Manual de Horticultura Orgânica Jacimar
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APRESENTAÇÃO............................................................................................................................... 15
2.1. CONCEITOS
2.2. OBJETIVOS DA AGRICULTURA ORGÂNICA
2.3. AS ESCOLAS DA LINHA AGROECOLÓGICA
2.4. PRINCÍPIOS GERAIS DA AGRICULTURA ORGÂNICA
2.4.1. A “construção” do agroecossistema produtivo e a conversão
2.4.2. Diversificação e equilíbrio ecológico
2.4.3. Teoria da trofobiose
2.4.4. Reciclagem de matéria orgânica
CONSIDERAÇÕES GERAIS
Bibliografia: p. 482-494
ISBN: 85-88216-38-8
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
APRESENTAÇÃO
A nova tendência mundial de preservação ambiental precisa urgentemente ser levada a sério
por todos. Estamos ficando a reboque dessa tendência irreversível, onde a agricultura se
apresenta como um dos alicerces mais importantes.
Há muitos anos se sabe que, através do atual modelo agrícola de base agroquímica (adubos
químicos e agrotóxicos) em uso no Brasil e no mundo inteiro, se produz e se consome
alimentos contaminados. Estamos assistindo a esse filme interminável há mais de trinta
anos, enquanto doses cumulativas de compostos químicos, que causam diversos problemas
de saúde, especialmente na terceira idade (câncer, distúrbios neurológicos, alergias em
geral, fibrose pulmonar, etc...) se elevam em nosso corpo dia após dia.
Por diversas vezes, o problema dos produtos agrícolas contaminados por resíduos de
agrotóxicos vem à tona na grande mídia e, poucos dias após, cai no esquecimento. Um
agravante é que, os diversos responsáveis por políticas públicas, que apresentam relação
direta ou indireta com esse problema, não tem dado o devido valor a esse fato vital, através
da efetiva demonstração de ações integradas para contornar o problema.
Diversas pessoas ainda sustentam a idéia de que não se produz sem os adubos químicos e
os agrotóxicos. Sabemos bem que isso é uma falácia, pois a agricultura orgânica é hoje uma
alternativa segura para a produção de alimentos saudáveis, apresentando-se plenamente
viável técnica, econômica e ambientalmente, fato este comprovado pelas diversas
experiências acumuladas nos últimos anos.
A agricultura orgânica passou por uma fase, no Brasil e no mundo, em que foi deixada no
esquecimento por todos, redundando num atraso tecnológico lamentável. Os poucos
programas de pesquisa em agricultura orgânica em Empresas oficiais de governo,
juntamente com os diversos trabalhos realizados por ONG’s e alguns conscientes
agricultores, tem sido auxiliares importantes para a promoção da agricultura orgânica em
todo o país.
Diante deste quadro, a presente obra pretende, além de apresentar as questões conceituais
e as técnicas de produção, oferecer uma resposta definitiva para algumas inverdades que
têm sido ditas por aí, tais como:
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
2o - “A agricultura orgânica é uma atividade cara”;
O que precisa ser feito? Bons projetos governamentais de incentivo, promoção e subsídio a
agricultores interessados em se integrar no processo de conversão para um modelo de
produção agrícola sustentável e não agressor ao meio ambiente, além da sustentação de
bons projetos técnicos de pesquisa, validação e difusão de tecnologias em produção
orgânica de alimentos.
O autor
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Capítulo 1
OS MOTIVOS, AS CAUSAS E OS INCENTIVOS
PARA A BUSCA DA SUSTENTABILIDADE
AGRÍCOLA
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Degradação dos recursos naturais, pela poluição através dos agrotóxicos e fertilizantes,
com efeitos maléficos em plantas, animais, rios, solo.
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Nº
450
432
400
350
300 300
250
200 185
170
150
140
100
100
50 45
20
5 10 18
0
A-1930 A-1940 A-1950 A-1960 A-1970 A-1980
Trabalho
hum ano
90%
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Eletricidade
Secagem 1,1%
17,1%
Transporte
Gasolina, óleo,
0,6%
GLP
Maquinaria Trabalho 21,0%
11,8% humano
0,1%
100%
90%
80% Comércio
70%
60%
50%
40% Produtor
30%
20%
10% Custo de produção
0%
10
20
30
40
50
60
70
80
90
9
9
A-1
A-1
A-1
A-1
A-1
A-1
A-1
A-1
A-1
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A Organização Mundial da Saúde – OMS, estima que 70% das intoxicações agudas por
exposição ocupacional são causadas por compostos organofosforados e considera, ainda,
que a colinesterase pode ser utilizada como um indicador de exposição, pois há uma boa
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Em resultados obtidos nos exames de colinesterase (Tabela 2), observou-se que 19,4% dos
examinados apresentou alteração laboratorial indicativa da exposição excessiva a
agrotóxicos inibidores de colinesterase (organofosforados e carbamatos). Outros trabalhos
realizados em alguns países latino-americanos encontraram resultados que variaram de 3 a
18% dos trabalhadores com atividade reduzida de colinesterase. Trabalhos feitos na Ásia
indicam de 24 a 30% dos usuários de agrotóxicos com inibições excessivas (GARCIA, 1996).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Para ilustrar os riscos e os malefícios dos agrotóxicos para a saúde humana, verifique
algumas complicações no organismo em virtude de doses exageradas dos resíduos desses
compostos químicos identificados nestas análises citadas anteriormente:
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GARCIA (1996) cita que Pimentel e colaboradores fizeram uma avaliação detalhada dos
impactos econômicos e ambientais decorrentes do uso de agrotóxicos nos EUA. Com base
nos dados disponíveis, estimaram que o custo desses impactos seria da ordem de 8 bilhões
de dólares anuais naquele país, conforme a Tabela 5.
IMPACTOS CUSTO
(Milhões de dólares)
Impacto na saúde pública 787
Mortes e contaminações de animais domésticos 30
Perdas de inimigos naturais 520
Custos da resistência aos agrotóxicos 1400
Perdas de mel e polinização 320
Perdas nas culturas 942
Perdas na pesca 24
Perdas de aves 2100
Contaminações de águas subterrâneas 1800
Regulamentação governamental para prevenir danos 200
TOTAL 8123
Fonte: Pimentel, 1993.
Ademais, os autores consideram que esses custos são subestimados pois, não
incluem todos os tipos de custos indiretos como, por exemplo, eventos acidentais de
contaminação de pessoas e do meio ambiente, a poluição do solo e custos mais realistas
dos efeitos na saúde humana.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Cientistas americanos lançaram recentemente um livro que pode ser considerado uma
grande contribuição para a humanidade, chamado “O futuro roubado”, de autoria da Drª Theo
Colborn e colaboradores. Neste livro está destacado os efeitos dos agrotóxicos e outras
substâncias químicas sobre a vida animal, seus acúmulos na cadeia alimentar e o
comprometimento da saúde e reprodução da espécie humana.
“O Futuro Roubado” oferece uma descrição realista sobre a pesquisa científica emergente
que investiga de que maneira uma ampla variedade de agentes químicos sintéticos alteram
delicados sistemas hormonais. Sistemas estes que tem um papel fundamental, desde o
desenvolvimento sexual humano até a formação do comportamento da inteligência e o
funcionamento do sistema imunológico. Estudos com animais e seres humanos relacionam
os agentes químicos a inúmeros problemas, como a infertilidade e deformações genitais;
cânceres desencadeados por hormônios, como o câncer de mama e de próstata; desordens
neurológicas em crianças, como hiperatividade e déficit de atenção; e problemas de
desenvolvimento e reprodução em animais silvestres (COLBORN et al., 1997).
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Outra informação que interessa a todos nós, enquanto consumidores de alimentos, foi
publicada na Revista ÉPOCA, de 16 de novembro de 1998, referenciando-se a uma pesquisa
realizada pelo instituto Gallup em novembro e dezembro de 1996, com donas de casa da
zona sudoeste de São Paulo, onde se confirma que, mesmo no Brasil, considerado um país
do terceiro mundo, a consciência do consumidor já é muito expressiva (Tabela 10).
Tabela 10: Pesquisa de opinião com donas de casa, quanto aos produtos
contaminados com resíduos de agrotóxicos. São Paulo, 1996.
Opiniões %
TOTAL 100
Mesmo reconhecendo que, nos últimos anos, se constata uma crescente sensibilização por
parte dos consumidores acerca das consequências de suas decisões de compra sobre o
meio ambiente em geral, e sobre sua saúde, existem alguns fatores que provocam entraves
à uma expansão mais rápida da agricultura orgânica.
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A essência dos alimentos está em seus nutrientes e dois aspectos importantes devem ser
considerados:
1) o objetivo do alimento orgânico é a ausência de agentes químicos nocivos ao organismo;
2) o objetivo é a produção de plantas saudáveis, o que beneficia a qualidade e quantidade
dos nutrientes nelas contidos.
Reportando sobre o assunto, HIGASHI (2002) cita um trabalho científico de grande valia
(publicado pelo Dr. Bob Smith, no Journal Of Applied Nutrition, pág. 35 a 45, de 1993), onde
foram comparados os teores de macro e microminerais e metais pesados no trigo, milho,
batata, maçã e pêra, oriundos da agricultura convencional, em comparação com a produção
orgânica. Os dados indicaram haver maiores teores de vários minerais nos alimentos
orgânicos, em todas as análises individuais por produto. Na média geral para todos os
produtos(Tabela 11), os orgânicos revelaram maiores teores de minerais e menores teores
de metais pesados.
Tabela 11: Análise média do teor de minerais em trigo, milho, batata, maçã e pêra,
oriundos de sistemas Orgânicos vs. Convencionais.
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AZEVEDO (2002), informa que estudos feitos por SCHARPF & ALBERT, em 1976, citados
por BONILLA (1992), mostram como a adubação química nitrogenada, usada na agricultura
convencional, altera negativamente o valor nutricional dos alimentos vegetais. No espinafre,
constatou-se diminuição de potássio (de 0,8% para 0,5%) e aumento de sódio e nitratos.
Ademais, o teor de matéria seca decresceu de 6,8% para 5,5%, quando recebeu adubação
nitrogenada sintética de 120 Kg/ha (é por este motivo que se diz: 100 gramas de alimento
orgânico ‘in natura’ é mais que 100 gramas de alimento convencional).
O mesmo estudo verificou ainda que ocorre diminuição acentuada no teor de vitamina C,
quando se utiliza adubos nitrogenados sisntéticos. Em 100 gramas de matéria seca dos
produtos analisados, constatou-se uma redução de 8,5 mg para 7,5 mg na cenoura; de 40
mg para 25 mg em espinafre e de 6,0 mg para 3,5 mg em maçãs. Na batata verificou-se que
se obtém o máximo de aminoácidos essenciais com menos de 60 Kg/ha de nitrogênio. A
partir de 70 a 80 Kg ocorre queda muito rápida do teor desses aminoácidos. Resultados
similares foram observados em milho, ocorrendo redução de lisina, metionina, teonina e
triptofano.
Primeira: não se pode confundir alimentos orgânicos com alimentos naturais que são
vendidos em lojas especializadas. Para se caracterizar um produto como orgânico, significa
que durante todo o processo produtivo se empregou técnicas e métodos não agressivos ao
meio ambiente. Por outro lado, “produtos naturais” se referem muito mais a “produtos
integrais”, não identificando a maneira como foi produzido, sendo quase sempre oriundos de
sistemas agroquímicos de produção.
Segunda: Alimentos orgânicos não se referem apenas a alimentos sem agrotóxicos. Além de
não conter esses agentes químicos, para se produzir alimentos orgânicos, também não se
utiliza adubos químicos e diversos outros produtos que possam deixar resíduos nos
alimentos ou degradar o solo, as águas e outros componentes do meio ambiente.
Na fase de campo, emprega-se princípios, técnicas e métodos naturais, tais como: cultivo em
ambientes diversificados em fauna e flora para se obter equilíbrio ecológico na unidade de
produção; uso de matéria orgânica, adubação verde, biofertilizantes, dentre outros, que irão
conferir riqueza bio-química e uma elevada qualidade ao produto colhido; uso de métodos
alternativos para proteção contra possíveis pragas e doenças, como caldas e extrato de
plantas, que servem para repelir pragas e inibir as doenças.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Capítulo 2
Mas, segundo PASCHOAL (1994), a Agricultura Orgânica pode ser também definida como
sendo “um método de agricultura que visa o estabelecimento de sistemas agrícolas
ecologicamente equilibrados e estáveis, economicamente produtivos em grande, média e
pequena escalas, de elevada eficiencia quanto à utilização dos recursos naturais de
produção e socialmente bem estruturados que resultem em alimentos saudáveis, de elevado
valor nutritivo e livres de resíduos tóxicos, e em outros produtos agrícolas de qualidade
superior, produzidos em total harmonia com a natureza e com as reais necessidades da
humanidade”.
2.2. Objetivos da Agricultura Orgânica
• Desenvolver e adaptar tecnologias às condições sociais, econômicas e ecológicas de
cada região;
• Trabalhar a propriedade rural dentro de um enfoque sistêmico envolvendo todas as
atividades da mesma;
• Priorizar a propriedade familiar;
• Promover a diversificação da flora e da fauna;
• Reciclar os nutrientes;
• Aumentar a atividade biológica do solo.
• Promover o equilíbrio ecológico das unidades de produção da propriedade;
• Preservar o solo, evitando a erosão e conservando suas propriedades físicas, químicas e
biológicas.
• Manter a qualidade da água, evitando contaminações por produtos químicos ou biológicos
nocivos ;
• Controlar os desequilíbrios ecológicos pelo manejo fitossanitário;
• Buscar a produtividade ótima e não a máxima;
• Produzir alimentos sadios, sem resíduos químicos e com alto valor biológico.
• Promover a auto-suficiência econômica e energética da propriedade rural;
• Organizar e melhorar a relação entre os produtores rurais e os consumidores;
• Preservar a saúde dos produtores rurais e dos consumidores.
2.3. As escolas da linha agroecológica
A Agricultura Orgânica é um sistema de produção agrícola do ramo da Agroecologia, onde
estão incluídas outras escolas, como a Agricultura Biodinâmica, Agricultura Biológica,
Agricultura Ecológica, Agricultura Natural e a Permacultura. Algumas diferenças entre elas e
o objetivo de cada uma delas encontra-se no Quadro 1.
O processo de conversão pode ser complexo, exigindo mudanças nas práticas de campo, na
gestão da unidade de produção agrícola em seu dia–a–dia, no planejamento, marketing e
filosofia. Os seguintes princípios podem servir como linhas mestras orientadoras neste
processo geral de transformação:
Quando for necessário, adicionar materiais ao sistema, usando aqueles que ocorrem
naturalmente, em vez de insumos sintéticos manufaturados.
Essa etapa ou fase do processo, contempla pelo menos três dimensões principais:
educativa, biológica e normativa.
A primeira, a dimensão educativa, constitui-se na mais importante, uma vez que o Homem,
enquanto espécie animal (Homo sapiens sapiens) representa o início, o meio e o fim. Está
portanto, na mudança da percepção humana o desencadeamento do processo de
desenvolvimento – um processo de mudança, que neste caso, representa a conversão do
modelo convencional ao processo agroecológico ou agroecossistema, pois, é na mente
humana que tudo acontece em primeiro lugar. Portanto, a conversão, em primeiro lugar
deverá ser das pessoas, do homem. Deveremos pois, nos tornarmos agroecologistas –
transformar transformando-se - para que o processo seja efetivo.
Os ecossistemas agrícolas, nada mais são do que a exteriorização das concepções que o
homem possui. O quadro mental dominante, resultou no modelo convencional, centrado na
tecnologia por produto, na produtividade, no resultado econômico-financeiro. É aqui que
deveremos concentrar nossos esforços, se queremos implementar a concepção de
agroecossistemas, centrada no problema, no processo, no homem, na pessoa, na família, no
holos.
Portanto, cada uma das dimensões contempladas, está fortemente associada umas às
outras e, por isso, devem ocorrer simultaneamente, até que se fortaleçam, num processo
sinérgico de interações em rede.
Por fim, considerar que o processo deve ser conduzido segundo uma seqüência lógica e
explícita, isto é, um projeto de conversão. Este projeto basicamente constituí-se de um
diagnóstico de toda a propriedade, levantando todos os recursos disponíveis, além das
relações sociais e comerciais que esta mantém, assim como a ocupação da área e o seu
respectivo rendimento físico e econômico.
Para tanto, se faz necessário compor uma diversidade de espécies vegetais, de interesse
comercial ou não, recomendando que se opte por espécies locais, adaptadas às condições
edafo-climáticas da região. Como exemplo, em áreas marginais às glebas de produção e nas
bordas de riachos, pode-se proceder o plantio de espécies como: Goiaba, Ingá, Pitanga,
Araçaúna, Biribá, Nêspera, Abacate, Calabura, Jamelão, Amora, Uva japonesa, dentre
outras.
Além disso, é fundamental também proceder manejo da vegetação espontânea. Este manejo
pode ser realizado de três formas, visando permitir a conservação natural da vegetação do
próprio local, conforme abaixo:
1º. Manutenção de áreas de refúgio, fora da área cultivada para interesse comercial,
inclusive áreas com alagamento natural, visando preservar ao máximo os aspectos naturais
estabelecidos pelo ecossistema local ao longo de anos.
3º. Proceder o controle parcial da vegetação ocorrente dentro das áreas cultivadas,
aplicando a técnica de capinas em faixas para culturas com maiores espaçamentos nas
entrelinhas e manutenção da vegetação entre os canteiros para culturas cultivadas por esse
sistema de plantio, como Alfaces, Cenoura, Alho, dentre outras.
Estes três aspectos anteriores serão os responsáveis pela maior estabilidade do sistema
produtivo e representará uma diminuição expressiva de problemas com pragas e doenças,
tão comuns em sistemas desequilibrados ecologicamente. Vale lembrar que, o não
cumprimento desses princípios têm sido uma das maiores falhas em propriedades rurais,
mesmo orgânicas, em franca atividade no Brasil.
Figura 9: Corredores de refúgio entre plantio de morango e tomate (à esquerda, acima), entre as linhas
de plantio de brócolis(à direita, acima), entre canteiros de morango (abaixo), em sistema
orgânico de produção.
Em sistemas orgânicos de produção, o equilíbrio ecológico que ocorre entre os macro e
micro organismos, é de fundamental importância para manter as populações de pragas e
doenças em níveis que não causem danos econômicos às culturas comerciais. Sistemas que
utilizam adubos químicos e agrotóxicos provocam instabilidade no ambiente e desequilíbrios
na nutrição das plantas, levando ao aumento da população desses organismos.
Na natureza existe uma forte interrelação biológica entre insetos, ácaros, nematóides,
fungos, bactérias, vírus e outros macro e microorganismos, a qual é responsável pelo
equilíbrio do sistema, podendo-se citar como exemplos: Pulgões (praga) controlados por
joaninhas (predador); Ácaros (praga) controlados por Ácaros predadores; Lagarta-da-soja
(praga), controlada por Baculovirus (parasita); microrganismos antagonistas presentes em
compostos orgânicos, inibindo o desenvolvimento de fungos de solo (por exemplo:
Fusarium), dentre tantos outros.
Os insetos, nematóides, ácaros, fungos, bactérias e vírus são organismos que possuem uma
pequena variedade de enzimas (responsáveis pela formação de proteínas), o que reduz sua
possibilidade de digerir moléculas complexas como as proteínas, necessitando do seu
desdobramento em moléculas mais simples como os aminoácidos.
Existem vários fatores que interferem na resistência das plantas, pois interferem no seu
metabolismo, podendo aumentar ou diminuir a sua resistência.
A matéria orgânica é um dos componentes vitais do ciclo da vida, descrito por KIEHL (1985),
conforme a ilustração da Figura 11. Ela exerce importantes efeitos benéficos sobre as
propriedades do solo, nas propriedades físicas, químicas, fisico-químicas e biológicas,
contribuindo substancialmente para o crescimento e desenvolvimento das plantas. Verifique
a seguir a descrição desses efeitos, adaptados de KIEHL (1985).
Propriedades físicas
A matéria orgânica exerce grande influência nas propriedades físicas do solo, daí ser
classificada por alguns autores como “material melhorador do solo”.
Propriedades químicas
- Fósforo (P) – a matéria orgânica é uma importante fonte de fósforo para as plantas,
contendo geralmente de 15 a 80% do fósforo total encontrado no solo. O fósforo, no solo
apresenta o problema de se fixar aos sesquióxidos de ferro e alumínio das partículas de
argila, ficando indisponível para as plantas. Quando se mistura fosfatos naturais (fonte de
fósforo) aos restos orgânicos (animais e vegetais), a serem decompostos pelo processo
de compostagem, o fósforo fica solubilizado (misturado com água e outros nutrientes e
disponível para as plantas) pela ação dos ácidos orgânicos formados durante a
fermentação e, também, pelo ataque dos microrganismos. Além disso, o húmus que vai
se formando protege o fósforo solubilizado, evitando sua fixação.
- Potássio (K) – o potássio não participa de compostos da planta, como acontece com o
nitrogênio, o fósforo e o enxofre. Ele é um elemento ativo na planta, porém, na forma
livre, sendo por isso prontamente liberado para o solo quando restos vegetais são a ele
incorporados.
- Enxofre (S) – o enxofre está presente no solo na forma mineral e orgânica. Na forma
orgânica constitui de 50 a 70% do total encontrado.
- Cálcio (Ca) e magnésio (Mg) – como o potássio, a maior parte do Cálcio e do Magnésio
fornecido às plantas provém dos minerais do solo, sendo pequena a contribuição da
matéria orgânica como fornecedora desses dois macronutrientes, excetuando-se estercos
de aviários que podem elevar, até em níveis excessivos, os teores de cálcio em solos
submetidos a manejos orgânicos sucessivos.
c) Índice pH – a matéria orgânica humificada contribui para que o solo ácido fique com um
pH mais favorável às plantas. Os solos fortemente alcalinos, com pH elevado, podem
também ser corrigidos com aplicações de matéria orgânica. Em experimento de campo,
constatou-se que a aplicação de 40 toneladas de esterco por hectare foi mais efetiva
em corrigir o pH de dois solos, um ácido e outro alcalino, que a aplicação de 1 tonelada
de calcário por hectare.
Propriedades físico-químicas
Propriedades biológicas
A matéria orgânica atua diretamente na biologia do solo, constituindo uma fonte de energia e
de nutrientes para os organismos que participam de seu ciclo biológico. Assim, a presença
de matéria orgânica aumenta a população de minhocas, besouros, fungos benéficos,
bactérias benéficas e vários outros organismos úteis, que estão livres no solo. Aumenta,
também, a população de organismos úteis que vivem associados às raízes das plantas,
como as bactérias fixadoras de nitrogênio e as micorrizas, que são fungos capazes de
aumentar a absorção de minerais do solo.
Indiretamente, a matéria orgânica atua na biologia do solo pelos seus efeitos nas
propriedades físicas e químicas, melhorando as condições para a vida vegetal. Por isso, é
chamada como melhoradora ou condicionadora do solo.
Experimentos mostram que o húmus estimula a alimentação mineral das plantas, o
desenvolvimento radicular, diversos processos metabólicos, a atividade respiratória, o
crescimento celular e a formação de flores em certas plantas.
- Aumenta a população de organismos úteis que vivem associados às raízes das plantas,
como as bactérias fixadoras de Nitrogênio e as Micorrizas, que são fungos capazes de
aumentar a absorção de minerais do solo.
PEREIRA et al. (1996) também relatam o importante efeito que os compostos orgânicos
exercem de forma direta e indireta sobre o controle de doenças em plantas, principalmente
daquelas induzidas por patógenos habitantes e/ou invasores do solo. Embora possa ocorrer
indução de resistência nas plantas, os principais mecanismos de controle são decorrentes da
elevação da atividade microbiana, proporcionada pela biomassa dos compostos orgânicos.
Fatores abióticos, como o material de origem, o método de compostagem e o nível de
estabilização do composto afetam, indistintamente, populações de patógenos e de
microrganismos antagonistas e, consequentemente, a supressividade às doenças.
Capítulo 3
63
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Essas considerações anteriores deixam ainda mais evidente que, a análise puramente
aritmética de disponibilidade e uso dos nutrientes é insuficiente para o entendimento
completo sobre adubação e nutrição de plantas em sistemas agroecológicos.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Monocultura
Compactação Erosão
Falta de cobertura
Insolação direta
Degradação do solo
Menor produção
de biomassa
Menor
produtividade
Dentre os diversos tipos de degradação do solo, o processo de erosão pode ser considerado
o mais negativo e de maior agressividade ao meio ambiente. Conforme relata DERPSCH
(1997), seu controle é imprescindível. Em se tratando de sistemas orgânicos de produção,
poderíamos acrescentar que esta necessidade se torna ainda mais evidente, tornando-se
fundamental em propriedades orgânicas:
a) a adoção de princípios e práticas recomendadas pela agricultura orgânica, que visam a
proteção do solo;
b) a adoção do plantio direto como alternativa eficaz na redução das perdas de solo,
comprovado em diversos trabalhos de pesquisa (Tabela 14);
c) a adoção das práticas tradicionais de conservação de solo, há muito conhecidas, como
plantio em curvas de nível (Figura 13) , cordões em contorno, faixas de retenção, caixas
secas em estradas e carreadores, dentre outras.
• A alta intensidade de chuvas que prevalece nos trópicos e subtrópicos está geralmente
associada (inclusive em terreno com pouco declive) a perdas de solo maiores do que a
regeneração natural, resultando em degradação química, física e biológica do solo e na
diminuição dos rendimentos das culturas.
• A degradação da matéria orgânica e a erosão não podem ser evitadas quando o solo
tropical e subtropical é revolvido em arações e outros preparos. Como consequência, a
sustentabilidade da produção agrícola, sob os efeitos dos métodos convencionais, fica
comprometida.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Tabela 14: Comparação das perdas de solo e água nos sistemas de preparo
convencional (PC) e plantio direto (PD).
PARAGUAI2
4 anos 21.4 0.6 97.2 - - -
2 dias com chuva de 186 mm 46.5 0.01 99.7 - - -
CERRADOS3
Soja (dados de 11 meses) 4.8 0.9 81.2 206 120 41.7
Milho (dados de 11 meses) 3-3.4 2.4 20-29 252-318 171 32-41
Fontes: Merten et al. (1996); Venialgo (1996); Santana et al. (1994), citados por DERPSCH (1997).
1 2 3
Figura 13: Encanteiramento e linhas de plantio em nível, em cultivo orgânico de hortaliças na Fazenda
Luiziânia – evitando perdas desnecessárias de solo. Um pequeno declive de, no máximo
2%, deve ser deixado para evitar acúmulos excessivos de água. Entre Rios de Minas - MG.
67
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Para o cultivo orgânico de hortaliças, o uso do solo é feito de forma mais intensiva,
comparado à outras atividades agrícolas, além de existir espécies que exigem um preparo
mais refinado para expressar melhores rendimentos comerciais, como o uso de arado e
enxada rotativa, que ocasionam a pulverização da camada superficial do solo e a
compactação subsuperficial.
68
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Diante do exposto até o momento e, baseado em informações de POPIA (2000), ROWE
(2000) e SOUZA (2002), podemos recomendar os seguintes procedimentos aplicáveis à
olericultura orgânica:
Milheto 44
Trevo 25
Cevada 25
Arroz 24
Trigo (inverno) 23
Centeio 19
Mostarda 13
Milho 12
Linho 11
Trigo (primav.) 8
Aveias 3
Fonte: Kort (1988), citado por GLIESSMAN (2000).
Rolo faca: para acamar espécies de cobertura. Existem modelos de tração animal,
microtrator e tratores.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Roçadeira: existem modelos para microtrator e trator, podendo ser utilizada para adubos
verdes menos fibrosos ou com muita rama (ex: mucuna) e ervas espontâneas.
Segundo ROWE (2000), quanto a equipamentos para semeadura, existem kits de plantio
direto/cultivo mínimo. Esses kits geralmente são enxadas rotativas adaptadas, retirando-
se jogos de facas, deixando-se apenas dois.
Figura 14: Implemento de tração animal ou microtrator, para semeadura em plantio direto (à
esquerda) e rolo-faca a tração animal (à direita).
70
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
3.1.3. Balanço e manejo equilibrado das Adubações:
Adubações orgânicas devem ser realizadas de forma adequada para não provocar excessos
de nutrientes no solo, especialmente quanto ao aporte de Fósforo em áreas de cultivo
intensivo de hortaliças, quando se conjuga o uso de estercos e fosfato natural.
Em sistemas convencionais, é comum a afirmativa de que relações Ca:Mg de 0,3:1 até 30:1
não tiveram nenhuma influência na produção. As plantas geralmente produzem bem em uma
gama variada de relações Ca:Mg. As diversas culturas têm diferentes necessidades de
Cálcio e Magnésio, porém como regra geral uma relação 5:1 é considerada boa para a
maioria das lavouras se o objetivo for atingir alta qualidade e boa resistência a doenças
(Garcia, 2000). O mesmo autor reporta, ainda, que o uso de calcário também deve ser feito
com prudência e que o uso excessivo deste corretivo pode conduzir a solos compactados e
com baixa produtividade.
Dados obtidos por Souza (2000), nos 3 primeiros anos de manejo orgânico em cultivo de
hortaliças, registraram elevações muito rápidas de fósforo e cálcio em solos trabalhados com
compostagem à base de esterco de aviário, enriquecida com 3 Kg/m3 de fosfato de araxá no
momento da confecção da pilha.
De posse dessas informações pode-se afirmar que o uso do calcário e fosfato natural, em
manejo orgânico intensivo do solo, devem ser realizados (dependendo da análise do solo),
apenas no início da implantação do sistema orgânico e/ou durante a fase de conversão do
sistema convencional para o orgânico, uma vez que a própria ciclagem de matéria orgânica,
nos anos subsequentes, será suficiente para fornecer todos os nutrientes às plantas e
manter o pH do solo numa faixa ideal para o melhor desenvolvimento das plantas.
Em geral, sistemas orgânicos de cultivo permitem ciclar, ofertar e acumular no solo todos os
macronutrientes necessários ao bom desenvolvimento da maioria das espécies cultivadas.
Atenção especial deve ser dada ao Nitrogênio, aplicando um sistema de manejo ou
empregando fontes que permitam a fixação e disponibilização desse elemento para as
culturas.
TEMPLE et. al., 1994 (Tabelas 17 e 18) e SCOW et. al., 1994 (Tabela 19), em experimentos
realizados na Califórnia - EUA, no período de 1989 a 1992, compararam os sistemas
orgânico, baixos-insumos e convencional, numa rotação de culturas com Tomate industrial,
Milho, Açafrão e Feijão. Em ambos trabalhos, nos casos em que se verificou menor
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
produtividade em sistema orgânico, quando comparado ao sistema convencional de
produção, relacionaram à deficiência no aporte de Nitrogênio.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Tabela 19: Teores de NO3 no solo, porcentagem de Nitrogênio nas folhas e
rendimentos de tomate e milho em diferentes sistemas de produção.
Califórnia – EUA, 1990 a 1992.
BERTALOT & MENDOZA (1996) informam que a fixação biológica de Nitrogênio é o principal
mecanismo de fornecimento desse elemento nos ecossistemas naturais e em grande parte
das culturas agrícolas nas regiões tropicais. Comentam ainda que, a fixação biológica pode
ocorrer de diversas formas, realizada por microrganismos, em associação simbiótica com
plantas hospedeiras ou em forma de vida livre, destacando-se: Rhizobium, Bradyrhizobium,
Sinorhizobium, Azorhizobium, Photorhizobium, Azospirillum sp. (associadas à gramíneas),
Herbaspirillum seropedicae (associadas à Cana-de-açúcar e Arroz), Azoarcus (associada a
rizosfera do arroz), Acetobacter diazotrophicus (encontradas no tecido da Cana-de-açúcar e
Batata-doce), Azotobacter, Burkolderia sp., dentre outros.
Estudo realizado por SOUZA & PREZOTTI (1196 a) demonstrou que o parcelamento da
adubação orgânica pode auxiliar no desenvolvimento de plantas, visto que fornece de forma
gradual os nutrientes essenciais para a cultura, principalmente o Nitrogênio que não se
acumula no solo, necessitando ser reciclado a todo momento. Exemplificando esta
informação, a Tabela 20 mostra a resposta da cultura do tomate a adubações em cobertura
com vários tipos de adubos orgânicos, revelando aumento expressivo na produtividade
quando se utilizou adubação em cobertura com torta de cacau, que contém 3,0 a 3,5% de N
na matéria seca.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Tabela 20: Efeito da adubação orgânica em cobertura sobre a cultura do tomate em
sistema orgânico de produção.
Total Comercial
Tratamentos NO
Peso No
Produtividade
Frutos Frutos
(kg/ha) (kg/ha)
WOLINSK MIKLÓS (1997), destaca o importante papel desempenhado pela fauna do solo
sobre seus atributos químicos, especialmente pelas minhocas e cupins epígenos. De uma
maneira geral, as minhocas apresentam ação sobre os processos de humificação
(contribuem na fragmentação dos resíduos vegetais e incorporação); sobre os elementos
totais, trocáveis e assimiláveis (Cálcio, Potássio, Magnésio e Fósforo tornam-se mais
abundantes) e sobre o nitrogênio do solo (favorecem a nitrificação da matéria orgânica e
aumentam o teor de N no solo).
Ainda segundo WOLINSK MIKLÓS (1997), os cupins epígenos apresentam ação sobre a
matéria orgânica e sobre as bases totais e trocáveis. Relata que LEE & WOOD (citados por
BACHELIER, 1978) calcularam que, no cerrado australiano, os grandes cupinzeiros de
Nasutitermes triodiae representam apenas 2% do peso total do conjunto cupinzeiros mais
horizonte superficial (0 – 8 cm), mas continham até 9,6% do carbono total, 5,3% do
nitrogênio total, 5% do fósforo total, 11,6% do cálcio total e 9,1% do cálcio trocável, 6,4% do
potássio total e 13,1% do potássio trocável e até 22% do magnésio trocável.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
3.1.4. Conteúdo de macronutrientes no sistema Ar-Solo-Planta:
Preparo mecânico com mínimo impacto na estrutura, lembrando que existe uma resposta
diferenciada das espécies ao emprego da aração, gradagem e da enxada rotativa;
Aplicação de adubos orgânicos, na forma de estercos animais, compostos orgânicos ou
outra fonte recomendada pelas normas técnicas de produção;
Uso da adubação verde com leguminosas (fixação biológica de Nitrogênio) e com
gramíneas (melhoria na estrutura física);
Emprego de cobertura morta em situações de necessidade de proteção do solo ou
favorecimento do desenvolvimento de plantas, também observando que nem todas as
espécies respondem positivamente ou oferecem um retorno econômico que viabilize o
uso dessa prática.
Manejo de ervas espontâneas, como forma de proteção do solo e ciclagem de nutrientes,
além da preservação do equilíbrio biológico na área de produção.
Utilização de adubações suplementares com biofertilizantes líquidos via solo ou via foliar,
em caso de necessidade;
Adubações auxiliares com adubos minerais de baixa solubilidade para a correção
temporária de deficiências, a exemplo de fosfatos de rochas.
Após dez anos de manejo orgânico (1990 a 1999), os níveis médios de fósforo elevaram-se
até 390% (de 46,0 para 225,6 ppm) e os níveis médios de potássio elevaram-se em até 92%
(de 144,0 para 276 ppm), podendo ser considerados plenamente suficientes para atender às
necessidades nutricionais da maioria das culturas. Observou-se acréscimos significativos nos
teores de Cálcio e Magnésio, uma vez que o Ca evoluiu linearmente de 3,2 para 6,6
Cmol/dm3 e o Mg de 0,78 para 1,48 Cmol/dm3. Como reflexo das elevações nos teores das
bases K, Ca e Mg, a Saturação por Bases dos solos apresentou progressão linear até o 7º
ano, elevando-se de 61% para 82 %, conforme observado nos índices médios do sistema
(SOUZA, 2000).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
solúvel, K trocável e pH. Observaram também que os níveis estáveis de EC – Condutividade
Elétrica, no sistema orgânico, indicaram que a aplicação de esterco animal não aumentou a
salinidade dos solos.
Outra questão importante a ser abordada, refere-se à eficiência dos adubos orgânicos em
relação aos adubos minerais. Em geral, a literatura técnica sobre sistemas convencionais de
cultivo, relatam que os adubos minerais têm uma eficiência em torno de 80% e que para os
adubos orgânicos esta eficiência está em torno de 30%. HARKALY (1990) pondera que
essas informações baseiam-se em experimentações de curto prazo (1 ano) e não permite
uma interpretação segura. Relata que um trabalho realizado por Petterson, na Suécia, no
período de 1971 a 1979, avaliou a eficiência dos adubos orgânicos e minerais ao longo dos
anos em duas rotações de cultura, nos sistemas convencional e biodinâmico. Concluiu que a
eficiência na adição de Nitrogênio no sistema biodinâmico foi de 64% e não 30% como se
relatou anteriormente.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Estercos:
Esterco de aviário: As aves não produzem urina, eliminando-a junto com as fezes, por isso
seu esterco é mais rico em nitrogênio que o de ruminantes ou suínos. O esterco proveniente
de frangos e galinhas, de criações intensivas e alimentadas com ração, é rico em nutrientes,
especialmente nitrogênio e fósforo, mas pobre em celulose. Por isso, sua decomposição é
rápida, liberando em poucos dias a maior parte dos nutrientes. Essa liberação rápida tem
consequências importantes para o manejo do esterco. Ao ser deixado para curtir, as perdas
de nitrogênio para o ar podem ser muito grandes (Figura 15).
Para evitar esses inconvenientes, o esterco de aves não deve ser armazenado puro. Deve
ser misturado a materiais de reação ácida, como a terra, promovendo imobilização do
esterco por microrganismos. No caso do uso direto do esterco fresco, a incorporação ao solo
reduz as perdas de nitrogênio. Os efeitos dos estercos de aves são muito semelhantes aos
da uréia porque têm efeito rápido, sendo porém os que mais rápido desaparecem.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
urina produzida por uma vaca adulta estabulada. O esterco oriundo de pastos pode ser
usado crú, curtido ou em forma de composto (Figura 16).
Esterco de suínos: Pela natureza da alimentação dos suínos, o esterco que produzem é mais
rico em nutrientes e mais pobre em matéria orgânica do que o de ruminantes. Também,
como a de aves, a matéria orgânica decompõe-se rapidamente, tornando-se mais um
alimento para as plantas que para o solo. O porco sofre de muitas doenças que atacam o
homem e, por causa dos riscos, é preferível reciclar o seu esterco em culturas arbóreas ou
de cereais. Na produção de hortaliças recomenda-se utilizar este esterco apenas como
inoculante no processo de compostagem.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Esta qualidade incontestável têm sido comprovada em diversos trabalhos que mostram que
a utilização de composto orgânico nas adubações produz múltiplos efeitos sobre o solo e as
plantas cultivadas, através do aumento da permeabilidade do solo, agregação das partículas
minerais, fornecimento de macro e micronutrientes, correção da acidez, incremento na
população de microorganismos e elevação da eficiência na absorção de nutrientes.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Todos os restos de alimentos, estercos animais, aparas de grama, folhas, galhos, restos de
culturas agrícolas, enfim, todo o material de origem animal ou vegetal pode entrar na
produção do composto.
Contudo, existem alguns materiais que, por questões óbvias, devem ser evitados na
compostagem, que são: madeira tratada com pesticidas contra cupins ou envernizadas,
vidro, metal, óleo, tinta, couro, plástico e papel, que além de não serem facilmente
degradados pelos microorganismos, podem ser transformados através da reciclagem
industrial ou serem reaproveitados em peças de artesanato.
ABES (1999) ainda descreve a compostagem em várias fases, onde no início há um forte
crescimento dos microrganismos mesófilos, com a elevação gradativa da temperatura,
resultante do processo de biodegradação, a população de mesófilos diminui e os
microrganismos termófilos proliferam com mais intensidade. A população termófila é
extremamente ativa, provocando intensa e rápida degradação da matéria orgânica e maior
elevação da temperatura, o que elimina os microrganismos patogênicos. Quando o substrato
orgânico for em sua maioria transformado, a temperatura diminui, a população termófila se
restringe, a atividade biológica global se reduz de maneira significativa e os mesófilos se
instalam novamente. Nesta fase, a maioria das moléculas facilmente biodegradáveis foram
transformadas, o composto apresenta odor agradável e já teve início o processo de
humificação, típico da segunda etapa do processo, denominada maturação, nesta fase de
maturação a atividade biológica é pequena, portanto a necessidade de aeração também
diminui. Este processo pode ser melhor elucidado na Figura 17.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Relação C/N:
Os microrganismos utilizam cerca de trinta vezes mais carbono do que nitrogênio, sendo este
valor freqüentemente encontrado na literatura como o recomendado para o início do
processo (ABES, 1999; KIEHL, 2001 e ROSSETI,1994).
No caso de esta razão ser muito superior a 30/1 o crescimento dos microrganismos é
atrasado pela falta de nitrogênio e consequentemente a degradação dos compostos torna-se
mais demorada. Se, pelo contrário, a razão for muito baixa, o excesso de nitrogênio acelera o
processo de decomposição mas faz com que há criação de zonas anaeróbicas no sistema. O
excesso de nitrogênio é liberado na forma de amônia, provocando mau cheiro, perda de
nitrogênio e consequentemente um composto mais pobre neste nutriente e por isso, menos
valioso em termos comerciais (ABES, 1999).
Durante a compostagem, a relação C/N dos resíduos tende a decrescer até tornar-se
constante em torno de 10/1 a 12/1. Nesse ponto, dizemos que o composto está curado, ou
convertido em húmus. Este decréscimo é devido à utilização do C da matéria orgânica como
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
fonte de energia pelos microrganismos, que o expelem sob a forma de CO2. A relação C/N
final está sempre próxima de 10/1 porque tende a se aproximar da C/N das bactérias (5/1 a
6/1) e dos fungos (8/1 a 10/1) (KIEHL, 2001). Entretanto, na prática agrícola, o composto
orgânico tem sido utilizado com uma relação C/N final na faixa de 15/1 a 18/1, pois o tempo
de compostagem se alongaria muito até atingirmos a relação final em torno de 10/1.
Tabela 21: Composição química (base seca) de alguns restos vegetais de interesse
como matéria prima para o preparo de fertilizantes orgânicos.
Material Matéria orgânica N C/N P2O5 K2O
% % %
Abacaxi: fibras 71,41 0,90 44/1 traços 0,46
Arroz: cascas 54,55 0,78 39/1 0,58 0,49
Arroz: palhas 54,34 0,78 39/1 0,58 0,41
Aveia: cascas 85,00 0,75 63/1 0,15 0,53
Aveia:palhas 85,00 0,66 72/1 0,33 1,91
Café: cascas 82,20 0,86 53/1 0,17 2,07
Café: palhas 93,13 1,37 38/1 0,26 1,96
Capim gordura 92,38 0,63 81/1 0,17 -
Capim guiné 88,75 1,49 33/1 0,34 -
Capim jaraguá 90,51 0,79 64/1 0,27 -
Capim meloso 90.00 0.70 75/1 0.22 0.65
Capim mimoso 93,69 0,66 79/1 0,26 -
Capim napier verde 96.00 1,40 40/1 0,33 0,76
Capim pé de galinha 86,99 1,17 41/1 0,51 -
Crotalária júncea 91,42 1,95 26/1 0,40 1,81
Eucalipto: resíduos 77,60 2,83 15/1 0,35 1,52
Feijão de porco 88,54 2,55 19/1 0,50 2,41
Feijão guandú 95,90 1,81 29/1 0,59 1,14
Feijoeiro: palhas 94,68 1,63 32/1 0,29 1,94
Labelabe 88,46 4,56 11/1 2,08 -
Milho: palhas 96,75 0,48 112/1 0,38 1,64
Mucuna preta 90,68 2,24 22/1 0,58 2,97
Serragem de madeira 93,45 0,06 865/1 0,01 0,01
Fonte: Adaptado de KIEHL (2001) e SOUZA (2002).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
% Ppm
Torta de filtro 29 7,9 0,27 0,63 0,26 0,13 0,07 92 10960 190 19 49
Torta/mamona 6 30,1 5,5 1,99 5,37 0,59 1,44 207 1420 55 80 141
Esterco de gado 13 19,4 1,53 0,53 0,83 0,34 1,16 1700 3623 196 8 57
Esterco de aves 14 29,6 2,14 1,79 4,93 0,35 1,56 6210 838 23 23 298
(gaiola)
Esterco de aves 20 32.5 1.60 1.50 2.33 0,78 1,76 - 3.125 550 21 266
(cama)
Lodo de esgoto 11 15,7 1,38 1,83 1,57 0,62 0,27 920 36700 268 22 4110
Considerando que existe uma grande variabilidade nos teores de nutrientes dos resíduos
orgânicos, provocada pela metodologia e calibração de equipamentos, tipo de solo de origem
dos resíduos vegetais, processo agroindustrial adotado, alimentação dos animais, dentre
outros, apresentamos também outras análises e fontes de fertilizantes orgânicos e minerais
(Tabela 23), adaptadas de Dadonas (1989), citado por PECHE FILHO & DE LUCCA (1997).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Tabela 23: Composição média e relação de proporção de NPK para diversas fontes de
fertilizantes orgânicos e minerais.1
Fertilizantes Orgânicos % na matéria seca Proporção
N P K N-P-K
Cinzas - 2.5 10 0-1-4
Fosfato de Araxá - 30 - 0-3-0
Ossos carbonizados - 35 - 0-3,5-0
Torta de Mamona 5.0 2.0 1.1 5-2-1
Torta de Algodão 6.0 3.0 1.4 4-2-1
Cascas de Café 1.7 1,4 3.7 12-1-26
Esterco de Cavalo 0.7 0.4 0.3 2-1-1
Esterco de Coelho 2.0 1.3 1.2 1,5-1-1
Esterco bovino de curral 5.0 2.5 5.0 2-1-2
curtido
Esterco Bovino Seco 2.0 1.5 2.2 1,5-1-1,5
Esterco de Ovelha 2.0 1.0 2.5 2-1-2
Esterco de Cabra 3.0 2.0 3.0 1,5-1-1,5
Esterco de Galinha 4.0 4.0 2.0 2-2-1
Resíduo de Esgoto 2.0 1.5 0.5 4-3-1
Bagaço de Cana 0.3 0.03 0.02 14-1-1
Borra de Café 1.8 0.1 0.01 176-9-1
Farinha de Ossos Crua 2.0 20.0 - 1-10-0
Guano 2.5 8.8 1.1 2-8-1
Serragem de Madeira 0.06 0.01 0.01 6-1-1
Lixo Curtido 1.1 0.3 0.6 3-1-2
Palha de Arroz 0.8 0.6 0.4 2-1-1
Palha de Café 1.4 0.2 2.0 5-1-7
Feijão (sementes) 2.6 0.5 2.4 5-1-5
Palha de Feijão 1.6 0.3 1.9 6-1-7
Guandu - sementes 3.6 0.8 1.8 4-1-2
Cascas de Mandioca (raiz) 0.4 0.3 0.5 1-1-1
Milho (palha) 0.5 0.4 1.6 1-1-4
Mucuna (sementes) 3.9 1.1 1.4 4-1-1
Montagem da pilha:
Segundo PLANETA ORGÂNICO (2002), a quantidade de matéria orgânica (palha) deve ser
de três vezes a quantidade de esterco. PEREIRA NETO (1996) diz que a proporção, na
prática, em peso, de mistura desses materiais é de 70% de material palhoso para 30% de
esterco ou lixo orgânico domiciliar.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Entretanto, a forma mais técnica que define as proporções ideais dos resíduos orgânicos a
serem misturados na pilha de composto se baseia na relação Carbono/Nitrogênio dos
materiais empregados. Sugere-se que, a quantidade de cada material na mistura proporcione
uma relação C/N média inicial da pilha na faixa de 30/1 a 40/1, o que permite obter uma
fermentação ideal, obtendo o produto pronto num período de tempo satisfatório, o que em
geral tem ocorrido entre 70 e 90 dias para materiais triturados e entre 100 e 120 dias para
materiais sem trituração.
