Inqurito Policial

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Prof.

Magda Hofstaetter

INQUÉRITO POLICIAL
1. CONCEITO

Inquérito policial é o procedimento administrativo, inquisitório e


preparatório, presidido pela Autoridade Policial consistente em um
conjunto de diligências realizadas pela polícia objetivando a
produção de diligências investigativas de modo a se colher todos os
possíveis pontos de vista do fato, devidamente respeitados os
direitos fundamentais dos afetados pela investigação, confirmando
(ou não) a autoria e a materialidade.
2. NATUREZA JURÍDICA

É um procedimento administrativo, uma vez que não resulta a


imposição direta de nenhuma sanção.
3. FINALIDADE

Colheita de elementos de informação. A finalidade do IP deve ser a


produção de diligências investigativas de modo a se colher todos
os possíveis pontos de vista do fato, devidamente respeitados os
direitos fundamentais dos afetados pela investigação, confirmando
(ou não) a autoria e a materialidade.
4. VALOR PROBATÓRIO DO INQUÉRITO POLICIAL

- RELATIVO sem contraditório e ampla defesa


não podem servir de base para um decreto condenatório

Art. 155, CPP: O juiz formará sua convicção pela livre apreciação
da prova produzida em contraditório judicial, não podendo
fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas
cautelares, não repetíveis e antecipadas.
4.1. PROVAS CAUTELARES, NÃO REPETÍVEIS E ANTECIPADAS

PROVAS CAUTELARES são aquelas em que há um risco de


desaparecimento do objeto da prova em razão do decurso do tempo,
em relação às quais o contraditório será diferido.

Ex: interceptação telefônica


PROVA NÃO REPETÍVEL é aquela que não tem como ser novamente
coletada ou produzida, em virtude do desaparecimento, destruição ou
perecimento da fonte probatória.

Ex: Laudo de exame de lesões corporais

*Necessita de autorização judicial? Não


PROVAS ANTECIPADAS aquelas produzidas com a observância do
contraditório real, perante a autoridade judicial, em momento processual
distinto daquele legalmente previsto, ou até mesmo antes do início do
processo, em virtude de situação de urgência e relevância.

Art. 225. Se qualquer testemunha houver de ausentar-se, ou, por


enfermidade ou por velhice, inspirar receio de que ao tempo da instrução
criminal já não exista, o juiz poderá, de ofício ou a requerimento de qualquer
das partes, tomar-lhe antecipadamente o depoimento.
5. CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL

A) PROCEDIMENTO ESCRITO

Art. 9o Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito
ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.

Art. 405. Do ocorrido em audiência será lavrado termo em livro próprio, assinado pelo
juiz e pelas partes, contendo breve resumo dos fatos relevantes nela
ocorridos.
§ 1o Sempre que possível, o registro dos depoimentos do investigado, indiciado, ofendido
e testemunhas será feito pelos meios ou recursos de gravação magnética, estenotipia,
digital ou técnica similar, inclusive audiovisual, destinada a obter maior fidelidade das
informações.
B) PROCEDIMENTO DISPENSÁVEL

Art. 12. O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre


que servir de base a uma ou outra.

*artigos 27, 39 e 46, CPP

C) PROCEDIMENTO SIGILOSO

Art. 20. A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à


elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade.
• A quem não se aplica o sigilo?
autoridade policial, ministerio publico, juiz

• E o advogado? Artigo 7, XIV, EOAB e SV 14


Tudo aquilo que ja foi reduzido a escrito, pode ter acesso

• Há necessidade de procuração?
Não

• Informações sigilosas? Precisaria de procuração


D) INQUISITORIAL

• Contraditório e ampla defesa? não

• Requerimento de diligências por parte do


investigado/ofendido? STJ - HC 69.405

• Inquérito para expulsão do estrangeiro - artigo 103, Decreto


86.715/81 não ´é inquisitorio
E) DISCRICIONÁRIO o delegado pode conduzir o inquerito da maneira que ele achar mais correta

F) OFICIAL

*Conduzidos por Delegados de Polícia de carreira

G) PROCEDIMENTO OFICIOSO

*Ação penal pública incondicionada o delegado pode iniciar o inquerito por oficio
H) PROCEDIMENTO INDISPONÍVEL

Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar


autos de inquérito.

I) TEMPORÁRIO tem prazo a ser concluido


6. INÍCIO DO INQUÉRITO POLICIAL
depende da açao penal

6.1. CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA INCONDICIONADA

A) De ofício: por força do princípio da obrigatoriedade a


autoridade policial instaura o IP

Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será


iniciado: I - de ofício;
B) Mediante requisição da autoridade judiciária ou do
Ministério Público

*Autoridade judiciária não recepção pela CF/88

*Delegado de Polícia é obrigado a acatar requisição do MP?


C) Requerimento do ofendido ou de seu representante legal verificar
a procedência

D) Notícia oferecida por qualquer do povo

Art. 5º, § 3º, CPP: Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da
existência de infração penal em que caiba ação pública poderá,
verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta,
verificada a procedência das informações, mandará instaurar inquérito.

