Civilização Mesopotâmica Com Link No Final
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Civilização Mesopotâmica
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Civilização Mesopotâmica
A Mesopotâmia (do grego, que significa “entre dois rios”) era uma antiga região no leste do
Mediterrâneo, delimitada a nordeste pelos montes Zagros e no sudeste da Arábia Plateau,
correspondente ao Iraque de hoje, principalmente, mas também partes de Irã, Síria e Turquia.
Os “dois rios” são nomes a que se refere o Tigre e o Eufrates e a terra era conhecido como “Al-Jazira”
(a ilha) pelos árabes, onde mesopotâmica Civilização Mesopotâmica começou.
O Berço da Civilização
Ao contrário das civilizações mais unificada do Egito ou Grécia, Mesopotâmia foi uma coleção de
culturas variadas, cujos laços reais só eram seu roteiro, seus deuses, e sua atitude em relação às
mulheres.
Os costumes sociais, leis e até mesmo a linguagem de Akkad, por exemplo, não pode ser assumido
como correspondem às de Babilônia; ele não parece, no entanto, que os direitos das mulheres, a
importância da alfabetização e do panteão dos deuses foram efetivamente partilhados por toda a
região (embora os deuses tinham nomes diferentes em várias regiões e períodos).
Como resultado disto, a Mesopotâmia deve ser mais bem entendida como uma região que produziu
vários impérios e civilizações, em vez de uma única civilização.
Mesmo assim, a Mesopotâmia é conhecida como o “berço da civilização”, principalmente por
causa de dois acontecimentos que ocorreram lá, na região da Suméria, no quarto milênio aC:
O surgimento da cidade como nós reconhecemos que entidade hoje,
E a invenção da escrita (embora a escrita também é conhecido por ter se desenvolvido no Egito, no
vale do Indo, na China, e ter tomado forma independente na Mesoamérica).
A invenção da roda também é creditado para os mesopotâmios e, em 1922 dC, o arqueólogo Sir
Leonard Woolley descobriu “os restos de duas carroças de quatro rodas, (no local da antiga cidade de
Ur) mais antigos veículos de rodas da história já encontrado, juntamente com seus pneus de couro
“(Bertman, 35).
Aprendizagem e Religião
Foram mais de 1.000 divindades do panteão dos deuses das culturas mesopotâmicas e muitas histórias
sobre os deuses (entre eles, o mito da criação, Enuma Elish a), e é geralmente aceite que os contos
bíblicos, tais como a Queda do Homem e a Dilúvio de Noé (entre muitos outros) teve origem na
tradição mesopotâmica.
Como eles aparecem pela primeira vez nas obras da Mesopotâmia, como o mito de Adapa e o Épico
de Gilgamesh , a mais antiga história escrita no mundo.
Os mesopotâmios acreditavam que eles eram colegas de trabalho com os deuses e que a terra foi
infundido com os espíritos e demônios (embora `demônios” não deve ser entendida no moderno,
cristão, sentido).
O começo do mundo, acreditavam eles, foi uma vitória dos deuses sobre as forças do caos, mas,
mesmo que os deuses tinham ganhado, isso não significa que o caos não poderia voltar.
Através de rituais diários, atenção para as divindades, práticas fúnebres adequadas e dever cívico
simples, o povo da Mesopotâmia sentiram que ajudou a manter o equilíbrio do mundo e manteve as
forças do caos e destruição na baía. Junto com as expectativas de que seria honrar os mais velhos e
tratar as pessoas com respeito, os cidadãos da terra também foram para honrar os deuses através dos
trabalhos que realizavam todos os dias.
Fonte: www.ancient.eu
Civilização Mesopotâmica
História da Mesopotâmia
Para efeitos deste ensaio, situaremos os tempos de antes do começo da História na Mesopotâmia no
Quarto milênio.
A protohistória suméria está dividida no Período de Jemdet Nasr, que é o período da fundação das
primeiras cidades-estado, para as quais não temos registros contemporâneos disponíveis, e o Período
Sumério Anterior. O Período Sumério Anterior ou Antigo Sumério dura até a tomada do poder pelo
rei semita Sargão, o Acádio em cerca de 2350 Antes da Nossa Era. Este período está dividido em
dinastias determinadas pela hegemonia de uma determinada cidade.
Um desenvolvimento análogo também estava tomando impulso mais ao sul, mostrando por
escavadores franceses, chamado de Tell- Oueili ou Halaf (a cerca de 5.500 Antes da Nossa Era), que
representa um precursor de comprovada cultura de Ubaid, que possuía uma forte estrutura em termos
de agricultura irrigada a cerca de 5.000-4.000 anos Antes da Nossa Era. A cultura de Ubaid tem este
nome por estar situada próxima à cidade de Ur, que foi descoberta por sir Leonard Wolleey na década
de 1920. A sequência cultural do período de Ubaid segue quatro fases principais.
O elemento que distingue, por exemplo, o período de Ubaid 3 foi encontrado bem além dos confins
do sul do Iraque, ao Norte, na Síria, no Irã, em mais de 40 lugares na Arábia Saudita, representando
portanto presença nos Golfo Pérsico e Arábico. Devemos interpretar esta evidência , segundo
estudiosos como Oates, que esta dispersão pode indicar a tentativa destas pessoas do sul da
Mesopotâmia de controlar e explorar rotas de comércio a fim de adquirir recursos que não estavam
disponíveis em suas redondezas. Suporte para esta hipótese pode ser eonctrado no fato de que alguns
locais ubaidianos situados ao norte estão distribuídos ao longo das rotas que levam a minas de cobre
de Ergani Maden situadas ao Sul da Turquia. Mas como tal controle era exercido, ainda não sabemos.
Em Eridu, um dos mais importantes e antigos locais para exploração arqueológica, uma seqüência de
templos e santuários foi encontrada, e esta descoberta mostra uma continuidade de ocupação
abrangendo 2.100-2.000 anos de ocupação, ou seja, desde o período de Ubaid 1 até os tempos
históricos. Esta importante evidência cultural manteve-se apesar das mudanças políticas ocorridas ao
longo de 3.000 anos.
A fase cultural que se sucede a de Ubaid, a fase de Uruk (cerca de 4.000 a 2.900 Antes da Nossa
Era) é marcada por uma mudança na produção de cerâmica: cerâmicas feitas por torno de
desenhos simples substituíram os materiais produzidos na época de Ubaid.
A cultura tem o nome de Uruk/Warka segundo o nome da localidade em que foi encontrada, apesar
das seqüências mais anteriores ainda serem pouco conhecidas, pois só nas últimas fases da cultura de
Uruk é que surge a escrita, representando um grande salto cultural. As mudanças que marcam esta
fase e cultura refletem uma mudança na população. Este ponto importante tenta associar a fase de
Uruk com a chegada dos Sumérios. No presente, não podemos identificar com certeza como os
Sumérios chegaram à Mesopotâmia. Mas tanto quanto nossas parcas evidências o apontam, os
sumérios ou devem Ter habitado a região por algum tempo, depois de lá terem chegado por migração
pacífica.
Ao final da fase de Uruk (ou Uruk 4, a cerca de 3500-3200 Antes da Nossa Era) aparecem os primeiros
documentos escritos, usando pictogramas, mas não somente estes. O sistema cuneiforme de escrita,
que pode ser lido como Sumério desenvolveu-se destes pictogramas durante o período posterior
(3200-2900 Antes da Nossa Era), também conhecido como Jemdet Nasr. Ao mesmo tempo, aparecem
imensos complexos cerimoniais, como nos santuários de Eana em Uruk. Tais santuários repousam
sobre grandes plataformas, com projeto elaborado, alguns levando pedras em sua construção. As
paredes são decoradas com nichos e os prédios contém colunas de até 2m de diâmetro, ligadas ao teto
ou não. Estas construções não são fenômeno exclusivo de Uruk, havendo desenvolvimentos
semelhantes no Elam e em Susa. Associados com estas estruturas há também uma série de objetos
com decoração característica, como vasos de pedra, trabalhados ou não com relevos dentro ou fora,
ou cuidadosamente esculpidos.
A figura do governador local começa a aparecer na iconografia, em funções tanto seculares quanto
religiosas. Da mesma forma, os ítens raros (pedra em quantidades consideráveis, ouro para
acabamento de interiores) usados nas construções destes prédios imponentes vinham de longe,
importados de regiões distantes. Pode-se depreender daí que deveria haver uma bem sucedida
atividade comercial, bem como alto grau de capacidade técnica. Isto, por seu turno, reflete-se nas
imagens freqüentes de cereais em grão que se alternam com imagens de rebanhos, encontrados em
selos cilíndricos, vasos de pedra, e no famoso Vaso de Uruk. Atribui-se a grupos rivais de famílias
que competiam pelo poder a construção de todas estas obras, sendo os templos elaborados e os objetos
delicados uma forma de atingir o prestígio, controle e admiração de todos.
Há bem maior disponibilidade de registros disponíveis para o período que sucede o de Uruk Posterior,
em geral chamado de Dinástico Anterior (DA), pré-Sargônico ou Antigo Sumério. Há uma grande
quantidade de remanecentes de construções, grandes placas esculpidas, figuras de pedra encantadoras
em atitude de prece e adoração, inscrições em pedra, selos cilíndricos, cerâmica e documentos em
argila. Talvez o legado existente mais fabuloso desta época são as Tumbas Mortuárias de Ur, que
datam do período Dinástico Anterior III (cerca de 2600-2340 Antes da Nossa Era), onde os tesouros
descobertos compreendiam uma série de objetos cuidadosamente elaborados em ouro, lápis-lazuli,
prata e outros materiais preciosos.
O material escrito não está distribuído de forma uniforme através de todo este período, portanto estão
disponíveis em tábuas de argila de tamanho e localizações variadas. Os maiores arquivos estão em
Ur para o Dinástico Anterior II, (2700-2600); Shurupak (moderna Fara) e Abu Salabikh para o perído
Dinástico Anterior III (2600-2500), e Girsu (Tello moderna, e um dos centros de poder do estado de
Lagash), cujos ricos arquivos datam do final do período. Fora da região, os grandes artigos de Ebla,
que datam de 2450-2350 Antes da Nossa Era, fornecem informações preciosas sobre esta cidade, que
pode ser considerada um dos berços da civilização, ao Sul do Iraque.
Dois tipos diferentes de material textual tem tido sua utilidade para cobrir o período: a Lista
dos Reis Sumérios e os épicos e mitos que se situam “antes do Dilúvio” em termos de linha do tempo.
Alguns dos textos mais antigos são as Listas de Reis Sumérios, conhecidas desde tempos muito
antigos. Estas listas foram compostas ao redor de 2200 Antes da Nossa Era, mas se referem a tempos
muito mais antigos. Elas foram copiadas por gerações de escribas e padronizadas ao longo deste
processo até o período Babilônico Antigo, onde existe uma versão canônica que se extenue no tempo,
mostrando reis e monarcas de tempos recente. As listas foram estudadas primeiramente por Jacobsen
e publicadas em 1939. Elas são um instrumento básico para entendermos a história mais antiga da
Mesopotâmia. O objetivo destas listas eram provavelmente mostrar que Suméria e Acádia sempre
estiveram unidas num só reino, e conseqüentemente podem
Ter distorcido a verdade para servir a algum propósito. As listas algumas vezes contradizem outras
histórias épicas. Por exemplo, alguns reis deviam ser contemporâneos, mas não o parecem ser nas
Listas de Reis.
Nas listas, a monarquia é vista como uma instituição divina: ela desceu dos céus.
A linha de abertura do texto é: “Quando a monarquia/realeza desceu dos céus, ela tomou assento
em Eridu”. Tendo em vista este fato, a monarquia era vista como uma instituição compartilhada por
muitas cidades. Cada cidade tornava-se a sede do trono e do poder por um certo tempo. O sinal
sumério para “governo” ou “ano de governo” é o mesmo para “turno”. A hegemonia de uma cidade
numa Lista de Reis Sumérios nem sempre significa que os reis citados tinham supremacia sobre
outros reis de cidades-estado vizinhas.
Nas listas, aparece claramente uma linha divisória, e esta é o Grande Dilúvio. Nomes e eventos são
ou antediluvianos ou pós-diluvianos. Nos últimos épicos, o Dilúvio assinala o final da era mitológica,
quando foi formado o universo, inaugurando o começo dos tempos históricos. Cerca de oito (em
outras versões dez) reis antediluvianos são mencionados, juntamente com seu respectivo período de
governo. Idades que atravessam os tempos são atribuídas aos reis de antes do Dilúvio. Juntos, estes
10 ou 8 reis teriam reinado por cerca de 241.200 anos! O período antediluviano também é visto como
a era das revelações divinas, tais como a invenção da agricultura, da escrita, etc. Algumas das cidades
mencionadas como antediluvianas são Eridu, Sipar e Shruppak.
Eridu, a primeira cidade mencionada, é a cidade do deus das águas doces, da mágica e da sabedoria,
chamado Enki/Ea, um dos mais importantes deuses do panteon mesopotâmico. A cidade está situada
no extremo sul da Mesopotâmia próxima a um rio ou lagoa. Diz-se que o princípio da agricultura foi
ali revelado por um deus ao primeiro rei de Eridu, chamado Emmeduranki.