Inicia-se o empilhamento das palhas por camadas de, no máximo 30 cm, de cada tipo de
palha que se tenha disponível, aplicando-se sobre esta primeira seqüência, uma fina camada
de esterco animal ou resíduo agroindustrial (3 a 5 cm), irrigando-se abundantemente após,
evitando escorrimentos excessivos de água, permitindo assim obter uma melhor distribuição
da umidade no interior do monte. Após empilhar esta primeira seqüência de palhas e esterco,
inicia-se nova seqüência dos mesmos materiais, até formar uma altura adequada do monte.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Durante o empilhamento, o fosfato deve ser colocado junto com os inoculantes (estercos ou
similares), após uma sequência completa das camadas de palhadas disponíveis (no caso:
bagaço de cana, capim e palha de café). Toda vez que colocar os inoculantes mais fosfato,
irrigar abundantemente para que o ‘chorume’ infiltre e inocule as camadas de palha abaixo.
Além disso, as camadas dos materiais mais fibrosos (alta C/N) devem ser dispostas juntas às
menos fibrosas (baixa C/N), para melhor fermentação (Figura 19).
Etc... Etc.
Etc... Etc.
Esterco + Fosfato 12ª
Capim picado 11ª
Palha de café 10ª
Bagaço de Cana 9ª
Esterco + Fosfato 8ª
Capim picado 7ª
Palha de café 6ª
Bagaço de Cana 5ª
Esterco + Fosfato 4ª
Capim picado 3ª
Palha de café 2ª
Bagaço de Cana 1ª
Sequência dos materiais Camadas
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Irrigações:
A umidade adequada é um dos fatores mais importantes para uma decomposição mais
rápida do material. De maneira geral, recomenda-se irrigar os montes de 2 em 2 dias,
usando uma quantidade de água suficiente apenas para repor a perda por evaporação, pois
o excesso de umidade atrasa o processo de decomposição. Existem duas maneiras práticas
de verificar se a umidade está adequada. A primeira é espremer um punhado de composto
com as mãos. Se escorrer água entre os dedos, o composto estará muito molhado, mas se
formar um torrão e este se desmanchar com facilidade, a umidade estará próxima ao ponto
ideal. A segunda, no momento dos reviramentos, observar se existe um mofo branco em
alguns locais no meio do monte, o que indica que a umidade está baixa.
Figura 20: Pilha de composto orgânico coberto com lona plástica para proteção
contra chuvas – Estação Experimental do INCAPER - ES.
Reviramentos:
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Figura 21: Empilhamento e reviramento de composto com pá carregadeira, em fazenda orgânica de 400
hectares, para produção de acerola, abacaxi, coco e horticultura. Serra do Ibiapaba - Ceará –
Brasil.
Figura 22: Máquina movida a gás, para Figura 23: Implemento acoplável a trator para
reviramento de composto. Centro de reviramento de pilhas de composto. CIVEMASA –
Desenvolvimento Sustentável ‘Guaçu-virá – SP – Brasil.
Espírito Santo – Brasil.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Durante cada reviramento (ou logo após), deve-se proceder nova irrigação com uma
quantidade de água suficiente para repor as perdas por lixiviação e evaporação, de forma a
distribuir bem a umidade em todo o monte.
Temperatura:
Uma avaliação visual do composto já pode nos dar muita informação do estado de
maturação dele. Um composto maduro apresenta-se segundo KIEHL (2001) com as
seguintes características:
a) Redução do volume da massa para 1/3 do volume inicial;
b) Degradação física dos componentes, não sendo possível identificar os constituintes;
c) Permite que seja moldado facilmente nas mãos;
d) Cheiro de terra mofada, tolerável e agradável
Por meio de análises químicas KIEHL (2001) também define os seguintes parâmetros:
a) pH geralmente acima de 6,5, sendo que por lei o composto curado deve ter pH no
mínimo de 6,0;
b) Mínimo de 40% de matéria orgânica, mas o ideal é que tenha 50% ou mais;
c) O teor de nitrogênio e de outros nutrientes deve estar acima de 1,75% no produto
curado e seco. Por lei, o teor mínimo de nitrogênio é 1%.;
d) Relação C/N entre 10/1 e 12/1, sendo que a lei exige no máximo 18/1;
e) CTC alta, não especifica o valor.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
MÉDIA1 48 13 7.4 2.25 1.60 1.50 6.01 0.56 50 223 16.064 804 36
DESVIO PADRÃO1 13.7 2.6 0.7 0.9 0.7 0.7 2.7 0.16 18 98 6.311 286 14
VALOR MÍNINO 1 22 10 6.3 0.7 0.4 0.4 1.35 0.23 3 62 6.719 305 17
VALOR MÁXIMO1 75 20 8.7 4.0 3.0 2.5 10.61 1.00 79 378 35.000 1.544 58
1 Fonte: SOUZA (1998).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Compostagem Laminar:
De acordo com CERVEIRA (2000), uma nova tecnologia vem sendo utilizada para a
produção de composto: é a compostagem laminar, que surge em função de um
aperfeiçoamento da compostagem pelo método ‘indore’, como é chamada a compostagem
feita em monte ou pilha. Esta tecnologia não busca eliminar a compostagem em pilha, serve
como complemento da mesma em pequenas áreas. A pergunta que surgiu na elaboração da
técnica de compostagem laminar é: no Brasil temos déficit de temperatura? Então porque
devemos fazer pilhas?
No entanto, segundo informações verbais de PEREIRA NETO e LELIS (2002), a elevação da
temperatura numa pilha de compostagem não se destina apenas à degradação do material,
mas também à eliminação de organismos patogênicos e ervas indesejáveis.
Basicamente, a técnica consiste em aplicar as matérias–primas que serão utilizadas (já
balanceadas) em camadas ou misturadas, diretamente no campo, na superfície do solo,
podendo ser incorporada até 7 cm dentro do solo (região ainda bem aerada). Devemos
deixar o material de maior relação C/N, como palhas, como última camada desta lâmina (daí
o nome laminar) para servir como cobertura morta de proteção do solo (CERVEIRA, 2000).
Uma descrição mais detalhada deste processo não foi encontrada em pesquisas na internet
e ainda não se tem nenhum artigo científico sobre este assunto.
As vantagens do sistema, além da economia de tempo, trabalho e conseqüentemente,
dinheiro, inclui a inserção de toda a atividade biológica da fermentação do composto no
próprio solo, ao invés de ficar confinado na pilha. A desvantagem encontra-se em grandes
áreas, onde o deslocamento de grande volumes de materiais orgânicos torna a
compostagem de pilha mais econômica. Na realidade, a compostagem laminar busca imitar a
natureza, onde nada é incorporado mecanicamente: o solo de uma mata é um composto
laminar espontâneo feito de folhas e excrementos de animais. Devido à escassez de
informações sobre o processo de compostagem laminar, não se sabe o porque da economia
de tempo, trabalho e dinheiro citada por CERVEIRA (2000) e nem sobre a necessidade de
revolver ou não a pilha, e qual a sua espessura.
Não foram encontrados artigos científicos sobre processo de compostagem laminar, apenas
este breve comentário fornecido por CERVEIRA (2000). Parece ser uma prática pouco
conhecida e pesquisada, no LESA (Laboratório de Engenharia Sanitária e Ambiental) os
professores não conheciam este tipo de compostagem.
Bokashi:
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Farinha de peixe 30
Termofosfato 40
Melaço ou Açúcar 04
EM-4 04
Água 350
HIGA (1983) cita em seu livro que uma volta na agricultura é possível, desde que o uso de
produtos do EM aumente extremamente o rendimento das colheitas. Por exemplo, o arroz
fertilizado com Bokashi (EM) produziu mais de 12 t/ha.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Nos vegetais cultivados somente com o Bokashi (EM), 1000 kg/ha, nos campos da
universidade, verificou-se que os rendimentos de muitos vegetais eram somente metade
daqueles obtidos pelas práticas orgânicas comuns (MURAMOTO e GOTO, 1995). Mais
tarde, os investigadores do EM relataram que quando o nível do nitrogênio foi ajustado a 100
kg/ha, ou seja, utilizando-se 2500 kg/ha de Bokashi, obteve-se a mesma quantidade da
alface que o fertilizante químico (IWAHORI et al., 1996). Conseqüentemente, insistiram que a
quantidade padrão de Bokashi (EM) que deveria ser aplicada era de 2500 kg/ha para a
alface.
Além deste composto, Dr. Shiro recomenda associar ‘fino de carvão’ (carvão moído ou
‘munha’ de carvão) na adubação de campo, em função do seu elevado potencial estruturante
do solo. O ‘fino de carvão’ é muito poroso, contendo 300 m2 de superfície para cada 1 grama
do produto, considerando as cavidades internas, além de ter a capacidade de aumentar as
micorrizas do solo. Em geral, a quantidade recomendada pode variar de 500 a 1000 Kg por
ha de ‘fino de carvão’, proporcionando bons resultados.
A biodinâmica teve suas bases colocadas, em 1923, por Rudolf Steiner, iniciador da
antroposofia (movimento de esoterismo fundado por ele próprio em 1913). Um dos seus
seguidores, chamado Pfeiffer, perguntou se os preparados não deviam passar por uma fase
experimental antes de serem divulgados, Steiner respondeu: “O mais importante é colocar os
benefícios de nossos preparados à disposição das maiores áreas possíveis da terra inteira.
Este deve ser o nosso primeiro objetivo. Experimentos podem vir mais tarde”. Setenta anos
96
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
depois, RALF (1983) disse: “Até agora não tivemos chance de penetrar nesse caminho de
pesquisa”. E hoje, quase 90 anos depois, ao realizar esta atualização sobre o assunto, não
encontramos nenhum artigo científico sobre o uso de preparados biodinâmicos na
compostagem. O que se tem são apenas livretos de divulgação destes preparados.
As receitas dos outros preparados biodinâmicos estão descritas no “Cadernos Demeter nº1”,
elaborado por CORREIA - RICKLI (1983).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Do que o animal ingere, e não aproveita, parte se encaminha para as fezes e parte para a
urina. Em média, pode-se considerar que, do total de nitrogênio ingerido, cerca de 70% é
excretado pela urina e 10 a 15% pelas fezes. Portanto, uma alternativa extremamente
eficiente para o enriquecimento do composto em nitrogênio, e muito pouco utilizada pelos
agricultores, é a utilização de pisos com palhas (“cama”) em estábulos para reter a urina
liberada pelos animais estabulados. Em geral, para a retenção total da urina produzida por
uma vaca adulta são necessários 5Kg a 6Kg de palha seca por dia de estabulação. Neste
caso, tanto a urina quanto as fezes são aproveitadas, resultando em maior qualidade e maior
eficiência de reciclagem (KHATOUNIAN, 2001).
Fosfatos naturais:
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Sem Fosfato 52 15/1 7,1 2,12 0,71 1,18 2,74 0,48 44 164 17.335 747 25
Com Fosfato 50 15/1 7,4 2.10 1,82 1,36 6,44 0,56 54 226 14.810 905 30
Teste t ns ns ns Ns ** ns ** ns ns ** ns ns ns
Considerando que as adubações orgânicas têm situado na faixa de 30 t/ha (composto com
50% de umidade), tal adição de fosfato na pilha, equivale a uma fosfatagem de 1.000 Kg/ha
diretamente no solo, acrescida da vantagem do fosfato ser levado ao solo de forma
parcialmente solubilizada pelo ataque microbiano e pela ação dos ácidos orgânicos.
Calcário:
Composto de lixo, feito somente com restos de cozinha, que contém muito carboidratos de
fácil acesso para os microrganismos, precisa de 25 Kg de calcário por tonelada.
KOEPF (1990) fornece ainda uma nota extremamente importante quanto ao uso do calcário
e fosfato de rocha, integralmente concordante com trabalhos de pesquisa e observações
realizadas pelo INCAPER (SOUZA, 2002), nota esta transcrita na íntegra, a seguir.
NOTA: “No Brasil e outras áreas tropicais, a agricultura exige, via de regra, o uso de fosfatos
de rochas, cujo aproveitamento é melhor se adicionado nas pilhas de composto. Sendo
principalmente fosfato de cálcio, este já traz para a pilha alguns dos efeitos do calcário, o
qual por sua vez pode acelerar demais a decomposição da matéria orgânica, o que é
indesejável em climas tropicais. Portanto: de modo geral, se sugere nestes climas, que o
calcário seja reservado para tratar diretamente o solo (correção de acidez), e que se
adicione em lugar do mesmo, o fosfato de rocha na pilha do composto.”
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
‘MB-4’ é composto pelos minerais constituintes das rochas que lhe dão origem – o
Biotitaxisto e o Serpentinito, misturadas em proporções iguais e trituradas. Quimicamente, o
‘MB-4’ apresenta uma composição rica em muitos elementos, vários deles detectados
apenas como traços, totalizando até o momento 29 elementos, dentre os quais destacam-se:
PINHEIRO & BARRETO (1996) relatam vários experimentos realizados no Brasil que
atestam a eficácia deste pó de rocha como fertilizante para diversas culturas (aumento de
produção de uva itália em 33%, de arroz irrigado em 20%, de feijão em 58%, dentre outros),
além de relatar as suas funções como promotor de maior resistência vegetal ao ataque de
enfermidades.
Ademais, além do uso direto no solo, apresentam uma recomendação de uso via
biofertilizante e via compostagem, conforme descrito a seguir.
Composição:
- 70 litros de água;
- 25 Kg de esterco fresco;
- 3 Kg de ‘MB-4’;
- 4 Kg de açúcar;
- 4 litros de leite.
Preparo:
Coloca-se o esterco no recipiente aberto (bombona de 100 litros), 1 Kg de açúcar, 1 litro de
leite e 40 litros de água; depois, a cada 3 dias, coloca-se 1 Kg de ‘MB-4’, 1 Kg de açúcar e 1
litro de leite. Colocados os últimos ingredientes (12 dias depois), completa-se o restante do
recipiente com água. Agitar diariamente o produto para homogeneizar adequadamente. Após
30 dias o biofertilizante estará pronto. Em regiões de elevada temperatura este tempo pode
ser reduzido para 15 a 20 dias.
Aplicação:
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Composição:
- Restos vegetais;
- Esterco bovino;
- ‘MB-4’;
- Biofertilizante AD-1;
- Água.
Preparo:
No processo tradicional de confecção de composto, em camadas alternadas de materiais
vegetais e esterco animal, após as camadas de todos os materiais vegetais, pulverizar com o
biofertilizante AD-1 e colocar 500 gramas de MB-4 por m2 em toda superfície do composto.
Repete-se esta operação também após colocar a camada do inoculante (esterco). Após as
novas sequências de camadas, proceder da mesma maneira, acrescentando o AD-1 e o MB-
4, até o final do preparo da pilha.
Aplicação:
Utilizar o composto pronto da forma habitualmente empregada.
Resíduos agroindustriais:
KHATOUNIAN (2001) cita que, caso a pilha de composto seja feita com material muito pobre
em nutrientes minerais, como por exemplo, apenas palhada de cereais, faltam nutrientes
para manter a atividade das bactérias, reduzindo o aquecimento interno da pilha. Nesse
caso, pode se introduzir materiais ricos em nutrientes, tais como resíduos de abatedouros,
descartes de peixarias, torta de cacau, etc.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Figura 24: Farelo de cacau – resíduo agroindustrial de elevada qualidade e grande potencial
para uso em compostagem orgânica.
Esterco Galinha 68 19/1 7,1 2,1 0,89 1,14 2,55 0,38 37 116 4.474 369 19
Composto 45 14/1 7,7 2,0 1,88 1,66 8,63 0,49 43 208 11.485 742 23
Torta de Cacau 90 16/1 6,6 3,3 0,64 3,17 0,32 0,58 60 108 3.431 80 36
Terriço de Mata 16 19/1 4,3 0,5 0,04 0,26 0,04 0,01 15 27 20.785 74 1
1 Média de três fontes utilizadas. Fonte: SOUZA (1998)
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Compostos (%) N P K Ca Mg Cu Zn Fe Mn B
Composto/
Esterco 48 15/1 7,2 1,9 1,1 1,2 5,3 0,5 51 204 1.936 891 27
Composto/
Composto 49 15/1 7,1 2,0 1,0 1,1 3,3 0,4 45 166 22.981 902 27
Composto/
Torta Cacau 63 12/1 6,5 3,2 0,7 1,5 1,8 0,5 44 130 17.324 659 35
Composto
Terriço 35 18/1 6,7 1,1 0,4 0,6 1,2 0,2 30 75 20.832 410 24
1Média de 5 repetições. SOUZA (1998).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Através das análises foliares contidas na Tabela 31, confirmamos as expressões dos
tratamentos empregados sobre o desenvolvimento vegetativo da cultura. O solo adubado
com composto/torta de cacau, conduz a maiores teores foliares de nitrogênio, potássio,
magnésio, ferro e manganês.
Tabela 31: Teores de macro e micronutrientes em folhas de batata-doce, aos 150 dias
após plantio, em função de tipos de inoculantes em composto orgânico.
Tipos Macronutrientes (%) Micronutrientes (Ppm)
de
Inoculantes
(40 Kg/m3)
N P K Ca Mg Cu Zn Fe Mn B
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Torta de mamona:
Segundo KIEHL (1985), a torta de mamona pode ser utilizada com efeitos semelhantes à
torta de cacau, por apresentar um teor de N na faixa de 3,0 a 5,0% e um teor de P e K na
faixa de 1,5 a 3,0%.
Por se tratar de um produto relativamente caro, seu emprego se justifica apenas como
inoculante das pilhas de composto, numa proporção de 30 a 50 Kg para cada metro cúbico
de composto recém-montado. Neste caso, pode-se dispensar o uso de outro inoculante,
como o esterco animal (mais comumente usado), de forma a obter um produto final a custo
compensador.
Composição:
Material M.O (%) N (%) C/N P2O5 (%) K2O (%)
Torta de mamona 92.20 5.44 10/1 1.91 1.54
Fonte: Kiehl, 1985.
Farinha de ossos:
Este subproduto pode ser utilizado diretamente no solo ou via o processo de compostagem.
Segundo KIEHL (1985), os ossos são constituídos basicamente de fosfato de cálcio,
distribuído em matriz de natureza orgânica. Relata que a composição dos ossos é a
seguinte: fração orgânica (totaliza 34% dos ossos e contém 7% de gordura e 27% de
osseína, com 5% de nitrogênio) e fração mineral (totaliza 66% dos ossos e contém 53 a 56%
de fosfato tricálcico, com 24 a 26% de P2O5; 1 a 2% de fosfato trimagnésico; 7 a 8% de
carbonato de cálcio e 1 a 2% de fluoreto de cálcio).
Borra de café:
Subproduto oriundo da industrialização do café solúvel, contendo muita umidade (80 a 85%),
sendo rico em matéria orgânica e relativamente rico em nitrogênio (1,5 a 2,5%, no material
seco). A borra de café não deve ser utilizada diretamente como fertilizante orgânico, devendo
sofrer previamente uma decomposição, preferencialmente através da compostagem orgânica
junto com outros materiais (KIEHL, 1985).
Para um melhor enriquecimento do composto, pode ser utilizada uma quantidade maior na
inoculação das medas, na faixa de 50 a 100 Kg por m3 de material palhoso, por ocasião da
montagem das pilhas. Pode ser empregada de forma complementar (menor quantidade: 50
Kg/m3)) ou em substituição aos inoculantes tradicionais à base de estercos de animais (maior
quantidade: 100 Kg/m3).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Composição:
Material M.O (%) C/N N (%) P2O5 (%) K2O (%)
Torta de café 90.46 22/1 2.30 0.42 1.26
Fonte: Kiehl, 1985.
Preparados biodinâmicos:
A aplicação de composto orgânico pode ser realizada a lanço ou de forma localizada nas
covas ou sulcos de plantio. Para culturas mais rústicas, como o feijão (Tabela 32), a
aplicação a lanço é suficiente para melhorar o solo e permitir obter boas produtividades.
Entretanto, para culturas mais exigentes em fertilidade, como a couve-flor, torna-se
necessário adubar de forma localizada, pois isto permite melhorar a nutrição das plantas e
aumentar o rendimento comercial (Tabela 33).
106
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
(Kg) (Kg) (l) (D/H) (D/H) (D/H) (D/H) (Kg) (U$) (%)
Uma proposta de cálculo, descrita por PECHE FILHO & DE LUCCA (1997), serve de
orientação para proceder os cálculos da quantidade de adubos orgânicos, levando em
consideração a composição dos materiais e a exigência da cultura. Será enfocada a cultura
do morango, como exemplo, para definição dos passos e dos cálculos. Lembre-se que esta
quantidade deve ser considerada como MÍNIMA, visto que leva em consideração apenas o
fator nutriente, dispensando a parte física e biológica do solo.
EXEMPLO
A composição de fertilizantes orgânicos para atender às exigências das culturas, necessariamente tem que
passar por uma sequência de cálculos, para que no final a planta seja produtiva e rentável.
• PRIMEIRO PASSO:
Saber a composição média de nutrientes que a fonte orgânica contém e, também, a proporção em que eles
ocorrem, principalmente em relação a nitrogênio, fósforo e potássio (NPK). Através da composição de diversos
resíduos, apresentadas no item 4.2.1, do presente manual , podemos conhecer várias fontes disponíveis para o
agricultor.
Para se ter um bom fertilizante para plantio, Dadonas (1989), citado por PECHE FILHO & DE LUCCA (1997),
estabelece que o ideal é que para cada parte de N, haja três partes de fósforo e duas de potássio.
Assim, as diretrizes para balancear e calcular uma boa formulação de adubos orgânicos, poderão ser baseadas
em fatores de conversão, que é um método rápido e prático, apesar de não resultar em uma formulação muito
rigorosa, porém atende dois pontos básicos da adubação, que é a capacidade de colocar nutrientes em
condições da planta assimilar e a economicidade.
• SEGUNDO PASSO:
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
O cálculo do fator de conversão para fertilizantes é simples: basta dividir 100 pelo teor de nutrientes que o
fertilizante possui. Exemplos: 100 dividido por 4% de N, supondo um esterco de galinha com esse teor, teremos
o fator 25 para nitrogênio; para o fósforo também utilizaremos o fator 25, supondo que este esterco contenha
também 4% de fósforo (100÷4 = 25); para o potássio, o fator será 50, supondo que esse esterco contenha 2%
desse nutriente. Portanto, o esterco de galinha que estamos analisando tem um fator de conversão para NPK
igual a 25-25-50.
A Tabela 35 apresenta os fatores de conversão para as principais fontes de nutrientes em alguns fertilizantes
orgânico
109
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Quanto menor o fator de conversão, maior o teor de nutriente em cada material, podendo-se notar ainda que
em certos materiais, os fatores relativos a N e K são praticamente idênticos, permitindo apenas receber adição
de fósforo (P), para ficar com uma relação aproximada de 1-1,5-1 ou 1-2-1, facilitando ainda mais obter
fertilizantes.
Com base nos critérios de fatores de conversão, podemos calcular as doses aproximadas para uma adubação
satisfatória.
• TERCEIRO PASSO:
Para exemplificar a utilidade do método baseado em fatores de conversão, vamos calcular uma quantidade de
mistura de fertilizantes simples para atender as necessidades de adubação, determinada pela análise de solo
para a cultura do morango.
Ex. Através de uma análise de solo, detectamos que, para a adubação mineral de 1 ha de plantio de morangos,
deveríamos aplicar 40 kg de N, 300 kg de P e 100 kg de K. Sendo que temos na propriedade, os seguintes
fertilizantes orgânicos e seus respectivos fatores de conversão:
Resíduos orgânicos N P K
esterco de galinha 25 25 50
farinha de ossos 0 3 0
cinzas 0 40 10
Iniciamos os nossos cálculos pelo esterco de galinha, que é a nossa única fonte de nitrogênio. De acordo com a
análise, necessitamos de 40 kg de N no plantio. Assim, multiplicamos 40 pelo fator de 25, referente ao
nitrogênio contido no esterco e teremos 1000 kg, ou seja, 1 ton. de esterco de galinha é necessário para suprir
a quantidade necessária de nitrogênio. Ademais, se utilizarmos 1 ton. de esterco, estaríamos ainda colocando
110
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Assim, estamos prontos para continuar os cálculos que agora deverão concentrar-se nas cinzas porque essa
fonte nos fornece fósforo e potássio. Para suprir a necessidade de 80 kg de potássio, multiplicamos essa
quantidade pelo fator 10 da cinza e obteremos 800kg de cinzas necessárias para suprir o potássio. Estes 800
Kg de cinzas também deve adicionar 20 kg de fósforo na mistura, sendo assim, temos que descontar do total de
260 kg de fósforo faltantes, ou seja, só nos falta 240,0 kg de fósforo para ser suprido pela farinha de ossos.
Para esse cálculo, multiplicamos 240,0 pelo fator 3 da farinha de ossos e obtemos 720 kg de farinha para
completar a nossa mistura. Na Tabela 36, podemos resumir os nossos cálculos.
Tabela 36: Quantidades de fertilizantes orgânicos para atender os resultados de uma análise de solo
para plantio de morangos.
QUANTIDADE EM KG
FONTE DE NUTRIENTE N P K
1 ton. de esterco de galinha 40,0 40,0 20,0
800 kg de cinzas - 20,0 80,0
720 kg de farinha de ossos - 240,0 -
Total da mistura: 2.520 Kg 40,0 300,0 100,0
Somando todos os ingredientes, a mistura vai pesar 2520 kg, o que eqüivale a 252 g da mistura por metro
quadrado de canteiro de morango, ou seja, 28 gramas por cova (supondo 9 plantas por m2).
Através deste exemplo, observa-se que a quantidade de adubo orgânico para nutrição de
plantas em sistema orgânico não representa problema. Apenas do ponto de vista nutricional,
2520 Kg da mistura exemplificada seria suficiente. Se, ao invés dessa mistura, utilizarmos a
dosagem média recomendada para composto orgânico (15 ton. por hectare) – que contenha
2,0% de N, 1,5% de P e 1,3% de K na matéria seca – estaríamos aportando 300 Kg de
nitrogênio, 255 Kg de fósforo e 195 Kg de potássio. Compare as duas situações, faça críticas
e os devidos ajustes, como “dever de casa”!!!
111
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Para a maioria das culturas olerícolas, existem cultivares mais rústicas ou com maior
resistência a pragas e doenças, que se desenvolvem melhor nestes sistemas de cultivo.
Observe na Tabela 37, as características de alguns cultivares disponíveis no mercado
convencional de sementes, em relação à resistência a doenças.
Batata Pinta preta (Alternaria solani) Aracy, Apuã, Itararé, Monte Bonito,
Catucha
Contenda e Catucha
Virus do enrolamento das folhas (PLRV)
Achat
Murcha bacteriana (Ralstonia solanacearum)
Beringela Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides) Ciça
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Podridão negra (Xanthomonas campestris pv. Híbrido Fuyutoyo SK, Cv. Louco, H. Master
Campestris) AG-325, Cv. União.
Tomate Cancro bacteriano (Clavibacter michiganensis Barão vermelho AG-561, Jumbo AG-592,
subsp. Michiganensis) Príncipe Gigante AG-590, Roquesso AG-
591.
C38-D
Murcha bacteriana (Ralstonia solanacearum)
Nemadoro
Nematóide das galhas (Meloidogyne spp.)
Angela Gigante I-5100, Barão Vermelho
Murcha de fusarium (Fusarium oxysporum f. sp. Ag-561, Concorde AG-595, Jumbo Ag-592,
licopersici) TSW-10, Nemadoro, IPA-5, IPA-6,
Agrocica Botu-13.
TSW-10
Risca ou Mosaico Y (PVY)
Vira-cabeça (TSWV)
Fonte: Guia Técnico de Hortaliças/Agroceres (1995/96); LOPES & SANTOS(1996), citados por ZAMBOLIM,
1997.
*Cultivares de Cebola tolerantes ao vírus do nanismo.
Um exemplo mais evidente é o caso da batata, uma cultura muito sensível à requeima,
provocada pelo fungo Phytophthora infestans. As cultivares Matilda, Itararé e Monte Bonito
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
apresentam um nível de resistência a esta doença que permite obter boas produções de
batatas em sistemas de cultivo orgânico (Tabela 38).
C.V. (%) 4,6 9,5 23,5 12,1 25,6 15,8 6,6 5,8 - -
125
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Média de 8 repetições.
126
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
A propagação das hortaliças pode ser realizada via semente botânica ou utilizando-se de
partes das plantas do cultivo anterior (rebentos, tubérculos, bulbos, ramas, etc.), a qual
chamamos de propagação vegetativa.
• Evitar a utilização de partes das plantas que apresentaram sintomas de doenças ou que,
mesmo visualmente sadias, tenham originado de campos que apresentaram problemas
com fungos de solo (como Fusarium, Esclerotinia), com Bacteriose ou murchadeira
(como Pseudomomas, Ralstonia), com viroses (como o vírus do enrolamento da batata,
vira-cabeça do tomateiro), com nematóides (como nematóide de galhas em batata,
nematóide do anel em batata-barôa), dentre outros.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
A formação de mudas é uma fase muito importante que define o sucesso do plantio. Produzir
mudas em estufas (Figura 26), permite vantagens fundamentais, como por exemplo:
- proteção contra excesso de chuvas;
- diminuição da incidência de pragas (pulgões, lagartas, grilos) e doenças;
- formação de mudas em menor tempo;
- obtenção de mudas mais uniformes.
Figura 26: Produção de mudas orgânicas em ambiente protegido (Visão externa, à esquerda e interna, à direita)
– melhor qualidade, maior uniformidade, maior rendimento e prevenção de problemas na fase inicial
da cultura. Fazenda Luiziânia – Entre Rios de Minas – MG.
1º. Local plano ou com pequeno declive, sem problemas de drenagem e com boa insolação;
4º. Em áreas sujeitas a ventos fortes, posicionar a estufa com sua parte frontal no sentido do
vento predominante;
129
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Substrato:
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A solarização pode ser realizada em um piso de cimento limpo, espalhando-se uma camada
de substrato umedecido (mínimo de 50% de umidade para gerar mais calor), com no máximo
10 cm de altura. Em seguida, cobre-se todo substrato com lona plástica preta ou
transparente, fechando-se bem as bordas do plástico com areia ou terra, mantendo-se assim
por um período mínimo de 3 dias ensolarados.
A solarização também pode ser feita em um coletor solar, que segundo EMBRAPA/CNPMA
(2002), é um equipamento de funcionamento simples e construção barata, que tem por
finalidade controlar os fungos, bactérias e algumas sementes de planta (Figura 27).
Normalmente, em um dia de sol, a temperatura dentro do aparelho chega a 90 graus, o que é
suficiente para matar os fungos mais comuns como Sclerotinia sclerotiorum, Sclerotium
rolfsii, Verticillium e Rhizoctonia solani entre outros, pois são todos sensíveis ao calor.
O coletor consiste em uma caixa de madeira com tubos de metal (ferro galvanizado,
alumínio, cobre, tubo de irrigação usado, etc.) e uma cobertura de plástico transparente que
permite a entrada de raios solares. O solo é colocado nos tubos de metal pela abertura
superior e, após o tratamento, retirado pela abertura inferior, por gravidade. Este modelo
permite tratar 120 litros de substrato por vez. Os coletores devem ser instalados com
exposição na face Norte, com ângulo de inclinação de 10º mais a latitude local.
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Recipientes:
Tabela 42: Efeito de dois recipientes para substratos orgânicos na formação de mudas
de tomate. Média de 2 anos.1
Stand Torrões Folhas
Recipientes Final inteiros no Massa Massa %
transplantio Verde Verde M.S.
(%) (g) (g)
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Para culturas mais exigentes e com sistema radicular maior, como o tomate, pimentão e
pepino ‘japonês’, é recomendável se optar pela formação de mudas em copos,
especialmente para o cultivo em estufas, por se tratar de um investimento mais elevado.
Verifique a ilustração deste sistema na Figura 29.
Figura 29: Mudas orgânicas de pepino ‘japonês’ em copos plásticos com substrato à
base de composto orgânico puro – maior enraizamento, maior vigor e
melhor ‘pegamento’ no campo. Fazenda Luiziânia – Entre Rios de Minas
– MG.
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Figura 30: Disposição dos furos em folha de isopor para suporte de copos plásticos na
formação de mudas em sistema orgânico.
Figura 31: Detalhes do suporte de isopor para os copos – formação de mudas mais
vigorosas e maior produtividade no campo. Fazenda Luiziânia – Entre Rios de
Minas – MG.
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2º. Preparo dos copos: Os copos deverão ser perfurados no fundo, utilizando-se de um cano
ou ferro aquecido, com diâmetro mínimo de 2,0 cm e máximo de 3,0 cm, de forma que
possibilite ocorrer a “poda aérea das raízes”. Para maior rapidez na operação, perfurar uma
maior quantidade de copos por vez. Normalmente um trabalhador hábil perfura um máximo
de 10 copos por vez, pois o esfriamento rápido da periferia da seção perfurada, “cola” um
copo ao outro, dificultando a individualização dos mesmos.
P.S.: Furos menores dificultam a drenagem do substrato (pela tensão superficial da
água) e furos maiores impedem a fixação do substrato dentro do recipiente.
3º. Enchimento dos copos: Em função da necessidade desse maior diâmetro dos furos, o
substrato deverá estar umedecido adequadamente para não cair pelo orifício. Um grau
de umidade em torno de 50% tem sido suficiente para uma adequada fixação do
substrato no interior dos copos, sem dificultar a operação de semeio. O enchimento dos
copos não deverá ser total, deixando-se um espaço livre de 1 a 2 cm a ser preenchido
após a distribuição das sementes.
Irrigação:
O fornecimento de água, desde a semeadura, deve ser criterioso para evitar perdas ou
formação de mudas de baixa qualidade. Excesso de água prejudica o enraizamento,
provoca aumento de doenças de solo que causam tombamento/murchamento das mudas
(Rhizoctonia, Pythium, etc) e elevam doenças foliares, pela elevada umidade relativa do ar.
A falta de água provoca a murcha (que pode ser permanente) e reduz a fotossíntese,
causando sub-desenvolvimento das plântulas.
POPIA et al. sugere manter um reservatório de água dentro da própria estufa para a
irrigação, para não haver choque térmico, pois a água e as mudas estarão em temperaturas
próximas.
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A irrigação deve ser realizada preferencialmente com microaspersores, que produzem gotas
pequenas e permitem uma distribuição uniforme da água dentro da estufa. Normalmente é
necessário instalar filtros de água na rede de irrigação para evitar entupimentos, sempre
muito comuns neste tipo de sistema.
OBS 2: Lembre-se que, mesmo que o excesso de umidade não cause problemas
perceptíveis com patógenos ou com o desenvolvimento das mudas, pode provocar um
fenômeno conhecido como “raízes preguiçosas”, isto é, menor quantidade e menor volume
de raízes. Em outras palavras, na fase após a emergência, pequenos ‘estresses’ hídricos
podem forçar a planta a “buscar água” através de suas raízes, formando um sistema
radicular mais vigoroso.
Fitossanidade:
Em geral, a produção de mudas em estufa evita integralmente problemas com pragas, pelas
barreiras físicas proporcionadas pela própria construção (plástico, telas), como pelas
bancadas suspensas. Para as doenças, o desenvolvimento da maioria dos patógenos é
reduzido. Entretanto, havendo incidência que justifique o controle, pode-se lançar mão de
métodos alternativos de proteção de plantas (de forma criteriosa, geralmente em menores
concentrações, pela alta sensibilidade das plantas em estágios iniciais) , como as caldas
fitoprotetoras, os biofertilizantes ou outros métodos compatíveis com as normas técnicas de
produção, descritos em outras seções do presente livro.
P.S.: Alguns desses produtos têm uso restrito na agricultura orgânica e a certificadora deve ser consultada.
Nota: Outras informações úteis para a propagação de plantas e formação de mudas podem
ser encontradas na descrição dos sistemas de produção de cada cultura, detalhados
posteriormente em seção própria.
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Características:
Preparo do extrato:
O primeiro passo é selecionar um composto bem curtido, deixar secar à sombra sob galpão e
após, proceder o peneiramento do material para separar a fração mais mineralizada do
composto.
Recomendações de uso:
Para a aplicação do extrato, que contém muitas partículas sólidas advindas do composto,
deve-se utilizar um regador ser crivo. Para cultivos de hortaliças em canteiros ou em sulcos,
proceder a irrigação manual nas entrelinhas dos cultivos, distribuindo-se um filete contínuo
ao lado das plantas, próximo à região de exploração das raízes. Para hortaliças plantadas
em covas, aplicar o extrato ao redor das plantas, para um melhor aproveitamento da
adubação.
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O esterco é misturado em partes iguais com água pura, não clorada, e colocado em uma
bombona plástica ( 200 litros ), deixando-se um espaço vazio de 15 a 20 centímetros no seu
interior ( figura 32 ).
O biofertlizante líquido não poderá ser armazenado por muito tempo, após ser coado, pois irá
reduzir o seu efeito fitossanitário, dando-se preferência em usá-lo imediatamente ou na
primeira semana após sua produção. Caso não seja todo utilizado, poderá ser armazenado
por um período de 30 dias, desde que volte ao mesmo sistema anterior, mantendo ainda seu
feito de adubo foliar e estimulante fitohormonal.
O biofertilizante líquido deverá ser diluído em água, em várias concentrações, para diferentes
usos e aplicações.
O biofertilizante líquido pode ser utilizado de várias maneiras, sendo que o método mais
eficiente é a aplicação de pulverizações foliares, as quais promovem em feito mais rápido.
Nas pulverizações, o biofertilizante líquido deverá cobrir totalmente todas as folhas e ramos
das plantas, chegando ao ponto de escorrimento, para um maior contato do produto com a
planta ( alto volume ).
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P.S.: Deve-se tomar cuidado de não deixar entupir a mangueira plástica, para permitir a livre saída do gás
metano formado no sistema fechado ( anaeróbico ).
A parte sólida do biofertilizante poderá ser usada como adubo de cova em plantios ou na
formação de compostagem.
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DIAS DE FERMENTAÇÂO
ELEMENTOS 30 60 90 120
(ppm)
CaCO3 3.260,0 2.600,0 2.460,0 2.372,0
SO3 ( sulfito ) 447,0 170,0 97,2 112,0
PO4 ( ortofos ) 1.668,0 569,0 410,0 320,0
SiO2 83,1 168,0 143,0 177,0
Fe ( total ) 44,7 11,3 9,7 11,0
CI 1.160,0 810,0 1.090,0 840,0
Na 166,0 250,0 276,0 257,0
K 970,0 487,0 532,0 500,0
Mo/litro 1,0 1,0 1,0 1,0
B/litro 1,1 1,0 1,0 1,0
Zn 6,7 3,7 1,3 1,7
Cu 1,1 0,7 1,0 0,2
Mn 16,6 4,7 3,8 4,6
Mg 312,0 305,0 281,0 312,0
PH 7,8 7,4 7,6 7,7
Fonte: Vairo dos Santos, 1992.
Vantagens:
2
Fonte: APTA, 1997.
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Composição:
Componentes minerais:
Mistura proteica:
Para fazer a mistura proteica não é necessário ter todos os ingredientes, mas o quanto mais
diversificado, melhor.
Preparo:
Em um tambor de 200 litros, colocar 20 kg de esterco fresco de gado e completar com 100
litros de água.
A partir do primeiro dia, colocar o primeiro dos nutrientes no tambor, junto com a mistura
proteica. Ir colocando cada nutriente de 3 em 3 dias.
Toda vez que for colocar um nutriente, colocar também a mistura proteica, e mexer bem.
Quando for colocar o quinto nutriente, acrescentar mais 10 kg de esterco fresco e 20 litros de
água. No final, depois de adicionar todos os nutrientes e a mistura proteica, completar com
água até encher o tambor.
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Depois é só deixar fermentando por no mínimo 1 mês, em local fresco e com sombra, para
poder aplicar nas plantas.
Ele pode ficar guardado por mais tempo, mas o resultado é melhor, quanto mais novo o
SUPERMAGRO for.
Utilização:
Na hora da aplicação, mexer bem o SUPERMAGRO, pegar a quantidade que vai ser usada,
diluir em água e coar essa mistura em um pano fino ou numa tela fina, isso é importante para
não entupir o bico do pulverizador.
Para horta, se forem plantas de folhas mais macias ( alface, almeirão ), usar a concentração
de até 3% (600 ml de SUPERMAGRO em um pulverizador de 20 litros).
Se foram plantas de folhas mais grossas ( couve-flor, repolho, brócolis), pode ser usado a
uma concentração de 5%, isto é, 1 litro de SUPERMAGRO para um pulverizador de 20
litros). As pulverizações podem ser semanais, podendo variar com o nível de fertilidade do
solo e o nível nutricional das plantas. Para controle de doenças e insetos, as concentrações
podem ser mais fortes.
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Preparo:
Para evitar mau cheiro advindo da fermentação anaeróbica, esta solução deve ser agitada
durante um tempo mínimo de 5 minutos, no mínimo 3 vezes ao dia.
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Recomendações de Uso:
2ª. Esta preparação rende aproximadamente 500 litros de solução líquida para pronto uso. A
malha de filtragem dependerá do sistema de aplicação que será adotado.
3ª. A aplicação pode ser realizada manualamente (com regador), por bombeamento ou em
redes de fertirrigação. Neste último caso, a filtragem deve ser bem feita para evitar
entupimentos.
5ª. Em canteiros de morango e alho, recomenda-se utilizar 400 ml por metro quadrado,
aplicado nas entrelinhas ou via sistema de irrigação.
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Por muito tempo, a adubação verde caracterizou-se pelo uso de leguminosas, visando-se à
melhoria da produtividade das culturas pela adição do Nitrogênio, ciclagem mais eficiente de
nutrientes e melhoria física e biológica do solo.
São utilizados como adubos verdes, além das leguminosas, plantas de outras famílias, em
cultivo exclusivo ou consorciado, isso porque normalmente as leguminosas decompõem-se
mais rapidamente que as gramíneas, apresentado por isso efeitos físicos menos prolongados
no solo.
Por outro lado podem ser destacadas, dentre várias funções que o adubo verde desempenha
na melhoria da produtividade do solo, aquelas que se referem à aração biológica e à
introdução de microvida em profundidade no solo, isto é, a mais de 0,70 a 0,80 m, em escala
extensiva. Essas funções não são fáceis de ser desempenhadas por outras tecnologias e
insumos ( práticas mecânicas e fertilizantes químicos ) comumente utilizados na agricultura
convencional, tornando-se assim, o uso do adubo verde uma das técnicas indispensáveis
para a agricultura de hoje, segundo Miyasaka (1990), citado por COSTA et. al. (1993).
• Proteger o solo das chuvas alta intensidade. A cobertura vegetal dissipa a energia
cinética das gotas da chuva, impedindo o impacto direto e a consequente desagregação
do solo, evitando o seu selamento superficial.
• Manter elevada a taxa de infiltração de água no solo, pelo efeito combinado do sistema
radicular com a cobertura vegetal. As raízes, após sua decomposição, deixam canais no
solo que agregam sua estrutura, enquanto a cobertura evita a desagregação superficial e
reduz a velocidade de escoamento das águas pelas enxurradas.
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• Aumento do teor de matéria orgânica do solo pela adição da fitomassa total (parte aérea
mais raízes ) e outros organismos.
O uso de plantas leguminosas como adubo verde são fundamentais em sistemas orgânicos
de produção, pois permitem a melhoria das condições químicas, físicas e biológicas do solo,
destacando-se a fixação biológica de Nitrogênio, elemento indispensável para um bom
crescimento das plantas (Tabela 43).
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Nome comum Nome científico Massa seca DIVMO NDT Proteína bruta
( t/ha ) (%)
Aveia-preta Avena strigosa 7,7 55,6 50,9 8,69
Azevém Lotium multiflorum 4,8 63,3 55,7 6,31
Centeio Secale cereale 6,2 50,8 49,0 6,06
Chincho Lathyrus sativas 3,9 62,2 57,5 16,88
Ervilha Forrageira Pisum arvense 3,0 61,0 56,1 18,06
Gorgo Spergula arvensis 3,8 56,3 50,7 10,12
Nabo forrageiro Raphanus sativus 3,5 67,9 57,3 14,50
Vica comum Vicia sativa 3,6 58,7 53,3 18,75
Vica peluda Vicia villosa 5,0 58,2 53,2 21,31
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Outras informações extremamente úteis, que contribuem para o conhecimento das espécies
e auxiliam na definição da forma de inserir o adubo verde no sistema produtivo, podem ser
verificadas nas Tabelas 47 e 48.
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comum/científico
procedência
Anuais
Crotalária/EEU Leguminosa Anual Ereto/herbáceo 215/250 Rápida S -
Crotalária juncea
Crotalária/IAC Leguminosa Anual Ereto/herbáceo 68/80 Lenta S -
Crotalária retusa
Crotalária/IAC Leguminosa Anual Ereto/herbáceo 150/170 Lenta S -
Crotalária spectabilis
Crotalária/IAC Leguminosa Anual Ereto/herbáceo 60/90 Muito S -
Crotalária grantiana lenta
Crotalária/SLO Leguminosa Anual Ereto/herbáceo 80/100 Muito S -
Crotalária lanceolata lenta
Feijão-de-porco/EEU Leguminosa Anual Ereto/herbáceo 85/100 Mediana/ S -
Canavalia ensiformis Rápida
Guandu-anão/CNPAF Leguminosa Anual Ereto/herbáceo 95/120 Mediana/ S -
Cajanus cajan Rápida
Mucuna-anã/EEU Leguminosa Anual Ereto/herbáceo 50/70 Mediana/ S -
Mucuna Rápida
deeringiana
Mucuna-cinza/EEU Leguminosa Anual Prostrado / - Mediana/ S -
Mucuna niveum trepador Rápida
Mucuna-preta/IAC Leguminosa Anual Prostrado / - Mediana/ S -
Mucuna aterrima trepador Rápida
Mucuna rajada/EEU Leguminosa Anual Prostrado / - Mediana/ S -
Mucuna sp. trepador Rápida
Semiperenes/perenes
Anileira/IAC Leguminosa Perene Ereto/herbáceo/ 130/150 Muito MT S/B
Indigofera endecaphyla arbustivo lenta
Crotalária/EEU Leguminosa Semi Ereto/herbáceo 150/180 Muito S I/S
Crotalaria mucronata Perene lenta
Crotalária/IAC Leguminosa Semi Ereto/perene/ 250/280 Lenta S I
Crotalaria paulina Perene herbáceo
Guandu arbóreo/cv. Leguminosa Semi Ereto/arbóreo 300/330 Mediana/ MT/T B
KAKI
Cajanus cajan Perene rápida
Guandu arbóreo/CPPP Leguminosa Semi Ereto/ arbóreo 260/300 Mediana/ MT/T B
Cajanus cajan Perene rápida
Leucena/EMCAPER Leguminosa Perene Ereto/arbóreo 170/190 Lenta MT/T B
Leucena leucocephala
Leucena/CV;PERU Leguminosa Perene Ereto/arbóreo 168/180 Lenta MT/T B
Leucena leucocephala
Tefrosia/IAC Leguminosa Perene Ereto/arbóreo 150/160 Lenta MT/T S/B
Tephrosia candida
Os dados apresentados referem-se às avaliações realizadas durante as safras 1984/85, 1986/87, 1987/88, 1988/89.
