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DELEGADO
DE POLÍCIA
em ação
Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
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ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
O texto do livro fazia referência à ADI nº 6201, mas ela foi extinta sem
julgamento do mérito em março de 2021. Trecho excluído do livro:
“Cita-se, ainda, o RE 720617, no qual o STF, ao fazer referência a ADI
36141, entendeu que a atribuição de polícia judiciária compete à Polícia Civil,
devendo o Termo Circunstanciado ser por ela lavrado, sob pena de usurpação
de função pela Polícia Militar. Observe que o tema da lavratura do Termo
Circunstanciado pela Polícia Militar está novamente em debate no STF, uma
vez que está em trâmite a ADI 6201.”
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(...)
Diante de tudo o que foi exposto, a Autoridade Policial, no curso de uma
investigação criminal, deve ter as seguintes posturas:
• Entender que a nulidade prevista pela lei se impõe em virtude do cercea-
mento de uma prerrogativa do defensor e não em decorrência da simples
ausência do advogado no interrogatório. Nesse sentido, o STJ7 decidiu
que “não é necessária a presença de advogado durante o interrogatório
policial”, valendo citar algumas exceções para tal entendimento: (a) in-
terrogatório não poderá ocorrer se a pessoa optou por ser assistida por
advogado ou defensor público, sendo que, no ato, não consta a presença
de seu patrono (art. 15, parágrafo único, II, da Lei n° 13.869/19; (b) o
interrogatório não poderá ocorrer se a polícia impedir, sem justa causa,
a entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado, nos ter-
mos do art. 20 da Lei n° 13.869/19, e (c) se o advogado do investigado
comparecer ao seu interrogatório não há razão lógica para proibir o
acompanhamento do ato, de modo que terá a presença do advogado.8
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9. HC 418.244/SP, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 25/06/2019.
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O entendimento acima se aplica aos crimes contra a propriedade imaterial de ação penal privada. Logo,
atente-se para a natureza da ação penal desses crimes.
a) Crimes do Código Penal (art. 186 do CP):
• art. 184, caput, do CP: ação penal privada.
• art. 184, §§ 1º e 2º, do CP (ex.: venda de DVD pirata): ação pública incondicionada.
• art. 184, § 3º, do CP: ação penal pública condicionada.
• em qualquer uma das figuras do art. 184, do CP, se o crime for cometido em desfavor de entidades
de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída
pelo Poder Público, a ação será pública incondicionada.
b) Crimes da Lei nº 9.279/96: em regra, ação penal privada, salvo o art. 191 que é ação penal pública
incondicionada.
10. REsp 1.762.142/MG, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, 6ª Turma, julgado em 13/04/2021.
11. HC 607.003-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 24/11/2020. HC 191464 AgR, Rel.
Roberto Barroso, julgado em 11/11/2020.
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12. AgRg no HC 664.916/SP, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 22/06/2021. HC
648.232/SP, Rel. Ministro OLINDO MENEZES (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TRF 1ª REGIÃO), SEXTA
TURMA, julgado em 18/5/2021.
13. HC 591.920/RJ, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 22/06/2021. HC 652.284/SC,
Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 27/4/2021.
14. HC 591.920/RJ, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado em 22/06/2021.
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(...)
É por isso que se mostra relevante a observância dos direitos constitucio-
nais do investigado em relação aos fatos por ele narrados, cenário que não se
restringe ao interrogatório formal na Delegacia de Polícia. O STF, no RHC
170843 AgR,15 rejeitou uma condenação baseada exclusivamente em decla-
rações informais prestadas a policiais (civis ou militares) no momento da
prisão em flagrante. Observe que, desde a prisão em flagrante, os direitos
constitucionais do investigado devem ser preservados. Mesmo no citado
momento, a falta da advertência ao direito ao silêncio torna ilícita a prova.
Isso porque o privilégio contra a auto-incriminação (nemo tenetur se detege-
re), erigido em garantia fundamental pela Constituição, importou compelir o
inquiridor, na polícia ou em juízo, ao dever de advertir o interrogado acerca
da possibilidade de permanecer calado. Nas palavras do Tribunal, “qualquer
suposta confissão firmada, no momento da abordagem, sem observação ao
direito ao silêncio, é inteiramente imprestável para fins de condenação e,
ainda, invalida demais provas obtidas através de tal interrogatório”.