Sipar mais tarde irá se tornar na cidade do deus sol, Utu, chamado também de Shamash em acádio.
Diz-se que os segredos da adivinhação foram mostrados ao rei de Sipar, também por revelação divina.
Adivinhação era ao mesmo tempo uma arte e ciência para perguntar aos deuses sobre os desígnios da
existência. Nenhuma decisão importante era tomada sem consulta prévia aos deuses através de
inúmeras técnicas de adivinhação. O deus Sol Utu, que tudo vê durante o dia, tem também o poder
de ver o futuro.
Shuruppak é uma cidade às margens do Eufrates, perto da cidade moderna de Fara. O último rei de
Shrurrupak foi o herói da história do Dilúvio.
OS GRANDES ÉPICOS
Outro material que tem sido usado na esperança de poder iluminar eventos, estruturas e instituições
do período Dinástico Anterior são os épicos e epopéias que foram escritos em tempos posteriores
sobre os primeiros governantes de Uruk, como Gilgamesh. O ciclo de histórias épicas sobre reis como
Enmerkar, que travou uma década de disputas com o rei da cidade iraniana de Aratta, pode ter sido
um reflexo do padrão de comércio existente durante o período Dinástico Anterior II. O conflito de
Gilgamesh com Aka de Kish, onde o teimoso Gilgamesh consulta primeiro o conselho de anciões
para procurar o melhor curso para suas ações, e então prossegue para se consultar com o conselho
dos jovens guerreiros, fornece alguma evidência para as assembléias cívicas e a obrigação real de
entrar em deliberações com estes foros antes de partir para ação.
Enquanto que não parece haver dúvidas de que as cidades mesopotâmicas mantinham distantes
relações comerciais a fim de adquirir bens exóticos, a forma específica pela qual estas relaçoes eram
estabelecidas não fica clara a partir do estudo destes épicos. Não temos também certeza se conselhos
de anciões formavam um dos órgãos das cidades mesopotâmicas, bem como os jovens guerreiros e
sua função no governo. Entretanto, tais obras mostram eventos históricos (até certo ponto). Estas
histórias, eram muitas vezes fruto de uma tradição oral ainda mais antiga.
Um milênio depois, ao redor do período Babilônico Antigo muitos destes fragmentos foram
arranjados como épicos completos. Eles entraram para a literatura canônica e foram escritos e
copiados por gerações de escribas (em geral em escolas). Há uma analogia geral com outras idades
heróicas de outros locais (Homero dos Gregos, o Maghabharata Indiano, a Idade Heróica Germânica,
etc.). As semelhanças provavelmente mostram uma estrutura político-social comum.
A HISTÓRIA DO DILÚVIO
O tema do dilúvio, uma catástrofe de monta, é bastante comum em toda antigüidade. Todos os tipos
de versões de tal cataclismo eram passados de geração a geração e de país para país. Há versões
sumérias, acádias, ugaríticas, hititas, etc. Quando os primeiros textos sobre o dilúvio foram
descobertos em 1872 por George Smith, tal fato fez as manchetes de jornais da época, tendo em vista
as semelhanças com a narrativa da Bíblia.
Basicamente, todas as planícies aluviais e deltas de rios no mundo sofreram grandes enchentes. Uma
série delas no século XV da nossa era, chamadas de As Enchentes de Santa Elizabeth, deram forma
à parte de Holanda no delta do Reno. Ainda hoje, muitas pessoas estão em constante perigo de terem
suas casas destruídas pelas águas, e portanto também na Mesopotâmia o impacto das águas devia ser
muito forte nas pessoas. Não há dúvidas que enchentes causaram impacto na Mesopotâmia, e algumas
delas ocorreram a cerca de 2900 Antes da Nossa Era.
As várias versões e fragmentos encontrados apontam para várias diferentes tradições sobre o dilúvio.
O herói sumério do Dilúvio (o primeiro Noé) chama-se Ubar-Tutu em certos textos, Ziusudra. Em
outro texto, ele é chamado Atrahasis.
Todos estes são nomes que atestam uma qualidade: Ziusudra quer dizer Vida de Longos Dias,
Utnapshtin – aquele que encontrou a vida eterna, e Atrahasis (extremamente sábio). O épico de
Atrahasis é muito famoso e em seu formato de Antigo Babilônico é datado de 1635 Antes da Nossa
Era.
A evidência para construções de tal porte aponta para um sistema político avançado: a figura
dominante em figuras provavelmente é a do lider desta sociedade, provavelmente o
legislador/administrador. Esta pessoa também aparece praticando rituais religiosos, o que sugere que
atividades tanto de caráter religioso como secular estavam sob sua responsabilidade. O fato de que
material ausente na Mesopotâmia, como pedras, estavam presentes na construção destes prédios
indica habilidade de mobilizar força de trabalho de forma bem sucedida e a existência de uma base
agrícola saudável.
A revolução urbana, a construção das primeiras cidades, começou a Ter lugar a cerca de 3100-2900
ANTES DA NOSSA ERA na transição da pré-história para história. A mudança no padrão de
assentamentos humanos, de isolados para comunidades, continuou. O clima quente ao final do quarto
milênio permitia que as grandes planícies fossem habitadas no extremo sul da Mesopotâmia, a área
que mais tarde será chamada de Suméria. A escassez de chuvas estimulou o desenvolvimento de
trabalhos de irrigação. A produção do bronze, uma liga de cobre e outros metais, principalmente o
latão, permitiu a manufatura ade armas novas, e fortificações foram também construídas ao redor dos
vilarejos.
Ou seja, em cerca de 2.900 Antes da Nossa Era, as técnicas de irrigação, agricultura e a exploração
alimentos suplementares (tâmaras, peixe, caça) tinha sido bem sucedida, sendo gerida por grupos de
poder emergente numa série de cidades. Isto resultou num desenvolvimento articulado, onde o
administrador de cada cidade poderia assegurar uma grande produção de alimentos para a população.
Este notável desenvolvimento resultou numa estrutura social bem articulada, com o administrador de
cada cidade também controlando a maior parte dos recursos, como a terra, a produção de bens
especializados, exóticos e materiais preciosos obtidos através do comércio. O administrador das
cidades também tinha importante presença religiosa e ideológica,tomando parte em atividades
seculares e religiosas da comunidade.
Muitos fatores importantes destas sociedades continuam ainda obscuros, mas eles nos levam ao
período seguinte, o Período Sumério Anterior.
Antigo Sumério é o idioma desta época. Uma grande parte de textos em Antigo Sumério e a maior
parte do conhecimento que temos desta língua originou-se de textos encontrados no século XIX em
Nippur, uma cidade sacra, a capital religiosa da Suméria, cujo patrono é o poderoso Enlil, o deus do
ar, e um dos mais importantes no panteon mesopotâmico. Mais de 30.000 tábuas de argila inscritas
lá encontradas estão em vários museus, como o de Istambul, Jena e Filadélfia. Estas tábuas incluem
versões de obras literárias como o Épico de Gilgamesh, o mito da criação, bem como textos
administrativos, legais, médicos e registros de transações de negócios, bem como textos escolares.
Kish, cidade ao norte da Babilônia, próxima à moderna Tel el-ehêmir, é a primeira cidade pós-
diluviana mencionada nas Listas de Reis Sumérios. Depois do Grande Dilúvio, “o reino desceu
novamente dos céus”. Os primeiros reis tinham nomes semitas. Nesta época, os quatro quadrantes do
mundo vivem em harmonia.
Escavações arqueológicas provam que Kish foi uma cidade importante, tendo sido o centro da
primeira dinastia suméria, chamada de Período Dinástico Anterior I. Havia especialização no trabalho
e alta qualidade artesanal, ambas resultado de uma tradição mais antiga. Adagas douradas trabalhadas
foram encontradas em túmulos. Foi em Kish que foi encontrado o primeiro palácio monumental que
não era também um templo. O rei parece estar no poder, ao invés do alto sacerdote en.
O título de Rei de Kish: A importância de Kish também é atestada pelo título Rei de Kish. Este título
era usado por reis mesmo muitos séculos depois para mostrar prestígio, pois o significado de tal
epíteto poderia ser “Rei de Todo Mundo”. O título era usado mesmo quando outro rei era na realidade
o rei da cidade, e também muito depois de Kish Ter cessado de ser a pedra fundamental da monarquia.
É possível que o título significava mais do que prestígio. Kish está situada ao Norte das planícies da
Mesopotâmia Sul, num ponto estratégico do Eufrates. É possível que a localização de Kish fosse
fundamental para o controle de todo sistema de canais de irrigação, pois um problema na área,
bloquearia o fluxo das águas na direção sudoeste. O controle do rio Eufrates nas proximidades de
Kish portanto era de grande importância para os governantes do sul da Mesopotâmia. O título de Rei
de Kish pode ser um indicativo de que o rei possuía este poder.
Uruk bíblica Erech, situada perto da moderna Warka. O período sob a liderança de Uruk é chamado
de Idade Heróica. As dinastias ficaram conhecidas a partir de épicos escritos tempos depois. Uruk é
a cidade da deusa Inana e de Anu, o deus supremo do firmamento. Os reis de Uruk são chamados de
Senhor. Uma reconstrução da história a partir da mitologia mostra que este período foi uma
democracia primitiva. As decisões mais eram tomadas após consulta a um conselho de anciões.
Enmerkar, rei de Uruk e Kullab, tendo o epíteto de “aquele que constuiu Uruk” e personagem de dois
épicos. Não existem inscrições ou placas para atestar sua existência. Os textos referem-se aos contatos
comerciais e militares com a cidade de Arata, ainda não localizada, mas provavelmente no Irã, onde
Inana/Ishtar e Dumuzi também eram adorados. Estes épicos mostram que havia contatos comerciais,
ex; pedras preciosas, como lápis lazuli. Enmerkar foi o primeiro, de acordo com o mito, a escrever
em tábuas de argila.
Lugalbanda foi o terceiro rei da primeira dinastia de Uruk, também sendo personagem de poemas e
mitos sumérios, como o épico de Lugalbanda (em duas partes, com 900 linhas)
Gilgamesh é o neto de Enmerkar. Sua fama espalhou-se por uma grande área devido ao Épico de
Gilgamesh. Uma versão assíria foi encontrada na Biblioteca de Assurbanipal (cerca de 650 Antes da
Nossa Era), e provavelmente data de 1700 Antes da Nossa Era. Fragmentos sumérios menores com
apenas umas centenas de linhas são datados de cerca de 2000 Antes da Nossa Era. A medida do tempo
e localização geográfica indicam a grande predileção por esta obra-prima mesopotâmica. Ver
Gilgamesh para uma versão resumida aqui neste site.
Gilgamesh foi responsável pela construção das muralhas de Uruk. Parece realmente que a arqueologia
prova que estas muralhas foram expandidas a cerca de 2700 Antes da Nossa Era.
O Período Dinástico Anterior-III está fora da protohistória, sendo geralmente considerado parte da
história. Muitas fontes e arquivos desta época são conhecidos. A maioria destes textos têm caráter
econômico/administrativo.
Ur: Oficialmente, de acordo com a Lista de Reis Sumérios, Ur tem a hegemonia desta era, conhecida
como Terceira Dinastia de Ur. Na prática, hegemonia era um termo muito amplo, pois Ur era um
porto no Golfo Pérsico.
Lagash e Girsu são cidades no extremo Sul da Mesopotâmia. Muitos textos em Sumério Antigo foram
encontrados lá, a maior parte deles impressos em materiais duros como cobre e ouro, ex. as Inscrições
Reais de Lagash e textos sobre o incessante conflito de fronteiras entre Lagash e a cidade vizinha de
Uma. Os conflitos em geral envolviam direitos de irrigação e água, e eram algumas vezes resolvidos
com a mediação do rei de Kish. O padroeiro da cidade de Lagash é Ningursu, mais tarde associado
com Ninurta, um deus guerreiro e fundamental para a eliminação de demônios.
Urukagina, o último dos reis piedosos da dinastia de Lagash, introduziu muitas reformas sociais e
editou pareceres sobre o problema da escravatura sofrida por aqueles que incorriam em dívidas. Altas
taxas de juro sobre o capital (em geral 33.3%) tinham de ser pagas pela escravização de uma criança
até que os débitos fossem pagos. Ele acaba com este tipo de ação por decreto.
A não ser que especificado de outra forma, todas as datas apresentadas nesta cronologia referem-se a
períodos anteriores à Era Cristã, aqui referidos como Antes da Nossa Era, ou ANE.
Era Pré-Histórica ou Sexto Milênio: A região emerge pouco a pouco, de norte a sul como terras
baixas entre os rios Tigre e Eufrates. A região começou a ser povoada por grupos étnicos
desconhecidos que tinham vindo do norte e do leste. Estes grups incluíam sem dúvida semitas do
Nordeste do deserto da Síria e da Arábia.
