2016 - TCC - Danilo José de Faria
2016 - TCC - Danilo José de Faria
2016 - TCC - Danilo José de Faria
RUBIATABA
2016
2
___________________
Professor Orientador
RUBIATABA
2016
3
______________________________________________________
Prof. Ms. Márcio Lopes Rocha – FACER Faculdades
Orientador
______________________________________________________
Prof. Ms. Rogério Lima – FACER Faculdades
Examinador
______________________________________________________
Prof.ª Ms. Marise de Melo Lemes – FACER Faculdades
Examinadora
Resultado: __________
RESUMO:
O sistema prisional brasileiro está falido. Os estabelecimentos penais não possuem estrutura para
abrigar o crescente número de detentos e, por consequência, violam todos os direitos a eles inerentes,
tais como saúde, alimentação, cela individual, privacidade, e, principalmente humanidade. O Estado,
aliado à negligência do poder judiciário, é omisso em relação à ressocialização do preso, o que gera
ainda mais revolta nos reeducandos. A sociedade também tem parte na ineficácia da reintegração do
preso, uma vez que o marginaliza e não lhe proporciona nova chance quando termina de cumprir sua
pena. Como efeito, a reincidência criminal é latente e, a cada retorno do agente ao sistema prisional
brasileiro que é desumano e degradante, há o aumento da sua periculosidade. O Estado deve tomar
outras medidas além da parceria público-privada, tais como oferecer assistência ao preso e egresso, e
implantar políticas públicas no afã de ressocializar o condenado.
ABSTRACT:
The Brazilian prison system is broken. The prisons do not have a structure to house the growing number
of inmates and, therefore, violate all the rights attached to them, such as health, food, individual cell,
privacy, and especially humanity. The state, coupled with the neglect of the judiciary, is silent on the
resocialization of the prisoner, which creates even more revolt in reeducation. The company also has
part in the ineffectiveness of the reintegration of the prisoner, since marginalizes and does not give you
another chance when he finishes serving his sentence. In effect, the criminal recidivism is latent and
every return of the agent to the Brazilian prison system that is inhuman and degrading, there is
increasing its dangerousness. The State shall take measures other than the public-private partnership,
such as offering assistance to the prisoner and egress, and implement public policies in the effort to re-
socialize the convicted.
LISTA DE ABREVIATURAS
Art. – Artigo
Arts. – Artigos
CF – Constituição Federal
CP – Código Penal
CPP – Código de Processo Penal
LEP – Lei de Execução Penal
n. – Número
p. – página
STF – Supremo Tribunal Federal
STJ – Superior Tribunal de Justiça
9
LISTA DE SÍMBOLOS
§ – parágrafo
Caput – Conceito
In Verbis – Expressão em latim que significa “Nestes Termos”.
In Casu – Expressão em latim que significa “No caso”.
Vide – Veja
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 11
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 52
1 INTRODUÇÃO
E continua:
Deste modo, curial ressaltar que a Lei de Execução Penal brasileira (Lei n.
7.210/84) tem como finalidade única reintegrar o condenado ao convívio na
sociedade, conforme determinação dos tribunais superiores. In verbis:
Não obstante, Beccaria (1998, p. 162/163) explica que “para que toda a pena
não seja uma violência de um ou de muitos contra um cidadão particular, deve ser
essencialmente pública, pronta, necessária, a menor possível nas circunstâncias
dadas, proporcional aos delitos, fixadas pelas leis”.
Mister também frisar que a Lei de Execução Penal têm duas finalidades:
primeiro, dar ao apenado condições efetivas para que este adentre ao meio social e,
segundo, que não volte a reincidir no mundo do criminoso. Vale assinalar, que para
que os direitos e garantias previstas na Lei de Execução Penal tenham eficácia, deve
ocorrer uma atuação conjunta e harmônica entre a União, os Estados, os Municípios
e a Comunidade.
No que tange a responsabilidade para executar as penas privativas de
liberdade, o art. 4º da Lei de Execuções Penais afirma que tal competência é
intrínseca ao Estado, devendo este recorrer à colaboração da sociedade, bem como
dar assistência ao preso e ao internado, objetivando prevenir o crime e orientar o
retorno à convivência em sociedade, conforme delineado pelo art. 10º do mesmo
diploma legal.
Na individualização da pena, temos no artigo 5º da LEP que os condenados
serão classificados segundo os seus antecedentes e personalidade, no afã de orientar
a individualização da execução da reprimenda imposta. Registre-se que essa
disposição está de acordo com o previsto no art. 5º, inciso XLVI da CF/88, que dispõe
que a lei regulará a individualização da pena. Segundo entendimento do Supremo
Tribunal Federal:
O art. 11, da LEP, por sua vez, elenca as formas de assistência aos presos,
quais sejam: material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa. Ocorre que a
omissão estatal a respeito desses direitos e garantias legais é constante, cabendo aos
operadores do direito observarem e resguardaram suas aplicações. No ponto, calha
citar algumas jurisprudências:
No art. 41, inciso X, da Lei n. 7.210/84, temos a visita ao preso, que consiste
no direito do detento de receber visita do cônjuge, da companheira, dos parentes e
amigos em determinados dias. Contudo, o aludido benefício pode ser suspenso ou
restringido por um ato motivado do diretor do presídio, conforme parágrafo único do
citado artigo. Confira-se:
Desse modo, como bem ressalta Mirabete (2000, p. 120), “vem ganhando
corpo nas legislações a orientação de se conceder permissão de saída ou visita íntima
como solução do problema sexual das prisões”.
