DesenvolvimentoImplemetacaoMetodologia Parte 1
DesenvolvimentoImplemetacaoMetodologia Parte 1
DesenvolvimentoImplemetacaoMetodologia Parte 1
DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DA
METODOLOGIA COMBINADA FRONTEIRA
IMERSA TÉRMICA E PSEUDOESPECTRAL DE
FOURIER
DESENVOLVIMENTO E IMPLEMENTAÇÃO DA
METODOLOGIA COMBINADA FRONTEIRA IMERSA
TÉRMICA E PSEUDOESPECTRAL DE FOURIER
Uberlândia - MG
2015
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Sistema de Bibliotecas da UFU, MG, Brasil.
CDU: 621
”A verdadeira viagem de descobrimento não con-
olhos.”
Marcel Proust
AGRADECIMENTOS
Ao meu coorientador professor Dr. Felipe Pamplona Mariano, agradeço por desde o
inı́cio do meu doutorado, me transmitir os seus ensinamentos indispensáveis para a realização
deste trabalho.
À minha famı́lia, meus pais Toshifiko Kinoshita e Luiza Akico Kinoshita, pelo amor,
respeito e educação ao longo da minha vida. Aos meus irmãos Rogério e Beatriz pela
compreensão nos momentos de ausência, essencial para eu nunca pensar em desistir e sempre
buscar os meus objetivos.
À todos que em mim depositaram sua confiança e, mesmo não colaborando diretamente
com o trabalho, dirigiram suas boas energias, pensamentos, orações, palavras e intensões em
favor da concretização de um sonho.
RESUMO
ABSTRACT
2.2 Esquema do domı́nio completo para o caso da convecção natural entre dois
cilindros concêntricos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
ix
x
4.2 Erro medido pela norma L2 da temperatura para os três modelos da condição
de contorno de Neumann com pontos lagrangianos coincidentes com os pontos
eulerianos, (a) erro global no domı́nio euleriano (Ω) e (b) erro do domı́nio
lagrangiano (Γ). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
4.3 Erro global pela norma L2 do campo de temperatura com condição de contorno
de Dirichlet, Neumann (Modelo 1) e Robin com Nx ×Ny = 8×8 e CF L = 0, 001. 63
4.4 Erro global pela norma L2 do campo de temperatura variando o CFL com
condição de contorno de Dirichlet e Nx × Ny = 8 × 8. . . . . . . . . . . . . . 64
4.7 Erro pela norma L2 do campo de temperatura para os três modelos da con-
dição de contorno de Neumann com pontos não coincidentes, (a) erro global,
domı́nio euleriano (Ω) e (b) erro da fronteira imersa, domı́nio lagrangiano (Γ). 66
4.8 Erro global pela norma L2 do campo de temperatura com condição de contorno
de Dirichlet, Neumann e Robin com Nx × Ny = 128 × 128 e CF L = 0.1. . . 68
4.10 Norma L2 da temperatura para pontos não coincidentes com as três condições
de contorno e CF L = 0, 1 em função do refinamento da malha. . . . . . . . . 69
4.17 Análise das zonas de forçagens para Ra = 103 utilizando o Modelo 1 para a
condição de contorno de Neumann: (a) perfil do número de Nusselt local na
parede quente e (b) norma L2 q �� nas paredes inferior (wB ) e superior (wT ). . 81
4.18 Perfil do número de Nusselt local para Ra = 103 utilizando os três modelos
para a condição de contorno de Neumann. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 81
4.19 Análise do número de Nusselt local ao longo das paredes quente e fria utili-
zando o Modelo 2 para Ra = 103 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
4.20 Comparação das isotérmicas para Ra = 104 e 128× 128 nós de colocação, (a)
Modelo 1, (b) Modelo 2, (c) Modelo 3 e (d) adaptado de Wan, Patnaik e Wei
(2001). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
4.22 Comparação das velocidades para vários Rayleigh com: (a) velocidade hori-
zontal (U) em X = 0, 5 e (b) velocidade vertical (V) em Y = 0, 5. . . . . . . 85
4.23 Distribuição das velocidades para Ra = 106 : (a) velocidade horizontal (U) em
X = 0, 5 e (b) velocidade vertical (V) em Y = 0, 5. . . . . . . . . . . . . . . 86
xii
4.24 Comparação das linhas de corrente para Ra = 106 : (a) Modelo 1, (b) Modelo
2, (c) Modelo 3 e (d) adaptado de Wan, Patnaik e Wei (2001). . . . . . . . . 87
4.25 Comparação do número de Nusselt local ao longo da parede quente para (a)
Ra = 105 e (b) Ra = 106 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
4.28 Esquema do domı́nio completo para o caso da convecção natural entre dois
cilindros concêntricos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
4.31 Linhas isotérmicas para η = 2, 0 (a) Ra = 102 , (b) Ra = 103 , (c) Ra = 104 e
(d) Ra = 105 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
4.32 Linhas isotérmicas para η = 2, 6 (a) Ra = 102 , (b) Ra = 103 , (c) Ra = 104 e
(d) Ra = 105 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
4.33 Isotérmicas (a), campo vetorial (b) e linhas de corrente (c) para Ra = 105 e
η = 2, 0. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
4.34 Isotérmicas (a), campo vetorial (b) e linhas de corrente (c) para Ra = 105 e
η = 2, 6. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 100
4.39 Domı́nio completo com os limites (- -) para calcular a acurácia espacial. . . . 104
4.40 Taxa de convergência pela norma L2 com refinamento da malha (a) Velocidade
U, (b) Velocidade V and (c) Temperatura T. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 105
4.42 Análise do tempo de processamento com o refinamento dos nós de colocação. 106
4.43 Esquema da projeção do fluxo normal (qn �� ) e fluxo tangente (qτ �� ) nas direções
horizontal e vertical. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 107
4.45 Isotérmicas (a), campo vetorial (b) e linhas de corrente (c) para número de
Rayleigh Ra = 1, 0 × 103 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 110
4.46 Isotérmicas (a), campo vetorial (b) e linhas de corrente (c) para número de
Rayleigh 5, 7 × 103 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111
4.47 Isotérmicas (a), campo vetorial (b) e linhas de corrente (c) para número de
Rayleigh 5, 0 × 104 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 112
4.53 (a) Isotérmicas para Ra = 5700 , (b) Linhas de corrente para Ra = 5700, (c)
Isotérmicas para Ra = 1 × 105 e (d) Linhas de corrente para Ra = 1 × 105 . . 120
4.6 Comparação do número de Nusselt médio (Nu) da parede quente para cavi-
dade com paredes adiabáticas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
4.8 Pontos lagrangianos não coincidente com pontos eulerianos: nı́veis de refina-
mento. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
xv
xvi
Siglas
AU X - Variável Auxiliar do Runge-Kutta
CF D - “Computational Fluid Dynamics”, Dinâmica dos Fluidos Ccomputacional
DF T - “Discrete Fourier Transform”, Transformada Discreta de Fourier
DSC - Método de Convolução Singular Discreta
F EM - Método de Elementos Finitos
F EM EC - Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Federal de Uberlândia
FFT - “Fast Fourier Transform”, Transformada Rápida de Fourier
IM ERSP EC - Metodologia da Fronteira Imersa Acoplada com a Metodologia Pseudoespectral
de Fourier
LT P - Perfil Linear de Temperatura
MF I - Metodologia da Fronteira Imersa
M F Lab - Laboratório de Mecânica dos Fluidos da Universidade Federal de Uberlândia
M P EF - Metodologia Pseudoespectral de Fourier
NI - Número de Iteração
UF U - Universidade Federal de Uberlândia
ZF - Zona de Forçagem
Operadores
∂ - derivada parcial
∇ - divergente
�
∇ - gradiente
�
- integral
∇2 - laplaciano
max - máximo valor
min
� - mı́nimo valor
- somatória
℘ - projeção
xviii
Subscritos
i - ı́ndice da notação tensorial
j - ı́ndice da notação tensorial
l - passo do Runge-Kutta
n - direção normal ou posição dos nós de colocação
∞ - infinito, ambiente ou referência
p - posição de um ponto qualquer
P eD - “Periodical Domain”, domı́nio periódico
P hD - “Physical Domain”, domı́nio fı́sico
r - referência
ss - solução sintetizada
τ - direção tangente
T - temperatura
Sobrescritos
an - variável analı́tica
it - iteração atual
ˆ - variável no espaço espectral de Fourier
∗ - variável temporária ou estimada
¯ - variável dimensional
num - variável numérica
Letras gregas
α - coeficiente de difusão térmica do fluido [m2 /s] ou variável auxiliar do Runge-
Kutta
β - coeficiente de expansão térmica do fluido [1/K] ou variável auxiliar do Runge-
Kutta
Cp - calor especı́fico do fluido [J/kgK]
Δt - discretização do tempo [s]
Δs - discretização do comprimento do domı́nio lagrangiano [m]
Δx - discretização do comprimento do domı́nio na direção x [m]
Δy - discretização do comprimento do domı́nio na direção y [m]
ΔT - diferença de temperatura [K]
η - relação de raio
ε - resı́duo das iterações do método da múltipla forçagem
θ - compenente tangencial
γ - constante
Γ - domı́nio lagrangiano √
ι - número imaginário, ι = −1
kf - condutividade térmica do fluido [W/mK]
ks - condutividade térmica do sólido [W/mK]
λ - comprimento de onda
µ - viscosidade dinâmica do fluido [N s/m2 ]
ν - viscosidade cinemática do fluido [m2 /s]
π - plano de divergência nula, ou número real constante π = 3, 14159265359
ρ - massa especı́fica do fluido [kg/m3 ]
φ, ϕeψ - função qualquer
Ω - domı́nio euleriano
xix
Letras latinas
a, b, c - constantes
CF L - parâmetro que fornece estabilidade ao avanço temporal
D - núcleo de Dirac ou dimensão
f - campo de força euleriano [N/m3 ]
F - campo de força lagrangiano [N/m3 ]
g - termo gravitacional [m/s2 ]
Gr - número de Grashof
h - espaçamento entre dois pontos de colocação eulerianos
hc - coeficiente de transferência de energia interna [W/m2 K]
�k - vetor número de onda [m−1 ]
L - comprimento [m] ou norma do erro
l - comprimento do domı́nio interno na cavidade [m]
M - número inteiro
n - posição do vetor em uma dada direção do domı́nio ou direção normal
NI - número de iterações
Nx - número de pontos de colocação na direção x
Ny - número de pontos de colocação na direção y
N uilocal - número de Nusselt local interno
N u0local - número de Nusselt local externo
Nu - número de Nusselt médio
P - campo de pressão [N/m2 ]
Pr - número de Prandt
q - ordem de convergência numérica
q �� - fluxo de energia interna [W/m2 ]
r - distância adimensionalizada entre um ponto lagrangiano até um ponto de co-
locação euleriano ou componente radial dimensional [m]
R - componente radial adimensional
Ri - raio interno [m]
R0 - raio externo [m]
Ra - número de Rayleigh
�r - vetor distância entre o centro de massa de uma partı́cula até um ponto lagran-
giano
Re - número de Reynolds
RHS - variáveis que estão do lado direito de uma equação diferencial parcial
T - campo de temperatura [K]
Tc - campo com menor temperatura [K]
Th - campo com maior temperatura [K]
t - tempo em [s]
u, v - velocidade dimensional [m/s]
U, V - velocidade adimensional
�x - vetor posição de um ponto euleriano [m]
X� - vetor posição de um ponto lagrangiano [m]
x, y - coordenadas dimensionalizadas [m]
X, Y - coordenadas adimensionalizadas
W - função peso utilizada nos processos de distribuição e interpolação
wB - parede inferior
wT - parede superior
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS ix
LISTA DE TABELAS xv
1 INTRODUÇÃO 1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 6
3 METODOLOGIA 18
xx
xxi
4 RESULTADOS 57
4.3.2 Cavidade com perfil linear de temperatura nas paredes horizontais (LTP) 91
APÊNDICE 141
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
ser citadas as metodologias de diferenças finitas, volumes finitos e elementos finitos, além dos
métodos de alta ordem como os esquemas compactos, os métodos espectrais, entre outros.
Dependendo do tipo de escoamento que se queira resolver ou o tipo de fenômeno fı́sico que
se queira estudar, escolhe-se, entre esses métodos, o que melhor se adeque ao problema.
Entre os métodos de alta ordem, a famı́lia dos métodos espectrais tem se destacado
(CANUTO et al., 2006, 2007), especialmente, o método pseudoespectral de Fourier (MPEF),
devido a sua alta acurácia e alta taxa de convergência (veja definição em Apêndice - taxa de
convergência seção 5.2).
A Fig. 1.1 ilustra um esboço de como os métodos espectrais utilizam os pontos da dis-
cretização do domı́nio (cı́rculos fechados) para se calcular uma derivada na posição indicada
pelo cı́rculo aberto quando se compara com métodos tradicionais. Observa-se que para o
cálculo de uma derivada utilizando os métodos espectrais é necessário todos os outros pontos
do domı́nio, enquanto que os métodos tradicionais de baixa ordem, método das diferenças
finitas, volumes finitos, elementos finitos utilizam apenas os nós vizinhos da posição onde se
quer a derivada.
Figura 1.1: Comparação de discretização utilizando três tipos de métodos, figura adaptada
de Boyd (2000).
formação possı́vel para se calcular uma derivada, desta forma os métodos espectrais têm
atraı́do muito a atenção devido a sua alta precisão nas simulações numéricas. No trabalho
de Canuto et al. (2006) e Canuto et al. (2007) são apresentadas diferentes utilizações dos
métodos espectrais aplicados a dinâmica dos fluidos.
Este método proporciona mais de 10 dı́gitos de acurácia. Já os métodos clássicos,
método das diferenças finitas ou método dos elementos finitos, alcançam dois ou três dı́gitos
(TREFETHEN, 2001), podendo chegar ordens superiores aumentando o tamanho do estêncil.
