Reforcamento Positivo
Reforcamento Positivo
Reforcamento Positivo
T _
■ HÉiilM l i i M l É h PiiiiPTiiihM ilhilP jilPi P
R ef o rçam en to Po sitiv o :
Prin cíp io , A p licação e
Ef eito s D esejáveis
M a r ia B e a t r iz B a r b o s a P in h o M a d i1
P rin c íp io d o re fo rç o O re sp o n d e r au m e n ta q u an d o p ro d u z re fo rç ad o re s.
R e fo rç ad o r (su b stan tiv o ) U m e stím u lo .
R e fo rç ad o r (ad jetiv o ) U m a p ro p rie d ad e d e u m e stím u lo .
R e fo rç o (su b stan tiv o ) C o m o u m a o p e raç ão - ap re se n tar c o n se q ü ê n c ia s
q u an d o u m a re sp o sta o c o rre .
C o m o u m p ro c e sso - o au m e n to d as re sp o stas q u e
re su ltam d o re fo rç o .
R e fo rç ar (v erb o ) C o m o u m a o p e raç ão - ap re se n tar c o n se q ü ê n c ia s
q u an d o u m a re sp o sta o c o rre : as re sp o stas são re
fo rç ad as, n ã o o rg an ism o s*
C o m o u m p ro c e s s o - a u m e n ta r o re s p o n d e r m e
d ia n te a o p e raç ão d e re fo rç o .
Reforçamento Positivo: Principio, Aplicação e Efeitos Desejáveis * 43
“E s t a t e r m in o lo g ia ê a d e q u a d a s e e s o m e n t e s e e s t iv e r e m p r e s e n t e s três
c o n d iç õ e s : (1) u m a r e s p o s t a p r o d u z a lg u m a c o n s e q ü ê n c ia, (2) a r e s p o s t a
o c o r r e c o m m ais fr e q ü ê n c i a d o q u e q u a n d o n ão p r o d u z c o n s e q ü ê n c ias e
(3) o a u m e n t o d a s r e s p o s t as o c o r r e p o r q u e a r e s p o s t a t e m a q u e l a c o n s e
q ü ê n c i a ,} ( p ág . 90).
“O r e fo r ç o d e alg u m as r e s p o s t as m as n ão d e o u t ras, c h a m a d o d e r e fo r ç o in
t e r m it e n t e o u p ar c ial , é u m a c ar ac t e r ís t ic a g e r al d o c o m p o r t am e n t o .( ...) O
r e fo r ç o c o n t ín u o o u reg u lar, q u e é o r e fo r ç o d e c a d a r e s p o s t a d e n t r o d a c las s e
o p e r an t e , é a e x c e ç ão m ais d o q u e a reg rat} ( C at an ia, 1999, p ág . 177).
O e s q u e m a d e re f o rç a m e n to in te rm ite n te e s p e c if ic a q u an d o u m a re s p o sta
se rá re f o rç a d a e q u an d o o re f o rç a d o r n ão e sta rá d isp o n ív e l. N e sse c aso , o b s e r
v a - se o re f o rç a m e n to e a e x tin ç ão , o u se ja, n ão o c o rrê n c ia d o re f o rç o e m d e te r
m in a d a s o c a s iõ e s.
O s e sq u e m a s d e re f o rç a m e n to in te rm ite n te m ais c o m u n s são :
IDENTIFICANDO AS CONTINGÊNCIAS
“A s p e s s o as u s u alm e n t e p r o c u r am a t e r ap ê u t ic a m é d ic a o u c o m p o r t am e n t al
e m fu n ç ã o d a q u ilo q u e e s t ão s e n t in d o . O m é d ic o m u d a o q u e e las s e n t e m d e
m an e ir as m é d ic as ; o s t e r ap e u t as c o m p o r t am e n t ais alt e r a m as c o n t in g ê n
c ias d as q u ais o s s e n t im e n t o s s ão fu n ç ã o ” ( Skin n er, 1991, p ág . 114).
uD ife r e n t e s c o m u n id ad e s g e r am t ip o s e q u an t id ad e s d ife r e n t e s d e a u t o
c o n h e c im e n t o e d ife r e n t e s m an e ir as d e u m a p e s s o a e x p lic ar - s e a si m e s m a e
ao s o u t r o s ” ( Skin n er, 1974, p ág . 186).
Reforçamento Positivo: Principio, Aplicação e Efeitos Desejáveis ■ 47
IDENTIFICANDO OS REFORÇADORES
“A ú n ic a m an e ir a d e d iz e r s e u m d a d o e v e n t o é r e fo r ç ad o r o u n ão p a r a u m
d a d o o r g an is m o , s o b d a d a s c o n d iç õ e s , é f a z e r u m t e s t e d ir e t o . O b s e r v am o s
a fr e q ü ê n c ia d e u m a r e s p o s t a s e le c io n ad a, d e p o is t o r n am o s u m e v e n t o a
e la c o n t in g e n t e e o b s e r v am o s q u a lq u e r m u d a n ç a n a fr e q ü ê n c ia ” ( Skin n er,
1 9 7 0 , p ág . 4 8 ) .
O p ro c e d im e n to su g e rid o ac im a, p ara a c la s s if ic a ç ã o d e u m e v e n to c o m o
re fo rç ad o r, é p o ssív e l q u an d o a atu aç ão a c o n te c e e m a m b ie n te p lan e jad o p ara
o c o n tro le d as v ariáv eis relev an te s. Em g eral, são am b ie n te s “d e lab o rató rio ” o n d e o
rig o r e x p e rim e n tal exig id o é p o ssív e l.
N a p rá tic a c lín ic a, o te rap e u ta te m d isp o n ív e l ap e n as o re lato v e rb al d o c lie n
te so b re se u s c o m p o rta m e n to s- p ro b le m a , u m a p e q u e n a p a rc e la d as d ific u ld ad e s,
e m g eral o s d é fic its c o m p o rta m e n ta is o u e x c e sso s e m itid o s d u ran te a se ssão e,
p rin c ip alm e n te , p o u c o s re fo rç ad o re s p o sitiv o s, g e ralm e n te o s e v e n to s d isp o n í
v e is n o s e p isó d io s v e rb ais, p ro v e n ie n te s d o f a la n te e/ o u d o o u v in te , o u se ja ,
re fo rç ad o re s so c iais g e n e raliz ad o s v e rb ais tip o e lo g io e ap ro v aç ão e n ão v e rb ais
n a fo rm a d e g e sto s, ate n ç ão , c arin h o e tc .
t e m p o r a l e m t e r m o s d a s e q ü ê n c ia e d a p r o x i m i d a d e d a r e s p o s t a e d o
r e fo r ç am e n t o ” ( Skin n er, 1948).
“ U m a p e s s o a e s t á b e m c o n sig o m e s m a q u an d o s e n t e u m c o r p o p o s it iv am e n t e
r e fo r ç ado . O s r e fo r ç ad o r e s p o s it iv o s d ã o praz er. D ão p r az e r m e s m o q u an d o
ac id e n t ais (feliz , an t ig am e n t e , s ig n ific av a \ sortudo’) ” (Skin n er, 1 9 8 9 , pág . 114).
“O e fe it o r e fo r ç ad o r d e u m a c o n s e q ü ê n c ia p ar t ic u lar p o d e ter s e d e s e n v o lv id o
s o b c o n d iç õ e s q u e j á n ão v ig o ram . P o r e x e m p lo , a m a io r ia d e n ó s é f o r t e
m e n t e r e fo r ç ad a p o r alim e n t o s s alg ad o s o u d o c e s , n ão p o r q u e g r an d e s q u a n
t id ad e s s ão at u alm e n t e b o as p a r a n ó s , m as p o r q u e alim e n t o s s alg ad o s e
d o c e s f o r a m e s c as s o s n a h is t ó r ia d a e s p é c ie " (S kin n er ; 1991, p ág . 105).
“S er r e fo r ç ad o p e lo s u c e s s o d a n o s s a a ç ã o é e s p e c ialm e n t e v an t ajo s o n a
m e d id a e m q u e n o s f a z e s s e n c ialm e n t e seres ag en t es e m r e laç ão a o m eio , ag e n
tes c o n t r o lad o s p e lo e fe it o d e n o s s a p r ó p r ia a ç ã o " ( M ic heletto, 1 9 9 7 , p ág . 118).
54 ■ Terapia Comportamental
R ef er ên c ia s
SKIN N ER, B. F. Questões Recentes na Análise Comportamental. Ca m p in a s: Pap ir u s, 199 1 (Pu b licação
o r ig i n a l , 1 9 8 9 ).
