C4T2 - Capítulo 1
C4T2 - Capítulo 1
C4T2 - Capítulo 1
TOMO 2
“EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS”
TOMO 2
“EDUCAÇÃO AMBIENTAL EM UNIDADES DE
CONSERVAÇÃO E POLÍTICAS PÚBLICAS“
FRancisca mayaRa PEREiRa moREiRa
suEdio alVEs mEiRa
antônio JEoVah dE andRadE mEiRElEs
Edson VicEntE da silVa
(oRganizadoREs)
UFC
Reitor
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte
Prof. Pedro Fernandes Ribeiro Neto
Vice-Reitor
Reitor
Prof. Aldo
Pedro Gondim
Fernandes Fernandes
Ribeiro Neto
Pró-Reitor
Vice-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação
Prof. João
Fátima Maria
Raquel Soares
Rosado Morais
Diretor de Sistema Integrado de Bibliotecas
Jocelânia
Comissão Marinho Maia
Editorial do de Oliveira Edições UERN:
Programa
Chefe da Editora Universitária – EDUERN
Anairam de Medeiros e Silva
Assessoria Técnica:
Conselho Editorial das Edições UERN
Emanoel Márcio Nunes
Isabela Pinheiro Cavalcante Lima
Diego Nathan do Nascimento Souza
Jean Henrique Costa
José Cezinaldo Rocha Bessa
José Elesbão de Almeida
Ellany Gurgel Cosme do Nascimento
Ivanaldo Oliveira dos Santos Filho
Wellignton Vieira Mendes
Projeto Gráfico:
Amanda Mendes de Amorim
Projeto Gráfico
David Ribeiro Mourão
Diagramação
Francisca Mayara Pereira Moreira
Capa e Ilustração
Ana Larissa Ribeiro de Freitas
Revisão
Edson Vicente da Silva
Rodrigo Guimarães de Carvalho
Catalogação
UERN
138 p.
ISBN: 978-85-7621-184-6
UFC
Prefácio
As universidades, institutos de educação e pesquisa e as escolas públicas devem, cada vez
mais, permeabilizar seus muros, como uma rocha calcária, para permitir uma maior porosidade e
infiltração social. Abrir nossas portas e janelas, para saída e entrada de pessoas cidadãs, estudiosos
e pesquisadores, afinal a população brasileira é quem nos constrói e alimenta.
Nosso retorno socioambiental é construir um tecido junto com os atores sociais, líderes
comunitários, jovens entusiastas, crianças curiosas e velhos sábios. A integração entre os conhe-
cimentos científicos e os saberes tradicionais é a base para um desenvolvimento sustentável e
democrático.
Encontros como o V Congresso Brasileiro de Educação Ambiental Aplicada e Gestão Ter-
ritorial têm sido realizados de forma integrada e aberta para a sociedade em geral. Como uma
grande e imensa árvore que vai se desenvolvendo a partir de seus eventos, dispondo para todos
os seus frutos de diletos e diversos sabores, como essas coletâneas e tomos, cultivados por dife-
rentes pessoas desse nosso imenso terreiro chamado Brasil.
Coube a Universidade Federal do Ceará, através de seu Departamento de Geografia, a re-
alização do evento e a organização final dos artigos que compõem os livros, e às Edições UERN,
pertencente à Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, a catalogação e publicação dos
31 livros pertencentes às 07 coletâneas. Essa parceria interinstitucional, que na verdade coaduna
muitas outras instituições, demonstra as redes já estabelecidas de cooperação científica e ideoló-
gica que, em um cenário político-econômico de grande dificuldade para as instituições de ensino
e para a ciência brasileira, se auto-organizam para o enfrentamento dos desafios de maneira ge-
nerosa e solidária.
1. Introdução
As Unidades de Conservação podem ser definidas, a grosso modo, enquanto espaços prote-
gidos que apresentam características naturais relevantes, tendo como função assegurar a repre-
sentatividade de amostras significativas e ecologicamente viáveis das diferentes populações, ha-
bitats e ecossistemas (BRASIL, 2011). As Unidades de Conservação também se impõem enquanto
uma estratégia de conservação territorial e ferramenta para assegurar o uso sustentável dos recur-
sos naturais e propiciar às comunidades envolvidas o desenvolvimento de atividades econômicas
sustentáveis em seu interior ou entorno (BRASIL, 2011; DRUMMOND et al, 2010).
Diante a definição supracitada surge algumas indagações, o que levou e quando se instituiu a
necessidade de criação de áreas próprias para a manutenção de habitats naturais? Para responder
essas difíceis questões há de se remeter a um rebuscado referencial histórico, que não se configu-
ra objetivo do presente escrito, mas a grosso modo é possível dizer que a resposta perpassa pelas
diferentes fases da relação que o Homem, enquanto ser social, apresenta com a natureza.