Tolerância à geada: S = susceptível; MT = moderadamente tolerante; T = tolerante.
Rebrota: I = insuficiente; S = suficiente; B = boa.
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Tabela 48: Características a serem observadas nas diferentes espécies passíveis de uso como adubos verdes de verão no
paraná.
Espécie Época de Plantio Espaçamento Qtde sementes Peso de Floração Massa vegetal Emprego principal como
entrelinhas (kg/ha) 1.000 plena (t/ha/ano)
(m) sementes (dias)
(g)
p/ cobert. P/prod.se Cobertura Prod. Verde Seca Pré cultura Consórcio Intercalar
solo mentes solo sementes
Mucuna cinza Set-Jan Set-Out 0,5-1,50 60-90 15-30 765,0-904,0 130-150 20-46 5-9 M-A-Ar M C.per.
Mucuna preta Set-Jan Set-Out 0,50-1,00 60-80 15-20 503,0-800,0 140-170 4-7,5 M-A-Ar M C.per.
Mucuna anã Set-Jan Set-Dez 0,50 80-10 80 533,0-751,0 80-100 12-27 3,5-6,5 M-A-Ar M Cf.Fr.Am
C.juncea Set-Dez Set-Out 0,25-0,50 40 20-30 48,0-53,2 80-130 15-60 5-15 M-C-Tr M-Md Cf.Fr
C.mucronata Set-Dez Set 0,25-0,80 10 3-6 6,8-7,2 120-150 10-63 2,5-16 M-F M Cf.Fr
C.spectabilis Set-Dez Set-Out 0,25-0,50 15 5-8 17,0-18,2 110-140 15-30 3-8 M-F-Al M-Md M-S
C.breviflora Set-Jan Set-Nov 0,25-0,50 20 5-8 16,0-20,0 100 15-21 3-5 M-F M-Md Cf.Fr-Am
C.grantiana Set-Dez Set-Out 0,25-0,50 8,0 3-6 3,7-4,15 140-160 7-28 2,5-6,0 M M-Md Cf-Ci
C.paulina Set-Dez Set 0,25-0,70 15 5-0 14,5-17,4 120-150 50-80 5-9 M-Al-Ca M-Md Cf-Ci
Guandu Set-Jan Set-Jan 0,50-1,5 50 20-45 134,0 140-180 9-70 3-22 M.Tr.Ar.Al. M-S Cl-Ma
H
Guandu anão Out-Jan Out-Dez 0,60-0,70 15-24 15 65,0-80,0 100 12-20 2,5-5,6 M-H M-S Fr.C.per
Feijão de Set-Dez Set-Out 0,50-1,0 150-180 60-120 1285-1517 100-120 14-30 3,2-7,0 M.Al.Ar.H M-Md Cf.Fr
Porco
Feijão bravo Set-Dez Set 0,50-1,0 60 15-20 588 180-210 20-32,5 M-H M-Md C.per.
do Ceará
Feijão mungo Set-Fev Set-Jan 0,40-0,50 30 20 55,0 80 5-12 0,8-3,0 M-Al M-Md Cf-Cult.
Caupi Set-Jan 0,40-0,50 60-75 45-60 145,0 70-110 12-47 2,5-5,4 M-Al-H M.Al.Ma.S. Cf-C.per.
Ml
Lab-lab Set-Dez Set 0,50-0,80 45 12-15 239,0-262,0 130-140 18-30 3,9-13,0 Ar-M M-Md Cf-C.per
Leucena1 Set-Dez Set-Dez 1,50-5,0 3,0-8,0 3,0-8,0 42,0-50,0 Corte a 60-120 15-40 - G-Ml-F Cf-Cd.veg
cada 120
dias
Amendoim Set-Dez Set 0,50 - - - - 10-25 3-6 - - Fr
rasteiro2
Indigofera3
Set-Jan Set 0,50-1,5 15-20 15-20 2,66 240-270 15-30 40-10 - - Fr
Calopogônio3 Set-Dez Set 0,50-1,0 4-10 3-6 9,8-12,0 180-210 15-40 4-10 - M-Ar-Gr-Fo Fr.C.per
Kudzu3 Set-Dez Set 0,50-1,0 2-5 2-5 9,8-12,0 240-270 15-36 3,5-8,0 - Gr-Fo Fr.C.per
Siratro3 Set-Jan Set 0,50-1,0 4,0 2,0 8,6-12,2 210-240 14-28 3-6,5 - Gr-Fo-M Fr.C.per
Centrosema3 Set-Dez Set 0,50-0,80 4,0-8,0 4,0 18,9 200-220 16-35 3-7 - M-Gr-Fo Fr.C.per
Soja perene3 Set-Dez Set 0,50-1,060-90 3,0-6,0 3,0 7,0 210-240 25-40 4,0-10,0 - Gr-Fo Fr.C.per
M= milho ;Al= algodão; Am= amoreira; Ar= arroz; Ca= cana; Tr= trigo; F= feijão; H= hortaliças; Md= mandioca; S= sorgo; Ma= mamona; Ml= milheto; Gr= gramínea;Fo=
forrageira;Cf= café; Fr= frutíferas; Ci= citros; Ma= macieira; Cd.veg= cordão vegetal; C.per.= culturas perenes.
Utilização especial: 1Banco de proteínas
2
Cobertura de canal escoadouro
3
Forragem
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ROWE & WERNER (2000), relatam que não existe uma planta ideal para adubação verde e
cobertura do solo, que apresente apenas características positivas. Todas as espécies
apresentam vantagens e desvantagens, desenvolvendo-se bem dentro de certas condições
climáticas e práticas de cultivo e de manejo.
Critérios:
• Sistema radicular profundo. Plantas com raízes pequenas terão uma pequena capacidade
de retirar os nutrientes não aproveitados pelas culturas.
• Rápido crescimento inicial. Quanto mais rápido a planta cobrir o solo, menor será a
erosão e menor a chance de crescimento das plantas daninhas.
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Entretanto, face à importância desta prática para sistemas orgânicos, apresentamos a seguir
algumas recomendações ou alternativas de utilização da adubação verde, adaptadas de
COSTA et. al. (1993), que se aplicam à produção de hortaliças, visando auxiliar agricultores
e técnicos na tomada de decisão para viabilizar o emprego desta prática indispensável
nestes sistemas.
A prática da adubação verde, quanto à sua utilização aplicada à olericultura, pode ser
classificada em:
As principais vantagens desse tipo de adubação verde são a elevada produção de massa
verde e o grande aporte de Nitrogênio. Destaca-se também a proteção ao solo durante o
período de chuvas de alta intensidade na região Sul do Brasil. A ocupação das áreas
agrícolas durante um período em que são cultivadas culturas econômicas, tem sido apontada
como a principal desvantagem dessa modalidade. A rotação de áreas, ou seja, a divisão de
propriedade em glebas, reservando uma por ano para o plantio de leguminosas e as
restantes para culturas comerciais pode ser um alternativa viável. Nesse sistema, a
adubação verde deve ser cultivada novamente na mesma área num intervalo máximo de dois
a três anos, dependendo da intensidade de uso do solo.
A eficiência dessa forma de utilização pode ser comprovada em trabalho realizado por
OLIVEIRA (2001), avaliando os efeitos da adubação verde com crotalária e do pousio, sobre
a cultura do repolho. Verificou que o pré-cultivo com a crotalária promoveu aumento
significativo da produção de massa fresca da parte aérea, do peso médio das “cabeças” e,
consequentemente, da produtividade da cultura (Tabela 49), evidenciando o benefício da
prática da adubação verde em sistema orgânico de produção.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Neste sistema, uma das técnicas mais conhecidas é o cultivo solteiro da mucuna preta, em
rotação com as hortaliças. Outra técnica tradicional é o cultivo consorciado com gramíneas
(por ex.: milho), que permite a fixação do nitrogênio e melhoraria da estrutura do solo. Ambos
sistemas estão descritos a seguir.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Leguminosa anual, robusta, de crescimento indeterminado, com hábito rasteiro, emitindo ramos trepadores;
vagem alargada, com 3 a 6 sementes duras, de coloração preta com hilo branco. O peso de 1.000 sementes
varia entre 503 e 680 g.
A semeadura poderá ser efetuada em linhas, em covas (matraca) ou a lanço. Para sistemas orgânicos, onde a
competição com a vegetação nativa é intenso, recomenda-se optar pelo plantio em linhas ou em covas, que
favorecerão a prática da capina.
No plantio em linhas, recomenda-se um espaçamento de 50 cm entre sulcos, com 6 a 8 sementes por metro
linear ( 60 a 80 kg/ha de sementes ). Para o plantio em covas, utiliza-se a matraca, recomendando-se neste
caso um maior espaçamento entre plantas, de 40 cm, com deposição de 2 a 3 sementes por cova. Na
semeadura a lanço, o gasto com sementes será aproximadamente 20% superior ao plantio em linhas. Procede-
se a distribuição ( manual ou mecânica ) das sementes sobre a superfície do solo e posteriormente incorpora-
se, através de uma gradagem leve.
Deve-se observar que o tegumento das sementes, é normalmente mais duro e impermeável do que nas
mucunas cinza e anã, o que, às vezes, reduz a percentagem de germinação, principalmente nas sementes
mais velhas. Neste caso, recomenda-se a escarificação das sementes, utilizando-se um tambor giratório com
areias grossas ou pedras irregulares.
Outra prática simples e eficaz para se alcançar uma melhor germinação, é a embebição das sementes em água
corrente, um dia antes do plantio. Para tanto, coloque as sementes dentro de sacos telados e mergulhe em
água de rio, nunca em água parada, sem oxigênio, pois prejudicará a emergência. Esta prática inviabiliza o
plantio com matraca por dificultar a saída das sementes pelo bico da plantadeira.
Manejo e incorporação:
Em sistemas orgânicos, por não se utilizar herbicidas, a competição com ervas nativas no início do ciclo é muito
grande, podendo comprometer o rendimento de Massa verde da leguminosa. Por isso, torna-se necessário
realizar de uma a duas capinas na fase inicial da cultura, para que a mesma cresça e cubra todo o terreno.
O manejo poderá ser realizado entre 120 e 170 dias após a emergência, na fase de florescimento/enchimento
de vagens, através de roçagem manual, com roçadeira de trator ou utilizando-se rolo faca. Para incorporação
do material, caso a biomassa seja excessiva, recomenda-se o uso de grade pesada ou aração, uma semana
após, para evitar que as ramas “embuchem” no equipamento.
160
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Produção de sementes:
Recomenda-se o plantio de 3 a 4 semanas por metro linear, com espaçamento de 1 metro entre linhas ( 15 a 20
kg/ha de sementes ). O tutoramento ( com plantas de milho, hastes de madeira, guandu, etc. ) possibilita a
produção de maior quantidade de sementes, com melhor qualidade. Neste caso, o ciclo da cultura varia de 210
a 260 dias.
A colheita deve ser feita manualmente, quando as vagens estiverem secas. As vagens colhidas devem ser
secadas à sombra em galpões bem ventilados. Posteriormente, procede-se a debulha, limpeza das sementes e
conservação em bombonas plásticas bem fechadas. A produtividade pode atingir 2.000 kg/ha de sementes.
Esse tipo de adubação é mais recente e teve incremento a partir dos trabalhos de Miyasaka (
1971 ) que avaliou, em São Paulo, a utilização de leguminosas durante o outono/inverno na
entressafra de culturas comerciais de verão. A constatação de que grandes áreas na região
Sul do Brasil permanecem sem utilização durante o período de inverno (somente no Rio
Grande do Sul e no Paraná somam 9 e 5 milhões de hectares), sujeitas à ação da erosão, à
lixiviação de nutrientes e à proliferação de invasoras, contribuiu para a rápida difusão dessa
modalidade de adubação verde.
Nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, as principais espécies
utilizadas são a aveia-preta, o azevém, o nabo forrageiro, os tremoços, o chícharo, as
ervilhacas, a serradela e a gorga. A época da semeadura desses adubos verdes varia de
março a junho. Na região sudeste, os adubos verdes mais utilizados são as aveias, o
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Nessa modalidade, o adubo verde é semeado na entrelinha da cultura comercial, sem haver,
portanto, o inconveniente da suspensão das culturas em parte do ano agrícola. Esse sistema
adapta-se principalmente às pequenas propriedades nas quais a utilização do solo é a mais
intensa possível.
A utilização da adubação verde consorciada com hortaliças deve ser feita criteriosamente, de
maneira a evitar que o adubo verde possa vir a competir com a cultura comercial,
ocasionando, inclusive, redução na produtividade. Isso pode se verificar, especialmente, em
períodos de deficits hídricos coincidentes com a fase crítica de necessidade de água da
cultura.
As principais vantagens desse sistema são a utilização intensiva do recurso solo, o eficiente
controle da erosão e a redução da infestação de invasoras e das temperaturas máximas da
superfície do solo, favorecendo a atividade biológica e o desenvolvimento vegetal.
Nesse sistema, alocam-se faixas onde são plantados os adubos verdes, permanecendo o
restante da área cultivada com a cultura comercial. Nos anos seguintes, as faixas são
deslocadas, com o objetivo de gradualmente ir promovendo a melhoria do solo de toda a
propriedade.
Uma variação desse sistema é o plantio de leguminosas perenes em faixas que são
mantidas fixas, podendo ser utilizadas periodicamente, na alimentação animal, através de
cortes ou distribuídas na área de cultivo comercial, visando-se à cobertura do solo e à
economia da adubação nitrogenada (caso do sistema Alley Cropping).
Além dessas formas descritas anteriormente, ROWE & WERNER (2000) apresentam uma
descrição de como proceder para empregar a técnica conhecida como “coquetel de adubos
verdes”, que vale a pena conhecer e utilizar. Para tanto, suas proposições estão detalhadas
abaixo:
A prática consiste num consórcio em que se misturaram espécies de plantas de diversas famílias e finalidades,
de modo a se obter a maior diversidade possível. Cada tipo de planta vai crescer no seu ritmo e do seu modo,
algumas mais precoces e outras mais tardias, na vertical ou na horizontal. As raízes de algumas vão explorar a
superfície do solo, outras crescerão em profundidade. Então ao final a diversidade promove maior eficiência de
uso da luz solar e maior volume de raízes em diferentes profundidades. As diferentes espécies possuem
diferentes exigências nutricionais e diferentes habilidades em extrair os nutrientes, ocorrendo uma
complementação entre as plantas que crescem na mesma área. Assim também ocorre posteriormente uma
maior reciclagem de nutrientes. Com o coquetel é possível obter uma rápida cobertura do solo, que vai também
permanecer por mais tempo, auxiliando muito o manejo de ervas espontâneas.
No momento adequado a massa vegetal poderá ser incorporada ou acamada para servir como cobertura do
solo, tornando-se fonte de material orgânico rico em elementos que ficarão a disposição do próximo cultivo.
Esta prática não tem o inconveniente de ser uma monocultura. Também é possível obter alguma renda da área
com a colheita de algumas espécies (milho, girassol, sementes de adubos verdes, forragem, etc.).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
A massa verde deve ser roçada e deixada sobre o solo como cobertura morta no momento do início do
florescimento da mucuna preta (± 150 dias), quando se obtém a máxima produção de massa verde da mistura.
Para se obter uma decomposição mais rápida, roça-se antes. Para mais lenta, roça-se depois.
A quantidade de massa verde a ser produzida varia de 50 a 70 t/ha (acima de 20 t/ha já é considerado bom),
podendo atingir em alguns casos até 120 a 150 t/ha. A produção normal de uma espécie isolada varia entre 25-
30 t/ha de massa verde (mucuna, por exemplo). Portanto, com a prática do coquetel, podemos obter mais que o
dobro de produção de massa verde na mesma área. Convém ressaltar novamente que toda esta massa verde
retornará ao solo, sendo seus nutrientes reciclados pelos microrganismos.
Os efeitos benéficos do coquetel de adubação verde de verão, sobre o cultivo de hortaliças, persistem por mais
de um ano, eliminando ou reduzindo o uso de outras fontes orgânicas em algumas situações.
As espécies e quantidades citadas nas Tabelas 50 e 51 são oferecidas como sugestão para um coquetel de
adubação verde de verão ou de inverno, mas cada situação requer o seu “ajuste” próprio para o local. Cada
caso é um caso e somente o agricultor no seu pedaço de terra saberá como agir melhor.
Espécies principais
Espécies opcionais
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Espécies principais
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Outro fator decisivo é evitar o acúmulo de inóculos de organismos patogênicos, que atacam
as monoculturas de forma constante, uma vez que as sucessões vegetais provocarão uma
quebra do ciclo biológico desses organismos pela alternância de espécies diferentes,
especialmente com características fitossanitárias distintas. Como exemplo, destacamos que
o plantio de espécies de solanáceas (Tomate, Batata, Pimentão, etc.), em sucessão numa
mesma área, pode elevar a incidência de patógenos de solo e foliares nestas culturas.
VIEIRA (1999), estudando sistemas de rotação para a cultura da Batata, conclui que os
sistemas rotacionais, comparados ao monocultivo, apresentaram superioridade incontestável
quanto à produtividade e qualidade dos tubérculos (Tabela 52). Além disso, observa que a
monocultura aumenta drásticamente a incidência de sarna, afetando diretamente a qualidade
dos tubérculos.
Para o plano de uso numa área para cultivo orgânico de hortaliças, SOUZA (2002)
recomenda que a área seja dividida em talhões e cada um dividido em 4 faixas de solo (A, B,
C e D), todas separadas por corredores de refúgio de 2,0 m de largura, de forma que
alternando-se 3 grupos de cultivo (Hortaliças de Flores/frutos, Raízes/Tubérculos e
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Folhosas), num ciclo cultural máximo de 6 meses, teremos a revitalização do solo com
Pousio e/ou Adubação verde, sempre após 3 semestres com cultivos comerciais, ou seja, a
cada um ano e meio, em média. Além disso, praticamos cultivos comerciais distintos em
cada faixa, explorando uniformemente o solo, conforme o exemplo na Tabela 53.
Tabela 53: Sucessão e rotação cultural por grupos de cultivo, durante 2 anos.
TALHÕES FAIXAS GRUPOS DE CULTIVO PERÍODO
Pousio/Adubação verde 1º semestre
Faixa A Flores e Frutos 2º semestre
(400 m2) Raízes e Tubérculos 3º semestre
Folhosas 4º semestre
Folhosas 1º semestre
Faixa B Pousio/Adubação verde 2º semestre
(400 M2) Flores e Frutos 3º semestre
Raízes e Tubérculos 4º semestre
Talhão
(1600 m2)
Raízes e Tubérculos 1º semestre
Faixa C Folhosas 2º semestre
(400 M2) Pousio/Adubação verde 3º semestre
Flores e Frutos 4º semestre
Uma outra forma de planejamento de áreas para uso sustentável na produção de hortaliças
foi descrita por KHATOUNIAN (2001), assim: recomenda-se intercalar a produção de
hortaliças com a produção de espécies de enraizamento denso e palhada abundante, para o
que as melhores espécies são gramíneas como o milho, o milheto e o sorgo vassoura, para o
verão, e as aveias pretas ou o centeio para o inverno. O terreno pode ser dividido em um
número de talhões, que recebe periodicamente a cultura de palhada (Figura 36). Por
exemplo, onde a principal estação de hortaliças é o inverno, pode-se reservar o verão para o
milho ou milheto, em área total ou pelo menos metade da área. Analogamente, pode-se
ocupar o terreno com aveia, se o verão é a principal estação para as hortaliças. Esse tipo de
rotação tem sido chamada de rotação de talhão.
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Ano 1 Ano 2
Ano 1 Ano 2
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3.7.2. Consorciação:
A consorciação de culturas busca uma maior produção por área, pela combinação de plantas
que irão utilizar melhor o espaço, nutrientes, área e luz solar, além dos benefícios que uma
planta traz para a outra no controle de ervas daninhas, pragas e doenças. Todas estas
questões técnicas, estão aliadas a uma maior estabilidade na oferta de produtos e segurança
no processo produtivo (Figura 37).
Grupo 1 (mais exigentes): Alface, almeirão e chicória; couve, brócole, repolho, couve-flor,
rúcula e outras crucíteras; cenoura, funcho, salsinha, salsão;
ervilha torta, feijão-de-metro, vagem; pepino e abobrinha italiana;
espinafre; cebolinha, cebola, alho porró;
Grupo 2: (média exigência): pimentas, jiló e berinjela; ervilha de grão verde e feijão
fradinho; batata-doce; quiabo e vinagreira; milho; abóboras, chuchu; aveia
preta;
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Tabela 54: Associações de Plantas mais desejáveis para a realização de consórcios. Fonte: DEBARBA (2000).
Culturas Companheiras Antagonistas
beneficiadas
Abóbora ∗ milho, vagem, acelga, taioba, chicória, amendoim, nastúrcio, borragem batata
Alface ∗ cenoura, rabanete, morango, pepino, alho-poró, beterraba, rúcula, abobrinha, salsa, girassol
tomate, cebola
Alho-poró ∗ cenoura, tomate, salsão, cebola, alho, morango, couve, alface feijão, ervilha
Aspargo ∗ tomate, salsa, manjericão, malmequer, pepino, alface cebola, alho, gladíolos
Bardana ∗ funcho, cenoura
Batata ∗ feijão, milho, repolho, rábano, favas, ervilha, couve, alho, berinjela (isca), urtiga, raiz- abóbora, pepino, girassol,
forte, cravo-de-defunto, linho, hortelã, nastúrcio ◊ caruru tomate, maçã, framboesa,
abobrinha
Berinjela ∗ feijão, vagem
Beterraba ∗ couve, rábano, alface, nabo, vagem, repolho, cebola vagem
Café ∗ seringueira, bananeira, urucum kiri
Cebola ∗ beterraba, morango, camomila, tomate, cenoura, pepino, couve ervilha, feijão
segurelha, alface ◊ caruru
Cebolinha ∗ cenoura ervilha, feijão
Cenoura ∗ ervilha, alface, manjerona, rabanete, tomate, cebola, cebolinha, bardana, alho-poró, endro
alecrim, sálvia, linho, acelga
Couve ∗ cebola, batata, salsão, beterraba, camomila, hortelã, endro, artemisia, sálvia, framboesa, tomate, vagem,
alecrim, menta, tomilho, nastúrcio, alface rúcula
Couve-chinesa ∗ vagem
Couve-flor ∗ salsão rúcula
Ervilha ∗ cenoura, nabo, rabanete, pepino, milho, feijão, abóbora, couve-rábano, milho doce, Cebola, alho, batata,
couve, alface, abobrinha gladíolos
Espinafre ∗ morango, feijão, beterraba, couve-flor, tomate, batata, couve
Feijão ∗ milho, batata, cenoura, pepino, couve-flor, repolho, ervas aromáticas, couve, petúnia, alho-poró, funcho,
alecrim, segurelha, nabo, beterraba gladíolos, alho, cebola,
salsão
Fumo ∗ soja tomate
Frutíferas ∗ tanásia1, nastúrcio2
Girassol ∗ pepino, feijão batata, linho
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A cobertura morta é uma prática cultural pela qual se aplica, ao solo, material orgânico como
cobertura da superfície, sem que ele seja incorporado. Através dela procura-se influenciar
positivamente as qualidades físicas, químicas e biológicas do solo, diminuindo a erosão e
criando condições ótimas para o crescimento radicular.
Figura 38: Cobertura morta com capim triturado (alta relação C/N) em cultivo
orgânico de repolho. Área Experimental – INCAPER – ES.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
A quantidade de material orgânico a ser aplicado em uma determinada área deverá ser o
suficiente para promover uma cobertura que permita a proteção completa do solo, levando à
retenção de umidade, observando-se atentamente a compensação de retorno econômico
obtido com a cultura comercial em questão. De maneira geral, quanto mais fino for o
material, menor poderá ser a espessura da camada, pois melhor ela se assentará sobre o
solo. Portanto, na prática, recomenda-se uma camada de 5 a 10 cm para materiais finos e de
10 a 15 cm para os mais grosseiros.
Època de aplicação:
Dependendo da espécie e da textura do material, a cobertura morta pode ser aplicada antes
da emergência das sementes. (Palha de pinus em alho, Casca de arroz em cenoura) ou
depois das plantas estarem estabelecidas no campo, permitindo uma aplicação ao redor das
plantas ou nas entrelinhas de plantio.
Observem na Tabela 55, a seguir, os efeitos da cobertura morta com casca de arroz na
cultura da cenoura, em cultivo de verão em região de altitude. Verifica-se que a cobertura
favoreceu o stand final (+27%), a produtividade comercial (+45%), o peso médio(+13%) e o
diâmetro médio(+10%) de raízes, quando comparado à testemunha, sem cobertura.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
A proteção do solo ( canteiros, camalhões, etc.), com plástico, tem permitido reduzir as
perdas de Nitrogênio por lixiviação e volatilização, tornando-o mais disponível às
culturas. Em observações preliminares, verificou-se um acréscimo de produtividade
significativo na cultura do Alho ( Tabela 56) e no Tomate (Tabela 57), conforme apresentado
adiante (SOUZA, 2002).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Tabela 56: Avaliação comparativa da cobertura de canteiros com plástico preto e palha de pinus na cultura do alho.1
Total Comercial
Tratamentos Nº Peso Nº Produtivi- Peso Médio Diâmetro Diâmetro Razão
Bulbos/ (Kg/ha) Bulbos dade (g) Médio(cm) Talo (cm) Bulbar
amostra (Kg/ha)
Tabela 57: Avaliação dos efeitos da cobertura de solo com plástico preto na cultura do tomate.1
Plástico Preto (A) 623664 56754 387376 53505 6,3 5,8 4,7 12,3 3,2 0,5 3,4
Teste (B) 580123 37406 273736 35819 5,8 4,6 6,5 11,6 2,6 1,2 1,3
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3.9.1. Manejo:
Observe que, mesmo para períodos curtos entre capinas, a perda foi significativa, ou seja,
em capinas de 15 em 15 dias a produção de inhame foi de 18.548 kg/ha e de 30 em 30 dias
reduziu para 13.628 kg/ha.
Para culturas que exigem a prática de encanteiramento, deve-se retirar toda vegetação
espontânea sobre o leito do canteiro, para não haver competição por água, luz ou nutrientes.
Entretanto, para proporcionar ambientes que sirvam de refúgio para predadores de pulgões,
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Figura 40: Preparo mínimo do solo, em faixas, para Figura 41: Capina manual, em faixa, na cultura de
plantio de pimentão, mantendo-se os corredores de brócolis – redução de mão-de-obra, sem perda de
refúgio, desde o início da cultura. rendimento comercial.
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3.9.2. Controle:
Para áreas que apresentam alta infestação de ervas invasoras persistentes, como a Tiririca
(Cyperus rotundus), Trevo (Oxalis latifolia) e Beladona (Artemisia verlotorum), o cultivo de
hortaliças, especialmente em canteiros, é extremamente dificultado em sistemas orgânicos,
visto que não se permite o emprego de herbicidas sintéticos que provocam contaminação ao
meio ambiente, principalmente ao solo e à água.
Assim sendo, o controle dessas ervas através da técnica de solarização do solo, pode ser
uma alternativa eficaz. Esta técnica consiste no uso de plástico em cobertura sobre o solo,
após ter sido preparado e saturado com irrigação, deixando o mesmo coberto por um período
mínimo de 40 dias. Para maior eficiência de controle, recomenda-se a solarização no período
de verão em regiões de altitude (Janeiro e Fevereiro), uma vez que se obtém maiores
temperaturas sob o plástico, podendo assim controlar até 100% da população de tiririca de
uma determinada área. A solarização, realizada no período do inverno, especialmente em
regiões de altitude, não permitem a formação de uma bolsa de calor intenso abaixo da lona
(acima de 50ºC), não controlando eficazmente as ervas.
Observe na Tabela 59 que a solarização por 45 dias permitiu alcançar temperaturas de até
54 graus sob o plástico, o que possibilitou o controle total da tiririca e a beladona logo após a
retirada do plástico (Figura 43). O acompanhamento da emergência dessas ervas até 6
meses (180 dias) demonstrou ausência total para estas duas espécies (SOUZA, 2002).
Plático Preto 0 0 0 0 1 1 0 0 0 52
Plástico transparente 0 0 0 0 1 1 0 0 0 54
*O nível de infestação foi avaliado por notas de 0 a 3 (0=ausência; 1=baixo; 2=médio e 3=alto.
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Portanto, recomenda-se utilizar águas de fontes não contaminadas, tanto de superfície como
subterrânea; inspeções e análises de qualidade devem ser feitas sempre que houver
suspeita de contaminação; proteção de mananciais, pela preservação da cobertura vegetal
natural; proteção de lagos, represas e rios contra resíduos e contra agrotóxicos trazidos pelo
vento de áreas convencionais próximas e por enxurradas, que também podem carrear
resíduos de adubos químicos e materiais fecais.
O sistema de caixas secas inicia-se com um diagnóstico das estradas que servem a
propriedade, fazendo uma medição da extensão, largura, e porcentagem de inclinação. Com
estes dados, mais a precipitação média e a probabilidade de chuvas pesadas na região,
calcula-se a distância entre as caixas e o tamanho das mesmas.
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3.10.3. Irrigação:
Figura 44: Irrigação por aspersão em propriedade orgânica do Sr. Almerindo Uhlig – município de Santa Maria
de Jetibá – ES (esquerda) e irrigação por infiltração realizado por mangueiras na cultura da batata –
redução de problemas fitossanitários (direita).
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Para as pragas, podemos citar como exemplo de problemas superados pelo próprio sistema:
pulgões em repolho, ácaro do chochamento em alho, broca do fruto em abóbora, ácaro em
batata baroa, pulgões em batata, dentre outros.
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Vale lembrar que, antes de se lançar mão de métodos alternativos de controle, o emprego
dos princípios e conceitos convencionais do MIPD–Manejo Integrado de Pragas e Doenças,
também conhecido como MEPD–Manejo Ecológico de Pragas e Doenças, podem auxiliar de
forma marcante na definição das práticas de manejo e controle em sistemas orgânicos. A
maioria delas são recomendadas ou plenamente aceitáveis pelas normas técnicas de
produção vigentes no país. Observe, por exemplo, algumas táticas do controle integrado da
murcha bacteriana das solanáceas, causadas por Ralstonia solanacearum, e sua importância
relativa, na Tabela 61.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Embora uma doença específica possa, em certos casos, ser controlada por uma única
medida de controle, a complexidade de fatores envolvidos requer o uso de mais um método
para alcançar controle adequado da mesma. Daí a necessidade de concentrar esforços
visando combinar várias medidas e vários métodos de controle quer sejam físicos,
mecânicos, culturais, genéticos, legislativos, químicos (à base de Cobre, Enxofre, etc.) e
biológicos, para que se obtenha otimização na redução de intensidade das doenças e,
consequentemente se alcance o máximo em produtividade, sem reflexos negativos no meio
ambiente.
200
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IMPORTANTE: A maioria das medidas descritas são aceitas pelas certificadoras, por
estarem de comum acordo com as normas técnicas de produção orgânica. Outros princípios
apresentados são de uso proibido e não devem ser usados, necessitando portanto estar
atento no momento da definição da estratégia de manejo a ser adotada.
Assim, pode-se dizer que o controle integrado de doenças de hortaliças nada mais é do que
estabelecer uma estratégia de controle de doenças que envolva todos os conhecimentos
relacionados com o processo infeccioso e o desenvolvimento da doença. Para isso,
pesquisadores, técnicos e agricultores devem estar atentos aos efeitos dos fatores do
ambiente sobre as doenças e conscientes da necessidade de saber escolher os métodos de
controle mais adequados, econômicos e eficientes. O agroecossistema precisa ser
preservado, e é de fundamental importância que as medidas de controle contemplem este
objetivo.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
202
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
As perdas que as doenças causam às hortaliças variam com uma série de fatores, dentre os
quais citam-se o clima e a suscetibilidade das variedades e do patógeno. No Manejo
Integrado das Doenças (MID) de hortaliças, além desses fatores, é importante considerar
também:
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Tabela 63: Efeito de Composto de Palha de Café (CPC), Composto de Lixo Urbano
(CLU), Composto de Casca de Eucalipto (CCE) e Vermicomposto (VER) no
peso da matéria seca da parte aérea do tomateiro e no número de galhas e
massa de ovos de Meloidogyne javanica (Mj).
Substrato Peso da Galhas por Massa de ovos Galhas por planta2
matéria seca planta 1 por planta
do tomateiro
(g)
Solo + Mj 98.20 a 1748.40 a 1861.80 a 110.82 bc
Solo – Mj 103.43 a Ausente Ausente Ausente
204
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Além da relação com a matéria orgânica, as doenças apresentam uma estreita correlação
com os nutrientes foliares e do solo. SOUZA & VENTURA (1997), estudando níveis foliares
de nutrientes na cultura da batata, identificaram correlação significativa com a incidência de
requeima provocada pelo fungo Phytophthora infestans. O estudo confirmou correlação
positiva com alto nível de significância para Nitrogênio e Fósforo e correlação negativa para
Cálcio e Boro.
Todos esses fatores citados, aliados a tantos outros, podem interagir harmonicamente num
agroecossistema orgânico, permitindo reduzir a manifestação de pragas e doenças,
minimizando de forma segura as possibilidades de perdas nas culturas comerciais. Observe
na Figura 45, os variados fatores do ambiente, do manejo e de métodos alternativos, que
podem interferir na incidência de pragas e doenças, proporcionando plena segurança aos
que desejam iniciar neste modelo de produção.
205
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Tratamento Inundação do
biológico do solo solo
Variedades
Matéria orgânica resistentes
(Antagonismos,
resistência induzida,
etc..)
‘Roguing'
Manejo de água e
Umidade
Associação de
cultivos
Aeração do
ambiente PRAGAS Limpeza manual
& (folhas e hastes)
doentes
Sementes e mudas
sadias
DOENÇAS
(orígem ou cultura
Quebra-Ventos
tecidos)
Solarização
Espaçamento
Caldas e
Eliminação de Extratos
hospedeiros
Biofertilizantes
Armadilhas luminosas
Época de plantio
Controle biológico
(Bacillus, Trichograma, Ferormônios
Baculovirus, etc.)
Figura 45: “O que fazer com tantas pragas e doenças na Agricultura Orgânica, se não
posso usar agrotóxicos”?
206
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Controle biológico:
207
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Figura 46: Presença de predadores no sistema produtivo indicam que o manejo está correto. Na
ilustração, verificamos um aracnídeo, em lavoura de tomate orgânico, na fazenda Luiziânia -
Entre Rios de Minas – MG (à esquerda) e Joaninha predadora de pulgões em folha de batata-
baroa (à direita).
Figura 47: Presença de colônia de pulgões (esquerda) e lagarta mede-palmo (direita), em folhas de repolho – o
desequilíbrio com a população de seus predadores, poderá provocar aumento excessivo desses
insetos e justificar a adoção de métodos alternativos de controle.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Bacillus thuringiensis: Inseticida biológico, que pode ser utilizado para controlar vários
tipos de lagartas que causam danos a diversas hortaliças. Atualmente já é encontrado no
mercado diferentes marcas comerciais, à base de variedades diferentes. Como exemplo,
citamos:
- Dipel em pó e líquido (Bacillus thuringiensis var. kurstaki).
- Agree (combinação de Bacillus thuringiensis var. kurstaki com var. aizawai.).
- Xentari (Bacillus thuringiensis var. aizawai).
RECOMENDAÇÕES DE USO
As dosagens recomendadas para uso dependerão da concentração de Bacillus na
composição do produto comercial, conforme algumas indicações de uso apresentadas
abaixo:
Repolho: Aplicar, em média, 1000 litros de calda por hectare (cultura adulta).
Tomate, couve e brócoli: 800 litros de calda por hectare (cultura adulta).
209
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Trichogramma spp: Pequenas vespas, inimigo natural para a traça do tomateiro (broca
do ponteiro), broca grande e pequena do fruto do tomate e curuquerê da couve.
Encontra-se para venda em cartelas contendo ovos do Trichogramma, que devem ser
fixadas no interior da lavoura.
Beuaveria bassiana: Fungo que controla com eficiência ácaros, lagartas, pulgões e
mosca branca. Já existem produtos comerciais disponíveis no mercado.
Trichoderma sp: Fungo antagonista de solo que permite o controle de outros fungos de
solo, como Fusarium. Já existem produtos comerciais disponíveis no mercado.
Modo de ação:
Inseticida, fungicida, nematostático, inibidor de crescimento, inibidor de ingestão por lagartas
e larvas de insetos.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Receita 1:
∗ 5 kg de sementes secas e moídas
∗ 5 litros de água
∗ 10 gr de sabão
∗ Colocar 5 kg de sementes de Nim moídas em um saco de pano , amarrar e colocar em 5
litros de água. Depois de 12 horas, espremer e dissolver 10 gramas de sabão neste
extrato. Misturar bem e acrescentar água para obter 500 litros de preparado. Aplicar
sobre as plantas infestadas, imediatamente após preparar.
Receita 2:
∗ 25 – 50 gramas de sementes
∗ 1 litro de água
∗ Despolpar os frutos, secar as sementes a sombra, moê-las e deixar repousar (amarradas
em um saco de pano) imersas em 1 litro de água por 1 dia. Coar e pulverizar sobre as
plantas atacadas.
Receita 3:
∗ 2 Kg de folhas verdes ou frutas inteiras
∗ 15 litros de água
∗ Bater no liqüidificador as folhas ou frutos de Nim, com um pouco de água. Deixar
descansando por uma noite com um pouco mais de água. Antes de aplicar, filtrar e diluir
211
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
com água para obter 15 litros do preparado. Pode ser armazenado em frasco e local
escuros por 3 dias.
Indicações:
Pragas: Mosca branca (Bemisia tabaci), pulgões (Aphis gossypii), mosca minadora
(Liriomyza sativae), Nematóides ( M. javanica e M. incognita), traça das crucíferas
(Plutella xylostela), lagartas em geral e outros.
Doenças: Manchas de alternária, tombamento (Rhizoctonia solani), Fusarium e Sclerotium
rolfsii.
Precauções:
Usar com critério por ser um produto de largo espectro de ação. Tóxico a peixes e baixa
toxicidade a mamíferos. Não há período de carência.
EXTRATO PIROLENHOSO
Deixando-se em repouso por um período superior a 180 dias para decantação, tal líquido se
divide em 3 fases: a parte superior é composta por óleos essenciais, a parte mediana é o
extrato pirolenhoso e a parte inferior é o alcatrão. Já existem produtos comerciais,
disponíveis no mercado.
Recomendações de Uso:
∗ Em pulverização, recomenda-se a diluição em água na proporção de 1:500 (200 ml para
100 litros) a 1:1000 (100 ml para 100 litros).
∗ Tratamento do solo: Diluir o extrato em água na proporção de 1:50 (2 litros para 100
litros) e misturar com o adubo orgânico a ser utilizado no plantio.
Indicação:
Controle de pragas e doenças, aumento na concentração de microrganismos benéficos
(Trichoderma, Penicillium e outros) e proporciona ambiente favorável para multiplicação de
Micorrizas.
Pragas:
- Nematóides;
- Mosca branca, broca (larva da mariposa) e tripes em abobrinha.
Doenças:
- Vírus do mosaico do pepino;
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
ALHO
Existem diversas formulações, de fácil preparo caseiro e que podem apresentar boa
eficiência. Também já existem produtos comerciais, disponíveis no mercado.
Alho 1:
∗ 3 cabeças de alho
∗ 1 colher grande de sabão de coco picado
∗ 2 colheres de sopa de parafina líquida
∗ Amassar as cabeças de alho misturando a parafina líquida. Diluir este preparado para 10
litros de água com o sabão. Pulverizar logo em seguida.
Alho 2:
∗ 100 gr de alho
∗ 0,5 litro de água
∗ 10 gr de sabão de coco
∗ 2 colheres de café de óleo mineral
∗ Os dentes de alho devem ser finamente moídos e deixados em repouso por 24 horas em
2 colheres de óleo mineral. À parte, dissolver 10 gr de sabão em 0,5 litros de água.
Misturar todos os ingredientes e filtrar. Antes de usar o preparado, diluir o mesmo em 10
litros de água, podendo, no entanto, ser utilizado em outras concentrações de acordo com
a situação.
Alho 3:
∗ 1 pedaço de sabão de coco
∗ 4 litros de água quente
∗ 2 cabeças de alho finamente picadas
∗ 4 colheres pequenas de pimenta vermelha picada
∗ Dissolver um pedaço de sabão do tamanho de um polegar ( 50 gr ) em 4 litros de água.
Juntar 2 cabeças picadas de alho e 4 colheres de pimenta vermelha picada. Coar com
pano fino e aplicar
Indicações:
Repelente de insetos, bactérias, fungos, nematóides e inibidor de digestão de insetos.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Preparo:
Picar todas as ervas e colocá-las num tambor com soro de leite. Tampar e deixar fermentar
por 3 a 4 meses. No primeiro mês mexer o fermentado todos os dias. Coar e pulverizar,
usando a concentração de 1 a 5%.
Modo de ação:
Biofertilizante foliar com propriedades repelentes e fungicida.
Observações:
- O líquido obtido do fermentado, tem um cheiro que lembra o da guarapa fermentada;
- Pode-se misturá-lo com o biofertilizante “super-magro”;
- Pode-se armazenar, sem coar o produto, por tempo indefinido.
Obtenção:
Mudas obtidas em viveiros, árvores ao longo das estradas.
Modo de ação:
Repelente de insetos, toxina de contato e ingestão, inseticida, inibidor de ingestão e
crescimento.
Pode ser tóxico a mamíferos por via oral.
Indicação:
Insetos em geral.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
BRASILEIRINHO
Método de ação:
Repelência, devido a grande concentração de feromônio de agregação.
Indicação:
Indicado como repelente do próprio brasileirinho nas hortaliças.
MANIPUEIRA
∗ Manipueira é o suco de aspecto leitoso, extraído por compressão da mandioca ou aipim
ralado. Usar uma parte de manipueira e uma parte de água, acrescentando 1% de açúcar
ou farinha de trigo. Aplicar em intervalos de 14 dias, pulverizando ou irrigando.
Obtenção:
Na propriedade ou em regiões produtoras de subprodutos da mandioca.
Indicação:
Pragas do solo, pulgões e lagartas.
Toxidade:
Cuidado, pois contém ácido cianídrico, não ingerir, não armazenar.
Obtenção:
Farmácias, casas de agropecuária e casas de material de construção.
Modo de ação:
Aumenta o pH superficial das folhas.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
SOLARIZAÇÃO DO SOLO
TIMBÓ (Rotenona)
Receita 1:
∗ 60 gr de pó de raiz de timbó ( cipó)
∗ 11 litros de água fria
∗ 100 gr de sabão
∗ Preparar a emulsão de sabão juntando o sabão com 1 litro de água. Adicionar uma colher
de chá de soda cáustica. Levar ao fogo, mexendo bem com uma colher de pau, até a
completa dissolução da mistura. Retirar do fogo e deixar esfriar até ficar morno. Junte a
essa emulsão 60 gr de pó de raiz de timbó, 10 litros de água, aplicando sobre as plantas
logo em seguida.
Receita 2:
∗ 50 gr de timbó
∗ 200 ml de acetona
∗ 950 ml de álcool 42o GL
Deixar extrair o timbó em acetona por 24 horas. Filtrar, colocar 50 ml deste extrato em 950 ml
de álcool 420 GL.
Pulverizar molhando até o escorrimento. Período de carência de 1 dia.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Precaução:.
Incompatível com calda bordalesa e a cal. Compatível em misturas com enxofre para
controle de doenças, além do enxofre potencializar a ação inseticida da rotenona.
Indicação:
pragas da batatinha, tomate, pimentão e beringela.
Indicação:
Principalmente durante a primavera e no início do verão, tem-se utilizado desse extrato para
amenizar os danos causados pelo vírus do vira-cabeça, disseminado por tripes, uma vez que
o tripes adquire o vírus após alimentar-se de plantas infectadas e/ou ervas nativas,
transmitindo-o à cultura.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
CALDA BORDALESA:
A Calda Bordalesa é um fungicida eficiente contra várias doenças que aprecem na horta e no
pomar. O produto surgiu no século passado, na região de Bourdeaux, na França, para o
controle do míldio, uma doença que ataca a videira. Ela resulta da mistura de sulfato de
cobre com cal virgem, diluídos em água. O seu uso é permitido na Agricultura Orgânica por
ser o sulfato de cobre um produto pouco tóxico e por melhorar o equilíbrio nutricional das
plantas.
Abaixo propomos as quantidades para encher um pulverizador costal de 20 litros para uma
calda na concentração de 1,0%. A quantidade da cal poderá ser reduzida para a metade da
quantidade do sulfato, dependendo da sua capacidade de neutralização da acidez. Em
função de variadas fontes comerciais da cal, recomenda-se fazer uma calibração da
quantidade necessária para estabilizar o pH da solução na faixa de 8,0 a 9,0.
O sulfato de cobre dissolve lentamente na água, por isso, colocam-se 200 gramas do produto
em um saquinho de pano ralo, mergulhado em balde com 5 litros de água. O saquinho deve
ficar suspenso, próximo à superfície da água, a fim de facilitar a dissolução. Para se obter a
dissolução mais rápida do sulfato de cobre, pode-se dissolvê-lo diretamente na água morna
ou colocá-lo na noite anterior.
A cal virgem deve ser de boa qualidade para reagir totalmente com a água. Colocam-se 100
a 200 gramas de cal (dependendo da fonte utilizada) no fundo de um balde com pouca água
para haver reação rápida. Se não houver aquecimento da mistura em menos de 30 minutos,
a cal não deve ser usada, pois é de má qualidade. Quanto mais rápida é a reação, melhor é
a cal. Depois de a cal ter reagido com a água, formando uma pasta rala, completa-se o
volume de água até 5 litros. A mistura terá a aparência de leite de cal, bem homogênea.