............................. ....................................CA PÍTULO
Reforçamento Negativo na
Prática Clínica: Aplicações
e Implicações
M a l y D e l it t i
.. Cá s s ia R o b e r t a d a C u n h a Th o ma z
rato d e p re s s io n a r a b a rra é se g u id a d e ág u a n o b e b e d o u ro o u a re s p o s ta d e e s
tu d a r d e u m s u je ito é se g u id a d e a p re n d iz a g e m e b o a s n o ta s n as p ro v as.
En tre tan to , g ran d e p arte d as re sp o sta s n ão é m a n tid a p o r c o n s e q ü ê n c ia s p o
sitiv as. En c o n tra m - s e , ta m b é m , re sp o sta s m a n tid as p o r R e f o rç a m e n to N eg ativ o .
O te rm o R e f o rç a m e n to N eg ativ o é d e fin id o c o m o u m p ro c e d im e n to n o q u al h á a
re tirad a o u a e v itaç ão d e u m e stím u lo av ersiv o c o n tin g e n te a u m a re sp o sta, q u e
a u m e n ta d e f re q ü ê n c ia p o s te rio rm e n te .
Ex iste m , b a s ic a m e n te , d o is tip o s d e o p e ra ç õ e s q u e se c a ra c te riz a m c o m o
R e f o rç a m e n to N eg ativ o : fu g a e e sq u iv a. R e sp o stas d e fu g a p ro d u z e m o f im d o c o n
tato c o m u m e stím u lo av e rsiv o e re sp o stas d e e sq u iv a e v itam o c o n ta to c o m e sse
e stím u lo . Se e stas re sp o stas a u m e n ta re m d e f re q ü ê n c ia n o fu tu ro , c o n s id e ra - s e
q u e f o ram re f o rç a d a s n e g ativ am e n te .
A id é ia c e n tra l a se r e s c la re c id a é a d e q u e o re f o rç a m e n to se m p re sig n if ic a
a u m e n to d e f re q ü ê n c ia d e re s p o s ta e q u e o te rm o n e g ativ o re f e re - se ao fato d e
u m a re s p o sta e s p e c íf ic a re m o v e r, o u e lim in ar, u m e v e n to av ersiv o .
N a v id a, o s e stím u lo s av e rsiv o s são tão u b íq u o s q u a n to as re sp o stas d e fu g a e
e sq u iv a q u e p ro d u z e m . Se m p re q u e h o u v e r u m e stím u lo av ersiv o , p o te n c ia lm e n
te o c o rre rá alg u m a re sp o s ta q u e lh e d ará té rm in o o u o e v itará.
P ro c u rar a so m b ra p ara sair d o c a lo r d o so l, to m a r u m re m é d io p a ra aliv iar a
d o r, e stu d a r m u ito p ara e v itar b ro n c a e p u n iç ã o d o s p ais e p ro c u rar u m te ra p e u ta
p ara re so lv e r u m p ro b le m a c o n ju g al, são e x e m p lo s d e re sp o sta s m a n tid a s p o r
R e f o rç a m e n to N eg ativ o .
Es p e c if ic a m e n te e m re laç ã o à s itu a ç ã o c lín ic a , p a re c e q u e , f re q ü e n te m e n te , o
in d iv íd u o p ro c u ra u m te rap e u ta p o rq u e e n c o n tra - s e e m alg u m a situ aç ão av ersiv a.
C o n f o rm e a f irm a Sid m a n ( 1 9 9 5 ) , u m a p e s s o a m a n tid a p r in c ip a lm e n te p o r
R e f o rç a m e n to N eg ativ o , o u se ja, q u e e s c a p a d e e stím u lo s av e rsiv o s e/ o u o s ev ita,
a c a b a te n d o su as in te ra ç õ e s c o m o u tras p e ss o a s in f lu e n c ia d a s p o r e sse tip o d e
c o n tro le c o e rc itiv o , o q u e p o d e ria alte rar su a v isão g e ral d a v id a. N e sse se n tid o ,
a lé m d e se o b se rv ar o c o n tro le p o r R e f o rç a m e n to N eg ativ o c o m o u m a v ariáv e l
re le v an te d a q u e ix a d a p e s s o a q u e p ro c u ra a te rap ia, e n c o n tra m - s e , ta m b é m , re s
p o sta s m a n tid a s p o r R e f o rç a m e n to N e g ativ o n a h is tó ria d e v id a d e la e n a su a
in te ra ç ã o c o m o te rap e u ta.
D e q u a lq u e r m a n e ira , d e v e -se in v e stig ar o c o n tro le v ig e n te e m d e te rm in a d a
situ a ç ã o p o is, se g u n d o Sid m an (1995), alg u m as v e z e s é d ifíc il d iz e r q u al é o c o n
tro le : R e f o rç a m e n to Po sitiv o , N eg ativ o o u am b o s. Em u m a s itu a ç ã o d e la b o ra tó
rio , d e te rm in a d o s p ro c e d im e n to s p o d e ria m d e m o n s tra r o c o n tro le e m v ig o r m as,
fo ra d e sse a m b ie n te , n ã o é sim p le s s a b e r o q u e m a n té m a(s) re sp o sta( s) , ap e sar
d a im p o rtâ n c ia d e se d e s c o b rir isso .
U m a h istó ria d e v id a c a ra c te riz a d a p o r c o n tro le av ersiv o le v a ao d e se n v o lv i
m e n to d e u m re p e rtó rio d e f u g a - e sq u iv a e d e re sp o sta s e m o c io n a is d e c o rre n te s
d a p u n iç ã o , c o m o ag re ssão , f ru stra ç ã o e an sie d ad e .
Essas re sp o sta s e m o c io n a is são c o n sid e ra d a s e f e ito s c o la te ra is d a p u n iç ã o e,
se g u n d o Sid m an (1995), f re q ü e n te m e n te , tê m sig n if ic a ç ã o c o m p o rta m e n ta l c o n
sid e ráv e l c o m o o s e fe ito s p rin c ip ais.
U m o u tro e f e ito c o la te ra l d a p u n iç ã o é p o s s ib ilita r, a q u a lq u e r sin a l d e p u n i
ç ão , a c a p a c id a d e p ara p u n ir p o r si m e sm o . Isso a c a b a p o r a u m e n ta r, p a ra u m a
Reforçamento Negdtivo na Prática Clínica: Aplicações e Implicações ■ 57
p e s s o a , o n ú m e ro d e e v e n to s a m b ie n ta is av e rsiv o s, o q u e to rn a ria a v id a m e n o s
s a tis f a tó ria , u m a v e z q u e a p e s s o a p o s s iv e lm e n te irá se d e p ara r c o m m a is e s tí
m u lo s q u e o s s in a liz a m e, p o r e n c o n tr a r e v e n to s av e rsiv o s c o m f re q ü ê n c ia ,
a p re n d e rá q u e é m ais se g u ro f ic ar q u ie ta e faz e r o m ín im o p o ssív e l. En tão , o R e-
f o rç a m e n to N e g ativ o p o d e lim ita r o re p e rtó rio c o m p o rta m e n ta l, ao to rn a r o a m
b ie n te c o e rc itiv o .
A lg u n s e fe ito s d a e x p o siç ão a e v e n to s av e rsiv o s, c o n c e itu a d o s c o m o f o rm as
d e m e d o e d e a n sie d a d e , e n v o lv e m ato s d e e sq u iv a d e s n e c e s s á rio s . A ssim , o
te ra p e u ta n ão d ev e d e sv iar a a te n ç ã o d o s e v e n to s o b se rv áv e is c au sa d o re s d o s e s
tad o s in te rn o s e d as re sp o stas ab e rtas.
U m e x e m p lo c a r a c te r ís tic o d e R e f o r ç a m e n to N e g ativ o p o d e o c o r r e r n a
in te ra ç ã o v e rb al e n tre o te ra p e u ta e o c lie n te , d u ran te a se ssão . O te ra p e u ta p e r
g u n ta so b re u m d e te rm in ad o assu n to , q u e é av ersiv o p ara o c lie n te e e sse , ao in v és
d e falar so b re o te m a, m u d a d e assu n to . N e sse c aso , p o d e r- s e - á su p o r q u e a re s
p o s ta d o c lie n te , ao m u d ar d e assu n to , talv e z te n h a sid o re f o rç a d a n e g a tiv a m e n te
p o rq u e e la e lim in o u a e s tim u la ç ã o av e rsiv a d e falar so b re a q u e le assu n to . Isto é,
se o te ra p e u ta p e rm ite q u e c lie n te d e ix e d e falar so b re o assu n to s u p o s ta m e n te
av ersiv o , a R “m u d ar d e a ssu n to ” m u d o u e ste S s u p o s ta m e n te av ersiv o e fo i, p o r
tan to , re f o rç a d a n e g a tiv am e n te .