Santos (1992, p. 97) aborda que os primeiros grupos humanos mantinham uma relação “ami-
gável” com a natureza, já que a organização de produção, da vida social e do espaço respondia
as necessidades e desejos reais, diante disso não ocorria a necessidade de delimitar áreas especí-
ficas para a conservação do ambiente, porém, com o tempo as necessidades de comércio entre
coletividades, a expansão do capitalismo, introduziram “nexos novos e também novos desejos e
necessidades e a organização da sociedade e do espaço tinha de se fazer segundo parâmetros
estranhos às necessidades íntimas ao grupo”. Nessa segunda fase o Homem interpreta a natureza
enquanto um bem de consumo, o que acaba por ocasionar uma crise ambiental com a diminui-
ção do potencial biológico em escala global tornando necessário a instituição de áreas protegi-
das para salvaguardar habitats naturais, espécies, bem como, espaços de lazer, já que o Homem
mesmo sendo um animal social, que se distanciou de sua “natureza primitiva” com o desenrolar
da história da sociedade, ainda necessita do contato com a natureza para a manutenção do seu
bem-estar.
Pontuar onde e quando se estabeleceu a primeira Unidade de Conservação (UC) é algo com-
plexo já que os registros históricos são variados quando se tratam desse assunto, porém é credi-
tado ao Parque Nacional de Yellowstone, localizado no estado do Wyoming, Estados Unidos da
América, criado em 1872, o título de primeiro Parque Nacional do mundo já que é apenas nesse
momento que técnicas e tecnologias especificas passam a ser empregadas para a conservação
estética e científica da natureza (MENIS e CUNHA, 2011).
A partir da segunda metade do século XIX as UCs passam a se consolidar e popularizar em
todo o mundo, sendo que um avanço expressivo é visualizado a partir da década de 1960 median-
te o crescimento da corrente ambientalista em escala mundial. A criação dessas áreas protegidas
são incentivas enquanto uma das ferramentas na busca da solução da crise ambiental que tem se
instaurado mediante a intensificação do modo de produção capitalista. Movimentos de contra-
cultura que se intensificam nesse período tem na busca de uma relação mais sustentável do ho-
mem com a natureza um dos seus pressupostos, esses tentam criar uma nova lógica de consumo,
bem como de políticas públicas visando atingir e influenciar diferentes esferas da sociedade, seja
o governo, empresas privadas, organizações não governamentais ou público comum.
No caso brasileiro a primeira Unidade de Conservação foi o Parque Nacional de Itatiaia no
Estado do Rio de Janeiro, nos anos 1930, o que demonstra que as ações em torno da proteção
ambiental são antigas apesar de ainda incipientes, principalmente quando se leva em considera-
ção alguns biomas como a Caatinga e o Cerrado. No ano 2000, com a Lei n° 9.985 de 18 de junho,
houve um grande avanço na instituição de áreas protegidas em âmbito nacional com a criação do
Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), que seria regulamentada dois anos após.
As Unidades de Conservação integrantes do SNUC podem ser divididas em dois grandes gru-
pos, as de proteção integral, que apresentam maiores limitações de uso por parte da população, e
as de uso sustentável (Tabela 1). As Unidades de Conservação brasileiras podem ser regidas pelos
três níveis de governo (Municipal, Estadual e Federal).
Para alcançar esse conjunto de objetivos, os quais se apresentam um caráter abrangente, di-
versas ferramentas e ações são utilizadas, porém é certo afirmar que uma merece destaque devido
a sua capacidade integradora e interdisciplinar, funcionando enquanto base para a consolidação
de uma atitude sustentável por parte da população, sendo ela a Educação Ambiental.
Rodriguez e Silva (2016) apontam que a Educação Ambiental apresenta múltiplas definições,
as quais partem das diversas vivências e concepções da realidade dos povos, diante disso a Educa-
ção Ambiental pode adquirir um caráter técnico, comportamental, ético, ético-social, entre outros.
Apesar dessa diversidade de significações e correntes teórico-metodológicas os autores apontam
que a maioria delas interpretam a Educação Ambiental enquanto
(...) uma ação planejada do governo que visa, por meio de diversos processos, atingir al-
guma finalidade. Esta definição, agregando diferentes ações governamentais introduz a
idéia de planejamento, de ações coordenadas. Entretanto, as ações classificadas como
políticas públicas são realizadas por diferentes organismos governamentais, nem sempre
articulados entre si.