E, assim, o direito ao silencio se apresenta como pedra de toque do siste-
ma constitucional criminal. Tamanha relevância se verifica, inclusive, na nova
lei de abuso de autoridade, ao prescrever como crime, nos termos do art. 15,
parágrafo único, da Lei n° 13.869/19, a conduta de o Delegado de Polícia pros-
seguir com o interrogatório quando o investigado ou indiciado decide exercer
o seu direito ao silêncio.
O dever de o Estado dar conhecimento dos direitos do investigado ou do
indiciado é também conhecido... (continua no livro)
15. RHC 170843 AgR/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgamento em 4.5.2021.
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16. HC 118.860/SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 02/12/2010.
17. AI 560223 AgR, Relator(a): Min. Joaquim Barbosa, Segunda Turma, julgado em 12/04/2011. No mesmo
sentido, REsp 1113734/SP, Rel. Ministro Og Fernandes, Sexta Turma, julgado em 28/09/2010.
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18. HC 84203, Relator(a): Min. Celso de Mello, Segunda Turma, julgado em 19/10/2004.
19. “A espécie – gravação de conversa pessoal entre indiciados presos e autoridades policiais, que os primeiros
desconheceriam – não se poderia opor o princípio do sigilo das comunicações telefônicas – base dos
precedentes recordados – mas, em tese, o direito ao silêncio (CF, artigo 5., LXIII), corolário do princípio
"nemo tenetur se detegere", o qual entretanto, não aproveita a terceiros, objeto da delação de corréus;
acresce que, no caso, à luz da prova, a sentença concluiu que os indiciados estavam cientes da gravação
e afastou a hipótese de coação psicológica” (HC 69818, Relator(a): Min. Sepúlveda Pertence, Primeira
Turma, julgado em 03/11/1992, DJ 27-11-1992).
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20. HC 80949, Relator(a): Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Primeira Turma, julgado em 30/10/2001.
21. NUCCI, 2012, p. 369.
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Observe que, até 2019, o tema possuía uma lacuna no direito brasileiro,
sem tratamento legal específico, cenário que foi alterado em razão da inserção
do art. 158-A e seguintes ao Código de Processo Penal pela Lei nº 13.964/19.
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Esse marco legislativo possui relevância, pois, de acordo com o STJ,22 “não é
possível se falar em quebra da cadeia de custódia, por inobservância de dis-
positivos legais que não existiam à época”.
22. RHC 141.981/RR, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 23/03/2021.
23. HC 653.515, Rel. Ministro Rogerio Schietti, julgado em 26/11/2021.
24. ADI 4911, Relator(a): EDSON FACHIN, Relator(a) p/ Acórdão: ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno,
julgado em 23/11/2020.
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Art. 9º-A. O condenado por crime doloso praticado com violência grave
contra a pessoa, bem como por crime contra a vida, contra a liberdade
sexual ou por crime sexual contra vulnerável, será submetido, obriga-
toriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de
DNA (ácido desoxirribonucleico), por técnica adequada e indolor, por
ocasião do ingresso no estabelecimento prisional. (Redação dada pela Lei
nº 13.964, de 2019)
§ 1o A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados
sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo. (In-
cluído pela Lei nº 12.654, de 2012)
§ 1º-A. A regulamentação deverá fazer constar garantias mínimas de proteção
de dados genéticos, observando as melhores práticas da genética forense.
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz
competente, no caso de inquérito instaurado, o acesso ao banco de dados
de identificação de perfil genético.