O te rap e u ta, sa b e n d o q u e a c e s s a ç ã o d a e s tim u la ç ã o av e rsiv a re f o rç a n e g a ti
v a m e n te a re sp o sta, d e v e ria d e sc re v e r e sse tip o d e c o n tro le p ara o c lie n te e e x p li
c a r p a ra e le a f u n ç ã o d a te ra p ia q u e , n e s s e c aso , n ã o é a d e re p e tir o p ad rão d o
m u n d o fre n te a isso , m as a d e, p o r e x e m p lo , in v e stig ar e d isc u tir as c o n tin g ê n c ia s
c o n sid e ra d a s av ersiv as.
O u tro p ad rão d e re sp o stas d o c lie n te q u e in d ic a ria u m a e s tim u la ç ã o av e rsiv a
n a re laç ão te ra p e u ta - c lie n te o c o rre q u an d o h á faltas e/ o u atraso s re p e tid o s, in d i
c a n d o u m a p o ssív e l e sq u iv a. P o rtan to , o te ra p e u ta ta m b é m d e v e ria d e sc re v e r a
c o n tin g ê n c ia e an alisá-la, id e n tif ic an d o o e v e n to av ersiv o p re se n te n a te rap ia, c o n
f o rm e d e s c rito a n te r io r m e n te . Em g e ral, n ã o é a re la ç ã o c o m o te ra p e u ta (a
in te ra ç ã o ) a v ariáv e l av e rsiv a (e m a m b o s o s c aso s) , m as o a ssu n to n o q u al a te ra
p ia c h e g o u . En tão , c a b e ao te rap e u ta p ro p o r a an álise d e sse te m a n a v id a d o c lie n te
e as alte rn ativ as d e re sp o sta s e x c lu in d o as d e fu g a-e sq u iv a.
U m a o u tra situ a ç ã o c lín ic a n a q u al a p a re c e o R e f o rç a m e n to N eg ativ o se ria,
p o r e x e m p lo , q u an d o u m c lie n te q u e ix a - se q u e a situ aç ão p re se n te é av ersiv a. Essa
se c a ra c te riz a q u an d o o c lie n te , p o r e x e m p lo , re lata q u e a v id a e stá av ersiv a, isto é,
v ário s a s p e c to s d a v id a, c o m o re la ç ã o c o m o m arid o , o s f ilh o s e o c h e f e , são
av ersiv o s.
Fre n te a e s s e tip o d e s itu a ç ã o , o te r a p e u ta in v e s tig a ria , e m u m p rim e iro
m o m e n to , c o m o o c o rre a re la ç ã o d o s u je ito c o m o m u n d o . O c lie n te p o d e ria
re latar, p o r e x e m p lo , su as q u e ix as c o n s ta n te s p a ra o m arid o , q u e n ã o d á a te n ç ã o
a e la . C a b e r ia a o te r a p e u ta m o s tr a r q u e o m a r id o p o d e n ã o p r e s ta r a t e n
ç ã o p o r q u e e la, f r e q ü e n te m e n te , se q u e ix a e, a re s p o s ta d e le (d e n ã o ir p a ra
c a sa , p o r e x e m p lo ) , p o d e se r n e g a tiv a m e n te re f o rç a d a p e la e lim in a ç ã o d o e v e n
to av e rsiv o “ m u lh e r r e c la m a n d o ’'. A lé m d isso , p o d e ria m o s tra r q u e a re s p o s ta
d e se q u e ix a r p o d e s e r re f o rç a d a n e g a tiv a m e n te e q u e is s o n ã o p ro d u z u m a
m u d a n ç a n o m u n d o ( re f o rç a d o r p o s itiv o ) . D is c u tiria , e n tã o , q u a is o s r e f o r
58 ■ Terapia Comportamental
ç a d o re s p o s itiv o s d is p o n ív e is n a v id a d a c lie n te p o is , a p a re n te m e n te , p o d e - s e
su p o r q u e n ã o h á m u ito s . A p a rtir d isso , o te r a p e u ta d e v e ria p la n e ja r c o n ti n
g ê n c ia s p a ra a in s ta la ç ã o d e u m n o v o re p e rtó rio c o m p o rta m e n ta l, f a z e n d o c o m
q u e as r e s p o s ta s in c o m p a tív e i s c o m o “ q u e i x a r - s e ” o c o r r a m e p r o d u z a m
r e f o r ç a m e n to s p o s itiv o s .
M ais u m e x e m p lo d e situ aç ão e m q u e o R e f o rç a m e n to N eg ativ o a p a re c e n a
p rá tic a c lín ic a é q u an d o o c lie n te re la ta u m a h is tó ria d e v id a c o m p re s e n ç a c o n s
ta n te d e e v e n to s av ersiv o s. A s d e s c riç õ e s a se g u ir ilu stram e ste c aso .
C ., u m c lie n te d e 28 an o s, p ro c u ro u p o r te ra p ia q u e ix a n d o - s e se r m u ito ag re s
siv o e p o ssu ir m u ito m e d o d e fic ar se m n in g u é m (am ig o s, n a m o ra d a e tc .) , p o rq u e
a n a m o ra d a tra iu - o c o m u m h o m e m q u e c o n h e c e u n a In te rn e t e e le n ão q u e ria
a b a n d o n á - la p ara n ão fic ar so z in h o , afirm an d o q u e e la c o m e te u a traiç ão p o r c a u sa
d a ag re ssiv id ad e d e le e, p o r isso , o re la c io n a m e n to n ão e stav a b o m .
Q u an d o in v e stig ad a a h is tó ria d e v id a d e C ., d e s c o b riu - s e q u e a m ã e a b a n d o
n o u o p a i e le v o u C. (n a é p o c a c o m 8 an o s) e su a irm ã m e n o r p ara o u tra c id ad e . C.
re lata q u e g o stav a m u ito d e fic ar c o m o p ai e se n tiu a su a falta. Ele e n c o n tro u c o m
o p ai n o v a m e n te q u an d o tin h a 16 an o s e, até e n tão , a m ãe afirm av a q u e o p ai o s
tin h a ab an d o n ad o . Q u an d o o p ai e n c o n tro u - o s ( c o m a aju d a d a ju s tiç a ) , te n to u
re s ta b e le c e r u m c o n ta to c o m o s filh o s, m as e sse s n ão a c e ita ra m a v o lta d e le p o r
a c re d ita re m n a m ãe . C. af irm a q u e , s o m e n te p o r v o lta d e 21 an o s, v o lto u a falar
c o m o p ai e e n te n d e u o q u e a c o n te c e u , m as a su a re la ç ão atu al c o m e le e ra d is ta n
te g raç as a e s s a h istó ria.
D e sd e q u e p asso u a m o rar c o m a m ãe e a irm ã e m o u tra c id ad e, ele d isse q u e a
m ãe se m p re fo i m ais p ró x im a d a irm ã e lh e d av a a te n ç ã o q u an d o faz ia alg o q u e
e la c o n sid e rav a e rrad o ( c o m o b rin c a r c o m o v iz in h o , p o r e x e m p lo ) . A o s 18 an o s,
m u d o u - s e d e e stad o p ara faz e r fac u ld ad e e a m ãe , e m v ez d e lh e d ar d in h e iro p ara
su as n e c e ssid a d e s, p ag av a p re v ia m e n te su as c o n ta s ( c o m o re p ú b lic a e a lim e n ta
ç ão ) e q u a lq u e r o u tra n e c e s s id a d e d e C. d e v e ria se r c o m u n ic a d a a ela. D e ssa f o r
m a, a m ãe o m a n tin h a so b o se u c o n tro le e c o n ô m ic o , se m p re re c lam an d o e c rian d o
p u n iç õ e s q u a n d o e le p e d ia d in h e iro ex tra.
A o s 22 an o s, arru m o u e m p re g o e m São Pau lo e re so lv e u “c o rta r re la ç õ e s ” c o m
a m ãe . Essa n ão a c e ito u a m u d a n ç a d o filh o e o fez assin ar n o ta s p ro m iss ó ria s d e
tu d o o q u e e la já h av ia g asto c o m C. e e le assin o u .
A té e n tão , o b se rv a - se q u e as re sp o sta s d e C. (m u d ar d e Estad o , sair d e c asa.
a ssin ar as n o tas) tin h a m c o m o f u n ç ã o e lim in a r u m e v e n to av ersiv o : a m ãe .
U m an o d e p o is, C. p ro c u ro u p e la m ã e p ara re so lv e r o p ro b le m a e e la m an d o u
o p a sto r d a c id ad e d iz e r a C. q u e e le e stav a e rrad o p o rq u e as m ã e s n u n c a e rram .