A sociedade nas últimas décadas, como citado anteriormente, tem voltado a sua atenção
para os aspectos ambientais mediante a crise que tem se instaurado devido ao uso excessivo dos
elementos naturais. Ocorre hoje uma busca pelo consumo de produtos ecologicamente correto
e por ações sustentáveis como nunca antes na história. Esse fato deve perpassar por todos os
estratos sociais, não ficando apenas no consumidor final, na população comum, mas ser alvo de
planejamento das empresas e principalmente dos governos.
A questão ambiental no âmbito político é um assunto sensível e que demanda uma mudança
de paradigmas, já que muitas vezes a conservação da natureza é encarada pelos políticos enquan-
to um empecilho para o desenvolvimento econômico. A falta de conhecimento dos gestores nos
temas relativos às ciências ambientais gera uma ineficiência no cumprimento e monitoramento
das leis conservacionistas brasileiras, que tem uma legislação complexa nessa área e apontada
por muitos como uma das melhores em escala mundial, bem como na cobrança por novas me-
didas que venham a ser necessárias. Falta uma visão de futuro, de enxergar as capacidades e os
limites do ambiente.
Para auxiliar na mudança do aspecto acima citado o papel da Academia é de suma impor-
tância, essa deve desenvolver trabalhos ligados à área ambiental nas mais diversas disciplinas.
Sempre que possível os estudos devem apresentar uma linguagem acessível servindo enquanto
base para medidas de planejamento ambiental e conscientização da importância de se entender
e conservar os elementos naturais. Nesse parâmetro estudos em Unidades de Conservação e no
campo da Educação Ambiental devem ser incentivados, sendo o presente livro um aparato de
experiências ligadas a essas temáticas.
Durante o V Congresso Brasileiro de Educação Ambiental Aplicada e Gestão Territorial foram
apresentados doze trabalhos científicos involucrados em Unidades de Conservação e/ou com te-
mas relacionados a Educação Ambiental e Políticas Públicas. Esses trabalhos foram realizados em
diferentes ambientes naturais e tendo como parâmetro uma diversidade de culturas.
Cada um dos capítulos do livro será discutido de maneira sintética e objetiva, de forma a se
condensar o conteúdo de cada uma das pesquisas apresentadas no evento. De forma completa,
os artigos que constituem esse livro faz parte da coletânea denominada “Educação Ambiental,
Cidadania e Políticas Públicas” que é constituída por cinco tomos.
Local pela Visão de um Morador” é possível desfrutar da construção histórica dessa Unidade de
Conservação na cidade litorânea de Macau, Estado do Rio Grande do Norte, não com base em
artigos científicos, relatórios técnicos ou em discurso estrangeiro, mas pelas palavras de que tem
esse espaço enquanto dia-a-dia, enquanto cotidiano e pertencimento, enquanto lugar.
No escrito as arguições do morador são acrescidas de conceitos e legislações que permeiam
as temáticas das Unidades de Conservação, sendo possível distinguir ao final que a criação da
Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta do Tubarão foi de suma importância, tanto para
a conservação e preservação do meio ambiente daquele local, como também para a sociedade,
apesar da mesma não conseguir visualizar dessa forma em muitos casos. Os autores acrescentam
que deve-se buscar brevemente conservar e melhorar as fragilidades socioambientais que ainda
persistem, mesmo após dez anos de criação da Unidade de Conservação, para elas não se torna-
rem problemas futuros.
A única entre as capitais nordestinas localizadas no interior do continente a cidade de Tere-
sina tem a sua história, identidade e composição ambiental interligada aos cursos hídricos que
cortam o seu território. No capítulo “Rios de Teresina e Políticas Públicas de Conservação sob as Re-
presentações dos Alunos do Ensino Médio da Rede Pública Estadual de Ensino” é possível entender
a importância que os rios Parnaíba e Poti apresentam para a disposição do desenhado urbano e
enquanto elemento natural.
O artigo busca expor as representações dos alunos do nível básico de ensino de Teresina-PI
sobre as políticas públicas ambientais, analisando o caso de suas proposições direcionadas aos
rios Parnaíba e Poti e discutindo as normatizações legais ligadas ao ambiente e as funções dos
diversos atores sociais envolvidos na conservação e preservação destes rios. Sendo que para tal
foi alçado do uso de oficinas didáticas. Os resultados obtidos no estudo expôs a falta de conhe-
cimento por parte dos alunos sobre conceitos relacionados à temática ambiental, percebendo
mudanças nas representações dos participantes após a realização da atividade prática. Sendo as-
sim a instituição de atividades como as desenvolvidas no presente estudo dispõem de resultados
válidos ao gerar comportamentos ativos e comprometidos dos alunos, sendo importante a sua
replicação em diferentes locais e escalas.