§ 3º Deve ser viabilizado ao titular de dados genéticos o acesso aos seus
dados constantes nos bancos de perfis genéticos, bem como a todos os
documentos da cadeia de custódia que gerou esse dado, de maneira que
possa ser contraditado pela defesa. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 4º O condenado pelos crimes previstos no caput deste artigo que não tiver
sido submetido à identificação do perfil genético por ocasião do ingresso no
estabelecimento prisional deverá ser submetido ao procedimento durante o
cumprimento da pena. (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
§ 5º A amostra biológica coletada só poderá ser utilizada para o único e
exclusivo fim de permitir a identificação pelo perfil genético, não estando
autorizadas as práticas de fenotipagem genética ou de busca familiar.25
(Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
25. Em razão da proibição da fenotipagem genética, “as informações genéticas contidas nos bancos de da-
dos de perfis genéticos não poderão revelar traços somáticos ou comportamentais das pessoas, exceto
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Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, dolo- Art. 9º-A. O condenado por crime doloso pra-
samente, com violência de natureza grave contra ticado com violência grave contra a pessoa,
pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos bem como por crime contra a vida, contra a
no art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, liberdade sexual ou por crime sexual contra
serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação vulnerável, será submetido, obrigatoriamente, à
do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido identificação do perfil genético, mediante extração
desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. de DNA (ácido desoxirribonucleico), por técnica
(Incluído pela Lei nº 12.654, de 2012) adequada e indolor, por ocasião do ingresso no
estabelecimento prisional. (Redação dada pela
Lei nº 13.964, de 2019)
CRIMES CRIMES
a) crimes dolosos com violência de natureza grave a) crimes dolosos com violência de natureza grave
contra pessoa; e contra pessoa;
b) crimes hediondos do art. 1º da Lei nº 8072/90. b) crimes contra vida (art. 121 a 126 do CP);
c) crimes contra a liberdade sexual (art. 213 a
216-A do CP); e
d) crimes sexuais contra vulnerável (art. 217-A a
128-C do CP).
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Por outro lado, em relação aos foros por prerrogativa dos demais Tri-
bunais, as duas turmas do STJ seguem linha distinta do STF. O STJ faz uma
interpretação restritiva do entendimento acima apresentado, no sentido de
que o posicionamento do STF sobre o tema se aplica somente ao respectivo
Tribunal, uma vez que a extensão do foro por prerrogativa de função à etapa
investigativa decorre exclusivamente de determinação presente no Regimento
Interno do STF.27 Nessa linha, para o STJ, o Delegado de Polícia pode inves-
tigar e indiciar pessoas com foro por prerrogativa de função sem ingerência
do respectivo Tribunal; a única ressalva seria eventual medida cautelar que
deve ser encaminhada ao Tribunal de foro para análise da representação.
Segue o entendimento da 5ª Turma do STJ:28
1. No que concerne às investigações relativas a pessoas com foro por
prerrogativa de função, tem-se que, embora possuam a prerrogativa
26. Inq 4828, decisão interlocutória de junho de 2021, Rel. Ministro Alexandre de Moraes.
27. HC 177992 AgR, Relator(a): ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 23/08/2021.
28. RHC 79.910/MA, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 26/03/2019.
No mesmo sentido, julgado analisando de forma mais específica o ato de indiciamento: AgRg no HC
404.228/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 01/03/2018. No mesmo sentido, a 6ª
Turma do STJ: AgRg no AREsp 1541633/PR, Rel. Ministro ANTONIO SALDANHA PALHEIRO, SEXTA TURMA,
julgado em 06/10/2020.
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29. HC 177992 AgR, Relator(a): ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 23/08/2021.
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4. Crime ocorrido após o fim Investigação e indiciamento pelo Delegado sem autorização do Tribunal.
do mandato Medidas cautelares em 1ª instância.
30. AgRg no HC 404.228/RJ, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 01/03/2018.
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31. HC 94278, Relator(a): Min. Menezes Direito, Tribunal Pleno, julgado em 25/09/2008.
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Crime sem pertinência temática cometido por magis- A investigação será presidida por magistrado
trado que atua em 1º grau de 1º grau (não se aplica a regra do foro por
prerrogativa da Constituição Federal)
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34. CC 177.100/CE, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 08/09/2021.
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35. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019.
36. PET 9189, rel. para acórdão Edson fachin, julgado em 14/05/2021.
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O tema foi inserido no art. 14-A do CPP pela Lei n° 13.964/19. Nos casos
em que servidores vinculados às instituições dispostas no art. 144 da Consti-
tuição Federal figurarem como investigados em inquéritos policiais, inquéritos
policiais militares e demais procedimentos extrajudiciais, cujo objeto for a
37. Inq 4435 AgR-quarto/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 13 e 14/3/2019. No mesmo sentido, QO na
APn 874-DF, Rel. Min. Nancy Andrighi, Corte Especial, por maioria, julgado em 15/05/2019
38. RE 1185838/SP, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 14.5.2019.
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39. Aqui vale uma observação. A “obrigatoriedade de o investigado ser notificado da investigação” é uma
novidade como previsão legal. Contudo, em vários trechos deste livro, defendemos que isso já seria
uma obrigação imposta ao Delegado de Polícia em razão do sistema constitucional vigente para todas
as investigações criminais.