A lé m d isso , a m ã e d e u q u e ix a n a p o líc ia (d e p o is q u e C. saiu d a c id ad e ), d iz e n d c
q u e h av ia d u as p e sso a s e m d e te rm in ad o c arro (d a am ig a q u e a c o m p a n h a C .) q u e
e stav am traf ic an d o d ro g as n a re g ião , e le s f o ram p arad o s n a e strad a e f o ram p ara £
d e le g ac ia. Só saíram h o ras d e p o is q u an d o o a c o n te c im e n to e a au to ra d a q u eix a
f o ram e sc lare c id o s.
C. re so lv e u n u n c a m ais p ro c u rar a m ã e (p ro v av e lm e n te p o r c o n ta d a p u n iç ê :
d e ssa re sp o sta) e fo i m o ra r c o m a n a m o ra d a e m São Pau lo . Ele re lato u q u e o s d c:^
se falav am p o u c o , q u e m a n tin h a m re la ç õ e s se x u ais c o m p o u c a f re q ü ê n c ia e q u t
e le trab alh av a m u ito , e sta n d o se m p re c an sad o .
Reforçamenio Negativo na Prática Clínica: Aplicações e Implicações ■ 59
R ef er ên c ia s
Positiva
R o ber t o A l v e s B an ac o
Sc h o e n fe ld , 1950/ 19741; Skinner, 1953/ 1989; Lu nd in, 1961/ 1975; M illen so n , 1967/
1975; Ferster, C u lb e rtso n e P e rro tt- Bo re n 1968/ 1978; M alo tt, W h ale y e M alo tt,
1997; C atan ia, 1998/ 1999). A lém d isso , te m sid o tratad a, se n ão d ire tam e n te c o m o
n as o b ras c itad as a n te rio rm e n te , d e n tro d e c ap ítu lo s so b re o c o n tro le av ersiv o
d o c o m p o rta m e n to (Ban d u ra, 1969/ 1979) o u , e x c lu siv am e n te , e m o b ras c o m o
Coerção e suas implicações (Sid m an , 1989/ 1995).
Isso se d ev e ao fato d a p u n iç ão se r d e sc rita m ais q u e c o m o u m a té c n ic a, u m a
o p e raç ão b á sic a p assív el d e ser ap lic ad a n o c o n tro le d o c o m p o rtam e n to . To d as as
o b ras c itad as ab o rd am a p u n iç ão e m te rm o s d e p arad ig m as e d e sc rev e m o s e f e i
to s d a su a u tiliz aç ão .
Esse p an o ram a é su fic ie n te p ara q u e se p o ssa tratá- la c o m o u m c ap ítu lo à
p arte n e ste liv ro . N o e n tan to , c o m o se rá v e rific ad o e m seg u id a, su a u tiliz aç ão é
fe ita ap e n as e m situ aç õ e s m u ito e sp e c ífic as e p o r u m p ro fissio n al e x tre m am e n te
h ab ilitad o , p ara q u e seu s e fe ito s n ão c au se m m ais p ro b le m as q u e so lu ç õ e s.
PRINCÍPIOS
A p u n iç ão é u m te m a b astan te c o n tro v erso , m e sm o d en tro d a A n álise d o C o m
p o rtam e n to . Em te rm o s té c n ic o s, é v ista ap e n as c o m o u m p ro c e d im e n to (d e a c o r
d o c o m o q u e se o b se rv a n as d e fin iç õ e s e n c o n trad as n o s d ic io n ário s: a ap lic aç ão
d e u m a e stim u laç ão su p o stam e n te av ersiv a p ara o o rg an ism o q u e a re c e b e ). Essa
v isão é b a sta n te lim itad a e n ão u tiliz a u m a g ran d e fe rram e n ta q u e u m an alista d o
c o m p o rtam e n to p o ssu i p ara trab alh ar - a an álise d e c o n tin g ê n c ias. So m e n te ao
o b se rv ar u m p ro c e d im e n to e seu e feito so b re o c o m p o rtam e n to , te m - se c e rte z a
d o q u e se u tiliz a e m te rm o s d e o p e raç õ e s. A p lic ar u m a e stim u laç ão su p o stam e n
te av ersiv a, se m e sp e c ific ar as alte raç õ e s c o m p o rtam e n tais, n ão g aran te a u tiliz a
ç ão d a o p e raç ão d e p u n iç ão .
Po rtan to , p ara se falar d e p u n iç ão e n q u an to o p e raç ão , d e v e -se e n te n d e r su a
d e fin iç ão c o m o o c o n ju n to d e m e io s q u e se c o m b in am p ara a o b te n ç ão d e u m
c e rto re su ltad o o u c o m o c o m p o n e n te d e u m a té c n ic a (e n te n d id a, p o r su a v ez,
c o m o u m c o n ju n to d e p ro c e sso s c o m u m o b je tiv o e sp e c ífic o ).
Seg u n d o To d o ro v (2001), n ão se e n c o n tra u m a d e fin iç ão ú n ic a p ara a p u n i
ç ão . Pela p ró p ria d iv isão o b se rv ad a n o su m ário d e ste liv ro , p o d e -se p e rc e b e r q u e
e x iste m ao m e n o s d o is tip o s d e p u n iç ão : a p o sitiv a e a n e g ativ a (essa ú ltim a é
tratad a n o c ap ítu lo seg u in te).
O s te rm o s “p o sitiv a” e “n eg ativ a” se re fe re m às o p e raç õ e s d e e stím u lo s. Se, n a
o p e raç ão realiz ad a, é ap re se n tad o o u p e rtim ito o ac e sso a u m e stím u lo , c h am a-
se a o p e raç ão d e positiva. Q u an d o n a o p e raç ão é retirad o o u im p e d id o o ac e sso a
u m e stím u lo já e x iste n te n o am b ie n te , c h a m a - se a o p e raç ão d e negativa (Bau m ,
1994/ 1999). Esp e c ialm e n te n o c aso d a Pu n iç ão Po sitiv a p o d e -se d iz er q u e u m a
1 A primeira data refere-se ao ano de publicação do original e a segunda ao ano da obra consultada,
a qual encontra-se na bibliografia. A adoção desse sistema tenta oferecer ao leitor o contexto de
quando a obra foi produzida e quais as suas possibilidades de obtê-la em português.
Pu n ição Positiva ■ 63
M ÉTODO
To d o ro v (2001) c ito u ain d a as c irc u n stân c ias d e sc ritas p o r A z rin e H o lz (1966)
n e c e ssárias p ara o p ro c e sso d e p u n iç ão fu n c io n ar, lev an d o p ara u m a su p re ssão
c o m p le ta d o c o m p o rtam e n to . Essas c irc u n stân c ias são lig ad as p e las se g u in te s
e x ig ê n c ias:
DESCRIÇÃO
C o m o fo i e sc lare c id o até o m o m e n to , o e feito m ais c laro b u sc ad o n a ap lic aç ão
d a P u n iç ão Po sitiv a é o d e e lim in ar u m a re sp o sta im e d iata e c o m p le tam e n te d o
re p e rtó rio d e u m in d iv íd u o . T am b é m , c o m o v isto até e sse p o n to , é m u ito d ifícil, a
p artir d e ssa d e fin iç ão , d isc rim in ar q u al o p ro c e d im e n to d e p u n iç ão p o is o u tro s
p ro c e d im e n to s ta m b é m te ria m e sse e f e ito . Talv ez , e n f im , s e ja n o s “ e f e ito s
c o late rais” d a p u n iç ão q u e e n c o n tram - se su a e sp e c ific id ad e . En te n d e -se c o m o
e feito c o late ral àq u e le q u e n ão é p rev isto d ire tam e n te p e la té c n ic a, m as, q u e n e m
p o r isso , se ja m e n o s im p o rtan te n a an álise d e c o n tin g ê n c ias, e sp e c ialm e n te e m
situ aç õ e s c lín ic as.
Seg u n d o Sk in n e r (1953/ 1989) e Sid m an (1989/ 1995), o s e fe ito s c o late rais d a
p u n iç ão se riam :
3 Observa-se que o procedimento de aplicação da punição nesses dois casos foi aprovado pela insti
tuição na qual as clientes estavam internadas e também pelos pais delas.
Pu n ição Positiva ■ 67
R ef er ên c i a s
A Z RIN , N . N ., H O LZ , W . C . P u n i sh m e n t . In : H O N IG , W . K. O p er a n t Beh a vio r : A r ea s o f Resea r ch
a n d A p p l i ca t i o n , En g l e w o o d C l i f f s, N .J.: Pr e n t i c e - H a l l , 1 9 6 6 . p . 3 8 0 - 4 4 7 .
B A N A C O , R. A . A l t e r n a t i v a s n ã o a v e r si v a s p a r a o t r a t a m e n t o d e p r o b l e m a s d e a n si e d a d e . In :
M A R IN H O , M . L., C A B A L L O , V. E. (O r g .) Psicologia Clínica e da Sa ú d e. L o n d r i n a : Ed i t o r a
U EL; G r a n a d a ( Es p a n h a ) : A P I C S A , 2 0 0 1 . p .1 9 7 - 2 1 2 .