A alta acurácia alcançada pelos métodos espectrais permite obter soluções satisfatórias
para problemas de engenharia usando menos pontos na malha em comparação com as meto-
dologias clássicas. Esta alta acurácia é conseguida sempre que o domı́nio for suficientemente
simples (domı́nios retangulares ou circulares) e o problema for suave, sem a presença de
mudanças bruscas, como, por exemplo ondas de choque. Em resumo, para resolver com alta
acurácia uma equação diferencial parcial sobre um domı́nio simples e regular, os métodos
espectrais são usualmente as melhores ferramentas numéricas (GOTTLIEB; ORSZAG, 1977;
CANUTO et al., 1987, 2006, 2007).
Outra motivação para se utilizar o MPEF vem do trabalho de Cooley e Tukey (1965),
os quais desenvolveram o algoritmo denominado Transformada Rápida de Fourier (FFT 2 ),
acarretando em baixo custo computacional3 comparado com outros métodos de alta acurácia
e de alta taxa de convergência. A FFT trabalha com o procedimento denominado rotação
de bit, tornando o cálculo das transformadas de Fourier muito mais eficiente computacional-
mente, pois o número de operações reduz de O (N 2 ) para O (N log2 N ), onde N é o número
de pontos da malha discretizada. Esse custo computacional torna atrativa a utilização do
MPEF para resolver equações diferenciais parciais. O gráfico da Fig. 1.2 apresenta a com-
paração do custo computacional da transformação de uma função para o espaço espectral de
Fourier utilizando a transformada discreta de Fourier (DFT) e a FFT.
Além disso, é possı́vel utilizar o método de projeção, o qual desacopla o termo gradiente
de pressão transformado das equações de Navier-Stokes para escoamento incompressı́vel como
mostrado em Canuto et al. (2007). Assim, não é necessário resolver nenhum sistema linear,
2
FFT - do inglês Fast Fourier Transform
3
Custo computacional é o custo em relação ao tempo de processamento (o uso da CPU) e armazenamento
de dados em disco rı́gido e o uso da memória RAM do computador.
4
pectral de Fourier, impondo as condições de contorno fı́sicas através do termo fonte de força
da fronteira imersa, permitindo assim, resolver problemas não periódicos com o método
pseudoespectral de Fourier.
Desta maneira, com a metodologia IMERSPEC tornou-se possı́vel resolver problemas
de escoamentos não periódicos sobre geometrias complexas utilizando-se o método pseudo-
espectral de Fourier. Como fruto do presente trabalho, na sequência do trabalho de Mariano
et al. (2010), será mostrada uma nova metodologia para escoamentos incompressı́veis com
transferência de energia térmica e um novo modelo para os três tipos de condições de con-
torno (Dirichlet, Neumann e Robin), a serem utilizadas para solução da equação da energia
envolvendo geometrias cartesianas e não cartesianas.
Tem-se como objetivo global do presente trabalho desenvolver modelos para implemen-
tar as condições de contorno por meio da metodologia da fronteira imersa térmica e continuar
o desenvolvimento uma ferramenta para a análise numérica, refinada de escoamentos com
transferência de energia térmica, sobre geometrias complexas.
Além disso, tem-se como primeiro objetivo especı́fico implementar a equação da energia
e impor as condições de contorno através do termo fonte de força pelo método de fronteira
imersa, desta forma, estender a aplicabilidade da metodologia IMERSPEC. Adicionalmente,
serão apresentados novos modelos para os três tipos de condições de contorno (Dirichlet,
Neumann e Robin) visando simular escoamentos incompressı́veis com transferência de energia
térmica.
Após a apresentação dos detalhes matemáticos e numéricos da implementação da equa-
ção da energia e das condições de contorno, expõe-se o processo de verificação, tanto da me-
todologia matemática, quanto da sua implementação no código computacional, através da
técnica das soluções manufaturadas. Por fim, propõe-se resolver alguns problemas clássicos
de CFD, como escoamentos em cavidades adiabáticas - isto é, com isolamento - e em cilin-
dros concêntricos com convecção natural, com o intuito de validar a metodologia e prepará-la
para aplicações industriais mais complexas.
CAPÍTULO II
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A metodologia da fronteira imersa (MFI) vem sendo desenvolvida desde 1970, tendo
conquistado visibilidade com o trabalho de Peskin (1972), o qual mostrou simulações de
escoamentos em válvulas cardı́acas, as quais foram representadas por um campo de força
virtual. Mittal e Iaccarino (2005) apresentaram uma revisão do MFI, classificando de forma
didática as metodologias existentes, aplica-se esta abordagem em dois tipos de problemas,
escoamentos com fronteiras elásticas e escoamentos com fronteiras sólidas.
Goldstein, Handler e Sirovich (1993), simularam escoamentos turbulentos em canais,
empregando a força para representar as paredes do canal, além de trabalhar com métodos es-
pectrais para resolver o domı́nio euleriano. Os autores utilizaram o método pseudoespectral
de Fourier nas direções periódicas e Chebyshev nas direções não periódicas. Esta metodo-
logia, segundo os autores, apresenta forte restrição no passo de tempo, devido à magnitude
das constantes, as quais são elevadas para simular uma parede sólida.
7
Lima e Silva, Silveira Neto e Damasceno (2003) propuseram um novo método para
calcular a força, por meio de interpolações de Lagrange para as derivadas espaciais envolvidas
no modelo. Esta metodologia foi aplicada por Mariano et al. (2010) para resolver escoamentos
em uma cavidade com tampa deslizante e sobre um cilindro quadrado. Botella e Peyret (1998)
também simularam escoamento em cavidade com tampa deslizante, utilizando o método
de colocação de Chebyshev. Os autores apresentam resultados com alta acurácia quando
comparado a outras referências, porém foi necessário a utilização de filtragens nos cantos
devido as singularidades.
Problemas de CFD envolvendo transferência de energia térmica são muito frequentes
em engenharia e existem muitas publicações na literatura. Vários autores utilizam os três
tipos de condições de contorno (Dirichlet, Neumann e Robin), acoplados com o MFI. Entre
eles, podem ser citados: Kim e Choi (2004), Pan (2006), Zhang, Zheng e Eckels (2008),
Young, Jan e Chiu (2009), Wang et al. (2009) e Jeong et al. (2010).
Jeong et al. (2010) propuseram combinar o método da fronteira imersa com o mé-
todo lattice Boltzmann térmico para simulações de escoamento com transferência de energia
térmica. Para isso, os autores utilizaram abordagens envolvendo velocidade de equilı́brio e
densidade de energia térmica a fim de combinar dois diferentes sistemas de malhas, sendo
uma malha euleriana para o domı́nio de escoamento e uma malha lagrangiana para os pon-
tos na fronteira imersa no escoamento com transferência de energia térmica. Foram feitas
simulações numéricas com convecção natural em uma cavidade quadrada e com convecção
Rayleigh-Bérnard pura. Para todos os casos simulados os resultados mostraram boa concor-
dância com a literatura.
Kim e Choi (2004) apresentaram o método de volumes finitos acoplado com o método
da fronteira imersa para resolver as equações de Navier-Stokes e a equação da energia em
simulações de transferência de energia térmica sobre geometrias complexas em malhas car-
tesianas. Para a metodologia da fronteira imersa, Kim e Choi (2004), além de adicionar um
termo forçante nas equações de Navier-Stokes e energia, que representa a interface imersa,
também adicionaram um termo fonte para a equação da continuidade denominada massa-
sumidouro. Esta metodologia resultou em condições de contorno bem calculadas sobre a
fronteira, bem como garantia de conservação da massa. Além disso, os autores trabalharam
8
com dois tipos de condições de contorno no termo fonte na superfı́cie do corpo pelo método
da fronteira imersa: isotérmicas ou fluxo de energia térmica. A metodologia foi aplicada em
três problemas: convecção forçada em torno de um cilindro circular, convecção mista em
torno de um par de cilindros e convecção forçada em torno de um cilindro principal com um
pequeno cilindro secundário. Os resultados para os coeficientes de arrasto e de sustentação
e número de Nusselt mostraram boa concordância com trabalhos numéricos e experimentais
da literatura para todos os casos testados.
Pan (2006) trabalhou com o método da fronteira imersa em malhas cartesianas com
refinamento adaptativo para escoamento incompressı́vel com transferência de energia térmica
utilizando o método de volumes finitos. O método da fronteira imersa baseado na função do
volume do corpo foi implementado. O corpo imerso foi tratado como sendo ocupado pelo
mesmo fluido dentro e fora do escoamento, com distribuição de temperatura e velocidade
prescritas. O método de refinamento adaptativo foi utilizado próximo à fronteira do corpo
imerso. A metodologia foi validada em dois problemas: escoamento sobre um cilindro circular
com convecção forçada e escoamento com um cilindro aquecido no interior de uma cavidade
com convecção natural. Taxa de convergência de segunda ordem foi obtida no espaço e no
tempo para os casos comparados com soluções analı́ticas. A taxa de convergência para o
caso do cilindro com transferência de energia térmica e convecção natural em uma cavidade
também foi avaliada usando o número de Nusselt com o refinamento da malha. Foi obtida
taxa de convergência de 1,5. O autor atribuiu esta baixa taxa de convergência ao esquema
de primeira ordem usado na integração do termo viscoso na interface, apesar de se usar o
esquema de diferença central de segunda ordem.
Young, Jan e Chiu (2009) descreveram um novo procedimento para simular problemas
com transferência de energia térmica e escoamento do fluido com fronteira imersa em geome-
trias complexas e móveis. Os autores compararam um modelo hı́brido cartesiano fronteira
imersa denominado de HCIB, que consiste da metodologia de fronteira imersa com forçagem
direta e o tradicional método de elementos finitos com o processo de aproximação lagran-
giano e euleriano (ALE), que utiliza malha triangular. As equações de Navier-Stokes para
escoamento incompressı́vel foram discretizadas através do método de elementos finitos e o
esquema de avanço temporal utilizado pelos autores foi um esquema balanceado denominado
9
de BTD. Além disso, para resolver o sistema discreto da equação de Poisson foi utilizado o
método do gradiente conjugado. A metodologia foi validada em simulações de escoamento
induzido por um cilindro oscilante em corrente livre, e os resultados obtidos mostraram boa
concordância quando comparado com os tradicionais métodos de elementos finitos ALE e a
hibridação do método da fronteira imersa/cartesiana HCIB. A fim de verificar a robustez e
a flexibilidade da metodologia, os autores simularam um ventilador girando em um canal e
vários ventiladores girando em uma cavidade circular.
Outra técnica utilizada com a metodologia da fronteira imersa é o método do volume
de penalização, baseado na ideia de modelar um corpo sólido como um meio poroso, utilizado
por Paccou et al. (2005), Pasquetti, Bwemba e Cousin (2008), Scheneider e Farge (2005),
Kolomenskiy e Moffatt (2011), entre outros. Alguns destes autores utilizaram a técnica de
penalização para modelar a fronteira e a metodologia pseudoespectral de Fourier para discre-
tização espacial em problemas de interação fluido estruturas e em escoamentos compressı́veis
(SCHENEIDER; FARGE, 2005; KOLOMENSKIY; MOFFATT, 2011).
Alternativamente, outra metodologia de fronteira imersa muito utilizada na literatura
e de fácil implementação é a técnica de múltipla imposição da força (“multi-direct forcing”)
proposta por Wang et al. (2009), o qual utiliza o processo iterativo para melhorar o cálculo
da força. Além disso, os autores utilizaram diferenças-finitas de quarta ordem para simu-
lar sedimentação de particulados. Mais detalhes sobre a aplicação desta metodologia será
apresentada na subseção 2.3.
Nas próximas subseções serão apresentadas referências para transferência de energia
térmica especificamente em cavidades fechadas e em cavidade anular cilı́ndrica, fazendo uma
análise das metodologias utilizadas pela comunidade cientı́fica e onde se enquadra a presente
tese perante os outros trabalhos.
esse tipo de problema fı́sico, sejam bidimensionais ou tridimensionais, como: Rubel e Landis
(1969), Patterson e Imberger (1980), Kimura e Bejan (1984), Wirasaet e Paolucci (2008),
entre outros. A Fig. 2.1 representa o esquema do domı́nio de cálculo desses problemas.
de Chebyshev nas direções não periódicas, nas direções transversais ao escoamento. Foram
utilizados os esquemas de diferenças finitas atrasadas de segunda ordem na discretização
temporal e Adams-Bashforth de segunda ordem na discretização dos termos não-lineares,
para escoamento com convecção natural e grande diferença de temperatura em uma cavidade
alta tridimensional, com razão entre a altura e largura de oito, para baixo número de Mach.
Os autores mostraram convergência espectral no espaço e convergência de segunda ordem
no tempo quando comparado com uma solução analı́tica.
De forma geral, discrepâncias foram evidenciadas quando resultados numéricos e ex-
perimentais foram confrontados. Isto acontece devido à dificuldade em manter o isolamento
perfeito nas paredes horizontais da cavidade quando se realiza o experimento. Para solucio-
nar tal problema alguns autores utilizam artifı́cios numéricos como a imposição de um perfil
linear de temperatura (LTP) sobre as paredes horizontais.
Leong, Hollands e Brunger (1998b) e Leong, Hollands e Brunger (1998a) mostraram
resultados experimentais para uma cavidade cúbica e inclinada, preenchida com ar, cujas
paredes laterais são isotérmicas com diferentes temperaturas e as paredes superior e inferior
são mantidas com um perfil linear de temperatura. No trabalho de Leong, Hollands e Brunger
(1998a), foi avaliado o número e Nusselt médio na parede fria para Rayleigh na faixa de
104 ≤ Ra ≤ 108 e três ângulos de inclinação. A incerteza dos resultados experimentais para
o número de Nusselt foi de 0,5 %.
Tian e Karayiannis (2000) apresentam um estudo experimental em uma cavidade qua-
drada vertical preenchida com ar e baixo nı́vel de turbulência. Nesse experimento, buscou-se
manter o isolamento nas paredes horizontais, porém os autores observaram que a espessura
da camada limite térmica é maior que uma cavidade com as paredes horizontais adiabáticas
e menor que uma parede com perfeita condutividade.