Levantar uma discussão sobre o processo de constituição das Unidades de Conservação de
Desenvolvimento Sustentável (US) e o papel que essas apresentam na resolução de conflitos (para
além da disputa pela posse da terra) na zona costeira do Ceará configura o escopo do capítulo
intitulado “Unidades de Conservação de Desenvolvimento Sustentável no Ceará: Direitos, Processos e
Resolução de Conflitos”. Por meio de uma fundamentação teórica, levantamento histórico, da aná-
lise da atual situação de US já estabelecidas, como as Reservas Extrativistas do Batoque e da Prai-
nha do Canto Verde, e de um diagnóstico das propostas vigentes o estudo se consolida enquanto
uma importante ferramenta para o entendimento da instituição dessas unidades enquanto uma
estratégia de manutenção de comunidades tradicionais e de garantia do direito aos territórios.
A última experiência presente nesse livro é encontrada no capítulo “Unidades de Conservação
Municipais em Teresina – PI: Parque Ambiental Floresta Fóssil” o qual vem reafirmar a importância
das Unidades de Conservação para a manutenção de espaços naturais em diferentes escalas e pa-
râmetros, seja na preservação dos aspectos da biodiversidade e geodiversidade, ou, na melhoria
de qualidade de vida das populações que usufruem ou são cercadas por esses refúgios naturais.
O estudo realiza uma discussão, por meio de levantamento bibliográfico e análise do plano de
manejo, sobre a atual situação do Parque Municipal da Floresta Fóssil, localizado na cidade de
Teresina – PI. Assim como diversas unidades de conservação no Brasil, que apresentam sua deli-
mitação apenas no âmbito legal sem a presença de medidas eficazes de proteção ambiental, foi
constatado que a área se encontra em situação de abandono e descaso. Sendo assim o artigo se
levanta enquanto uma forma de atrair atenção aos órgãos gestores mediante a degradação que
3. Considerações Finais
A Educação Ambiental cada vez mais deve ser incentivada nos diferentes estágios de forma-
ção, do ensino fundamental ao superior, essa deve apresentar um caráter interdisciplinar capaz de
cativar o interlocutor e ser uma ferramenta na consolidação de uma consciência ambiental com-
pleta capaz de gerar atitudes conservacionistas por parte da sociedade. Indo além é certo afirmar
que a Educação Ambiental deve aparecer nos planejamentos enquanto uma Política Pública dada
a importância que apresenta na diminuição da poluição, desmatamento, queimadas e demais
problemas de degradação ambiental, sendo assim uma forma de contenção de gastos para o Es-
tado e melhoria da qualidade de vida da população.
As diversas experiências contidas nesse livro demonstram a riqueza de temas e metodologias
presentes em meio aos estudos no campo da Educação Ambiental em Unidades de Conservação
e Políticas Públicas. Seja por meio de uma abordagem mais teórica ou de caráter prático os estu-
dos demonstram a importância desses campos para a instituição do desenvolvimento sustentá-
vel. É esperado que os mesmos se estruturem enquanto base na elaboração de novos trabalhos
em diferentes áreas pelo Brasil, ou seja, que constituam sementes replicadoras de conhecimento
na busca de uma educação pautada na autonomia e de políticas públicas voltadas no respeito ao
meio ambiente.
Referências
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Acesso em 28 de Agosto de 2016.
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RUA, M. G.. Análise de Políticas Públicas: Conceitos Básicos. In: RUA, Maria das Graças; VALADÂO,
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MENIS, P.; CUNHA, I. P. R.. Unidade de Conservação: Breve Histórico. Revista UNI. v. 1, n° 1, p. 53-62,
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RODRIGUEZ, J. M. M.; SILVA, E. V.. Educação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável: Proble-
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e de Políticas Públicas. GEOgraphia (UFF), v.4, nº 8, p. 77-106, 2003.
Resumo Abstract
Este artigo objetiva demonstrar a partir de breve This article aims to demonstrate, in a brief essay,
ensaio as possibilidades de aplicação da geoin- the possibilities of application of geoinformation
formação na gestão de programas de Educação in the management of Environmental Education
Ambiental. O objeto de análise é o Programa de programs. The subject of this analysis is the Envi-
Educação Ambiental desenvolvido pela Itaipu ronmental Education Program developed by Itai-
Binacional e parceiros na Bacia Hidrográfica do pu Binacional and partners in the Paraná Basin 3.