B A N D U R A , A . M o d i fi ca çã o d o Co m p o r t a m en t o . Tr a d . E. N i c k e L. P e o t t a . Rio d e Ja n e i r o : ln -
t e r a m e r i c a n a , 1 9 7 9 . T r a d u ç ã o d e : Pr i n c i p l e s o f B e h a v i o r M o d i f i c a t i o n , 1 9 6 9 .
C A T A N I A , A . C . A p r en d i za g em : Co m p o r t a m en t o , Li n g u a g em e Co g n içã o . T r a d . D . G . So u z a .
Po r t o A l e g r e : A r t m e d , 1 9 9 9 . T r a d u ç ã o d e : L e a r n i n g . 4 .e d .
K EL L ER , F. S., SC H O EN FEL D , W . N . Prin cípios de Psicolog ia : Um t ext o sist em á t ico na Ciên cia d o
Co m p o r t a m en t o . Tr a d . C . M . Bo r i e R. A z z i . Sã o P a u l o : EPU , 1 9 7 4 . T r a d u ç ã o d e : Pr i n c i p i e s
o f Psy c h o l o g y , 1 9 5 0 .
K O H L EN B ER G , R. J., C O R D O V A , J. V. A c c e p t a n c e a n d t h e t h e r a p e u t i c r e l a t i o n sh i p . In : H A Y ES, S.
C „ JA C O B S O N , N „ FO L L ET T E, M . V. , e D O U G H ER , M . (O r g .) A ccep t a n ce a n d ch a n g e:
co n t en t a n d co n t ext in p sy ch o t h er a p y . N e v a d a : C o n t e x t Pr e ss, 1 9 9 4 .
SK IN N ER , B. F. Ciência e Co m p o r t a m en t o H u m a n o. 7 .e d . T r a d . J. C . To d o r o v . Sã o Pa u l o : M a r t i n s
Fo n t e s, 1 9 8 9 . T r a d u ç ã o d e : Sc i e n c e a n d H u m a n B e h a v i o r , 1 9 5 3 .
T O D O R O V , J. C . C o n c u r r e n t p e r f o r m a n c e s : Ef f e c t o f p u n i sh m e n t c o n t i n g e n t o n t h e s w i t c h i n g
r e sp o n se . Jo u r n a l o f t h e Exp er im en t a l A n a lysis o f Beh avior, 1 6 :5 1 - 5 2 , 1 9 7 1 .
i
Pu n ição N eg ativ a
P a t r íc ia P ia z z o n Q u e ir o z
O S e n h o r D eu s, p o r isso } o lan ç o u f o r a d o
j a r d i m d o É d e n , a f i m d e lav r ar a t e r r a
d e q u e f o r a t o m a d o (G n, 3 ,2 3 ) .
“A p u n iç ã o é u m p r o c e d im e n t o ; n ã o é u m p r o c e s s o
n e m u m e s t ím u lo . O p r o c e d im e n t o e s p e c ific a u m a
r e laç ão ú n ic a e n t r e d o is e v e n t o s - a a p r e s e n t a ç ã o d o
av e r s iv o (Sav) c o n t in g e n t e à o c o r r ê n c ia d e u m a r e s
p o s t a (R), a q u a l é fu n c io n a lm e n t e d e fin ív e l e, p o r
t an t o , m e n s u r á v e l Se u m a d a d a r e s p o s t a o c o r r e ,
e n t ã o u m e s t ím u lo av e r s iv o o c o r r e ; s e a R n ão o c o r
re, o Sav n ão é a p r e s e n t a d o . A in d a q u e o u t r o s e v e n t o s
1 A g rad eço a A n a Pau la B asq u eira e M aria Elo ísa B o n av ita S o ares p elo
trab al h o d e d ig itação e co m e n tá ri o s e, e m e s p e cial , a H élio Jo s é
G uilhardi p ela o rie n tação e rev isão do cap ítu lo .
Punição Negativa ■ 73
p o s s am t a m b é m e s t ar e n v o lv id o s ( p o r e x e m p lo , o Sav p o d e s e ap r e s e n t ar a p ó s
c a d a q ü in q u a g é s im a R n a p r e s e n ç a d e u m e s t ím u lo , c o m o o s o m d e u m a
c a m p a in h a ) d e v e hav er, p o r d e fin iç ão , u m a R e u m Sav, b e m c o m o u m a r e la
ç ã o d e c o n t in g ê n c ia e n t r e e le s ; as s im , n ão é n e c e s s ár io q u a lq u e r o u t r o e v e n t o ”
( F erster, C u lb e r t s o n e B o r e n , 1 9 7 8 , p ág . 2 2 5 ) .
Q u ad ro 5.1 - P ro c e d im e n to s o p e ra n te s básicos
R o produz R o remove
A d e fin iç ão d e p u n iç ão n ão faz re fe rê n c ia ao e fe it o d o p ro c e d im e n to so b re o
c o m p o rtam e n to . N a d e fin iç ão d e re fo rç am e n to , d iz -se q u e u m c o m p o rtam e n to
fo i refo rç ad o se u m a c o n se q ü ê n c ia, q u e se seg u iu a u m a resp o sta, p ro d u z u m au
m e n to n a fre q ü ê n c ia d ela, p o r exem p lo , u m a c rian ç a p õ e o d ed o n a b o c a e a m ãe
seg u ra o p u lso d a c rian ç a e lh e d iz: “ Q ue fe io !” Se a c rian ç a c o n tin u ar p o n d o o
d ed o n a b o c a e o fiz er m ais v ez es q u an d o a m ãe estiv er p o r p erto , d iz -se q u e
o c o m p o rtam e n to d a c rian ç a fo i refo rç ad o , o to q u e e a frase d a m ãe fo ram c o n s e
q ü ê n c ias refo rç ad o ras. N esse sen tid o , Skin n er (1967) esc rev eu :
“A ú n ic a m a n e ir a d e d iz e r s e u m d a d o e v e n t o é r e fo r ç ad o r o u n ão p a r a u m
d a d o o r g an is m o s o b d a d a s c o n d iç õ e s é f a z e r u m t e s t e d ir e t o . O b s e r v am o s a
f r e q ü ê n c i a d e u m a r e s p o s t a s e le c io n a d a , d e p o is t o r n am o s u m e v e n t o c o n
t in g e n t e a e la e o b s e r v am o s a lg u m a m u d a n ç a n a fr e q ü ê n c ia , Se h o u v e r
m u d a n ç a ( u m a u m e n t o ), c las s ific am o s o e v e n t o c o m o r e fo r ç ad o r p a r a o
o r g an is m o s o b as c o n d iç õ e s e x is t e n t e s ” ( p ág . 48) .