Em seguida, faz-se a mistura das duas soluções, conforme ilustra a Figura 49. Para tanto
despeja-se a solução de sulfato de cobre sobre a cal e nunca o inverso. A mistura deve ter
um aspecto denso, em que a cal não decanta. Após mexer algumas vezes, coar a mistura e
despejar no pulverizador, completando o volume de 20 litros.
Quando a calda está ácida, ela queima as folhas das plantas pulverizadas. Para evitar isso,
antes de usar faz-se um teste: pinga-se uma gota da calda sobre a lâmina de um canivete ou
faca de ferro. Se, após três minutos, no local da gota, formar-se uma mancha avermelhada,
semelhante a ferrugem, é sinal de que a calda está ácida. Deve-se então, adicionar mais
leite de cal, até que a mistura fique neutra e não apareça a mancha.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Figura 49: Agricultor preparando a calda bordalesa, durante aula prática de curso
de agricultura orgânica. Município de Conceição do Castelo – ES.
Recomendações de Uso:
Tomate:
A calda controla a requeima, a pinta-preta e septoriose.
Batata:
Aplicar a partir de vinte dias após a germinação. Controla a requeima e a pinta-preta.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Cenoura:
1. Tratamento preventivo das doenças fúngicas (especialmente a queima das folhas), com
Calda Bordalesa 0,4 a 0,6%, iniciando as aplicações nos primeiros sintomas.
2. Repetir o tratamento com Calda Bordalesa a cada 07 dias a 14 dias e alterar a
concentração dependendo das condições locais.
Morango:
Contra fungos, principalmente Micosferela e Mofo Cinzento.
1. Pulverizar até a floração com Calda Bordalesa a 0,5% alternado com Calda Sulfocálcica,
na concentração de 1,0 litros em 100 litros de água, para solução matriz a 27º Beaumé.
2. Após a fase da florada, encerrar a aplicação das Caldas Bordalesa e utilizar apenas
produtos protetores inócuos ou biofertilizantes.
Cebola:
Contra a mancha púrpura e outras manchas das folhas, diluir três partes da calda em uma
parte de água (caso já esteja preparada a 1,0%).
Alho:
Usar a mesma concentração para a cebola. Contra a ferrugem usar calda sulfocálcica.
Beterraba:
Contra a mancha da folha ( Cercospora beticola ) usar três partes de calda para uma de
água (caso já esteja preparada a 1,0%).
Alface e Chicória:
Contra míldio e podridão-de-esclerotínia, usar uma parte de calda para uma parte de água
(caso já esteja preparada a 1,0%).
Couve e Repolho:
Contra míldio e alternária em sementeira, diluir uma parte de calda em uma parte de água
(caso já esteja preparada a 1,0%).
Abobrinha e Pepino:
Contra míldio e outras manchas foliares, diluir uma parte de calda em uma parte de água
(caso já esteja preparada a 1,0%).
Importante recomendações:
- Usar a calda no máximo até o terceiro dia de seu preparo;
- A Calda Bordalesa é muito pouco tóxica. Mesmo assim, proteja-se. Lave-se após ter
trabalhado em sua aplicação. Não coma o que foi pulverizado sem antes lavar bem;
- Procurar não usar esterco puro em excesso na adubação, porque isso contribui para
220
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
o aparecimento de doenças.
- As doenças de hortaliças geralmente ocorrem em condições de alta umidade do ar.
Portanto, quando as condições do ambiente forem favoráveis às doenças, fazer
aplicações semanais. Caso contrário, pulverizar a cada quinzena ou a cada mês.
- A variação da dosagem dos ingredientes depende do estágio de desenvolvimento da
planta. Para plantas jovens ou em florescimento, utiliza-se dosagens menores e para
plantas adultas em estágio vegetativo, dosagens maiores.
CALDA SULFOCÁLCICA
Características:
A Calda Sulfocálcica é um dos mais antigos defensivos agrícolas. Possui ação inseticida
contra insetos sugadores, como ácaros, tripes e cochonilhas, etc. Tem efeito fungicida,
atuando de forma curativa, principalmente contra oídio e ferrugens.
Água 10 litros
Cal virgem 1 Kg
Enxofre em pó 2 Kg
221
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
cor de âmbar ), a calda estará pronta. Tirar do fogo e deixar esfriar. Coar a calda com
peneira bem fina ou com pano e medir sua concentração (densidade) com um aerômetro de
beaumé.
Recomendações de Uso:
Concentração 4,0º Beumê 2,0º Beumê 1,0º Beumê 0,5º Beumê 0,3º Beumê
Original
32º 9,0(*) 19,3 38,7 81 137
31º 86 18,5 38,1 77 131
30º 8,2 17,7 36,5 74 129
29º 7,8 17,7 34,8 71 120
28º 7,4 16,2 33,3 68 116
27º 7,1 15,4 31,9 65 110
(*) litros de água a serem diluídos com 1,0 litro de calda concentrada.
Metodologia de Aplicação:
A aplicação da Calda Sulfocálcica deve ser feita sempre em períodos frescos, para evitar
queimaduras na folhagem.
Em épocas muito quentes, é recomendável aumentar a diluição com água, uma vez que
temperaturas altas aumentam a sua efetividade. Com temperaturas muito elevadas, é
recomendável suspender as aplicações de Calda Sulfocálcica.
Durante a floração, aplicar a Calda Sulfocálcica apenas para culturas que tolerem enxofre
nesta época, devendo normalmente ser empregada, após a fecundação das flores.
Fazer aplicação com alto volume e alta pressão ( acima de 150 libras ), cobrindo totalmente
as partes vegetais.
222
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Observações importantes:
• Para guardar a calda concentrada por curto período, cobrir com uma fina
camada de óleo mineral.
• Por longo tempo, manter em embalagem plástica ou de vidro, bem vedado.
• Após a aplicação, todo equipamento, inclusive as mangueiras, devem ser
lavadas com solução amoniacal ou solução diluída de ácido acético (vinagre).
• Em culturas instaladas em estufas, reduzir em 50% as dosagens e fazer os
tratamentos em períodos frescos, pelos riscos de queima da planta.
Atenção:
1- Estas informações são resultantes de observações em testes regionais e de
trabalhos de revisão de literatura, servindo apenas como sugestões quanto ao
potencial de uso das caldas.
2- Para o emprego de caldas, recomendamos que sejam feitas observações
preliminares em poucas plantas, considerando o local, clima, cultivar, etc. O
tratamento em área total deverá ser efetuado somente após os testes iniciais.
Armadilhas e Iscas:
• Armadilha de Cor: utilizada para atrair o besouro «brasileirinho», consiste em uma chapa
de 20x30 cm. pintada de amarelo gema e disposta a 45%. Coberta com goma colante ou
com graxa bem grossa, retém os insetos que pousaram nela.
223
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Figura 50: Armadilha luminosa para atração de insetos (à esquerda). Armadilha com feromônio,
utilizada para redução de população de mosca da fruta, em pomar de pessegueiro em
conversão para a agricultura biológica - Estação experimental de pesquisa agrícola -
vale da Emília Romana – Itália (à direita).
Controle mecânico:
• Catação manual: aplicável sempre que o foco de ataque estiver no início, principalmente
em áreas menores. Ex. cochonilhas, besouros, etc. ( em hortas e pomares ).
224
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Capítulo 4
249
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
CONSIDERAÇÕES GERAIS:
De maneira geral, existe o preconceito de que sistemas orgânicos são onerosos por se
trabalhar com um alto volume de material a ser reciclado e pelo suposto acréscimo de mão-
de-obra no sistema.Estudos realizados por DULLEY & SIMÕES DO CARMO (1987), junto a
agricultores que praticam o sistema orgânico de produção no Estado de São Paulo,
demonstraram a viabilidade técnica e econômica a nível comercial dos sistemas avaliados.
Além disso, outros estudos que avaliaram comparativamente os indicadores físicos e
financeiros dos sistemas orgânico e convencional de cultivo, comprovaram uma elevada
rentabilidade econômica dos sistemas orgânicos de produção.
Nesta 2ª parte deste manual, serão apresentados o manejo detalhado para cada espécie, a
estimativa de produtividade a ser alcançada em função de dados científicos existentes e a
estimativa de custos de produção.
2º. Neste caso, o preço recebido pelo produto é mais baixo que aquele obtido quando
realizam a venda direta aos consumidores, ou entregam em supermercados. Por esse
motivo, na composição dos coeficientes técnicos das culturas, não se contemplou gastos
com frete e embalagem nos custos de produção.
250
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Uma observação importante deve ser feita: considerando que as hortaliças geralmente são
consumidas ‘in natura’ e que a atividade se desenvolve muitas vezes em áreas de grande
propensão a impactos ambientais (baixadas, próxima a cursos d’água, intenso trabalho
humano dentro das lavouras, próxima a residências, etc), lembre-se:
251
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
253
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
A polinização das flores é feita principalmente por abelhas. O pólen não é transportado pelo
vento. Por isso, é importante a presença de abelhas na fase de floração e frutificação da
lavoura.
A aboboreira é um planta típica de clima quente. Tolera temperaturas amenas, mas não
suporta temperaturas abaixo de 10 graus. A faixa térmica ideal está entre 18 e 24 graus.
Temperaturas mais altas são bem toleradas. Por outro lado, o frio excessivo prejudica a
germinação e o desenvolvimento das plantas, e favorece a incidência de doenças como o
oídio.
A época de plantio em regiões de altitude superiores a 800 metros vai de agosto a fevereiro e
em locais com altitude inferior a 400 metros, com invernos suaves, a abóbora pode ser
cultivada o ano todo.
FORMAÇÃO DE MUDAS
Tradicionalmente, a abóbora pode ser plantada diretamente nas covas ou através de mudas
formadas em sementeiras. Entretanto, para sistemas orgânicos de produção, onde o convívio
com a vegetação nativa é uma constante, torna-se mais recomendável adotar o método de
plantio por mudas para um crescimento inicial mais rápido da cultura.
No caso do cultivo do Tetsukabuto, cujas sementes são caras, é melhor produzir as mudas
em recipientes. Assim, há economia de sementes, com um bom rendimento das mudas.
Além disso, a opção pelo plantio por mudas têm a vantagem de reduzir o ciclo de campo e
obtenção de um melhor pegamento das plantas.
Para obtenção das mudas, o semeio deve ser realizado em copos plásticos ou sacolas
plásticas, que possuam capacidade de comportar pelo menos 200 cm3 de volume de
substrato.
O substrato orgânico pode ser o próprio composto peneirado puro ou misturado com terra na
proporção de 1:1. Além deste, pode se empregar misturas de estercos bem curtidos com
terra ou produtos comerciais já disponíveis no mercado, desde que sejam compatíveis ao
254
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Para o plantio de abóboras híbridas, torna-se necessário plantar uma cova da variedade
polinizadora (normalmente a moranga exposição) para 6 covas do híbrido (Tetsukabuto).
Entretanto, pela diferença de ciclo entre estes materiais, deve se proceder tanto o semeio
quanto o plantio da variedade 15 a 20 dias antes do híbrido, para que a floração ocorra no
mesmo período no campo e favoreça a polinização.
Na adubação orgânica pode ser usado o composto orgânico (7,5 t/ha, em peso seco),
esterco de curral curtido ( 20 a 30t/ha) ou outra fonte orgânica compatível com as Normas
Técnicas de Produção. Recomenda-se aplicar 2/3 desta adubação na cova de plantio,
misturando o adubo orgânico com a terra e 1/3 em cobertura, ao redor das plantas, aos 45
dias após plantio.
As covas devem ser irrigadas, antes do plantio, para melhorar o pegamento das mudas.
PLANTIO E ESPAÇAMENTO
Tanto para o plantio direto das sementes nas covas, como para o transplantio de mudas,
recomenda-se o espaçamento de acordo com as cultivares utilizadas. Em geral, os
espaçamentos recomendados variam de 2,5 a 5,0 metros entre linhas de plantio e de 2,0 a
4,0 metros entre plantas na linha. Em cultivo orgânico do híbrido Tetsukabuto tem se
utilizado um espaçamento mais estreito (2,5 m X 2,0 m) com um bom desempenho da
cultura. Para o plantio direto em covas, deve-se semear 3 a 4 sementes para garantir um
melhor “pegamento”.
255
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Na hora do plantio, retira-se o recipiente, e planta-se apenas uma muda por cova. Havendo
mais de uma, eliminar a mais fraca. Respeitando a proporção necessária para a polinização
do híbrido, você deverá plantar 1 muda de moranga Exposição para cada 6 mudas de
Tetsukabuto, distribuindo as mudas de maneira uniforme no campo.
MANEJO DA CULTURA:
Irrigação:
Além de uma boa irrigação com mangueira, localizada nas covas antes do plantio, deve-se
empregar a irrigação por aspersão duas vezes por semana até o pegamento definitivo das
mudas, nos primeiros 15 dias de campo. Posteriormente, irriga-se de 1 a 2 vezes por
semana, dependendo do regime de chuvas que será variável em função da época do ano em
que se efetuou o plantio.
Desbastes:
Caso tenha adotado o plantio direto das sementes nas covas, será necessário realizar o
desbaste das mudas, deixando-se apenas uma planta por cova para um melhor
aproveitamento do adubo orgânico. No plantio através de mudas, esta prática não será
empregada.
Capinas:
Em sistemas orgânicos de cultivo, as capinas devem ser realizadas, de forma a manter, no
mínimo, uma faixa contínua de 1,0 m de largura entre as linhas com a vegetação nativa do
local. Em caso de alta infestação de ervas, pode-se utilizar a capina mecanizada com
microtratores ou com cultivadores tracionados por animais, nas entrelinhas antes que as
ramas ocupem todo o terreno.
Adubação em cobertura:
Aos 45 dias após o plantio, recomenda-se aplicar 1/3 da adubação orgânica recomendada
para a cultura. Esta adubação deve ser aplicada ao redor das covas, efetuando uma
irrigação logo após.
Doenças
Dentre as doenças de possível ocorrência nesta cultura, destacam-se: Oídio, Míldio,
Antracnose, Mancha Zonada, Sarna, Mancha Angular, Podridão dos frutos e Mosaicos
(viroses).
256
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Pelo equilíbrio obtido em cultivo orgânico, o nível de incidência de doenças tem sido
insignificantes, não proporcionando danos econômicos e não justificando empregar métodos
alternativos de controle. Havendo necessidades esporádicas, emprega-se a calda bordalesa
a 1% ou biofertilizante foliar a 20%.
É importante lembrar que a atividade das abelhas é maior até às 10 horas da manhã, se
estendendo até às 13 horas. Por isso, qualquer produto deve ser aplicado na parte da tarde,
quando as abelhas não estão presentes, para não prejudicar a polinização das flores.
Pragas
Dentre as diversas pragas das Cucurbitáceas, apenas a broca do fruto pode apresentar um
pequeno nível de incidência na cultivar moranga exposição, enquanto que no híbrido
tetsukabuto, por ser mais resistente, o dano tem sido inexpressivo, não justificando controle
por métodos alternativos.
COLHEITA:
257
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Verificamos através dos dados individuais de cada cultivo, uma variabilidade considerável
nas produções, refletindo a estreita dependência dessa espécie a fatores climáticos.
Entretanto, os índices de produtividade comercial obtidos expressaram uma média de
7.325,8 Kg/ha para o híbrido Tetsukabuto.
Esse valor pode ser considerado bastante significativo, se comparados com a produtividade
média de 6.000 Kg/ha desse híbrido em sistemas convencionais. Além disso, a qualidade
comercial de frutos tem sido excelente, atingindo um ótimo padrão comercial (peso médio =
2,1 Kg e diâmetro médio = 18,0 cm).
A abóbora moranga tem nos fornecido o rendimento adicional médio de 3.540,9 Kg/ha de
frutos comerciais, também de excelente qualidade.
CUSTO DE PRODUÇÃO
O fator que mais onerou os custos foi a mão-de-obra, participando com 39% do total, seguida
dos gastos com composto orgânico, que representou 25%.
259
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3. OUTROS:
Embalagem - - - -
Frete - - - -
TOTAL DE CUSTOS - - - 1.355,00
PRODUÇÃO/RECEITA ESPERADA KG 0,40 7.325 2.930,00
Fonte: SOUZA (2002).
260
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
A alface é hortaliça tipicamente de inverno, existindo porém materiais genéticos com boa
tolerância ao cultivo de verão, de forma que em regiões de altitude é possível cultivá-la o ano
todo. De maneira geral, existem 3 grupos de alfaces:
O preparo do solo pode ser feito com gradagem ou rotativa, porém dependendo das
condições do solo, pode ser realizado o levantamento dos canteiros sem o emprego do
preparo mecânico.
Os canterios devem ter boa exposição solar e em áreas de muito vento, plantar linhas de
feijão guandu, de 10 em 10 metros nas áreas cultivadas com folhosas. A largura dos
canteiros deve ser de 1,0 a 1,2 metros, com 30 a 40 cm entre si, para facilitar o trânsito de
operários.
As adubações orgânicas podem ser realizadas a lanço, antes do preparo dos canteiros, em
solos já enriquecidos. No entanto, para o primeiro ano de manejo orgânico, recomenda-se
abrir as covas e adubar de forma localizada, após ter sido preparado os canteiros definitivos.
Aplicar 200 gramas de composto úmido (50%) ou 100 gramas de humus ou esterco de boi
curtido por cova.
FORMAÇÃO DE MUDAS
As bandejas devem ficar suspensas (sem contato com o solo), em estufa própria para esta
finalidade. As irrigações nesta fase são fundamentais, devendo ser realizadas, no mínimo, 2
vezes ao dia. Lembrar que o excesso de umidade no substrato propicia a ocorrência de
doenças, como murchas e tombamento de mudas por fungos de solo. Após um período de
20 a 30 dias, as mudas estarão prontas para o transplante
264
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
PLANTIO E ESPAÇAMENTO
Os plantios serão realizados durante todo o ano, observando que as variedades de inverno
devem ser plantadas de março a agosto e as de verão, de setembro a fevereiro.
a) Irrigação:
Realizada por aspersão, pela manhã ou à tarde, oferecendo ao solo um bom teor de
umidade, da forma mais uniforme possível. Lembrar que o excesso de umidade é um dos
fatores que provocam problemas com doenças.
b) Cobertura morta:
Se as condições locais permitirem, o emprego da cobertura morta dos canteiros com casca
de arroz ou outro material vegetal de textura fina é extremamente benéfico para o
desenvolvimento da alface e outras folhosas. Além disso, auxilia na fertilização do solo de
forma muito rápida.
c) Rotação cultural:
O cultivo sucessivo de alface na mesma área deve ser evitado, pois tem sido comum o
acúmulo de doenças. Portanto, em áreas de folhosas, efetuar a rotação com hortaliças de
raízes (beterraba, cenoura, etc) ou hortaliças-fruto (feijão-vagem, berinjela, etc).
d) Capinas:
Para cultivos em canteiros, toda vegetação sobre os canteiros deve ser eliminada
manualmente, para evitar a concorrência com a cultura. Porém, é fundamental que a
vegetação entre os canteiros seja preservada para favorecer a multiplicação de insetos
benéficos e inimigos naturais.
DOENÇAS
A utilização de caldas para controle de doenças foliares deve ser evitada. Normalmente, não
se verifica problemas com doenças que justifiquem controle quando o sistema é bem
conduzido. Entretanto, havendo necessidade, pode-se empregar biofertilizante bovino,
aplicado semanalmente, em concentrações fracas ( máximo 10%) para não sujar as folhas,
de forma a auxiliar na nutrição e proteção contra moléstias. Suspender a aplicação, 15 dias
antes do corte das cabeças.
265
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
PRAGAS
A ocorrência de pragas não é comum, porém havendo infestação por tripes, pode-se aplicar
extrato de primavera (Bouganville - 1 litro de folhas para 20 litros de água) ou outro produto
natural repelente.
COLHEITA
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INTRODUÇÃO
O alho, cujo nome científico é Allium sativum, é uma planta anual, com cerca de 50 cm de
altura. As folhas possuem bainhas que formam um pseudocaule, curto, cuja parte inferior, é
um bulbo composto, que é a parte comestível do alho.
O bulbo é formado por bulbilhos, que são, comumente, chamados de dentes. O número de
bulbilhos é muito variável, e é uma característica usada para diferenciar os cultivares. Cada
bulbilho contém uma gema, capaz de originar uma nova planta. Assim, o dente de alho é a
muda, utilizada no plantio.
CULTIVARES
A classificação dos cultivares de alho é confusa, uma vez que eles podem receber nomes
diferentes em cada região. Os cultivares são, também, chamados clones, porque as mudas
são pedaços da planta mãe.
Atualmente, os clones que produzem bulbilhos de maior tamanho e em menor número são
os preferidos dos consumidores. Por isso, eles têm sido mais amplamente cultivados. Como
exemplos desses cultivares, temos o Amarante, o Gigante de Lavínia, o Gigante Roxão e o
Gigante Curitibanos.
Os cultivares ou clones podem ser agrupados de acordo com a duração do seu ciclo, como é
mostrado a seguir.
Esse grupo é composto por clones que tem túnicas e películas de cor branca e ciclo precoce,
produzindo bulbos maduros de 110 a 140 dias após o plantio.
Neste grupo, o cultivar mais disseminado é o Branco Mineiro, pois se adapta a diferentes
regiões do país, sendo produzido no Centro-sul, no extremo sul, no Nordeste e no Norte do
país.
Este clone produz bulbos com bulbilhos pequenos e numerosos, com grande quantidade de
palitos, que são muito pequenos, compridos e de peso insignificante. O grande número de
palitos e os bulbilhos pequenos desvalorizam esse clone no mercado.
270
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
b) Clones de ciclo médio:
Os clones de ciclo médio são colhidos com 141 a 170 dias após o plantio. A coloração dos
bulbos pode ser branca ou arroxeada e os bulbilhos têm película roxa ou arroxeada.
Ainda no grupo dos clones de ciclo médio, temos o Centenário e o Cateto Roxo, que
apresentam muitos bulbilhos pequenos e palitos. Como vantagens, eles apresentam alta
produtividade e maior rusticidade, se adaptando a diferentes localidades e apresentando alta
resistência a doenças fúngicas da parte aérea.
c) Clones tardios:
Os clones tardios são colhidos com mais de 170 dias após o plantio. Essa categoria inclui o
clone ‘Dourados’, com túnicas brancas e películas arroxeadas envolvendo os bulbilhos, que
são muito numerosos e com grande número de palitos. Outro clone é o Chonan, que produz
no máximo12 bulbilhos por bulbo. A túnica que recobre o bulbilho é arroxeada a púrpura.
Esses clones são muito exigentes em fotoperíodo, tendo baixa adaptação às condições
climáticas do Centro-Sul. O Chonan, por exemplo, só produz nas condições do sul do país ou
em plantios tardios ( a partir de maio ) no sudeste brasileiro, empregando-se bulbilhos
frigorificados em pré-plantio.
EXIGÊNCIAS CLIMÁTICAS
Os clones de ciclo tardio exigem dias mais longos para formar os bulbos e os de ciclo
precoce exigem dias menores.
O alho é uma planta de clima frio, suportando bem as baixas temperaturas, inclusive geadas.
Produz melhor quando ocorrem temperaturas amenas na fase inicial; temperaturas mais
baixas na fase de crescimento vegetativo e temperaturas mais elevadas na fase de
amadurecimento do bulbo.
271
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Por causa dessas exigências climáticas, na Região Centro-Sul do Brasil, o plantio do alho é
feito de fevereiro a início de maio. Em locais baixos e quentes, a época de plantio mais
recomendável é de abril a maio. E em locais altos, com altitude superior a 800 metros, é
melhor plantar de fevereiro a abril.
O plantio do alho é feito por meio de bulbilhos. O agricultor necessita comprar os bulbos para
plantio apenas uma vez. Depois, ele pode armazenar uma parte da colheita para utilizar no
plantio do ano seguinte.
Para o plantio, os mais indicados são os médios a médio-pequenos, pois são capazes de
gerar plantas vigorosas por um custo compensador para o produtor. Os bulbilhos grandes
produzem plantas de ótima qualidade, mas não se justifica o seu uso, por causa do maior
custo. Os palitos são condenados, pois a produtividade e o tamanho dos bulbos que geram
é sensivelmente menor.
PLANTIO
Ao escolher o local de plantio deve-se observar o tipo de solo e o histórico da área, no que
se refere à ocorrência de pragas e doenças. Para o cultivo do alho é o areno-argiloso, solto
e leve, que possibilita um bom desenvolvimento dos bulbos.
COBERTURA MORTA
Após o plantio, é preciso colocar uma cobertura morta sobre os canteiros, antes da
emergência das plantas. Podem ser usadas acículas de pinus, palha de arroz bem seca, ou
diversos tipos de capins secos, sem sementes. Cobre-se toda a superfície do canteiro, com
uma camada de cerca de cinco centímetros do material. Em sistema orgânico, em caso de
baixos níveis de Nitrogênio no solo ou no adubo orgânico utilizado, pode-se optar pela
cobertura com plástico preto ou branco opaco, com bons resultados.
272
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
ADUBAÇÃO ORGÂNICA
A aplicação do adubo orgânico pode ser feita a lanço, em toda área de plantio, antes do
encanteiramento, na base de 10 toneladas de composto orgânico por hectare, tomando-se
como referência o peso seco, ou seja, descontando-se a umidade do composto. Aos 30 dias
após o plantio, deve ser feita uma adubação em cobertura, utilizando 5 toneladas de
composto orgânico por hectare, em peso seco, totalizando 15 toneladas de composto por
hectare. Pode ser usada a mesma quantidade de esterco curtido de curral ou metade da
quantidade de esterco de aves.
TRATOS CULTURAIS
a) Irrigação
Nos cultivares de ciclo precoce é preciso evitar o excesso de água, pois provoca o
‘superbrotamento’ do bulbo. Nesse caso, a irrigação deve ser cortada de 15 a 25 dias antes
da data prevista para a colheita.
Os cultivares de ciclo médio ou tardio são mais exigentes em água e mais tolerantes a um
eventual excesso de umidade, no solo. Assim, a irrigação deve ser suspensa apenas 10 dias
antes da colheita.
b) Capina
A capina sobre os canteiros é necessária, sempre que houver mato, para evitar a competição
das ervas com a cultura. A cobertura morta reduz bastante o crescimento do mato, mas torna
necessário fazer a capina com as mãos. Quando se utiliza cobertura com plástico, a mão de
obra com capinas é reduzido. A vegetação nativa que cresce entre os canteiros dever ser
mantida, para servir de refúgio e multiplicação de predadores do ácaro do chochamento e do
tripes, de forma a dispensar o uso de produtos alternativos para o controle destas pragas.
c) Adubação em cobertura
É preciso realizar uma adubação em cobertura, 30 dias após o plantio, para fornecer o
nitrogênio que as plantas necessitam, nessa fase de intenso crescimento. Isso pode ser feito
através da aplicação de composto orgânico, de chorume de composto ou de biofertilizantes
líquidos, junto às plantas.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
de chorume ou de biofertilizante líquido enriquecido é de 400 mililitros por metro quadrado,
ou seja, quatro mil litros por hectare. Também, devem ser aplicados no solo, junto às linhas
das plantas.
CONTROLE DE DOENÇAS
A mancha púrpura, causada pelo fungo Alternaria porri, é a doença do alho mais
disseminada. As manchas marrom-avermelhadas podem cobrir toda a folha. Os sintomas
iniciais são manchas brancas, pequenas alongadas ou irregulares, que se tornam púrpuras,
posteriormente. Condições de umidade e temperaturas elevadas favorecem o fungo.
O controle da Alternaria no sistema orgânico tem sido feito com aplicações semanais de
calda bordalesa a 1%. O tratamento deve começar de 60 a 80 dias após o plantio, para
proteger a cultura no período crítico da doença, ou seja, dos 80 aos 130 dias do ciclo. Fora
desse período, normalmente não é necessário proceder pulverizações para esta doença.
CONTROLE DE PRAGAS
O tripes (Thrips tabaci), um inseto que raspa e suga a seiva das folhas, ocorre com
freqüência da cultura do alho. O ataque é favorecido pela baixa umidade do ar. O tripes
provoca o amarelecimento e secamento prematuro das folhas.
O controle dessas pragas é executado pela presença dos inimigos naturais na lavoura,
favorecida pela vegetação nativa que cresce entre as linhas de cultivo e nos corredores de
refúgio.
COLHEITA
A colheita deve ser feita quando se completar o amadurecimento das plantas. Este se inicia
pelo amarelecimento das folhas e termina pela secagem parcial da parte aérea (Figura 51).
Alguns cultivares apresentam o estalo ou tombamento da parte aérea, outros permanecem
eretos, depois do amadurecimento.
A colheita deve ser feita com o solo levemente úmido, para facilitar a retirada das plantas.
Por isso, a irrigação deve ser suspensa cerca de duas semanas antes. A colheita deve ser
274
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
feita manualmente, puxando as plantas, sem uso de ferramentas e deve ocorrer,
preferencialmente, pela manhã, em dias secos e ensolarados.
CURA
O alho colhido deve passar pela pré-cura, ainda no campo. Para isso, é organizado em
fileiras, de modo que os bulbos de uma fileira sejam cobertos pelas folhas da fileira do lado.
Os bulbos devem ser protegidos do sol direto, para evitar lesões. O objetivo é secar a planta
e cicatrizar eventuais ferimentos, feitos durante a colheita. A pré-cura, no campo, dura de um
a três dias, dependendo das condições do tempo.
Após esta etapa, o alho deve ser levado para um galpão, bem seco e arejado, para fazer
uma cura mais lenta. Neste processo, há uma perda gradual de umidade e a concentração
de sólidos nos bulbos. Também, completa-se a cicatrização dos ápices dos bulbilhos,
favorecendo a boa conservação do bulbo.
O tempo necessário é variável, de acordo com a umidade inicial das plantas e a temperatura
e umidade do ar. Pode-se gastar de 20 a 60 dias na cura à sombra. As operações de pré-
cura e cura devem ser muito bem feitas, para melhor conservação dos bulbos, evitando
ataque de fungos durante o armazenamento.
ARMAZENAMENTO
O alho pode ser armazenado em molhos ou réstias, e pendurados em galpão, seco e bem
arejado. Dessa forma, é possível armazenar, também, os bulbos que serão usados como
sementes, no próximo plantio (Figura 52).
BENEFICIAMENTO
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
DESEMPENHO DA CULTURA DO ALHO NO SISTEMA ORGÂNICO
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
CUSTO DE PRODUÇÃO
Considerando uma produtividade média de 6.120 Kg/ha, o custo unitário por Kg do produto
foi de R$ 0,86. Uma vez que o alho é um produto de alto valor no mercado (R$ 3,00/Kg), a
receita total prevista foi de R$ 18.306,00, ou seja, uma rentabilidade de 3,48 reais para cada
real investido. Veja o detalhamento dos coeficientes técnicos contidos na Tabela 71.
278
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Tabela 71: Coeficientes técnicos para produção de 1 ha de Alho em sistema orgânico
de produção.1
2. SERVIÇOS:
Aplicação de Calcário D/H 10,00 - -
Aração e Gradagem H/T 30,00 6 180,00
Obtenção de Palhas D/H 10,00 40 400,00
Preparo de bulbilhos-sementes D/H 10,00 20 200,00
Preparo de solo (canteiros) D/H 10,00 30 300,00
Distribuição de Composto D/H 10,00 6 60,00
Plantio D/H 10,00 50 500,00
Aplicação de Cobertura Morta D/H 10,00 25 250,00
Adubação em Cobertura D/H 10,00 10 100,00
Capinas D/H 10,00 30 300,00
Pulverizações (Calda Bordalesa) D/H 10,00 16 160,00
Irrigações D/H 10,00 30 300,00
Colheita (s) D/H 10,00 30 300,00
Cura D/H 10,00 15 150,00
Limpeza D/H 10,00 25 250,00
Classificação/Embalagem D/H 10,00 5 50,00
Transporte Interno D/H 10,00 10 100,00
3. OUTROS:
Embalagem - - - -
Frete - - - -
TOTAL DE CUSTO - - - 5.262,80
PRODUÇÃO/RECEITA ESPERADA KG 3,00 6.120 18.306,00
Fonte: SOUZA (2002).
279
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281
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
CLIMA, CULTIVARES E ÉPOCA DE PLANTIO
O preparo de solo deve ser minucioso para se obter bons rendimentos. Recomenda-se uma
aração e duas gradagens para permitir uma boa prática de amontoa posteriormente.
ADUBAÇÃO ORGÂNICA
Realizada com composto orgânico, na base de 30 t/ha, sendo parcelada em 2/3 no plantio e
suplementada com 1/3 desta dose aos 30 dias após, imediatamente antes da amontoa.
Dependendo das características locais, pode-se empregar esterco bovino (20 a 30 t/há),
cama de frango de corte (15 t/ha) ou esterco de galinha puro/gaiola (10t/ha).
PLANTIO E ESPAÇAMENTO
O plantio é realizado em sulcos, espaçados de 0,8 m, com 0,35 m entre plantas, totalizando
35.700 plantas/ha. Utilizar batata-semente com brotação bem desenvolvida ( brotos com no
mínimo 1 cm de comprimento) para um arranque inicial mais rápido das plantas (Figura 53).
As batata-sementes são colocadas no fundo do sulco, sobre o adubo orgânico curtido, e
cobertas com a terra retirada do próprio sulco.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
a) Irrigação:
Não se deve utilizar o método de irrigação por aspersão. Recomenda-se a irrigação por
infiltração, utilizando-se mangueiras, nas entrelinhas do plantio, evitando-se molhar as folhas
da batata e elevar a umidade, desfavorecendo o desenvolvimento da requeima (P. infestans).
b) Adubação em cobertura:
Aplicar antes da amontoa, ao lado das linhas de plantio ou ao redor das plantas, utilizando-se
1/3 da dosagem de adubo orgânico recomendado para a cultura.
c) Amontoa:
d) Capinas:
283
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Figura 54: Campo de batata orgânica, logo após receber amontoa. Área Experimental do
INCAPER – ES.
DOENÇAS
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Podridão seca dos tubérculos (Fusarium sp.)
Rizoctoniose (Rhizoctonia solani)
Roseliniose (Roselinia sp.)
Sarna comum (Helminthosporium sp.)
Sarna pulverulenta (Spongospora subterranea).
PRAGAS
COLHEITA
A colheita dos tubérculos deve ser realizada de 7 a 15 dias após a morte total da parte aérea
da planta, para que a epiderme dos tubérculos esteja firme. Na Figura 55, observa-se uma
planta de batata ‘Itararé’ aos 90 dias após plantio e os tubérculos após a colheita de um
campo orgânico no INCAPER – ES.
285
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
DESEMPENHO DA CULTURA DA BATATA NO SISTEMA ORGÂNICO
A Tabela 72, contendo os resultados de oito cultivos, demonstra uma grande variabilidade
nos rendimentos comerciais (7.274 Kg/ha a 35.348 Kg/ha) e no ciclo vegetativo (83 a 121
dias), atribuída basicamente à estreita relação entre a incidência da requeima e as condições
ambientais durante o ciclo produtivo. Observa-se que, maiores rendimentos relacionam-se
diretamente com maiores ciclos vegetativos, fato explicado pela maior área foliar, por maior
período de tempo, redundando em maior taxa fotossintética.
CUSTO DE PRODUÇÃO
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Tabela 74: Coeficientes técnicos para produção de 1 ha de Batata em sistema orgânico
de produção.1
ud Valor Qde Valor
Especificação Unitário Total
(R$) (R$)
1. INSUMOS.
Composto Orgânico t 23,00 30 690,00
Calcário t 44,00 - -
Batatas-semente cx 35,00 60 2.100,00
Calda Bordalesa l 0,027 8.000 216,00
2. SERVIÇOS:
Aração e Gradagem H/T 30,00 6 180,00
Aplicação de Calcário D/H 10,00 - -
Preparo de Solo (sucos) D/H 10,00 10 100,00
Distribuição de Composto D/H 10,00 12 120,00
Plantio D/H 10,00 15 150,00
Adubação em Cobertura D/H 10,00 8 80,00
Amontoa D/H 10,00 20 200,00
Pulverizações / Calda Bordalesa D/H 10,00 24 240,00
Irrigações D/H 10,00 20 200,00
Colheita (s) D/H 10,00 50 500,00
Classificação/Embalagem D/H 10,00 20 200,00
Transporte Interno D/H 10,00 10 100,00
3. OUTROS:
Embalagem - - - -
Frete - - - -
TOTAL DE CUSTOS 5.076,00
PRODUÇÃO/RECEITA ESPERADA Kg 1,00 19.451 19.451,00
1 Fonte: SOUZA (2002).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Figura 55: Planta da cultivar Itararé aos 90 dias após plantio e caixas de
batata orgânica da mesma cultivar. Área Experimental do
INCAPER – ES, 2000.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
CLIMA, CULTIVARES E ÉPOCA DE PLANTIO
A origem da batata baroa faz com que seja exigente em frio, não sendo recomendável o seu
cultivo sob temperaturas elevadas. As mais importantes regiões produtoras estão situadas
em altitudes em torno de mil metros.
As condições climáticas ideais para a cultura são: dias longos e temperaturas amenas ou
baixas, sem geadas. Em regiões altas, as melhores épocas de plantio compreendem os
meses de outubro/novembro e de fevereiro/março, em áreas que possam ser irrigadas.
As mudas da baroa são os filhotes ou rebentos, que crescem na base da planta e formam a
coroa. O preparo das mudas começa logo após a colheita, destacando os rebentos da coroa
e fazendo uma seleção daqueles mais vigorosos e saudáveis. Deve-se utilizar apenas mudas
provenientes de plantas sadias, principalmente, sem nematóides e fungos do solo, para
evitar a contaminação da área de cultivo.
Deve-se cortar as folhas dos rebentos e fazer um corte em bisel duplo, na ponta do filhote,
como é mostrado no filme, para aumentar a superfície de enraizamento da muda.
As melhores mudas são aquelas obtidas e plantadas logo após a sua separação da planta
mãe. Mas as coroas inteiras podem ser conservadas por alguns meses em local sombrio,
ventilado e seco, o que possibilita o plantio posterior.
PLANTIO
A baroa é cultivada em leiras, que permitem o melhor crescimento das raízes tuberosas e
evitam o encharcamento do solo.
290
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
O espaçamento entre plantas deve ser de 40 centímetros. As mudas devem ser enterradas
no topo das leiras, a uma profundidade de 5 a 10 cm para não ficarem expostas à medida
que a água de irrigação vai ‘acamando’ a leira.
ADUBAÇÃO ORGÂNICA
Deve-se espalhar o composto orgânico a lanço, no solo preparado, porém, antes de levantar
as leiras, utilizando-se 10 toneladas por hectare, com base no peso seco, ou seja,
descontando-se a umidade do composto. Para totalizar 15 toneladas de composto orgânico
por hectare, deve-se aplicar mais 5 toneladas por hectare em cobertura, cerca de 120 dias
após o plantio, em função do longo ciclo dessa cultura.
TRATOS CULTURAIS
a) Irrigação:
A baroa necessita de fornecimento regular de água, em todo o seu ciclo cultural. Na época
das chuvas, a irrigação deve ser complementar, principalmente, em caso de ocorrência de
veranico. Os métodos de irrigação que se aplicam a essa cultura são a aspersão e a
infiltração.
b) Capina:
c) Adubação em cobertura:
Aos 120 dias após o plantio, deve ser aplicada uma adubação em cobertura, com 5
toneladas de composto por hectare, na base de peso seco ou 200 gramas por planta. Pode-
se aplicar, também, 2,5 toneladas de esterco de galinha por hectare ou 100 gramas por
planta. O adubo deve ser aplicado junto aos pés das plantas sobre as leiras e coberto com
um pouco de terra.
d) Amontoa:
Periodicamente, pode ser preciso fazer a amontoa, ou seja, refazer as leiras, chegando terra
junto aos pés das plantas, de forma que as raízes permaneçam cobertas.
PRAGAS E DOENÇAS
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Ocorrem alguns ataques de patógenos, que não chegam a causar dano econômico, como a
mancha de Septoria e bacteriose provocada por Xanthomonas arracacia, cujas ocorrências
moderadas dispensam a utilização de métodos de controle.
Pode ocorrer, também, o ataque de fungos do solo como a Sclerotinia, que provoca o
apodrecimento das raízes e o amarelecimento e murcha da parte aérea. O controle da
Sclerotinia deve começar pela utilização de mudas sadias. Quando a doença se manifesta, é
preciso fazer o ‘rogging’, ou seja, a planta doente deve ser arrancada juntamente com a terra
da cova, retirada da área de cultivo e queimada.
A rotação de culturas, com o plantio de culturas que não são atacadas pelo fungo, e o plantio
de leguminosas são práticas que ajudam a desinfestar um solo atacado por Sclerotinia,
porque quebra ciclo de vida do fungo.
COLHEITA
A baroa pode ser colhida com 240 a 330 dias após o plantio, ou seja, seu ciclo dura de 8 a
11 meses, dependendo do cultivar utilizado. O sinal de que a planta completou seu ciclo é o
amarelecimento e secagem das folhas mais velhas. Atualmente, já existem cultivares mais
precoces, como a Senador Amaral, que pode ser colhido com 6 a 8 meses de campo.
Os pés são arrancados inteiros com a ajuda de enxada ou enxadão. Deve-se tomar cuidado
para evitar ferimentos nas raízes tuberosas, que podem se transformar em porta de entrada
para patógenos, que causam podridões, na fase pós-colheita.
292
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
DESEMPENHO DA BATATA-BAROA EM SISTEMA ORGÂNICO
CUSTO DE PRODUÇÃO
A batata-baroa apresenta-se como uma das culturas mais rentáveis em sistema orgânico de
produção. O baixo custo (R$ 0,16 por Kg), aliado aos bons preços de venda alcançado pelo
produto (R$ 1,00 por Kg), encerrou uma rentabilidade de 6,1 reais para cada real investido,
ou seja, uma receita bruta de R$ 15.355,00 contra um custo de R$ 2.510,00. veja os
detalhamentos dos coeficientes técnicos na Tabela 77.
293
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Tabela 76: Indicadores físicos e financeiros da cultura da Batata-baroa (1 ha) em
sistema orgânico de produção.1
Discriminação Qde Valor %
(R$)
DESPESAS:
Semente (Kg) - 0,00 -
Composto (t) 20 460,00 18
Esterco (t) - - -
Outros Insumos - - -
Mão de Obra (d/h) 187 1.870,00 75
Serviços Mecânicos (H/T) 6 180,00 7
Embalagem (ud) - - -
Frete (ud) - - -
TOTAL DE DESPESAS - 2.510,00 100
CUSTO POR Kg 15.355 0,16 -
1 SOUZA (2002)
294
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Tabela 77 : Coeficientes técnicos para produção de 1 ha de Batata-baroa em dois
sistemas de produção.1
Especificação Ud Valor Unitário Qde Valor Total
(R$)
1. INSUMOS
Mudas Ud 0,00 25000 0,00
Composto Orgânico t 23,00 20 460,00
CalcárIo t 44,00 - -
2. SERVIÇOS:
Distribuição calcário D/H 10,00 - -
Aração e Gradagem H/T 30,00 6 180,00
Preparo de Mudas/Semente D/H 10,00 10 100,00
Preparo de Solo (leiras) D/H 10,00 6 60,00
Distribuição de Composto D/H 10,00 12 120,00
Plantio D/H 10,00 10 100,00
Adubação em Cobertura D/H 10,00 8 80,00
Amontoa D/H 10,00 15 150,00
Capinas D/H 10,00 22 220,00
Irrigações D/H 10,00 20 200,00
Colheita (s) D/H 10,00 40 400,00
Lavagem D/H 10,00 4 40,00
Classificação/Embalagem D/H 10,00 30 300,00
Transporte interno D/H 10,00 10 100,00
3. OUTROS:
Embalagem - - - -
Frete - - - -
TOTAL DE CUSTOS - - - 2.510,00
PRODUÇÃO/RECEITA ESPERADA KG 1,00 15.355 15.355,00
1 SOUZA (2002).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
CLIMA, CULTIVARES E ÉPOCA DE PLANTIO
A batata-doce, cujo nome científico é Ipomoea batatas, é uma hortaliça tuberosa originária da
América do Sul. Produz melhor em clima quente, com temperaturas noturnas e diurnas
superiores a 20 graus centígrados, e alta luminosidade. O cultivo da batata-doce é feito
preferencialmente, no período chuvoso e quente. Entretanto, ela pode ser cultivada, também,
em locais com clima ameno, mas, que não sejam demasiadamente frios.
Normalmente, a época de plantio vai de outubro até janeiro em locais de altitude. Em regiões
baixas, com inverno ameno, ou seja, não muito frio, pode ser cultivada o ano todo.
MUDAS
A propagação da batata-doce pode ser feita através de pedaços de ramas, brotos ou batatas
brotadas. Recomenda-se a utilização da seção mediana de ramas, obtidas em viveiros, onde
são plantadas batatas ou ramas selecionadas do campo anterior, livres de problemas
fitossanitários.
Depois, as ramas novas das plantas no viveiro, devem ser cortadas, formando mudas com 3
ou mais nós, e 30 a 40 centímetros de comprimento, em média.
PLANTIO
As ramas devem ser enterradas forçando sua parte central contra o solo. Para
que não se quebrem, no momento do plantio, estas ramas devem ter sido
preparadas um dia antes, de forma a estarem parcialmente murchas, no
momento do plantio.
ADUBAÇÃO ORGÂNICA
298
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Em solo já enriquecidos pela constante adubação orgânica, em sistemas rotacionais de
hortaliças, pode-se avaliar a alternativa de dispensar a adubação específica para esta
cultura, pela boa resposta a efeitos residuais.
TRATOS CULTURAIS
a) Irrigação
Quando o plantio é realizado na época das chuvas, é quase desnecessário fazer irrigações.
Estas devem ser feitas apenas em caso de veranico prolongado e no cultivo realizado na
época da seca. O sistema indicado é a aspersão.
As fases em que a batata-doce exige mais água são: no início do crescimento das ramas
plantadas e na fase de formação das batatas.
Ao aproximar-se a época da colheita, a irrigação deve ser mais escassa, pois excesso de
água prejudica o sabor do produto e sua conservação pós-colheita, e aumenta a incidência
de podridões.
b) Capina
Devem ser feitas duas a três capinas manuais, junto às linhas de plantas, até
que as ramas da batata-doce cubram totalmente a área. A partir desse
momento, a cultura convive bem com as ervas nativas do local.
PRAGAS E DOENÇAS
A batata-doce é uma planta muito rústica e, por isso, não apresenta problemas com pragas e
doenças. Eventuais problemas com brocas, que atacam as batatas, podem ser controlados
pelas práticas utilizadas na agricultura orgânica, como a rotação de culturas e o equilíbrio
ecológico no solo, além da manutenção de corredores de refúgio na área, por exemplo.
COLHEITA
O ponto de colheita é indicado pelo amarelecimento da parte aérea e pela queda de grande
parte das folhas; o que ocorre de 120 a 210 dias após o plantio, em média, dependendo das
condições climáticas da região..
A colheita pode ser feita com enxada ou enxadão, evitando-se ferimentos às batatas, e pode
ser parcelada, uma vez que a batata-doce conserva-se por algumas semanas, debaixo do
solo. Mas, deve ser realizada antes que comece novo período de chuvas (Figura 56).