Quarto Milênio (no máximo): Depois da chegada dos Sumérios provavelmente do Sudeste, o
processo de interação e trocas começa a tomar forma, transformando-se na primeira grande
civilização da área. Uma sociedade urbana logo tomou forma e espaço através da unificação de vilas
mais ou menos primitivas.
3200 Antes da Nossa Era, ou seja, Antes da Era Cristã: Evidências arqueológicas mostram que os
Sumérios estão fazendo uso de veículos sobre rodas para transporte.
3100 ANE: A escrita cuneiforme aparece na Mesopotâmia, sendo os primeiros registros escritos da
humanidade. Esta forma de escrita envolvia a escrita de caracteres em forma de cunha e foi usada
para registrar os primeiros épicos da história, incluindo Enmerkar e o Senhor de Arata, e as primeiras
histórias a respeito do rei heróico de Uruk, Gilgamesh.
2700 ANE: O rei sumério Gilgamesh governa a cidade de Uruk, que agora tem uma população de
cerca de mais de 50.000 habitantes. Gilgamesh figura em muitos épicos, incluindo o mito sumério
Gilgamesh, Enkidu e o Mundo Subterrâneo e o babilônico Mito de Gilgamesh.
2340-2315 ANE: Sargão I funda e governa a cidade de Ácade (Acádia), após ter deixado a cidade de
Kish, onde detinha importante cargo militar. Sargão I é o primeiro monarca da história a manter um
exército de prontidão. Mesmo assim, seu império durou menos do que 200 anos.
2320 ANE: Sargão I conquista as cidades-estado independentes sumérias e institui um governo
centralizado. Mas por 2130 a Suméria readquire sua independência do domínio acádio, apesar de não
mais reverter para a condição de cidades independentes. Nesta época, a cidade mais importante dos
sumérios é a cidade de Ur.
2100 ANE: A Lista de Reis Sumérios é escrita, registrando todos os reis e dinastias sumérias desde
os tempos mais remotos. De acordo com esta lista, Eridu é a povoação mais antiga, fato que parece
ser confirmado por evidências arqueológicas.
2000-1600 ANE: Começa o Antigo Período Babilônico na Mesopotâmia, após o colapso da Suméria,
provavelmente devido a um aumento do teor de salinidade do solo, tornando o cultivo da terra muito
difícil. Enfraquecidos consideravelmente por safras de pouca produção, os SUMÉRIOS são
conquistados pelos amoritas, que estavam estabelecidos na Babilônia. Conseqüentemente, o centro
da civilização muda para o Norte. Apesar deles terem perservado a maior parte da cultura suméria,
os amoritas introduziram seu idioma semítico, um ancestral do HEBREU na região.
1900 ANE: O Épico de Gilgamesh é redigido a partir de fontes sumérias e escrito no idioma semítico.
Portanto, apesar de Gilgamesh ser sumério, o épico de seu nome é babilônico.
1900- 1500 ANE: Num ponto entre estas datas, um grupo semítico de nômades migra da Suméria
para Canaã, e Egito. Eles são levados por um comerciante de caravanas, o patriarca Abraão, que irá
se transformar no pai da nação de Israel.
1800 ANE: Os habitantes do Antigo Período Babilônico (ou Babilônico Anterior) estão empregando
avançadas operações matemáticas, tais como multiplicação, divisão e raiz quadrada. Além disso, eles
usam um sistema duodecimal (baseado no 12 e no 6) para medir o tempo. Até hoje usamos este
sistema para contar as horas.
1763 ANE: O rei amorita Hamurabi conquista toda a Suméria. Nesta mesma época, ele também
escreve seu famoso código de leis, o Código de Hamurabi, contendo 282 regras, incluindo o princípio
de ” olho por olho, dente por dente” . Este é um dos primeiros códigos de lei da história da
humanidade, sendo anterior ao código de Leis de Lipit-Ishtar.
1750 ANE: Hamurabi morre, mas seu império dura por mais 150 anos, até 1600 ANE, quando os
cassitas, um povo não semítico conquista a maior parte da Mesopotâmia, com a ajuda de carruagens
leves como material bélico.
1595 ANE: Os hititas, outro grupo não semítico que falam um idioma Indo-Europeu, capturam a
Babilônia e se retiram, deixando a cidade aberta ao domínio cassita. Os cassitas permanecem no poder
por 300 anos, mantendo a cultura suméria e babilônica sem introduzir grandes m
1450-1300 ANE: A cultura hitita alcança seu apogeu, dominando do Norte ao Leste da Babilônia,
incluindo a Turquia e o Norte da Palestina. Nesta época, os hititas já tinham uma rica mitologia, com
panteon de deuses e deusas já estabelecido.
1300-612 ANE: Os Assírios, um povo semítico, estabelecem um império que se estende de Assur,
ao Norte da Mesopotâmia. Em 1,250 ANE eles já tinham se comprometido a conquistar o Império
Cassita ao sul.
1286 ANE: Os hititas lutam contra os invasores egípcios, demonstrando a força de seu poder. Tal
poder está provavelmente fundamentado nas vantagens econômicas que tinham com o comércio de
metais que são abundantes na região da Turquia. Mesmo assim, o império hitita cai 1185 para os
Povos do Mar, um grupo invasor que veio do Oeste, e cuja identidade precisa é desconhecida.
1250-1200 ANE: Os hebreus migram de Canaã para o Egito por alguns séculos, após vaguearem por
muitos anos no deserto do Sinal. Esta conquista é lenta e dolorosa, e irá levar cerca de cem anos.
Quando as lutas acabam, os hebreus emergem como vitoriosos. Eles dividem a terra de Canaã em
tribos, criando um sistema de governo conhecido como anfictionia.
1020 ANE: Os hebreus são governados pelos Juizes num período de relativa estabilidade que será
abalado pela invasão dos filisteus em 1050 ANE.
1225 ANE: O governante assírio Tukulti-Ninurta captura a Babilônia e a região sul da Mesopotâmia,
mas o controle assírio não dura muito longe.
1114- 1076 ANE: Tiglath-Pileser I governa os Assírios.
1050 ANE: Os filisteus invadem Israel, vindos do Norte. Ao enfrentar a ameaça de aniquilação, os
hebreus instituem uma reforma governamental. Samuel, o último dos juizes, é chamado para escolher
o futuro rei.
1020 ANE: Samuel seleciona Saul para rei de Israel, portanto unificando todas as tribos numa só
nação. Saul eventualmente comete suicídio, ao enfrentar outras tantas perdas frente aos filisteus. Davi,
ao fazer campanha contra os filisteus, obtém a vitória.
1004 ANE: Davi torna-se rei de Israel. Como tal, ele começa a construir um governo centralizado
baseado em Jerusalém. Ele implementa trabalhos forçados, o censo e um mecanismo para a coleta de
impostos. O Período do Primeiro Templo da história hebraica começa sob o governo de Davi.
965 ANE: Salomão torna-se rei de Israel, com a intenção de continuar a obra de Davi e fazer de
Jerusalém uma grande cidade. Salomão, portanto, abraça grandes projetos de construção, sendo um
deles o Templo de Jerusalém. Ao enfrentar dificuldades financeiras, ele eleva os impostos e emprega
trabalho forçado.
928 ANE: Morre Salomão. Os habitantes do Norte, não querendo pagar impostos para ajudar as
dificuldades financeiras de Jerusalém, separam-se do Sul. São criadas duas nações: Israel, ao Norte,
com sua capital em Samaria, e Judá, ao Sul, com a capital em Jerusalém. Os filhos de Salomão
governam os dois reinos, Jeroboam ao Norte e Rehoboam ao Sul.
900 ANE: Os assírios expandem seu império para o Oeste. Ao redor de 840 ANE, eles tinham
conquistado a Síria e a Turquia, territórios que haviam pertencido aos hititas.
810-805 ANE: Reinado da rainha assíria Samuramat. Ela é uma das poucas mulheres a adquirir
proeminência na Antigüidade.
722 ANE: Os assírios conquistam Israel, deixando nada para traz. O reino hebreu de Judá consegue
sobreviver.
705-681 ANE: Senaqueribe governa os assírios e constrói uma nova capital em Nínive, onde começa
a formar uma grande biblioteca de tábuas sumérias e babilônicas. Senaqueribe é um monarca
poderoso que consegue ter sob seu poder toda a região do Oeste da Ásia.
689 ANE: Senaqueribe destroi a Babilônia, mas seu filho a reconstroi. Em 650 ANE, Babilônia é
novamente um centro de prosperidade.
668-627 ANE: Assurbanipal sucede Senaqueribe como governante da Assíria. Ele continua a
desenvolver uma grande biblioteca, e, ao final, colecionou mais de 22.000 tábuas de argila. Em 648
ANE destroi a recém reconstruída cidade da Babilônia numa campanha feroz.
614 ANE: Os babilônicos (em particular, os caldeus), com a ajuda de Medes, que ocupa a região ora
conhecida como o Irã, começam campanha para destruir os assírios. Em 612 ANE eles obtém sucesso,
e a capital assíria é destruída. Sem os Assírios, os caldeus, um povo semítico, governa toda a região,
fazendo surgir um novo período de apogeu da Babilônia, que durou até 539 ANE.
562 ANE: Nabucodonossor II governa a Babilônia, onde começa vários projetos grandiosos de
construção, incluindo os Jardins Suspensos da Babilônia. Este renascer do poder da Babilônia usa
tijolos esmaltados em suas construções, portanto criando uma cidade colorida.
600 ANE: O profeta persa Zaratustra (Zoroastro) funda a religião chamada de Zoroastrianism.
586 ANE: Jerusalém cai ante as forças de Nabucodonossor II. Muitos hebreus são levados em
cativeiro para a Babilônia, começando a passagem chamada de O Cativeiro da Babilônia. O Livro de
Ezequiel é escrito nesta época.
539 ANE: Ciro, o persa, captura a Babilônia depois que Baltazar, o novo líder babilônico, fracassa
em “ler a caligrafia escrita na muralha”. Ciro funda o Império Persa, que dura até 331, quando é
conquistado por Alexandre, o Grande. Ciro permite que alguns judeus exilados na Babilônia voltem
à Palestina, mas muitos hebreus preferem ficar na Babilônia, onde estabelece-se o segundo grande
centro hebraico, sendo superado apenas por Jerusalém.
529 ANE: Ciro morre, deixando o maior império construído pelo homem até aquela data. Seu filho,
Cambises, sobre ao trono e conquista o Egito.
521 ANE: Dario I (o Grande) torna-se imperador da Pérsia, sucedendo Cambises. Ele começa grandes
programas de governo, incluindo um sistema de estradas. Ele também institui o primeiro sistema
postal.
520-516 ANE: Os hebreus reconstroem o templo de Salomão que havia sido destruído e saqueado
em 586 ANE. Começa o Período do Segundo Templo da história hebraica.
486-465 ANE: Xerxes I é o imperador do Império Persa.
331 ANE: Alexandre, o Grande, conquista o Imério Persa. Ele avança na direção da Índia, e conquista
parte dela, antes de morrer na Babilônia, aos 33 anos em 323 ANE.
168 ANE: Antióquio Epifânio governa Israel e tenta acabar com a prática do Judaismo. Os hebreus
resistem, começando a revolta dos macabeus. Os macabeus são bem sucedidos, até discussões
internas tê-los destruído. Eles apelam para o romano Pompeu, que intervém, começando daí a
ocupação romana da Palestina..
66 da Nossa Era: Ao tentarem se libertar do controle do Império Romano, os hebreus se revoltam,
mas perdem. No tempo do imperador romano Tito, os hebreus são derrotados, sendo destruído o
templo de Jerusalém, que jamais foi reconstruído.
Civilização aqui deve ser entendido no seu sentido literal, do latim civitas ou cidade: dentro do
desenvolvimento de cidades-estado, que pode ser chamado de revolução urbana.
Primeiramente, em termos geológicos, a Mesopotâmia não é uma terra antiqüíssima. Ela começou a
emergir apenas depois de algums milênios depois do período glacial europeu, ocorrido a cerca de
12,000 anos Antes da Nossa Era. À medida em que ocorreu redução na precipítação (chuvas) e a
quantidade de umidade do ar, a Era Glacial começou a apresentar efeitos na região do antigo oriente.
A vasta extensão de terras aluviais até então formava um imenso rio, e aos poucos foi deixando
entrever terras e elevações. O que permanece deste grande rio inicial ainda está conosco como os rios
Tigre e Eufrates.
Os primeiros habitantes da região foram gradualmente se revelando no sexto milênio o mais tardar,
provavelmente vindos das montanhas do nordeste, norte e leste, sendo sem dúvida de etnias variadas.
Não sabemos quase nada a respeito deles, a não ser por esparsos vestígios de suas vidas, que
arqueólogos tiveram a sorte de descobrir aqui e ali. Estes fragmentos não são capazes de nos dar uma
idéia precisa ou mesmo revelar aspectos sociais importantes, como a religião de nossos antepassados
mesopotâmicos, o que os inspirava em termos de pensamentos e ação, etc. De fato, apenas com a
ajuda de nossa imaginação podemos fazer conjecturas a respeito de tempos tão antigos.Podemos,
entretanto, dizer que à medida em que estes colonizadores se estabeleceram na região, eles trouxeram
consigo seus instrumentos rudimentares, plantas, animais domésticos e forma de viver a vida.