“D e v e m o s p r im e ir o d e fin ir p u n iç ã o s e m p r e s s u p o r e fe it o a lg u m . Is t o p o d e
p ar e c e r d ifíc il. A o d e fin ir u m e s t ím u lo r e fo r ç ad o r p o d e m o s e v it ar a e s p e c ifi
c a ç ã o d e c ar ac t e r ís t ic as fís ic a s , a p e l a n d o p a r a o e fe it o q u e t e m s o b r e a f r e
q ü ê n c ia d o c o m p o r t am e n t o . D e fin e - s e t am b é m u m a c o n s e q ü ê n c ia p u n id o r a
s e m r e fe r ê n c ia às s u as c ar ac t e r ís t ic as fís i c a s e, s e n ão h á e fe it o c o m p a r á v e l
p a r a u s ar u m c r it é r io , q u e c a m in h o n o s ab r e ? A r e s p o s t a v ai e m s e g u id a,
P r im e ir o d e fin im o s u m r e fo r ç ad o r p o s it iv o c o m o q u a lq u e r e s t ím u lo q u e ,
q u a n d o ap resen tad o , a u m e n t a a f r e q ü ê n c i a d o c o m p o r t a m e n t o a o q u a l é
c o n t in g e n t e . D e fin im o s u m r e fo r ç ad o r n e g at iv o ( u m e s t ím u lo av e r s iv o ) c o m o
q u a l q u e r e s t ím u lo q u e q u a n d o retirad o a u m e n t a a fr e q ü ê n c i a d o c o m p o r
t am e n t o . A m b o s s ão r e fo r ç ad o r e s n o s e n t id o lit e r al d e r e fo r ç ar o u a u m e n t a r
a f r e q ü ê n c i a d e u m a r e s p o s t a. N a m e d id a e m q u e a d e fin iç ã o c ie n t ífic a c o r
r e s p o n d e a o u so le ig o , a m b o s s ã o ‘r e c o m p e n s a s P a r a r e s o lv e r o p r o b le m a
d a p u n iç ã o s im p le s m e n t e in q u ir im o s ‘Q u al é o e fe it o d a retirad a d e u m
r e fo r ç ad o r p o sitiv o o u d a ap re se n taç ão d e u m n e g ativ o ? ' U m e x e m p lo d o
p r im e ir o s e r ia t ir ar o d o c e d e u m a c r ian ç a; u m e x e m p lo d o ú lt im o , c as t ig á-
la. N ão u s am o s n e n h u m t e r m o n o v o n a c o lo c a ç ã o d e s s as q u e s t õ e s e as s im
n a d a p r e c is a s e r d e fin id o . A d e m ais , a t é o p o n t o e m q u e s o m o s c a p a z e s d e
d a r u m a d e fin iç ã o c ie n t ífic a d e u m t e r m o le ig o , e s s as d u a s p o s s ib ilid a d e s
p a r e c e m c o n s t it u ir o c a m p o d a p u n iç ão . N ão h o u v e p re ssu p o siç ão d e q u al
q u er efeito ; sim p le sm e n te le v an tam o s u m a q u e stão p ara ser re sp o n d id a
c o m e x p e rim e n to s ad e q u ad o s” ( p ág s. 1 0 9 - 1 1 0 ) .2
“É u m e v e n t o q u e q u a n d o ap r e s e n t ad o im e d ia t a m e n t e a p ó s u m c o m p o r t a
m e n t o , p r o d u z u m d e c r é s c im o n a fr e q ü ê n c ia d o c o m p o r t a m e n t o ... A s s o
c ia d o c o m o c o n c e it o d e p u n id o r e s t á o p rin c íp io d e p u n iç ão : se em u m a
d ad a situ aç ão , alg u ém faz alg u m a c o isa q u e é im e d iatam e n te seg u id a p o r
u m p u nid o r, e n tão a p e sso a te m m e n o r p ro b ab ilid ad e d e faz er a m e sm a
c o isa o u tra v ez , q u an d o se e n c o n trar em situ aç ão sim ilar” ( p ág . 1 48 ) .
'T im e o u t e n v o lv e t r an s fe r ir u m in d iv íd u o d e u m a s it u aç ão m ais r e fo r ç ad o r a
p a r a o u t r a m e n o s r e fo r ç ad o r a a p ó s u m d e t e r m in a d o c o m p o r t am e n t o . P o d e
s e r v ist o c o m o u m t e m p o s e m o p o r t u n id a d e p a r a o b t e r r e fo r ç o s ” ( p ág . 150).
“ C u st o d a r e s p o s t a e n v o lv e a r e m o ç ão d e u m a am o s t r a e s p e c ific a d a d e r e
f o r ç o a p ó s u m d e t e r m in a d o c o m p o r t a m e n t o . E x e m p lo s d e c u s t o d e r e s p o s t a
n a r o t in a c o t id ia n a s ã o a s m u lt as p o r at r as o s d e p ag am e n t o . C u st o d e r e s
p o s t a é d ife r e n t e d e tim e o u t, p o is n ão h á m u d a n ç a s n as c o n t in g ê n c ias d e
r e fo r ç am e n t o e m o p e r a ç ã o q u a n d o e la é a d m in is t r a d a . C u st o d e r e s p o s t a
t a m b é m n ã o d e v e s e r c o n fu n d id o c o m e x t in ç ão . N o p r o c e d im e n t o d e e x t in
ç ã o , u m r e fo r ç o n ã o é a p r e s e n t a d o a p ó s a e m is s ão d e u m a d e t e r m in a d a r e s
p o s t a. N o c u s t o d e r e s p o s t a , u m r e fo r ç o q u e e s t á d e p o s s e d a p e s s o a é r e t ir ad o
a p ó s u m a r e s p o s t a i n a d e q u a d a ” ( p ág s. 1 5 0 - 1 5 1 ) .
78 ■ Terapia Comportamental
“N a lin g u ag e m c o lo q u ia l h á, a lg u m a s v ez es , u m a t e n d ê n c ia a d e s c r e v e r o
c o m p o r t a m e n t o d o p a i q u e n ã o a t e n d e o c h o r o d a c r ian ç a c o m o p u n iç ão .
E m b o r a o n ã o r e fo r ç am e n t o d e u m c o m p o r t a m e n t o o p e r an t e e m c u r s o p o s
s a s e r d e s a g r a d á v e l o u t er p r o p r ie d a d e s av e r s iv as e m a lg u m a s s it u aç õ e s , é
im p o r t an t e d is t in g u ir e n t r e a p u n iç ã o d e u m d e s e m p e n h o , s e g u in d o - o c o m
u m e s t ím u lo av e r s iv o e a d im in u iç ã o d a fr e q ü ê n c i a d e u m d e s e m p e n h o p e l a
s im p le s s u s p e n s ão d o r e fo r ç am e n t o ” ( p ág . 2 0 5 ) .
“C o m p o r t am e n t o in a d e q u a d o p e r s is t e a d e s p e it o d a p u n iç ã o p o r q u e é t a m
b é m r e fo r ç ad o . A m a io r ia d e n ó s , in d is c u t iv e lm e n t e , p r e fe r ir ia r e fo r ç ar aç õ e s
alt e r n at iv as e m v ez d e u t iliz ar p u n iç ã o p a r a f a z e r c o m q u e o s n o s s o s f i l h o s
e o s o u t r o s m u d a s s e m . A lg u m as v e z e s , e n t r e t a n t o , o c o m p o r t a m e n t o
in d e s e j ad o é t ão f o r t e q u e e le im p e d e o in d iv íd u o q u e s e c o m p o r t a i n a d e
q u a d a m e n t e d e t e n t ar q u a lq u e r o u t r a c o is a . O d iá lo g o fr e q ü e n t e m e n t e n ã o
o s p e r s u a d e a a b a n d o n a r u m c u r s o d e a ç ã o q u e j á fu n c io n a . P o d e m o s , e n
t ão , s e n t ir q u e a p u n iç ã o é o ú n ic o r e c u r s o . S e u m a o c a s iã o as s im s u r g e ,
p o d e m o s u s ar p u n iç ã o s u av e . A s u p r e s s ão t e m p o r á r ia d o a t o p u n id o n o s d á
u m a o p o r t u n id a d e p a r a e n s in ar a o in d iv íd u o alg o n o v o , a lg u m a o u t r a m a
n e ir a d e o b t e r o s m e s m o s r e fo r ç ad o r e s . T en do p a r a d o m o m e n t an e am e n t e u m
at o in de s e jáv e l, p u n in d o - o s u av e m e n t e , p o d e m o s , e n t ão , s u b s t it u í- lo p o r m e io
d o r e fo r ç am e n t o p o s it iv o d e u m a at iv id ad e m ais d e s e j áv e l” ( pág . 87).
uC o m o a p u n iç ã o é u s ad a, fr e q ü e n t e m e n t e , t an t o n o la b o r a t ó r io c o m o e m
s it u aç õ e s p r á t ic a s p a r a s u p r im ir ( o u e lim in ar ) u m a r e s p o s t a, ist o é, p a r a
Punição Negativa ■ 81
r e d u z ir s u a t ax a d e o c o r r ê n c ia , a r e s p o s t a d e v e e x is t ir n o r e p e r t ó r io d o o r g a
n is m o e , p r o v av e lm e n t e , d e v e o c o r r e r e m u m a t ax a q u e a p e s s o a q u e p u n e
c o n s id e r a m u it o alt a, an t e s d a p u n iç ão s e r ap lic ad a. C o m o o c o m p o r t am e n t o
o p e r an t e n ão o c o r r e a m e n o s q u e s e ja, o u q u e j á t e n h a s id o r e fo r ç ad o ( u s u al
m e n t e p o r o u t r o e s t ím u lo , Sr)> a r e s p o s t a d e v e t er p e lo m e n o s u m e fe it o (o d e
s e r r e fo r ç ad a) a lé m d e e s t ar e n v o lv id a n a p u n iç ã o ; s u a t ax ay p o r isso , s e r á
d e t e r m in a d a p e l a f o r ç a r e lat iv a d e s u as v ár ias c o n s e q ü ê n c ias , b e m c o m o
p o r o u t r o s f a t o r e s ” ( p ág . 2 2 6 ) .