No presente trabalho, a análise numérica da convecção natural no interior de uma
cavidade bidimensional com temperatura prescrita nas paredes verticais e adiabática nas
paredes horizontais foi considerada, utilizando a modelagem proposta no presente trabalho
para as condições de contorno de primeira e segunda espécie. Posteriormente, considerou-se
um perfil linear de temperatura (LTP) nas paredes horizontais, onde os resultados foram
comparados utilizando a condição de contorno de primeira espécie em todas as paredes.
13
1.0
Tc
0.8
Ro
0.6 Ri
θ
Y
g
0.4
Th
0.2
Figura 2.2: Esquema do domı́nio completo para o caso da convecção natural entre dois
cilindros concêntricos.
Existem na literatura inúmeros trabalhos para cilindros concêntricos. Por isso, esta
seção foi separada em duas partes: a primeira parte refere-se às revisões bibliográficas para
condição de contorno de Dirichlet em ambos os cilindros e a segunda parte às revisões para
condição de contorno de Neumann no cilindro interno e condição de contorno de Dirichlet
no cilindro externo.
• Condição de contorno de Dirichlet
Kuehn e Goldstein (1978) fizeram um estudo experimental da convecção natural com
transferência de energia térmica em reservatórios anulares concêntricos e excêntricos. Os
autores estudaram o escoamento padrão, a distribuição de temperatura e os coeficientes
de transferência de energia local e global. Os resultados obtidos para a transferência de
energia térmica usando cilindros concêntricos são dados para números de Rayleigh na faixa
14
de 102 e 107 usando como fluido nitrogênio pressurizado. Os desvios máximos apresentados
pelos autores foram de 9,8% entre os números de Rayleigh e 7,6% entre o coeficiente de
transferência de energia térmico, com desvio padrão de aproximadamente 3 %. Os autores
mostraram que oscilações de pluma sobre o cilindro interno são inicialmente observadas para
Ra=2 × 105 , com o escoamento se tornando turbulento a medida que se aumenta o número
de Rayleigh. Além disso, foi observada a existência simultânea de uma zona de escoamento
altamente turbulenta e outra de escoamento laminar estável na parte inferior do cilindro.
Farouk e Guceri (1982) estudaram a convecção natural laminar e turbulenta em ci-
lindros concêntricos isotérmicos usando o método de diferenças finitas com modelo de tur-
bulência κ − ε. Os parâmetros considerados pelos autores foram: P r = 0, 721, relação de
diâmetros η = 2, 6, número de Rayleigh na faixa de 103 ≤ Ra ≤ 105 , para casos laminares,
e 106 ≤ Ra ≤ 107 , como casos turbulentos. São mostrados resultados bidimensionais dos
campos de temperatura e coeficiente de transferência de energia térmica médio e local com
condição de simetria e boa concordância podem ser observadas com resultados da literatura.
Padilla, Campregher e Silveira Neto (2006) trabalharam com cilindros concêntricos,
onde fizeram vários testes variando o número de Rayleigh na faixa de 102 ≤ Ra ≤ 105 ,
empregando dois valores para relação de raios: η = 2, 0 e η = 2, 6. As equações gover-
nantes são discretizadas utilizando o método de volumes finitos em coordenadas cilı́ndricas.
Além disso, foi utilizado o esquema de diferenças centradas de segunda ordem nos termos
advectivos, sendo que para a discretização temporal os autores utilizaram o esquema de
Adams-Bashforth com o método de acoplamento p × V� do tipo passo fracionado. Os resul-
tados mostraram-se compatı́veis com os trabalhos numéricos e experimentais da literatura.
Zhang, Zheng e Eckels (2008) utilizaram as condições de contorno de Dirichlet e de
Neumann para problemas de transferência de energia térmica em um escoamento sobre um
cilindro circular utilizando o método da fronteira imersa. As equações diferenciais são dis-
cretizadas utilizando-se esquema de primeira ordem para o termo temporal, com diferenças
centradas para o termo de difusão e Adams-Bashforth de segunda ordem para o termo advec-
tivo. Taxa de convergência de segunda ordem foi obtida na verificação do código para o caso
de cilindro estacionário. As comparações foram feitas para diferentes números de Reynolds
e para os diferentes tipos de condições de contorno, sendo que os resultados mostraram-se
15
METODOLOGIA
Neste contexto, a principal ideia é inserir um problema fı́sico, com malhas não cartesianas
e domı́nio não periódico dentro de um domı́nio periódico e malhas cartesianas. Esta ideia é
representada na Fig. 3.1, onde observa-se que o domı́nio periódico ΩP eD contém o domı́nio
fı́sico ΩP hD , os quais são delimitados, respectivamente, pelas fronteiras ΓP eD e ΓP hD .
Na fronteira ΓP hD modela-se a condição de contorno desejada utilizando-se a meto-
dologia da fronteira imersa. No interior do domı́nio fı́sico, ΩP hD , insere-se as geometrias de
interesse que caracterizam o problema a ser modelado. Essas geometrias são representadas
genericamente na Fig. 3.1 pelos domı́nios Ωi , i = 1, 2, ..., N . Observa-se que as fronteiras
ΓP hD e Γi podem ser abertas, atendendo à natureza geométrica de determinados problemas.
Qualquer ponto euleriano, dentro do domı́nio, é posicionado pelo vetor �x. Por outro lado,
qualquer ponto lagrangiano, pertencente a uma fronteira imersa é posicionado com o vetor
�
X.
Figura 3.1: Representação genérica de um problema fı́sico não periódico dentro de um do-
mı́nio periódico.
∂uj
= 0, (3.1)
∂xj
∂ui ∂(ui uj ) 1 ∂p ∂ 2 ui 1 1
=− − +ν + gi β(T − T∞ ) + fi,ss + fi , (3.2)
∂t ∂xj ρ ∂xi ∂xj ∂xj ρ ρ
� �� �
RHSi
∂T ∂(uj T ) ∂ 2T 1 1
=− +α + fT,ss + fT , (3.3)
∂t ∂xj ∂xj ∂xj ρCp ρCp
� �� �
RHST
onde RHSi e RHST são os termos do lado direito para as equações de Navier-Stokes e da
µ
energia, respectivamente; ν = ρ
é a viscosidade cinemática do fluido [m2 /s], onde µ é a
kf
viscosidade dinâmica [N s/m2 ] e ρ é a massa especı́fica [kg/m3 ]; α = ρCp
é o coeficiente de
difusão térmica [m2 /s], onde kf é a condutividade térmica do fluido [W/mK] e Cp é o calor
especı́fico [J/kgK]; ui são as componentes do vetor velocidade dada para as direções i = 1 e 2
para problemas bidimensionais [m/s]; x é o vetor posição de um ponto no domı́nio euleriano
[m]; T é a temperatura [K]. O termo, gi β(T − T∞ ), é o termo combinado de empuxo-peso,
onde gi é o termo gravitacional [m/s2 ], β é o coeficiente de expansão térmica [1/K], T∞ é a
21
Os termos fonte fi (�x, t + Δt) e fT (�x, t + Δt) atuam na interface imersa no domı́nio
euleriano (ΩP hD ). Estes termos forçantes são dados por Enriques-Remigio e Silveira Neto
(2007):
Fi (X,
� t + Δt) se �x = X�
fi (�x, t + Δt) = (3.4)
0 �
se �x �= X
e
FT (X,
� t + Δt) se �x = X�
fT (�x, t + Δt) = (3.5)
0 �
se �x �= X,
22
imersa. Em tais condições, a função distribuição do campo de força, proposta por Peskin
(1972), é dada pelas Eqs. 3.6 e 3.7:
�
fi (�x, t + Δt) = � i (X,
Dh (�x − X)F � t + Δt)Δs2 (3.6)
Γ
�
fT (�x, t + Δt) = � T (X,
Dh (�x − X)F � t + Δt)Δs2 . (3.7)
Γ
De acordo com Lima e Silva, Silveira Neto e Damasceno (2003), o campo de força
euleriano para o fluido, fi (�x, t + Δt), e para a temperatura, fT (�x, t + Δt), é zero em todo o
domı́nio, exceto próximo aos pontos lagrangianos, onde é modelada virtualmente a presença
� t + Δt) e FT (X,
da interface imersa. Uma vez calculados, os termos forçantes Fi (X, � t + Δt)
podem ser distribuı́dos, transmitindo a informação das geometrias para os pontos eulerianos.
A função distribuição é dada por:
Existem várias funções pesos como: função de seis pontos, função gaussiana, fun-
ção cosseno, função chapéu, entre outras. Na presente trabalho utiliza-se a função cúbica,
Wc , proposta por Tornberg e Engquist (2004), levando em conta a análise apresentada por
Mariano (2011), dada pela Eq. 3.9:
1 − 12 |r| − |r|2 + 12 |r|3 se 0 ≤ |r| < 1
Wc (r) = 1 + 11 |r| + |r|2 − 16 |r|3 se 1 ≤ |r| < 2 . (3.9)
6
0 se 2 ≤ |r|
x−X y−Y
Logo, rx = Δx
e ry = Δy
, Δx, Δy e h são os espaçamentos entre os pontos de
colocação no domı́nio euleriano e Δs é o espaçamento entre os pontos do domı́nio lagrangiano,
ΓP hD e Γi , vide Fig. 3.1.
didática, a derivada temporal da Eq. 3.2 é discretizada pelo esquema de Euler explı́cito no
tempo e torna-se:
Com o método de múltiplas forçagens, apresentado por Wang et al. (2009), é possı́vel
somar e subtrair um parâmetro temporário u∗i no operador discretizado do tempo, ou seja:
Pode-se decompor a Eq. 3.12 em duas outras equações (Eqs. 3.13 e 3.14), no mesmo
passo de tempo:
A Eq. 3.14, escrita para um ponto qualquer, �x, pode também ser escrita para uma
� sobre a fronteira imersa:
partı́cula colocada em X,
Δt), dada pela condição de contorno de primeira espécie (Dirichlet), onde esta depende da
natureza fı́sica do problema.
25
u∗ (�x, t + Δt) se �x = X
�
i
� t + Δt) =
u∗i (X, (3.16)
0 �
se �x �= X,
�
� t + Δt) =
u∗i (X, � 2.
u∗i (�x, t + Δt)Dh (�x − X)h (3.17)
Ω
Δt it
uit+1 (�x, t + Δt) = u∗,it
i (� x, t + Δt) + f (�x, t + Δt), (3.18)
i
ρ i
� t + Δt), é fornecida
Para a condição de contorno de Dirichlet, a temperatura TΓ (X,
sobre a fronteira imersa, a qual fornece a condição de referência para a avaliação do termo
forçante:
� t + Δt) ≡ TΓ (X,
Tr (X, � t + Δt), (3.19)
A Eq. 3.23, válida para uma partı́cula material qualquer, é reescrita para uma partı́cula
material que se encontra sobre uma interface, ou seja, sobre a fronteira imersa:
� ∗ �
� t + Δt) = ρCp T (X, t + Δt) − T (X, t + Δt) ,
FT (X, (3.24)
Δt
� t + Δt) ≡ Tr (X,
onde T (X, � t + Δt) é dada pela caracterı́stica fı́sica de cada problema,
� t+Δt) é obtido pela interpolação de T ∗ (�x, t+
normalmente conhecida. Por outro lado, T ∗ (X,
Δt), por sua vez dado pela solução da Eq. 3.22. Esta interpolação é definida pela Eq. 3.25,
se pontos lagrangianos coincidem com pontos eulerianos, caso contrário, utiliza-se a Eq. 3.26:
T ∗ (�x, t + Δt) se �x = X
�
� t + Δt) =
T ∗ (X, (3.25)
0 �
se �x �= X,
�
� t + Δt) =
T ∗ (X, � 2.
T ∗ (�x, t + Δt)Dh (�x − X)h (3.26)
Ω
Δt it
T it+1 (�x, t + Δt) = T ∗,it (�x, t + Δt) + f (�x, t + Δt). (3.27)
ρCp T
28
Para este tipo de condição de contorno, o fluxo de energia térmica é dado, ou equiva-
lentemente, o gradiente de temperatura é conhecido sobre a fronteira ΓP hD :
q �� (X, � (X,
� t + Δt) = −kf ∇T � t + Δt), (3.28)
Reescrevendo esta equação para uma partı́cula material que se encontra na fronteira
imersa ΓP hD , tem-se:
� �
� � ρCp q �� � � ∗ �
∇FT (X, t + Δt) = − (X, t + Δt) + ∇T (X, t + Δt) . (3.31)
Δt kf
29
�
q �� (X,t+Δt)
Nota-se que kf
é uma grandeza conhecida, dada pela condição fı́sica do pro-
blema em análise. Como no presente trabalho utiliza-se malhas cartesianas, a Eq. 3.30
torna-se:
�� � � � �
� t + Δt) = − ρCp
� T (X, qx �� qy �� � t + Δt) + ∂T ∗ ∂T ∗ � t + Δt) , (3.32)
∇F , (X, , (X,
Δt kf k f ∂x ∂y
onde os fluxos projetados nas direções x e y são obtidos pelas Eqs. 3.33 e 3.34:
qx �� qn �� cos(θ) − qτ �� sen(θ)
= , (3.33)
kf kf
qy �� qn �� sen(θ) + qτ �� cos(θ)
= (3.34)
kf kf
�� ∂T ∂T
qτ = −kf cos(θ) + kf sen(θ). (3.35)
∂y ∂x
Como salientado anteriormente, este modelo envolve o fluxo na direção tangente (qτ �� )
dado pela Eq. 3.35. Enquanto o fluxo na direção normal é conhecido e é imposto, o fluxo
tangente deve ser obtido como resultado da solução do problema. Assim, para resolver o
problema, uma proposta é explicitar a sua avaliação, ou seja, utilizar a temperatura do tempo
precedente em t.