É a chamada delatio criminis


pode a autoridade policial por meio de denuncia anonima dá inicio a um IP?
deve verificar a procedencia das informações
E) MEDIANTE AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE

6.2. CRIMES DE AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA À


REPRESENTAÇÃO

Art. 5º, § 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública


depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado.

6.3. CRIMES DE AÇÃO PENAL PRIVADA


precisa de uma manifestação do ofendido, não pode agir de oficio
7. DILIGÊNCIAS INVESTIGATÓRIAS

O CPP em seus artigos 6º. e 7º. traz um rol exemplificativo de


diligências investigatórias que poderão ser adotadas pela autoridade
policial ao tomar conhecimento de um fato delituoso.

8. IDENTIFICAÇÃO CRIMINAL - Lei 12.037/2009

*Indispensável o conhecimento efetivo e seguro da correta identidade


do autor do ilícito

*A identificação criminal abrange as identificações fotográficas,


datislocópica e biológica
9. INCOMUNICABILIDADE DO INDICIADO PRESO

Art. 21. A incomunicabilidade do indiciado dependerá sempre de


despacho nos autos e somente será permitida quando o interesse
da sociedade ou a conveniência da investigação o exigir.
NÃO FOIRECEPCIONADO PELA CONSTITUIÇÃO

Parágrafo único. A incomunicabilidade, que não excederá de três


dias, será decretada por despacho fundamentado do Juiz, a
requerimento da autoridade policial, ou do órgão do Ministério
Público, respeitado, em qualquer hipótese, o disposto no artigo 89,
inciso III, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil
10. INDICIAMENTO

Indiciar é atribuir a autoria (ou participação) de uma infração penal


a uma pessoa determinada.

Art. 2º, § 6º, , Lei 12.830/13: O indiciamento, privativo do delegado de


polícia, dar-se-á por ato fundamentado, mediante análise técnico-
jurídica do fato, que deverá indicar a autoria, materialidade e suas
circunstâncias.
10.1. LIMITAÇÕES AO INDICIAMENTO

Em regra, o indiciamento é possível em face de qualquer fato e qualquer


pessoa. Porém, existem hipóteses em que não poderá ocorrer.

PROCEDIMENTO DO JECrim – TC termo circunstanciado

MEMBROS DO MP E MAGISTRADOS

PESSOAS COM FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO: Questão de Ordem


no Inquérito 2411 – o STF entendeu que há a necessidade de autorização do
Ministro ou Desembargador Relator para a instauração de IP e indiciamento
11. DESINDICIAMENTO
pode desindiciar uma pessoa se essa pessoa não teve participação da prática delitiva

12. CONCLUSÃO DO INQUÉRITO POLICIAL

12. 1. PRAZO

Art. 10, CPP. O inquérito deverá terminar no prazo de 10 dias, se o indiciado


tiver sido preso em flagrante, ou estiver preso preventivamente, contado o
prazo, nesta hipótese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisão,
ou no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fiança ou sem ela.
*PROCEDIMENTO DA JUSTIÇA FEDERAL

Art. 66, Lei 5010/1966: O prazo para conclusão do inquérito policial será de
quinze dias, quando o indiciado estiver preso, podendo ser prorrogado por
mais quinze dias, a pedido, devidamente fundamentado, da autoridade
policial e deferido pelo Juiz a que competir o conhecimento do processo.

30 dias se estiver solto (segue o artigo 10, CPP)


*PROCEDIMENTO DA LEI DE DROGAS – LEI 11.343/06

Art. 51. O inquérito policial será concluído no prazo de 30 (trinta) dias, se o


indiciado estiver preso, e de 90 (noventa) dias, quando solto.

Parágrafo único. Os prazos a que se refere este artigo podem ser duplicados
pelo juiz, ouvido o Ministério Público, mediante pedido justificado da
autoridade de polícia judiciária.
*CRIMES CONTRA A ECONOMIA POPULAR

Art. 10, p.1º, Lei 1521/1951

§ 1º. Os atos policiais (inquérito ou processo iniciado por portaria) deverão


terminar no prazo de 10 (dez) dias.

Inexiste previsão acerca da prorrogação


*PRISÃO TEMPORÁRIA DECRETADA EM IP RELATIVO A CRIMES HEDIONDOS
OU EQUIPARADOS

Renato Brasileiro entende que o IP poderá ter seu prazo de até 60 dias (uma
vez que a temporária para crimes hediondos e equiparados será decretada
pelo prazo de até 30 dias, podendo ser prorrogada uma vez por igual
período).
12.2. RELATÓRIO DA AUTORIDADE POLICIAL

Art. 10, § 1o , CPP: A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido
apurado e enviará autos ao juiz competente.