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40. Nesse sentido, Renato Brasileiro (Rejeição de vetos ao pacote anticrime, 2021, p. 21).
41. Termos do veto: “A propositura legislativa, ao prever que os agentes investigados em inquéritos policiais
por fatos relacionados ao uso da força letal praticados no exercício profissional serão defendidos priori-
tariamente pela Defensoria Pública e, nos locais em que ela não tiver instalada, a União ou a Unidade da
Federação correspondente deverá disponibilizar profissional, viola o disposto no art. 5º, inciso LXXIV,
combinado com o art. 134, bem como os arts. 132 e 132, todos da Constituição da República, que
confere à Advocacia-Geral da União e às Procuradorias dos Estados e do Distrito Federal, também
função essencial à Justiça, a representação judicial das respectivas unidades federadas, e destas
competências constitucionais deriva a competência de representar judicialmente seus agentes
públicos, em consonância com a jurisprudência do Supremo Tribunal (v.g., ADI 3.022, Rel. Min.
Joaquim Barbosa, j. 02/08/2004, DJ 04/03/2005.”
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Não obstante a novel previsão dos arts. 282,§ 2º e 311, ambos do CPP, o
Min. Marco Aurélio, da Primeira Turma do STF, decidiu, no HC 194.219, que
o vício decorrente da conversão, de ofício, da prisão em flagrante em preven-
tiva, fica suplantado se houver manifestação do Ministério Público antes da
decisão por meio da qual se decide manter a referida prisão preventiva. Tal
qual o entendimento do STJ, antes citado, este recente entendimento do STF
também nos parece equivocado, pelas razões já expostas.
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a segunda parte do art. 312 do CPP, também inserido pelo pacote anticrime,
que é o periculum libertatis, ou seja, com o perigo que a liberdade do imputado
pode gerar para a persecução penal.
Segundo a Min. Rosa Weber, em recente decisão na qual analisava a
necessidade ou não da manutenção de uma prisão preventiva, asseriu que “a
contemporaneidade diz respeito aos motivos ensejadores da prisão preventiva
e não ao momento da prática supostamente criminosa em si, ou seja, é desim-
portante que o fato ilícito tenha sido praticado há lapso temporal longínquo,
sendo necessária, no entanto, a efetiva demonstração de que, mesmo com o
transcurso de tal período, continuam presentes os requisitos (i) do risco à
ordem pública ou (ii) à ordem econômica, (iii) da conveniência da instrução
ou, ainda, (iv) da necessidade de assegurar a aplicação da lei penal [...] (Agravo
Regimental no HC 192.519-BA). É importante destacar que existem precedentes
do plenário do STF e do STJ no mesmo sentido.
Contudo, de acordo com o STJ, a contemporaneidade não deve ser requi-
sito das medidas cautelares reais, a exemplo da busca e apreensão. Com efeito,
a 5ª Turma do STJ entendeu, ao julgar o HC 624.608, que a busca e apreensão
possui requisitos próprios das provas, conforme disciplinado no Título VII
do CPP, entre os quais, não se encontra a contemporaneidade. Além disso, no
que tange à manutenção de vestígios, o passar do tempo sempre beneficiará o
investigado, valendo aqui o adágio “tempo que passa é verdade que foge”. Desse
modo, para o STJ, não faz sentido exigir-se a contemporaneidade à busca e
apreensão, sob pena de incremento injustificado da impunidade.
Art. 312 § 2º A decisão que decretar a prisão preventiva deve ser motivada e
fundamentada em receio de perigo e existência concreta de fatos novos ou
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42. HC 118.860/SP, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, julgado em 02/12/2010.
43. Art. 8º-A, § 2º. A instalação do dispositivo de captação ambiental poderá ser realizada, quando necessária,
por meio de operação policial disfarçada ou no período noturno, exceto na casa, nos termos do inciso
XI do caput do art. 5º da Constituição Federal.
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44. REsp 1.806.792-SP, Rel. Min. Laurita Vaz, Sexta Turma, por unanimidade, julgado em 11/05/2021.
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Nos casos em que o acesso direto pelo Delegado de Polícia se mostrar ilegal
e demandar uma autorização judicial, deve-se considerar que muitas dessas
redes sociais (v.g. whatsapp) são protegidas por criptografia ponta a ponta. Nas
palavras do Ministro Ribeiro Dantas, Relator do RMS 6053145:
45. RMS 60.531/RO, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, Rel. p/ Acórdão Ministro RIBEIRO DANTAS, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 09/12/2020.