Além disso, necessita-se calcular as derivadas tanto da temperatura explicitada quanto
da temperatura estimada. Desta forma, têm-se as derivadas em todos os pontos eulerianos,
� (�x, t), e as derivadas
onde podem ser calculadas as derivadas da temperatura explı́cita, ∇T
� ∗ (�x, t + Δt), no espaço espectral, como mostram as Eqs. 3.36
da temperatura estimada, ∇T
e 3.37, detalhes da transformada será apresentada na próxima seção:
30
� �
� � � � � � �
∇T (k, t) = ιkx T (k, t), ιky T (k, t) (3.36)
� �
� ∗ (�
∇T �
�k, t + Δt) = ιkx T ∗ (k, �
t + Δt), ιky T ∗ (k, t + Δt) . (3.37)
∇T
� (�x, t) se �x = X�
� �
∇T (X, t) = (3.38)
0 �
se �x �= X
e
∇T
� ∗ (�x, t + Δt) se �x = X�
� (X,
∇T ∗ � t + Δt) = (3.39)
0 �
se �x �= X.
Ou utiliza-se as Eqs. 3.40 e 3.41 caso os pontos lagrangianos não coincidam com os
pontos eulerianos:
�
� (X,
∇T � t) = � (�x, t)Dh (�x − X)h
∇T � 2, (3.40)
Ω
�
∇T � t + Δt) =
� ∗ (X, � ∗ (�x, t + Δt)Dh (�x − X)h
∇T � 2. (3.41)
Ω
Em seguida, a Eq. 3.32 pode ser reescrita para uma partı́cula material colocada em
�x ∈ Ω, usando-se o processo de distribuição, a qual fornece a Eq. 3.42:
31
�
� T (�x, t + Δt) =
∇f � ∇F
Dh (�x − X) � T (X,
� t + Δt)Δs2 = (3.42)
Γ
� � �� �� � � ∗ ���
� ρCp qx qy �� ∂T ∂T ∗ � t + Δt)Δs2 .
= Dh (�x − X) − , + , (X,
Γ
Δt kf kf ∂x ∂y
Observa-se que a Eq. 3.42 apresenta uma equação com vetores nas direções x e y,
portanto, aplica-se o operador divergente nesta equação, a fim de obter uma soma dos vetores:
�
∇2 fT (�x, t + Δt) = −∇ · � ∇F
Dh (�x − X) � T (X,
� t + Δt)Δs2 =
�à �� �
I(�
x,t+Δt)
Existem vários métodos para resolver a Eq. 3.43, como os métodos de diferenças fini-
tas, volumes finitos, elementos finitos, entre outros. Particularmente, no presente trabalho,
resolve-se tal equação utilizando o método pseudoespectral de Fourier. Isto é possı́vel mesmo
para problemas não periódicos, como mostrado no trabalho de Mariano et al. (2010). Para
tanto, tranforma-se a Eq. 3.43 para o espaço de Fourier, e obtém-se:
1 � �
fˆT (k, t �+ Δt) = 2 ιkx · Iˆx (�k, t + Δt) + ιky · Iˆy (�k, t + Δt) , (3.44)
k
√
onde ι = −1 é o número imaginário, �k é o número de onda, parâmetro de transformação
espacial de Fourier e Iˆx (�k, t + Δt) e Iˆy (�k, t + Δt) representam as transformadas de Fourier
do integrando I(�x, t + Δt). Detalhes sobre a transformada de Fourier serão apresentadas na
próxima seção.
Assim, através da Eq. 3.44 obtém-se o termo forçante, fˆT (�k, t+Δt), no espaço espectral
ou fT (�x, t + Δt), no espaço fı́sico, conforme a conveniência metodológica para a solução da
Eq. 3.3.
�Modelo 2
32
exterior
Tp+1
Tp
qn"
interior
A partir da Eq. 3.28, dada pela condição de contorno de Neumann, pode-se discretizá-
la considerando que o fluxo imposto é dado na direção normal:
� �
� t + Δt) = −kf Tp+1 (X, t + Δt) − Tp (X, t + Δt) ,
qn�� (X, (3.45)
Δn
�� �
Tp (X, � t + Δt) + qn (X, t + Δt) Δn,
� t + Δt) = Tp+1 (X, (3.46)
kf
onde Tp+1 é obtido por meio de interpolações dos pontos eulerianos, dado pela Eq. 3.47 caso
os nós lagrangianos coincidam com os nós eulerianos ou pela Eq. 3.48, caso contrário:
T ∗ (�x, t + Δt) se �x = X�
p+1
�
Tp+1 (X, t + Δt) = (3.47)
0 �
se �x �= X,
�
� t + Δt) =
Tp+1 (X, ∗
Tp+1 � 2.
(�x, t + Δt)Dh (�x − X)h (3.48)
Ω
� ∗ �
� t + Δt) = ρCp Tp (X, t + Δt) − T (X, t + Δt)
FT (X, (3.49)
Δt
�
� t + Δt) = Tp+1
onde Tp (X, ∗ � t + Δt) + qn�� (X,t+Δt)
(X, � t + Δt)
Δn. A temperatura estimada T ∗ (X,
kf
é a temperatura interpolada para os pontos lagrangianos obtida através das Eqs. 3.25 ou
3.26 conforme o problema.
� t + Δt) pode ser distribuı́da sobre Ω, usando as Eqs. 3.5 ou 3.7.
Esta força FT (X,
Obtendo-se assim, um campo de forçagem de temperatura com fronteira imersa, impondo o
fluxo constante.
�Modelo 3
Uma terceira proposta para modelar a condição de contorno de Neumann foi imple-
mentada, denominada de Modelo 3, a qual foi adaptada de Ren, Shu e Yang (2013) para a
presente metodologia. Este modelo consiste em obter um campo forçante lagrangiano em
34
função do fluxo de energia imposto, cuja força pode ser distribuı́da para os pontos eulerianos
e assim atualizar a temperatura. Desta maneira, tem-se a força no domı́nio lagrangiano
(ΓP hD ) dada pela Eq. 3.50:
� � ��
� t + Δt) = �� � ∂T ∗ �
FT (X, qn (X, t + Δt) − −kf (X, t + Δt) (3.50)
∂n
onde,
∂T ∗ � ∂T ∗ � ∂T ∗ �
(X, t + Δt) = (X, t + Δt)�nx + (X, t + Δt)�ny , (3.51)
∂n ∂x ∂y
�
fT (�x, t + Δt) = � t + Δt)D(�x − X)Δs.
FT (X, � (3.52)
Γ
Portanto, têm-se no presente trabalho três modelos alternativos para calcular a força,
� t + Δt), utilizando a metodologia da fronteira imersa, mais especificamente com o
FT (X,
método de múltiplas forçagens. Assim, atualiza-se o campo de temperatura com a Eq. 3.27.
� �
� ∗ �
� t + Δt) = ρCp T (X, t + Δt) − T (X, t + Δt)
FT1 (X, (3.53)
Δt
� �
� �� � ∂T ∗ �
FT2 (X, t + Δt) = qn (X, t + Δt) − −kf (X, t + Δt) , (3.54)
∂n
� t + Δt) = Tr (X,
onde T (X, � t + Δt) é a temperatura de referência imposta pela condição
��
� t + Δt) = −k ∂T (X,
de contorno de primeira espécie, onde qn (X, � t + Δt) é o fluxo dado na
∂n
exterior
[T - T∞]hc
-kf∂T/∂n
interior
∂T � � t + Δt) − T∞ ]hc .
−kf (X, t + Δt) = [T (X, (3.55)
∂n
36
∂T � � t + Δt)hc = T∞ hc .
kf (X, t + Δt) + T (X, (3.56)
∂n
� t + Δt) e q �� ∗ (X,
Adiciona-se e subtrai-se T ∗ (X, � t + Δt) na Eq. 3.56, rearranja-se a
n
� �
� t + Δt) − T ∗ (X,
T (X, � t + Δt) Δt
ρCp � t + Δt)hc + kf ∂T (X,
hc + T ∗ (X, � t + Δt)+
Δt ρCp ∂n
��
� t) − qn�� ∗ (X,
+ qn∗ (X, � t) = T∞ hc . (3.57)
� � � �
� t + Δt) − T ∗ (X,
T (X, � t + Δt) Δt ∂T �
∗ �
ρCp hc +T (X, t+Δt)hc − −kf (X, t + Δt) +
Δt ρCp ∂n
� �� �
�� �
qn (X,t+Δt)
� �
∂T ∗ � ∂T ∗ �
−kf (X, t + Δt) + kf (X, t + Δt) = T∞ hc . (3.58)
∂n ∂n
� �
� t + Δt) − T ∗ (X,
T (X, � t + Δt) Δt
ρCp � t + Δt)hc −
hc + T ∗ (X,
Δt ρCp
� �
��
� ∂T ∗ � ∂T ∗ �
qn (X, t + Δt) + kf (X, t + Δt) + kf (X, t + Δt) = T∞ hc , (3.59)
∂n ∂n
� � �
∗ (X,t+Δt)
�
� t + Δt) = ρCp
onde, FT1 (X, T (X,t+Δt)−T
, é a forçagem nos pontos lagrangianos
Δt
∗
� t+Δt) = q (X,
obtida pela condição de contorno de Dirichlet, e FT2 (X, � t+Δt)+kf ∂T (X,
��
� t+
n ∂n
Δt), é a forçagem nos pontos lagrangianos obtida pela condição de contorno de Neumann e
37
Δt
γ= h
ρCp c
é uma constante dada pelos parâmetros fı́sicos de cada problema.
Assim, obtém-se:
∗
� t + Δt) − FT2 (X,
γFT1 (X, � t + Δt)hc + kf ∂T (X,
� t + Δt) + T ∗ (X, � t + Δt) = T∞ hc . (3.60)
∂n
∗
� t + Δt) − bFT2 (X,
aγFT1 (X, � t + Δt)hc + bkf ∂T (X,
� t + Δt) + T ∗ (X, � t + Δt) = T∞ hc . (3.61)
∂n
� �
� � � ∗ � ∂T ∗ �
FT3 (X, t + Δt) = T∞ (X, t)hc (X, t) − T (X, t + Δt)hc + kf (X, t + Δt) , (3.62)
∂n
contorno de Robin, obtida com a junção das condições de contorno de Dirichlet e Neumann.
� t + Δt) e
Os parâmetros T∞ e hc devem ser conhecidos. Os parâmetros estimados T ∗ (X,
∂T ∗ �
∂n
(X, t + Δt) são obtidos por meio de interpolações como mencionado, para as condições
de contorno de primeira e segunda espécie.
Com a forçagem, FT3 , obtida pela condição de contorno de Robin nos pontos lagran-
gianos, pode-se fazer a distribuição desta para os pontos eulerianos utizando a Eq. 3.63:
�
fT3 (�x, t + Δt) = � t + Δt)D(�x − X)Δs.
FT3 (X, � (3.63)
Γ
� t + Δt) + T ∗ (X,
γFT1 (X, � t + Δt)hc = T∞ hc . (3.64)
∗ �
� t + Δt) = T∞ hc − T (X, t + Δt)hc = ρCp [T∞ − T ∗ (X,
FT1 (X, � t + Δt)]hc . (3.65)
γ hc Δt
Logo,
∗
−FT2 (X, � t + Δt)hc + kf ∂T (X,
� t + Δt) + T ∗ (X, � t + Δt) = T∞ hc . (3.67)
∂n
Logo,
� t + Δt) = [T ∗ (X,
� t + Δt)hc − T∞ hc ] + kf ∂T ∗ �
FT2 (X, (X, t + Δt), (3.68)
∂n
problema.
Com os modelos propostos para os três tipos de condições de contorno: Dirichlet,
Neumann e Robin, pode-se modelar numericamente vários tipos de problemas.
39
� � �∞
�
φ� �k = φ (�x) e−ι2πk�x d�x, (3.69)
−∞
�∞ � �
�
φ (�x) = φ� �k eι2πk�x d�k. (3.70)
−∞
A transformação das Eqs. 3.1 e 3.2 para o espaço espectral pode ser encontrada com
detalhes em Mariano (2007) e Mariano (2011) porém, no presente trabalho essa transforma-
ção será apresentada brevemente. Aplica-se a transformada de Fourier sobre a Eq. 3.1, e
tem-se:
�i (�k, t) = 0.
ιki u (3.71)
Matematicamente sabe-se que, se o produto escalar entre dois vetores é nulo, então eles
devem ser ortogonais entre si. Portanto, observando a Eq. 3.71, tem-se que o vetor número
�i (�k, t). Define-se, então, um
de onda, ki , é ortogonal ao campo de velocidade transformada u
plano perpendicular ao vetor número de onda, denominado plano π ou plano de divergência
nula, no qual está contido o campo de velocidade transformado, conforme ilustrado na Fig.
3.4.
∂ u�i 1 1� 1�
= − ιki p� − ιkj (u� 2
i uj ) − νk u�i + βgi (T� − T�
∞ ) + fi,ss + fi . (3.72)
∂t ρ ρ ρ
Deve ficar claro que a transformada de Fourier é aplicada sobre as funções espaciais,
ou seja, as Eqs. 3.1 e 3.2 passam a ser definidas no domı́nio dos números de onda, �k, diferen-
ciando de problemas relacionados a análise de sinais, em que a transformada, normalmente,
é aplicada sobre o tempo, recaindo no domı́nio da frequência.
A Eq. 3.72 pode ser manipulada matematicamente a fim de eliminar o campo de
pressão. Para entender esse procedimento, cada um dos termos transformados são relaciona-
dos com o plano π (Fig. 3.4) e, posteriormente, é aplicado o operador projeção sobre esses
termos.
�
∂ ui
Tanto o termo da taxa de variação da quantidade de movimento linear, ∂t
, quanto o
termo de difusão, νk 2 u
�i , pertencem ao plano π. O gradiente de pressão, ιki p�, é colinear ao
vetor número de onda, �k, sendo, portanto ortogonal (⊥) ao plano π. E nada se pode afirmar
sobre as posições dos termos fontes em relação ao plano π.
