O Acompanhamento Familiar Nos Creas
O Acompanhamento Familiar Nos Creas
O Acompanhamento Familiar Nos Creas
Abstract: The work aims to problematize the implementation of Family Support and the meanings that
permeate the activity in CREAS. From the field research, we examine the different conceptions of the
family group, expectations regarding their role in society and the place of social assistance in offering
protection to families, both in policy design and in the service offered.
Keywords: Family. Social assistance. Social policy. Social Service. Family Support.
1. INTRODUÇÃO
1
Profissional de Serviço Social, Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, E-mail: [email protected].
2
A pesquisa de dissertação de mestrado foi submetida e aprovada pela Comissão de Ética em
Pesquisa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), assim como autorizada pela
Secretaria Municipal de Assistência Social do Rio de Janeiro.
3
Resolução CNAS nº 33 de 12 de dezembro de 2012, que aprova a Norma Operacional Básica do
Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS).
2
O trabalho social com famílias não se dá de forma neutra ou puramente técnica, mas
envolve também aspectos teóricos, éticos, políticos e culturais. Assim, analisaremos
importantes elementos transversais à intervenção no acompanhamento familiar: as
diferentes concepções do grupo familiar, as expectativas em relação à sua função na
sociedade e os objetivos do trabalho social com famílias. Buscaram-se aproximações do
que se desenhou na política de assistência social com os discursos dos(as) profissionais
entrevistados e os conteúdos dos Prontuários SUAS analisados, assim como relacioná-las
com algumas importantes contribuições do Serviço Social e da Antropologia acerca do tema.
Conforme expõe o documento “Acompanhamento familiar na política de assistência
social” -– metodologia desenvolvida pelo Conselho Estadual de Assistência Social do
Estado do Rio de Janeiro e publicada em 2012 – as legislações e normativas da política de
Assistência Social estabelecem diretrizes e regras gerais e cabe à gestão municipal e
equipes técnicas estudarem as bases sobre as quais a política será operacionalizada,
respeitados os princípios estabelecidos. Assim, o documento problematiza a importância de
ter clareza do referencial teórico-metodológico desejado e propõe para o Rio de Janeiro a
abordagem metodológica dialógico-reflexiva, horizontalizada e participativa, referenciada no
pensamento do educador Paulo Freire.
Sarti (2004) trabalha com a noção de família enquanto um conceito “nativo”. Sem
uma definição a priori, o sentido de família é atribuído por ela própria e é tido como um
ponto de vista de um indivíduo que ressignifica o que ouviu, viu e sentiu ao longo de sua
história sobre a família. Desse modo, Sarti (2004) procura obter o significado de família
imerso na dimensão cultural e simbólica, dado que essa é inerente à realidade humana.
Para Sarti (2004), não é possível lidar com as famílias como um conjunto de
indivíduos, devendo ser encaradas como um conjunto emaranhado de relações. Segundo a
autora, os lugares ocupados pelos indivíduos dentro da família são distintos e suas relações
assimétricas, por exemplo, quando demandam autoridade, como ocorre entre adultos e
crianças.
De forma complementar, Garcia aponta que os grupos familiares se constituem
ambientes conflitivos e permeados por assimetrias de poder e lógicas violentas. Assim, “os
conflitos não podem ser suprimidos em função do trabalho realizado, mas podem e devem
ser equacionados em formas mais democráticas e controladas de exercício do poder
intrafamiliar” (2011, p. 77). Embora a violência não seja criada em espaços sociais
específicos, alguns têm maior propensão à sua disseminação em função de maiores
desigualdades de poder, como é o caso dos ambientes domésticos – em que mulheres,
crianças e idosos são mais frequentemente afetados por atos violentos (GARCIA, 2011).
Segundo Sarti, o conflito é intrínseco à família e é preciso que haja canais de expressão:
[...] o trabalho com famílias pode se dar no sentido de pensar os limites do que é ou
não negociável nas relações familiares, a partir da indagação sobre o que constitui
conflito para a própria família e não como uma definição externa (2004, p. 24).
4
Teleconferência do MDS que discutiu o trabalho social com famílias no SUAS, publicada em
06/10/2015 pela TV NBR. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=tWFpHIIQdiA>.
Acesso em: 13/01/2016.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
SARTI, C. A. A Família como ordem simbólica. Psicologia USP, São Paulo, v. 15, n.
3, p. 11-28, 2004.