A Relação de Consumo Nos Tribunais Gercino

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A RELAÇÃO DE CONSUMO NOS TRIBUNAIS

Algumas exceções ao conceito de fornecedor foram estabelecidas pela


jurisprudência. A posição majoritária do Superior Tribunal de Justiça é pela não
incidência da legislação consumerista para resolução dos casos envolvendo, por
exemplo, contratos de locação, contratos de franquia, contratos de crédito educativo
custeados pelo Estado (Fies), relações entre condomínio e condômino, bem como a
Autarquia Previdenciária (INSS) e seus beneficiários.

CONSUMIDOR SEGUNDO A TEORIA MAXIMALISTA

Para a teoria maximalista, a definição de consumidor é puramente objetiva. A


aplicação do CDC deve ser a mais ampla possível, não importando se a pessoa física
ou jurídica busca ou não o lucro quando adquire um produto ou utiliza um serviço.
Portanto, o destinatário final é o destinatário fático do produto, aquele que o retira do
mercado e o utiliza.

CONSUMIDOR SEGUNDO A TEORIA FINALISTA

Para os finalistas, o campo de aplicação do CDC deve restringir-se àqueles


que necessitam de proteção. Por isso, consumidor é a pessoa física ou jurídica que,
além de ser a destinatária fática, é também a destinatária econômica, pois, com a
utilização do bem ou serviço, busca o atendimento de necessidade pessoal, sem
reutilizá-lo no processo produtivo, nem mesmo de forma indireta quando adquire um
produto ou utiliza um serviço. Portanto, o destinatário final é o destinatário fático do
produto, aquele que o retira do mercado e o utiliza.
Os finalistas afirmam que, ao se adquirir um produto ou serviço com a
finalidade de desenvolver uma atividade de produção, seja para compor o
estabelecimento ou para revender o produto, mesmo que transformado, este não
estaria utilizando o produto ou serviço como destinatário final.

CONSUMIDORSEGUNDOATEORIA MISTA

Nesta corrente doutrinária, o consumidor— destinatário final seria aquela


pessoa que adquire o produto ou o serviço para o uso privado, porém, admitindo-se
esta utilização em atividade de produção, com a finalidade de desenvolver atividade
comercial ou profissional, desde que seja provada a vulnerabilidade desta pessoa
física ou jurídica que está adquirindo o produto ou contratando o serviço.
"Em casos difíceis envolvendo pequenas empresas que utilizam insumos para
a sua produção, mas não em sua área de expertise ou com uma utilização mista,
principalmente na área dos serviços, provada a vulnerabilidade, concluiu-se pela
destinação final de consumo prevalente. Esta nova linha, em especial do STJ, tem
utilizado, sob o critério finalista e subjetivo, expressamente a equiparação do art. 29
do CDC, em se tratando de pessoa jurídica que comprove ser vulnerável e atue fora
do âmbito de sua especialidade, como hotel que compra gás. Isso porque o CDC
conhece outras definições de consumidor. O conceito-chave é o da vulnerabilidade."

CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO OU BYSTANDER

Pessoas atingidas por falhas no produto ou na prestação de serviço,


independentemente de serem consumidoras diretas, são amparadas pelas normas
de defesa do consumidor. A doutrina convencionou chamar de consumidor por
equiparação ou bystander, aquele que, embora não esteja na direta relação de
consumo, por ser atingido pelo evento danoso, equipara-se à figura de consumidor
pelas normas dos arts. 20, parágrafo único, 17 e 29 do CDC.

CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO OU BYSTANDER

Pessoas atingidas por falhas no produto ou na prestação de serviço,


independentemente de serem consumidoras diretas, são amparadas pelas normas
de defesa do consumidor. A doutrina convencionou chamar de consumidor por
equiparação ou bystander, aquele que, embora não esteja na direta relação de
consumo, por ser atingido pelo evento danoso, equipara-se à figura de consumidor
pelas normas dos arts. 20, parágrafo único, 17 e 29 do CDC.