Paraná 3, no âmbito do Programa Cultivando The program is developed within the scope of the
Água Boa. Trata-se de um convênio de coopera- Programa Cultivando Água Boa (Cultivating Good
ção técnico-científica e financeira entre a Itaipu Water Program), an agreement of technical, scien-
Binacional e a Fundação Parque Tecnológico de tific and financial cooperation between Itaipu
Itaipu, por meio do Centro Internacional de Hi- Binacional and the Fundação Parque Tecnológico
droinformática (CIH). O mapeamento dos atores de Itaipu (Itaipu Technological Park Foundation),
e ações do programa permitiu visualizar a rede made possible by the Centro Internacional de Hi-
de atores sociais, a capilaridade da mobilização droinformática (CIH). The mapping of the agents
social e a força social associada ao programa que and actions of the program allowed visualizing
se estrutura e enraíza a partir das intervenções the network of social agents, the capillarity of so-
educadoras. cial mobilization and the social strength associa-
ted with the program that structures itself and is
Palavras-Chave: Coletivo Educador, Capilarida- rooted in educational interventions.
de, Indicadores de processo e resultados.
Keywords: Collective Educator, Capillarity, Pro-
cess and results indicators.
1. Introdução
O Coletivo Educador é o encontro de um grupo de pessoas, que trazem o apoio de suas ins-
tituições, e participam de um amplo processo educativo continuado, dialógico, democrático e
orientado para a totalidade de um território. Apoiado nas diretrizes do ProFEA, os coletivos têm
Municípios de abrangência 29 29 29 29 29
Coletivos Educadores Municipais 29 29 29 29 29
Implementados
Gestores/as Municipais de Educa- 70 70 70 70 70
ção Ambiental
Educadores e Educadoras Am- 274 350 300 300 209
bientais (PAPs3) formados
Comunidades de Aprendizagem 150 81 81 50 80
Integrantes das Comunidades de
Aprendizagem (PAPs4) 2.757 7.000 7.000 7.015 4.340
executados em 84% dos municípios da Bacia do Paraná 3. Os outros campos de aproximação são
os projetos de arborização e ajardinamento (60%), de revitalização de espaços públicos (52%) e
de revitalização de nascentes e cursos d´água (72%). Outras ações, citadas com menos frequên-
cia, também fazem parte deste cenário: reflorestamento, agricultura familiar, plantas medicinais,
projeto de recolhimento de pilhas e baterias, monitoramento participativo da qualidade de água,
projetos realizados nas escolas municipais, projeto memória do município, projeto cisterna, fórum
de Educação Ambiental e eventos realizados em datas comemorativas.
Ao longo dos anos, é possível afirmar que o trânsito de pessoas que participaram do movi-
mento do Coletivo Educador da Bacia do Paraná 3 foi intenso. Muitos dos integrantes encerram
sua participação com o término dos ciclos educativos, enquanto outros interrompem seu percur-
so de formação, pelos mais variados motivos. Por outro lado, o processo de formação expande e
ganha novos atores, além daqueles que buscam retroalimentação, permanecendo no coletivo ao
longo dos anos.
Como principais avanços destacamos: o pertencimento dos educadores e educadoras forma-
dos pelo programa FEA. Em sete anos de realização do programa, a demanda de novos participan-
tes é crescente, assim como o interesse de permanência no programa. Já são mais de 1000 educa-
dores e educadoras envolvidos nas formações. Além disso, um segundo aspecto é a mobilização
de pessoas e ações realizadas por meio das Comunidades de Aprendizagem, são mais de 200
Comunidades de Aprendizagem constituídas e que articulam mais de 10.000 PAP4. O potencial de
ação dessas Comunidades de Aprendizagem é percebido através dos inúmeros projetos que são
desenvolvidos por elas, e surpreendem no que tangem a diversidade de segmentos envolvidos e
temas trabalhados.
Ressaltamos ainda a constituição dos Coletivos Educadores Municipais, existentes nos 29 mu-
nicípios da BP3. A partir do ano de 2009, com a exitosa experiência do Coletivo Educador, pessoas
de diferentes segmentos se reúnem para a reflexão, realização de diagnóstico socioambiental da
realidade do município e para planejar ações e intervenções (CASALE, 2013). Desta forma, os cole-
tivos vêm conquistando diversos resultados positivos, como empoderamento e envolvimento da
sociedade nas questões socioambientais, e ainda recursos financeiros para elaboração de projetos
socioambientais, já são 55 projetos contemplados com fundo de apoio a projetos da BP3, fruto
do Convênio entre Itaipu Binacional e Conselho de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros ao
1 Os dados quantitativos e qualitativos relacionados aos Coletivos Educadores Municipais se reportam ao ano de 2012, e
foram obtidos através de questionário aplicado aos integrantes dos Coletivos Educadores Municipais.
Lago de Itaipu2.
Além dos diversos resultados positivos alcançados é notável como a EA potencializou, não
somente a formação humana, mas também desencadeou a melhoria dos aspectos ambientais na
região, como por exemplo, recuperação de matas ciliares, monitoramento da qualidade da água,
através de metodologia participativa; limpeza e proteção de nascentes, envolvendo principalmen-
te os agricultores nas ações.