Lentamente, podemos também conjecturar que à medida com que o tempo passava, alguns grupos
prosperaram e cresceram, enquanto que outros desapareceram. No momento, entretanto, não temos
conhecimento de como tais grupos possam ter interagido no passado, ou se por acaso ocorreu ou não
tal interação.
O período Neolítico (Nova Idade da Pedra) coincide com uma nova era geológica. Nesta fase, temos
os períodos culturais da Idade do Bronze e Idade do Ferro. Estas eras são caracterizadas pelo uso de
certos implementos e minerais.
2. A REVOLUÇÃO NEOLÍTICA OU O COMEÇO DA AGRICULTURA
Depois de séculos de estagnação, começam a ser discernidas mudanças no início do quarto milênio,
ou a cerca de 5.000 anos Antes da Nossa Era, ou 7.000 anos atrás. Devido a falta de detalhes
disponíveis, especialmente para esta fase, devemos sempre optar por uma faixa de tempo bastante
ampla.
Dois eventos maiores, cujos detalhes são inacessíveis para nós, marcam entretanto de forma
indelével a história desta região: a revolução agrícola com o surgimento da irrigação, e a chegada
dos Sumérios ao sul da Mesopotâmia.
Em primeiro lugar, começa uma lenta, mas irreversível mudança nos métodos de coleta de alimentos
pela caça, pesca e coleta de plantas/frutas. Estes foram gradualmente sendo substituídos pela criação
de animais domésticos e pela agricultura. Esta mudança ocorre juntamente com a alteração do modo
de vida nômade para uma vida sedentária. O Neolítico é visto como uma época relativamente pacífica,
pois não existem fortificações ao redor das vilas e habitações.
Os primeiros povoamentos isolados (5000-3000 anos Antes da Nossa Era) são encontrados nos vales
de pequenos rios nas montanhas de Zagros e nas pequenas planícies também de vales. Novas
povoações parecem-se com comunidades de vilarejos, próximas umas às outras, em locais onde os
rios correm para vales maiores e onde os rios são mais fáceis de serem controlados. O clima mais
seco (começando em cerca 3500 ANTES DA NOSSA ERA) faz com a irrigação comece a
desempenhar seu papel na agricultura.
Melhor controle sobre a colheita e a criação de animais domésticos, bem como o uso intensivo da
agricultura aumentou a produção de alimentos, fazendo com que maiores comunidades passassem a
existir. A proximidade dos vilarejos tornava mais fácil a comunicação e a interação entre as mesmas.
Isto estimulou o intercâmbio cultural e econômico, mas também trouxe a possibilidade de conflitos.
O surgimento de regras e acordos para evitar ou resolver conflitos surge como um fator importante
no processo da civilização, sendo considerados mais importantes do que a necessidade administrativa
de maior cooperação nos trabalhos de irrigação. Ou seja, fundamentalmente, o sucesso da agricultura
irrigada com maior produção de cereais e alimentos criou uma população melhor alimentada,
tornando indispensável a manutenção de uma organização acima de tudo centralizada, energética e
disciplinada, administração esta que teria de ser mantida pelo menos para os trabalhos de irrigação
das terras, sob a forma de vilas e povoaçoes que até então tinham sido independentes e tinham
sobrevivido isoladas umas das outras. Dependendo de como foi ocupada, sem dúvida, em geral por
pequenos grupos espalhados, a terra se adaptou gradualmente àquele tipo de regime, formando as
primeiras cidades, sob as ordens de uma administração forte, com grande concentração de força. Em
mitologia, é citado que “as cestas [de estocagem de alimentos] criaram as cidades” (The Creation of
the Pickax). Da administração forte das primeiras cidades, temos a origem, provavelmente, do sistema
monárquico.
O povoamento das planícies do extremo sul da Mesopotâmia ocorre mais tarde. A irrigação destas
planícies, como o sabemos segundo textos babilônicos posteriores, com seus longos canis e falta de
água suficiente, exige um sistema de administração de recursos eficiente, o que ocorreu em épocas
mais avançadas no tempo.
O problema de estocar alimentos foi reduzido com o uso da cerâmica, pois apesar de seguir princípios
simples, uma boa colheita exige a solução de muitos problemas de ordem prática. Um dos grandes
problemas com relação ao sedentarismo refere-se a onde estocar os alimentos para preservá-los. A
torração de grãos era algo feito com freqüência de acordo com achados em escavações, pois impede
a germinação prematura e facilita o processo de peneiragem dos grãos. Uma inovação técnica, o uso
da cerâmica, surgiu, para proteger os alimentos de ratos e outros animais. Da cerâmica, eram feitos
recipientes para guardar alimentos. Temos evidência deste fato, porque as primeiras construções que
podem ser descritas como celeiros eram pequenas ou baixas demais para serem classificadas como
moradias.
3. CERÂMICA
Não se sabe ao certo quando foram feitas as primeiras cerâmicas, mas provavelmente isto se deu ao
redor de 6000 ANTES DA NOSSA ERA. Por cerca de 5000 ANTES DA NOSSA ERA o uso da
cerâmica era bastante difundido. O tipo de argila ou lama, o uso de elementos decorativos e
acabamento são sinais usados por arqueólogos para datar estes artefatos e identificar suas
distribuições geográficas. A distribuição também indica sinais de comércio por distâncias maiores,
mesmo nos tempos iniciais.
Cerâmica de Halaf: Encontrada em Tell Halaf, ou Tell Halif, no Norte da Síria é uma das primeiras
a ser identificada. O período de Halaf ocorre a cerca de 4000 ANTES DA NOSSA ERA. É uma
cerâmica delicada e indica o começo da especialização dos artesãos. O número pequeno destas
cerâmicas indica que eram também consideradas artigos de luxo.
O Período de Ubaid-(4000-3500 ANTES DA NOSSA ERA): Período chamado assim pela cerâmica
encontrada no local chamado de Tell el-Ubaid no sul do Iraque. As características desta cerâmica são
formas concêntricas e onduladas. O uso deste modelo por outras regiões indica uma economia
semelhante e alto grau de profissionalismo. A roda do oleiro (introduzida na transição do Período de
Uruk) passa a ser encontrada apenas nas regiões mais desenvolvidas. A roda do oleiro exigia uma
argila melhor de ser trabalhada, que é obtida com a adição de elmentos especiais, ou seja, como por
exemplo, óxido de ferro, que confere uma cor marrom-avermelhada típica ao produto.
3.1 CIDADES NEOLÍTICAS DE EXCEÇÃO DO SEXTO E DO QUINTO MILÊNIO
Há exceções ao modelo padrão recém descrito para a Mesopotâmia. Houveram excepcionais cidades
neolíticas datadas do sexto e do quinto milênio antes da nossa era, como Jericó (vale da Jordânia) e
Catal Höyük na Turquia, que mostram grande diversidade nas formas de habitação. Mas estas cidades
não são a regra para o desenvolvimento da região, tendo em vista o grande período de tempo
transcorrido entre o desenvolvimento das construções e a época áurea de desenvolvimento das
cidades-estado mesopotâmicas, que deu-se por volta de 3000 ANTES DA NOSSA ERA.
4. CALCOLÍTICO
A primeira metade do quarto milênio (4000-3500 ANTES DA NOSSA ERA) é algumas vezes
chamada de Calcolítico (Idade da Pedra e do Bronze).
Habitações
CASAS MÉDIAS
Em média, as casas eram pequenas, de um andar, construídas com tijolos de argila, com vários
aposentos ao redor de um pátio..
MÓVEIS
Móveis incluíam mesas baixas, cadeiras de espaldar alto e camas com armações de madeira.. O
assoalho e o teto eram enfeitados com material fino, com tapetes de junco, de pele de animais e panos
de lâ.
MATERIAL DE COZINHA
Material de cozinha era feito de argila, pedra, cobre ou bronze. A água era guardada em grandes
potes, carregados dos rios por escravos da casa. Estes potes de argila são bastante úteis em climas
extremamente quentes. Sendo porosos, eles permitiam a evaporação da água, ao mesmo tempo que a
conservavam fresca. Jarros e potes semelhantes (com revestimento de betume) serviam para
armazenar cevada, trigo e óleo.
BANHEIROS
As casas ricas e os palácios tinham banheiros separados, ou seja, aposentos para banho, onde era
possível se refrescar com água ou óleo. Um banheiro típico tinha cerca de 15 pés quadrados e estava
localizado no lado sul da casa.
1. INTRODUÇÃO
O período das grandes civilizações no início da história na Mesopotâmia abrange o período de
cerca de 3200-2700 antes da Nossa Era e pode ser subdividido em três estágios,c onforme no
desenvolvimento da arquitetura, cerâmica, selos e escrita: Uruk Posterior (ca. 3200-3000 ANE),
Jemdet Nasr (ca. 3000-2900 ANE) e Dinástico Anterior I , II and III(ca. 2900-2350 ANE).
A Lista de Reis Sumérios, escritas no II Milênio Antes da Nossa Era, fornece o nome de reis com o
período de duração de seus reinados, dinastia por dinastia, concluindo com os nomes conhecidos dos
reis de Terceira Dinastia de Ur e seus sucessores de Isin. Esta moldura cronológica fornece uma visão
bastante difusa da história da Suméria e Ágade depois dos tempos pré-históricos. A monarquia era
considerada como uma instituição dada os seres humanos pelos deuses. Eridu era a povoação mais
antiga, tendo sido habitada continuamente pelos sumérios, além de ser o centro mais antigo da
civilização suméria. A Lista de Reis Sumérios tratava de dinastias contemporâneas como sucessivas.
Em termos históricos, nenhum rei estendeu seu domínio e controle além das cidades-estado, até a
chegada ao poder de Sargão, O Acádio.
Na Lista de Reis Sumérios, antes do dilúvio se refere a tempos proto-históricos, e depois do dilúvio,
a tempos históricos. A parte anti-diluviana da Lista de Reis Sumérios em geral é tida como o Período
Dinástico Anterior I, bem como a única fonte de informações para o período. Depois que o dilúvio
havia ocorrido por toda terra e que a monarquia tinha descido à terra dos céus Kish tornou-se o centro
da monarquia, passando depois de Kish para Uruk. Alguns reis de Kish e Uruk listados na Lista de
Reis Sumérios também são mencionados em mitos e lendas em sumério e acádio, tais quais Enmerkar,
Lugalbanda, Dumuzi, Gilgamesh e Etana. A dinastia seguinte a Uruk é a de Ur, também identificada
em inscrições existentes.
A Suméria do período Dinástico Anterior era uma confederaçao de cidades-estado cujas relações
variavam de vassalagem a igualdade, mas nunca de unidade.
Não havia um centro ou capital natural, nem mesmo Nippur, o centro religioso e geográfico da
Suméria e Ágade. Cada cidade-estado consistia de um centro urbano e sua população, bem como a
população periférica das áreas das vizinhanças.
Cada cidade-estado era uma unidade independente com seu próprio governo. A Suméria e Ágade
consistiam de cerca de uma dúzia de cidades-estado próximas umas das outras ao longo dos rios Tigre
e Eufrates. As inscrições do período Dinástico Anterior estão cheias de referências de batalhas entre
as cidades-estado.
As grandes muralhas construídas pela maioria das cidades sumérias sugerem que estas estavam
sempre em combate. Estas inscrições provam que a Lista de Reis Sumérios está incompleta. Os
governantes de algumas cidades, como Lagash, foram excluídos. Mesmo Mesilim (ca. 2550 ANE),
rei de Kish, não aparece na lista de reis. Mesilim ficou famoso por delinear a fronteira entre Umma e
Lagash, ponto de contenda entre estas duas cidades. A decisão dele, aceita por ambas as partes,
pareceu favorecer Lagash, e as terras passaram às mãos de Umma até Eanatum de Lagash l Eanatum
of Lagash (ca. 2450 ANE) conquistá-las novamente e traçar outro acordo com o governador (ensi) de
Umma.
Eannatum conquistou o Elam e as cidades ao sul da Suméria. Tendo feito estas conquistas, Eanatum
sentiu-se poderoso para assumir o título de rei de Kish, o que implicava em ser o rei de toda Suméria.
Eanatum havia derrotado Umma, Uruk, Akshak, Mari, Susa, Elam, alguns distritos de Zagros (Irã) e
do norte da Mesopotâmia. Umma, economica e militarmente superior a Lagash era em geral a cidade-
estado agressora. Eventually, o governador de Umma assinou um tratado de não-agressão com
Entemena (2404-2375 BEC), sendo estabelecida uma espécie de união de toda Suméria. .