“A p u n iç ã o é u m p r o c e d im e n t o o p e r a n t e q u e im p lic a n u m a t e n t at iv a d e
e lim in a r o c o m p o r t a m e n t o q u e a f e t a o a m b ie n t e d o o r g an is m o ( ist o ê, u m a
r e s p o s t a o p e r an t e ) . T al c o m p o r t a m e n t o é a d q u ir id o p o r q u e e le le v a a c e r t as
m u d a n ç a s n o m e io , m u d a n ç a s e s s as q u e s ã o n e c e s s ár ias p o r r az õ e s q u e p o
d e m o u n ã o s e r c o n h e c id as . O c o m p o r t a m e n t o p o d e s e r d e s o r g an iz a d o p o r
u m a g r an d e v a r ie d a d e d e e s t ím u lo s ‘n o v o s ’ in c lu s iv e p e l a p u n iç ão , m as p e r
sist irá, p e l a m e s m a r az ão p e l a q u a l f o i a d q u ir id o : o a n i m a l a i n d a n e c e s s it a
a q u ilo q u e n e c e s s it a e m e s m o q u e t e n h a q u e t r a b a lh a r ar d u am e n t e , e le o
f a r á p a r a o b t e r o q u e n e c e s s it a” ( F erst er et al., 1 9 7 9 , p ág . 2 3 1 ) .
“S e a in t e n s id a d e d o s e s t ím u lo s av e r s iv o s p u d e r c o n d ic io n a r e s u p r im ir
c o m p o r t a m e n t o s o p e r an t e s , g e r alm e n t e e s s e s e s t ím u lo s d e s o r g a n iz a r ão o u
s u p r im ir ão u m a a m p l a g a m a d e c o m p o r t a m e n t o s n ã o r e lac io n ad o s , n u m a
v ar ie d a d e d e s it u aç õ e s . E s s a d e s o r g a n iz a ç ã o d o c o m p o r t a m e n t o o p e r a n t e
d o in d iv íd u o , q u e e s t iv e r o c o r r e n d o e q u e e s t av a s e n d o r e fo r ç ad o p o s it iv a
m e n t e , p o d e p r o d u z ir u m s é r io e n fr a q u e c im e n t o n o r e p e r t ó r io c o m p o r
t a m e n t a l ” ( p ág . 2 1 2 ) .
82 ■ Terapia Comportamental
(<C r ian ç as f fr e q ü e n t e m e n t e , t ê m a d u lt o s c o m o m o d e lo e o s im it a m . S e o s
a d u lt o s a p lic a m p u n iç ã o e m c r ian ç as , as c r ian ç as a p r e n d e m a f a z e r o m e s
m o c o m o s o u t r o s . E n t ã o , p u n i n d o a c r i a n ç a , n ó s p o d e m o s , in a d v e r -
t iv am e n t e , e s t ar p r o v e n d o u m m o d e l o a s e r s e g u id o p o r e la s , q u a l s e j a
ap r e s e n t ar e s t ím u lo s av e r s iv o s a o s o u t r o s . P o r e x e m p lo , c r ian ç as q u e f o r a m
e n s in ad as a b r in c a r c o m u m j o g o n o q u a l e las e r am m u lt a d a s p e lo s c o m
p o r t a m e n t o s in c o r r e t o s , m u lt a v am o u t r as c r ian ç as p a r a as q u ais e las e n s i
n av am o j o g o " ( p ág . 157) ,
“A t é c n ic a d e c o n t r o le m ais c o m u m d a v id a m o d e r n a é a p u n iç ã o . O p a d r ã o
é f a m i l i a r : s e alg u é m n ã o s e c o m p o r t a c o m o v o c ê qu er, c as t ig u e - o ; s e u m a
c r ia n ç a t e m m a u c o m p o r t a m e n t o , e s p a n q u e - a ; s e o p o v o d e u m p a ís n ã o s e
c o m p o r t a b e m , b o m b a r d e ie - o . O s s is t e m as le g ais e p o lic ia is b a s e ia m - s e e m
p u n iç õ e s c o m o m u lt as , a ç o it a m e n t o , e n c ar c e r am e n t o e t r ab alh o s fo r ç a d o s .
O c o n t r o le r e lig io s o é e x e r c id o p e la s p e n it ê n c ias , a m e a ç a s d e e x c o m u n h ã o e
c o n s ig n aç ão a o f o g o d o in fe r n o . A e d u c a ç ã o n ã o a b a n d o n o u in t e ir am e n t e a
p a lm a t ó r ia . N o c o n t at o p e s s o a l d iá r io c o n t r o lam o s p o r m e io d e c e n s u r as ,
a d m o e s t a ç õ e s , d e s ap r o v aç õ e s o u e x p u ls õ e s . E m r e s u m o , o g r au e m q u e u s a
m o s p u n iç ã o c o m o u m a t é c n ic a d e c o n t r o le p a r e c e s e lim it ar a p e n a s a o g r au
86 ■ Terapia Comportamental
e m q u e p o d e m o s o b t e r o p o d e r n e c e s s ár io . T u do isso é f e i t o c o m a in t e n ç ão
d e r e d u z ir t e n d ê n c ias d e s e c o m p o r t a r d e c e r t as m an e ir as . O r e fo r ç o e s t a b e
le c e e s s as t e n d ê n c ias ; a p u n iç ã o d e s t in a- s e a a c a b a r c o m e la s ” ( p ág . 108).
O b j et iv o
“N o p r e s e n t e e s t u d o , a t é c n ic a d e r e m o ç ã o ( d o r e fo r ç ad o r p o s it iv o ) é u s ad a
p a r a p r o d u z ir c o n t r o le t e m p o r ár io s o b r e c h u p a r o d e d o e m t rês c r ian ç as
p e q u e n a s q u e , p e r s is t e n t e m e n t e } c h u p a v a m o d e d o . P r e t e n d e u - s e d e m o n s
t r ar q u e a r e s p o s t a d e c h u p a r o d e d o p o d e s e r m o d i f i c a d a p e lo c o n t r o le d o
a m b i e n t e p r e s e n t e at r av é s d o u so d e c o n s e q ü ê n c ias e x p líc it as d a r e s p o s t a ”
P r o c ed i m en t o s
O ut r o P r o c ed i m en t o
R esu l t a d o s
p o rtam en to s dos p aís e dos p ro f esso res peio terap eu ta visa p ro d uz ir co n seq ü ên
cias d iretas e ef icazes p ara m an ter esse ob jetivo. N ão b asta instruir os p ais sob re a
f o rm a de p ro ced er co m os filhos; h á n ecessid ad e de ref orçar, d if eren cialm en te, os
co m p o rtam e n to s de in teração en tre eles e os filhos em itid o s n a p re se n ça do
terap eu ta, m an ten d o os co m p o rtam en to s dos p ais d en tro d os m esm o s critério s
u sad o s co m os terap eu tas. (O m esm o vale p ara os p ro f esso res e d em ais p ro f issio
nais d a esco la.)
T odos os p ro ced im en to s ap o n tad o s caracteriz am o m o d elo de ação te rap êu
tica ap licad o em crian ças no IA A C3.
I m it a r
B ir r a
A m ãe d e D an iel, d e 4 an o s, p ro c u ro u ate n d im e n to p o is n ão c o n se g u ia c o n
tro lar o filho . Q u alq u er ativ id ad e ro tin e ira c o m o c o m er, esc o v ar o s d e n te s e o b e
d e c e r o rd en s era u m p ro b le m a p o is ele n ão ate n d ia ao s c h am ad o s, m an te n d o -se
n a ativ id ad e q u e estav a realiz an d o (v end o d e se n h o n a TV, p o r exem p lo ) o u saía
c o rre n d o (d o alc an c e d a m ãe ). D an iel n ão fic av a so b o c o n tro le d as so lic itaç õ e s
o u d o s lim ite s im p o sto s p elo s p ais: “A g o ra n ão é h o ra d e d e se n h o .” (não saía d e
fre n te d a TV ); “V am o s g u ard ar seu s b rin q u e d o s,” (larg av a tu d o n o c h ão ); “V en h a
c o m e r ag o ra.” (rec u sav a o s alim e n to s); “V am o s d o rm ir.” (c o n tin u av a b rin c an d o ).
E q u an d o o s p ais in sistiam , ele tin h a ataq u e s d e b irra jo g an d o - se n o c h ão o u g ri
tan d o . N a m aio ria d as v ez es, o s p ais d e sistiam e d eix av am -n o assistin d o ao s d e se
n h o s, g u ard av am o s b rin q u e d o s p o r ele, o s h o rário s d e c o m e r e d o rm ir e ram
atrasad o s e en v o lto s em m u ita c o n v ersa, p ed id o s, e x p lic aç õ e s etc .
O o b je tiv o in ic ial fo i c o lo c ar o s c o m p o rtam e n to s d e D an ie l n a se ssão so b o
c o n tro le d a te rap e u ta e d esen v o lv er o re p e rtó rio d e ate n d e r o rd ens.