Consta também, conforme explica Nucci (2012, p. 252), que:
3 ESTABELECIMENTOS PENAIS
resultou no massacre de 111 (cento e onze) reclusos em 1992, pela Polícia Militar
local. No que tange ao massacre, Novaes (20131) expõe que:
1NOVAES, Marina. Massacre do Carandiru: “Fiquei com sangue até no meio da canela”. 2013.
Disponível em: <http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/04/massacre-do-carandiru-fiquei-com-
sangue-ate-no-meio-da-canela.html> Acesso em: 28/05/2016.
33
Em que pese a LEP prever inúmeros direitos aos presos, tais como
alimentação suficiente e vestuário, atribuição de trabalho e sua remuneração,
previdência social, constituição de pecúlio, proporcionalidade na distribuição do tempo
para o trabalho, o descanso e a recreação, exercício das atividades profissionais,
intelectuais, artísticas e desportivas, assistência material, à saúde, jurídica,
educacional, social e religiosa, proteção contra qualquer forma de sensacionalismo,
entrevista pessoal e reservada com o advogado, visita do cônjuge, da companheira,
de parentes e amigos em dias determinados, chamamento nominal, igualdade de
tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena, audiência especial
com o diretor do estabelecimento, representação e petição a qualquer autoridade, em
defesa de direito, contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita,
35
São inúmeras as garantias estabelecidas aos reclusos que são atingidas pela
omissão estatal, entre eles, o princípio da dignidade da pessoa humana, que, nas
palavras de Dullius e Hartmann (2016):
Denota-se que o preso tem direito de cumprir sua pena perto de seus
familiares, com assistência médica, odontológica, psicológica, jurídica, além de
receber alimentação e vestes adequadas, entre outros, dos quais o princípio da
humanidade está intrinsicamente revestido, pois a finalidade da execução penal é,
repise-se, ressocializar o indivíduo. Nesse diapasão, cumpre anotar o que apregoa
Ribeiro (2009):
Destarte, há que pontuar que o Estado, em sua omissão, reflete sua visão do
preso como não cidadão à sociedade que, por conseguinte, começa a tratar o ex-
detento como indivíduo que não possui direitos. O resultado, por óbvio, é a ausência
de vagas de trabalho ao ex-presidiário pela discriminação social, o que acarreta na
sua reincidência criminal.
Como bem assevera Benevides (2016), em que pese a previsão legal contida
no mencionado artigo “a superlotação superou os planos originais, para os quais os
presídios foram projetados; em vez de manter um preso por cela, as celas que eram
para ser individuais são normalmente utilizadas para dois ou mais detentos”. A
respeito das celas, vale também destacar o disposto no art. 85 da LEP:
Por óbvio, a estrutura dos estabelecimentos penais não foi projetada para
suportar uma sobrecarga de presos, motivo pela qual os sistemas hidráulicos e
elétricos não funcionam devidamente, conforme apregoa Benevides (2016):
Oportuno trazer à baila que, quando ultrapassado o quinquídio legal que trata
o supratranscrito artigo (art. 64, I, do CP), o magistrado não mais considerará como
reincidência as infrações penais perpetradas pelo agente, mas somente como maus
antecedentes, que recai na primeira fase dosimétrica.
Registre-se, ainda, que o magistrado só pode considerar a reincidência no
momento da dosimetria da pena quando constar na certidão de antecedentes
criminais do agente a data da prolação da sentença condenatória e o dia do seu
trânsito em julgado.
Vale assinalar que o STJ não precisa homologar a sentença penal
condenatória julgada no exterior para que produza algum efeito penal no sistema
processual brasileiro, bastando apenas, para tanto, prova do trânsito em julgado para
que seja considerada como agravante. No ponto, acrescenta Masson (2014, p.
686/687) que a reincidência criminal produz outros efeitos além de agravar a pena do
agente, quais sejam:
Por fim, convém mencionar que, no que tange à condenação por pena de
multa, não há que se falar em reincidência ou impossibilidade de concessão de sursis
ao agente (art. 77, § 1º, do CP).
Nessa toada, Neto (2013) assevera que o cárcere cria um abismo entre os
presos e o mundo exterior, “o embrutecimento, a revolta com o tratamento injusto e
desumano, as péssimas condições suportadas, transformam a prisão numa escola
para novos crimes, o que justifica o elevado índice de reincidência existente”.
Igualmente é o que dispõe Miotto (1985), ao afirmar que:
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS:
BECCARIA, Cesare. Dos Delitos e das Penas. 2. ed. São Paulo: Ícone, 1998.
MASSON, Cleber. Direito Penal Esquematizado – Parte geral – vol. 1– 8.ª ed. rev.,
atual. e ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2014.
MIRABETE, Júlio Fabbrini. Execução Penal. 9. ed. Revista e atualizada até dezembro
de 1999. São Paulo: Atlas, 2000.
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=10665>
Acesso em 29/03/2016.
SALLA. Fernando. As Prisões em São Paulo 1822-1940. São Paulo: Anablue, 2002.
SILVA, Mozart Linhares da. Do Império da Lei às Grades da Cidade. Porto Alegre:
Edipucrs, 1997.