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uma chave pública e uma chave privada. As chaves públicas estão disponíveis
para as ambas as partes e para qualquer outra pessoa, na verdade, porque
todos compartilham suas chaves públicas antes da comunicação. Cada pes-
soa possui um par de chaves, que são complementares. [...] O conteúdo só
poderá ser descriptografado usando essa chave pública (...) junto à chave
privada (...). Essa chave privada é o único elemento que torna impossível
para qualquer outro agente descriptografar a mensagem, já que ela não
precisa ser compartilhada.
46. RMS 60.531/RO, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, Rel. p/ Acórdão Ministro RIBEIRO DANTAS, TERCEIRA SEÇÃO,
julgado em 09/12/2020.
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47. HC 546.830/PR, Rel. Ministra LAURITA VAZ, SEXTA TURMA, julgado em 09/03/2021.
48. AGRG no RHC 154529, 19/10/2021.
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deve ser reconhecida como válida a prova produzida com o acesso à agenda
telefônica do recorrido, com o restabelecimento da sentença condenatória,
determinando-se que a Corte a quo continue a apreciar a apelação.49
49. REsp 1782386/RJ, Rel. Ministro JOEL ILAN PACIORNIK, QUINTA TURMA, julgado em 15/12/2020.
50. STJ - RHC: 99735 SC 2018/0153349-8, Relator: Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento: 27/11/2018.
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Observe que essa decisão determinou, com eficácia erga omnes, que as
polícias do país gravem em vídeo a permissão dos moradores todas as vezes
que precisarem invadir uma residência sem ordem judicial e fora das hipóteses
legalmente previstas. Via de consequência, houve a imposição de um ônus ao
Poder Executivo, com um custo financeiro para o Estado, em razão da neces-
sidade de aparelhar as polícias e fazer a aquisição de câmeras para gravação.
Essa decisão chegou ao STF (RE 1.342.077, Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 2/12/2021) e, para o Ministro Alexandre de Moraes, a decisão do
STJ foi equivocada por 2 motivos:
• A natureza do Habeas Corpus não permite sua utilização de forma
abrangente e totalmente genérica para que alcance indiscriminado a
todos os processos; e
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56. RMS 57.740-PE, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, Quinta Turma, por unanimidade, julgado em
23/03/2021.
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ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
57. HC 91610, Relator(a): Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgado em 8/6/2010.
58. RCL 43479, Relator(a): Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, julgado em 10/08/2021.
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5.3.5.
A busca e apreensão domiciliar e a descoberta de outros elementos
probatórios
O tema do encontro fortuito de provas (serendipidade) foi trabalhado no
capítulo do inquérito policial, ao qual remetemos o leitor. De qualquer modo,
seguem algumas ponderações sobre o tema.
Os Tribunais Superiores possuem jurisprudência acerca da impossibilidade
de indicação, pelo Delegado de Polícia, de todos os bens passíveis de apreen-
são no local do crime, a fim de conferir à autoridade policial certa margem
de discricionariedade.59 Tanto que o art. 243 do CPP disciplina os requisitos
do mandado de busca e apreensão, dentre os quais não se encontra o detalha-
mento do que pode ou não ser arrecadado.60 Por isso, de acordo com o STJ,61
suficiente à delimitação da busca e apreensão é a determinação de que deve-
riam ser apreendidos os materiais que pudessem guardar relação estrita com
aqueles fatos, sem que o Delegado de Polícia tenha que se ater tal delimitação,
haja vista a possibilidade de encontrar durante a diligência outros itens ilícitos.
Mesmo que se trate de um documento sigiloso, não existe exigência legal de
que o mandado de busca e apreensão detalhe que será apreendido esse tipo
de documento.62
Nessa linha, o instituto da serendipidade tem peculiar incidência nas
buscas e apreensões.
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ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
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ATUALIZAÇÃO | Delegado de Polícia em Ação: Teoria e Prática no Estado Democrático de Direito
- disposição geral sem - disposição com inúmeras - somente para infiltração - disposição geral sem
regra específica regras (a mais completa na internet regra específica
do direito brasileiro) - prazo de 90 dias renová-
- prazo de 6 meses re- vel até 720 dias
novável - p rocedimento subsi-
- procedimento subsidiário diário
64. STJ. 6ª Turma. HC 512.290-RJ, Rel. Min. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 18/08/2020.
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