Em Lagash, Entemena foi sucedido por uma série de governantes que não duraram muito tempo no
poder até Uru-inimgina (2351-2341) ter sido escolhido dentro de cerca de 3600 pessoas por Ningirsu,
o que no linguajar antigo queria dizer que ele era um usurpador. Uru-inimgina foi louvado por suas
reformas éticas e sociais mais do que por seus feitos militares, Durante o reinado de Uru-inimgina,
Lugalzagesi (ca. 2340 ANE) um governador ambicioso de Umma, incendiou, saqueou e destruiu
praticamente todos os locais sagrados de Lagash. Uru-inimgina ofereceu pouca resistência.
Lugalzagesi proclamou que ele havia unificado a Suméria e controlado as rotas de comércio do
Mediterrâneo até o Golfo Pérsico. Lugalzagesi foi logo derrotado por Sargão (2334-2279 ANE),
semita e fundador da poderosa dinastia acádica.
A cerca de 2900 Antes da Nossa Era, grande número de pessoas com nomes semitas se estabeleceram
em Kish e Ágade. Gradualmente, este grupo, identificado como Amoritas, adotou o estido de vida
urbano dos sumérios e gradualmente atingiram altos postos no governo, chegando ao poder máximo.
O grande rei Hamurabi, por exemplo, era de descendência amorita.
A Lenda de Sargão: Em épicos escritos muitos séculos depois (700 ANTES DA NOSSA ERA)
temos o relato de seu nascimento humilde, sendo que seu pai era desconhecido e sua mãe uma
sacerdotisa. Como recém-nascido, ele foi colocado numa cesta de vime e enviado rio abaixo (tal qual
Moisés muito depois), tendo sido criado sob a proteção da deusa Ishtar. Mais tarde, ele se tornou num
alto oficial da corte de Kish. Após um fracasso militar do governante da época e problemas na
sucessão deste monarca, Sargão tomou o poder. Não se sabe muito sobre quais foram as
circunstâncias exatas sobre como isto se deu.
Aumentando os limites do Imperio: No começo de seu reinado, a grande parte da região Sul da
Mesopotâmia (Suméria) estava sob o controle de Lugalzaggesi.
Uma vitória sobre ele significaria uma significativa expansão do território de Sargão. Após tê-lo
vencido, Sargão dirigiu sua atenção para o Norte da Mesopotâmia. Em inscrições de Sargão, estão
mencionadas cidades como Mari e Tuttul (Eurafrates Central, ou Síria Moderna) e mais ao Norte, são
citadas Ebla e provavelmente expedições a Anatólia.
Por exemplo, quando Sargão conquistava cidades-estado, ele destruía suas muralhas de forma que
rebeldes em potencial perdessem suas fortalezas. Se o governador estivesse dispost a mudar sua
lealdade para Sargão, o monarca acádio mantinha a velha administração no poder. De outra forma,
ele preenchia os cargos com pessoas de sua confiança. Desta forma, Sargão incentivava o colapso do
velho sistema de cidades-estado, movendo-se na direção de uma administração centralizada.. Sargão
instalou guarnições militares em pontos-chave para administrar seu vasto império e assegurar o
recebimento ininterrupto de tributos. Ele foi o primeiro rei a ter um exército a seu serviço em tempo
integral. Sua capital, a cidade de Ágade, foi construída por ele, e logo se transformou numa das
cidades mais prósperas e magníficas da antigüidade. A localização exata de Ágade permanece
desconhecida, mas Ágade deu nome ao idioma e à dinastia deste grande imperador e gênio militar.
3. SUCESSORES
Sargão foi primeiro sucedido por seu filho Rimush (2278-2270 Antes da Nossa Era, que herou o
império, agora cheio de pontos de revolta. Em batalhas envolvendo milhares de tropas, Rimush
reconquistou cidades e países que pertenciam ao império. A Rimush sucedeu-se seu irmão mais velho,
talvez seu gêmeo, Maishtushu (2269-2255 Antes da Nossa Era), o qual seguiu trajetória militar e
política semelhante a Rimush. Os dois foram assassinados por membros de suas cortes. Manishtushu
foi sucedido por seu filho, Naram-Sin (2254-2218), cujas vitórias militares foram numerosas.
Naram-Sim: O último dos monarcas da dinastia de Acádia foi um rei importante, Naram-Sin, que
em acádio significa “o adorador do deus da lua, Sin”, neto de Sargão, que colecionou feitos militares
da estatura de seu avô. Ele se auto-denominou “imperador dos quatro quadrantes”, o que significava
imperador de todo o mundo naqueles tempos. Seu império era mesmo maior do que o do avô Sargão,
como ficou claro depois da descoberta surpreendente em 1974 da cidade de Ebla próxima ao Líbano,
na Síria, pois não se esperava que os acádios tivessem se expandido tanto para o lado Oeste.
Deificação de um homem: Naram-Sin foi o primeiro rei a tornar-se divindade. Em algum ponto
durante seu reinado, seu nome aparece com um sinal determinativo usado em frente de nomes divinos.
Numa estela de vitória, que consta do acervo do Louvre de Paris, Naram-Sin é mostrado com a coroa
de chifres, um atributo dos deuses. O período em que seu nome aparece sem o determinativo de um
deus é o período no qual ele teve de lidar com revoltas e rebeliões em seu próprio país. No grupo de
textos em que seu nome mostra o atributo divino, estes se referem ao final de seu reinado, quando
Naram-Sin está ocupado com um novo inimigo, entre os quais estão um povo das montanhas, os
Gucianos, que tentaram penetrar na Mesopotâmia vindos do Norte.A deificação de um ser humano
não é algo novo. Lugalbanda e Gilgamesh também aparecem nas listas dos deuses, mas no caso de
auto-glorificação de Naram-Sin, ele se chamou de “deus da Acádia”, um título claramente que
pertence à deusa acádia Ishtar. Ela é a padroeira da cidade de Acádia e como tal tinha todas as
propriedades da cidade.
A auto-glorificação pode ter sido um ato que perturbou os líderes religiosos e sacerdotes do país,
principalmente em Nipur, a capital religiosa da Mesopotâmia. É possível que tal fato tenha sido o
resultado de uma quebra-de-braço entre o governo central e as cidades-estado. As cidades-estado
sendo representadas por suas divindades padroeiras e seus sacerdotes. A auto-glorificação de Naram-
Sin então pode ser vista como um astuto ato político, feito para passar por cima da autoridade dos
sacerdotes. Outras interpretações (mais antigas) consideram esta luta como uma disputa entre as
divindades sumérias e acádias, espelhando os brigas étnicas entre os sumérios e acádios, para as quais
não temos, entretanto, muitas outras evidências.
Pouco se sabe sobre as várias dinastias de Uruk até a última, sob o controle de Utu-khegal (2123-
2113 Antes de Nossa Era), que foi escolhido pelo grande Deus Enlil, o deus principal da Suméria,
para livrar o país dos gucianos. Quando um novo rei guciano foi escolhido, Utu-khegal atacou e foi
vitorioso. Ele restaurou politica e economicamente o sul da Mesopotâmia como estado, após a quase
completa paralisia imposta pelas invasões gucianas. Os gucianos, entretanto, assimilaram a forma de
viver dos sumérios, e se transformaram no grupo político dominante do sul. Outro governante
importante foi Gudéia de Lagash (ca. 2144-2121 Antes da Nossa Era). Suas estátuas, quase de
tamanho real, têm longas inscrições, demonstrando suas atividades nas construções e reconstruções
dos templos de Lagash. Ele também comerciava com quase todo mundo civilizado da antigüidade.
Civilização é uma palavra esplêndida sob muitos aspectos: para uns quer dizer grandes cidades e
progresso tecnológico, enquanto para outros significa elevação moral, idéias éticas e primorosas
criações artísticas. Por qualquer desses critérios a Mesopotâmia foi o berço da civilização, pois foi o
primeiro lugar da terra onde o homem criou e manteve por mais de 3.000 anos uma sociedade urbana,
letrada, tecnologicamente bem desenvolvida, na qual todo o povo aceitava os mesmos valores e linha
a mesma concepção sobre a origem e a ordenação do mundo.
A Mesopotâmia, entre todas as outras regiões, veio a representar papel decisivo na ascensão do
homem que emergia do barbarismo – não é coisa para se apreender com facilidade. Não era,
certamente, uma terra de promissão para os começos da vida civilizada. Quente, requeimada e varrida
pelos ventos, sem madeira, pedra ou minérios, não parecia destinada a guiar e a influenciar o mundo.
O que transformou a Mesopotâmia num paraíso fecundo e fez dela uma força criadora foram os dons
intelectuais e a índole do seu povo. Observador, ponderado e pragmático, tinha inclinação para
apreender o que era fundamental e explorar o que era possível.
Mais ao leste, a cultura do vale do Indo, parece Ter tido fortes laços comerciais com a Suméria –
numerosos selos típicos do Indo foram encontrados nas ruínas mesopotâmicas. O povo do Indo
habitava uma área maior que a Mesopotâmia e o Egito combinados, e floresceu mais ou menos entre
2.500 e 1.500 a.C. A sua cultura era também urbana. Passando da lavoura à criação de gado, esse
povo formou artífices e artesãos, comerciantes e administradores. Suas casas eram construídas com
tijolos de fino acabamento, cujas dimensões uniformes atestam uma padronização de pesos e medidas.
O impacto da Mesopotâmia sobre os hebreus foi tanto direto como indireto. Se, como pensam alguns
estudiosos, a narrativa bíblica contém um pouco de verdade, e se o patriarca hebreu vivia em Ur no
tempo de Hamurábi, nesse caso ele e sua família podem ter assimilado a cultura sumeriana muito
antes de os judeus se constituírem numa nação. Parece claro que os ancestrais dos hebreus viveram
na Mesopotâmia desde tempos bem recuados no tempo.
Documentos cuneiformes, cujas datas vão desde 1700 a 1300 a.C., mencionam com freqüência um
povo chamado Habiru, nome com afinidade bem próxima com a palavra bíblica “hebreus”. Segundo
tais textos, os hebreus eram erradios, nômades, mesmo salteadores e proscritos, que vendiam seus
serviços como mercenários aos babilônios e assírios, hititas e hurrianos. Já em 1500 a.C. esses
ancestrais do Judeu Errante encetavam a conquista da Palestina. Entraram em contato com os
cananeus, um povo que assimilou muito da Mesopotâmia. Os cananeus tinham uma escrita
cuneiforme, suas escolas adotavam o currículo mesopotâmicos e a sua cultura estava profundamente
imbuída das idéias e da fé criadas na “terra entre os rios”.
O contato mais importante dos hebreus com a cultura mesopotâmica principiou no ano 586 a.C.
quando o rei Nebuchadrezzar destruiu Jerusalém e levou o seu povo para o cativeiro em Babilônia.
A instrução e os grandes conhecimentos dos babilônios impregnaram a mente e o pensamento dos
hebreus. Quando, depois, os exilados voltaram à sua terra para formar o estado judaico, trouxeram
consigo muitas das práticas litúrgicas, educacionais e legais da Mesopotâmia. Algumas delas foram
introduzidas no cristianismo e, por intermédio da tradição judaico-cristã, penetraram na civilização
ocidental.
O segundo povo que absorveu a cultura mesopotâmica e a canalizou para o Ocidente foram os gregos.
Ao contrário dos hebreus, não tiveram eles contato direto com a Mesopotâmia, mas, durante a idade
micênica da Grécia, desde cerca de 1600 a 1100 a.C., mantiveram íntimos laços políticos e comerciais
com os vizinhos da Mesopotâmia, os hititas e os cananeus. Por todas as cidades litorâneas da Anatólia
meridional e Canaã, Chipre e Creta, circulavam não só mercadorias mas também pensamentos e
idéias – que indubitavelmente mergulharam raízes na terra grega. O fato de se haver descoberto, na
cidade grega de Tebas, ainda recentemente, um depósito secreto de selos babilônicos, não chegou a
causar muita surpresa aos arqueólogos e sem dúvida o futuro revelará no solo helênico muitos outros
achados de tal espécie. Este primeiro contato com o Oriente Próximo encerrou-se quando entrou em
colapso a cultura micênica. E só no século VIII a.C., quando os gregos começaram a emergir do seu
tempo obscuro” é que voltaram eles a receber estímulo e inspiração dos seus vizinhos orientais.
Durante esse último período os fenícios de Cananéia deram aos gregos o alfabeto que posteriormente
se tornou o de todo o mundo ocidental. No curso dessa fase, também, os filósofos gregos pré-
socráticos na Anatólia descobriram as obras dos astrólogos babilônicos e deram início aos grandes
estudos filosóficos de Atenas. Quando, no século V a.C ., a Grécia entrou em sua Idade de Ouro,
diversas das suas criações na arte, na arquitetura, na filosofia e nas letras apresentaram vestígios de
origem mesopotâmica.