No termo advectivo, ιkj (u�
i uj ), aparece a transformada do produto entre duas funções,
(u�
i uj ), resultando em uma integral de convolução, definida na Eq. 3.73:
�
ιkj u� �
i uj (k, t) = ιkj �i (�r)u�j (�k − �r)d�r,
u (3.73)
�k=�
r+�s
onde �k = �r + �s. A equação acima fornece as interações triádicas entre os vetores número de
onda �k, �r e �s. Dessa forma, não se sabe qual é a posição do termo advectivo em relação ao
plano π. Além disso, também não se pode afirmar nada sobre a posição dos termos fonte.
Manipulando os termos da Eq. 3.72, mostram-se as posições conhecidas de cada termo
em relação ao plano π:
� �
∂ u�i 2 1 � � � 1� 1�
+ νk u�i + (ιk ⊥ p�) + ιkj (u�
i uj ) − βgi (T − T∞ ) − fi,ss − fi = 0. (3.74)
�∂t �� � ρ ρ ρ
∈π
Analisando a Eq. 3.74 e sabendo-se que a soma do termo transiente com o termo
difusivo pertence ao plano π, então, tem-se que a soma vetorial do termo não-linear com o
gradiente de pressão e os termos fonte também devem pertencer ao plano π, pois a soma de
42
todos os termos é nula. Isto se deve ao fato que, se a soma de dois vetores com norma maior
que zero é nula, então eles devem ser necessariamente colineares.
O próximo passo é definir o tensor projeção:
ki k j
℘ij (�k, t) = δij − 2 , (3.75)
k
1 se i = j
δij = . (3.76)
0 se i �= j
O tensor projeção, ℘ij , projeta qualquer vetor, ai , sobre o plano π, como consta em
Silveira Neto (2002). Para verificar esta propriedade, toma-se um vetor ai qualquer, e faz-se
a projeção dele, obtendo-se:
ki kj ki
℘ij aj = aj δij − aj 2
= ai − aj kj 2 = api . (3.77)
k k
onde api é o vetor ai projetado por ℘ij . Fazendo-se o produto escalar da projeção, api , pelo
vetor número de onda, ki , tem-se:
ki ki
api ki = ai ki − aj kj = 0. (3.78)
k2
Logo, verifica-se que o tensor ℘ij projeta um vetor ai qualquer sobre o plano π. De
posse da definição do tensor projeção, destaca-se, novamente na Eq. 3.74, especificamente o
segundo colchete apresentado nesta equação:
� �
1 � � 1 � 1 �
i uj ) − βgi (T − T∞ ) − fi,ss − fi ∈ π,
ιki p� + ιkj (u� (3.79)
ρ ρ ρ
43
concluindo-se que a soma dos termos apresentados na Eq. 3.79 está contida no plano π, e
sabendo-se que o termo ι�k�
p é ortogonal a π, pode-se afirmar:
� �
1 � � 1 � �
ιki p� + ιkj (u�i uj ) − βgi (T − T∞ ) − (fi,ss + fi ) = (3.80)
ρ ρ
� � 1 �
= ℘im [ιkj u� � �
m uj − βgm (T − T∞ ) − (fm,ss + fm )].
�
ρ
ui (�k, t)
∂�
= −νk 2 u�i (�k, t)−
∂t � �
1 � ��
−℘im ιkj �m (�r, t)u�j (�k − �r, t)d�r + βgi (T� − T�
u ∞) + f�m,ss (�k, t) + f�m (�k, t) .
�k=�
r+�s ρ
(3.81)
Observa-se que a Eq. 3.81 torna-se independente do termo de pressão, o qual foi
substituı́do pela projeção dos termos fonte e advectivo. Comparando com esquemas clássicos,
esse procedimento equivale a substituir a solução de uma equação de Poisson por um produto
vetor-matriz, que, em termos numéricos, é mais barato e permite solução numérica com
melhor acurácia. Em termo fı́sicos, ambos têm a mesma função de garantir o balanço da
massa.
Da mesma maneira, faz-se a transformada da equação da energia, eq. 3.3, a qual
fornece:
44
∂ T�(�k, t)
= −αk 2 T�(�k, t) − (3.82)
∂t �
� � 1 �� � � �
�
− ιkj T (�r, t)u�j (k − �r, t)d�r + fT,ss (k, t) + fT (k, t) .
�k=�
r+�s ρCp
Vale notar que os termos não lineares, os quais aparecem do lado direito das Eqs. 3.81
e 3.82, são dados por integrais de convolução que devem ser resolvidas através de algum
esquema de integração numérica. Caso isso seja feito, provavelmente o ganho computacional
obtido pela operação de projeção seria perdido na resolução dessas integrais. Todavia, como
será visto posteriormente, essas integrais de convolução são resolvidas usando o método
pseudoespectral, tornando o uso das Eqs. 3.81 e 3.82 muito atrativo quando comparado com
outros métodos de alta ordem.
� �
1 � � 1 �
�
ιki p�(k, t) = ℘im ιk u� � � � � �
m uj (k, t) − βgi (T − T∞ ) − (fm,ss + fm )(k, t) − (3.83)
ρ ρ
� �
� � 1 �
− Iim ιkj u� � � � � �
m uj (k, t) − βgi (T − T∞ ) − (fm,ss + fm )(k, t) ,
ρ
observa-se que o tensor identidade (Iim ), foi introduzido por conveniência, sem alterar a Eq.
3.80. Colocando em evidência os termos entre colchetes, tem-se:
1
ιki p�(�k, t) =
ρ
� � �
1 � � �
= (℘im − Iim ) −βgi (T� − T�
∞ ) − (fm,ss + fm )(k, t) + ιkj
�
�m (�r)u�j (k − �r)d�r .
u
ρ �k=�
r+�s
(3.84)
45
Fazendo o produto escalar da Eq. 3.84 pelo vetor número de onda ki , tem-se:
1 2 �
ιk p�(k, t) =
ρ
� � �
1 � � �
= (℘im − Iim ) ki −βgi (T� − T�
∞ ) − (fm,ss + fm )(k, t) + ιkj
�
�m (�r)u�j (k − �r)d�r .
u
ρ �k=�
r+�s
(3.85)
Observando que:
� �
ki k m
(℘im − Iim ) ki = δim − 2 − Iim ki = −km , (3.86)
k
1 2 �
ιk p�(k, t) = (3.87)
ρ
� � �
1 � � �
= −km −βgi (T� − T�
∞ ) − (fm,ss + fm )(k, t) + ιkj �m (�r)u�j (�k − �r)d�r .
u
ρ �k=�
r+�s
p�(�k, t) = (3.88)
� � �
ιkm ρ 1 � � �
= 2
−βgi (T� − T�
∞ ) − (fm,ss + fm )(k, t) + ιkj
�
�m (�r)u�j (k − �r)d�r
u
k ρ �k=�
r+�s
� �
aplicando a operação transformada inversa (Eq. 3.70) sobre p� �k, t , obtém-se o campo de
pressão no espaço fı́sico.
é muito cara computacionalmente. Para contornar esse problema, todas as variáveis e suas
derivadas espaciais dos termos não lineares advectivos são calculadas no espaço de Fourier e
são transformadas para o espaço fı́sico onde todos os produtos são realizados.
O MPEF consiste em realizar o produto de duas funções no espaço fı́sico e transformar
o produto já realizado para o espaço de Fourier, ao invés de transformar as duas funções
separadamente e realizar a integral de convolução no espaço de Fourier. A vantagem desse
processo é não ter que resolver a integral de convolução, sem, no entanto, perder a acurácia
do método espectral.
A manutenção da alta acurácia do método espectral de Fourier se dá pela possibilidade
de se fazer os produtos no espaço fı́sico e de se fazer o cálculo das derivadas no espaço
espectral, as quais são realizadas na forma de produto do número de onda pela função
transformada.
A desvantagem do método pseudoespectral é ter que fazer as transformadas direta e
inversa de Fourier a cada passo de tempo. Para ilustrar o método pseudoespectral, toma-se
duas funções ϕ(�x, t) e ψ(�x, t). O produto dessas duas funções no espaço fı́sico resulta em
uma terceira função φ(�x, t) = ϕ(�x, t)ψ(�x, t). No espaço espectral esse produto é dado por:
� � �
� �k, t) = ϕψ(
φ( � �k, t) = � �
� (�r) ψ k − �r d�r.
ϕ (3.89)
�k=�
r+�s
�∞
� �k, t) = �
φ( φ(�x, t)e−ι2πk·�x d�x. (3.90)
−∞
∂�
(ϕψ) � = ιki φ.
�
= ιki ϕψ (3.91)
∂xi
N
�
2
−ι2πkn
φ�k = φn e N , (3.92)
n= −N
2
+1
� �
�i , t ,
φ (�x, t) = φ �x + L (3.93)
2π Ni
Li
(n − 1) 1≤n≤ 2
+1
ki (n) = , (3.94)
2π
(n − 1 − Ni ) Ni
+ 2 ≤ n ≤ Ni
Li 2
Nos trabalhos de Mariano (2007) e de Souza (2005) foi mostrado que quando um
método com alta acurácia e com alta taxa de convergência é usado para a transformada
espacial também deve-se utilizar um método compatı́vel na discretização do tempo.
Portanto, no presente trabalho optou-se pelo método de Runge-Kutta de quarta ordem
de convergência, com seis passos (RK46), otimizado no espaço espectral, com redução do
custo de armazenamento de variáveis, baixa dispersão e baixa dissipação numérica. Para
maiores detalhes deste método, vide o trabalho de Allampalli et al. (2009). O algoritmo
RK46 é mostrado abaixo, aplicado às Eqs. 3.95 e 3.96:
50
t
AUX � il−1 + ΔtRHS
� il = αl AUX �i l
� T l = αl AUX
� T l−1 + ΔtRHS
�T l
t
AUX
(3.97)
�
u ∗ �∗ �
il+1 = uil+1 + βl AUXil
�
T�∗ � ∗
l+1 = Tl+1 + βl AUXT l ,
l α β
1 0,0 0,122
2 -0,691750960670 0,477263056358
3 -1,727127405211 0,381941220320
4 -0,694890150986 0,447757195744
5 -1,039942756197 0,498614246822
6 -1,531977447611 0,186648570846
Além disso, foi utilizado passo de tempo variável, baseado no critério CF L, proposto
por Courant, Friedrichs e Lewy (1967):
� � � � �−1 � �−1 �
Δx Δy 1 1 1 1 1 1
Δt = CF L·min min ; ; 2
+ ; + ,
max[|u|] max[|v|] 2ν Δx Δy 2 2α Δx 2 Δy 2
(3.98)
Robin, obtendo-se os parâmetros temporários no espaço fı́sico, bem como as suas derivadas,
� ∗ (�x, t + Δt) e ∇T
u∗i (�x, t + Δt), T ∗ (�x, t + Δt), ∇T � (�x, t);
52
�∗,it+1
u i (�k, t + Δt) = u
�i (�k, t + Δt), (3.99)
Δt � �it � �
�∗,it+1
u i (�k, t + Δt) = �∗,it
u �
i (k, t + Δt) + ℘ij fj (k, t + Δt) , (3.101)
ρ
Δt �it �
T�∗,it+1 (�k, t + Δt) = T�∗,it (�k, t + Δt) + f (k, t + Δt); (3.102)
ρCp T
�∗,it+1
13. Com u i (�k, t+Δt) e T�∗,it+1 (�k, t+Δt) calculado, retorna-se ao passo 6, obtendo:
Δt � �it � �
�∗,it+1
u i (�k, t + Δt) = u
�∗,it �
i (k, t + Δt) + ℘ij fj (k, t + Δt) , (3.105)
ρ
Δt �it �
T�∗,it+1 (�k, t + Δt) = T�∗,it (�k, t + Δt) + f (k, t + Δt). (3.106)
ρCp T
54
Δt �it+1 �
T�∗,it+2 (�k, t + Δt) = T�∗,it+1 (�k, t + Δt) + f (k, t + Δt). (3.108)
ρCp T
Substituindo as Eqs. 3.105 e 3.106 nas Eqs. 3.107 e 3.108 respectivamente, tem-se:
Δt � �it �it+1 � �
�∗,it+2
u i (�k, t + Δt) = �∗,it
u �
i (k, t + Δt) + ℘ij fj + fj (k, t + Δt), (3.109)
ρ
Δt � �NI �
�i (�k, t + Δt) = u
u �∗i (�k, t + Δt) + ℘ij f�jit (�k, t + Δt) , (3.111)
ρ it=1
NI
Δt � �it �
T�(�k, t + Δt) = T�∗ (�k, t + Δt) + f (k, t + Δt). (3.112)
ρCp it=1 T
NI
�
f�itotal = f�iit , (3.113)
it=1
NI
�
f�Ttotal = f�Tit . (3.114)
it=1
NI
�
fitotal = fiit , (3.115)
it=1
NI
�
fTtotal = fTit . (3.116)
it=1
Δt � � � �
�∗i (�k, t + Δt) = u
u �i (�k, t + Δt) + ℘ij RHS j (k, t + Δt) , (3.117)
ρ
Δt
�i (�k, t + Δt) = u
u �∗i (�k, t + Δt) + ℘ij f�jtotal (�k, t + Δt). (3.118)
ρ
�∗ � � � Δt � � � �
T (k, t + Δt) = T (k, t + Δt) + RHS T (k, t + Δt) , (3.119)
ρCp
Δt �total �
T�(�k, t + Δt) = T�∗ (�k, t + Δt) + f (k, t + Δt). (3.120)
ρCp T
Somando-se as Eqs. 3.117 e 3.118 para as velocidades e Eqs. 3.119 e 3.120 para a
temperatura, tem-se:
Δt � Δt �total �
T�(�k, t + Δt) = T�(�k, t + Δt) + RHS T + f (k, t + Δt). (3.122)
ρCp ρCp j
Aplicar a FFT para obter: 𝑢𝑖 (𝑘 , 𝑡) e 𝑇(𝑘 , 𝑡)
Calcular os termos: 𝑅𝐻𝑆𝑖 (𝑘 , 𝑡) e 𝑅𝐻𝑆(𝑘 , 𝑡)
Neumann
(2ª Espécie)
Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3
Calcular as derivadas no espaço espectral Aplicar a transformada
inversa ∇𝑇 ∗ (𝑥 , 𝑡 + ∆𝑡)
da temperatura explicitada ∇𝑇(𝑘 , 𝑡)
Aplicar a transformada inversa Aplicar a transformada inversa Interpolar ∇𝑇 ∗ (𝑥 , 𝑡 + ∆𝑡) e
𝑢𝑖∗ (𝑥 , 𝑡 + ∆𝑡) e 𝑇 ∗ (𝑥 , 𝑡 + ∆𝑡) ∇𝑇 ∗ (𝑥 , 𝑡 + ∆𝑡) e ∇𝑇(𝑥 , 𝑡) 𝑇 ∗ (𝑥 , 𝑡 + ∆𝑡)
Interpolar 𝑢𝑖∗ (𝑥 , 𝑡 + ∆𝑡) e 𝑇 ∗ (𝑥 , 𝑡 + ∆𝑡) Interpolar ∇𝑇 ∗ (𝑥 , 𝑡 + ∆𝑡) e ∇𝑇(𝑥 , 𝑡)
Aplicar o tensor projeção em 𝑓𝑖𝜋
Não
|𝑢𝑖𝑖𝑡+1 − 𝑢𝑖𝑖𝑡 |𝑒|𝑇 𝑖𝑡+1 − 𝑇 𝑖𝑡 | ≤ 𝜀
ou it=NI
Sim
𝑡 = 𝑡 + ∆𝑡
RESULTADOS
Para verificar a implementação dos algoritmos propostos, bem como corrigir erros
de implementação, será apresentada a priori a verificação numérica da metodologia com o
método das soluções manufaturadas. Posteriormente, é fundamental aplicar a metodologia
em problemas fı́sicos, a fim de validá-las. Desta forma, optou-se pela aplicação em dois tipos
de problemas: escoamentos e transferência de energia térmica em uma cavidade quadrada
e em uma cavidade anular. Portanto, esta seção de resultados será dividida da seguinte
maneira:
1. Verificação:
-Solução sintetizada Taylor-Green para a fluidodinâmica e solução sintetizada para a
termodinâmica.