Ainda, com a realização do FEA podemos constatar alguns fatores determinantes para a efi-
cácia e replicação do Programa. De acordo com Viezzer et al (2007), é fundamental partilhar e
trabalhar com as instituições que interagem com o Coletivo Educador, além de estratégias como,
formação didático-pedagógica; elaboração de materiais; valorização da EA na política pública mu-
nicipal; otimização de recursos; elaboração de projetos e captação de recursos, entre outros. Daí a
importância da Educação Ambiental, enquanto um processo pedagógico participativo de trans-
formação socioambiental, como vem sendo delineado pelo Programa FEA.
Importa salientar que a articulação do programa é realizada por um grupo de Gestores de EA
(ver Figura 1) formado por representantes do poder público e sociedade civil dos 29 municípios
da BP3, esses gestores são facilitadores das ações e programas de Educação Ambiental. Atual-
mente são cerca de 70 gestores, com atribuições que vão além da articulação do programa FEA. O
empoderamento desses gestores é significativamente reconhecido no território e são um elo de
parceria entre Itaipu Binacional e os municípios, com o intuito de juntos construírem estratégias
de fortalecimento de políticas públicas socioambientais e melhoria da qualidade de vida nos mu-
nicípios da BP3.
Os gestores/as municipais de educação ambiental participam diretamente com a equipe en-
volvida na gestão dos processos educativos e na tomada de decisões e alinhamento da agenda
anual de formação. Eles/as também são importantes agentes na busca por recursos para projetos
da Educação Ambiental e na articulação entre os grupos PAPs3, PAPs4, instituições parceiras e
outros movimentos organizados nos municípios. A presença dos/as Gestores/as de Educação Am-
biental nos conselhos municipais, nos comitês gestores do Programa Cultivando Água Boa e das
bacias hidrográficas é bastante comum, aspecto que conecta a Educação Ambiental aos processos
de gestão ambiental, organização e mobilização social.
Figura 1 – A estrutura em rede do Programa de Educação Ambiental do Cultivando Água Boa atrelada ao
Gestor de EA. O Gestor é o articulador entre a Itaipu Binacional e o território para o desenvolvimento das
ações do Programa de EA do Cultivando Água Boa. (Fonte: Nativa Socioambiental, 2016).
2 O Conselho de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros ao Lago de Itaipu é formado por representantes das Prefeitu-
ras Municipais, Câmaras de vereadores e Associações Comerciais dos dezesseis municípios Lindeiros. Surgiu devido à necessidade
que se apresentava nestes municípios, que viviam a expectativa dos royalties, de um órgão que os representasse. Pois, embora
existisse a AMOP - Associação dos Municípios do Oeste do Paraná, havia a necessidade de uma organização que defendesse especi-
ficamente os interesses dessa região ribeirinha, por isso, representantes desses três segmentos se reuniram juntamente com outras
autoridades da região e da Itaipu Binacional, formando o Conselho em 1990.
PROJETO
MUNICÍPIO ESCOLA
Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (DEA/MMA). Elas são constituídas por uma biblioteca
ambiental, composta por materiais encaminhados periodicamente pelo DEA/MMA ou doações, e
devem atuar de acordo com um projeto político-pedagógico, documento capaz de conferir estru-
turação ideológica, política, material, pedagógica e metodológica a esses espaços.
Os Espaços Verdes são centros de educação ambiental situados na Bacia do Paraná 3, concebi-
dos e estruturados nos mesmos moldes das Salas Verdes. A implementação destes espaços ocor-
reu por meio da parceria entre prefeituras municipais, Programa Cultivando Água Boa e Conselho
de Desenvolvimento dos Municípios Lindeiros ao Lago de Itaipu.
A aproximação entre Salas Verdes, Espaços Verdes e Coletivos Educadores é uma das estraté-
gias concebidas com o intuito do fortalecer o enraizamento da Educação Ambiental na Bacia do
Paraná 3. A implementação das Salas Verdes na Bacia do Paraná 3 ocorreu paralelamente ao movi-
mento para a constituição do Coletivo Educador, entre 2004 e 2006. Ao final do primeiro ciclo de
formação do FEA, em 2007, existiam 17 Salas Verdes nesta região, número que se mantém até os
dias atuais. Os 13 Espaços Verdes localizados nos municípios da Bacia do Paraná 3 foram instalados
a partir de 2008, ver Tabela 3.
O potencial educomunicativo das Salas e Espaços Verdes passou a ser reforçado em 2012,
por meio da articulação com o Projeto de Formação de Comunicadores Comunitários – Web Rádio
Água (WRA). A produção de mídias educomunicativas é possível por meio da utilização dos recur-
sos da Rádio Web instalados nas estruturas educadoras.
web rádio oferece, possibilitando identificar ações de mediação que possam gerar maior resulta-
do de participação dos comunicadores.