APLICABILIDADE DO CONCEITO DE PROFISSIONAIS LIBERAIS

As relações jurídicas estabelecidas entre os profissionais liberais e seus


clientes se enquadram nas relações de consumo e são submetidas ao Código de
Defesa do Consumidor. Os profissionais liberais são considerados fornecedores por
prestarem serviço de forma autônoma e habitual. Assim, no caso, a responsabilidade
civil contratual deve ser apurada mediante culpa. (EXCEÇÃO AO CDC)
INAPLICABILIDADE DO CDC NAS RELAÇÕES ENTRE CLIENTE E
ADVOGADO

Não se aplica o Código de Defesa do Consumidor em relação contratual entre


cliente e advogado para a prestação de serviços advocatícios, mas sim o Estatuto da
Advocacia e a Ordem dos Advogados do Brasil — Lei n.o 8.906/94.

APLICABILIDADE DO CDC NAS RELAÇÕES ENTRE AS COOPERATIVAS


DE CRÉDITO E OS COOPERADOS

Aplica-se o Código de Defesa do Consumidor às relações jurídicas


estabelecidas entre as cooperativas de crédito e os cooperados. Nos termos do art.
18, Sio da Lei 4.595/1964, a cooperativa quando oferta crédito aos associados
integra o Sistema Financeiro Nacional e, assim, equipara-se às instituições
financeiras.

RELAÇÃO JURÍDICA ENTRE OS CONDÔMINOS E O CONDOMÍNIO

Inaplicável o Código de Defesa do Consumidor às relações entre os


condôminos e o condomínio quanto às despesas para manutenção e conservação do
prédio e dos seus serviços. As partes não se identificam com os conceitos de
consumidor e fornecedor, consoante arts. 2° e 3° do CDC.

RELAÇÃO DE CONSUMO ENTRE O CONCESSIONÁRIO DE SERVIÇO


PÚBLICO E O USUÁRIO FINAL

O vínculo existente entre o concessionário de serviço público e o usuário final


é estritamente contratual, e, por isso, regido pelo Código de Defesa do Consumidor.
As partes se configuram como fornecedor e consumidor, a teor do que dispõem os
artigos 20 e 30 da Lei 8.078/19go.

RELAÇÃO DE CONSUMO ENTRE O CONCESSIONÁRIO DE SERVIÇO


PÚBLICO E O USUÁRIO FINAL

Ementa do julgado: direito do consumidor, civil e administrativo. Ação de


indenização. Responsabilidade civil. Fornecimento de serviços de esgoto e água
tratada. código de defesa do consumidor. Rompimento da tubulação da rede de
abastecimento de água. Vazamento. Infiltração no subsolo. Danos estruturais ao
imóvel situado no local do evento. caesb. Culpa. Falha nos serviços. Omissão. Culpa
concorrente da consumidora. Obra executada em desconformidade com as
exigências técnicas. prova. Inexistência. Danos materiais. Ressarcimento devido.
Lucros cessantes. prédio destinado a locação. Frustração. Cabimento. Honorários.
Adequação. Redução. Impossibilidade. Sentença mantida.

RELAÇÃO DE CONSUMO ENTRE LOCADOR E LOCATÁRIO

Não se aplicam as disposições do Código de Defesa do Consumidor às


relações de locação. Os contratos locatícios são regidos pela Lei n.° 8.245/91, além
disso, inexistem as características delineadoras da relação de consumo apontadas
nos arts. 2° e 3° do CDC.

CDC E O CONTRATO DE FRANQUIA

O contrato de franquia não está sujeito ao âmbito de incidência da Lei n.°


8.078/1990. O franqueado não é consumidor de produtos ou serviços da
franqueadora, mas aquele que os comercializa junto a terceiros, estes sim, são os
destinatários finais.
Ementa: civil e processual civil. Ação de rescisão contratual. Contrato de
franquia. código de defesa do consumidor. Inaplicabilidade. circular de oferta de
franquia. Entrega aos franqueados comprovada. Desistência manifestada pelos
franqueados anteriormente à implementação da franquia e da transferência de know
how. Perda da metade da taxa de franquia. Manutenção. Multas contratuais. não
cabimento. 1. Os franqueados não se enquadram no conceito de consumidor, por
não serem destinatários finais dos produtos e serviços fornecidos pela franqueadora.