A Mesopotâmia também deu à civilização ocidental duas das suas mais importantes instituições
políticas – a cidade-estado e o conceito de uma realeza por direito divino. A cidade-estado espaIhou-
se por grande parte do mundo mediterrâneo e a realeza – a noção de que a autoridade real fora
concedida pelos deuses e só a eles o seu detentor devia prestar conta – infiltrou-se profundamente na
sociedade ocidental. Não é só por mera coincidência que os monarcas britânicos de hoje são
consagrados em cerimônias de coroação que lembram as da Mesopotâmia. Nem pode ser obra do
acaso a semelhança entre as atividades que exercem habitualmente os chefes de Estado do nosso
tempo e as que são registradas nos mais velhos arquivos dos reis mesopotâmicos. Por meio de
burocratas altamente eficazes, que empregavam bem desenvolvidos sistemas de escrituração e
contabilidade, os governantes da Mesopotâmia administravam a construção e a conservação de
estradas, a edificação de hospedarias para os viajantes, a navegação mercante dos mares, o
arbitramento das disputas políticas e a assinatura de tratados internacionais.
Um dos mais preciosos legados políticos da Mesopotâmia foi a lei escrita. Tendo origem numa
tomada de consciência dos direitos individuais ~ estimulada por uma propensão à controvérsia e à
demanda – a lei mesopotâmica veio a ser idealizada, sendo concebida como obra de inspiração divina
para benefício de toda a sociedade. Palavras provenientes de tradições legais babilônicas e sumerianas
aparecem em todo o vasto e heterogêneo corpo de comentários sobre alei hebraica conhecido como
o Talmude babilônico. ” Até nossos dias”, escreveu o estudioso E.A. Speiser, uma das maiores
autoridades nos sistemas legais do mundo antigo ” o judeu ortodoxo usa um termo sumeriano quando
fala de divórcio. E quando lê a lição da Tora na sinagoga ele ainda roça o lugar pertinente ao
pergaminho com a fímbria do seu xale de oração, sem nem de longe imaginar que está assim
reproduzindo acena na qual o antigo mesopotâmio imprimia a orla da sua veste numa placa de argila,
como testemunho da sua obediência aos comandos do texto legal.” Provavelmente não será exagero
dizer-se que alei mesopotâmica irradiou a sua luz sobre grande parte do mundo civilizado. A Grécia
e Roma sofreram a sua influência através de seus contatos com o Oriente Próximo e o Islã só adquiriu
um código formal de leis depois de haver conquistado a região que é o Iraque, a terra da antiga
Mesopotâmia. Exatamente quantas das leis modernas têm origem que remontam à Mesopotâmia é
assunto que ainda não foi determinado, mas o historiador britânico H.W.F. Saggs, no seu livro A
Grandeza Que Foi Babilônia, observa que “é quase certo ter a lei sobre hipotecas a sua fonte remota
no antigo Oriente Próximo”.
Até na atualidade a liturgia judaica está repleta de contribuições babilônicas. O Kol Nidre, o canto
judaico recitado nas vésperas do Dia da Inspiração, em penitência pela quebra dos votos, é semelhante
às preces que figuravam nas cerimônias mesopotâmicas do Ano Novo. O mesmo quanto à solene
descrição do destino humano que é declamada no próprio Dia da Inspiração. Durante o seu exílio em
Babilônia os hebreus também adquiriram a crença nos demônios e seu exorcismo, o que sem dúvida
explica diversas passagens do Novo Testamento concernentes à expulsão dos espíritos malignos.
A literatura da Mesopotâmia, assim como a sua religião e o seu direito, contaminaram também todo
o mundo ocidental. Temas que figuram nos capítulos iniciais do Gênesis – a Criação, o Paraíso, o
Dilúvio, a rivalidade de Cain e Abel, e a Torre de BabeI – todos têm antecedentes literários na
Mesopotâmia. No Livro dos Salmos, muitos dentre eles lembram hinos do culto mesopotâmio, e o
Livro das Lamentações copia um dos motes literários mais cultivados pelos escritores mesopotâmicos
– na Suméria era comum se comporem lamentações formais sobre a destruição de uma cidade. Nas
coleções sumerianas de brocardos, máximas e adágios, há também antecedentes estilísticos para o
Livro dos Provérbios. Mesmo ao Cântico dos Cânticos, de Salomão, o livro diferente de quaisquer
outros do Velho Testamento pode ser atribuído um precedente da Mesopotâmia, com os cantos de
amor do culto sumeriano.
A literatura grega mostra igualmente inumeráveis indícios da influência mesopotâmica. A história
mesopotâmica do dilúvio, por exemplo, corresponde na mitologia grega à história de Deucalião, que
constrói um barco e nele sobrevive a uma inundação que destrui o resto da humanidade. O tema do
combata ao dragão nos mitos mesopotâmicos encontra equivalência em algumas ficções. como as de
Jasão e Héracles. os quais mataram diversos monstros.
Pragas lançadas como punição pelos deuses também figuram na mitologia da Grécia e na da
Mesopotâmia. E há acentuada semelhança entre o inferno grego; o mesopotâmio. sendo ambos
lugares tenebrosos. sep3rados do reino dos vivos por um rio sinistro que os mortos atravessavam de
barca. Da mesma forma elegia para o morto. parece ter o seu prenúncio em duas composições
sumerianas. recentemente traduzidas de uma inscrição no Museu Pushkin. de Moscou; nelas. um
poeta mesopotâmio pranteia em Linguagem hiperbólica a morte do pai e da esposa. Até a forma da
epopéia grega. que conduziu à criação da Ilíada e da Odi5’iéia, tem analogia com o estilo dos poemas
épicos da Mesopotâmia.
Diversas fábulas de Esopo têm similitude com histórias anteriores da Suméria. e as instruções no
almanaque do fazendeiro sumeriano. segundo uma versão do século XVIII a.C.. parecem-se
singularmente com as de Trabalhos e Dias, um manual do lavrador composto. cerca de mil anos
depois. pelo poeta grego Hesíodo. Diversos diálogos sumerianos estão sendo agora reconstituídos e
decifrados, e também estes poderão revelar-se como precursores estilísticos de obras-primas como os
Diálogos, de Platão.
Em outro plano. o da música e da teoria musical, a contribuição mesopotâmica é descobrimento ainda
bem recente. No entanto, já desde muitos anos os arqueólogos sabiam que a Mesopotâmia tivera
instrumentos musicais, particularmente harpas e liras.
Por exemplo. Sir Leonard Woolley, nas suas escavações em Ur. desenterrou os remanescentes de
nove liras e duas harpas. E um hino dedicado ao rei Shulgi, de Ur. proclama que o governante sabia
tocar a harpa “a doce lira de três cravelhas, (um) instrumento de três cordas que desafoga o coração”,
e mais uns dez outros instrumentos musicais não identificados. Os músicos cursavam escolas de
preparação e constituíam importante classe profissional na Mesopotâmia. tornando-se alguns altos
funcionários da corte. Entretanto nada se conhecia sobre a música propriamente dita até há pouco
tempo, quando Anne Darffkorn Kilner. da Universidade da Califórnia. uma cuneiformista, e Madame
Duchesne-Guillemin. da Universidade de Liege, na Bélgica. uma musicóloga. se reuniram para
interpretar o contexto de uma inscrição cuneiforme que por 70 anos havia desafiado os estudiosos.
A chave principal para o texto da inscrição era uma série de números que pareciam referir-se às cordas
de um instrumento de nove cordas. Estabelecido este ponto, descobriu-se que os números eram
dispostos numa progressão que sugeria a afinação desse instrumento, e também se apurou que outras
notações indicavam o que parecia serem os intervalos de uma escala musical. As inscrições nessa
placa de argila, que provavelmente data de 1500 a.C. mais ou menos, fazem a história da música e da
teoria musical remontar há mais de um milênio antes das primeiras notações musicais da Grécia que
se conhecem. É, de fato, o primeiro registro na história de uma escala musical e de um sistema musical
coerente.
O muito que já se apurou da contribuição mesopotâmica para a civilização em todos os aspectos ainda
constitui ínfima fração da sua totalidade; é como a parte visível de um iceberg. Não se torna fácil
pesquisar idéias e técnicas, temas e motivos, através dos tempos, a fim de se chegar ao seu local de
origem. Os fios de transmissão, tênues como os de.. uma teia de aranha, muitas vezes escapam ao
olhar e ao espírito que os procuram. Sem dúvida novas descobertas virão enriquecer o quadro e trarão
certamente muitas surpresas. Mas o futuro poderá tão-só confirmar o que já se patenteia isto é, que a
Mesopotâmia, com sua conjugação singularmente.
QUAL A DIFERENÇA?
Mágica e religião para os povos da Antiga Mesopotâmia eram partes inseparáveis de um mesmo todo,
pois tanto uma quanto a outra eram vistas como o traço de união entre a realidade física e palpável e
as esferas mais sutis da existência. Daí por que quase todas as invocações e encantos grafados em
escrita cuneiforme em geral contém a expressão “Pelo Duranki”, ou seja, pela união de Céu e da
Terra, o que, na minha opinião, constitui a forma mesopotâmica de dizer “ASSIM NA TERRA
COMO NO CÉU”, bem antes da Tábua Esmeraldina de Hermes haver sido escrita. Especificamente,
através da religião os antigos mesopotâmicos tinham um código de práticas estabelecidas e místicas
para entrar em contato com os deuses, vistos como os poderes cósmicos que fizeram o universo, não
sem antes deixar um pouco do seu espírito para os homens e mulheres, criados para completar por
Eles os trabalhos da criação.
Era através da mágica, por outro lado, que os mesopotâmicos antigos procuravam entender o universo
como uma realidade animada e multifacetada, sendo que a prática das artes mágicas visava
fundamentalmente tentar afetar fatos ou prever acontecimentos da vida real e do mundo físico. A
distinção entre mágica e religião, portanto, fica cada vez mais tênue neste contexto, porque a prática
de mágica na Mesopotâmia era praticar religião, uma vez que as artes mágicas eram postas em prática
por sacerdotes e sacerdotisas especializados para os mais diversos fins. Portanto, neste contexto, a
religião também era (e ainda deve ser) vista como um ato mágico, pois crença, fé, confiança,
dedicação e amor são em si mesmos características do divino dentro e fora de nós, e somente podem
ser percebidas e sentidas com os Olhos do Espírito e a Abertura da Alma. Esta era a filosofia dos
antigos mesopotâmicos, pois deles era um mundo onde a natureza não se diferenciava do divino, onde
o mundano era um reflexo do extraordinário, e onde os efeitos da vida cotidiana podiam ser
fundamentados nos céus.
Tendo em vista que os povos do Oriente Próximo eram literatos, amantes da palavra escrita, eles
registraram com minúcia e precisão seus encantamentos/feitiços oficiais, e ainda temos conosco
alguns exemplares deste material. Estas inúmeras tábuas cozidas de argila inscritas com
encantamentos e preces mostram-nos claramente a importância das artes mágicas para os povos
ancestrais de nossa cultura moderna.
Os hebreus ficaram famosos como magos da antigüidade até a Renascença. Entretanto, o Velho
Testamento está cheio de admoestações contra mágica. Mas no próprio Judaismo existe um sistema
místico, chamado A Árvore da Vida, ou a Cabala. Pesquisas recentes (ver Simo Porpola e seu
excelente artigo “A Árvore da Vida Assíria”) mostram que a origem da Cabala está sem sombra de
dúvida na Mesopotâmia, tendo os hebreus provavelmente aprendido os fundamentos de seu sistema
místico com os mesopotâmicos. Motivos da Árvore da Vida, a propósito, são abundantes em toda a
iconografia suméria, babilônica e assíria, e de lá provavelmente passaram a influenciar todos os povos
que entraram em contato com eles.
“Se os deuses são velhos ou novos, se eles vêm do Egito ou da Mesopotâmia, se vêm de tradições da
antiga Canaã, da Grécia, da tradição hebraica ou cristã, [o que importa é que] a religião é tanto uma
consciência quanto uma reação contra a dependência humana da mistura impenetrável de energias
que vêm do universo… É neste ponto que [mágica] começa a se mostrar como uma necessidade nas
vidas de pessoas comuns, pois havia a necessidade de entender o que não poderia .” (Hans Dieter
Betz, The Greek Magical Papyri in Translation, pp. xlvii-p. xlviii.)
Ao longo dos últimos dois mil anos especificamente, tem havido uma grande má vontade para se
entender o que é, na realidade, mágica. Conforme citamos anteriormente, mágica estava
intrinsicamente ligada à religião nas culturas da Mesopotâmia antiga. Entretanto, com a ascenção do
Judaismo e mais tarde do Cristianismo, começou-se a fazer a diferenciação de mágica e religião.
Mágica era o que os pagãos faziam, e neste ponto, sempre é bom lembrar o dito popular ” Eu acredito
em religião, mas o que você acredita é superstição.
Na realidade, porém, está nos olhos de quem quiser ver que um ato de mágica é, essencialmente, um
ato religioso. Por exemplo, na transubstanciação do vinho e da hóstia durante a missa católica no
corpo e sangue de Cristo temos um ato mágico perfeitamente seguido de preces, cantos e totalmente
aprovado pelos pais da igreja católica.
Ritos como este foram criticados por Martinho Lutero no começo de sua pregação, que levou à
Reforma Protestante, bem como a veneração dos santos, que não deixa de ser uma forma velada
de honrar a várias divindades menores: paganismo dentro da própria igreja cristã!