299
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
DESEMPENHO DA BATATA-DOCE NO SISTEMA ORGÂNICO
O cultivo orgânico da batata-doce mostra excelentes resultados, principalmente, por ser uma
espécie muito rústica. A produtividade média de 13 cultivos em sistema orgânico foi de
21.629,5 kg/ha, com peso médio de raízes de 329 g (Tabela 78).
Comercial
Cronologia dos Talhão Ano Produçã Produti- % peso Peso Diâm. Comp. Ciclo
cultivos o total vidade comer- médio Médio Médio (dias)
(kg/ha) (kg/ha) ciais (g) (cm) (cm)
Batata-doce 1 03 1991 17.856 15.118 85 139 4,9 19,0 178
Batata-doce 2 06 1991/92 13.642 11.288 83 318 7,5 19,5 188
Batata-doce 3 10 1992 13.575 11.500 85 300 7,0 20,2 202
Batata-doce 4 14 1992/93 38.334 33.854 88 321 6,5 15,8 191
Batata-doce 5 08 1993 38.059 17.903 47 211 5,2 18,1 253
Batata-doce 6 09 1994 29.675 27.758 94 442 7,0 20,4 266
Batata-doce 7 15 1994/95 26.298 23.524 89 762 8,9 21,9 197
Batata-doce 8 10 1995 49.327 41.838 85 348 8,0 23,1 225
Batata-doce 9 14 1995/96 29.025 26.988 93 354 8,1 23,8 224
Batata-doce 10 08 1997 39.181 37.319 95 377 5,7 18,7 195
Batata-doce 11 14 1997 19.243 16.429 85 248 5,6 20,5 298
Batata-doce 12 14 1999 15.034 10.342 69 297 5,6 19,9 291
Batata-doce 13 10 1999/00 8.460 7.323 86 170 5,0 20,4 251
Média 25.977,6 21.629,5 83,4 329 6,5 20,1 227,6
1 Média de 13 cultivos
CUSTO DE PRODUÇÃO
O custo por quilo do produto no sistema orgânico foi de R$ 0,09, enquanto o preço
conseguido no mercado está em média a R$ 0,40. Considerando que a produtividade média
300
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
foi de 21.630 Kg/ha, a receita bruta foi de R$ 8.652,00. A um custo total de R$ 1.979,40,
obtemos uma rentabilidade estimada de 4,37 reais para 1,00 real investido.
301
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Tabela 80: Coeficientes técnicos para produção de 1 ha de Batata-doce em sistema
orgânico de produção.1
Especificação ud Valor Qde Valor
Unitário Total
(R$)
1. INSUMOS.
Composto Orgânico t 23,00 20 460,00
Mudas Ud 33300 - -
Esterco de Galinha t 80,00 - -
Calcario t 44,00 - -
Óleo Diesel l 0,94 10 9,40
2. SERVIÇOS:
Distribuição de Calcário D/H 10,00 - -
Aração e Gradagem H/T 30,00 6 180,00
Enleiramento (micro Trator) D/H 10,00 1 10,00
Preparo de Mudas (33.300 ud) D/H 10,00 12 120,00
Distribuição de Composto D/H 10,00 5 50,00
Distribuição de Esterco D/H 10,00 - -
Plantio D/H 10,00 10 100,00
Capinas D/H 10,00 20 200,00
Irrigações D/H 10,00 10 100,00
Colheita (s) D/H 10,00 50 500,00
Classificação/Embalagem D/H 10,00 15 150,00
Transporte Interno D/H 10,00 10 100,00
3. OUTROS:
Embalagem - - - -
Frete - - - -
TOTAL DE CUSTOS 1.979,40
PRODUÇÃO ORGÂNICA ESPERADA KG 0,40 21.630 8.652,00
1 Fonte: SOUZA (2002).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
CLIMA E CULTIVARES
A beterraba (Beta vulgaris) pertence à família das Quenopodiáceas, que inclui, também, a
acelga e o espinafre. A parte comestível da beterraba é uma raiz tuberosa.
Os cultivares mais comumente plantados são Early Wonder, Early Wonder Tall Top e
Wonder Precoce.
Essa hortaliça é típica de climas temperados, exigindo temperaturas amenas ou frias para
produzir bem, com melhor desenvolvimento em temperaturas entre 10 e 20 graus
centígrados.
PRODUÇÃO DE MUDAS
Nas sementeiras, que são canteiros com até 1,20 m de largura, a semeadura é feita em
sulcos transversais, distanciados de 15 centímetros, com profundidade de 15 a 25
milímetros. A adubação da sementeira deve ser feita com 3 Kg de composto orgânico por
metro quadrado, à base de peso seco.
Quando se utiliza bandejas de isopor, estas devem ser preenchidas com um substrato
comercial próprio para o cultivo orgânico ou composto orgânico de boa qualidade, peneirado
fino. Coloca-se uma semente, ou glomérulo, por célula. Posteriormente, é preciso fazer o
desbaste, pois cada glomérulo tem 3 ou 4 sementes. Assim, poderá nascer mais de uma
planta por célula. Deverá ficar, apenas, a muda mais forte. O gasto de sementes nesse
método é de 4 quilos por hectare.
306
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
PLANTIO
ADUBAÇÃO ORGÂNICA
A adubação orgânica pode ser feita com 10 toneladas de composto orgânico em peso seco,
por hectare, espalhado a lanço, antes do encanteiramento. Dependendo do estado
nutricional das plantas, pode-se complementar esta adubação de plantio, aplicando-se mais
5 toneladas de composto orgânico (peso seco) por hectare, ou biofertilizantes líquidos, em
cobertura, junto às linhas das plantas.
TRATOS CULTURAIS
a) Irrigação
A beterraba necessita de bom suprimento de água durante todo o seu ciclo. A deficiência de
água torna as raízes tuberosas lenhosas e reduz a produtividade.
As irrigações leves e freqüentes são mais indicadas, por isso, o melhor método de irrigação
para a cultura é a aspersão.
b) Capina
Deve-se manter o leito dos canteiros, ou seja, o espaço próximo às plantas, livre do mato. No
entanto, para aumentar a diversidade biológica na área, deve ser mantido o mato que cresce
entre os canteiros.
PRAGAS E DOENÇAS
Geralmente, ocorre a mancha da folha, causada pelo fungo Cercospora beticola. O ataque
moderado não afeta a produção da lavoura (Figura 55). Por isso, não tem sido necessário
utilizar métodos de controle. Em casos extremos de necessidade, os biofertilizantes foliares e
a calda bordalesa podem ser um auxiliares importantes para a proteção das plantas.
307
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Figura 57: Lavoura de beterraba em sistema orgânico – plantas vigorosas, ótimo convívio
com manchas foliares e perspectivas de alta produtividade. Propriedade orgânica
do Sr. Almerindo Uhlig em Santa Maria de Jetibá – ES (acima). Beterrabas
orgânicas de alto padrão comercial (Abaixo).
308
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
COLHEITA
O ponto de colheita é determinado pela preferência dos consumidores, quando a raiz atinge
o tamanho desejado. Em linhas gerais, o mercado prefere raízes com 6 a 8 centímetros de
diâmetro transversal, pesando cerca de 150 a 200 gramas.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
ORÍGEM E BOTÂNICA
Apesar de ainda não ter a mesma expressão econômica da couve-flor, apresenta uma
riqueza nutricional superior, além de um sabor mais apurado – fatos que elevaram
substancialmente o consumo deste produto nos últimos anos.
São plantas que se desenvolvem e produzem melhor sob condições de clima ameno,
estando a temperatura entre 7 e 22 graus. Entretanto, devido às seleções genéticas
praticadas no material original, existem hoje cultivares que se adaptam bem ao plantio em
condições de verão.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Quadro 2: Cultivares e híbridos de brócolis disponíveis no mercado nacional
313
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Elas podem ser formadas em bandejas de isopor, copos plásticos ou canteiros. Porém,
quando se usa substratos puramente orgânicos, que não contêm adubos solúveis em sua
composição, não se deve usar as bandejas de isopor. O volume de substrato em suas
células é insuficiente e a muda não terá a quantidade adequada de nutrientes que necessita
para o seu desenvolvimento. Por isso, é necessário usar recipientes com maior volume,
como os copos de jornal ou os copos plásticos, que cabem, pelo menos duzentos mililitros de
volume de substrato ou ainda optar pelo método tradicional de formação de mudas em
canteiros a céu aberto.
Caso prefira usar a produção de mudas em bandejas, será necessário utilizar substratos
orgânicos de melhor qualidade ou rico em nutrientes para uma melhor nutrição das mudas.
Nesse caso, o solo é preparado com microtrator. Caso haja muita vegetação nativa, faz um
preparo com uma semana de antecedência, para permitir uma decomposição parcial do
mato, e um novo preparo imediatamente antes do levantamento dos canteiros para o semeio.
A adubação da sementeira é feita com matéria orgânica bem curtida, numa quantidade maior
do que a empregada no campo definitivo. Pode-se utilizar cinco quilos de composto, três
quilos de esterco de galinha ou cinco quilos de esterco de curral por metro quadrado. O
material orgânico deve ser incorporado por ocasião do último preparo de solo.
Em seguida, os canteiros são levantados com 20 cm de altura, 1,0 m metro de largura e com
comprimento variável em função da anecessidade. Em seguida são feitos os sulcos, com
espaçamento de quinze centímetros entre si e profundidade, em torno de dois centímetros. É
melhor fazê-los transversalmente ao comprimento do canteiro, para facilitar a capina e outros
tratos na sementeira.
Cada grama de sementes de brócolis tem 230 sementes, em média. Elas são semeadas na
densidade de dois gramas por metro quadrado. Então, gastam-se de 150 a 200 gramas de
sementes para obter mudas suficientes para o plantio de um hectare, no espaçamento de
1,0m por 0,5m.
Após a semeadura, cobre-se as sementes com uma fina camada de terra. Em seguida, é
recomendável cobrir a sementeira com palha seca, bastante fibrosa, ou seja, que
apresentam alta relação Carbono/Nitrogênio, e que sejam fáceis de retirar. Isto ajudará a
manter a umidade e evita a formação de crostas na superfície do solo. Com isso, ocorre um
aumento da taxa de germinação e maior uniformidade na emergência das sementes. Essa
cobertura deve ser retirada quando as plântulas começarem a emergir.
314
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Logo após o semeio, é preciso irrigar bem o leito. A sementeira deve ser mantida úmida, mas
sem encharcar. Por isso, recomenda-se irrigar de uma a três vezes ao dia, dependendo das
condições climáticas.
Elas atingem o ponto de transplante quando estão com dez a quinze centímetros de altura e
quatro a seis folhas definitivas, o que leva cerca de trinta a quarenta dias em sistema
orgânico. É importante transplantá-las no ponto certo, pois as mudas muito novas podem ser
mais afetadas por problemas fitossanitários e as mudas mais velhas (“passadas”) sofrem
muito com o transplante, podendo ter uma menor taxa de “pegamento” no campo.
Pode se utilizar o preparo de solo convencional, com aração e gradagem, caso haja alta
infestação de ervas nativas no terreno. Em situações de baixo nível de infestação de ervas
ou após a prática da adubação verde, é recomendável o emprego do plantio direto.
315
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Em seguida, faz-se a abertura das covas, devendo ter o espaçamento de 1,2m entre linhas
e 0,5m entre plantas para os plantios de outono-inverno, período em que as plantas
apresentam um maior desenvolvimento vegetativo. Para os plantios de primavera-verão,
pode se adotar espaçamentos menores, como 1,0m entre linhas e 0,4 a 0,5m entre plantas,
em função do menor crescimento das plantas de brócolis.
Na adubação orgânica das covas pode ser usado o composto orgânico (15 t/ha, em peso
seco), esterco de curral (30 t/ha) ou esterco de galinha (15 t/ha). Recomenda-se aplicar 2/3
desta adubação na cova de plantio e 1/3 em cobertura, ao redor das plantas, aos 45 dias
após. Assim sendo, para culturas no espaçamento de 1,0m por 0,5m, isto equivaleria a uma
adubação na base de 500 grams de composto, 1,0 Kg de esterco de boi ou 500 g de esterco
de galinha por cova, no momento do plantio.
PLANTIO
No ponto de transplante, as mudas são retiradas da sementeira com cuidado, para preservar
suas raízes. Para facilitar o arranquio, é bom molhar o solo antes da operação e transplantá-
las imediatamente.
O transplante deve ser feito, de preferência, no final da tarde, evitando que as mudas sofram
com o calor. Selecione as melhores mudas para o plantio, para obter uma plantação mais
uniforme e mais resistente.
Outra prática muito importante consiste na irrigação das covas imediatamente antes da
operação de plantio das mudas para permitir um melhor “pegamento”. Para isso, pode-se
utilizar um jato forte de água. É importante irrigar a cova antes do plantio, para reduzir o
estresse sofrido pelas mudas após o transplante, evitando que murchem. Além disso, o jato
faz automaticamente uma mistura do composto na cova e dispensa a irrigação por aspersão
no primeiro dia do plantio, ou seja, a primeira irrigação será feita apenas no dia seguinte,
quando as mudas já estiverem eretas, sem contato com o solo.
O plantio das mudas deve ser realizado imediatamente após o preparo e adubação das
covas, quando se emprega adubos orgânicos bem curtidos. Utilizando-se adubos orgânicos
ou estercos que ainda não estão totalmente curtidos, as covas deverão ser adubadas e
irrigadas com, no mínimo, uma semana de antecedência.
A operação de plantio é manual, colocando-se as mudas a uma profundidade tal, que não
cubra a região de crescimento das folhas novas, permitindo assim um desenvolvimento
normal das plantas durante a fase vegetativa.
a) Irrigação:
O brócolis é altamente exigente em água. O solo deve ser mantido sempre úmido, por isso
recomenda-se a irrigação diária, na fase de “pegamento” das mudas. Depois, o turno de rega
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
pode ser reduzido para três vezes por semana, para solos de textura média. É indispensável
irrigar, mesmo durante o período chuvoso em dias de chuvas fracas.
b) Manejo de ervas:
Ela é feita em faixas, ao lado das fileiras das plantas. Nas entre-linhas mantém-se uma faixa
de vegetação nativa, de vinte a trinta centímetros. Essa vegetação permite a proliferação de
insetos, que são inimigos naturais de pragas; a proteção do solo; o controle da erosão e
outras vantagens. Mas, junto à planta, na área de exploração de suas raízes, é preciso tirar
todo o mato, para evitar que haja competição por nutrientes.
c) Adubação em cobertura:
d) Nutrição de plantas:
Pela característica de alta cerosidade nas folhas, normalmente não se emprega métodos de
nutrição orgânica foliar.
317
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
significativos de micronutrientes ( ex.: composto orgânico ) essa carência nutricional torna-se
inexistente.
PRAGAS E DOENÇAS
COLHEITA E PREPARO
Nas cultivares de inverno, a colheita de brócoli começa dos 60 aos 70 dias depois do
transplante. Ela pode prolongar-se por até quatro meses. Nas cultivares de verão, a colheita
inicia-se entre 50 e 60 dias após o transplante, ou seja, é mais precoce que no plantio de
inverno.
A colheita deve ser feita quando as hastes, botões e cabeças apresentam cor verde-intenso.
Os botões florais devem estar bem fechados, sem aparecer as pétalas amarelas das flores.
Se as flores estiverem abrindo, o brócoli fica invalidado para o mercado. Quando a cabeça
central atinge o ponto de colheita, deve ser cortada logo, para promover o maior
desenvolvimento das inflorescências laterais.
318
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
319
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Assim, considerando os distintos espaçamentos para cada época, os rendimentos médios
por hectare, serão de 50.000 maços no inverno e de 36.000 maços no verão.
CUSTO DE PRODUÇÃO
Nota-se que a mão-de-obra foi o fator que mais onerou o custo de produção dessa cultura,
contribuindo com 63% do total, face às características de preparo e processamento em pós-
colheita, conforme se confirma nos coeficientes técnicos detalhados na Tabela 82.
320
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
2. SERVIÇOS:
Sementeira D/H 10,00 2 20,00
Aração e Gradagem H/T 30,00 6 180,00
Aplicação de Calcário D/H 10,00 - -
Preparo de Solo (covas) D/H 10,00 7 70,00
Distribuição de Composto D/H 10,00 12 120,00
Distribuição de Esterco D/H 10,00 - -
Plantio D/H 10,00 20 200,00
Adubação em Cobertura D/H 10,00 8 80,00
Capinas D/H 10,00 15 150,00
Irrigações (15 vezes) D/H 10,00 30 300,00
Colheita (s) D/H 10,00 40 400,00
Classificação/Embalagem D/H 10,00 100 1.000,00
Transporte Interno D/H 10,00 10 100,00
3. OUTROS:
Embalagem (fitas para amarrio) mil 10,00 50 500,00
Frete - - - -
TOTAL DE CUSTOS - - - 3.840,00
PRODUÇÃO/RECEITA ESPERADA maços 0,50 50000 25.000,00
1 Fonte: SOUZA (2002).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
CLIMA, CULTIVARES E ÉPOCAS DE PLANTIO
Todos os cultivares são sensíveis à geadas, que provocam a queima das folhas e prejudicam
a produção. Mas se ocorrem geadas no final do ciclo, com as raízes tuberosas já formadas,
não há prejuízo.
PLANTIO
A cenoura produz melhor em solos mais leves e soltos, como os areno-argilosos, franco
arenosos e turfosos. Esse tipo de solo permite o desenvolvimento de cenouras lisas e retas,
de alto valor comercial. No entanto, um solo argiloso pode ser condicionado pela aplicação
de matéria orgânica.
O plantio é feito em canteiros, com largura máxima de 1,20 metro e altura de cerca de 20
centímetros. Porém, já existem no mercado cultivares do tipo ‘raízes longas’, que exigem
uma altura de canteiro na faixa de 30 cm. O solo deve ser preparado cuidadosamente,
criando um leito próprio para a semeadura direta das sementes. Os canteiros devem ser
nivelados e, em seguida, deve ser feito o sulcamento, numa profundidade de um a dois
centímetros. A distância entre os sulcos deve ser de 25 centímetros.
Após a semeadura, pode-se cobrir os canteiros com uma camada de capim seco, sem
sementes, para manter a umidade do solo por mais tempo, melhorando a germinação. O
capim deve ser retirado, após a emergência das plantas.
ADUBAÇÃO ORGÂNICA
Feita através da aplicação de composto orgânico ou esterco de curral a lanço, antes do
preparo do solo e dos canteiros, na base de 10 toneladas por hectare em peso seco. Aos 30
326
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
dias após o plantio, deve ser aplicada uma adubação em cobertura com 5 toneladas de
composto por hectare, resultando na aplicação total de 15 toneladas por hectare no ciclo da
cultura.
TRATOS CULTURAIS
a) Irrigação:
O sistema de irrigação mais indicado para a cenoura é a aspersão. O solo deve ser mantido
constantemente úmido, mas sem encharcar, durante todo o ciclo da cultura. Com um bom
suprimento hídrico, as raízes crescem na forma cilíndrica. Períodos de falta d’água no solo
seguidos de irrigação excessiva, podem provocar fissuras ou rachaduras nas raízes.
b) Capina:
É necessário fazer a capina manual entre as linhas, sempre que houver mato, mantendo os
canteiros limpos . Mas, a vegetação entre os canteiros deve ser preservada, para favorecer a
diversidade e o equilíbrio ecológico entre os macro e micro organismos.
c) Desbaste:
O desbaste do excesso de plantas nas linhas deve ser feito cerca de 30 dias após o plantio.
Deve-se escolher as plantas mais vigorosas, eliminando-se as mais fracas, deixando um
espaçamento de 7 centímetros entre elas. O desbaste é importante para se obter raízes com
tamanho no padrão comercial.
d) Adubação em cobertura:
Lembre-se: Para esta cultura, a avaliação visual do estado nutricional da lavoura pode
dispensar a realização da adubação em cobertura, por ser uma espécie pouco
exigente em nitrogênio. Isto reduziria os custos de produção, sem perda na
produtividade.
e) Cobertura morta:
327
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
PRAGAS E DOENÇAS
Podem ocorrer, também, problemas com nematóides, cujo controle é feito através de
práticas culturais, como a rotação com culturas não suscetíveis. Recomenda-se, também, o
plantio de Crotalaria spectabilis e de Tagetes erecta nos solos infectados com nematóides de
galhas. Além disso, o emprego de composto orgânico, permite o aumento na população de
antagonistas de solo e reduz eficazmente a população de nematóides.
COLHEITA
A incidência média de 5,1% de raízes rachadas e 0,3% no número de raízes podres não
interfere significativamente no rendimento da cenoura, principalmente, por causa da elevada
incidência de raízes comerciais em relação ao total, em torno de 85%.
Além disso, a produtividade média de 23.535 kg/ha está plenamente compatível com a
produtividade média de cultivos convencionais, que varia de 20.000 a 30.000 kg/ha.
328
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Tabela 83: Desenvolvimento agronômico da cultura da cenoura em sistema de cultivo
orgânico.1
Comercial
Cronologia Ano Produção Produti- % peso Peso Comp. Diâm. Racha Podres Ciclo
dos cultivos total vidade comerci médio médio Médio dura em
(kg/ha) (kg/ha) al (g) (cm) (cm) (%) (%) dias
Cenoura 1 1990/91 23.775 22.725 96 49 13,6 2,6 3,9 - 116
Cenoura 2 1992 24.684 21.971 89 81 14,3 3,9 8,8 10,6 95
Cenoura 3 1992/93 39.740 36.450 92 92 15,9 3,6 4,0 0,5 110
Cenoura 4 1992/93 20.981 14.894 71 84 13,5 3,3 0,1 3,3 104
Cenoura 5 1993 24.520 18.480 75 62 13,0 3,1 3,7 5,6 117
Cenoura 6 1993 14.335 12.569 88 70 14,0 2,9 4,8 - 112
Cenoura 7 1993/94 16.450 15.650 95 49 12,0 3,3, 5,6 2,1 99
Cenoura 8 1994/95 32.300 27.250 84 89 13,3 2,4 1,9 0,2 103
Cenoura 9 1995 53.321 53.064 99 116 16,5 3,8 2,0 - 108
Cenoura 10 1995 36.078 30.803 85 65 13,0 2,8 2,9 - 114
Cenoura 11 1995 22.994 20.680 90 102 18,7 4,2 3,1 0,0 116
Cenoura 12 1996 25.430 24.236 95 76 15,3 2,9 3,3 0,0 114
Cenoura 13 1997 18.902 10.145 54 60 13,5 3,2 12,3 0,2 139
Cenoura 14 1997 41.620 27.170 65 74 14,5 2,9 21,3 3,8 129
Cenoura 15 1998 13.043 9.870 76 67 18,3 3,3 1,3 0,0 110
Cenoura 16 1998 13.933 13.400 96 79 14,3 3,0 3,4 1,9 96
Cenoura 17 1999 41762 40.737 97 96 15,6 2,8 2,9 0,0 104
Média 27.286,3 23.535 85 77 14,6 3,1 5,1 0,3 111
1 Fonte: SOUZA (2002).
CUSTO DE PRODUÇÃO
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Tabela 84: Indicadores físicos e financeiros da cultura da Cenoura (1 ha) em sistema
orgânico de produção.1
Discriminação Qde Valor %
(R$)
DESPESAS:
Semente (Kg) 4 80.00 2
Composto (t) 30 690,00 21
Esterco (t) - - -
Outros Insumos - - -
Mão de Obra (d/h) 241 2.410,00 71
Serviços Mecânicos (H/T) 6 180,00 6
Embalagem (ud) - - -
Frete (ud) - - -
TOTAL DE DESPESAS - 3.360,00 100
CUSTO POR Kg 23.535 0,13 -
1 Fonte: SOUZA (2002).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Tabela 85: Coeficientes técnicos para produção de 1 ha de Cenoura em sistema
orgânico de produção.1
Especificação Ud Valor Qde Valor Total
Unitário
(R$)
1. INSUMOS:
Composto Orgânico t 23,00 30 690,00
Esterco de Galinha t 80,00 - -
Sementes kg 20,00 4 80,00
Calcário t 44,00 - -
2. SERVIÇOS:
Aplicação de Calcário D/H 10,00 - -
Aração e Gradagem H/T 30,00 6 180,00
Preparo de Solo (canteiros) D/H 10,00 30 300,00
Distribuição de Composto D/H 10,00 5 50,00
Distribuição de esterco D/H 10,00 - -
Plantio D/H 10,00 6 60,00
Desbaste D/H 10,00 50 500,00
Adubação em Cobertura D/H 10,00 10 100,00
Capinas D/H 10,00 30 300,00
Irrigações D/H 10,00 30 300,00
Colheita (s) D/H 10,00 25 250,00
Lavagem D/H 10,00 10 100,00
Classificação/Embalagem D/H 10,00 35 350,00
Transporte Interno D/H 10,00 10 100,00
3. OUTROS:
Embalagem - - - -
Frete - - - -
TOTAL DE CUSTOS - - - 3.360,00
PRODUÇÃO/RECEITA ESPERADA KG 0,50 23.535 11.767,50
1 Fonte: SOUZA (2002).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
CARACTERÍSTICAS
A couve-flor é uma planta com características semelhantes ao brocolis, sendo que a parte
comestível é uma inflorescência imatura. Essa inflorescência forma uma “cabeça”, de cor
branca ou creme, sustentada por um caule curto. Seu cultivo é muito semelhante ao do
brócolis, porém mostra-se muito mais exigente em solos e nutrientes, quando comparada ao
brócolis e ao repolho, produzindo melhor em solos com pH na faixa de 6,0 a 6,8.
As cultivares de outono-inverno, que são exigentes em frio moderado ou intenso, não devem
ser plantadas em localidades baixas e quentes. Elas são adequadas para locais com
altitudes superiores a 800 metros. Devem ser plantadas de março a junho.
336
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
A adubação da sementeira é feita com matéria orgânica bem curtida, numa quantidade maior
do que a empregada no campo definitivo. Pode-se utilizar 5 Kg de composto, 3 Kg de esterco
337
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
de galinha ou 5 Kg de esterco de curral, por metro quadrado. O material orgânico deve ser
incorporado ao solo da sementeira por ocasião do último preparo com microtrator.
São feitos sulcos transversais no canteiro, com espaçamento de 15 cm entre si. As sementes
são distribuídas nos sulcos, à base de 2g por metro quadrado. Considerando-se que cada
grama contém 375 sementes, em média, e que a porcentagem de germinação é de 70%, o
gasto de sementes para produzir mudas para um hectare é de 150 a 200 gramas.
Logo após a semeadura, o canteiro deve ser coberto com capim ou palha seca. A cobertura
deve ser removida assim que as plântulas começarem a emergir. O solo da sementeira deve
ser mantido permanentemente úmido, sem encharcar. Por isso, as irrigações devem ser
feitas diariamente.
É importante manter o leito livre de plantas invasoras. No período de formação das mudas,
faça quantas capinas forem necessárias. A manutenção da vegetação nativa entre os
canteiros pode ajudar num melhor equilíbrio ecológico do ambiente da sementeira.
O preparo de solo para a couve-flor deve seguir os princípios básicos do cultivo orgânico,
evitando-se tanto quanto possível o revolvimento excessivo do solo. Dependendo das
condições do terreno se decidirá a necessidade de preparo mecânico através de aração e
gradagem. Em áreas com pouca vegetação nativa pode-se proceder a limpeza da área e a
abertura de covas diretamente. Também, logo após a realização de uma adubação verde,
em que se deixa a massa verde sobre o terreno, pode-se abrir diretamente as covas para
plantio, praticando o plantio direto. Em solos com um nível médio a alto de ervas nativas,
efetua-se uma aração com, no mínimo uma semana de antecedência ao plantio e por
ocasião do plantio realiza-se uma gradagem para uniformizar o solo.
A couve-flor geralmente é plantada em covas, feitas com espaçamento de 1,0 m entre linhas
por 0,5 m entre plantas. Normalmente devem possuir um tamanho maior que as praticadas
em plantios convencionais, para permitir comportar adequadamente a matéria orgânica,
principalmente quando se utilizam materiais mais volumosos como o composto.
O adubo orgânico é aplicado diretamente nas covas. Para a couve-flor você pode usar 30
toneladas de composto orgânico, 15 toneladas de esterco de galinha ou 30 toneladas de
esterco bovino, para um hectare. A adubação orgânica deve ser parcelada, para manter um
bom nível de nutrientes, especialmente Nitrogênio no solo, durante o crescimento das
plantas. Assim, recomenda-se aplicar 2/3 da dosagem total no plantio e 1/3 em cobertura aos
30 dias após. Dessa forma, dois terços dessas recomendações seriam equivalentes a um
338
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
quilo de composto, 500 gramas de esterco de galinha ou um quilo de esterco de boi para
adubação de cada cova por ocasião do plantio.
PLANTIO
O transplantio das mudas deve ser realizado imediatamente após o preparo e adubação das
covas, quando se emprega adubos orgânicos bem curtidos. Utilizando-se adubos orgânicos
ou estercos que ainda não estão totalmente curtidos, as covas deverão ser adubadas e
irrigadas com, no mínimo, uma semana de antecedência.
Uma boa irrigação nas covas, antes do plantio, vai melhorar o pegamento das mudas. O uso
de um jato forte de água serve, também, para misturar, um pouco, o adubo à terra. O
transplante deve ser feito no final da tarde, evitando-se as horas de sol forte e muito calor. As
mudas devem ser plantadas imediatamente após sua retirada. Não há necessidade de irrigar
logo após o transplante, se as covas estiverem bem molhadas.
a) Irrigação:
A couve-flor também é uma planta altamente exigente em água, razão pela qual irriga-se em
caráter suplementar, mesmo durante o período chuvoso, em curtos períodos de seca. Deve-
se manter a camada superficial do solo, onde se desenvolvem as raízes, com um teor de
água útil de 100%. Isto é feito durante todo o ciclo cultural, até às vésperas da colheita. Para
tanto, pode se fazer duas irrigações por infiltração ou três por aspersão, semanalmente. Vale
lembrar que irrigações por aspersão permitem diminuir a incidência de pulgões.
b) Manejo de ervas:
O manejo da vegetação nativa deve ser muito cuidadosa, pois apesar de trazer benefícios
fundamentais para o equilíbrio biológico local, pode provocar perdas muito grandes no
rendimento da cultura da couve-flor pela concorrência por nutrientes e água.
c) Adubação em cobertura:
Um terço da quantidade total recomendada de adubo deve ser aplicada trinta dias após o
plantio, isto é, 500 gramas de composto, 250 gramas de esterco de galinha ou 500 gramas
339
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
de esterco de boi. A aplicação deve ser feita ao redor das plantas e coberta com terra por
ocasião de uma capina.
Para um aproveitamento mais rápido pela cultura, outra alternativa é a aplicação dos
materiais orgânicos via líquida, preparados com a diluição de 1 parte do produto para 2
partes de água, aplicados na região das raízes das plantas.
d) Nutrição de plantas:
Diante da boa resposta dessa cultura às aplicações de matéria orgânica, não se recomenda
aplicações de fertilizantes orgânicos foliares, exceto em casos de carência comprovada de
nutrientes através de diagnose visual.
Dentre as brássicas, a couve-flor tem se mostrado ser mais sensível à deficiência Molibdênio
e Boro, podendo apresentar deficiência desses micronutrientes, como se observa em
sistemas de cultivos convencionais, que empregam principalmente adubação mineral à base
dos Macronutrientes Nitrogênio, Fósforo e Potássio. Entretanto, em sistemas orgânicos, a
oferta desses elementos é constante, motivo pelo qual este problema torna-se inexistente.
Um trato cultural importante é o branqueamento ou clareamento das cabeças. Para que elas
adquiram e mantenham uma coloração branco-leitosa ou creme-clara, cobrem-se as cabeças
através da quebra de uma folha central ou através do amarrio de duas a três folhas sobre as
cabeças, de modo a sombreá-las até atingirem o ponto de colheita.
Atingidas pela luz solar, algumas cultivares desenvolvem uma cor creme forte, especialmente
na época de verão, a exemplo da piracicaba precoce. Entretanto, muitas cultivares de
inverno não são afetadas por este problema, dispensando o clareamento, sem perder o seu
padrão e valor na comercialização.
PRAGAS E DOENÇAS
Entretanto, vale lembrar que o excesso de matéria orgânica e a cobertura morta no solo
propicia abrigo e ambiente favorável par a multiplicação de lesmas. Este inseto pode
danificar a parte comercial da couve-flor (cabeças), provocando perda total, conforme a
ilustração da Figura 60. Como medida de prevenção, recomenda-se evitar práticas que
favoreçam a multiplicação do inseto e, como medida de controle, utilizar armadilha descrita
na seção ‘manejo e controle de pragas e doenças’.
340
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
As cabeças são colhidas quando atingem o seu máximo desenvolvimento, mas antes que
percam a sua compacidade ou iniciem a formação de “pelos”. É preferível colher um pouco
antes do tempo, do que depois, pois a cabeça “passada” não serve para o comércio.
Como as plantas não produzem ao mesmo tempo, é preciso fazer a colheita parcelada em
duas vezes por semana. A haste é cortada abaixo da cabeça, deixando-se algumas folhas.
Essas folhas envolvem a couve-flor, protegendo-a contra injúrias durante o transporte interno
na propriedade ou até o mercado.
Para o mercado orgânico, normalmente o produto é vendido sem as folhas externas, pois as
cabeças são naturalmente protegidas pelas embalagens plásticas utilizadas.
A couve-flor tem demonstrado ser uma espécie com elevada dependência das condições
químicas e físicas dos solos. Em solos com melhores características, tem se alcançado
rendimentos comerciais superiores a 18.000 Kg/ha e cabeças com diâmetro médio de até
16,5 cm. Por outro lado, em solos de fertilidade natural baixa, verifica-se rendimentos
inferiores. No monitoramento do desempenho da cultura em sistema orgânico, SOUZA
(2002) relata uma média de produtividade satisfatória, na faixa de 13.686 Kg/ha (Tabela 86).
341
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Figura 60: Planta de couve-flor orgânica, cv. Teresópolis precoce, próxima à fase de colheita – material de
boa adaptabilidade ao sistema (acima à esquerda). Ataque de lesma, inviabilizando o produto
para o mercado (acima à direita). Cabeças recém-colhidas (abaixo à esquerda) e produto
embalado para o mercado (abaixo à direita).
342
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Cronologia Comerciais
dos Talhão Ano N0
Produção N0
Produtivi- Peso Diâm. Compa Cabeças Ciclo
Cultivos Cabeça Total Cabeça dade Médio Médio -cidade Comerc.
por ha
(ha) (Kg/ha) (ha) (Kg/ha) (g) (cm) (%) (dias)
Couve-flor 1 03 1992 14.860 8.955 8.668 7.395 853 12.1 7.6 43 104
Couve-flor 2 07 1992 11.780 7.581 10.820 4.835 445 12.6 8.1 54 130
Couve-flor 3 09 1992 18.120 6.476 11.013 3.987 362 12.1 7.8 55 100
Couve-flor 4 04 1994 19.834 19.736 18.600 19.304 1.038 15.9 9.3 93 131
Couve-flor 5 03 1995 19.600 18.135 18.000 17.346 958 13.1 7.0 90 108
Couve-flor 6 04 1995 19.830 17.790 19.400 15.605 802 16.5 8.5 97 108
Couve-flor 7 07 1995 13.360 11.425 12.400 8.680 696 14.8 5.3 62 109
Couve-flor 8 09 1996 19.714 14.025 18.571 13.691 666 16,0 8,5 94 118
Couve-flor 9 04 1997 20.000 15.260 17.600 14.708 836 14,8 7,0 88 109
Couve-flor 10 04 1998 20.000 18.304 19.600 18.228 930 16,5 7,4 98 105
Couve-flor 11 07 1998 20.000 17.592 18.500 16.944 907 17,0 7,0 92 119
Couve-flor 12 04 1999 19.600 23.796 19.200 23.508 1.245 16,9 7,4 98 117
Diante desses resultados, concluímos que em solos com melhores características, torna-se
plenamente viável a produção orgânica de couve-flor, conseguindo-se bom desenvolvimento
vegetativo e produtos com boas características para o mercado consumidor.
CUSTO DE PRODUÇÃO
O total de despesas do sistema orgânico foi de 2.330,00 reais, com uma perspectiva de
receita bruta de 9.580,00 reais, o que confere uma rentabilidade de 4,1 reais para cada real
investido.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
2. SERVIÇOS:
Sementeira D/H 10,00 2 20,00
Aração e Gradagem H/T 30,00 6 180,00
Aplicação de Calcário D/H 10,00 - -
Preparo de Solo (covas) D/H 10,00 7 70,00
Distribuição de Composto D/H 10,00 12 120,00
Distribuição de Esterco D/H 10,00 - -
Plantio D/H 10,00 20 200,00
Adubação em Cobertura D/H 10,00 8 80,00
Capinas D/H 10,00 15 150,00
Pulverizações D/H 10,00 - -
Irrigações (5 vezes) D/H 10,00 30 300,00
Colheita (s) D/H 10,00 10 100,00
Classificação/Embalagem D/H 10,00 30 300,00
Transporte Interno D/H 10,00 10 100,00
3. OUTROS:
Embalagem - - - -
Frete - - - -
TOTAL DE CUSTOS - - - 2.330,00
PRODUÇÃO/RECEITA ESPERADA KG 0,70 13.686 9.580,00
1 Fonte: SOUZA (2002).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
ORÍGEM
Os maiores produtores de gengibre no mundo são a China e a Índia, sendo que outros
importantes produtores são Bangladesh, Tailândia, Malásia, Filipinas, Taiwan, Japão, Sierra
Leone, Nigéria, Ilhas Figi, Austrália, Jamaica, Havaí, Costa Rica e Brasil. Esses países
exportam a maior parte da sua produção para os Estados Unidos, Japão, Europa Ocidental,
Arábia Saudita e Yemen.
CULTIVARES
Ao redor do mundo são encontradas diversas variedades de gengibre, que recebem nomes
regionais. Dentre essas variedades são observadas variações quanto ao aspecto, conteúdo
de fibras e de óleo, aroma e rendimento.
No Brasil, a variedade mais cultivada é o “Gigante”, sendo o material que apresenta melhor
padrão comercial. São cultivados, também, os clones regionais, que, geralmente, têm
reduzido tamanho de rizomas e pouca aceitação comercial.
CLIMA E SOLO
As condições que favorecem a produção do gengibre são: clima tropical e subtropical, quente
e úmido, com temperaturas entre 25°C e 30°C (média anual acima de 21°C) e precipitação
(chuvas) de no mínimo 1.500 mm/ano, o que conduz às seguintes recomendações:
MUDAS
348
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Para acelerar a emergência das plantas no campo, recomenda-se induzir a brotação dos
rizomas-sementes, antes do plantio, da seguinte maneira:
PREPARO DO SOLO
ADUBAÇÃO
No plantio, o composto deve ser espalhado no fundo do sulco, sendo necessário colocar 600
gramas por metro de sulco, quando o espaçamento entre-linhas for de 1,20 metro; ou 700
gramas por metro de sulco, no espaçamento de 1,40 metro.
O composto pode ser substituído por outros adubos orgânicos, como o esterco de gado e de
aves. Mas é preciso que os estercos estejam bem curtidos e sejam de fonte conhecida para
evitar contaminações por resíduos químicos ou antibióticos. Nesse caso, a dosagem será:
PLANTIO
349
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
TRATOS CULTURAIS
a) Irrigação:
O gengibre necessita de fornecimento regular de água durante todo o seu ciclo, por isso, é
preciso irrigar a lavoura. O gengibre não suporta solo encharcado, o que causa o
apodrecimento dos rizomas. Podem ser usados os sistemas de aspersão, infiltração ou
irrigação localizada.
b) Capina:
Deve ser feita a capina em faixas, eliminando-se com cuidado as plantas que crescem junto
aos pés de gengibre, para não danificar os rizomas. O mato que cresce entre as linhas de
cultivo deve ser preservado até iniciarem as amontoas. A partir desse momento não será
mais possível preservar o mato nas entrelinhas por causa da quantidade de terra exigida na
amontoa.
c) Amontoa:
A amontoa é o chegamento de terra junto aos pés das plantas, de forma a recobrir os
rizomas que começam a aparecer na superfície. Essa operação deve ser feita de 3 a 4 vezes
durante o ciclo do gengibre.
d) Adubação em cobertura:
Faz-se uma adubação em cobertura por ocasião da primeira amontoa, cerca de 90 dias após
o plantio, e outra na terceira amontoa, ou seja, 150 dias após o plantio.
350
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
PRAGAS E DOENÇAS
Dentre as pragas, pode haver ocorrência de lagarta rosca, Agrotis ipsilon¸ que ataca as
brotações cortando-as no colo da planta. Nematóides também podem ser um sério problema
para a cultura.
Quanto às doenaçs, o gengibre pode ser atacado por uma série de fungos (Fusarium
oxysporum, Phylosticta gengiberi, Phoma, etc). Para diminuir a ocorrência desses fungos,
deve-se escolher rizomas sadios para o plantio e fazer a rotação de culturas.
COLHEITA
A lavagem dos rizomas deve ser cuidadosa para evitar ferimentos, de forma a evitar porta de
entradas de patógenos de pós-colheita e aumentar a vida útil no armazenamento e
comercialização. Uma das formas mais simples e funcionais de lavagem é realizada no
próprio campo, logo após a colheita, em superfície lisa (por ex.: estrados de bambú), com
jatos d´água (mangueira ou máquina de pressão), conforme a ilustração da Figura 59.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
ORÍGEM E CULTIVARES
O inhame é uma planta herbácea, com caules volúveis. Produz tubérculos isolados ou em
feixes, com coloração escura na casca e polpa de cor branca, amarelada ou avermelhada.
Essa planta também é chamada de Cará. Porém, para uniformizar com o nome popular em
espanhol nãme, usado internacionalmente, vamos usar o termo inhame.
Diversas plantas do gênero Dioscorea são chamadas de inhame. No Brasil, as espécies mais
encontradas no mercado são a Dioscorea alata e a Dioscorea cayennensis.
Dentro de cada espécie, existe ainda uma variação entre os clones, principalmente, no
aspecto dos tubérculos, na cor da polpa e na adaptação ecológica. A variedade cará São
Tomé (Figura 62) é bastante difundida na Região Centro-Sul. No Nordeste, o cará da Costa
é o mais cultivado.
CLIMA E SOLO
O inhame é uma planta tipicamente tropical, de clima quente e úmido. A planta não é muito
exigente em água durante os cinco primeiros meses. Em média, as chuvas por ano devem
superar os 1.500 milímetros, devendo ter disponíveis 400 milímetros entre os 3,5 meses e
cinco meses de vegetação. Quando atinge o ponto de colheita, o excesso de umidade no
solo pode provocar apodrecimento e brotação dos rizomas.
A planta responde bem ao fósforo. Por isso, se o teor no solo for baixo, recomenda-se
adicionar fosfato natural ao composto orgânico, ou aplicá-lo diretamente no solo, antes do
plantio. No entanto, é capaz de aproveitar bem os resíduos de adubação de outras culturas,
no plano de rotação.
MUDAS
É preciso deixar os rizomas em repouso, após cortados, em local ventilado, para que
cicatrize a parte cortada, formando um “selo” que impede a entrada de patógenos. As mudas
podem ser plantadas diretamente no local definitivo ou podem ser enviveiradas, ou seja,
plantadas em canteiros específicos para reprodução e posterior transplante.
PREPARO DO SOLO
O inhame pode ser plantando em sulcos abertos no solo, ou em leiras. Os sulcos só são
indicados para solos bem soltos, e devem ser abertos numa profundidade de 15 a 20
centímetros.
Em terrenos mais pesados, recomenda-se utilizar leiras para o plantio. A altura das leiras
deve ser de, pelo menos, 30 centímetros. Deve ser feito um sulco no topo das leiras, com
cerca de 15 centímetros de profundidade. Neste sulco, é distribuído o adubo, na dose de um
quilo de composto orgânico ou esterco de gado por metro linear.
ADUBAÇÃO
PLANTIO
Em regiões de baixa altitude, com temperaturas médias anuais mais elevadas, planta-se de
junho a setembro.
No plantio, as mudas devem ser distribuídas ao longo da leira ou do sulco, colocando a parte
cortada virada para baixo. Após a distribuição, as mudas devem ser cobertas com uma
camada de 5 centímetros de terra.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Se o solo for fértil e a umidade alta, recomenda-se utilizar espaçamentos mais apertados,
para evitar que as raízes cresçam muito, o que dificulta sua aceitação em mercados mais
exigentes.
TRATOS CULTURAIS
a) Capina:
O principal trato cultural da lavoura de inhame é a realização de capinas até os 100 primeiros
dias após o plantio, pois as plantas são muito sensíveis à competição com ervas.
Na fase inicial da cultura, as capinas devem ser feitas em faixas, limpando-se junto às
plantas e mantendo uma faixa de mato de cerca de 20 centímetros entre as linhas da cultura.
b) Adubação em cobertura:
A adubação em cobertura deve ser feita em torno de 90 dias após plantio. Aplica-se o adubo
lateralmente às linhas de plantio, e cobre-se com terra por ocasião da capina.
c) Irrigação:
Quando plantado durante o período chuvoso, o inhame não precisa de irrigação, pois é
bastante resistente à seca, suportando bem os períodos de veranico.
No caso da antecipação do plantio para julho ou agosto, em locais de inverno ameno, o uso
de irrigação após o plantio, apressa a brotação e favorece o desenvolvimento inicial das
plantas. Dessa forma, é possível obter colheitas precoces e melhores preços na
comercialização.
d) Tutoramento:
O tutoramento é feito com varas com 2 metros de comprimento. Pode-se utilizar uma vara
por planta ou uma para cada duas plantas, para economizar. Também pode-se fazer o
tutoramento na forma de cerca cruzada, semelhante ao utilizado na cultura do tomate.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
O tutor é fincado na leira, bem firme. A planta se desenvolve sobre tal apoio, enroscando-se
sozinha.
PRAGAS E DOENÇAS
São relatadas algumas doenças que atacam o inhame. Por exemplo, fungos dos gêneros
Cercospora, Colletotrichum, Gloesporium atacam as folhas; Bothryodipoida, e Phythium
causam o apodrecimento dos rizomas. Além disso, o vírus do mosaico pode causar danos
econômicos.
Apesar da referência do ataque dessas pragas e doenças, observa-se que o inhame é uma
planta bastante rústica, que resiste bem ao ataque desses organismos, não havendo danos
econômicos significativos, principalmente se o sistema estiver equilibrado, através do uso de
práticas de cultivo orgânico.
COLHEITA
A colheita manual é feita com auxílio de enxada ou enxadão, tomando-se cuidado para não
ferir os rizomas. Depois, eles são recolhidos e colocados em caixas (Figura 62).
Para comercializá-los é preciso limpar a terra e retirar as raízes. Pode-se lavar os rizomas,
deixando secar, em seguida, como foi feito com o taro.