A mediação de matérias se refere ao processo de relacionamento e interlocução com os Co-
municadores Comunitários e tem por objetivo incentivar a produção e difusão de conteúdos so-
cioambientais nos 29 municípios da bacia. O acompanhamento técnico dos conteúdos ocorre à
distância, por correio eletrônico, diariamente.
A postagem e difusão dos conteúdos são realizadas através da plataforma Web Rádio Água,
dentro da qual os Comunicadores Comunitários têm a possibilidade de publicar, na página princi-
pal da WRA, conteúdos em áudio + texto: matérias de rádio jornalísticas, entrevistas, entre outros
conteúdos. Os conteúdos em texto + foto + vídeo: matérias produzidas, matérias de outros portais
e textos diversos podem ser publicados no blog de cada município na página da WRA.
Em 2012, foram realizadas duas turmas de formação dos Comunicadores Comunitários, num
total de 127 pessoas nos 29 municípios da BP3, e 21 matérias veiculadas entre os meses de agosto
a dezembro. No ano de 2013, uma nova turma foi formada, com 70 participantes de 26 municípios
tendo sido veiculadas, entre os meses de junho e dezembro, 52 matérias.
Em 2015, participaram da oficina de formação 55 pessoas, de 22 municípios, tendo sido vei-
culadas, entre os meses de agosto e dezembro, 9 matérias.
As matérias produzidas e publicadas pelos/as Comunicadores/as Comunitários/as da Bacia
do Paraná 3 retratam as diversas atividades de Educação Ambiental que ocorrem neste território e
apresentam o desenvolvimento de suas ações em Unidades de Conservação, grupos de pesquisa,
Coletivos Educadores, Salas e Espaços Verdes, escolas de educação básica, museus e na comuni-
dade. Essa abrangência de espaços alcançados reforça a determinação das políticas públicas de
Educação Ambiental que deve ocorrer em espaços formais, não-formais e informais.
Pôde-se perceber ainda que os jovens pelo domínio das tecnologias de comunicação em
rede e também pela visão que têm da necessidade de transformação social e ambiental em seu
pedaço compõem um perfil identificado pelo Programa de Educomunicação Socioambiental do
ProNEA.
Buscou-se até aqui apresentar o cenário do programa de EA na BP3 para em seguida propor
a geoinformação como importante ferramenta de gestão de dados, análise de resultados e de
processo do programa, auxiliando na gestão estratégica.
A ferramenta da geoinformação agrega valor aos programas de Educação Ambiental por pos-
sibilitar análise de processos e resultados, dentro da mesma lógica educativa, pois os processos
vinculados à geoinformação aplicada partem de formatos colaborativos e participativos de ges-
tão de dados territoriais. O processo de construção da plataforma de gestão de dados e interface
com o usuário deve ser reflexo da construção colaborativa do Coletivo Educador, de determinada
comunidade, município, associação, ou corporação.
A geoinformação ao integrar dados territoriais, socioambientais e de gestão (programas) pos-
sibilita a interação do saber dos diferentes atores sociais agregados no coletivo educador, permi-
tindo análises técnicas e orientando à tomada de decisão relativa aos processos e resultados do
programa de educação ambiental. Esta ferramenta permite ainda a partir da vivência do Coletivo
Educador a identificação das necessidades de formação e aprimoramento do indivíduo e do co-
letivo, com o objetivo de aprimorar a leitura e interpretação da realidade socioambiental e dos
processos de mobilização social dando maior agilidade e consistência ao programa de EA, seja na
gestão, ou no acompanhamento das atividades desenvolvidas pelas Comunidades de Aprendiza-
gem.
Esse ensaio foi importante para tornar evidente algumas inferências que a equipe gestora do
programa tinha do desenvolvimento do programa e também por permitir vislumbrar outros des-
dobramentos da interface com a geoinfoirmação. Dentre eles, a identificação temática dos proje-
tos das Comunidades de Aprendizagem em paralelo às ações do CAB e os problemas ambientais
observados no território; o perfil do gestor e a capilaridade da intervenção socioambiental; a ação
do educador ambiental e a mobilização das Comunidades de Aprendizagem, por exemplo.
Outro desdobramento inicial foi a identificação de padrão de indicadores, assim, o primeiro
eixo de indicadores refere-se à participação, o segundo a qualidade ambiental e o terceiro a qua-
lidade de vida, descritos em sequência (CARVALHO, 2013).