Isto sem falar dos cultos carismáticos de nossos diasmostram este, onde curas em massa através
da fé, exorcismos e grandes espetáculos inclusive pelos meios de comunicação fato
claramente: religião e mágica são duas faces de um mesmo todo.
Tendo em vista o fato de que as pessoas quase sempre internalizam as crenças de sua cultura sem
questionar sobre a validade destes preceitos, muitos estudiosos modernos não consideram mágica
como um tema sério, nem mesmo quando discutem culturas da Antigüidade. Tais estudiosos podem
muito bem evitar o tema, recusando-se a discutir textos contendo práticas de mágica e achados
arqueológicos, como se temessem levar tal “pecha” para seus trabalhos. Isto tem sido feito mesmo
com trabalhos de grandes pensadores como Platão e Aristóteles.
Ao olharmos para as crenças e práticas de outras culturas, tais quais aquelas de nosso passado, deve-
se tentar compreender como estas pessoas viviam e pensavam sobre si mesmas. Isto não quer dizer
que devemos aceitar ao pé da letra, sem questionar, as práticas mágicas do passado, mas sim que
devemos Ter sempre em mente que ciência, mágica e religião formavam uma linha contínua, não
existindo barreiras entre elas. Os mesopotâmicos que escreveram longas listas classificando seu
universo sabiam que tais listas eram parte de um mesmo todo. Nossa obsessão de separar tudo em
compartimentos deve fazer um esforço para entender um mundo onde tudo era polar dentro de uma
maior complementaridade. É uma característica de nossos tempos separar em vários sistemas o que
na realidade está intrinsicamente relacionado.
Também devemos nos lembrar que a maior parte da terminologia que encontramos ao lidar com
culturas da Antigüidade é fruto de tradução. As palavras originais, e com elas o seu sentido mais puro,
chegam a nós sempre incompletas. Tomemos a palavra “alta sacerdotisa”, que em geral não tem
significado dentro das religiões estabelecidas de nossos dias como o Judaismo, o Cristianismo e o
Islamismo, e que está carregada de conotações negativas. Uma sacerdotisa na Antiga Mesopotâmia,
entretanto, era uma mulher com autoridade religiosa e secular tão grande quanto a do monarca, muitas
vezes sendo a sua consorte, uma mulher com indiscutíveis dotes de inteligência e sabedoria, que
servia não só a divindades masculinas quanto femininas.
Talvez a última representante destas grandes figuras femininas da Antigüidade tenha sido
Cleópatra, Rainha do Egito, Alta Sacerdotisa de Isis e Estadista, que por vinte anos deixou o
mundo em dúvida sobre qual seria a potência mundial do início da Era Moderna: se Egito ou
Roma. Caso Cleópatra tivesse vencido, nossa história seria muito diferente.
Tomemos, num outro exemplo, a palavra “mágica”. Como se sabe, ela vêm da palavra persa magus,
que significa sacerdote da religião da Zaratusta (também chamado de Zoroaster). Como magos em
grego e magus em latim, o termo logo mudou para significar charlatão na Antigüidade. De fato, o que
provavelmente aconteceu é que o sacerdote de uma religião diferente, como não se enquadrava nos
padrões locais, foi convertido então num embusteiro. Entretanto, práticas como adivinhação,
astrologia, exorcismo, o estudo das ervas e plantas medicinais eram sancionadas pelos governantes,
e demonstram o fundamento para as ciências de nossos dias. Adivinhação, por exemplo, hoje tão
incompreendida, mostra as raízes do pensamento dedutivo. Além do mais, muitas práticas religiosas
dos templos que incluíam astrologia ou adivinhação através da análise de sinais especiais nos órgãos
de animais sacrificados aos deuses não eram consideradas práticas mágicas, mas atos normais de
adoração dentro da cultura religiosa vigente.
Os povos para os quais foram aplicados os termos e conotações mais negativas com relação às suas
práticas mágico-religiosas foram os Mesopotâmicos. Mas os detratores dos mesopotâmicos eram
exatamente seus conquistadores ou os bárbaros que viviam às margens da Terra Entre Rios. Os
judeus, por exemplo, tinham interesse em denegrir para suprimir práticas aprendidas dos babilônicos
e cananeus durante os anos de exílio que não foram necessariamente tão ruins, uma vez que muitas
são as raízes mesopotâmicas para as escrituras judaicas do Velho Testamento da Bíblia, enquanto que
o governo romano controlava práticas que hoje consideraríamos mágicas, quando, por exemplo,
envolviam previsões sobre a morte de governantes. Neste contexto, era interesse da elite romana na
Palestina fazer magos e sacerdotes independentes paracer inescrupulosos e desprezíveis como uma
forma de controle político e para manter a estabilidade social.
Deve-se acrescentar o fato de que os demônios da religião dominante são, em geral, os grandes
deuses da religião precedente: se estes não podem ser anulados, devem então ser destituídos de seu
status anterior.
Mas devemos retornar à questão básica, ou seja, “O que é mágica?” e tentar entendê-la dentro do
contexto da Mesopotâmia antiga. Em primeiro lugar, algumas definições simplistas e sensacionalistas
de mágica de nossos dias supõem que esta seja usada para controlar poderes mais fortes do que o
homem, ou seja, poderes que estão além da esfera onde habitamos, para obrigá-los a obedecer à
vontade do mago em questão, sendo também definida como truques barato e ilusão.. Este tipo de
pensamento está diametralmente oposto à visão de mundo e filosofia dos antigos mesopotâmicos,
pois eles viam os deuses e deusas como a fonte das artes mágicas, uma vez que eles e elas eram os
poderes cósmicos que haviam criado toda a criação, e que ao se fazer um ato de mágica, a pessoa
buscava uma identificação com a deusa ou deus, a fim de obter a graça desejada. Eram os deuses e
deusas os responsáveis pela mágica, eram os deuses e deusas que estabeleciam o contato com seus
devotos, que eram o meio, e não o fim. Neste contexto, não é mais possível separar magia de religião.
Isto não quer dizer que não havia atos puramente religiosos na Antiga Mesopotâmia, mas afirmar que
mágica não era uma disciplina separada da religião, sendo, na realidade, uma parte integrante da
outra. O mago, na maior parte das vezes um tipo de sacerdote na Antiga Mesopotâmia era,
literalmente, um teurgista, ou seja, um trabalhador dos deuses, que procurava a mediação dos divina
através de oferendas, cantos e preces, para intervir em assuntos mundanos, com a dedicação e
altruísmo de um místico.
Em segundo lugar, devemos levantar a questão de que em algumas definições de mágica ocorre a
menção de que mágica envolve forças ou poderes sobrenaturais. Na Antiga Mesopotâmia, assim
como em muitas culturas de nossos dias, não havia esta separação entre o natural e o sobrenatural. Os
mesopotâmicos viviam num mundo onde os eventos e fatos da vida mundana estavam fundamentados
no mundo dos deuses e deusas, portanto tudo para eles era natural. Fundamentalmente, eles viviam
num mundo onde a natureza era o espelho dos deuses (maravilhoso, terrível, intrigante), e portanto
tudo o que existia era permeado pela força divina. Podiam, evidentemente, existir forças que se
situavam além da esfera do Mundo Físico, onde habitava a humanidade, mas todas estas forças faziam
parte da natureza, e por conseqüência, do divino.
Em terceiro lugar, do ponto-de-vista cristão, mágica envolve demônios e Satã. Este argumento é
totalmente irrelevante, pois Satã é uma criação judaico-cristã, e demônios são igualmente mais
aterrorizantes dentro de religiões dualistas, cujos preceitos da fé assentam-se sobre a batalha do bem
e do mal, e sobre dualidades irreconciliáveis. Na realidade, por muito tempo mesmo os cristãos
fizeram atos de mágica, sendo que a Igreja considerava certos tipos de atos de mágica como aceitáveis
– ou pelo menos toleráveis -, se tais atos envolvessem energias inerentes à natureza ou a produtos da
natureza. O debate com relação a mágica natural X mágica demoníaca durou pelo menos meio
milênio, e não foi resolvido até que a maioria dos teólogos concordaram que mágica era algo ilusório
e traiçoeiro, não uma força demoníaca, na época do Iluminismo (séculos XVII-XVIII).
As religiões, que são criações humanas, servem para dar às pessoas a compreensão de que as energias
que sentimos e os eventos de que participamos não são caóticos ou impenetráveis, mas sim que estes
têm uma causa, e uma razão para acontecer. As artes mágicas, por seu lado, possibilitam que
possamos nos envolver de forma direta com estas energias e eventos, não como recipientes passivos,
mas como participantes e recipientes ativos, com a habilidade para influenciar eventos e experiências
para o bem da humanidade, de uma ou mais pessoas ou mesmo outros sers.
Por todos estes motivos as artes mágicas têm persistido através dos tempos, a despeito da negação e
críticas feitas por sistemas religiosos, mudanças científicas e tecnológicas, mudanças sócio-culturais.
Mágica, independente do que radicais de todas as espécies e credos podem pensar, possibilita a todos
nós os mecanismos para que nos tornemos participantes ativos de nosso próprio destino.
Fonte: www.angelfire.com
Civilização Mesopotâmica
Referente a região situada no centro geográfico do Oriente próximo, entre os vales dos rios Tigre e
Eufrates, no atual território do Iraque.
A Mesopotâmia foi o núcleo do processo civilizatório que se difundiu pelas regiões periféricas do
Oriente.
As civilizações que ocuparam a Mesopotâmia foram a dos sumérios, acádios, ameritas
(babilônicos), assírios e caldeus:
Sumérios
A história desse povo está envolta em muitas lendas – o que parece certo é que os sumérios nos
tempos pré-históricos , já utilizavam formas primitivas de irrigação.
Organizaram-se em cidades-estados, cujo as principais foram Vruk e Lagash. Cada cidade-estado era
dirigida por um patesi, auxiliado pela aristocracia (sacerdotes e burocratas). A primeira dinastia que
podemos considerar é a de UR.
Tudo leva a crer que teriam sido os sumérios os criadores da escrita cuneiforme, e que o seu sistema
de direito consuetudinário (direito dirigido pelo costume).
Números Sumerianos
Acádios
O primeiro império da Mesopotâmia foi estabelecido por um povo semita conhecido pelo nome de
sua capital, Acad, situada em algum ponto da região entre os rios Tigre e Eufrates, próxima à
Babilônia. A língua acádia é o elemento mais conhecido desse povo, que foi assimilado pela
população suméria, dominante na região.
Antigos babilônicos – até 2000 a.C. aproximadamente a cidade de Babilônia não tivera nenhum papel
de destaque na Baixa Mesopotâmia. Com o governo de Hamurábi, a partir de 1792 a.C., a Babilônia
conquistou toda a Baixa Mesopotâmia.
Foi durante o seu governo que ocorreu o maior desenvolvimento da agricultura, com a construção de
grandes canais de irrigação, o que contribuiu para o surgimento de uma Monarquia despótica e
teocrática.
A organização econômica baseada nos templos e palácios sempre foi fundamental, pois além de
possuírem as melhores e maiores extensões de terra, os sacerdotes e funcionários estatais submetiam
as comunidades locais ao pagamento de tributos.
A principal realização cultural desse período foi o código de Hamurábi, baseado no direito sumério e
que tinha por finalidade consolidar o poder do Estado.
Assírios
Os assírios habitavam a Alta Mesopotâmia. Eram de origem semítica. O mais provável é que, até o
reinado de Hamurábi, a Assíria tenha sido composta por uma série de cidades-estados, tais como
Assur e Nínive.
Por volta do séc. XIV a.C., Assur-Ubalit criou o império assírio, iniciando uma série de lutas contra
seus vizinhos para o domínio de novas terras.
No séc. XII a.C. a Assíria transformou-se em grande potência, tendo três séculos mais tarde,
conquistado o que restava do domínio dos cassitas na Mesopotâmia.
Todo o mundo civilizado do Médio Oriente foi conquistado pelos assírios:Síria, Fenícia, Israel e
Egito.
Não havia grande estabilidade interna, suas fronteiras eram freqüentemente pressionadas pelos
invasores Medos e escitas e também por constantes revoltas dos povos dominados contra altos
tributos.
Caldeus
Sob o governo de Nabopalassar, os caldeus aliaram-se aos medos, o que consolidou a independência
da Babilônia.
Foi Nabucodonosor, porém, que o império caldeu atingiu o seu apogeu. A Síria e a Palestina foram
definitivamente conquistadas e os hebreus foram levados como escravos para a Babilônia, episódio
que recebeu o nome bíblico de “cativeiro babilônico”
A cidade da Babilônia tornou-se o maior centro cultural e comercial do Oriente com a construção de
palácios e jardins suspensos.
Características gerais
Ruínas da Babilônia
Código de Hamurábi
Fonte: www.vestigios.hpg.ig.com.br
Civilização Mesopotâmica
A Mesopotâmia é uma região histórica do Oriente Médio (Ásia), incluída no Iraque e banhada
pelos rios: Tigre e Eufrates. A palavra mesopotâmia, em grego, significa região entre rios.