2. Validação:
- Cavidade adiabática e perfil linear de temperatura (LTP) nas paredes horizontais;
- Cavidade anular formada por dois cilindros concêntricos.
termos fonte, a partir de uma solução analı́tica plausı́vel, para os campos de velocidade,
pressão e temperatura. Estes termos fonte são somados a equação diferencial, que no presente
caso são as equações de Navier-Stokes e a equação da energia.
Desta maneira, tem-se um modelo diferencial cuja solução analı́tica é conhecida, válida
em todo domı́nio de cálculo e para qualquer tempo, servindo então como referência para os
resultados numéricos dos campos de velocidade, pressão e temperatura. Assim, torna-se
possı́vel verificar a metodologia implementada, bem como corrigir erros de implementação
do algoritmo proposto e do código computacional desenvolvido.
Existem vários tipos de soluções manufaturadas. Entre elas pode-se citar: Taylor e
Green (1937) para escoamentos bidimensionais, Canuto et al. (2007) para problemas tridi-
mensionais e Nós (2007) para problemas com propriedades fı́sicas variáveis. No presente
trabalho, as equações utilizadas foram propostas por Henshaw (1994) e são dadas pelas
equações:
�x� �y� � �
an 2πνt
u = U∞ sen cos cos , (4.1)
L L L2
�x� �y� � �
an 2πνt
v = −U∞ cos sen cos , (4.2)
L L L2
�x� �y� � �
an 2 2πνt
p = ρU∞ sen sen cos , (4.3)
L L L2
�x� �y� � �
an 2παt
T = T∞ cos cos cos , (4.4)
L L L2
fv,ss U∞ 2 �y�� �
2πνt
� �y� �
2πνt
� � x ��
2
= cos cos sen + cos sin +
ρ L L L2 L L2 L
�x� � y � � 2U ν �
2πνt
�
2U∞ πν
�
2πνt
��
∞
+ cos sen − 2 cos + sen +
L L L L2 L2 L2
� � � �x� � y ��
2παt
+ gy βT∞ 1 − cos cos cos ,
L2 L L
(4.6)
� � � �
fT,ss T∞ U∞ 2παt 2πνt � 2 � x � � ��
2 y
= cos cos cos − cos +
ρCp L L2 L2 L L
�x� � y � � 2T α �
2παt
�
2T∞ πα
�
2παt
��
∞
+ cos cos cos − sin .
L L L2 L2 L2 L2
(4.7)
X = x/Lx (4.8)
Y = y/Ly . (4.9)
60
�� � Ny
Nx
i j (φnum
ij − φan
ij )
2
L2φ = , (4.10)
Nx Ny
Além disso, tem-se os termos fonte para a modelagem das condições de contorno de
Dirichlet com MFI para os campos de velocidades, fi (�x, t), e temperatura, fT (�x, t), dado
pelas Eqs. 3.14 e 3.23, respectivamente. Para a modelagem da condição de contorno de
segunda espécie (Neumann), o termo fonte é dado pela Eq. 3.44 ou Eq. 3.49 ou Eq. 3.52
caso utilize o Modelo 1, Modelo 2 ou Modelo 3, respectivamente. E por fim, o termo fonte para
a metodologia da fronteira imersa com a condição de contorno de terceira espécie (Robin) é
dado pela Eq. 3.63.
A Fig. 4.1 mostra o domı́nio completo e a fronteira imersa dentro do domı́nio global,
onde os pontos do domı́nio lagrangiano coincidem com pontos do domı́nio euleriano. Assim,
as condições iniciais e as forças, obtidas pelas soluções manufaturadas fi,ss e fTss para os
campos de velocidades e temperatura, respectivamente, são impostas no domı́nio periódico
completo, ou seja, no domı́nio euleriano (Ω). A força da (Eq. 3.3), obtida pelo método da
fronteira imersa (fT ) e a temperatura analı́tica (T an ) são impostas no domı́nio lagrangiano
(Γ), ou seja, no domı́nio interno.
1.0
Ω
0.8
Γ
0.6
Y
0.4
0.2
Figura 4.1: Domı́nio geométrico com fronteira imersa Γ dentro do domı́nio completo Ω para
pontos lagrangianos coincidentes com eulerianos.
permite utilizar potência com base de fator 2, 3, 4, 5 e 6. No presente trabalho foi utilizado
potência de base 2 como já mencionado.
Primeiramente, foi feito uma análise dos três modelos propostos para a condição de
contorno de Neumann (Modelos 1, 2 e 3), e posteriormente, será apresentado os resultados
da verificação com os três tipos de condições de contorno propostos (Dirichlet, Neumann e
Robin).
A fim de verificar a influência dos três modelos propostos para as condições de con-
torno de Neumann, o erro global no domı́nio euleriano (Ω) e o erro da fronteira no domı́nio
lagrangiano (Γ) foram analisados, como mostram as Figs. 4.2 (a) e (b), respectivamente. Foi
utilizado N x × N y = 128 × 128 nós de colocação em todo o domı́nio com CF L = 0, 1. Vale
notar que o erro obtido para os três modelos propostos, foram praticamente os mesmos no
domı́nio euleriano como mostra a Fig. 4.2 (a). No domı́nio lagrangiano observa-se uma leve
diferença entre os modelos testados, Fig. 4.2 (b).
Modelo 1
-13 Modelo 1 Modelo 2
10 10-13
Modelo 2 Modelo 3
Modelo 3
Norma L2(T)
-14
10-14 10
Norma L2
10-15
10-15
10-16
10-16
10-17
0 3 6 9 12 0 3 6 9 12
t t
(a) (b)
Figura 4.2: Erro medido pela norma L2 da temperatura para os três modelos da condição de
contorno de Neumann com pontos lagrangianos coincidentes com os pontos eulerianos, (a)
erro global no domı́nio euleriano (Ω) e (b) erro do domı́nio lagrangiano (Γ).
Outra análise feita com os três modelos para a condição de contorno de Neumann
foi com relação a taxa de convergência, como mostra a Tab. 4.1. Para todos os modelos
63
obteve-se praticamente ordem oito com o refinamento dos nós de colocação, alcançando erro
de máquina para as malhas mais refinadas (128 × 128) utilizando CF L = 0, 1.
Tabela 4.1: Taxa de convergência para os três modelos da condição de contorno de Neumann
com pontos coincidentes.
O erro global obtido pela norma L2 da temperatura, é apresentado na Fig. 4.3, para as
condições de contorno de Dirichlet, Neumann (Modelo 1) e Robin utilizando Nx × Ny = 8 × 8
nós de colocação e CF L = 0, 001, ou seja, Δt = 10−4 [s]. Observa-se que as condições de
contorno não prejudicam a acurácia do método espectral quando a metodologia da fronteira
imersa é utilizada em problemas suaves, além disso, para todas as condições de contorno o
erro se mantém na mesma ordem.
Dirichlet
Neumann
10-13 Robin
Norma L2(T)
10-14
0 3 6 9 12
t
Figura 4.3: Erro global pela norma L2 do campo de temperatura com condição de contorno
de Dirichlet, Neumann (Modelo 1) e Robin com Nx × Ny = 8 × 8 e CF L = 0, 001.
Além disso, a Fig. 4.4 mostra o erro global para o campo de temperatura, no domı́nio
interno a Γ, para condição de contorno de Dirichlet com Nx × Ny = 8 × 8 nós de colocação,
64
variando o CFL e consequentemente o passo de tempo (Δt [s]) dado pela Eq. 3.98.
-6
10
CFL = 0.1
CFL = 0.01
-8 CFL = 0.001
10
Norma L2(T)
CFL = 0.0001
10-10
10-12
10-14
0 3 6 9 12
t
Figura 4.4: Erro global pela norma L2 do campo de temperatura variando o CFL com
condição de contorno de Dirichlet e Nx × Ny = 8 × 8.
Observa-se que o erro decai quando o passo de tempo diminui e mesmo para uma
malha de Nx × Ny = 8 × 8, esta metodologia converge e é possı́vel obter erros na ordem de
arredondamento de máquina, isto é, na ordem de 10−14 para CF L = 0, 001 cujo Δt = 10−4
[s], o que caracteriza a acurácia elevada da metodologia.
Da mesma maneira, a taxa de convergência foi analisada para os três tipos de condições
de contorno (Dirichlet, Neumann e Robin), onde para a condição de contorno de Neumann
adotou-se o Modelo 1. A Fig. 4.5 mostra que, para todas as condições de contorno, a taxa de
convergência é de aproximadamente oito considerando Δx = L8 , L L L
, ,
16 32 64
e L
128
e CF L = 0, 1.
Acima desta resolução, alcança-se erro de arredondamento de máquina. Vale notar que esta
taxa de convergência foi obtida somente para maiores Δt, ou seja, para CF L menores o
passo de tempo, Δt, se torna muito baixo e alcança-se erro de máquina, como mostrado na
Fig. 4.4, não sendo possı́vel o cálculo da taxa de convergência por meio da Eq. 5.1.
Pontos não coincidentes foram implementados a fim de verificar os processos de inter-
polação e distribuição utilizado nesta metodologia através das Eqs. 3.7-3.9.
• Domı́nio completo com pontos lagrangianos não coincidentes com pontos
eulerianos
Como apontado, com o objetivo de analisar a influência dos processos de interpolação
65
-6 Dirichlet
10 Neumann
Robin
-8
10 O(8)
Norma L2(T)
10-10
-12
10
-14
10
10-16
Figura 4.5: Taxa de convergência para os três tipos de condições de contorno variando o
refinamento da malha para CF L = 0, 1.
e distribuição, foi implementada uma fronteira lagrangiana cujos pontos não coincidem com
os pontos da malha euleriana, como ilustra a Fig. 4.6:
1.0
Ω
0.8
Γ
0.6
Y
0.4
0.2
Figura 4.6: Domı́nio geométrico com fronteira imersa Γ dentro do domı́nio completo Ω para
pontos lagrangianos não coincidentes com eulerianos.
Do mesmo modo que o caso com pontos coincidentes, uma análise prévia dos modelos
propostos para a condição de contorno de Neumann (Modelos 1, 2 e 3) será apresentada e
66
-2
10
Modelo 1 Modelo 1
Modelo 2 10-3
10-5 Modelo 2
Modelo 3 Modelo 3
10-4
Norma L2(T)
Norma L2(T)
10-6 10-5
-6
10
-7
10
-7
10
-8
10-8 10
10-9
0 3 6 9 12 0 3 6 9 12
t t
(a) (b)
Figura 4.7: Erro pela norma L2 do campo de temperatura para os três modelos da condição
de contorno de Neumann com pontos não coincidentes, (a) erro global, domı́nio euleriano
(Ω) e (b) erro da fronteira imersa, domı́nio lagrangiano (Γ).
Tornberg e Engquist (2004), que é uma função interpolação de quarta ordem. Porém, para
o Modelo 2 obteve-se terceira ordem de convergência, como salientado na análise anterior,
isto é caracterı́stica do modelo, devido à metodologia proposta.
Tabela 4.2: Taxa de convergência para os três modelos da condição de contorno de Neumann
com pontos não coincidentes.
10-7
-9 Dirichlet
10
Neumann
Robin
-10
10
0 3 6 9 12
t
Figura 4.8: Erro global pela norma L2 do campo de temperatura com condição de contorno
de Dirichlet, Neumann e Robin com Nx × Ny = 128 × 128 e CF L = 0.1.