Para estocar, o inhame deve ser colocado em galpão arejado e fresco, sendo os tubérculos
espalhados em uma camada fina. Assim, pode ser estocado por até 2 meses.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Figura 62: Planta de inhame, variedade ‘cará são tomé’ – espécie rústica e de elevada adaptabilidade a
sistemas orgânicos de produção (acima à esquerda. Campo em início de ciclo (acima à
direita). Raízes colhidas (abaixo).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
CLIMA, CULTIVARES E ÉPOCAS DE PLANTIO
O morangueiro é uma planta bastante sensível ao fotoperíodo, sendo que, para a produção
de mudas, a planta precisa ter o crescimento vegetativo estimulado e isso acontece sob
condições de dias longos e temperaturas elevadas. Para a produção de frutos, a planta tem
que ter o florescimento estimulado e isso acontece sob condições de dias curtos e
temperaturas amenas ou baixas.
Regiões com altitude inferior a 500 metros de altitude, não apresentam condições ideais para
o plantio do morangueiro, comprometendo o desenvolvimento das plantas e o rendimento de
frutos.
A cultivar mais utilizada por agricultores, na região produtora do Espírito Santo, é a Dover –
planta que apresenta frutos com bom peso médio e alta resistência na fase de pós-colheita.
Entretanto, nestas condições tem se apresentado sensível à incidência de Mycosphaerella (
fungo que ataca as folhas), necessitando de proteção foliar. A cultivar Camarosa tem sido
outra alternativa, por apresentar padrão de frutos e resistência pós-colheita semelhante ao
Dover, porém com melhor sabor de frutos.
PECHE FILHO & DE LUCCA (1997), apresentam as características padrões dos principais
cultivares, conforme descrito abaixo.
Toyonoka:
- Utilização: consumo ïn natura”/indústria.
- Plantas: vigorosas, com melhor desempenho em regiões frias, tardias.
- Frutos: grandes, cônicos, regularmente suculentos, textura firme, coloração externa
vermelho-brilhante, coloração interna, rosa, sabor de excepcional doçura.
- Potencial de produtividade: 20 - 40 t/ha
- Resistência a doença: média
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Dover:
- Utilização: indústria, “in natura”, se bem manejado
- Plantas: moderadamente vigorosas, produtivas e precoces.
- Frutos: grandes, cônico-alongado e ápice cristado (ponta alargada), coloração externa
vermelha intensa, coloração interna vermelha , polpa firme, epiderme forte, pouco
suculento, resistente ao transporte e comercialização, sabor fraco e ácido.
- Potencial de produtividade: 30 - 40 t/ha
- Resistência a doenças: média
A construção dos canteiros pode ser mecânica ou manual e deve ser realizada de
preferência bem próxima da época do plantio. Levantar os canteiros com aproximadamente
20 cm de altura, com 1,2m de largura na sua parte superior, de forma a permitir que a lona
cubra-o adequadamente, ‘sobrando’ 20 cm em cada lateral dos canteiros, pois a mesma
possui 1,6m de largura.
Abre-se as covas, aplica-se em média 200 gramas, mistura-se à terra da cova, irriga-se com
mangueira e depois procede-se o plantio.
FORMAÇÃO DE MUDAS
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Para a produção das mudas na propriedade, deve ser feito o plantio das matrizes do campo
de produção, em uma nova área, a partir do mês de setembro, após encerrar a colheita.
Retira-se as mudas e procede-se o plantio em covas bem adubadas, no espaçamento de
1,0m X 1,0m, para permitir a emissão de ramificações laterais (estolons), onde serão
formadas mudas novas para o plantio seguinte, nos meses de fevereiro – maio do ano
posterior.
PLANTIO E ESPAÇAMENTO
A operação de plantio destaca-se como uma das mais importante, entre muitas outras que
caraterizam o processo operacional da produção de morangos.
PECHE FILHO & DE LUCCA (1997), informa que o processo de plantio começa com um
conjunto de operações antecedentes ao ato de plantar, em que podemos destacar os
trabalhos preparativos onde a primeira coisa a fazer é uma limpeza na muda removendo
folhas velhas e danificadas, estolons ou cipós, rebentos e também o excesso de folhas
verdes, principalmente as folhas muito grandes; essa “poda” na muda é realizada com
objetivo de diminuir a probabilidade da muda perder água (desidratar) para o solo ou para o
meio.
Ainda nesta fase, é muito importante um exame criterioso no sistema radicular e nas
folhagens no sentido de detectar algum foco de doença. Qualquer detalhe que indique
possíveis sinais de doença, as mudas devem que ser eliminadas, sendo queimadas
imediatamente. Neste exame, ainda há possibilidade de eliminar, se necessário for, um
excesso de raiz podando-as e deixando-as com o comprimento por volta de 7 a 10 cm. Muda
com raiz muito comprida aumenta a possibilidade de ocorrer o enovelamento na ocasião do
plantio.
Por fim, o exame da muda deve proporcionar uma classificação das mesmas por tamanho
em pelo menos três categorias, pequenas, médias e grandes. Esse detalhe, garantirá
canteiros com plantas uniformes. Após a classificação, as mudas serão amarradas em
maços e estarão prontas para o plantio no campo.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Observe abaixo, o resumo da sequência operacional das atividades preparativas para uma
boa seleção de mudas em pré-plantio:
1- Desinfecção de mãos e instrumentos
2- Remoção de folhas velhas e danificadas
3- Remoção de estolons (cipós) e rebentos
4- Retirada do excesso de folhas (número e grandeza)
5- Exame minucioso:
5.1- Busca de pontos “negros”(sintomas)
5.2- Busca de anomalias (hematomas, etc)
5.3- Exame de raízes
5.4- Retirada do “excesso” de raízes (a partir de 10 cm)
5.5- Classificação (pequenas, médias e grandes)
5.6- Arrumação de maços e mudas
6-Queima das partes vegetais e mudas descartadas
7- Desinfecção constante de mãos e instrumentos
8- Hidratação das mudas (maços)
Afasta-se a terra da cova com a própria mão a uma profundidade suficiente para não dobrar
as raízes no fundo das mesmas (isso é muito importante). Uma vez que as covas estarão
úmidas, não será necessário irrigar por aspersão logo após plantar. Isto evita que as folhas
fiquem em contato com o solo. Apenas irrigar no dia seguinte.
Posiciona-se a muda na cova, de forma que a ‘coroa da muda’ receba terra somente até a
região do colo (onde acaba o caule e começa as raízes), tomando-se o cuidado de não
aprofundar muito a muda, nem deixá-la muito rasa. A profundidade adequada é aquela que
cobre totalmente as raízes e a terra não chega nem perto da gema apical (“miolo”). Esse
detalhe de plantio talvez seja a razão do sucesso ou do fracasso da lavoura.
PECHE FILHO & DE LUCCA (1997), resume assim, as atividades de plantio de morango:
1- Revolvimento do solo
2- Irrigação pré-plantio, na cova.
3- Marcação com gabarito
4- Segurar a muda posicionando os dedos ao redor da coroa
5- Abrir a cova com os dedos
6- Posicionar a muda no solo, de maneira correta (altura do colo)
7- Compactar a terra em volta da muda.
8- Irrigação pós-plantio (no dia seguinte)
367
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
MANEJO E TRATOS CULTURAIS
a) Replantio:
Deve ser realizado ainda na primeira quinzena após o plantio das mudas. O operador
caminha ao longo do canteiro, controlando o mato sobre os canteiros, manualmente ou com
pequenas ferramentas e, ao mesmo tempo, retira as folhas mortas e debilitadas das mudas
pegas. As mudas mortas ou muito debilitadas são eliminadas e substituídas por mudas
novas. É uma atividade importante, pois há recomposição do stand. Se necessário por volta
de vinte e cinco dias essa operação é repetida.
b) Capinas:
Nas capinas realizadas manualmente, elimina-se totalmente a vegetação nativa sobre os
canteiros, deixando-se apenas o desenvolvimento das ervas espontâneas entre os mesmos,
evitando-se competição com a cultura.
Após a lonagem dos canteiros, o controle do mato que nasce junto à muda, nos furos da
lona, é feito manualmente e simultâneo à uma prática profilática que é a retirada também
manual de folhas velhas e folhas com sintomas de doenças, como citado anteriormente. Em
estágios mais avançados, a prática de profilaxia contínua, também é aliada à eliminação dos
estolons ou “cipós” que, por ventura, apareçam tirando a “força” da frutificação.
c) Irrigação:
Normalmente é realizada por aspersão, num turno de rega diário na primeira semana. Após o
pegamento definitivo das mudas, pode-se irrigar de 2 em 2 dias, dependendo do regime
hídrico e da umidade do solo ( em períodos de muito sol, pode ser necessário irrigar todos os
dias ).
O sistema ideal para a cultura do morango é a irrigação por gotejamento, que tem como
vantagens a não aplicação de água na parte aérea da planta, possibilita automatização,
irrigações freqüentes e a fertirrigação, mas o custo de implantação do gotejamento é mais
elevado do que o da aspersão.
Segundo relato de PECHE FILHO & DE LUCCA (1997),, em sistemas mais tecnificados, o
manejo das irrigações pode ser realizado via solo, clima ou planta, sendo que o mais usado é
via solo ou clima. A estimativa da lâmina de irrigação é um estudo de caso para cada
situação, pois são inúmeros fatores interferindo, principalmente, os relacionados diretamente
com a capacidade de armazenamento de água no solo na camada onde se encontra a maior
parte de raízes absorventes do morangueiro.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
de ‘cruz’, com o auxílio de uma lâmina bem afiada e ‘puxa-se as mudas para fora. A lona
deve ser presa nas laterais dos canteiros, utilizando-se ‘paletas’ de taquara (1 cm de largura
e 20 cm de comprimento), enterradas em forma de ‘U’, de 50 em 50 cm, nas laterais dos
canteiros (Figura 63a). Jamais se deve enterrar as bordas do plástico, pela dificuldade
posterior de retirá-lo totalmente da área no final do cultivo, agravada pelo ressecamento do
mesmo (Figura 63b).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Figura 63b: Áreas de morango em sistema orgânico, em Canellones – Uruguai, mostrando o que não
deve ser feito: Fixação das lonas, enterrando-as nas laterais dos canteiros (esquerda) e
resíduos do plástico usado no plantio anterior.
Em sistemas irrigados por aspersão, a prática de abrir furos na cobertura plástica, nas
entrelinhas do plantio, é uma prática usual e tem a finalidade de auxiliar na infiltração de
água e principalmente propiciar condições de colocar biofertilizantes em cobertura,
corretamente. Para isso, recomenda-se:
- os furos devem ser sempre redondos, pois auxiliam a prevenção contra rasgos causados
pelo vento;
- diâmetro por volta de 5 cm, devendo ser adequado para receber biofertilizantes e água;
- utilizar um cano ou bambu com a “borda afiada” como furador;
- uniformizar o diâmetro dos furadores;
- treinar os operadores;
- desinfectar o furador constantemente
e) Adubação em cobertura:
Segundo PECHE FILHO & DE LUCCA (1997), o IAC recomenda aplicar 210 kg/ha de
nitrogênio e 90 kg/ha de potássio, parcelando em seis aplicações espaçadas de um mês, a
partir do plantio da muda.
Para atender estas quantidades, se tivermos como fertilizantes a torta de mamona (rica em
N) e cinzas (rica em K), podemos calcular a quantidade de mistura a partir dos fatores de
conversão, como mostrado na seção 4.2.1. de ‘compostagem orgânica’ deste manual.
Para o cálculo da quantidade de torta (5% de N), utilizamos o fator 20 para nitrogênio, e
podemos calcular o total multiplicando este valor pela recomendação que é 210 kg/ha, assim,
20 x 210 teremos 4200 kg de torta para suprir as exigências de N, que também podemos
afirmar que nestes 4200 kg ha uma considerável quantidade de potássio que também
devemos calcular. Pelas tabelas informamos que a torta de mamona tem mais ou menos 11
kg de K por tonelada (1,1% de K) o que daria por volta de 46,2 kg de potássio adicionados
370
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
pela torta de mamona. Subtraindo-se 46,2 do total recomendado, que é de 90 kg de K por
ha, teremos um resíduo de 44 kg que pode ser suprido pela adição de cinzas (10% de K), ou
seja, multiplicando 44 pelo fator 10, teremos 440 kg de cinza para misturar nos 4200 kg de
torta, formando um total de 4640 kg de adubos para cobertura, necessários para adubar 1 ha
de morango. Para cada vez que formos aplicar (6 parcelas), utilizaremos por volta de 775 kg
da mistura por ha ou 77,5 g por metro quadrado do canteiro.
f) Nutrição foliar:
PRAGAS E DOENÇAS:
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
♦ adubação unilateral, excessiva ou insuficiente;
♦ inadequação das condições climáticas locais;
♦ foco de inóculos;
♦ ausência de condições para desenvolvimento de inimigos naturais;
♦ solo degradado.
Doenças:
No cultivo orgânico do morangueiro, as doenças mais comuns têm sido: Manchas foliares
causadas por Mycosphaerella; podridão de frutos ou ‘mofo cinzento’, causada por Botrytis e
flor preta ou Antracnose, causada por Colletotrichum. Os biofertilizantes podem ajudar a
prevení-las.
Obs: A catação de folhas velhas e de frutos doentes ajudam muito na redução de problemas
sanitários.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
secos.
MURCHA DE A doença se caracteriza por -Controle na qualidade
VERTICILLIUM murchamento das folhas da água de irrigação.
Agente causal - Fungo periféricas, evoluindo para um -evitar espécies
(Verticillium albo crestamento e finalmente hospedeiras.
atrum) necrose total. -rotação cultural.
-mudas sadias.
Fonte: PECHE FILHO & DE LUCCA (1997),
Pragas:
Caso o equilíbrio ecológico não esteja perfeito, é possível ocorrer ácaros e pulgões, apesar
de não ser comum. Uma diagnose visual permite identificar esta necessidade, observando se
as plantas estão com sintomas de ‘bronzeamento’ característico do ácaro rajado ou com
acúmulo de terra na base da planta, provocado pelos pulgões associados com formigas.
Observe as possíveis pragas, seus sintomas e medidas de controle na Tabela 90.
373
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
COLHEITA, CLASSIFICAÇÃO E EMBALAGEM
Apesar da aparente fragilidade desta cultura, tem se verificado campos de produção orgânica
de excelente vigor e desenvolvimento de plantas, quando se aplica adequadamente os
princípios agroecológicos e as técnicas de produção. A Figura 63c mostra uma área de
produção de morango em cultivo protegido com túneis baixos (proteção contra frio intenso ou
geada), em propriedade orgânica certificada no Uruguai. Observa-se um bom manejo da
vegetação espontânea, alto vigor da lavoura e excelente formação de frutos.
Figura 63c: Sistema orgânico de produção de morangos em túneis baixos (Canellones – Uruguai). À
esqueda: vista geral da área e dos túneis (proteção contra geada). À direita: detalhes da
frutificação e da vegetação entre os canteiros, observando-se também o detalhe da
‘cavidade’ no arco de sustentação do plástico, que permite levantar a borda do túnel em
dias e horários mais quentes.
Existem embalagens padrões para morango e podem ser compradas em lojas de revenda,
de regiões tradicionalmente produtoras, sem dificuldade.
A classificação para o mercado de frutos ‘in natura’ é feita por tamanho, da seguinte forma:
“extra” (acima de 14 g) e “primeira” (de 6 a 14 g). Para uso industrial, a fruta é embalada
solta em caixas de madeira com 5 kg.
A melhor conservação do fruto se dá em atmosfera com 20% de gás carbônico (CO2). A vida
pós-colheita aproximada do fruto é de sete dias, em câmara fria, com temperatura entre -0,5
e 0,0 graus centígrados, em ambiente com umidade relativa do ar entre 90 a 95%.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
CUSTO DE PRODUÇÃO
Ademais, pelas características do fruto do morangueiro ( por ser consumido ‘in natura’,
imediatamente após o ponto de colheita e pela atratividade que o mesmo exerce sobre os
consumidores infantis), esta pode ser uma boa opção econômica, enriquecida com uma boa
dose de compromisso com a saúde humana e responsabilidade ambiental.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Tabela 92: Coeficientes técnicos para produção de 1 ha de Morango em sistema
orgânico de produção1.
Especificação ud Valor Unit Qde Valor
(R$) Total
1. INSUMOS.
Plástico de polietileno (bobinas/500m) bobinas 90,00 14 1.260,00
Composto Orgânico T 23,00 30 690,00
Calcário t 44,00 - -
Esterco de Galinha t - - -
Mudas ud 0,03 93.000 2.790,00
Óleo de Nim (2 aplicações) l 50,00 10 500,00
Biofertilizante líquido enriquecido (2 vezes) l 0,006 5.600 33,60
Calda Bordalesa (04pulverizações) l 0,027 2000 54,00
2. SERVIÇOS:
Aração e Gradagem H/T 30,00 6 180,00
Aplicação de Calcário D/H 10,00 - -
Preparo de Solo (canteiro) D/H 10,00 50 500,00
Distribuição de Composto D/H 10,00 6 60,00
Distribuição de Esterco D/H 10,00 - -
Plantio D/H 10,00 80 800,00
Capinas D/H 10,00 20 200,00
Aplicação de biofertilizante D/H 10,00 10 100,00
Aplicação de Calda Bordalesa D/H 10,00 8 80,00
Pulverizações D/H 10,00 4 40,00
Irrigações D/H 10,00 20 200,00
Colheita e Embalagem D/H 10,00 350 3.500,00
Transporte Interno D/H 10,00 20 200,00
3. OUTROS:
Caixa de 1,6 kg - - - -
Caixeta 0,4 kg (cumbuca) ud 0,09 52.500 4.725,00
Frete - - - -
TOTAL DE CUSTOS - - - 15.912,60
PRODUÇÃO/RECEITA ESPERADA Kg 3.60 21.000 75.600,00
1 Fonte: SOUZA (2002).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Tal como na abóbora, a polinização das flores depende das abelhas. A fecundação das
flores feimininas é imprescindível para a fixação e o desenvolvimento normal dos frutos, nas
cultivares tradicionais.
Nas regiões Sudeste e Sul, as cultivares mais plantadas para consumo 'in natura' podem ser
reunidas em três grupos: Aodai, Caipira e Japonês. As do Grupo Aodai, produzem frutos
alongados, cilíndricos, bem retos, com 20 a 25 centímetros de comprimento, 4 a 5
centímetros de diâmetro e peso unitário de 320 a 400 gramas. Neste grupo, destacam-se as
cultivares Monark, Vitória, Nazaré, Ginga, Midori, Sprint 440 S, dentre outras.
Os pepinos do grupo japonês, são híbridos mais adaptados ao plantio em estufas, como
'Seiriki nº 5, Nikkey, Ancor 8, Flecha, dentre outros.
O pepino prefere clima quente. Não suporta temperaturas muito baixas e nem geadas. Por
isso, é mais fácil de cultivar no período chuvoso. Mas, na época da seca em regiões de baixa
altitude, os dias mais curtos, as temperaturas mais baixas e a menor luminosidade levam a
uma maior formação de flores femininas, o que resulta em maior número de frutos e
produtividade mais elevada.
Em regiões com altitude superior a 800 metros, a semeadura pode ser feita de agosto a
fevereiro. Em locais baixos, normalmente a época de plantio vai de março a agosto, porém
pode-se plantar o ano todo, com vantagem para o produtor, por produzir na entressafra.
FORMAÇÃO DE MUDAS:
Grande parte dos produtores faz a semeadura direta na cova, semeando 4 a 6 sementes
juntas, a uma profundidade de 2 centímetros. Mas, quando se usa sementes híbridas, de
custo elevado, o melhor é semear em recipientes, como os copos de jornal ou de plástico.
Assim, há um melhor aproveitamento das sementes.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Como substrato pode ser usado o composto puro peneirado ou outro substrato comercial
apropriado.
O preparo mecânico do solo pode ser dispensado, caso o local não tenha excesso de ervas
espontâneas ou se tiver recebido adubação verde, procedendo-se a abertura e adubação
das covas diretamente.
Assim como foi feito para o plantio de abóbora, o composto deve ser misturado à terra, na
cova e, em seguida deve ser feita uma rega para auxiliar no ‘pegamento’ das mudas.
PLANTIO E ESPAÇAMENTO:
As covas indicadas para o pepino tutorado devem ser preparadas no espaçamento de 1,00 a
1,20 metro entre linhas por 40 centímetros entre plantas.
Deve ser deixada uma planta por cova. No caso do plantio direto, é preciso fazer o desbaste,
deixando-se a muda mais forte. O plantio também pode ser realizado em covas abertas
sobre leiras levantadas manualmente, para posterior aplicação do 'mulching', isto é,
cobertura plástica que deve ser aplicada sobre as leiras para evitar evaporação excessiva da
água, quando o sistema for por gotejamento.
MANEJO DA CULTURA:
a) Irrigação:
383
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Em plantios a ‘céu aberto’ pode se empregar também a irrigação por infiltração. Neste caso,
em períodos chuvosos, as irrigações serão apenas complementares às chuvas.
b) Capinas:
A capina do pepino deve ser feita em faixas, limpando-se em torno das plantas e deixando
uma faixa de ervas espontâneas nas entre-linhas. Em plantios com camalhões cobertos com
plástico, esta operação é limitada a apenas limpeza manual junto ao colo da planta, na
abertura das covas, reduzindo significativamente os gastos com mão-de-obra.
c) Tutoramento e amarrio:
O sistema indicado para o cultivo orgânico é o tutoramento vertical, feito com varas
individuais de bambu ou em fetilhos, presos a fios de arame (Figura 64), uma vez que deve-
se evitar a cerca cruzada, para obter um melhor arejamento dentro do plantio. Será
necessário fazer, também, o amarrio dos ramos no tutor, periodicamente.
No caso do pepino japonês, o manejo das plantas de pepino deve ser cuidadoso, de forma a
obter um maior número de frutos comerciais por planta (20 a 30), com comprimento e
diâmetro dentro do padrão exigido pelo mercado desse produto. Para tanto, recomenda-se
eliminar os primeiros frutos, quando ainda estiverem bem pequenos (máximo de 1 a 2 cm),
dos 3 primeiros nós da haste principal.
A partir deste momento, à medida que a planta se desenvolve, haverá emissão de frutos na
haste principal e emissão de hastes laterais, em cada nó da planta – hastes que também
produzirão seus próprios frutos. Então, procede-se da seguinte maneira:
- Eliminação de todos os frutos da haste principal ( apenas se observar bom vigor das
plantas e emissões abundantes de hastes laterais).
- Manter, no máximo, dois frutos por cada haste lateral, podando a mesma antes de emitir
o 3º fruto.
Dessa forma, se produz mais frutos dentro do padrão exigido pelo mercado, ou seja, 20 cm
de comprimento e 3 cm de diâmetro, aproximadamente, o que permite um bom arranjo dos
mesmos na embalagem.
e) Adubação em cobertura
384
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
A adubação de cobertura deve ser feita 30 dias após o plantio no local definitivo. Pode-se
usar o composto orgânico ou outro resíduo curtido, que possuam bom teor de nitrogênio e
potássio, na dosagem de 150 gramas por planta. Este adubo pode ser incorporado
superficialmente, tomando-se cuidado para não ferir as raízes. Isso pode ser feito durante a
capina, ‘chegando-se’ terra ao redor da planta.
Também pode-se optar pela pulverização de biofertilizante líquido a 20% nas folhas, que
proporciona efeito nutricional, fitohormonal e proteção contra patógenos. Nesse caso, por se
tratar de pulverização de alto volume, gasta-se em média 1000 litros de biofertilizante por
hectare, por aplicação.
PRAGAS E DOENÇAS
Oídio: Mofo branco na parte superior das folhas, que ocorre normalmente em condições de
desnutrição ou no final do ciclo da cultura. Havendo ocorrência precoce (meio do
ciclo), aplicar soro ou leite de vaca, sem ser pasteurizado, diluído a 20% em água,
semanalmente.
Mancha zonada: Como o nome sugere, são pequenas lesões (3mm), disformes, que podem
destruir toda a folha. O controle deve ser feito no início do aparecimento
dos sintomas, com calda bordalesa a 1%, semanalmente. Obs: verificar a
acidez da calda para evitar queimaduras nas plantas e aplicar apenas em
dias frescos ou no final da tarde.
385
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Outras recomendações para o controle de pragas e doenças podem ser vistas na seção
correspondente, já descrita neste manual.
COLHEITA
O mercado exige frutos tenros, alongados, retos, sem curvaturas. Os frutos amarelados não
têm boa aceitação, pois passaram do ponto ideal de maturação.
Rendimento esperado: 3,0 a 5,0 Kg por planta ou 62.400 a 104.166 Kg por hectare.
386
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
387
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
389
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
O pimentão é uma planta da mesma família do tomate, as Solanáceas. Por isso, seu cultivo
tem algumas similaridades com o tomateiro. Isso significa, também, que o pimentão nunca
deve suceder o tomate na rotação de culturas.
Os materiais genéticos que tem apresentado melhor padrão de frutos em sistema orgânico,
apesar de sua elevada exigência em nutrientes, tem sido os híbridos, especialmente o
‘Magali’ e ‘Magali R’.
O pimentão é uma hortaliça típica de clima tropical, exigindo temperaturas noturnas e diurnas
mais elevadas que o tomate. As temperaturas mais favoráveis para o desenvolvimento da
cultura variam com a fase da planta.
A época de plantio depende do clima da região. Em regiões baixas, com altitude menor que
400 metros, e de inverno ameno, pode ser semeado o ano todo. Mas, nessas regiões, a
semeadura de março a maio propicia melhores condições para a cultura e a colheita se dá
na época de melhores preços.
FORMAÇÃO DE MUDAS
O semeio deve ser realizado em copos plásticos de 200 cc, com duas sementes/copo,
desbastando-se após a germinação, mantendo-se apenas 1 muda. Empregando-se
substratos orgânicos mais ricos ou substratos comerciais, estas mudas podem também ser
formadas em bandejas.
Também, é recomendável que as mudas sejam feitas dentro de uma estrutura fechada. Elas
estão prontas para serem transplantadas quando estiverem com 10 a 15 centímetros de
altura e 6 a 8 folhas definitivas. Por apresentar desenvolvimento mais lento que o tomate, as
mudas são transplantadas entre 30 e 45 dias após a semeadura.
De forma semelhante ao recomendado para pepino, o preparo mecânico do solo pode ser
dispensado, caso o local não tenha excesso de ervas espontâneas ou se tiver recebido
adubação verde, procedendo-se a abertura e adubação das covas diretamente.
390
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
PLANTIO E ESPAÇAMENTO
MANEJO DA CULTURA
a) Irrigação:
Um dia após o transplantio, o pimentão deve ser irrigado. O melhor sistema é o gotejamento.
Também pode ser utilizada a aspersão. No início, durante o aparecimento das primeiras
folhas, não deve haver excesso de umidade no solo, pois provoca a queda das mesmas. O
pimentão mostra o estresse por falta de água, quando as folhas ficam esbranquiçadas e as
folhas das novas brotações ficam menores. Por outro lado, o excesso de umidade deixa as
folhas com coloração verde clara e algumas plantas morrem pela falta de oxigenação nas
raízes.
b) Cobertura morta:
A cultura do pimentão, também, é muito beneficiada pelo uso da cobertura morta do solo,
feita com capim ou com plástico preto (no caso de plantios em leiras).
c) Capinas:
391
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
d) Tutoramento e amarrio:
e) Adubação em cobertura:
Por se tratar de uma planta exigente em nutrientes, a adubação em cobertura é uma prática
fundamental. Deve ser realizada de 30 a 45 dias após o transplantio, aplicando-se 250
gramas de composto ou 150 gramas de esterco de galinha em torno das plantas. Também
pode ser utilizado um biofertilizante líquido preparado especificamente para esta cultura,
utilizando-se materiais orgânicos ricos em Nitrogênio e Potássio, como Farelos de soja e
cacau, torta de mamona ou talos, folhas e bagas de mamona triturados, cinza vegetal, dentre
outros (ver receita na seção sobre ‘biofertilizantes líquidos’ apresentados neste manual.
Fazer aplicações semanais, a partir dos 30 dias, até a fase de frutificação, na base de 200 ml
por planta por vez.
f)Desbrota
A emissão de brotações secundárias, além das hastes principais da planta (que normalmente
são de 2 a 4), devem ser eliminadas periodicamente, para evitar “esgotamento” da planta, ou
seja, destinação de reservas para a parte vegetativa, em detrimento da frutificação.
392
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
PRAGAS E DOENÇAS
Não se deve esquecer que, no cultivo orgânico, o controle de pragas e doenças é feito pelo
correto manejo da cultura, a adequada nutrição das plantas e pelo equilíbrio ecológico entre
os diversos macro e micro organismos do ecossistema.
Doenças
Em sistema orgânico, a incidência da doença mais comum dessa cultura (Antracnose) não
tem sido problema. Entretanto, em caso de necessidade, a calda bordalesa pode oferecer
boa proteção, conforme as recomendações apresentadas na seção correspondente deste
manual.
Além disso, por ser uma planta da família das solanáceas (como o tomate e a batata), deve-
se evitar plantios em áreas que já ocorreu murchadeira (bacteriose), áreas muito úmidas ou
provocar excesso de umidade pela irrigação, pois poderá favorecer a incidência dessa
doença, que não tem controle imediato depois de instalada.
Pragas
Dentre as pragas que podem atacar esta cultura, destacam-se pulgões, ácaros e vaquinha
(brasileirinho). Normalmente não causam danos econômicos em sistemas orgânicos
ecologicamente equilibrados. Porém, havendo necessidade, aplicar preparados à base de
NIM para pulgões ou outros extratos e caldas repelentes para vaquinha ou ainda a calda
sulfocálcica para ácaros.
Outra alternativa é a utilização do extrato de pimenta-do-reino com alho e sabão que serve
para o controle de pragas do pimentão, de maneira genérica. Diversas outras alternativas
podem ser obtidas nas recomendações descritas na seção correspondente a ‘manejo e
controle de pragas e doenças, deste manual.
Em geral, esses produtos devem ser usados somente até os 45 dias após transplante, pois
estes agentes têm provocado problemas apenas no início do ciclo da cultura.
393
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
COLHEITA
O início da colheita se dará em torno de 70 dias após transplante e poderá se estender por
mais 2 a 3 meses, dependendo do estado nutricional das plantas. Os frutos devem ser
colhidos quando apresentam o máximo de desenvolvimento e estão firmes.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Figura 65: Campo de pimentão orgânico, mostrando o sistema de tutoramento (acima). Frutos de
pimentão orgânico embalados para o mercado.
395
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
CUSTO DE PRODUÇÃO
Baseado no preço do produto, pago pelo mercado orgânico (R$ 0,70 por Kg), que neste caso
tem sido, 37% a mais que o convencional, estima-se uma receita bruta de R$ 16.100,00 por
hectare. Assim, a rentabilidade do sistema foi de R$ 3,26 para R$ 1,00 investido,
confirmando-se como excelente alternativa econômica (Tabela 94).
396
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
2. SERVIÇOS:
Sementeira D/H 10,00 2 20,00
Aração e Gradagem H/T 30,00 6 180,00
Aplicação de Calcareo D/H 10,00 - -
Preparo de Solo (covas) D/H 10,00 12 120,00
Distribuição de Composto D/H 10,00 12 120,00
Distribuição de Esterco D/H 10,00 - -
Plantio D/H 10,00 20 200,00
Tutoramento D/H 10,00 45 450,00
Aplicação biofertilizante líquido enriquecido D/H 10,00 16 160,00
Adubação em Cobertura D/H 10,00 8 80,00
Amontoa D/H 10,00 - -
Capinas D/H 10,00 10 100,00
Pulverizações / Calda Bordalesa D/H 10,00 8 80,00
Irrigações D/H 10,00 30 300,00
Colheita (s) D/H 10,00 100 1000,00
Amarrio, Desbrota e capação D/H 10,00 50 500,00
Classificação/Embalagem D/H 10,00 50 500,00
Transporte Interno D/H 10,00 15 150,00
3. OUTROS:
Embalagem - - - -
Frete - - - -
TOTAL DE CUSTOS - - - 4.935,20
PRODUÇÃO/RECEITA ESPERADA Kg 0,70 23.000 16.100,00
1 Fonte: SOUZA (2002).
397
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
399
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
O quiabeiro (Abelmoschus esculentus) é uma planta de clima tropical, devendo ser plantada
de agosto a fevereiro em regiões de clima ameno ou o ano todo em regiões baixas, com
clima mais quente.
As cultivares mais comuns são a Santa Cruz 47 (plantas de porte baixo) e a Campinas 2
(plantas de porte alto), ambas com boa qualidade de frutos para o mercado.
Pode-se realizar o preparo mecânico em caso de necessidade ou optar pelo plantio direto,
procedendo-se a abertura das covas sobre a palhada do adubo verde (se for o caso) ou em
faixas limpas manualmente com enxada, preservando a vegetação nativa nas entrelinhas
desde o início da cultura.
As adubações orgânicas devem ser localizadas nas covas, na base de 800 gramas de
composto ou esterco de curral curtido ou ainda, 300 gramas de esterco de galinha curtido.
Para ampliar o período de colheita, pode-se melhorar a nutrição das plantas com uma
adubação em cobertura aos 45 dias, com composto diluído. Aplicações foliares de
biiofertilizantes, de quinze em quinze dias também podem auxiliar o desenvolvimento da
cultura, melhorando a nutrição e protegendo contra patógenos.
FORMAÇÃO DE MUDAS
Obs.: Antes da semeadura nas bandejas, deixar as sementes imersas em água corrente por
24 horas, para acelerar a germinação.
PLANTIO E ESPAÇAMENTO
O plantio das mudas deve ser realizado nas covas adubadas e irrigadas previamente, sendo
que em cultivo orgânico recomenda-se utilizar apenas uma muda por cova. Sendo assim, o
espaçamento entre plantas deve ser menor que o tradicional para compensar o stand por ha,
ou seja, empregando-se 1,0 m entre as linhas e 0,4 m entre plantas.
400
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
a) Irrigação:
Uma vez que as covas foram irrigadas antes do plantio das mudas, não se deve irrigar por
aspersão no dia do plantio. A primeira irrigação será realizada apenas no dia seguinte, com
um turno de rega diário até o ‘pegamento’ definitivo. Depois desta fase, o turno de rega varia
de 2 a 3 dias, dependendo do regime de chuvas.
b) Capinas:
c) Desbrotas:
Deve ser mantida apenas a haste principal da planta, de forma que toda a emissão de
brotações secundárias deve ser eliminada o mais cedo possível, para evitar o “esgotamento”
da planta, ou seja, destinar a maior quantidade de fotoassimilados para os frutos.
PRAGAS E DOENÇAS
Doenças
Apenas o Oídio (mofo branco na parte superior do limbo foliar) tem provocado danos na fase
final da cultura. Neste caso, identificando a necessidade de controle por diagnose visual, 2 a
3 aplicações de calda bordalesa a 1%, semanalmente, tem se mostrado muito eficiente.
Biofertilizantes foliares também podem ser utilizados para nutrir as plantas e reduzir doenças.
Pragas
A incidência de pragas em sistema orgânico não tem sido problema nesta cultura,
dispensando métodos alternativos de controle.
COLHEITA
A primeira colheita de frutos deverá ocorrer entre 60 e 80 dias, prolongando-se por mais 60
dias. Deve ser realizada de 2 em 2 dias, quando os frutos apresentarem-se tenros e com a
401
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
ponta quebradiça, o que ocorre de 4 a 5 dias após a queda da flor. Recomenda-se a colheita
com luvas, pois pode haver irritação nas mãos, dependendo da sensibilidade do operador.
O comportamento produtivo desta cultura tem se mostrado muito variável em função das
condições do solo, revelando melhores rendimentos em solos de boa fertilidade natural.
Figura 66: Planta de quiabo orgânico de alto vigor vegetativo. INCAPER – ES.
402
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
CUSTO DE PRODUÇÃO
403
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
2. SERVIÇOS:
Sementeira D/H 10,00 2 20,00
Aração e Gradagem H/T 30,00 6 180,00
Aplicação de Calcário D/H 10,00 - -
Preparo de Solo (covas) D/H 10,00 12 120,00
Distribuição de Composto D/H 10,00 12 120,00
Distribuição de Esterco D/H 10,00 - -
Plantio D/H 10,00 20 200,00
Adubação em Cobertura D/H 10,00 8 80,00
Capinas D/H 10,00 10 100,00
Pulverizações/Calda Bordalesa D/H 10,00 8 80,00
Irrigações D/H 10,00 30 300,00
Colheita (s) D/H 10,00 100 1.000,00
Classificação/Embalagem D/H 10,00 50 500,00
Transporte Interno D/H 10,00 15 150,00
3. OUTROS:
Embalagem - - - -
Frete - - - -
TOTAL DE CUSTOS - - - 3.711,20
PRODUÇÃO/RECEITA ESPERADA Kg 0,70 18.000 12.600,00
1 Fonte: SOUZA (2002).
404
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
407
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
CARACTERÍSTICAS
O repolho (Brassica oleracea var. capitata) possui origem Européia e Americana, e como as
outras espécies desta família, origina-se da couve selvagem Brassica oleracea L. O
melhoramento genético realizado ao longo dos anos permitiu a obtenção de híbridos muito
uniformes e vigorosos, com elevado grau de adaptabilidade às várias condições ambientais
existentes em nosso país.
Matsukase Agroceres
VERDE
Chato de Quintal, Louco de verão, Agroceres, Isla
Coração-de-Boi, Fuyutoyo
XPH-15511 Asgrow
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Para obtenção das mudas, o semeio pode ser realizado em canteiros de 1,0 m de largura,
em campo próximo à área de plantio definitivo, adubados na base de 5 Kg de composto, 5
Kg de esterco bovino ou 2 Kg de esterco de galinha, incorporados em cada m2. Deve-se
preferencialmente utilizar adubos orgânicos bem curtidos para evitar fermentação no solo, o
que compromete a germinação e o desenvolvimento das mudas.
São necessários de 150 a 250 gramas de sementes para produzir mudas para o plantio de
um hectare. Após o semeio, as sementes são cobertas com terra. Também é recomendável
usar cobertura morta na sementeira, que deve ser retirada tão logo as sementes germinem.
Os tratos da sementeira de repolho são os mesmos indicados para as outras duas espécies,
ou seja, é preciso manter o solo úmido através da irrigação e fazer a capina, sempre que
necessário. Também não se realiza desbaste de mudas na sementeira. A seleção é
realizada por ocasião do plantio.
As mudas de repolho atingem o ponto de transplante cerca de trinta a quarenta dias após a
semeadura. Elas devem ter de quatro a seis folhas definitivas e altura de dez a quinze
centímetros.
Existe também a opção de se produzir as mudas em bandejas de isopor, com 128 células,
devendo-se para tanto ter o cuidado de se empregar substratos orgânicos de alta qualidade,
ricos em nutrientes. Caso contrário, a qualidade das mudas será prejudicada. Neste caso,
recomenda-se a formação de mudas em ambiente protegido (telado) para evitar pragas de
sementeira e obter um melhor desenvolvimento das plantas. A irrigação em telado deve ser
muito criteriosa, pois a evaporação é intensa. Portanto, recomenda-se irrigar mais vezes
(mínimo 3 vezes/dia) com menor quantidade de água por vez.
409
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
antecedência ao plantio e por ocasião do plantio realiza-se uma gradagem para uniformizar o
solo.
Para adubação orgânica das covas, utiliza-se composto orgânico (30 t/ha), esterco de curral
(20 a 40t/ha) ou esterco de galinha (15 t/ha). Atualmente existem outras opções de adubos
orgânicos disponíveis no mercado ou de preparação a nível de propriedade, a exemplo do
composto orgânico ‘Bokashi’.
PLANTIO
O transplantio das mudas deve ser realizado imediatamente após o preparo e adubação das
covas, quando se emprega adubos orgânicos bem curtidos. Utilizando-se adubos orgânicos
ou estercos que aínda não estão totalmente curtidos, as covas deverão ser adubadas e
irrigadas com, no mínimo, uma semana de antecedência.
a) Irrigação:
A partir do 2º dia do plantio, as irrigações serão realizadas por aspersão, uma vez que a
cultura não apresenta problemas fitossanitários significativos. A periodicidade da irrigação vai
depender do regime de chuvas. Entretanto, em períodos secos, irrigar 2 a 3 vezes por
semana até os 30 dias e de 1 a 2 vezes por semana, a partir deste período.
b) Manejo de ervas:
Em sistemas orgânicos, a concorrência das ervas nativas com a cultura do repolho é muito
grande. Em trabalhos realizados pela EMCAPER, observou-se uma perda significativa de
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
c) Adubação em cobertura:
PRAGAS E DOENÇAS
411
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
No ponto de colheita, a cabeça deve estar bem compacta, fechada, com as folhas internas
bem coladas umas às outras. O ponto pode ser verificado apertando-se o repolho no centro e
verificando sua solidez. Se o repolho for colhido antes do ponto, ele murcha rapidamente,
perdendo seu valor comercial (Figura 67).
O caule é cortado, de forma que as folhas externas à cabeça permanecem até o momento da
embalagem ou da venda no varejo. Elas protegem as cabeças de repolho contra danos
mecânicos depois da colheita.
Os índices alcançados nos fatores ligados aos padrões de mercado, onde verifica-se peso
médio de 1,7 Kg e diâmetro médio de 18,2 cm, estão acima das expectativas do mercado do
produto. Uma vez que o consumidor prefere repolhos com peso médio de 1,0 a 1,5 Kg, é
importante que o produtor orgânico ajuste o espaçamento da sua cultura de forma a atender
a esse padrão, mantendo a distância entre as linhas e reduzindo para 30 cm, o espaçamento
entre plantas dentro da linha, conforme citado anteriormente.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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CUSTO DE PRODUÇÃO
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
2. SERVIÇOS:
Sementeira D/H 10,00 2 20,00
Aração e Gradagem H/T 30,00 6 180,00
Aplicação de Calcário D/H 10,00 - -
Preparação de Solo (sucos ou covas) D/H 10,00 12 120,00
Distribuição de Composto D/H 10,00 22 220,00
Distribuição de Esterco D/H 10,00 - -
Plantio D/H 10,00 34 340,00
Adubação em Cobertura D/H 10,00 8 80,00
Capinas D/H 10,00 15 150,00
Pulverizações D/H 10,00 - -
Irrigações (5 vezes) D/H 10,00 30 300,00
Colheita (s) D/H 10,00 8 80,00
Classificação/Embalagem D/H 10,00 22,5 225,00
Transporte Interno D/H 10,00 7,5 75,00
3. OUTROS:
Embalagem - - - -
Frete - - - -
TOTAL DE CUSTOS - - - 2.726,00
PRODUÇÃO/RECEITA ESPERADA Kg 0,18 55.325 9.958,00
1 Fonte: SOUZA (2002).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
O taro, cujo nome científico é Colocasia esculenta, é conhecido, também, como inhame, nas
regiões sul e sudeste do Brasil. Pertence à família das Aráceas, juntamente com a taioba.
Taro é o nome usado internacionalmente, para essa planta, por isso, está sendo adotado
entre os pesquisadores e os produtores.
É uma planta herbácea, que pode atingir até dois metros de altura. As folhas são verde-
escuro e têm limbo com formato de coração. Os pecíolos, que são as hastes das folhas,
podem ser arroxeados ou verdes.
A parte utilizada compõe-se de um rizoma central esférico, rodeado por vários rebentos
laterais, menores, revestidos por uma pele fibrosa, coberta de pequenas raízes. Geralmente,
a cor da polpa é branca, mas existem variedades com a polpa mais corada, chegando até a
cor vinho. A planta não produz sementes, talvez por causa da utilização contínua da
propagação vegetativa, através dos rizomas.
O ciclo de cultivo é muito variável, indo de 5 até 12 meses, de acordo com as variedades e
as condições de cultivo.
Existem numerosas variedades de taro, no mundo, mas as que têm valor comercial no Brasil
são poucas. Elas são divididas em dois grupos, conforme a coloração da túnica seja roxa ou
branca.
No Brasil, os cultivares importantes são o Chinês e o japonês, que têm túnicas roxas e
polpas brancas. Outra variedade que está sendo muito promissora na região sudeste é a
macaquinho, que tem rizomas menores, mais arredondados e de bom padrão comercial.
CLIMA E SOLO
O taro é uma planta tipicamente tropical, exigindo clima quente e úmido. Necessita de pelo
menos 1.800 mm de chuvas por ano, distribuídas regularmente, boa luminosidade e
temperatura na faixa de 25 a 30° C.
PRODUÇÃO DE MUDAS
420
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Os ‘dedos’ menores (exceto aqueles classificados como refugo) podem ter a mesma
capacidade de produção que os maiores e têm menor valor no mercado, para
comercialização. Por isso, sua utilização no plantio é mais favorável economicamente, que a
utilização de ‘dedos’ maiores.
O material para plantio deve ser selecionado e separado logo após a colheita. De quinze a
30 dias antes do plantio, os rizomas devem ser amontoados e cobertos com palha seca, para
indução da emissão de raízes e brotações. Se necessário, devem ser irrigados diariamente,
para mantê-los constantemente úmidos. Estas mudas “pré-germinadas” permitem a redução
das falhas e a melhoria da uniformidade da lavoura, em comparação com mudas não
germinadas.
O taro pode ser plantado em camalhões com cerca de 30 centímetros de altura, em covas
individuais ou, preferencialmente em sulcos. Em qualquer caso, as mudas devem ser
colocadas a 10 a 15 centímetros de profundidade, para evitar exposição ao sol após o
‘assentamento’ do solo pelas irrigações.
A adubação orgânica em sulcos, é feita na base de 1 quilo de composto orgânico ou esterco
de gado, por metro linear. O adubo orgânico deve ser distribuído no fundo do sulco de
plantio.
PLANTIO E ESPAÇAMENTO
TRATOS CULTURAIS
a) Irrigação:
É necessário irrigar a lavoura de taro quando se faz o plantio em locais de clima seco ou na
época seca do ano. O plantio na época das chuvas e, especialmente em locais úmidos,
dispensa a irrigação.
b) Capina:
Deve-se adotar a técnica de capina em faixas, cortando todo o mato que cresce até a 40
centímetros da linha de plantio. Preserva-se uma faixa de cerca de 20 centímetros da
421
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
c) Adubação em cobertura:
Aplicam-se 200 gramas de composto orgânico ou esterco de gado por planta, ou cerca de
100 gramas de esterco de aves, imediatamente antes da amontoa.
Em regiões de altitude, o ciclo do taro é maior e a adubação de cobertura deve ser feita de
90 a 120 dias após o plantio.
d) Amontoa
O ‘chegamento’ de terra nos pés das plantas deve ser feito logo após a adubação de
cobertura, permitindo preservar as qualidades do adubo orgânico, concentrar nutrientes
próximo às raízes e reduzir a brotação dos ‘dedos’ (Figura 68).
PRAGAS E DOENÇAS
Devido à sua rusticidade, o taro não tem apresentado problemas fitossanitários no sistema
orgânico de produção. As práticas utilizadas no cultivo orgânico, como o manejo da
vegetação espontânea, a adubação orgânica equilibrada e a rotação de culturas, podem
manter a sanidade, o vigor e a produtividade da lavoura perenemente.