Não há uma forma específica para a elaboração de tal relatório. Porém,


segundo Bruno Zanotti, existem alguns requisitos mínimos para a elaboração
do mesmo: a) narração dos fatos e das diligências realizadas; b) análise dos
requisitos que compõem o crime; c) tipificação do fato; d) indiciamento,
caso ainda não tenha ocorrido; e) eventuais pedidos de prisão preventiva,
busca e apreensão, etc.

• É necessário exaurir toda a produção de elementos de informação?


Não, se uma determinada testemunha nao pode ser ouvida poderá ser apontado no relatorio
• Na lei de Drogas, o artigo 52, I, traz alguns requisitos mínimos que
deverão ser observados pelo delegado de Polícia no momento em que
elaborar o relatório.

Art. 52. Findos os prazos a que se refere o art. 51 desta Lei, a autoridade de
polícia judiciária, remetendo os autos do inquérito ao juízo:

I - relatará sumariamente as circunstâncias do fato, justificando as razões


que a levaram à classificação do delito, indicando a quantidade e natureza
da substância ou do produto apreendido, o local e as condições em que se
desenvolveu a ação criminosa, as circunstâncias da prisão, a conduta, a
qualificação e os antecedentes do agente;
12.3. DESTINATÁRIO DOS AUTOS DE IP

A) AÇÃO PENAL PÚBLICA

Art. 10, § 1o A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado
e enviará autos ao juiz competente.
ministerio publico

*Resolução 63 do Conselho da Justiça Federal trâmite do IP entre


Delegado e MPF
B) AÇÃO PENAL PRIVADA

Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito
serão remetidos ao juízo competente, onde aguardarão a iniciativa do
ofendido ou de seu representante legal, ou serão entregues ao requerente,
se o pedir, mediante traslado.
C) PROVIDÊNCIAS A SEREM ADOTADAS

a) oferecimento da denúncia

b) pedido de arquivamento dos autos de IP

c) requisição de diligências

Art. 16. O Ministério Público não poderá requerer a devolução do


inquérito à autoridade policial, senão para novas diligências,
imprescindíveis ao oferecimento da denúncia.
d) pedido de declinação de competência

e) Suscitar conflito de atribuições

13. ARQUIVAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL

• Ato complexo depende do ministerio publico e o juiz( quem determina o arquivamento)

13.1. FUNDAMENTOS

Aplicação analógica dos artigos 395, CPP (rejeição da peça acusatória) e


artigo 397, CPP (absolvição sumária).
13.2. MODALIDADES

A) DIRETO

Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar a


denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de quaisquer
peças de informação, o juiz, no caso de considerar improcedentes as razões
invocadas, fará remessa do inquérito ou peças de informação ao procurador-
geral, e este oferecerá a denúncia, designará outro órgão do Ministério
Público para oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só
então estará o juiz obrigado a atender.
13.2. MODALIDADES

B) INDIRETO

O membro do Ministério Público, em vez de oferecer a denúncia,


posiciona-se pela incompetência do juízo ao qual está vinculado.

Nesse caso, deve o juiz receber a manifestação como se tratasse de


um pedido indireto de arquivamento, aplicando, por analogia, o
disposto no artigo 28, CPP.
13.2. MODALIDADES

C) IMPLÍCITO

O membro do Ministério Público ao denunciar, deixa de incluir


algum fato (aspecto objetivo) ou algum dos indiciados (aspecto
subjetivo), sem qualquer fundamentação para o ocorrido, e o juiz,
ao receber a denúncia, não se pronuncia sobre a omissão.

*É admito no ordenamento jurídico? não


13.3. RECORRIBILIDADE CONTRA A DECISÃO DE ARQUIVAMENTO

* crimes contra a economia popular ou contra a saúde pública (L.


1521/51, art. 7º) – juízes recorrem de ofício;

* atribuição originária do PGJ – pode fazer pedido de revisão ao


Colégio de Procuradores (L. 8625, art. 12, XI);

* contravenções do jogo do bicho e corrida de cavalos fora do


hipódromo (L. 1508/51, art.6º, §ú) – há previsão de RESE;
13.4. RETRATAÇÃO DO PEDIDO DE ARQUIVAMENTO PELO MINISTÉRIO
PÚBLICO

STF Súmula nº 524 – Arquivado o inquérito policial, por despacho


do juiz, a requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação
penal ser iniciada, sem novas provas.
13.5. ARQUIVAMENTO DETERMINADO POR JUIZ ABSOLUTAMENTE
INCOMPETENTE E CERTIDÃO DE ÓBITO FALSA

13.6. DESARQUIVAMENTO

Art. 18, CPP. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela


autoridade judiciária, por falta de base para a denúncia, a autoridade
policial poderá proceder a novas pesquisas, se de outras provas tiver notícia.

STF Súmula nº 524 – Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a


requerimento do Promotor de Justiça, não pode a ação penal ser iniciada,
sem novas provas.
14. TRANCAMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL

A instauração de um inquérito policial contra pessoa determinada traz


consigo inegável constrangimento.

Se a instauração do inquérito for manifestamente abusiva é possível o


trancamento do IP.

Medida de natureza excepcional

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