-1
10
Pontos lagrangianos
-2 10
-3 Pontos eulerianos
10
10-5
Norma L2(T)
Norma L2(T)
-3
10
10-7
-9
10-4 CFL = 0,1 10
CFL = 0,01
CFL = 0,001 10-11
10-5
10-13
(a) (b)
Figura 4.9: Erro global da norma L2 do campo de temperatura com condição de contorno
de Dirichlet com N x × N y = 32 × 32 nós de colocação pela (a) influência do CF L ao longo
do tempo e (b) influência das iterações pelo método de múltipla imposição da força (N I).
Convergência espacial é obtida para pontos de colocação não coincidentes com todas as
condições de contorno, lembrando que para a condição de contorno de Neumann utilizou-se
o Modelo 1, Δx = L8 , L
, L, L
16 32 64
e L
128
e CF L = 0, 1. O erro quantificado pela norma L2 pode
ser visto na Fig. 4.10 para o campo de temperatura. Como já mencionado, o erro de arre-
69
dondamento de máquina não é mais alcançado como no caso em que os pontos lagrangianos
e eulerianos são coincidentes, devido ao fato de se fazer interpolações e distribuições entre
os pontos eulerianos e lagrangianos.
-2
10
Dirichlet
10
-3 Neumann
Robin
10-4 O(4)
Norma L2(T)
-5
10
10-6
10-7
10-8
Figura 4.10: Norma L2 da temperatura para pontos não coincidentes com as três condições
de contorno e CF L = 0, 1 em função do refinamento da malha.
9
10
Dirichlet
Neumann
103
1
10
10-1
ΩPeD
ΓPhD ∂T/∂y=0 ou Th-(Th-Tc)x/l
lmax
ΩPhD
l Th Tc
Ly
Ly
lmin
l ∂T/∂y=0 ou Th-(Th-Tc)x/l
ΓPeD
lmin lmax
Lx Lx
(a) (b)
Figura 4.12: Esquema da cavidade quadrada: (a) domı́nio periódico ΩP eD e domı́nio fı́sico
ΩP hD e (b) paredes verticais isotérmicas com paredes horizontais: adiabáticas ou LTP.
gβΔT L3
Gr = , (4.11)
ν2
ν
Pr = , (4.12)
α
gβΔT L3
Ra = , (4.13)
να
onde hc é o coeficiente de convecção local [W/m2 K]. Similarmente, obtém-se este parâmetro
pela seguinte relação, descrito por Wan, Patnaik e Wei (2001):
∂T
N ulocal = ± |l , (4.15)
∂X
onde o sinal negativo implica transferência de energia térmica da parede para o fluido (na
parede com maior temperatura), enquanto que o sinal positivo corresponde a transferência
de energia térmica do fluido para a parede com menor temperatura dentro da cavidade.
A partir do número de Nusselt local (N ulocal ), determina-se o número de Nusselt médio,
N u, utilizando a Eq. 4.16:
74
� lmax
Nu = N ulocal dy, (4.16)
lmin
onde a integral é avaliada nas paredes verticais e é resolvida como sendo o somatório dos
valores de Nusselt local (N ulocal ) dividido pelo comprimento. A Fig. 4.12 ilustra os limites
da cavidade.
O fluido considerado foi o ar, com Pr = 0,71 e T∞ = 300 [K]. Com estes parâmetros
obtém-se as propriedades fı́sicas: α, ν e kf do fluido. Assumiram-se os seguintes valores
para o número de Ra: 103 , 104 , 105 e 106 . Substituindo estes parâmetros no número de Ra
obtém-se o ΔT , para assim, impor as temperaturas nas paredes verticais: Th = T∞ + ΔT e
Tc = T∞ − ΔT .
As componentes de velocidades e temperatura, assim como os eixos nas direções x e y,
foram adimensionalizadas, somente como pós-processamento, a fim de comparar os resultados
com a literatura. Estes parâmetros adimensionais são obtidos pelas Eqs. 4.17, 4.18 e 4.19:
x − lmin
X= , (4.17)
l
y − lmin
Y = , (4.18)
l
onde x e y são as coordenadas dimensionais variando de lmin até lmax no domı́nio de interesse
aplicado em um problema fı́sico de comprimento l.
ul vl T̄ − Tc
U= , V = e T = (4.19)
α α Th − Tc
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4.13: Linhas isotérmicas para análise da influência do domı́nio externo fixando Nx ×
Ny = 128 × 128 no interior da cavidade em todos os casos, (a) Nx × Ny = 144 × 144, (b)
Nx × Ny = 162 × 162, (c) Nx × Ny = 256 × 256 e (d)Nx × Ny = 512 × 512.
Para melhor verificar esta influência, uma análise do perfil do número de Nusselt
local, na parede quente, com o aumento do domı́nio complementar foi realizada, lembrando
que para a discretização da cavidade mantém-se Nx × Ny = 128 × 128 em todos os casos,
comparando-se os resultados obtidos com os dados de Wan, Patnaik e Wei (2001), veja a
Fig. 4.14.
Para estes casos estudados e pelo perfil de Nusselt mostrado na Fig. 4.14, é evidente
77
0.4
0.2
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
Nulocal
Figura 4.14: Perfil do número de Nusselt local com o aumento do domı́nio externo; as
cavidades são discretizadas com Nx × Ny = 128 × 128 em todos os casos.
que o tamanho do domı́nio externo exerce influência sobre os resultados. Além disso, a
melhor configuração para o tamanho do domı́nio externo com relação ao interno seria com
a razão L/l = 2, pois foi o perfil que mais se aproximou do trabalho de Wan, Patnaik e Wei
(2001).
Vale notar que a simulação com mais pontos de colocação, Nx × Ny = 512 × 512,
o perfil do Nusselt local afastou-se da referência, veja Fig. 4.14, isto acontece devido a
influência do domı́nio externo ilustrado na Fig. 4.13 (d). Apesar de se utilizar uma malha
de Nx × Ny = 512 × 512 no domı́nio completo, o interior da cavidade mantém-se com
Nx × Ny = 128 × 128.
Esta configuração é importante, pois é necessário que se tenha sempre espaço suficiente
entre o domı́nio interno e o externo a fim de garantir a periodicidade do método pseudoes-
pectral. Portanto, a razão L/l = 2 foi considerada para todas as simulações.
Análise dos modelos propostos para condição de contorno de Neumann
Para validação da metodologia proposta, foi realizada uma análise dos modelos apre-
78
sentados para a condição de contorno de Neumann nas paredes horizontais (Modelo 1, Modelo
2 e Modelo 3), considerando condição de contorno de Dirichlet nas paredes verticais.
O número de Ra = 103 foi imposto e Nx × Ny = 256 × 256 nós de colocação foram
utilizados em todo o domı́nio, ou seja, domı́nio periódico ΩP eD . As Figs. 4.15 (a), (b)
e (c) mostram as linhas isotérmicas com condição de contorno de Dirichlet nas paredes
verticais e todos os modelos propostos para a condição de contorno de Neumann nas paredes
horizontais: Modelo 1, Modelo 2 e Modelo 3, respectivamente. Os resultados qualitativos
mostraram-se similares aos obtidos no trabalho de Wan, Patnaik e Wei (2001), considerando
somente o interior do domı́nio de interesse (cavidade adiabática). Observa-se, visualmente,
que as isotérmicas são ortogonais às paredes horizontais, o que é esperado, para condição de
contorno adiabática.
Abre-se um parênteses nesta fase do trabalho, para mencionar algumas particularida-
des sobre o Modelo 1 proposto. Cabe ressaltar que, devido a proposta original para a mo-
delagem da condição de contorno de Neumann utilizando o Modelo 1, algumas dificuldades
foram encontradas para a implementação dessa metodologia. Para garantir bons resultados
muitos esforços foram necessários e um deles será apresentado abaixo.
Em princı́pio, para a condição de contorno de Neumann utilizando o Modelo 1, o fluxo
de energia térmica foi imposto apenas na fronteira da cavidade. Porém, devido à resultados
não esperados, optou-se por adicionar um ponto acima desta fronteira, ou seja, a forçagem
calculada pela Eq. 3.44, foi imposta na fronteira da cavidade e em uma faixa de pontos
externos à esta fronteira horizontal, denominada de zona de forçagem (zf), como ilustra a
Fig.4.16 (a). Observa-se, pela Fig.4.16 (b), que próximo aos cantos da cavidade as linhas
isotérmicas apresentam uma leve inclinação na direção y. A fim de aperfeiçoar os resultados
com o Modelo 1, a zona de forçagem foi imposta em até três faixas de pontos externos às
fronteiras horizontais, Fig.4.16 (c).
As Figs. 4.16 (b) e (d) mostram as linhas isotérmicas utilizando o Modelo 1 com uma e
três zonas de forçagens nas paredes horizontais para Ra = 103 . Qualitativamente, observa-se
que forçando em mais de um ponto, quando se utiliza o Modelo 1, os resultados parecem
mais consistentes.
A fim de averiguar quantitativamente os resultados apresentados na Fig. 4.16, o perfil
79
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4.15: Comparação das linhas isotérmicas para Ra = 103 considerando condição de
contorno de Neumann com (a) Modelo 1, (b) Modelo 2, (c) Modelo 3 e (d) adaptado de Wan,
Patnaik e Wei (2001).
do número de Nussel local na parede quente foi comparado com o trabalho de Wan, Patnaik
e Wei (2001), como mostra a Fig. 4.17 (a). Pode-se constatar a melhora nos resultados
quando três pontos na zona de forçagem são impostos nas paredes horizontais. Além disso,
este resultado é evidenciado por meio da norma L2 do fluxo imposto na direção y para as
paredes superior e inferior, Fig. 4.17 (b).
Isto acontece pois o fluxo na direção normal é conhecido e é imposto, enquanto que o
fluxo na direção tangente é explicitado. Assim, para calcular a força, utilizando o Modelo
1, se a tangente não estiver sendo bem avaliada acarreta em resultados não desejados. Por
80
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4.16: Análise do Modelo 1 para a condição de contorno de Neumann nas paredes
horizontais com Ra = 103 , (a) esquema com uma zf, (b) isotermas com uma zf, (c) esquema
com três zf e (d) isotermas com três zf.
outro lado, caso o fluxo na direção tangente seja conhecido, os resultados compatibilizam
com a literatura, porém a maioria dos experimentos nos fornece apenas o fluxo na direção
normal. Desta maneira, trabalha-se na presente tese, mais especificamente para o caso da
cavidade adiabática, com três zonas de forçagens para a condição de contorno de Neumann
com o Modelo 1, além da temperatura explicitada para o fluxo na direção tangente.
Dando-se sequência, uma investigação mais detalhada para os três modelos propostos
81
0
10
Wan et al., 2001
0.8 1 zf
3 zf
10-1
Norma L2 q"
0.6
Y
10-2
0.4 wB, 1 zf
wT, 1 zf
wB, 3 zf
10-3 wT, 3 zf
0.2
(a) (b)
Figura 4.17: Análise das zonas de forçagens para Ra = 103 utilizando o Modelo 1 para a
condição de contorno de Neumann: (a) perfil do número de Nusselt local na parede quente
e (b) norma L2 q �� nas paredes inferior (wB ) e superior (wT ).
0.6
Y
0.4
0.2
Figura 4.18: Perfil do número de Nusselt local para Ra = 103 utilizando os três modelos
para a condição de contorno de Neumann.
82
Tabela 4.3: Comparação do número de Nusselt médio (N u) com o trabalho de Wan, Patnaik
e Wei (2001) para Ra = 103 . O valor de referência obtido pelos autores é N u = 1, 073.
Nx × Ny Modelo 1 Diferença (%) Modelo 1 Modelo 2 Diferença (%) Modelo 2 Modelo 3 Diferença (%) Modelo 3
32 × 32 1,164 8,48 1,137 5,96 1,102 2,70
64 × 64 1,136 5,87 1,115 3,91 1,077 0,37
128 × 128 1,117 4,10 1,101 2,60 1,068 0,46
256 × 256 1,100 2,51 1,096 2,14 1,058 1,39
512 × 512 1,0908 1,65 1,094 1,95 1,055 1,67
Uma análise do número de Nusselt local nas paredes quente e fria, utilizando o Modelo
2 é mostrado na Fig. 4.19. Pode-se notar que as distribuições do número de Nusselt local
são antissimétricas, como esperado.
0.8
0.6
Parede quente
Y
Parede fria
0.4
0.2
Figura 4.19: Análise do número de Nusselt local ao longo das paredes quente e fria utilizando
o Modelo 2 para Ra = 103 .
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4.20: Comparação das isotérmicas para Ra = 104 e 128× 128 nós de colocação, (a)
Modelo 1, (b) Modelo 2, (c) Modelo 3 e (d) adaptado de Wan, Patnaik e Wei (2001).
Y
X X
(a)
Y
X X
(b)
Y
X X
(c)
para os três modelos foram confrontados com o trabalho de Wan, Patnaik e Wei (2001) para
Ra = 103 , 104 e 105 no centro da cavidade em X = 0, 5 e Y = 0, 5. Para as simulações com
Ra = 103 e Ra = 104 utilizou-se N x × N y = 128 × 128 nós de colocação em todo o domı́nio,
enquanto que para Ra = 105 utilizou-se N x × N y = 256 × 256.
1.0 5
75 Ra=10
3 Ra=105
0.8
Ra=10 Ra=104 50
25 4
0.6 Ra=10
V
0
Y
3
Ra=10
0.4
Modelo 1 -25
Modelo 1
Modelo 2
0.2 Modelo 2
Modelo 3 -50
Modelo 3
Wan et al., 2001
Wan et al., 2001
-75
0.0
-40 -20 0 20 40 60 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
U X
(a) (b)
Figura 4.22: Comparação das velocidades para vários Rayleigh com: (a) velocidade horizon-
tal (U) em X = 0, 5 e (b) velocidade vertical (V) em Y = 0, 5.