COLHEITA
Os rizomas destinados à comercialização devem ser lavados e secados. O taro deve ser
colhido na época certa, pois, se ficar no campo após o ponto de colheita, a planta inicia a
brotação, utilizando as reservas armazenadas, prejudicando as qualidades do produto.
422
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
São comercializados os “dedos” e as “cabeças”, sendo que os primeiros têm maior valor
comercial. O padrão comercial do taro é o rizoma que pesa de 100 a 200 gramas, com
diâmetro médio de 6 centímetros e comprimento médio de 10 a 12 centímetros (Figura 68).
Depois de colhido, o taro pode ser armazenado em galpão fresco e bem ventilado, espalhado
em camada fina, de modo que o ar possa circular entre os rizomas. O período de
armazenamento pode ser de até 60 dias.
Inhame 1 1992/93 42.923 18.548 111 8,1 5,2 24.375 9,3 224
Inhame 3 1994/95 57.687 34.330 181 9,4 5,8 21.169 9,6 286
Inhame 5 1996/97 26.548 25.167 120 8,2 5,8 37.132 11,6 294
Inhame 6 1998/99 25.420 24.338 102 10,1 4,8 21.693 10,0 299
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Figura 68: Área de cultivo orgânico (acima). Detalhe de uma planta (abaixo à esquerda).
Cabeça e dedos colhidos (abaixo à direita). Área Experimental do INCAPER –
ES.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
CUSTO DE PRODUÇÃO
Com produtividade de 23.535 kg/ha e custo unitário de R$ 0,15 por Kg, o sistema orgânico
obteve receita bruta de R$ 11.902,50, mostrando ser uma cultura de alto potencial de
rentabilidade.
425
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
2. SERVIÇOS:
Aplicação de Calcário D/H 10,00 - -
Aração e Gradagem H/T 30,00 6 180,00
Preparo de Solo (sucos ou covas ) D/H 10,00 10 100,00
Distribuição de Composto D/H 10,00 12 120,00
Distribuição de Esterco D/H 10,00 - -
Plantio D/H 10,00 10 100,00
Adubação em Cobertura D/H 10,00 8 80,00
Amontoa D/H 10,00 15 150,00
Capinas D/H 10,00 10 100,00
Irrigações D/H 10,00 10 100,00
Colheita (s) D/H 10,00 30 300,00
Classificação/Embalagem D/H 10,00 15 150,00
Transporte Interno D/H 10,00 10 100,00
3. OUTROS:
Embalagem - - - -
Frete - - - -
TOTAL DE CUSTOS - - - 3.440,00
PRODUÇÃO/RECEITA ESPERADA Kg 0,50 23.805 11.902,50
1 Fonte: SOUZA (2002).
426
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
427
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Por ser uma espécie susceptível a um grande número de pragas e doenças, o cultivo
orgânico do tomate pode exigir cuidados extras, em comparação com outras culturas mais
resistentes. O primeiro cuidado refere-se à escolha de variedades e cultivares adaptadas às
condições locais e ao sistema de plantio que será adotado – a ‘céu aberto’ ou em ‘estufa’.
A escolha da cultivar a ser plantada é um dos pontos básicos no sistema de cultivo orgânico.
Devem ser escolhidas as cultivares mais rústicas e com maior resistência a pragas e
doenças. Além disso, é muito importante que se observe a preferência dos consumidores.
Atualmente pode se utilizar tomates do tipo Santa Cruz , tipo saladinha e tipo cereja, que são
os mais fáceis de comercializar. Atualmente, o mercado tem apresentado boa aceitação de
tomates tipo ‘italiano’, que caracterizam-se pelos frutos alongados, de superfície irregular.
No grupo Santa cruz, podem ser empregadas cultivares comerciais ou optar por materiais
regionais, como as cultivares ‘Roquesso’, ‘Bocaina’ e ‘Coração de Boi’, de maior
adaptabilidade ao sistema e maior resistência a doenças.
No grupo saladinha, existem diversos materiais comerciais, do tipo longa vida, que podem
ser uma boa alternativa pela elevada conservação na pós-colheita. Por serem híbridos, a
desvantagem desses materiais é a impossibilidade de multiplicação de sementes, tornando
obrigatória a compra e encarecendo o custo de produção.
O excesso de chuva é outro fator do clima que tem efeito negativo na cultura, pois favorece a
proliferação de fungos e bactérias, que reduzem a parte aérea e, por consequência,
diminuem a produção.
428
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
De modo geral, em regiões altas, com altitudes superiores a 800 metros, o plantio deve ser
realizado de agosto a fevereiro. Já, em localidades baixas e quentes, sob altitudes inferiores
a 400 metros, a época favorável ao cultivo do tomate é de fevereiro a julho.
O uso de estufas possibilita o cultivo do tomate fora de época, viabilizando o plantio durante
todo o ano em regiões altas. O plástico usado na cobertura permite modificar o ambiente, de
forma a torná-lo mais favorável para as plantas, protege contra as chuvas excessivas e de
grande número de organismos que causam problemas fitossanitários. Por causa dessas
vantagens, as estufas têm sido cada vez mais usadas. Mas, o manejo orgânico da cultura
dentro da estufa requer experiência do produtor no cultivo fora da estufa.
429
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
O recipiente mais indicado para mudas de tomate é o copinho de jornal, com 10 centímetros
de comprimento por 6 centímetros de diâmetro. Esse copinho pode ser substituído pelo copo
plástico descartável de 200 cc.
Outra opção é a utilização de substratos prontos, próprios para cultivo orgânico. Utilizando
substratos prontos, é possível a formação das mudas em bandejas de isopor, devendo neste
caso serem transplantadas mais cedo que pelo sistema de copos.
Para usar o composto orgânico, primeiro é preciso peneirá-lo, para separar as partículas
maiores ainda não decompostas, usando-se assim a fração mais mineralizada, de pronto uso
para as plântulas. Depois, misture um pouco de água, para que fique ligeiramente úmido.
Usando-se os copos plásticos, lembre-se de fazer um furo no fundo, usando um ferro quente,
de diâmetro mínimo de 2 cm. Em seguida coloque o composto nos copos, compactando
levemente.
As mudas devem ser produzidas em uma estufa, com cobertura plástica e tela nas laterais,
para evitar a entrada de insetos. A estufa protege contra as chuvas, diminui a ocorrência de
pragas e doenças, forma mudas mais uniformes e em menos tempo.
Os recipientes devem ser colocados sobre bancadas, com cerca de 80 centímetros de altura.
Dessa forma, as mudas não têm contato com o solo, a umidade à sua volta é menor e o
trabalho fica mais confortável, além de permitir a “poda aérea” das raízes.
São semeadas duas sementes de tomate por copo. A sanidade das sementes é muito
importante, por isso, você deve adquiri-las de firmas idôneas ou pode produzir suas próprias
sementes, fazendo seleção das melhores plantas de sua lavoura.
O substrato deve ser mantido úmido, porém, sem encharcar. O sistema de irrigação mais
indicado é a micro-aspersão ou nebulização aérea. Também pode ser usada a irrigação com
mangueira, de forma criteriosa, empregando-se um crivo fino. Recomenda-se irrigar mais
vezes ao dia, com menor quantidade de água de cada vez. Dependendo da temperatura e da
umidade do ar, você pode irrigar de 1 até 3 vezes ao dia.
430
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
PLANTIO E ESPAÇAMENTO
O plantio pode ser feito em sulcos ou covas, com 20 centímetros de profundidade, para
comportar adequadamente a matéria orgânica.
A adubação de plantio pode ser feita com composto orgânico, na base de 10 toneladas por
hectare (peso seco), ou seja, cerca de meio quilo de composto por cova, o que eqüivale a 1,2
quilos por metro linear de sulco.
431
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
No momento do plantio, é preciso fazer uma seleção das mudas, descartando aquelas mais
fracas. As covas devem ser irrigadas com mangueira imediatamente antes de se transplantar
as mudas, de forma que a primeira irrigação do campo será feita apenas no dia seguinte,
quando as mudas estarão eretas, com suas folhas distantes do solo.
MANEJO DA CULTURA
a) Irrigação:
No dia seguinte ao plantio, é preciso iniciar a irrigação. Daí em diante o solo deve ser
mantido com um nível adequado de água, úmido mas sem encharcar.
b) Cobertura morta:
A cobertura com palha retém água no solo, diminui o crescimento de ervas invasoras, diminui
o impacto da chuva e evita que o solo se aqueça excessivamente, além de fornecer
nutrientes, após a decomposição do material. Recomenda-se optar materiais de pequena
granulometria ou triturados, para não elevar a umidade junto às plantas novas, o que
favorece a incidência de doenças precocemente.
c) Capinas:
Com o uso da cobertura morta nas linhas de plantio, o trabalho de capina é facilitado, pois há
redução no crescimento das invasoras. Caso não se utilize cobertura morta, por ocasião da
primeira capina do tomate, é feita a amontoa das plantas, que consiste em chegar terra junto
ao pé. A amontoa estimula o crescimento de raízes, aumentando a absorção de água e
nutrientes. Após esta fase também pode ser empregada a cobertura morta com palhas.
432
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
d) amontoa:
e) Tutoramento e amarrio:
O tutoramento do tomateiro, que produz frutos para consumo in natura, é necessário porque
suas hastes são herbáceas e flexíveis. Ele pode ser feito com taquara ou bambu, com arame
e com fitas (Figura 70b). O objetivo é manter a planta ereta e afastada do solo. O
fundamental é que este tutoramento seja vertical, evitando-se a cerca cruzada, pois assim
temos um melhor arejamento dentro do plantio, diminuindo a umidade relativa e assim,
reduzindo problemas com doenças.
O amarrio acompanha o tutoramento. A planta deve começar a ser amarrada no tutor quando
tiver 30 centímetros de altura. À medida que a planta cresce é preciso fazer novos amarrios.
Para isso, podem ser usadas fibras naturais ou sintéticas existentes no mercado. Com as
fibras, é melhor fazer um amarrio na forma de 8, para evitar atrito das hastes com o tutor.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Figura 70 b: Leiras com adubação orgânica em sulco (acima à esquerda) e Leiras prontas para plantio de
tomate orgânico (aima à direita), mostrando a colocação das linhas de gotejamento em estufa.
Tutoramentos verticais com taquara (abaixo à esquerda) e com fetilhos (abaixo à direita), em
plantio de tomate, INCAPER – ES e Fazenda Luiziânia – Entre Rios de Minas – MG.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
f) Adubação em cobertura:
A adubação de cobertura pode ser feita com composto orgânico, esterco de aves,
biofertilizante líquido, biofertilizante Supermagro ou chorume de composto. As
características, o preparo e as recomendações dos biofertilizantes e do chorume de
composto estão contidos no anexo.
g) Desbrota e capação:
A desbrota ou poda de brotações consiste em eliminar todos os brotos que saem das axilas
das plantas, deixando apenas uma haste em cada planta, para um melhor aproveitamento do
adubo orgânico. Os brotos laterais diminuem o vigor vegetativo da planta e consomem
nutrientes que poderiam ser conduzidos para a formação dos frutos.
Os brotos devem ser cortados quando ainda estão bem pequenos, para que não haja muita
perda de nutrientes pela planta.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Lembre-se: É necessário deixar, no mínimo, um par de folha acima do último cacho mantido
na planta. Em outras palavras, em plantas manejadas com 4 cachos, a poda deve ser
realizada imediatamente abaixo do 5º cacho.
PRAGAS E DOENÇAS
Muitas vezes, os insetos, ácaros, vírus e bactérias estão presentes na lavoura, mas não
chegam a comprometer a produção, por isso, não há necessidade de usar técnicas de
controle. Mas alguns são persistentes e podem causar danos econômicos se não forem
controlados, em especial a traça ou broca do ponteiro (Tuta absoluta) e a requeima ou mela
(Phytophthora infestans), especialmente em regiões de altitude.
Outra alternativa interessante para o controle do tripes, que transmite viroses para o tomate,
especialmente o virus do vira-cabeça, é a utilização de extrato de primavera (Bouganville), 2
vezes por semana a partir de 30 dias até o início da frutificação. O preparo do extrato é feito
triturando em liquidificador, 1 litro de folhas maduras em 1 litro de água. Este extrato é diluído
em 20 litros ( a 5% ) e deve ser aplicado logo após o preparo.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
pirolenhoso tem sido um auxiliar importante na redução de ataque de pragas nesta cultura
(ver detalhes na seção ‘manejo e controle de pragas e doenças’ deste manual).
O emprego de armadilha de cor pode ser utilizada para redução da população de insetos. A
cor amarela atrai insetos como Diabrotica (‘brasileirinho”), mosca branca, dentre outros. As
de cor azul são adequadas para a atração de Tripes. Existem firmas que já comercializam
fitas adesivas, apropriadas para esta finalidade. Uma forma artesanal de promover a atração
e captura, consiste em uma chapa de 20x30 cm, pintada da cor desejada e disposta a 45%.
Coberta com goma colante ou com graxa bem grossa, retém os insetos que pousarem nela.
COLHEITA
Os frutos são colhidos assim que iniciam o processo de amadurecimento, quando estão
amarelados ou rosados. Para mercados mais próximos, os frutos podem ser colhidos num
estágio de maturação mais adiantado, mas quando ainda estiverem bem firmes. O tempo
gasto do transplantio ao início da colheita varia de 60 a 70 dias, dependendo da variedade.
Para a limpeza dos frutos de tomate, que apresentem resíduos externos de calda bordalesa,
proceder a imersão dos frutos, por 5 minutos, em solução de ácido acético (vinagre), na
concentração de 2%. Deixar secar e proceder a embalagem.
Tomate 1 1992/3 48.672 48.072 120 6,5 4 3,6 2,7 1,7 127
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Tomate 5 1995/6 45.120 43.153 121 6,1 5 2,0 2,3 5,5 127
Tomate 7 1997/8 43.254 26.694 ---- 5,9 3,5 7,3 3,5 1,9 130
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
CUSTO DE PRODUÇÃO
Vale lembrar que a venda direta pelo agricultor, que arca com custos de embalagem e frete
até o mercado, é sem dúvida a melhor opção, elevando a lucratividade, uma vez que o
produto pode atingir uma média de R$ 3,00 por Kg – faça as contas!
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Tabela 105: Coeficientes técnicos para produção de 1 ha de Tomate em sistema orgânico de produção.1
Especificação ud Valor Qde Valor
Unitário Total (R$)
(R$)
1. INSUMOS.
Composto Orgânico t 23,00 30 690,00
Calcário t 44,00 - -
Esterco de Galinha t 80,00 - -
Sementes g 0,20 250 50,00
Biofertilizante enriquecido (8 vezes) l 0,006 32.000 192,00
Dipel (8 vezes) kg 40,00 2,6 104,00
Calda Bordaleza (08 pulverizações) l 0,027 8.000 216,00
2. SERVIÇOS:
Sementeira D/H 10,00 2 20,00
Aração e Gradagem H/T 30,00 6 180,00
Aplicação de Calcário D/H 10,00 - -
Preparo de Solo (covas) D/H 10,00 12 120,00
Distribuição de Composto D/H 10,00 12 120,00
Distribuição de Esterco D/H 10,00 - -
Plantio D/H 10,00 20 200,00
Estaqueamento D/H 10,00 45 450,00
Aplicação de biofertilizante líquido D/H 10,00 16 160,00
Adubação em Cobertura D/H 10,00 8 80,00
Amontoa D/H 10,00 12 120,00
Capinas D/H 10,00 10 100,00
Aplicação de Calda Bordaleza D/H 10,00 32 320,00
Pulverizações D/H 10,00 24 240,00
Irrigações D/H 10,00 30 300,00
Colheita (s) D/H 10,00 100 1000,00
Amarrio, Desbrota e capação D/H 10,00 105 1050,00
Classificação/Embalagem D/H 10,00 50 500,00
Transporte Interno D/H 10,00 15 150,00
3. OUTROS:
Embalagem - - - -
Frete - - - -
TOTAL DE CUSTOS - - - 6.362,00
PRODUÇÃO ORGÂNICA ESPERADA Kg 1,00 34.545 34.545,00
1 Fonte: SOUZA (2002).
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Capítulo 5
LIMPEZA, CLASSIFICAÇÃO, EMBALAGEM E
COMERCIALIZAÇÃO DE HORTALIÇAS ORGÂNICAS
455
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Para a comercialização de hortaliças orgânicas, deve-se ter o entendimento de todo
processo, desde a colheita, armazenamento, transporte e distribuição, uma vez que qualquer
tratamento ou prática na pós-colheita, deve assegurar o máximo da qualidade biológica e
nutritiva dos produtos orgânicos.
Assim, as Normas Técnicas orientam para algumas questões importantes neste processo,
destacando-se abaixo as que se aplicam diretamente às hortaliças:
Os produtos orgânicos devem ser identificados e mantidos em local separado dos demais
de origem desconhecida, de modo a evitar possíveis contaminações, exceto quando
claramente identificados, embalados e fisicamente separados.
⇒ Redução de organismos que causam podridões, por tratamentos térmicos, com imersão
em água quente ou com vapor d’água.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
⇒ Uso de substâncias não tóxicas, como pó de rochas, terra diatomácia, extratos de
plantas, plantas aromáticas, etc., para evitar pragas de produtos armazenados.
⇒ Limpeza e higiene absolutas nos depósitos e arrmazéns, nos veículos de transporte e nos
locais de comercialização.
Para manter o mercado, o produtor necessita ofertar produtos de forma constante durante
todo o ano, com uma variedade de espécies diversificadas para atender à demanda dos
consumidores. Portanto, torna-se imperativo que os agricultores trabalhem em grupos ou
associações para ampliar o leque de atuação, programando a produção, de forma a ofertar o
maior número de produtos durante todo o ano. Outra característica do mercado de alimentos
orgânicos, que o diferencia do sistema convencional, é que em muitos casos, há o
estabelecimento de um preço fixo para o produto durante todo o ano, além de muitas vezes
produzir por contrato, ou seja, programa uma determinada produção na certeza de venda
após a colheita. Isso é extremamente vantajoso, especialmente no mercado de hortaliças,
que normalmente apresenta uma oscilação muito alta de oferta e preço nas diversas épocas
do ano.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Capítulo 6
NORMAS TÉCNICAS DE PRODUÇÃO
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Para viabilizar este processo, existem Normas Técnicas de produção que orientam os
agricultores orgânicos quanto aos produtos e métodos recomendados, tolerados e proibidos,
tanto para a produção vegetal, como para a produção animal, além de normas para
processamento e comercialização.
As regras bem como os parâmetros para a produção de orgânicos no Brasil fica a cargo do
CNPOrg: Colegiado Nacional para a Produção Orgânica, órgão criado pela Instrução
Normativa nº 07, de 17 de maio de 1999, vinculado à Secretaria de Defesa Agropecuária do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que é assessorado nos estados pelo
CEPOrg: Colegiado Estadual para a Produção Orgânica, que tem por objetivo primário o
assessoramento e acompanhamento da implementação das normas para produção de
produtos orgânicos vegetais e animais, avaliando e emitindo parecer conclusivo sobre os
processos de credenciamento de entidades certificadoras, e fornecendo subsídios a
atividades e projetos necessários ao desenvolvimento do setor.
As entidades certificadoras atribuem aos produtos, processos e serviços suas marcas que
atestam a garantia desses alimentos como exemplo pode-se citar as marcas AAO, ABIO,
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
ANC, APAN, BCS, CHÃO, VIVO, CMO, COOLMÉIA, ECOCERT, FVO, IBD, IMO, OIA, SKAL,
entre outras (Figura 72).
Uma boa estrutura de certificação, seja ela privada (sem fins lucrativos) ou estatal,
certamente irá despertar estímulos a um maior apoio à atividade e proporcionará um
crescimento ainda mais significativo do setor, tanto em nível de produção, como em nível de
comercialização nos diversos estados do país.
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Capítulo 7
EVOLUÇÃO DA AGRICULTURA ORGÂNICA
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Esta atividade tem crescido muito no mundo inteiro, principalmente pela necessidade de
preservação ambiental e também pela exigência de toda a sociedade por alimentos mais
saudáveis, não maléficos para a saúde. A Agricultura Orgânica tem apresentado um
crescimento expressivo em nível mundial, principalmente em área plantada e oferta de
produtos. O mercado de produtos orgânicos tem crescido a uma taxa média que varia de
10% a 30% ao ano, existindo porém exemplos de crescimentos mais expressivos, que
superam os 100% ao ano.
A área certificada com produção orgânica nos países da Comunidade Européia cresceu
quase 900% em 10 anos, ou seja, se elevou de pouco mais de 100.000 ha em 1985, para
quase 1.000.000 ha em 1995. Em 1999, a Europa já totalizava uma área superior aos 3,3
milhões de hectares, conforme o detalhamento das áreas por país, contidas na Tabela 106.
466
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Ha
7.654.924
2001
8.000.000
7.000.000
6.000.000
5.000.000
4.000.000
3.000.000
3.000.000
2.000.000
958.687 900.000
1.000.000
452.279 380.000 352.164 316.000
287.900 188.195
100.000
0
A
ce
il
n
a
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Fr
er
Au
ª-
Ar
15
Figura 73: Land area (ha) under organic management.
Fonte: Fonte: WILLER & YUSSEF, 2001.
467
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Ha
Nº
500000 12000
450000 Coluna: Área
Linha:Fazendas 10000
400000
350000
8000
300000
250000 6000
200000
4000
150000
100000
2000
50000
0 0
A- 85
A- 86
A- 87
A- 88
A- 9
A- 90
A- 91
A- 92
A- 93
A- 4
A- 95
A- 96
A- 97
A- 98
99
8
9
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
19
A-
Ha Nº
400000 3500
350000 3000
Coluna: Área
300000 Linha:Fazendas
2500
250000
2000
200000
1500
150000
1000
100000
50000 500
0 0
A- 5
A- 6
A- 7
A- 8
A- 9
A- 0
A- 1
A- 2
A- 3
A- 4
A- 5
A- 6
A- 7
A- 8
99
8
9
19
19
19
19
19
19
19
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19
19
19
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19
19
19
A-
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Na Figura 80, verificamos a relação entre o valor total das vendas de produtos orgânicos no
varejo e a área cultivada com estes produtos, por País, mostrando uma “atrativa” relação de
valor por hectare orgânico cultivado.
US$
30000
26090
25000
20000
15000
den
and
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US
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Ne
Figura 80: Organic retail sales per organic hectar in the year 2000.
Fonte: WILLER & YUSSEF, 2001.
470
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
As estatísticas sobre o mercado orgânico na América Latina e no Brasil ainda são muito
escassas e apresentam uma variação muito acentuada nos dados. Entretanto, um trabalho
realizado por DAROLT (2002) nos fornece valiosas informações e referências sobre esse
crescente mercado – trabalho este apresentado em detalhe nesta seção do manual.
Vale lembrar que a América Latina tem uma tradição milenar de cultivo da terra, acumulando
experiências, como a dos Incas e Astecas, que buscavam a interação com o meio ambiente
sem acesso a insumos externos, capital ou conhecimento científico. Utilizando a
autoconfiança criativa, o conhecimento empírico e os recursos locais disponíveis, os
agricultores tradicionais da América Latina freqüentemente desenvolveram sistemas
agrícolas com produtividades sustentáveis.
Preocupados com a crítica situação dos pequenos agricultores da América Latina, mais de
80 organizações desenvolvem projetos relacionados com a agroecologia. Uma das
organizações mais expressivas é o Movimento Agroecológico Latino Americano (MAELA),
que atualmente trabalha com mais de 15 países da região.
471
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Tabela 107: Área, número de produtores e percentual da área agrícola sob manejo
orgânico em alguns países da américa latina.
PAÍS ÁREA Nº DE % ÁREA ANO
ORGÂNICA PRODUTORES TOTAL
(Ha)
ARGENTINA 3.000.000 1.400 1,77 2000
BOLÍVIA 8.000 3 0,02 1997
BRASIL 100.000 4.500 0,04 2000
CHILE 2.700 200 0,02 1998
COLOMBIA 202 185 0,0004 1999
COSTA RICA 9.607 3.676 0,4 2000
R. DOMINICANA - 1.000 - 1997
EL SALVADOR 4.900 - 0,31 1996
GUATEMALA 7.000 - 0,16 -
NICARÁGUA 1.400 - 0,02 -
MÉXICO 85.676 27.282 0,08 2000
PARAGUAI 19.218 - 0,08 1998
PERU 12.000 2.072 0,04 1999
TRINIDAD & TOBAGO - 80 - 1999
SURINAME 250 - 0,28 1998
URUGUAI 1.300 150 0,01 1999
TOTAL 3.252.253 40.548 - -
FONTE: Adaptado de WILLER & YUSSEFI (2001), citado por DAROLT (2002).
Argentina:
A Argentina é, atualmente, o país com a maior área certificada na América Latina, ocupando
o segundo lugar em nível mundial, atrás da Austrália. Os dados mais recentes mostram que
existem cerca de 1.400 produtores orgânicos certificados. Nos últimos quatro anos, houve
um aumento gigantesco da área certificada, passando de 287.000 ha em 1997, segundo
FOGUELMAN & MONTENEGRO (1999), citados por DAROLT (2002), para cerca de
3.000.000 ha em 2001, o que corresponde a cerca de 1,7% da área total cultivada naquele
país. Vale lembrar que cerca de 95% desta superfície corresponde a áreas de pastagens.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Brasil:
O mercado brasileiro:
A área ocupada está estimada em 269.718 ha, sendo 116.982 ha utilizados para a pastagem
de gado de corte e de leite, manejados segundo normas da agricultura orgânica e, os
restantes 152.736 ha destinados ao cultivo dos mais diversos produtos agrícolas, desde
commodities a especiarias, incluindo também produtos típicos de atividade extrativista. Para
vislumbrar o largo potencial desse mercado no Brasil, basta verificar que, somente a Europa,
tem mais de 2,5 milhões de hectares plantados, segundo dados da Federação Internacional
dos Movimentos de Agricultura Orgânica.
Dos cultivos nos quais se identifica uma estreita correlação entre quantidade de produtores e
culturas trabalhadas, destaca-se a produção de hortaliças, como conseqüência da
adequação do sistema de produção orgânica às características de pequenas propriedades
com gestão familiar, seja pela diversidade de produtos cultivados em uma mesma área, seja
pela menor dependência de recursos externos, com maior utilização de mão-de-obra e
menor necessidade de capital.
473
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
São Paulo é outro estado com destaque na produção orgânica nacional. Dados da AAO -
Associação de Agricultura Orgânica, mostraram um crescimento de 60% na área de cultivo
orgânico no cinturão verde de São Paulo, responsável por 80% do abastecimento de
hortaliças da capital. Além disso, foram criados pólos de agricultura orgânica, como as
cidades de São Roque, Ibiúna, Cotia e Vargem Grande Paulista, que somam um total de 260
hectares. De forma similar, se registra um crescimento significativo no mercado,
apresentando um aumento médio anual de 30% nas vendas desses produtos.
A certificação no Brasil:
Uma das principais certificadoras brasileiras é o Instituto Biodinâmico, que reúne 2300
produtores. O IBD segue o padrão das certificadoras européias, e desde 1992, o selo de
garantia do Instituto é aceito na Europa, Estados Unidos e Japão, além do mercado nacional.
Esta certificadora trabalha com a IFOAM (Federação Internacional dos Movimentos de
Agricultura Orgânica) e com o DAR (Círculo de Credenciamento Alemão). De janeiro a
agosto de 2001, o total de área certificada ou em processo de certificação pelo IBD passou
de 30 mil para 61 mil hectares. Informações do Instituto mostram que 90% dos produtores
certificados são pequenos produtores.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Rede de dsitribuição:
Atualmente, grandes redes varejistas tem apoiado esse novo mercado, como o grupo
Carrefour, grupo Pão de Açúcar e a rede Hortifruti, por exemplo. Estão apostando nesse
mercado para atrair um público que tem aumentado constantemente – fato esse
indispensável para a disponibilização em massa desses alimentos à toda sociedade
brasileira. Além desses exemplos, registra-se a inserção de várias empresas e
supermercados nos vários estados brasileiros, em maior ou menor escalas.
Outra opção para o consumidor são as feiras livres especializadas, especialmente ofertando
hortaliças, também presentes em centenas de cidades por todo Brasil. Uma das mais
conhecidas e tradicionais, é a Feira de Produtos Orgânicos do Parque da Água Branca, na
cidade de São Paulo, realizada às terças e sábados, que chega a atrair 3 mil pessoas no
final de semana, em busca de alimentos naturais, sem agrotóxicos.
475
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
sido utilizada para a minimização desses custos, opção que, deve-se enfatizar, só se presta
a mercados locais (AGRORGÂNICA, 2002).
México:
No México a agricultura orgânica começou a crescer a partir do início dos anos de 1980.
Entretanto, foi nos últimos 5 anos que o crescimento foi maior. Segundo TOVAR (2000),
citado por DAROLT (2002), as áreas orgânicas certificadas passaram de 23.000 ha em 1996
para cerca de 85.000 ha no ano 2000.
Costa Rica:
A Costa Rica é o terceiro país com o maior número de produtores orgânicos da América
Latina. O número de agricultores passou de 1.300 em 1996, para cerca de 3.676 em 2000.
Uma característica que chama atenção é que a grande maioria das propriedades é pequena,
sendo a produção orgânica desenvolvida numa área de 2,6 hectares em média.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
República Dominicana:
A República Dominicana é uma pequena ilha no Caribe que se destaca pelo grande número
de produtores orgânicos, cerca de 1.000, que produzem principalmente banana, cacau, café,
abacaxi, manga e outras frutas tropicais. Em menor escala pode-se encontrar a produção de
hortaliças
Paraguai:
O Paraguai conta atualmente com uma área em torno de 19 mil hectares sob manejo
orgânico. Sua principal atividade no setor orgânico é a produção de soja, milho e açúcar
orgânico para exportação.
Chile:
O Chile ainda apresenta um pequeno número de produtores orgânicos (200), numa área de
aproximadamente 2.700 hectares. A produção, como em outros países da América Latina, é
voltada basicamente para exportação, destacando-se a produção de frutas, como o kiwi e
outras consideradas nobres como a framboesa e o morango. Alem disso, o Chile também
exporta legumes orgânicos frescos e desidratados.
O fato de não haver um processo legal na maioria dos países, faz com que a produção para
exportação seja certificada por empresas estrangeiras, sobretudo companhias americanas e
européias. Este procedimento torna o custo de certificação muito alto e, em muitos casos,
acaba sendo um entrave para a expansão do mercado. Apesar de a maior parte da produção
orgânica ser destinada à exportação, alguns países da América Latina apresentam um
grande potencial para expansão do mercado interno, sobretudo por meio de feiras livres,
lojas especializadas e supermercados, como é o caso do Brasil, Argentina, Chile, Equador,
México e Uruguai.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Peru, Brasil e Argentina. Os produtos processados ainda são encontrados em menor escala,
sendo um mercado promissor para a América Latina. Atualmente, a Argentina é o país com a
maior produção de alimentos orgânicos industrializados (sucos concentrados, óleos, vinhos,
chás, frutas secas, condimentos, etc.).
478
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
CAPÍTULO 7
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
ANEXOS
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Anexo-1
1. DO CONCEITO
1.1. Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária e industrial, todo aquele em que se adotam
tecnologias que otimizem o uso de recursos naturais e sócio-econômicos, respeitando a integridade cultural
e tendo por objetivo a auto sustentação no tempo e no espaço, a maximização dos benefícios sociais, a
minimização da dependência de energias não renováveis e a eliminação do emprego de agrotóxicos e
outros insumos artificiais tóxicos, organismos geneticamente modificados- OGM/transgênicos, ou radiações
ionizantes em qualquer fase do processo de produção, armazenamento e de consumo, e entre os mesmos,
privilegiando a preservação da saúde ambiental e humana, assegurando a transparência em todos os
estágios da produção e da transformação visando:
a) a oferta de produtos saudáveis e de elevado valor nutricional, isentos de qualquer tipo de contaminantes
que ponham em risco a saúde do consumidor, do agricultor e do meio ambiente;
d) o fomento da integração efetiva entre agricultor e consumidor final de produtos orgânicos e o incentivo à
regionalização da produção desses produtos para mercados locais.
1.2. Considera-se produto da agricultura orgânica, seja “ in natura” ou processado, todo aquele obtido em
sistema Orgânico de produção agropecuária e industrial. O conceito de sistema de produção agropecuária e
industrial abrange os denominados ecológico, biodinâmico, natural, sustentável, regenerativo, biológico,
agroecológico e permacultura. Para efeito desta Instrução considera-se produtor orgânico, tanto o produtor de
matérias-primas como processador das mesmas.
Considera-se unidade de produção, a propriedade rural que esteja sob sistema orgânico de produção. Quando
a propriedade inteira não for convertida para a produção orgânica, a certificadora deverá assegurar-se de que a
produção convencional está devidamente separada e passível de inspeção.
2.1. DA CONVERSÂO
Para que um produto receba a denominação de orgânico, deverá ser proveniente de um sistema onde tenham
sido aplicadas as bases estabelecidas na presente Instrução, por um período variável de acordo com a
utilização anterior da unidade de produção e situação ecológica atual, mediante análises e a avaliação das
respectivas instituições certificadoras ( Anexo I ).
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Tanto a fertilidade como a atividade biológica do solo e a qualidade das águas, deverão ser mantidas e
incrementadas, mediante entre outras, as seguintes condutas:
a) proteção ambiental;
b) manutenção e preservação das nascentes e mananciais hídricos
c) respeito e proteção à biodiversidade;
d) sucessão animal e vegetal;
e) rotação e/ou associação de culturas;
f) cultivo mínimo;
g) sustentabilidade e incremento da matéria orgânica no solo;
h) manejo da matéria orgânica;
i) utilização de quebra-ventos;
j) sistemas agroflorestais; e
k) manejo ecológico das pastagens.
2.3.1. O manejo de pragas, doenças e de plantas invasoras, deverá se realizar mediante a adoção de uma ou
várias condutas, de acordo com os Anexos II e III, desta Instrução que possibilitem:
2.3.1.1. É vedado o uso de agrotóxico sintético, seja para combate ou prevenção, inclusive na armazenagem;
2.3.1.2. A utilização de medida não orgânica para garantir a produção ou a armazenagem, desqualifica o
produto para efeito de certificação, de acordo com o subítem 2.1, da presente Instrução.
2.3.2.1. Não existindo no mercado sementes oriundas de sistemas orgânicos adequadas a determinada
situação ecológica específica, o produtor poderá lançar mão de produtos existentes no mercado, desde que
avaliadas pela instituição certificadora, excluindo-se todos os organismos geneticamente
modificados(OGM/transgênicos )
2.3.2.2. Para culturas perenes, não havendo disponibilidade de mudas orgânicas, estas poderão ser oriundas
de sistemas convencionais desde que avaliadas pela instituição certificadora, excluindo-se todos os organismos
geneticamente modificados(OGM/transgênicos ) e de cultura de tecido vegetal quando as técnicas empregadas
conduzam a modificações genéticas ou induzam à variantes soma-clonais.
2.3.3 . Os produtos oriundos de atividades extrativistas só serão certificados como orgânicos, caso o processo
de extração não comprometa o ecossistema e a sustentabilidade do recurso explorado.
Os produtos de origem animal devem provir de unidades de produção, prioritariamente auto-suficientes quanto
a geração de alimentos para os animais em processo integrado com a produção vegetal, conforme o Anexo IV
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da presente Instrução. Para a efetivação da sustentabilidade, esses sistemas devem obedecer os seguintes
requisitos:
b) manter um nível higiênico em todo processo criatório, compatível com as normas de saúde pública vigente ;
d) contemplar uma alimentação nutritiva, sadia e farta, incluindo-se a água, sem a presença de aditivos
químicos e/ou estimulantes, conforme o Anexo IV, da presente Instrução;
f) praticar um manejo capaz de maximizar uma produção de alta qualidade biológica e econômica ; e
g) utilizar raças, cruzamentos e melhoramento genético ( não OGM/transgênicos ), compatíveis tanto com as
condições ambientais e como estímulo à biodiversidade.
2.4.1. Entende-se como bem estar animal, permanecer o mesmo livre de dor, de sofrimento, angústia e viver
em um ambiente em que possa expressar proximidade com o comportamento de seu habitat original:
movimentação, territoriedade, vadiagem, descanso e ritual reprodutivo.
2.4.2. Os insumos permitidos e proibidos na alimentação animal estão especificados no Anexo IV, da presente
Instrução.
2.4.3. O transporte, pré-abate e o abate dos animais devem seguir princípios humanitários e de bem estar
animal, assegurando a qualidade sanitária da carcaça.
2.4.4. Excepcionalmente, para garantir a saúde ou quando houver risco de vida animais, na inexistência de
substituto permitido, poder-se-ão usar medicamentos convencionais.
2.4.4.1. É obrigatório comunicar a cerficadora o uso desses medicamentos, bem como registrar a sua
administração, que deve respeitar o que estabelece o subitem 2.4.4. desta instrução. O período de carência
estipulado pela bula do produto a ser cumprido, deverá ser multiplicado pelo fator três, podendo ainda ser
ampliado de acordo com a instituição certificadora.
2.4.5. Preferencialmente, a aquisição dos animais deve ser feita em criações orgânicas.
2.4.5.1. No caso de aquisição de animais de propriedades convencionais, estes devem prioritariamente ser
incorporados à unidade produtora orgânica, com a idade mínima em que possam ser recriados sem a presença
materna.
2.4.5.2. Os animais adquiridos em criações convencionais devem passar por quarentena tradicional ou, outra a
ser definida pela certificadora.
3. DO PROCESSAMENTO
3.1. Somente será permitido o uso de aditivos, coadjuvantes de fabricação e de outros produtos de efeito
brando( não OGM/transgênicos ), conforme mencionado no Anexo V da presente Instrução, e quando
autorizados e mencionados nos rótulos das embalagens.
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3.2. As máquinas e os equipamentos utilizados no processamento dos produtos orgânicos deverão estar
comprovadamente limpos de resíduos contaminantes, conforme estabelece os termos desta Instrução e seus
Anexos.
3.3. Em todos os casos, a higiene no processamento dos produtos orgânicos será fator decisivo para o
reconhecimento de sua qualidade. Para efeito de certificação, as unidades de processamento devem cumprir,
também, as exigências contidas nesta Instrução e nas legislações vigentes específicas.
3.3.1. A higienização das instalações e dos equipamentos deverá ser feita com produtos biodegradáveis e
caso estes produtos não estejam disponíveis no mercado, deverá ser consultada a certificadora.
3.4. Para o envase dos produtos orgânicos, deverão ser priorizadas embalagens produzidas com materiais
comprovadamente biodegradáveis e/ou recicláveis.
3.5. Poderá ser certifdicado como produto processado orgânico, aquele cujo principal seja de origem orgânica.
3.5.1. Os aditivos e os coadjuvantes de fabricação de origem não orgânica, serão permitidos em percentuais a
serem definidos pelas certificadoras e pelo Órgão Colegiado Nacional, conforme estabelece o Anexo V da
presente Instrução.
3.5.3. Os ingredientes de origem não orgânica serão permitidos em percentuais definidos no Anexo VII, da
presente instrução.
4. DA ARMAZENAGEM E DO TRANSPORTE
Os produtos orgânicos devem ser identificados e mantidos em local separado dos demais de origem
desconhecida, de modo a evitar possíveis contaminações, seguindo o que prescreve o Anexo VI, da presente
Instrução.
4.1. A higiene e as condições do ambiente de armazenagem e do transporte será fator necessário para a
certificação de sua qualidade orgânica.
5. DA IDENTIFICAÇÃO
Além de atender as normas vigentes quanto as informações que devem constar nas embalagens, os produtos
certificados deverão contar um “selo de qualidade” registrado no Órgão Colegiado Nacional, específico para
cada certificadora, atendendo as condições previstas no Anexo VII da presente Instrução, além de outras
abaixo:
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A certificação e o controle da qualidade orgânica serão realizados por instituições certificadoras credenciadas
nacionalmente pelo Órgão Colegiado Nacional, devendo cada instituição certificadora manter o registro
atualizado dos produtores e dos produtos que ficam sob suas responsabilidades.
7. DA RESPONSABILIDADE
Os produtores certificados assumem a responsabilidade pela qualidade orgânica de seus produtos e devem
permitir o acesso da certificadora a todas as instalações relativas ao seu processo produtivo.
7.1. À instituição certificadora cabe a responsabilidade pelo controle da qualidade orgânica dos produtos
certificados, permitindo o acesso do Órgão Colegiado Nacional ou do Distrito Federal a todos os atos,
procedimentos e informações pertinentes ao processo de certificação.
8.1. O Órgão Colegiado Nacional será composto paritariamente por 5 ( cinco ) membros do Poder Público,
titular e suplente e 5 ( cinco ) membros de Organizações Não-Governamentais, titular e suplente, que tenham
reconhecida atuação junto à sociedade no âmbito da agricultura orgânica, de forma a respeitar a paridade de
um representante por região geográfica, chegando a um total de até 10 ( dez ) membros.
8.1.1. A escolha dos membros das organizações governamentais, será de responsabilidade exclusiva do
Ministério da Agricultura e do Abastecimento.
8.1.2. A escolha dos membros das organizações não-governamentais obedecerá sistemática própria dessas
organizações.
8.2. Os Órgãos Colegiados Estaduais e do Distrito Federal serão compostos por 5 ( cinco ) membros do Poder
Público, titular e suplente e 5 ( cinco ) membros de Organizações Não-Governamentais, titular e suplente, que
tenham reconhecida atuação junto à sociedade no âmbito da agricultura orgânica, chegando a um total de 10 (
dez ) membros.
8.2.1. A escolha dos membros das organizações governamentais, nas Unidades Federativas, será de
responsabilidade exclusiva das Delegacias Federais de Agricultura.
8.2.1.1. A escolha dos membros das organizações não-governamentais obedecerá sistemática própria dessas
organizações.
8.3. Cabe ao Órgão Colegiado Nacional fiscalizar as atividades dos Órgãos Colegiados Estaduais e do Distrito
Federal, de acordo com as Normas vigentes.
8.4. Cabe aos Órgãos Colegiados Estaduais e do Distrito Federal, fiscalizar as atividades das certificadoras
locais. As que não cumprirem a legislação em vigor, serão passíveis de sanções, de acordo com as normas
vigentes.
8.5. Ao Órgão Colegiado Nacional compete o deferimento dos pedidos de registro das entidades certificadoras
encaminhados pelos órgãos colegiados citados no subítem acima.
8.6. Aos Órgãos Colegiados Estaduais e do Distrito Federal compete a fiscalização e o controle, bem como o
encaminhamento dos pedidos de registro das entidades certificadoras para o Órgão Colegiado Nacional.
8.6.1. Na inexistência de Órgãos Colegiados Estaduais e do Distrito Federal, o Órgão Colegiado Nacional
cumprirá estas atribuições.
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9.1. Os produtos de origem vegetal ou animal, processados ou “ in natura “, para serem reconhecidos como
orgânicos devem ser certificados por pessoa jurídica, sem fins lucrativos, com sede no território nacional,
credenciada no Órgão Colegiado Nacional, e que tenha seus documentos sociais registrados em órgão
competente da esfera pública.
9.2.1. A importação de produtos orgânicos certificados em seu país de origem, ficará condicionada às
exigências sanitárias, fitossanitárias e de inspeção animal e vegetal, de conformidade com as leis
vigentes no Brasil, complementada com prévia análise e autorização de uma certificadora credenciada
no Órgão Colegiado Nacional.
9.3. As instituições certificadoras para serem credenciadas devem satisfazer os seguintes requisitos:
e) descrever as sanções que poderão ser impostas, em caso de descumprimento de suas Normas; e
9.4. As instituições certificadoras devem dispor na sua estrutura interna, dos seguintes membros:
a) Comissão Técnica: corpo de técnicos responsáveis pela avaliação da eficácia e qualidade da produção;
b) Conselho de Certificação: responsável pela análise e aprovação dos pareceres emitidos pela Comissão
Técnica; e
9.4.1. Aos integrantes de quaisquer estruturas mencionadas nas alíneas a, b e c do subítem 9.4., é vedada a
participação em mais de uma das alíneas, tanto como pessoa física ou jurídica.
b) realizar quantas visitas forem necessárias, com o mínimo de uma por ano, para manter atualizadas as
informações sobre seus produtores certificados;
d) no caso de destinação para o comércio exterior não comercializar produtos e insumos, nem prestar serviços
de consultorias, assistência técnica e elaboração de projetos;
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g) cumprir as demais determinações estabelecidas pelos Colegiados Nacional, Estadual e do Distrito Federal.
Os demais atos necessários para a completa operacionalização da presente Instrução Normativa serão
estabelecidos pela Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura e do Abastecimento.
ANEXO I
DO PERÍODO DE CONVERSÃO
1. Produção vegetal de culturas anuais: para a unidade de produção em conversão deverá ser obedecido
um período mínimo de 12 meses de manejo orgânico, para que a produção do ciclo subsequente seja
considerada como orgânica.
2. Produção vegetal de culturas perenes: para a unidade de produção em conversão deverá ser obedecido
um período mínimo de 18 meses de manejo orgânico, para que a colheita subsequente seja certificada.
3. Produção vegetal de pastagem perene: para a unidade de produção em conversão deverá ser
obedecido um período mínimo de 12 meses de manejo orgânico ou de pousio.
Observação: Os períodos de conversão acima mencionados poderão ser ampliados pela certificadora em
função do uso anterior e da situação ecológica da unidade de produção, desde que seja julgada a conveniência
ANEXO II
Composto orgânico;
Vermicomposto;
Restos orgânicos;
Esterco: sólido ou líquido;
Restos de cultura;
Adubação verde;
Biofertilizantes;
Fezes humanas, somente quando compostadas na unidade de produção e não empregadas no cultivo de
olerícolas;
Microorganismos benéficos ou enzimas, desde que não sejam OGM/transgênicos; e
Outros resíduos orgânicos.
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ANEXO III
PRODUÇÃO VEGETAL
Preparados viróticos, fúngicos e bacteriológicos, que não sejam OGM/transgênicos, e só com permissão
específica da certificadora;
Extratos de insetos;
Extratos de plantas;
Emulsões oleosas;
Sabão de origem natural;
Pó de café;
Gelatina;
Pó de rocha;
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Álcool Etílico;
Terras diatomáceas, ceras naturais, própolis e óleos essenciais, a critério da certificadora;
Como solventes: álcool, acetona, óleos vegetais e minerais;
Como emulsionante: lecitina de soja, não transgênica;
Homeopatia.
Controle biológico;
Feromônios, desde que utilizados em armadilhas;
Armadilhas de insetos com inseticidas permitidos no ítem 2, do Anexo III;
Armadilhas anti-coagulantes para roedores;
Meios repelentes mecânicos ( armadilhas e outros similares );
Repelentes naturais ( materiais repelentes e expulsantres );
Métodos vegetativos, quebra-vento, plantas companheiras e repelentes;
Preparados que estimulem a resistência das plantas e que inibam certas pragas e doenças, tais como: plantas
medicinais, própolis, calcário e extratos de algas, bentonita, pó de pedra e similares;
Cloreto de cálcio;
Leite e derivados; e
Extratos de produtos de origem animal.