CDC E O ESTATUTO DO TORCEDOR

Apesar de o Estatuto do Torcedor (Lei n.° 10.671/2003) ser uma legislação


especial com elementos próprios, por força da especificidade da relação entre o
torcedor e o fornecedor, pode ser utilizado, concomitantemente, com o código
consumerista, pela coerência que existe entre eles.

Ementa: responsabilidade civil. Direito do consumidor. Estatuto do torcedor.


ingresso vendido com numeração relativa a assento inexistente. vício no
fornecimento do serviço. Restituição parcial do preço pago. Responsabilidade
solidária de todos os envolvidos no evento. Federação brasiliense de futebol.
Preliminar de ilegitimidade passiva rejeitada. Recurso conhecido e desprovido. 1. O
torcedor se encontra tutelado por legislação específica, consubstanciada no Estatuto
do Torcedor (Lei n° 10.671/2003), sem prejuízo da incidência concomitante, em
necessário diálogo de fontes, das disposições providas pelo microssistma
consumerista.

CDC E O CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS

O contrato de prestação de serviços educacionais submete-se às regras do


CDC, por traduzir relação de consumo na qual o estabelecimento de ensino figura
como fornecedor de serviço e o aluno, como consumidor, uma vez que utiliza o
serviço ofertado como destinatário final. Artigos relacionados: arts. 2° e 3° do CDC.
Apelação. Direito do consumidor. Obrigação de fazer com indenização. sesi. Bolsa de
estudos. Programa ebep. Quantitativo de vagas. Mera expectativa de direito. dano
material. Inexistência. 1. A relação jurídica entre as partes configura típica relação de
consumo, porquanto envolve fornecedora de serviços educacionais e destinatários
finais da prestação dos serviços. Art. 20 e 3° do Código de Defesa do Consumidor. 2.
O processo seletivo para a concessão de bolsa de estudo do EBEP gera para o aluno
pretendente apenas uma mera expectativa de direito, e não de certeza absoluta de
ser contemplado com o referido benefício, mesmo porque havia uma limitação de
vagas oferecidas pelo SESI.

CDC E O CONTRATO DE CONSUMO INTERNACIONAL

Caracterizada a relação de consumo, aplica-se o CDC ao contrato


internacional com pessoa jurídica sediada no exterior que possui empresa no Brasil.
É abusiva a cláusula de eleição de foro que impõe ao consumidor a obrigação de
demandar contra a pessoa jurídica sediada no exterior, quando há empresa do
mesmo grupo econômico no Brasil, uma vez que coloca o consumidor em
desvantagem exagerada para a defesa de seus direitos, em ofensa ao art. 60, inciso
VIII, do CDC. Nessa hipótese, como é assegurada ao consumidor a proteção às
relações de consumo, seja nacional, sejam internacionais, a Justiça Brasileira é
competente, de forma absoluta, para solucionara demanda. Artigos relacionados:
arts. 3° e 51, IV, do CDC; arts. 63 e 75, X, do CPC/2o15.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO FORNECEDOR

Dada a desigualdade técnico-econômica entre consumidores e fornecedores e


a vulnerabilidade dos consumidores na relação de consumo, o legislador instituiu a
responsabilidade objetiva na sistemática de consumo. A culpa é elemento irrelevante
para a caracterização do dever de indenizar, eis que, basta ao consumidor lesado
demonstrar a relação entre o dano e o defeito do produto/serviço (nexo causal), para
que se caracterize o direito à reparação dos danos. Artigos relacionados: arts. 12 e
14 do CDC.
Apelação cível. Direito civil. Direito do consumidor. Direito processual civil.
furto de veículo no interior do estacionamento. Relação de consumo. Configuração.
Responsabilidade civil objetiva do fornecedor do serviço. Falha do dever de guarda,
vigilância e segurança. Dever de indenizar. Caso fortuito e força maior. Afastados.
Culpa exclusiva de terceiro alheio ao serviço. Ausência de prova. recurso conhecido
e não provido. Sentença mantida.

RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL LIBERAL (EXCEÇÃO)

A responsabilidade civil dos profissionais liberais é uma exceção à regra


proclamada pelo CDC, e, portanto, será apurada mediante a verificação de culpa.
Isso se dá pelo fato desses profissionais exercerem atividades de meio, utilizando-se
de toda a perícia e prudência para atingir um resultado, porém não se
comprometendo a alcançá-lo. Artigo relacionado: art. 14, § 40, do CDC.
Responsabilidade civil. Clínica odontológica. Profissional liberal. Tratamento
odontológico. Obrigação de meio. Falha na prestação do serviço. Não comprovada. 1
- A responsabilidade civil da clínica odontológica é objetiva (art. 14 do CDC). Já a
responsabilidade civil do profissional liberal é subjetiva, de modo que incumbe ao
paciente comprovar a conduta culposa do profissional, os danos sofridos e o nexo de
causalidade (art. 14, §40, do CDC).

RESPONSABILIDADE DO PROFISSIONAL LIBERAL NO CASO DA


CIRURGIA ESTÉTICA

A despeito de a responsabilidade dos profissionais liberais serem subjetiva, no


caso da cirurgia estética, por se tratar de uma obrigação de resultado, adota-se a
presunção de culpa do profissional, caso em que o ônus probatório é invertido
automaticamente, gerando efeitos práticos semelhantes ao da responsabilidade
objetiva.
Consumidor, civil e processo civil. Apelação cível. Indenização. Cirurgia
plástica nas mamas. Caráter estético. Obrigação de resultado. Profissional liberal.
Responsabilidade. Danos materiais e morais. A cirurgia plástica nas mamas tem
caráter estético, atraindo a obrigação de resultado e a aplicação das regras da
responsabilidade subjetiva com culpa presumida, apenas se eximindo o profissional
diante da prova de motivo de força maior, caso fortuito ou culpa exclusiva da vítima.

RESPONSABILIDADE DO HOSPITAL QUANTO À ATUAÇÃO DOS


MÉDICOS.
De acordo com o STJ, a responsabilidade dos hospitais, no que tange à atuação
técnico-profissional dos médicos que neles atuam ou que a ele sejam ligados por
convênio, é subjetiva, ou seja, apenas existirá se for provada a culpa dos médicos.
ação reparatória de danos ajuizada em desfavor do hospital. médico preposto do
nosocômio. Responsabilidade objetiva da entidade hospitalar. Necessidade de
comprovação da responsabilidade subjetiva do médico. Diagnóstico tardio de
apendicite. Supuração com derramamento de grande quantidade de material
infeccionado na cavidade abdominal (peritone generalizado). má prestação do
serviço. Negligência/imperícia do médico. Dano moral. Configuração. Alargamento da
cicatriz resultante. Dano estético configurado. Quantum. Obediência aos princípios da
razoabilidade e da proporcionalidade. Adstrição à normativa da efetiva extensão do
dano. função preventivo-pedagógica-reparadora-punitiva. provido apenas recurso do
autor. sentença parcialmente reformada.

RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA

A responsabilidade no sistema do CDC é solidária. Aponta o CDC no


parágrafo único do art. 70: "Tendo mais de um autor a ofensa, todos responderão
solidariamente pela reparação dos danos previstos nas normas de consumo". Mais
adiante, o art. 25 estabelece em seu parágrafo 10: "Havendo mais de um
responsável pela causação do dano, todos responderão solidariamente pela
reparação prevista nesta e nas seções anteriores" Artigos relacionados: arts. 70
parágrafo único, 12 a 14, a8 e 25, do CDC. Direito civil e consumidor. Venda de
terreno para incorporadora construir o empreendimento. Contrato de promessa de
compra e venda feita em nome do alienante com o consumidor. Teoria da aparência.
Aplicação do cdc. Responsabilidade solidária do vendedor/proprietário do terreno.
Inadimplemento contratual. mora da empresa. lucros cessantes devido. Apuração do
valor em liquidação de sentença. termo final. data da sentença que decretou a
resolução contratual. Imposto de renda. Impossibilidade de dedução da verba
indenizatória. teoria do adimplemento substancial. Inaplicabilidade. Honorários
advocatícios.

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