1.0 250
Wan et al., 2001
0.8 Modelo 1
125 Modelo 2
Modelo 3
0.6
V
0
Y
0.4
(a) (b)
Figura 4.23: Distribuição das velocidades para Ra = 106 : (a) velocidade horizontal (U) em
X = 0, 5 e (b) velocidade vertical (V) em Y = 0, 5.
de interesse utilizando os três modelos propostos para a condição de contorno Neumann nas
paredes horizontais para Ra = 106 . Observa-se que os três modelos apresentam o mesmo
comportamento obtido por Wan, Patnaik e Wei (2001), uma recirculação na região central
da cavidade e outras duas recirculações nas laterais. Porém, nota-se maior efeito advectivo
no presente trabalho quando compara-se com o trabalho de Wan, Patnaik e Wei (2001).
A distribuição do número de Nusselt local na parede quente foi comparada com os
modelos propostos no presente trabalho e com o trabalho de Wan, Patnaik e Wei (2001), para
Ra = 105 e Ra = 106 como mostra a Fig. 4.25. Os resultados mostram que a parte superior
da cavidade tem boa concordância com a literatura para todos os modelos propostos, porém
na parte do centro para a parte inferior algumas discrepâncias são observadas para ambos
os números de Rayleigh avaliados. No trabalho de Wan, Patnaik e Wei (2001) discrepâncias
também foram observadas com outras literaturas para a mesma faixa de Rayleigh.
Outra análise importante foi realizada com a distribuição de temperatura na região
central da cavidade (Y = 0, 5) em relação a abcissa. A Fig. 4.26 mostra uma comparação
com o trabalho de Wan, Patnaik e Wei (2001) e todos os modelos propostos para a condição
de contorno de Neumann nas paredes horizontais. Além disso, compara-se com todos os
87
(a) (b)
(c) (d)
Figura 4.24: Comparação das linhas de corrente para Ra = 106 : (a) Modelo 1, (b) Modelo
2, (c) Modelo 3 e (d) adaptado de Wan, Patnaik e Wei (2001).
Y
0.4 0.4
0.2 0.2
0 2 4 6 8 10 0 5 10 15 20
Nulocal Nulocal
(a) (b)
Figura 4.25: Comparação do número de Nusselt local ao longo da parede quente para (a)
Ra = 105 e (b) Ra = 106 .
1.0
Ra=103
4
Ra=10
0.8
5
T
Ra=10
0.6
Ra=106
0.4
0.00 0.05 0.10 0.15 0.20
X
Ra Presente trabalho Presente trabalho Presente trabalho Wan et al. Wan et al. Vahl Davis (1983)
Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 (FEM) (DSC) apud Wan et al.
103 3,593 3,591 3,602 3,489 3,643 3,634
(0,809) (0,812) (0,809) (0,813) (0,816) (0,813)
104 15,767 16,254 16,208 16,122 15,967 16,200
(0,828) (0,828) (0,824) (0,815) (0,816) (0,823)
105 35,086 37,260 35,886 33,390 33,510 34,810
(0,851) (0,863) (0,852) (0,835) (0,850) (0,855)
106 69,384 65,948 71,511 65,400 65,550 65,330
(0,852) (0,851) (0,852) (0,860) (0,860) (0,851)
Ra Presente trabalho Presente trabalho Presente trabalho Wan et al. Wan et al. Vahl Davis (1983)
Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 (FEM) (DSC) apud Wan et al.
103 3,741 3,741 3,702 3.686 3,686 3,679
(0,167) (0,179) (0,175) (0,188) (0,183) (0,179)
104 19,547 19,835 19,624 19,790 19,980 19,510
(0,117) (0,125) (0,120) (0,120) (0,117) (0,120)
105 68,937 69,786 69,021 70.630 70,810 68,220
(0,070) (0,066) (0,062) (0,072) (0,070) (0,066)
106 225,216 221,232 225.223 227,110 227,240 216,750
(0,034) (0,039) (0,034) (0,040) (0,040) (0,038)
Para a Tab. 4.5, assim como apresentado nos resultados qualitativos, as componentes
de velocidade vertical tiveram boa concordância com a literatura para os três modelos pro-
postos, com diferença máxima de 3,90% quando se compara o Modelo 1 e Modelo 3 com o
trabalho de Vahl Davis (1983) para Ra = 106 . Para a componente de velocidade horizontal,
Tab. 4.4, a diferença máxima obtida foi de aproximadamente 11% para Ra = 105 utilizando
o Modelo 2 e 9% para Ra = 106 utilizando o Modelo 3.
A Tab. 4.6 mostra a comparação do número de Nusselt médio da parede quente do
presente trabalho usando os três modelos propostos para a condição de contorno de Neu-
mann com resultados da literatura. Observa-se discrepâncias entre os resultados, porém com
melhor aproximação para baixos números de Rayleigh. Estas discrepâncias estão relaciona-
das à maiores advecções apresentadas nas linhas de corrente no presente trabalho quando
90
comparado com Wan, Patnaik e Wei (2001) para Ra = 106 . Os resultados de Wan, Patnaik
e Wei (2001), com DSC, foram os que mais aproximaram-se do presente trabalho para todos
os modelos propostos.
Tabela 4.6: Comparação do número de Nusselt médio (Nu) da parede quente para cavidade
com paredes adiabáticas.
Ra Presente Trabalho Presente Trabalho Presente trabalho Wan et al. Wan et al. P. Le Quéré
Modelo 1 Modelo 2 Modelo 3 (FEM) (DSC) (Numérico 2D)
103 1,101 1,096 1,068 1,117 1,073 -
104 2,149 2,169 2,065 2,254 2,155 2,240
105 4,398 4,214 4,288 4,598 4,352 4,510
106 8,105 8,142 8,048 8,976 8,632 8,830
4.3.2 Cavidade com perfil linear de temperatura nas paredes horizontais (LTP)
Th-(Th-Tc)x/l
Th Tc
Ly
Th-(Th-Tc)x/l
Lx
� t)
(ax + b) − TΓ∗ (X,
� t) = ρCp
FT (X, , (4.20)
Δt
onde a = (Tc − Th /Lr ) e b = Th − ax, são as constantes para a imposição do perfil linear
de temperatura. Foram testados vários números de Rayleigh e os resultados quantitativos
podem ser vistos na Tabela 4.7.
A análise dos resultados obtidos para a condição de contorno de Dirichlet, com LTP nas
paredes horizontais, mostraram melhor concordância com resultados numéricos de Hassani,
Hollands e Raithby (1993) para quase todos os números de Rayleigh testados.
Com o objetivo de validar a metodologia para pontos não coincidentes, a modelagem
proposta foi utilizada para as condições de contorno de Dirichlet e Neumann em uma cavidade
92
Tabela 4.7: Comparação do número de Nusselt médio com resultados da literatura para a
condição de contorno de LTP.
Ra Presente Trabalho Leong, Hollands e Brunger (1998a), Hassani, Hollands e Raithby (1993),
experimental, 2D numérico,
LTP nas paredes horizontais LTP nas paredes horizontais
1 × 104 1,892 1,521 1,750
3 × 104 2,480 - 2,410
4 × 104 2,740 2,337 -
1 × 105 3,464 3,103 3,40
Nesta fase da tese, a convecção natural em uma cavidade anular entre cilindros con-
cêntricos também foi simulada, tendo em vista validar a metodologia proposta para resolver
problemas com geometrias não cartesianas, exigindo a utilização das funções distribuição e
interpolação, dada pela Eq. 3.8. Para este problema, foram utilizadas as modelagens pro-
postas para a condição de contorno de Dirichlet e os três modelos propostos para a condição
de contorno de Neumann. Para isto, as validações foram separadas em dois casos:
• Caso 1: Aplicação da condição de contorno de Dirichlet - cilindro interno aquecido
com uma temperatura imposta e cilindro externo resfriado impondo menor temperatura;
• Caso 2: Aplicação da condição de contorno de Neumann - cilindro interno aquecido
com um fluxo de energia térmica constante fornecido e cilindro externo mantido resfriado
com uma temperatura imposta.
Para ambos os casos, o escoamento formado na cavidade entre os cilindros é gerado
pela diferença de temperatura entre as superfı́cies cilı́ndricas. A esquematização do domı́-
nio computacional utilizado pode ser vista na Fig. 4.28. Os dois cilindros concêntricos
horizontais são colocados na região central do domı́nio periódico retangular.
Devido à diferença entre os raios dos dois cilindros, o número de pontos lagrangianos na
fronteira imersa são diferentes, porém mantendo o mesmo espaçamento dos nós de colocação.
Os nı́veis de refinamento para os nós de colocação eulerianos e lagrangianos são apresentados
93
na Tab. 4.8. Observa-se que quando a malha euleriana é refinada, a estrutura da fronteira
imersa (pontos lagrangianos) também deve ser, tanto para o cilindro interno quanto para
o cilindro externo. A Fig. 4.28 ilustra o domı́nio completo quando se impõe determinada
condição de contorno no cilindro interno (Dirichlet ou Neumann).
1.0
90º
0.8
Tc Ro
0.6 Ri
g θ
Y
0º
0.4
Th , q"n
0.2
270º
Figura 4.28: Esquema do domı́nio completo para o caso da convecção natural entre dois
cilindros concêntricos.
Tabela 4.8: Pontos lagrangianos não coincidente com pontos eulerianos: nı́veis de refina-
mento.
T̄ − Tc
T = (4.21)
Th − Tc
r − Ri
R= , (4.22)
R0 − Ri
� ∗ �
� t) = ρCp T (X, t + Δt) − T (X, t + Δt) ,
FT (X, (4.23)
Δt
� t + Δt) ≡ Tr (X,
onde T (X, � t + Δt) é dada pela caracterı́stica fı́sica de cada problema. No
R0
de relação de raios η ≡ Ri
. O fluido utilizado foi o ar, com número de Prandtl de P r = 0, 7.
Todos os resultados são apresentados após a simulação alcançar o regime permanente.
η Raio Ra
1, 0 × 102
Ri = 0, 0625
1, 0 × 103
2,0 R0 = 0, 1250
1, 0 × 104
1, 0 × 105
1, 0 × 102
Ri = 0, 0625
1, 0 × 103
R0 = 0, 1625
2,6 1, 0 × 104
4, 7 × 104
1, 0 × 105
Uma análise do CFL foi realizada pois, de acordo com estudos anteriores, o Δt in-
fluencia nos resultados. A Fig. 4.29 mostra a distribuição de temperatura em função do
raio em θ = 0◦ com os resultados experimentais de Kuehn e Goldstein (1976), utilizando
Nx × Ny = 128 × 128 nós de colocação, para Ra = 4, 7 × 104 .
1.0
Ra = 4.7e04
0.8 Kuehn et al., 1976 (exp): 0º
CFL = 0,01
CFL = 0,1
0.6 CFL = 0,3
CFL = 0,5
T
0.4
0.2
0.0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
R
De acordo com a Fig. 4.29, observa-se que a diferença máxima entre os resultados do
presente trabalho e o experimental está na posição R = 0, 64, onde a diferença relativa é da
ordem de 15% para o CFL = 0,5, enquanto que para o CFL=0,1 diminui para apenas 2,77%.
96
Menores valores para CFL foram considerados e pode-se observar que a partir de CFL=0,1
passa-se a atingir a independência de Δt neste problema. Sendo assim, para todos os testes
realizados, o CFL adotado foi 0,1.
Além disso, realizou-se o teste de independência dos nós de colocação, como mostra
a Fig. 4.30. Observa-se que o perfil de temperatura quase não modifica com o refinamento
dos nós de colocação quando comparado com o resultado experimental. Desta maneira,
utilizou-se malha de Nx × Ny = 128 × 128 no domı́nio completo.
1.0
Ra = 4.7e04
0.8 Kuehn et al., 1976 (exp): 0º
Nx X Ny = 64 X 64
0.6 Nx X Ny = 128 X 128
Nx X Ny = 256 X 256
T
0.4
0.2
0.0
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
R
1.0 1.0
0.8 0.8
0.6 0.6
X
Y
0.4 0.4
0.2 0.2
0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
X Y
(a) (b)
1.0 1.0
0.8 0.8
0.6 0.6
Y
0.4 0.4
0.2 0.2
0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
X
(c) (d)
Figura 4.31: Linhas isotérmicas para η = 2, 0 (a) Ra = 102 , (b) Ra = 103 , (c) Ra = 104 e
(d) Ra = 105 .
As Figuras 4.33 e 4.34 mostram as isotérmicas (a), campos de velocidades (b) e as linhas
de corrente (c) para Ra = 105 e duas relações de raio η = 2, 0 e η = 2, 6, respectivamente.
Para este valor do número de Rayleigh é possı́vel observar que a pluma térmica formada
na parte superior é mais fina, assim como a espessura da camada limite térmica formada
nas regiões próximas das superfı́cies dos cilindros. Resultados parecidos foram apresentados
no trabalho de Padilla, Campregher e Silveira Neto (2006), o qual citaram que ocorre uma
similaridade com a dinâmica do escoamento e o processo de transferência de energia térmica
quando se aumenta o espaçamento entre as superfı́cies dos cilindros, ou seja, quando a relação
de raios é aumentada de η = 2, 0 para η = 2, 6.
O número de Nusselt foi avaliado para os cilindros concêntricos interno e externo, o
98
1.0 1.0
0.8 0.8
0.6 0.6
Y
Y
0.4 0.4
0.2 0.2
(a) (b)
1.0 1.0
0.8 0.8
0.6 0.6
Y
0.4 0.4
0.2 0.2
0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
X X
(c) (d)
Figura 4.32: Linhas isotérmicas para η = 2, 6 (a) Ra = 102 , (b) Ra = 103 , (c) Ra = 104 e
(d) Ra = 105 .
��
R0 ∂T
N uilocal = Ri ln |r=Ri , (4.24)
Ri ∂r
��
R0 ∂T
N u0local = R0 ln |r=R0 . (4.25)
Ri ∂r
∂T
As Eqs. 4.24 e 4.25 foram avaliadas através do cálculo da derivada ∂r
no espaço
espectral, o qual é transformado para o espaço fı́sico e os valores da derivada são interpolados