ANEXO IV
PRODUÇÃO ANIMAL
1. Condutas desejadas:
Uso de equipamentos de preparo de solo que não impliquem na alteração de sua estrutura, na formação de
pastagens e cultivo de forragens, grãos, raízes e tubérculos;
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Aquisição de alimentos não certificados orgânicos, equivalente a até 20% e 15% do total da matéria seca de
alimentos para animais monogástricos e para animais ruminantes, respectivamente;
Aditivos, óleos essenciais, suplementos vitamínicos e sais minerais;
Suplementos de aminoácidos;
Amochamento e castração; e
Inseminação artificial.
3. Técnicas proibidas:
4. Insumos que podem ser adquiridos fora da unidade de produção, segundo a espécie animal e sob
orientação da assistência técnica e controle da certificadora:
5. Higiene e desinfecção:
ANEXO V
ADITIVOS PARA PROCESSAMENTO E OUTROS PRODUTOS QUE PODEM SER USADOS NA PRODUÇÃO
ORGÂNICA
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ANEXO VI
DA ARMAZENAGEM E DO TRANSPORTE:
ANEXO VII
DA ROTULAGEM
A pessoa física ou jurídica legalmente responsável pela produção ou processamento do produto deverá ser
claramente identificada no rótulo, conforme se segue:
1. Produtos de um só ingrediente poderão ser rotulados como “ produto orgânico “, desde que certificado;
2. Produtos compostos de mais de um ingrediente, incluindo aditivos, em que nem todos os ingredientes
sejam de origem certificada orgânica, deverão ser rotulados da seguinte forma:
Água e sal adicionados, não poderão ser incluídos no cálculo do percentual de ingredientes orgânicos.
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Todas as matérias-primas deverão estar listadas no rótulo do produto em ordem de peso percentual, de forma a
ficar claro quais os materiais de origem certificada orgânica e quais os que não o são, e
Todos os aditivos deverão estar listados com o seu nome completo. Quando o percentual de ervas e
condimentos for inferior a 2% esses poderão ser listados como “ temperos “ .
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Anexo-2
III - as Diretrizes para Procedimentos de Inspeção e Certificação, constantes do Anexo III desta.
ANEXO I
Auditoria interna: mecanismo do sistema de certificação destinado à realização de uma constante avaliação dos
seus objetivos e desempenho.
Auditoria de credenciamento: procedimento pelo qual uma equipe oficial de auditores realiza a avaliação do
sistema de certificação de uma entidade candidata ao credenciamento como certificadora, para verificar a
conformidade com as normas oficiais.
Auditoria de supervisão: procedimento pelo qual uma equipe oficial de auditores realiza a avaliação do sistema
de certificação de uma entidade certificadora, para verificar se está em conformidade com as normas oficiais.
Certificado: documento emitido por uma certificadora credenciada, declarando que um produtor ou comerciante
está autorizado a usar a marca de certificação em produtos especificados.
Certificação: procedimento pelo qual uma entidade certificadora dá garantia por escrito que uma produção ou
um processo claramente identificados foram metodicamente avaliados e estão em conformidade com as
normas de produção orgânica vigentes.
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Certificação indireta: processo no qual a licença concedida à unidade certificada inclui serviços subcontratados
de outras unidades de produção ou transformação ou, ainda, de produtores organizados pela unidade
certificada.
CNPOrg: Colegiado Nacional para a Produção Orgânica, criado pela Instrução Normativa nº 07, de 17 de maio
de 1999, vinculado à Secretaria de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento, tendo por finalidade básica o assessoramento e acompanhamento da implementação das
normas para produção de produtos orgânicos vegetais e animais, avaliando e emitindo parecer conclusivo
sobre os processos de credenciamento de entidades certificadoras, e fornecendo subsídios a atividades e
projetos necessários ao desenvolvimento do setor.
CEPOrg: Colegiado Estadual para a Produção Orgânica, criado pela Instrução Normativa nº 07 de 17 de maio
de 1999, vinculado à Delegacia Federal de Agricultura da sua Unidade da Federação, tendo por finalidade
básica o assessoramento e apoio ao CNPOrg na implementação das normas para produção de produtos
orgânicos vegetais e animais, avaliando e emitindo parecer sobre os processos de credenciamento de
entidades certificadoras, e fornecendo subsídios a atividades e projetos necessários ao desenvolvimento do
setor.
Credenciamento: procedimento pelo qual o CNPOrg reconhece formalmente que uma entidade certificadora
está habilitada para realizar a certificação de produtos orgânicos, de acordo com as normas de produção
orgânica e com os critérios de credenciamento em vigor, oficializado por ato do Secretário de Defesa
Agropecuária.
Conversão parcial: quando ocorrem, na mesma unidade, produção convencional e produção orgânica, ou
produção convencional e produção em conversão.
Declaração de interesse: declaração feita pelos envolvidos no processo de certificação para esclarecimento de
seus interesses e objetivos pessoais, tendo em vista evitar potenciais conflitos.
Entidade certificadora credenciada: certificadora cujo programa de certificação foi aprovado pelo Órgão
Colegiado Nacional, mediante o compromisso formal do cumprimento das normas oficiais de credenciamento e
certificação vigentes.
Equipe oficial de auditores: equipe técnica do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento encarregada
de proceder a auditorias nas entidades certificadoras, podendo contar com especialistas convidados.
Inspeção: visita para verificar se o desempenho de uma operação está sendo executado conforme as normas
vigentes de produção orgânica.
Licença: contrato bilateral entre a certificadora e a unidade de produção ou comercialização orgânica, que
concede o direito de uso das marcas de certificação, conforme as regras daquele sistema e as normas gerais
vigentes.
Marca da certificação: selo de certificação, símbolo ou logotipo que identifica que um ou diversos produtos
estão em conformidade com as normas oficiais de produção orgânica.
Medidas disciplinares: medidas adotadas contra unidades certificadas que não cumprirem as normas ou outras
exigências do sistema de certificação.
Normas de produção orgânica: padrões nacionais para produção e processamento de produtos orgânicos,
oficialmente regulamentados.
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Período de conversão: tempo decorrido entre o início do manejo orgânico de culturas ou criações animais e sua
certificação como processos orgânicos.
Produção paralela: produção obtida onde, na mesma unidade, haja cultivo, criação ou processamento de
produtos orgânicos certificados e não-certificados. É também considerada produção paralela a produção obtida
em uma unidade com áreas com produção orgânica e produção em conversão.
Reclamação: protesto contra políticas, procedimentos ou decisões da certificadora que não se constituam em
recurso.
Recurso: processo por meio do qual uma unidade credenciada/certificada pode solicitar, a uma instância
superior, a revisão de uma decisão tomada.
Relatório anual: relatório de atividades entregue anualmente pelas certificadoras credenciadas ao Órgão
Colegiado Nacional, mediante encaminhamento e parecer do Órgão Colegiado Estadual, por meio do qual
tenha efetivado seu credenciamento.
Sistema de certificação: conjunto de regras e procedimentos adotados por uma entidade certificadora,
objetivando a certificação de produtos agropecuários.
Transferência de certificação: reconhecimento formal por parte de uma certificadora de que um determinado
produto está autorizado a ser processado ou comercializado mediante o uso de sua marca de conformidade,
tendo sido acompanhado e certificado por uma outra certificadora.
ANEXO II
1.1As certificadoras de produtos orgânicos, para fins de credenciamento junto ao Órgão Colegiado Nacional,
devem, ao solicitar seu credenciamento, disponibilizar aos órgãos oficiais de controle:
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1.2A avaliação e análise dos documentos apresentados e a auditoria de credenciamento devem considerar,
além do conteúdo teórico, a aplicação prática das políticas e procedimentos de modo a atender aos seguintes
requisitos:
1.2.1Gerenciamento da entidade
A entidade deve possuir documentação relativa à descrição da sua estrutura administrativa, incluindo a
gerência e as responsabilidades individuais.
No processo de avaliação do pedido de credenciamento, deverão ser avaliados diversos elementos que
indicam a capacidade de gerenciamento da entidade.
As certificadoras devem possuir administração financeira idônea e transparente com a garantia de dispor de
mecanismos para o provimento de recursos para os fins a que se propõem.
As certificadoras devem empregar ou contratar pessoal em número suficiente para o desenvolvimento de suas
atividades, incluindo inspetores que tenham formação profissional necessária, treinamento, conhecimento
técnico e experiência para executar funções de certificação quanto ao tipo, extensão e volume de trabalho a ser
executado.
As informações sobre as qualificações, treinamento e experiência de todo o pessoal devem ser arquivadas pela
certificadora. O pessoal deve ter informações disponíveis a respeito de seus deveres e responsabilidades, de
forma clara, atualizada e documentada.
1.2.4Normas e regulamentos
As certificadoras devem publicar normas e padrões para todos os sistemas de produção ou categorias de
produtos certificados por seu programa, em consonância com as normas e padrões oficiais, apresentadas de
forma adaptada ao idioma nacional, à capacidade e ao nível de entendimento das unidades certificadas.
As alterações nas normas e padrões oficiais devem ser regularmente incorporadas às normas internas, no
prazo estabelecido por estas. Em casos específicos, referentes a mudanças complexas ou controversas, o
prazo de incorporação pode ser estendido com a anuência do CNPOrg. As certificadoras podem admitir, desde
que justificado, prazo para implantação das mudanças por parte das unidades produtoras certificadas.
A equipe responsável pelas revisões, com membros claramente identificados, deve ser constituída por
elementos com comprovada qualificação ou experiência nas atividades a serem desenvolvidas.
Alternativamente, podem ser contratados peritos não-pertencentes ao quadro de colaboradores da certificadora.
O processo de revisão das normas e padrões deve prever mecanismos de avaliação das propostas de
alteração encaminhadas pelas partes interessadas.
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Devem ser definidos, também, a data de implantação das modificações e os prazos finais para implantação
pelas unidades certificadas. Quando se fizer necessário, é permitido estabelecer um período para implantação
das principais alterações.
1.2.5 Independência
A certificadora deve possuir estrutura e procedimentos que possibilitem desenvolver suas atividades sem a
interferência de interesses de qualquer natureza, que venham a comprometer seu sistema de certificação em
relação aos objetivos gerais do sistema.
1.2.6Responsabilidade
As certificadoras devem definir claramente a área de competência e o grau de responsabilidade dos inspetores
contratados e de suas comissões internas, devendo, ainda, assumir total responsabilidade por todas as
atividades executadas diretamente ou por meio de terceiros - pessoas ou organizações subcontratadas.
1.2.7Objetividade
O sistema de certificação deve ser imparcial uma vez que os serviços de inspeção e de certificação devem
estar baseados em avaliações objetivas, observando-se procedimentos regulamentados. O sistema deve
possuir mecanismos regulamentados também para o julgamento de recursos.
1.2.8Credibilidade
As certificadoras devem exercer controle sobre o uso de suas licenças, certificados e marcas registradas -
logotipo ou selo de conformidade.
As certificadoras devem adotar procedimentos adequados para melhoria contínua da qualidade, com a
avaliação de seu desempenho e desenvolvimento de rotinas.
As certificadoras devem conduzir auditorias internas periódicas abrangendo todos os procedimentos de forma
planejada e sistemática, para verificar a implantação e efetividade do sistema de certificação, assegurando que:
1.2.9.1as pessoas responsáveis pela área auditada estejam informadas dos resultados da auditoria;
1.2.10Confidencialidade
As certificadoras devem adotar meios que assegurem a confidencialidade das informações, relativas aos
produtores e comerciantes certificados, obtidas em decorrência das atividades de certificação em todos os
níveis da organização, inclusive nas comissões e instituições contratadas.
1.2.11Administração participativa
As certificadoras devem possuir mecanismos que possibilitem a manifestação e participação de todas as partes
efetivamente comprometidas no desenvolvimento de políticas e princípios relativos ao conteúdo e
funcionamento do sistema de certificação.
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As políticas e procedimentos adotados pelas certificadoras e por sua administração devem ter natureza não-
discriminatória, sem que interfiram nos seus trabalhos questões relativas à raça, nacionalidade, religião, sexo,
idade, estado civil, opção sexual ou quanto à sua condição física.
As certificadoras devem tornar seus serviços acessíveis, indistintamente, a todas as unidades de produção ou
comercialização que os solicitarem e que desenvolverem atividades no seu âmbito de atuação. As solicitações
devem estar abertas a quaisquer interessados, sem que se leve em conta interesses comerciais.
O acesso à certificação não pode ser condicionado ao tamanho da unidade produtora. Da mesma forma, a
certificação não deve estar condicionada ao número de certificados emitidos.
As certificadoras que forem constituídas mediante a formação de um corpo associativo devem ter exigências de
certificação idênticas para filiados e não-filiados, ou devem fazer da certificação uma atividade claramente
separada das demais atribuições sociais.
As certificadoras devem observar fielmente as determinações legais pertinentes às suas atividades, devendo
apresentar documentos que demonstrem a regularidade de sua situação perante as demais legislações
vigentes, assim como a propriedade ou controle sobre a marca de certificação, quando tal marca existir.
1.2.14Estrutura funcional
As certificadoras devem possuir estrutura onde esteja clara a organização das funções de inspeção, certificação
e recursos.
1.2.15Subcontratações
Quando uma certificadora subcontratar um trabalho relativo à certificação, de uma outra entidade ou pessoa,
deverá ter firmado um contrato que inclua os procedimentos referentes à confidencialidade e aos conflitos de
interesse.
As certificadoras devem assegurar que a pessoa ou entidade subcontratada é competente e preenche todos os
requisitos destes critérios, responsabilizando-se integralmente pelos serviços contratados.
Todos os envolvidos nos processos de inspeção e certificação devem assinar termos de compromisso de
recusa em tomar parte em qualquer decisão ou atividade de inspeção que envolva ligações familiares ou
relações comerciais de qualquer natureza (comércio, consultoria e outro ) com as unidades certificadas.
As declarações de interesse, firmadas por todas as pessoas envolvidas em certificação, inspeção e apelações
devem ser arquivadas nas sedes das certificadoras.
O sistema de certificação também deve estabelecer que, atendendo a princípios éticos, os inspetores que
rescindirem seus contratos com a certificadora estarão impedidos, pelo prazo de dois anos após as inspeções,
de prestar consultoria em unidades por ele inspecionadas. Da mesma forma, consultores estarão impedidos de
executar inspeção em unidades por eles assistidas pelo mesmo prazo.
513
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Todos os inspetores e colaboradores em geral que apresentarem conflito em potencial com uma unidade
certificada serão excluídos dos trabalhos, reuniões e decisões em todas as fases do processo de certificação,
relacionadas com a atividade em conflito.
As certificadoras devem manter um sistema para o controle de toda a documentação relativa ao sistema de
certificação, assegurando que:
1.2.17.3todas as mudanças sejam processadas de maneira que sejam asseguradas providências rápidas e
diretas
1.2.17.4os documentos substituídos sejam retirados de uso dentro da organização e suas representações;
1.2.18Registros
Todos as informações arquivadas devem ser armazenadas e guardadas com segurança e confidencialidade,
por um período mínimo de 5 (cinco) anos.
1.2.19Reclamações
As certificadoras devem adotar políticas e procedimentos para processar as reclamações a respeito de sua
atuação ou referentes a unidades certificadas, que devem ser processadas de maneira rápida e eficiente.
As certificadoras devem manter registros de todas as reclamações e ações corretivas relativas à certificação.
Quando uma reclamação é resolvida, a solução do problema deve ser documentada e encaminhada ao
reclamante e às demais partes envolvidas no assunto.
As certificadoras não podem prestar qualquer serviço ou fornecer produto que possam comprometer a
confidencialidade, objetividade ou imparcialidade de seu processo de certificação e decisão.
As certificadoras devem, ainda, assegurar que as atividades de certificadoras ou entidades subcontratadas não
afetem a confidencialidade, objetividade e imparcialidade de suas certificações.
514
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
As certificadoras podem, como parte do processo de certificação, efetuar avaliações preliminares do sistema de
produção, visando a identificar eventuais deficiências e propor melhorias.
Podem ser prestadas, ainda, informações sobre assuntos pertinentes às normas de cultivo orgânico, mas sem
pagamento de qualquer taxa adicional. As informações devem estar restritas às normas de cultivo e criação,
não abordando procedimentos, fórmulas e técnicas de cultivo e criação orgânicas.
Informações genéricas, incluindo informativos, seminários e outros, podem ser oferecidos a todas as unidades
certificadas, indiscriminadamente, podendo ser cobradas taxas adicionais.
As certificadoras podem estabelecer uma política relativa à divulgação de resultados de pesquisas, promoções
e outras atividades relacionadas a mercado, observando tratamento igual a todas as unidades certificadas e o
não-envolvimento efetivo com vendas, política de preços e outras atividades comerciais.
As certificadoras devem prestar informações ao público sobre o âmbito de suas atividades de certificação e o
conteúdo de suas normas internas. Para isso, devem possuir rotina de publicação de informações que inclua,
pelo menos:
2.4.3a publicação e atualizações das listas das unidades certificadas, informando nomes e endereços. As listas
de unidades indiretamente licenciadas também devem estar disponíveis, podendo ser publicadas de forma
geral, sem vínculo com a unidade licenciada principal;
2.4.5as informações, mediante solicitação do interessado, sobre qualquer produto certificado ou sobre os tipos
de produto para os quais uma unidade certificada está licenciada.
2.5Das Subcontratações
Quando uma certificadora subcontratar um trabalho relacionado à certificação à uma outra organização ou
pessoa (inspeção, por exemplo), deverá ser firmado um contrato que inclua os procedimentos referentes à
confidencialidade e aos conflitos de interesse.
As certificadoras devem assegurar que a pessoa ou organização subcontratada é competente e preenche todos
os requisitos destes critérios, responsabilizando-se integralmente pelos serviços sub-contratados.
Com base nos presentes critérios, o CNPOrg pode adotar as seguintes medidas:
Uma vez que a análise do processo demonstre que a certificadora solicitante atende a todas as exigências
legais e aos critérios aqui estabelecidos, o CNPOrg pode aprovar o credenciamento, encaminhando sua
resolução ao Secretário de Defesa Agropecuária para homologação e publicação.
3.2Das recomendações:
515
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
O CNPOrg poderá deliberar que, considerado o contexto geral das políticas de certificação e o desempenho
específico de um sistema, as conseqüências decorrentes do descumprimento de um critério em particular não
sejam significativas. O Colegiado Nacional poderá recomendar o cumprimento integral do critério, sem fazer
disso uma condição de credenciamento. Fica reservado, contudo, o direito de transformar tais recomendações
em condições, em função de reavaliações, ou que mudanças no sistema assim o garantam.
Neste caso, a certificadora solicitante deverá ser informada das medidas necessárias a serem adotadas e o
prazo determinado. O CNPOrg deverá exigir provas do cumprimento das condições para que o credenciamento
seja concedido, o que poderá demandar uma ou mais visitas da comissão técnica encarregada da auditoria de
credenciamento.
O CNPOrg poderá suspender o credenciamento, definindo o prazo e as exigências a serem cumpridas pela
certificadora solicitante, de modo a harmonizar seus procedimentos com os presentes critérios.
3.5Das auditorias
As entidades certificadoras devem fazer constar, de seus regulamentos e contratos, cláusulas específicas que
demonstrem que todas as ações previstas à serem inspecionadas por elas estarão sujeitas a serem auditadas
por equipe oficial de auditores. Todas as informações e acessos previstos para as inspeções deverão estar
garantidos para as auditorias de credenciamento e de supervisão.
As propostas para alterações dos presentes critérios poderão ser encaminhadas a qualquer momento pelas
partes interessadas, mediante solicitação formal ao CEPOrg que, após parecer, o encaminhará ao CNPOrg.
Os presentes critérios serão revisados bienalmente, mediante procedimento organizado pelo CNPOrg.
O Colegiado Nacional poderá, no intervalo das revisões periódicas, efetuar mudanças nos critérios de
Credenciamento, caso se faça necessário em função do desenvolvimento do sistema de credenciamento, de
harmonização com as normas internacionais ou de outros fatores pertinentes.
As propostas de alteração dos presentes critérios, sejam elas de iniciativa do Colegiado Nacional, das partes
interessadas no processo de certificação ou decorrentes das revisões periódicas, serão submetidas à consulta
516
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Caberá ao CNPOrg, avaliar as alterações propostas aos presentes critérios, devendo, após sua aprovação,
encaminhá-las ao Secretário de Defesa Agropecuária para apreciação.
Os pedidos de certificação que tiverem sido submetidos à avaliação antes da data de implantação das
alterações serão qualificados conforme os critérios vigentes anteriormente.
No caso de deferimento dos pedidos, estas certificadoras deverão, juntamente com todos outras certificadoras
credenciadas, enviar uma declaração de concordância com os novos critérios, por ocasião da apresentação dos
relatórios anuais.
Eventuais exclusões de critérios terão efeito imediato após sua publicação, não sendo mais exigido seu
cumprimento, quer pelas certificadoras credenciadas, quer pelas certificadoras em processo de
credenciamento.
ANEXO III
1Da inspeção
1.1.3seja evitada a indicação contínua de um único inspetor para a mesma unidade certificada.
As unidades certificadas não podem escolher ou recomendar inspetores, devendo ser informadas da identidade
do inspetor antes da visita de inspeção, e levantar objeções relacionadas a qualquer conflito de interesse em
potencial, o que não se aplica às inspeções não-comunicadas previamente.
517
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Os inspetores e as certificadoras devem ter acesso a todas as instalações, inclusive aos registros contábeis e
demais documentos das unidades certificadas.
As visitas de inspeção devem ser previamente preparadas, a fim de que os inspetores disponham de
informações suficientes sobre as unidades certificadas. O planejamento prévio das visitas deve incluir, entre
outras coisas, levantamentos de inspeções anteriores, descrições das atividades, dos processos, mapas,
planos, especificações dos produtos, insumos utilizados, irregularidades detectadas anteriormente, infrações,
medidas disciplinares adotadas e condições especiais estabelecidas para a certificação da unidade em análise.
As certificadoras devem ter acesso a qualquer produção não-orgânica da unidade, ou demais unidades
situadas nas proximidades que, por propriedade ou vínculos administrativos, estiverem relacionadas com a
atividade certificada. As inspeções, inclusive a revisão de documentos, devem incluir tais unidades quando
houver razão para tanto.
Os relatórios de inspeção e a inspeção devem, até onde possível, seguir roteiros e regras preestabelecidas,
visando a promover procedimentos de inspeção objetivos e não-discriminatórios. Estes relatórios devem ser
planejados para permitir elaboração e análise do inspetor em áreas onde o cumprimento das exigências possa
ser parcial, as normas possam não estar claras ou outras ocorrências extraordinárias.
1.3Das informações
As informações contidas nos relatórios devem incluir os seguintes itens, além de outros circunstancialmente
necessários:
1.3.2pessoas entrevistadas;
1.3.5documentos revisados;
1.4.1volume da produção;
1.4.2tipo de produção;
1.4.3tamanho do empreendimento;
518
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
1.4.9complexidade da produção.
As diretrizes de atuação das certificadoras devem ser documentadas e, obrigatoriamente, conter disposições
específicas relacionadas à freqüência das inspeções, com a definição das fontes de recursos para a realização
das ordinárias e das extraordinárias.
As inspeções das unidades certificadas e de entidades subcontratadas devem ser realizadas, no mínimo, uma
vez ao ano, sendo que o intervalo de tempo entre as inspeções programadas não poderá ter uma regularidade
que as tornem previsíveis.
Devem ser provisionados recursos para a realização do maior número de inspeções, de acordo com os fatores
acima mencionados.
Deve ser definida a porcentagem mínima de inspeções sem aviso prévio, assim como os critérios para seleção
de unidades sujeitas a tais inspeções.
As análises laboratoriais não são o principal instrumento em certificação orgânica, mas podem ser necessárias
para subsidiar alguns procedimentos de inspeção ou para o atendimento de declarações adicionais exigidas em
algumas certificações.
As certificadoras devem possuir políticas e procedimentos regulamentados para as análises de resíduos, testes
genéticos e outras análises. Os procedimentos adotados pelas certificadoras devem prever, pelo menos:
1.5.2a obrigatoriedade de amostragem nas suspeitas de uso de substâncias proibidas pelas normas;
1.5.6procedimentos de pós-amostragem; e
As análises devem ser executadas por laboratórios credenciados por órgãos oficiais. Nos casos de inexistência
de credenciamento, a aprovação dos laboratórios deverá ser submetida ao CNPOrg.
Nos casos em que forem estabelecidos períodos de conversão para a produção orgânica, a certificação não
será efetuada antes de decorrido o prazo estabelecido para a conversão.
Podem ser adotadas exceções, quando o cumprimento integral das normas puder ser comprovado, mediante a
aplicação de políticas e procedimentos previamente estabelecidos pelas certificadoras. As provas necessárias
não devem estar limitadas apenas a documentos e atestados.
519
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Quando o período de conversão for reduzido ou não for exigido para as práticas agrícolas convencionais,
conforme o estabelecido pelas normas, a certificadora deverá verificar se aquelas práticas estão em
conformidade com as normas e padrões oficiais.
As certificadoras devem ter estabelecido regimes especiais de inspeção nos casos onde houver conversão
parcial da propriedade ou produção paralela, de modo a garantir que a certificação só será concedida quando
houver um sistema que assegure que:
1.7.2a documentação relativa à produção será apropriadamente administrada, fazendo distinções claras entre
produção certificada e não-certificada;
1.7.6o processo de obtenção do produto seja efetuado de modo que haja método confiável para verificar o
efetivo volume da produção por meio de inspeções extraordinárias.
O sistema adotado deverá ser aprovado pelas certificadoras para cada situação individual.
As certificadoras devem possuir um sistema de inspeção que evite o uso de produtos geneticamente
modificados.
As certificadoras devem publicar e distribuir a todas as unidades certificadas e inspetores, no mínimo uma vez
ao ano, uma lista dos produtos geneticamente modificados conhecidos, relacionados às suas áreas de
certificação ou uma lista de produtos conhecidos que não sejam geneticamente modificados. Alternativamente,
as certificadoras podem obter e distribuir listas produzidas por terceiros.
1.8.2animais;
1.8.3insumos agrícolas; e
Quando determinado pelas certificadoras, as unidades certificadas devem exigir e manter declarações,
assinadas pelos seus fornecedores, da ausência de produtos geneticamente modificados nos insumos ou
ingredientes fornecidos.
520
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Cada etapa na obtenção de um produto deve ser inspecionada, pelo menos, uma vez ao ano. Isto significa que
não só os produtores agrícolas, mas também as unidades de armazenamento, de processamento,
empacotamento etc sejam inspecionadas. Qualquer exceção estará baseada em uma avaliação de risco
documentada e estará restrita às situações aqui identificadas.
As certificadoras não são obrigadas a adotar sistemas de inspeção de produtos após sua embalagem para o
consumo final ou após a emissão de um certificado de transação comercial. Entretanto, sua responsabilidade
continua em situações onde haja risco de alteração da natureza orgânica dos produtos ao longo da cadeia de
custódia.
A atividade de transporte não é certificada normalmente, mas permanece sob responsabilidade do detentor do
produto na fase do transporte.
1.13.1Os coletores de produtos extrativistas, por suas especificidades, estão sujeitos a exigências diferenciadas
de forma a manter a integridade do sistema de certificação.
As unidades produtoras extrativistas certificadas devem dispor de instruções para os coletores, determinando
normas, padrões e outras exigências para certificação, sendo responsáveis por seu cumprimento. As unidades
certificadas devem manter registros de todos os coletores, produtos e respectivas quantidades adquiridas de
cada um.
As unidades certificadas devem dispor de mapas ou croquis geo-referenciados, delimitando as áreas de coleta
e detalhando infra-estrutura, vias de acesso e acidentes geográficos relevantes.
1.13.2Os procedimentos de inspeção, além de visitas à unidade certificada e suas instalações, devem também
incluir:
- entrevistas com pessoas e instituições ligadas a questões ambientais e sociais que possam prestar
informações sobre a unidade produtora.
Certificadoras que operam sistemas de aprovação de insumos para as unidades de produção, sem licença ou
cessão de direitos ao uso de logotipo para o fabricante, quando publiquem listas ou de qualquer outro modo
aprovem produtos sem certificação formal, devem ter regulamentado, pelo menos, os seguintes pontos:
1.14.2o procedimento a ser seguido na avaliação do cumprimento das normas e padrões aplicáveis aos
produtos;
521
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Os sistemas de aprovação não devem permitir qualquer indicação da aprovação no próprio produto e não
isentem o produtor do insumo de cumprir com as demais exigências legais que regulamentem esse segmento.
As certificadoras que emitem certificados ou permitem o uso de sua marca de certificação em insumos, além
das medidas especificadas em 1.14, devem documentar os procedimentos de inspeção e certificação, incluindo
os requisitos definidos para certificação neste instrumento, devendo ser claramente indicadas a freqüência de
inspeção e as exigências não-referentes à composição do produto, que serão objeto de inspeção e que serão
avaliadas no processo de certificação como poluição ambiental, riscos de contaminação, etc.
As certificadoras deverão incluir nos seus procedimentos de inspeções a avaliação dos seguintes aspectos:
- relações comerciais.
Com relação aos aspectos ambientais, deverá ser observado o que determina a legislação ambiental nos
âmbitos federal, estadual e municipal.
2Da certificação
As decisões relativas ao processo de certificação, que abrangem a aprovação inicial das unidades certificadas,
mas também a subseqüente aprovação de produtos, mudanças na produção, adoção de medidas disciplinares
e outras, devem ser tomadas por um Conselho de Certificação, cujos critérios para funcionamento devem ser
adotados em consonância com as normas oficiais vigentes.
A estrutura das certificadoras assegurará que cada decisão de certificação seja tomada por pessoas não-
envolvidas com as atividades de inspeção, de maneira que seja assegurada a competência funcional suficiente.
O critério para a seleção de membros para o Conselho de Certificação deve refletir diversidade, sem
predomínio de qualquer interesse específico.
522
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
As certificadoras devem adotar políticas e procedimentos regulamentados, nos quais sejam obrigatoriamente
abordadas disposições sobre:
2.2.1todas as etapas do processo de certificação, desde a análise da solicitação inicial até a certificação final;
2.2.5casos de indeferimento do pedido de certificação com as razões que motivaram aquela decisão
claramente justificadas;
2.2.8encaminhamento de registros pertinentes, quando solicitado pela unidade certificada, à outra certificadora;
2.2.10providências cabíveis nos casos de irregularidades que devem ser adotadas com a mais alta prioridade.
2.3Das exceções
As certificadoras devem adotar critérios claros e procedimentos para os casos em que podem ser adotadas
exceções às normas de certificação e submetê-los, por meio do CEPOrg, à aprovação do CNPOrg. Estas
concessões especiais devem ser limitadas a um período de tempo definido e suas razões devem ser
justificadas em bases técnico-científicas, ambientais e sociais.
2.4Dos recursos
As certificadoras devem possuir procedimentos para análise de recursos apresentados contra decisões de
certificação, devendo manter registro de todas os recursos impetrados e documentar as ações decorrentes. As
pessoas responsáveis pelas decisões questionadas não podem estar envolvidas na análise dos recursos.
Os arquivos sobre as unidades certificadas devem ser atualizados e conter todo o histórico, informações
pertinentes e especificações dos sistemas de produção e processamento e dos produtos. As certificadoras
devem dispor de dados relevantes sobre todas as unidades certificadas, incluindo quaisquer unidades
subcontratadas e membros de grupos de produtores.
Os relatórios de inspeção e documentação escrita devem conter informação suficiente para que a certificadora
tome decisões competentes e objetivas.
Os arquivos devem demonstrar o modo no qual cada procedimento de certificação foi aplicado, incluindo os
relatórios de inspeção e os resultado de medidas disciplinares impostas.
523
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
2.6Dos registros
Devem ser mantidos registros sobre irregularidades, precedentes, exceções e medidas disciplinares que
existam de cada unidade certificada, de modo a ser possível um fácil acesso às informações e permitir uma
visão geral da situação.
Estas informações devem estar disponíveis, tanto nos arquivos individuais das unidades certificadas como num
arquivo separado.
O sistema de certificação deve estar baseado em acordos formais e responsabilidades claras firmados por
todas as partes envolvidas na cadeia de produção de um produto certificado.
As unidades certificadas devem assumir compromissos formais, obrigando-se, entre outras providências, a:
2.8.2consentir com a realização de inspeções, incluindo as realizadas pelo órgão credenciador das
certificadoras;
As certificadoras não devem permitir sucessivos ingressos e saídas de unidades certificadas no sistema de
certificação.
524
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
As medidas disciplinares devem ter efetividade e devem ser aplicadas segundo procedimentos claros.
A certificação de uma unidade certificada deverá ser suspensa, por período determinado, nos casos de
irregularidades graves.
As certificadoras devem possuir diretrizes relativas ao uso de sua marca ou outra referência para a certificação,
devendo exercer controle apropriado sobre o uso de suas licenças, certificados e marcas de certificação.
O uso enganoso de licenças, certificados, marcas ou quaisquer referências indevidas ao sistema de certificação
deve ser submetido a medidas corretivas apropriadas, da mesma forma que no caso de uso das marcas ou
selos em unidades produtoras não-certificadas.
2.12Dos certificados
2.12.5data de emissão; e
2.12.6validade.
As certificadoras somente podem emitir certificados se o vendedor fornecer todos os detalhes necessários. A
emissão só pode se dar após a certificadora adotar procedimentos adequados para verificar a veracidade das
informações fornecidas.
Deverão ser adotadas medidas para que os certificados contenham informações suficientes, visando à
prevenção do uso fraudulento.
As cópias dos certificados de transação emitidos serão arquivadas, de modo a permitir fácil acesso nas
auditorias de supervisão nas unidades certificadas.
As certificadoras devem ter regulamentados procedimentos que permitam às unidades certificadas emitir
declarações de transação, que devem conter:
525
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
2.14.5descrição clara dos produtos, sua quantidade e, quando relevante, a qualidade e a estação de colheita;
2.14.9a declaração da unidade certificada de que o produto foi produzido de acordo com as normas aplicáveis;
e, quando aplicável
As certificadoras assegurarão que cada unidade certificada terá, por ocasião da solicitação e no decurso do
processo de certificação:
As unidades certificadas devem ter direito a cópias dos relatórios de inspeção e a qualquer outra
documentação relacionada à certificação da produção, a menos que os documentos sejam
confidenciais, como as reclamações arquivadas, e as seções confidenciais dos relatórios de inspeção e
outros, de acordo com os critérios de confiabilidade definidos pelas certificadoras.
As certificadoras devem requerer que cada unidade certificada tenha um sistema de registro adaptado ao tipo
de produção que permita a obtenção, por ela, de informações para realizar as verificações necessárias sobre
produção, armazenamento, processamento, aquisições e vendas.
As certificadoras devem possuir regras para a produção subcontratada, situações em que uma unidade
certificada tem produção subcontratada de outras entidades prestadoras de determinados serviços como
armazenamento, manipulação, processamento, etc, que devem, pelo menos:
2.17.3exigir que a unidade principal tenha responsabilidade completa pela produção subcontratada.
526
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
As certificadoras devem determinar que os contratos, entre a unidade certificada principal e a subcontratada,
incluam cláusulas relativas ao cumprimento das normas, à obrigação de fornecimento de informações e
concessão de acesso à certificadora. As certificadoras devem assegurar que cada unidade subcontratada tenha
disponível a versão atual das normas aplicáveis e uma descrição geral do sistema de certificação.
As certificadoras que adotarem procedimentos especiais para certificação de pequenos produtores, projetos de
assentamento e outras circunstâncias semelhantes devem possuir regulamentação dos procedimentos para
inspeção destes grupos que, freqüentemente, diferem dos aplicáveis às unidades certificadas individuais.
Nestes casos, pode ser adotada sistemática de inspeções anuais que não abranja todas as unidades
individuais.
Para a certificação desses grupos, todas as unidades individuais têm que ser objeto de inspeção inicial pela
certificadora.
As certificadoras devem restringir sua atuação aos grupos que atendam aos seguintes requisitos:
2.18.3tenham organização e estrutura suficientes para assegurar um sistema de controle interno que garanta a
adoção, por parte das unidades individuais, dos procedimentos regulamentados;
2.18.4possuam registros do controle interno para fiscalização pela certificadora onde esteja assegurado que:
2.18.4.1 as inspeções internas em todas as unidades sejam realizadas ao menos uma vez por ano;
2.18.4.2 novas unidades somente sejam incluídas após a realização de inspeções pela certificadora;
2.18.4.3 as inspeções internas abordam adequadamente a adesão das unidades individuais aos objetivos
comuns do grupo;
2.18.4.5 registros adequados de inspeções sejam mantidos pelo sistema interno de controle;
2.18.4.7 as unidades têm adequada compreensão das normas e padrões, e o sistema de controle interno
auxilia na adoção de seus princípios.
Todas as unidades do grupo devem ter acesso a uma cópia das normas ou das seções pertinentes das normas,
apresentadas de forma adaptada ao seu modo de expressão, capacidade e conhecimento.
A administração do grupo deve assinar um acordo formal, para definir a responsabilidade do grupo e de seu
sistema de controle interno, em que deve ser incluída a exigência do compromisso de todas as unidades
individuais ao cumprimento das normas vigentes e de permitir a realização de inspeções.
As inspeções da associação devem ser feitas pelas certificadoras, devendo incluir inspeções de uma
porcentagem de unidades individuais. A porcentagem de unidades sujeita a inspeção, no mínimo de 25% dos
associados e cujos critérios de cálculo devem estar definidos pela certificadora, levando em conta o número de
527
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
operações envolvidas, o tamanho de cada uma, o grau de uniformidade, o sistema de produção e a estrutura
administrativa.
A avaliação do sistema de controle interno deve ser empreendida pelo menos uma vez ao ano pelas
certificadoras, devendo ser totalmente documentada.
As certificadoras devem manter informações básicas sobre todas as unidades individuais. Estas informações
deverão incluir a identificação, nome, ano de ingresso no grupo, mapa de localização da área, área da
propriedade, receita proveniente das colheitas, as últimas inspeções interna e externa e os registros de
produção.
A certificadora deve ter regulamentada uma política clara de sanções no caso de irregularidades frente às
normas e padrões, incluindo a identificação das falhas no sistema de controle interno, como situações em que
irregularidades graves forem apuradas pelas certificadoras e não pelo sistema de controle interno. Devem
possuir procedimentos para suspensão da certificação da associação, nos casos de falha do sistema de
controle interno.
Os procedimentos adotados pelas certificadoras para transferência de certificação devem estar claramente
regulamentados.
Deve haver um registro formal de certificadoras, credenciadas ou reconhecidas, que são aceitas. A inclusão
neste registro se faz com base em visita recente e adequada para avaliação e relatório, conduzida pela
certificadora que concede a aceitação ou por terceiros, no credenciamento junto ao Órgão Colegiado Nacional e
no reconhecimento, pelo CNPOrg, de sistema de credenciamento considerado equivalente ao nacional, para
certificadoras estrangeiras registradas no Brasil, ou certificadoras estrangeiras cujos produtos estão sendo
importados.
Toda a documentação dos sistemas registrados, inclusive normas, procedimentos de inspeção e certificação e
relatórios de avaliação devem estar disponíveis.
Deve ser assinado um contrato entre as certificadoras, que determine as obrigações das partes, o que também
pode ser um acordo multilateral. Este contrato deve observar, pelo menos, as seguintes providências:
2.19.2os procedimentos e condições para aceitação de um produto certificado pela outra parte;
2.19.3a obrigação da informação à outra parte, das alterações do programa ou das normas e padrões;
2.19.5as indenizações;
2.19.6a obrigação de informação à outra parte, nos casos de cancelamento de credenciamento ou ocorrências
similares;
528
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
As certificadoras somente podem aceitar projetos ou produtos certificados por outras certificadoras se as
seguintes condições forem preenchidas:
2.20.2os relatórios de inspeção recentes e outra documentação relevante devem estar disponíveis;
2.20.3as certificadoras devem avaliar as salvaguardas para garantir a integridade e a competência dos
inspetores e das inspeções. A avaliação deve ser documentada e demonstrar a utilização de critérios objetivos;
2.20.4a certificação desses projetos e produtos deve ser feita por um tempo limitado, com fito em critérios
estabelecidos nas normas de cada certificadora, e sujeita a revisões anuais.
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Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
GLOSSÁRIO
541
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
A
Adubo verde: Matéria orgânica adicionada ao solo através do cultivo e incorporação de uma
espécie de cobertura, geralmente leguminosa ou gramínea.
B
Banco de sementes do solo: Total de sementes presentes no perfil do solo, nativas ou exóticas
introduzidas de fora da área.
542
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
C
Cadeia produtiva: Todo processo produtivo de um produto orgânico, desde sua origem até a entrega
final ao consumidor, envolvendo planejamento, produção ou criação, colheita ou abate,
beneficiamento, processamento, embalagem, transporte e venda.
Ciclos naturais: Ciclos de nutrientes e minerais nos agroecossistemas, que tem efeitos na
produtividade da área. Os ciclos naturais envolvem os solos, as águas, as plantas e os animais.
Cobertura viva: Uma cultura de cobertura que é plantada na mesma área da cultura principal,
intercalada no espaço ou no tempo. Geralmente utiliza-se de ervas espontâneas e espécies de adubos
verdes (leguminosas ou gramíneas).
Comunidade rural: Grupos de pessoas e famílias que residem num mesmo local (microbacia, vila ou
distrito).
Consumidor: (1) Um organismo que ingere partes ou produtos de outros para obter sua energia
alimentar. (2) Pessoa ou população que consome alimentos para sua manutenção física.
Conversão: Mudança do sistema de manejo anterior para o manejo orgânico, também chamado de
período de transição. Este período começa no início da aplicação do manejo orgânico e se estende até
ao alcance pleno da estabilidade ecológica e eliminação de possíveis resíduos químicos advindos do
manejo anterior. O tempo mínimo do período de transição é variável em função da natureza das
atividades, do mercado e das organizações certificadoras.
Corredor biológico: Faixas de vegetação nativa mantidas para interligação entre reservas florestais,
matas e outras áreas de preservação permanente, para permitir livre movimentação e acesso de animais
no seu habitat natural.
Corredor de refúgio: Faixas de ervas espontâneas, mantidas no agroecossistema, entre e dentro das
áreas de produção, como forma de abrigar insetos predadores e manter um ambiente propício para a
multiplicação de microrganismos benéficos às plantações e aos animais.
Critério: Um meio para julgar se um princípio foi adequadamente cumprido ou não. Pode ser avaliado
de forma plena (aprovação ou exclusão) ou em escala de intensidade no atendimento do respectivo
princípio.
543
Souza & Resende, 2003. Manual de Horticultura Orgânica
Cultivos em Faixa: Desenho das áreas cultivadas, implantadas em faixas intercalares entre espécies
comerciais ou entre estas e a vegetação espontânea do local.
D
Diversidade: (1) O número ou variedade de espécies em um local, comunidade, ecossistema ou
agroecossistema. (2) O grau de heterogeneidade dos componentes bióticos de um ecossistema ou
agroecossistema.
Diversidade biológica ou Diversidade ecológica: (1) A variabilidade entre organismos vivos de todas
as origens, incluindo terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e complexos ecológicos dos
quais fazem parte; isto inclui diversidade dentro da espécie, entre espécies e, entre espécies e seu
ecossistema. (2) O grau de heterogeneidade da composição de espécies, potencial genético, estrutura
espacial vertical ou horizontal, estrutura trófica, funcionamento ecológico e mudança no tempo, de um
ecossistema ou agroecossistema.
Diversificação: Forma pela qual se opera num agroecossistema, visando aumentar a diversidade
biológica ou ecológica existente.
E
Ecossistema: Uma comunidade de plantas e animais, e seu ambiente físico, que funcionam juntos, de
forma complementar, formando uma unidade interdependente.
Equilíbrio ecológico: Uma condição caracterizada por um equilíbrio geral no processo de modificação
de um ecossistema, que resulta em estabilidade relativa da estrutura e função, apesar de haverem
modificações e perturbações constantes, em pequena escala. Geralmente o termo se aplica aos insetos e
microrganismos atuantes num sistema de produção.
Ervas espontâneas: Espécies de plantas que se originam da área de cultivo, podendo ser espécies
nativas ou exóticas já estabelecidas no banco de sementes do solo.
Ervas nativas: Espécies nativas de plantas ocorrentes dentro das áreas cultivadas.
Espécies nativas: Espécies que se apresentam naturalmente na região, originadas da própria área.
Espécies exóticas: Espécies introduzidas na região, que não são nativas ou originadas da própria área.
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F
Fator abiótico: Um componenente não vivo do ambiente, como solo, nutrientes, luz, fogo ou umidade.
Fator biótico: Um aspecto do ambiente relacionado com organismos vivos e suas interações.
G
Genótipo: A informação genética de um organismo considerada como um todo.
H
Habitat: O ambiente particular, caracterizado por um conjunto específico de condições ambientais, no
qual ocorre uma determinada espécie.
M
Manejo orgânico: Manejo operativo dos recursos naturais da unidade de produção, de acordo com as
normas técnicas da agricultura orgânica.
Micorriza: Ligações fúngicas simbiontes com raízes de plantas, através das quais os fungos fornecem
água e nutrientes a uma planta e ela fornece açúcares aos fungos.
Mineralização: O processo pelo qual os resíduos orgânicos são decompostos para liberar nutrientes
minerais que podem ser utilizados pelas plantas.
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O
Organismo: (1) Um indivíduo de uma espécie. (2) Um conjunto de sistemas inter-relacionados,
operando harmonicamente.
P
Paisagem: Um mosaico geográfico composto por ecossistemas que interagem como resposta à
influência da interação dos solos, do clima, da topografia, da biota e das influências humanas em uma
área.
Período de transição: Período de tempo que começa no início da aplicação do manejo orgânico e se
estende até ao alcance pleno da estabilidade ecológica e eliminação de possíveis resíduos químicos
advindos do manejo anterior. Vide Conversão.
População: Um grupo de indivíduos da mesma espécie que vive na mesma região geográfica. Também
usado genericamente para referir-se a todas as pessoas do planeta.
Princípio: Uma regra ou elemento essencial para o cumprimento correto do manejo orgânico dos
sistemas produtivos.
Produto orgânico: Alimentos produzidos de acordo com as normas técnicas da agricultura orgânica,
oriundos de áreas cultivadas, criações animais, extrativismo, processamento, pesca, dentre outros.
R
Rastreabilidade: Possibilidade de um produto ser rastreado, ou seja, ser acompanhado nas suas
diversas fases de geração ou obtenção.
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S
Sazonalidade de preços: Variação dos preços pagos aos produtos agrícolas durante os meses do ano,
provocada por variações climáticas (variação na oferta) e por oscilações do mercado (alteradas pela
demanda).
T
Transgênicos: Vide Organismos Geneticamente Modificados ou OGM’s.
U
Unidade de produção ou Unidade Produtiva: Propriedade, área de criação animal, unidade de
beneficiamento ou área de exploração extrativista, destinadas à obtenção de alimentos.
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