriados.
O emprego dado ao apenado ou ex apenado poderia ajudar na solução
dessa crise.
Lemos et al acredita que (1999, p.126):
“[...] estratégias de ressocialização através do trabalho prisional, deve-
se principalmente reorganizar toda a forma como é utilizado o trabalho
prisional; ao organizá-lo, a instituição deve buscar um tipo de trabalho
mais criativo, mais flexível, objetivando sempre a interação entre as
necessidades dos apenados e o conteúdo da tarefa, de maneira que
esse possa se sentir como um indivíduo portador de desejos,
aspirações e fantasias, como um ser simbólico, num ambiente
organizacional que dissocie o criminoso do crime”
26

6 A REINCLUSÃO SOCIAL DO APENADO

Para a Lei de Execução Penal reintegrar o apenado novamente à


sociedade é um de seus principais objetivos, vista que assim que cumprida sua pena,
ele será reintegrado ao convívio em sociedade, com a intenção de ter uma vida digna
e honesta.
Porém, alguns doutrinadores acreditam que a pena privativa de liberdade
não alcança de fato o seu real objetivo, ou seja, manter o apenado privado de sua
liberdade não ajudaria em nada, vez que isso não ajudaria o apenado a ter um bom
convívio em sociedade, pois seria completamente contraditório esperar que alguém
aprenda a viver em liberdade estando privada dela.
Marcão acredita que (2005, p.126 e 127):
A melhor interpretação que se deve dar à lei é que mais favoreça a
sociedade e o preso, e por aqui não é possível negar que a dedicação
rotineira deste aprimoramento de sua cultura por meio do estudo
contribui decisivamente para os destinos da execução, influenciando
de forma positiva em sua readaptação ao convívio social. Aliás, não
rara as vezes o estudo acarretará melhores e mais sensíveis efeitos
no presente e no futuro do preso, vale dizer durante o período de
encarceramento e quando da reinserção social, do que o trabalho
propriamente dito, e a alegada taxatividade da lei não pode constituir
óbices a tais objetivos, notadamente diante da possibilidade de
interpretação extensiva que se pode emprestar ao disposto no art.126
LEP. Tanto quanto possível, em razão dos seus inegáveis benefícios,
o aprimoramento cultural por meio do estudo deve ser um objetivo a
ser alcançado na execução penal, e um grande estimulo na busca de
tal ideal é a possibilidade de remir a pena privativa de liberdade pelo
estudo.

De acordo com o autor, para que o apenado consiga ter um bom resultado
em sua reinserção na sociedade, será necessário que o mesmo tenha seus
conhecimentos e culturas aprimorados por meio do estudo, isso favoreceria tanto o
próprio apenado quanto a sociedade.
Uma outra forma seria a constante participação dos apenados em
programas sociais onde poderiam ter mais convívio com a sociedade, como por
exemplo programas que geram empregos com a inclusão dos apenados.

6.1 As Barreiras enfrentadas pela Ressocialização


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A ressocialização dos presos vem enfrentando uma grande barreira para


ter sua efetiva aplicação. Essa barreira se dá pelo descaso vindo do Estado em buscar
de soluções para findar com a crise que vem sido enfrentada pelo sistema carcerário
brasileiro.
Os apenados ficam reclusos em celas completamente insalubres e
superlotadas, sem nenhum tipo de ocupação, pois o Estado não demonstrar nenhum
tipo de interesse sobre essa questão, deixando-os completamente desolados e sem
nenhum tipo de assistência, onde essa seria o dever do Estado para com os
apenados.
28

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho fez uma breve analise da crise a qual o sistema


penitenciário brasileiro está vivendo hoje.
Foi abordado sobre a aplicabilidade da LEP, bem como os principais
fatores que impendem a sua efetiva aplicação referente aos direitos e deveres dos
apenados.
Apesar de ser um avanço e tanto na legislação brasileira, infelizmente a
LEP não consegue ter um bom resultado perante a sua aplicação, vez que, o Estado
e nem a sociedade fazem sua parte. O Estado os tratam com total descaso e nenhum
pouco de dignidade ou humidade, e a sociedade os enxergam de tudo quanto é forma,
menos como humanos que erram e podem estar arrependidos pelos seus atos.
A LEP possui em seu interior, diversos meios para que seja alcançada
devidamente as finalidades da pena, apesar de ser tratar de uma lei sancionada, o
Estado não tem uma estrutura física adequada para que sua aplicabilidade tenha um
resultado positivo. Desta forma, se os preceitos fossem devidamente aplicados seria
possível sim a recuperação dos detentos, ficando beneficiado não só o próprio, mas
também a sociedade, no sentido de que após cumprir com suas obrigações perante a
justiça retornaria ao convívio social menos propício a praticar reincidência
Logo depois abordamos sobre a realidade do sistema prisional brasileiro
onde os apenados são tratados de forma desumana, sem nenhuma dignidade. São
obrigados a viver em celas superlotadas, e insalubres. Em meio de muitas violências
tato dos colegas de reclusão quanto dos próprios agentes, e isso os afeta de uma
forma totalmente negativa, fazendo com que as prisões se torne na verdade uma
escola do crime e não um lugar de ressocialização que seria o certo.
Por fim, o real motivo da ressocialização, quais os benefícios para a
reinserção do preso a sociedade e as barreiras que tem quer ser quebrada para que
a ressocialização venha de fato funcionar.
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REFERÊNCIAS

BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: parte geral. Ed.9. São
Paulo: Saraiva, 2004. V.1.

BRASIL. Constituição Federativa do Brasil-1988

_______. Lei n° 7,210, de 11 de julho de 1984 – Lei de Execução Penal. Disponível


em< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L7210.htm> Acesso em: 21 de out.
2018.

HERKENHOFF, João B. Crime: Tratamento sem Prisão. Ed.3. Porto Alegre: Livraria
do Advogado, 1998.

LEMOS, Ana Margarete; MAZZILLI Cláudio; KLERING, Luís Roque. Psicodinâmica


do trabalho – contribuições da escola dejouriana a análise da relação do prazer,
sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas, 1999.

MACHADO, Andre Rafael. A inclusão social dos apenados: estratégias


empreendidas pelo presídio estadual de agudo para promover a ressocialização. In:
Âmbito Jurídico, Rio Grande, XX, n. 166, nov 2017. Disponível em: <
http://www.ambitojuridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=1980
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>. Acesso em: 03 out. 2018.

MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. ed.13, São Paulo: Saraiva, 2015.

_______________. Curso de Execução Penal. Ed.12, São Paulo: Saraiva, 2005.

MIRABETE, Julio F. Execução Penal: comentários à Lei n°7.210 de 11 de julho de


1984. Ed.6. São Paulo: Atlas, 1996.

NOGUEIRA, Paulo Lúcio. Comentários à Lei de Execução Penal. Ed.3. São Paulo:
Saraiva, 1996.

OLIVEIRA, João Bosco. A execução penal: uma realidade jurídica social e humana.
São Paulo: Atlas,1990.

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