A te rap e u ta exp ô s u m a v aried ad e d e b rin q u e d o s p ara o c lie n te n a sala. D an iel
e n tro u e c o m e ç o u a b rin c ar. N a p rim eira sessão , a te rap e u ta p erm itiu q u e ele b rin
c asse c o m o s b rin q u e d o s q u e q u isesse. N o fin al d a sessão , o c lie n te n ão g u ard o u
o s jo g o s, m e sm o ap ó s so lic ita ç ã o d a te rap e u ta e saiu c o rre n d o n a fre n te d a
terap e u ta, n ão ate n d e n d o a o rie n taç ão d e e sp e rá-la. N as se ssõ e s seg u in tes, o s s e
g u in tes p ro c e d im e n to s fo ram in ic iad o s:
Pro g ressiv am en te a terap eu ta foi au m en tan d o o grau de exig ências das so lici
taçõ es p ara m u d ar de atividade: “V ocê q uer m u d ar de atividad e. Q ue legal! M as,
p ara isso, p recisam o s g uard ar esse jogo p ara d ep ois m u d arm o s. Sem g uard ar não
tem o utro jo g o .” Se D aniel co lab o rasse g uard and o o jogo, m esm o q ue aind a fosse
u m a p eq u en a co lab o ração , ele p o d eria jo g ar em seguida. O grau de exig ên cia de
ajuda, até D aniel guardar sozinho o brinquedo, foi sendo aum entad o gradualm ente.
A terap eu ta ia ap resen tan d o co n seq ü ên cias sociais (“M uito b em .”, “N ossa, co m o
v o cê é organizad o.”, “G osto da sua ajud a.” etc.), m o d eland o o rep ertório ad eq uad o
de colab orar em itido pela criança. Passou tam b ém a introduzir solicitações durante a
ativid ad e (“V á b u scar o m acaco n a p rateleira e trag a até aq ui p ara ele tam b ém
b rin car.”, p o r exem p lo ) q ue eram ref o rçad as co m a co n tin u id ad e da b rin cad eira.
U m a eventual recu sa era co n seq ü en ciad a co m a in terru p ção d a ativid ad e: “V ou
ag u ard ar o m acaco ch eg ar p ara co n tin u ar o jo g o .” C aso D aniel não aceitasse co la
b orar, a terap eu ta rem o v ia o b rinq u ed o do alcan ce da crian ça e d escrev ia a co n
ting ência m ais u m a vez. A ssim q ue D aniel co m eçav a a em itir a resp o sta ad eq uad a,
a terap eu ta reiniciava a b rin cad eira. C aso D aniel p ersistisse em n ão aten d er a soli
citação feita, a terap eu ta m an tin h a o b rinq ued o f ora do alcan ce e n ão d av a m ais
aten ção social: p erm an ecia calad a f azend o alg um a ativid ad e sem interag ir co m
ele até o en cerram en to d a sessão no horário hab itual. Se D aniel co m eçasse a em itir
o u tras resp o stas in ad eq u ad as co m o b ater, gritar etc., a terap eu ta im ed iatam en te
en cerrav a a sessão . A ssim , o p ro ced im en to co nsistiu em co n seq ü en ciar im ed ia
tam en te as resp o stas ad eq u ad as co m ref o rçad o res p ositivos n aturais (atividades
esco lh id as pelo cliente) e arb itrário s (v erb aliz açõ es d a terap eu ta ap resen tad as
co m o co n seq ü ên cias d if erenciad as) e p unir co m a retirad a do b rinq ued o, in ter
ru p ção d a b rin cad eira ou rem o ção d a aten ção d a terap eu ta d u ran te os co m p o r
tam en to s in ad eq uad o s.
O utro p roced im ento foi utilizado p ara lidar co m o co m p o rtam en to inadeq uado
d e sair co rren d o da sala. A ntes de sair da sala, no final da sessão, a terap eu ta m o s
trav a p ossíveis ref o rçad o res p ositivos arb itrários (d o ce conf eitad o, m o ed a de ch o
co late, b ala) p ara q ue D aniel esco lh esse um . A o escolher, ele receb ia a seguinte
in stru ção : “Se v o cê sair co m ig o d a sala e for an d an d o até a sala de esp era sem
correr, en tão v o cê g an h ará esse p resente (o ref o rçad o r arb itrário escolhido) q uand o
en co n trarm o s su a m ãe.”
A o sair da sala, a terap eu ta ia verb alizando: “V ocê está p ertinho de m im .”; “V ocê
está an d an d o d ireitinho.” A s v erb aliz açõ es tin h am d up la f u n ção : SDp ara o co m
p o rtam en to a ser em itid o e Sr+p elo co m p o rtam en to ad eq u ad o q ue estav a send o
em itid o se ele:
L eit u r a de G ibi
U m m e n in o d e 8 an o s (Fáb io ) siste m atic am e n te fic av a n a sala d e esp era len d o
g ib i, ac o m p an h ad o d e su a m ãe, e n q u an to esp erav a a terap eu ta. Q u and o ela v in h a
c h am á- lo p ara o ate n d im e n to , ele a ig n o rav a e c o n tin u av a a le itu ra. Im e d ia
tam e n te , su a m ãe c o m e ç av a a c h am á- lo e in sistia q u e ele e n trasse p ara o a te n
d im en to . Fáb io p e rm an e c ia len d o , ig n o ran d o a te rap e u ta e a m ãe. Ele c laram e n te
re c e b ia ate n ç ão d e am b as n e ssa situ aç ão e, in d e p e n d e n te m e n te d o q u e e las f a
lasse m , ele as ig n o rav a. O c o m p o rtam e n to d e e n trar n a se ssão e stav a fo ra d o
c o n tro le d elas; afin al, in d e p e n d e n te m e n te d o q u e d isse sse m o u fiz e sse m , ele
e m alg u m m o m e n to se le v an tav a e ia p ara a sala. N a sala d e a te n d im e n to
e le to m av a in ic iativ a d e e sc o lh e r as ativ id ad es (“ Eu g o sto d e sse jo g o , p o sso jo
g ar? ” “ H o je v am o s d e se n h ar? ” ); in te rag ia c o m a te rap e u ta c o n tan d o fato s (“ Eu
jo g u e i fu te b o l n a e sc o la ”, “V i TV até tard e o n te m .”, “ M in h a m ãe n ão d eixo u e u ir
ao c in e m a n aq u e le d ia.” ); re sp o n d ia às p e rg u n tas (“ O q u e fare m o s h o je ? ” “ Q u em
e stá g an h an d o ? ”, “V o cê v iu tal p ro g ram a? ”, “V o c ê fo i ao c in e m a .” ). G e ralm e n te ,
re c lam av a d e in te rro m p e r as ativ id ad es q u an d o a se ssão term in av a. Fic av a c laro
q u e as se ssõ e s d e te rap ia e as ativ id ad es n ão lh e e ram av ersiv as o u d e sag rad á
v eis p o is n ão fo ram o b se rv ad as re sp o stas d e fu g a-e sq u iv a d as se ssõ e s e o c lie n te
m a n tin h a as ativ id ad e s p ro p o s ta s p e la te ra p e u ta o u e s c o lh id a s p o r e le . A
te rap e u ta c o n c lu iu q u e o c o m p o rtam e n to d e le r g ib i n a sala d e e sp e ra n ão e ra
u m a re sp o sta d e fu g a-e sq u iv a d a sessão , m as e stav a se n d o m an tid a p o r o u tro s
refo rç ad o res. A s v e rb aliz aç õ e s d a m ãe (“En tre filho , a te rap e u ta e stá c h am an d o .”,
“ C h eg a d e g ib i.” e tc .) e d a te rap e u ta (“V am o s en trar, te re m o s m u itas ativ id ad es
h o je .” “ V am o s, eu e sto u e sp e ran d o .” ) m an tin h am seu re p e rtó rio d e ig n o rá-las.
Pro g ram o u -se e n tão o se g u in te p ro c e d im e n to :
Punição Negativa ■ 99
R ef er ên c ia s
B A ER, D . M . La b o r a t o r y c o n t r o l o f t h u m b su c k i n g b y w it h d r a w a l an d r e - p r e se n t a t a t i o n of
r e in f o r ce m e n t . Journal of the Experimental Analysis of Behavior, n .4 , 5 :5 2 5 - 5 2 8 , 1 9 6 2 .
G U ILH A RD I, H . J. Te r ap ia p o r c o n t i n g ê n c i a s d e r e f o r ç a m e n t o . In : N A B U C O C ., G U ILH A RD I, H . J.
Manual Prático de Técnicas Psicoterápicas Comportamentais, Cognitivas e
( O r g .)
Construtivistas. Sã o Pa u lo : Ed it o r a Ro c a , 2 0 0 3 .
H O LLA N D , J. G ., SKIN N ER, B. f. A Análise do Comportamento. São Pau lo : Ed it o ra Ped ag ó g ica U n iv e r
si t á r i a , 1 9 7 5 .