Estendendo-se desde o Deserto da Síria , a N.O,até as margens do Golfo Pérsico, a S.E.,
compreende duas áreas distintas:
O Planalto ou Alta Mesopotâmia , de constituição geológica complexa, onde predominam formas
muito eruditas;
A Planície ou Baixa Mesopotâmia , de origem rudimentar recente, cheia de lagoas, pântanos e canais
naturais.
Uma elevação de 75 metros de altura, situada nas proximidades da cidade de Bagdá, marca o limite
entre ambas.
É exatamente nesse ponto que se aproximam bastante os cursos dos dois famosos rios: o Tigre,
que desce das montanhas do Curdistão, e o Eufrates, que procede do Planalto da Anatólia,
entrelaçando suas águas através de pântanos , lagos e canais.
Afastam-se a seguir, para reencontrarem-se pouco antes da foz, fundindo-se num só: o Chat-el-
Arab (Rio dos Árabes), que se lança no Golfo Pérsico.
Em junho e julho, as águas desses rios avolumam-se, devido à fusão das galerias existentes nas
cabeceiras e pelas fortes chuvas que caem nos cursos superiores e transbordam por sobre a planície,
fertilizando-se nas cabeceiras.
Essa rica planície atraiu uma série de povos, que se encontraram e se misturaram , empreenderam
guerra e dominaram uns aos outros , formando o que denominamos “civilização mesopotamica”.
A RELIGIÃO
Os mesopotâmicos adoravam diversas divindades e acreditavam que elas eram capazes de fazer tanto
o bem quanto o mal. Os deuses diferenciavam-se dos homens por serem mais fortes, todo-poderosos
e imortais. Cada cidade tinha um deus próprio, e, quando uma alcançava predomínio político sobre
as outras, seu deus também se tornava mais cultuado.
No tempo de Hamurábi, por exemplo, o deus Marduc da Babilônia foi adorado por todo o império.
A divindade feminina mais importante era Ihstar, deusa da natureza e da fecundidade. Os Sumérios
consideravam como principal função a desempenhar na vida, o culto a seus deuses e quando
interrompiam as orações, deixavam estatuetas de pedra que os representavam diante dos altares, para
rezarem em seu nome.
ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
Os pântanos da antiga Suméria (hoje sul do Iraque), foram o berço das cidades-estados do mundo. As
cidades-estados pertenciam a um Deus, representado pelo Rei. A autoridade do Rei estendia-se a
todas as cidades-estados. Ele era auxiliado por sacerdotes , funcionários e ministros .
Legislava em nome das divindades, assegurava as práticas religiosas, zelava pela defesa de seus
domínios, protegia e regulamentava a economia.
O mais ilustre soberano da Mesopotâmia foi Hamurábi, por volta de 1750 A.C., um Rei Babilônico,
que conseguiu conquistar toda a Mesopotâmia . Hamurábi fundou um vasto Império, ao qual impôs
a mesma administração e as mesmas leis. Era uma legislação baseada na lei de Talião (Olho por Olho,
Dente por Dente, Braço por Braço, etc)
A ECONOMIA
A Mesopotâmia manteve sempre permanente contato com os povos vizinhos. Babilônia e Nínive
eram ligadas entre si por canais e eram as duas cidades mais importantes. A navegação nos rios Tigre
e Eufrates era feita em barcos. As principais atividades econômicas eram a agricultura e o comércio.
Os mesopotâmios desenvolveram também a tecelagem, fabricavam armas, jóias e objetos de metal;
mantinham escolas profissionais para o aprimoramento de fabricação de armas e cerâmicas.
Os comerciantes andavam em caravanas, levando seus produtos aos países vizinhos e às regiões mais
distantes. Exportavam armas, tecidos de linho, lã e tapetes, além de pedras preciosas e perfumes.
Dessas terras traziam as matérias-primas que faltavam na Mesopotâmia, como o Marfim da Índia, o
Cobre de Chipre e a madeira do Líbano.
A CIÊNCIA
Embora a roda do oleiro tivesse sido inventada nos tempos pré-históricos, foram os Sumérios que
construíram os primeiros veículos de rodas.
A ESCRITA
Eles escreviam na argila mole com o auxílio de pontas de vime. O traço deixado por essas pontas tem
a forma de cunha (V), daí o nome de ” escrita cuneiforme” .
Com cilindros de barro, os mesopotâmicos faziam seus contratos , enquanto no Egito se usava o
papiro.
Em 1986, foi descoberta por arqueólogos, perto de Bagdá, Capital do Iraque, uma das mais antigas
bibliotecas do mundo, datada do século X – A.C..
A biblioteca continha cerca de 150.000 tijolos de argila com inscrições sumerianas. A literatura
caracterizava-se pelos poemas religiosos e de aventura.
A ARQUITETURA
O edifício característico da arquitetura suméria é o zigurate, depois muito copiado pelos povos que
se sucederam na região. Era uma construção em forma de torre, composta de sucessivos terraços e
encimada por um pequeno templo.
Nas obras arquitetônicas os mesopotâmicos usavam tijolos cozidos (pois a pedra era muito cara) e
ladrilhos esmaltados. Preferiam construir palácios. As habitações de escravos e homens de condições
mais humildes eram às vezes, simples cubos de tijolos crus, revestidos de barro. O telhado era plano
e feito com troncos de palmeira e argila comprimida. As casas simples não tinham janelas e à noite
eram iluminadas por lampiões de óleo de gergelim.
A ARTE NA MESOPOTÂMIA
Para falarmos da arte desta civilização que é um aglomerado de vários povos como os Sumérios,
Assírios, Babilônios, Hebreus, Fenícios, Medos, Persas e Hititas, devemos dizer que a Bíblia nos
conta dos Tribunais de Justiça entre os Assírios, da Torre de Babel e da faustosa Nínive.
Há pouco mais de um século, toda a ciência Assíria era para nós um livro fechado. Hoje, será possível
escrever a história de mais de dois mil anos de Mesopotâmia e pintar os verdadeiros caracteres de
seus senhores.
Falar sobre a civilização nos faz perceber um mistério que envolve todo um povo e uma história.
Esta civilização foi profeticamente condenada a desaparecer. ” Ele estenderá a mão contra o Norte e
destruirá a Assíria e fará de Nínive uma desolação e a terra árida como um deserto onde tudo se
deitará”.
A terra entre os dois rios, escondeu durante séculos, palácios, templos e estátuas de reis e deuses. Foi
uma civilização rica e cheia de mistérios. Os palácios suspensos , jardins afrodisíacos ornados com
tijolos vitrificados e alabastro, leões alados, touros, águia e estatuas gigantescas denominadas de
guerreiros de Jeová. Era para nós um livro fechado e a poucos decênios os soberanos assírios nos
pareciam lendas e fantasmas.
Somente a Bíblia nos mostrava a verdade desta civilização e não os fatos comprovados que a ciência
necessita. Passagens significativas como o Livro dos Mortos, Sodoma e Gomorra, Noé, Moisés,
Golias, Guerra de Tróia, a Ilíada e a Odisséia se eram estórias ou lendas, realidade ou fantasia, o que
podemos concluir é que nos foi deixado um grande legado em esculturas, escritas, baixo relevo e
pintura nas escavações realizadas em 1840.
O povo desta época atingiu um alto nível de desenvolvimento na matemática , astronomia, medicina
e nas ciências.
Nos baixos relevos, o uso de conchas, mosaicos vitrificados e madrepérolas se sobressaiam nas
colunas e muros.
Na música encontram-se instrumentos gravados em pedras e do seu sistema musical nada chegou até
nós.
Na decoração a pedra era esculpida em frisos com motivos circulares e as combinações decorativas
obtidas com suas disposições variadas, descendem dos motivos antigos e bizantinos. O gesso
entalhado e o estuque, cujo emprego foi amplamente utilizado na Pérsia para revestir as paredes.
A madeira era esculpida e com um sistema de marchetaria encontravam-se nsa portas e sarcófagos.
Na cerâmica os jarros de bronze eram criados com relevos ora lavrados, ora rendilhados com frisos e
medalhões em azuis-lazurita, verdes-turquesa, ouro, cinábrios, granadas e rubis.
O vidro era esmaltado, moldado e entalhado na cor vermelha e dourado sobre fundo claro.
O bronze e o cobre e às vezes o ouro eram muito usados nos utensílios ou para simples enfeite para
portas.
MÚSICA E DANÇA
Quando os fiéis estavam reunidos, cantavam hinos em louvor dos deuses, com acompanhamento de
música.
Esses hinos começavam muitas vezes, pelas expressões: ” Glória, louvor tal deus; quero cantar os
louvores de tal deus”, seguindo a enumeração de suas qualidades, de socorro que dele pode esperar o
fiel.
Nas cerimônias de penitência, os hinos eram de lamentação: “aí de nós”, exclamavam eles,
relembrando os sofrimentos de tal ou qual deus ou apiedando-se das desditas que desabam sobre a
cidade. Instrumentos sem dúvida de sons surdos, acompanhavam essa recitação e no corpo desses
salmos, vê-se o texto interromper-se e as onomatopéias “ua”, “ui”, “ua”, sucederem-se em toda uma
linha. A massa dos fiéis devia interromper a recitação e não retomá-la senão quando todos, em coro
tivessem gemido bastante.
A procissão, finalmente, muitas vezes acompanhava as cerimônias religiosas e mesmo as cerimônias
civis. Sobre um baixo-relevo assírio do British Museum que representa a tomada da cidade de
Madaktu em Elam, a população sai da cidade e se apresenta diante do vencedor, precedida de música,
enquanto as mulheres do cortejo batem palmas à oriental para compassar a marcha.
A dança, que é o gesto, o ato reforçado, se apóia em magia sobre leis da semelhança.
Ela é mímica, aplica-se a todas as coisas: há danças para fazer chover, para guerra, de caça, de amor
etc.
Danças rituais têm sido representadas em monumentos da Ásia Ocidental, Suméria. Em Thecheme-
Ali, perto de Teerã; em Tepe-Sialk, perto de Kashan; em Tepe-Mussian, região de Susa, cacos
arcaicos reproduzem filas de mulheres nuas, dando-se as mãos, cabelos ao vento, executando uma
dança. Em cilindros-sinetes vêem-se danças no curso dos festins sagrados (tumbas reais de Ur).
Bibliografia
GEORGES CONTENAU – A Civilização de Assur e Babilônia p. 108-110 e 204-205
ENCICLOPÉDIA BARSA – v.9 – p. 167-169
SISTEMA BRASILEIRO DE CONSULTA (SIBRAC) – v.4, p.1775
PILETTI, N. & PILETTI, C. – História E Vida – v.3, p. 33-38
Fonte: www.filoczar.com.br
Civilização Mesopotâmica
A Mesopotâmia [do grego meso (no meio de) e potamos (rio)] corresponde a uma região situada na
Asia Menor a Sul da Anatólia e entre os rios Tigre e Eufrates (no actual Iraque).
Devido às suas riquezas naturais, esta região atraiu, desde a pré-história, populações humanas
provenientes de regiões menos férteis. Por volta do ano 6.000 a.C a população da região registou um
importante aumento e no ano 4.000 a.C nasceram as primeiras cidades, destacando-se a cidade de
Uruk. O primeiro povo mesopotâmico de que há notícia é o povo Sumério. Os Sumérios, cuja
civilização se espalhou até ao Norte do Eufrates utilizaram e desenvolveram a metalurgia,
desenvolveram a administração pública e inventaram um tipo de escrita denominada cuneiforme.
No ano de 2330 a.C, os Acádios, povo procedente da zona central da Mesopotâmia, conquistaram a
região e unificaram, numa só cultura, os povos Acádio e Sumério, tendo transferido a capital para a
cidade de Acad.
Em 2118 a.C a capital é transferida para a cidade de Ur e por volta de 1894 a.C toda a região é
unificada por Hamurabi, rei da Babilónia. Nesta época desenvolveu-se na Mesopotâmia uma
importante civilização, fortaleceu-se o sistema administrativo, desenvolveram-se técnicas de regadio,
desenvolveu-se a navegação e construiram-se grandes templos e monumentos.
Em 1595 a.C, os hititas, povo procedente da meseta da Anatólia (na actual Turquia) e posteriormente
os casitas, invadem e dominam a Mesopotâmia. Durante os cerca de 4 séculos posteriores a
Mesopotâmia conheceu um período de grande progresso tendo desenvolvido fortes relações
comerciais com os povos visinhos.
Posteriormente são os Assírios, povo procedente do Norte da Mesopotâmia, que invadem a região e
criam um Império que se estende até ao Mediterrânio, chegando mesmo a dominar o Egipto. Contudo,
as contínuas revoltas das tribos caldeias e as incursões dos medas (povo que habitava a antiga zona
de Média no noroesta da Pérsia, actual Irão) colocaram um fim ao Império Assírio, tendo a
Mesopotâmia voltado às mãos dos Caldeias em 605 a.C., tendo-se mantido assim até à sua conquista
em 539 a.C pelos persas liderados por Ciro o Grande.
Fonte: www.notapositiva.com
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