Participação – como as pessoas, instituições, grupos, projetos e estruturas estão atuando em
Educação Ambiental; como a educação emerge nos mecanismos de participação social nas po-
líticas públicas (orçamento participativo, plano diretor participativo, conselhos municipais, etc.);
qual o nível de representatividade por segmento social (relação entre pessoas/instituições); se há
equidade de participação dos segmentos sociais;
Qualidade ambiental – como a cobertura vegetal foi regenerada ou é conservada/preserva-
da (matas nativas, matas ciliares, reservas legais e arborização urbana nos espaços públicos); qua-
lidade dos serviços de saneamento (quantos domicílios ou habitantes têm acesso aos serviços
prestados; regularidade e qualidade destes serviços, nível de satisfação dos usuários, etc.), dentre
outros;
Qualidade de vida – existência de programas de educação que previnam doenças de veicu-
lação hídrica ou resultantes de outras formas de contaminação ambiental; como se dá as relações
de trabalho existência de Eco-trabalho e de cooperativas de catadores, respeito à questão de
gênero, ações voltadas à erradicação do trabalho infanto-juvenil; a oferta de equipamentos e
serviços públicos é suficiente e considera o tipo de habitação e a capacidade de pagamento dos
usuários (ligação domiciliar/tarifas/taxas); programas de capacitação que contribuam para o for-
talecimento da identidade, auto estima, cidadania e grau de satisfação com a vida cotidiana, taxa
de alfabetização e de escolarização; como a geração de renda, a agricultura familiar, o turismo
rural estão ocorrendo.
Considera-se que o uso da informação territorial é importante tecnologia na construção de
sociedade sustentável, desde que associada aos processos de educação socioambiental (partici-
pativa, mobilizadora e crítica). Trata-se do uso integrado de geotecnologias e tecnologias sociais.
Cada vez mais objetivaremos promover a interface entre os programas de Educação Am-
biental e o uso de geotecnologia, com vistas ao melhor gerenciamento do programa e, ao mesmo
tempo, avançar na operacionalização dos indicadores de processo e de resultados.
Esperamos que este breve ensaio possa motivar mais pesquisadores a compor experiências
que integrem a Educação Ambiental às geotecnologias.
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a sUstentaBilidade na administração
púBliCa - Um desaFio a ser alCançado
i. c. b. andRadE
R. R. dE souza
g.g. Faciolli
Resumo Abstract
Este trabalho propõe-se a pesquisar sobre a apli- This paper proposes to research the applicability
cabilidade de conceitos de sustentabilidade em of sustainability concepts in public agencies, par-
órgãos públicos, em especial com relação à ade- ticularly with respect to adherence to sustainable
são a projetos de cunho sustentáveis e que estão nature of projects that are shod in the arguments
calçados nos argumentos das políticas públicas. of public policy. Through applied research in units
Através de uma pesquisa aplicada em unidades of a local authority in the island municipality of
de uma autarquia municipal, no município de Flores / SE / BRAZIL, down San Francisco, was
Ilha das Flores /SE/BRASIL, baixo São Francisco, asked for managers (executive) the perception
foi perguntado para os gestores (executivo) qual and knowledge of these regarding the adoption
a percepção e conhecimento destes com relação of linked projects measures for the inclusion of
à adoção de medidas de projetos vinculados para projects that reduce environmental liabilities
a inserção de projetos que reduzam passivos am- and consequently costs for the municipality. The
bientais e consequentemente custos para o mu- methodology used in this research was the sur-
nicípio. A metodologia utilizada nesta pesquisa vey data; bibliographical research carried out in
foi o levantamento de dados; a pesquisa biblio- books, articles and current legislation as sources
gráfica realizada em livros, artigos e na legislação for gathering information and for the construc-
vigente como fontes para a coleta de informações tion of the theoretical framework. The results of
e para a construção do referencial teórico. Os re- this survey indicate that the majority of public
sultados desta pesquisa indicam que a maioria managers surveyed unaware of the importance
dos gestores públicos pesquisados desconhece a of sustainability as an ally to local progress. Thus,
importância da sustentabilidade como um aliado considering the value of sustainability in public
ao progresso local. Desta forma, considerando o administration as a support in the development
valor da sustentabilidade na administração públi- process: social, environmental and economic. In
ca como um suporte no processo de desenvolvi- view of the effectiveness and applicability in the
mento: social, ambiental e econômico. Tendo em strategic planning process of public institutions
vista a efetividade e a aplicabilidade no processo with a view to the involvement of people to ob-
de planejamento estratégico das instituições pú- tain short, medium and long-term results.
blicas com vistas ao envolvimento das pessoas
para obtenção de resultados a curto, médio e lon- Keywords: Public Policy, Sustainability, Public ad-
go prazo. ministration.
1. Introdução
de responsável pelo estabelecimento das leis e normas que definem os critérios ambientais que
devem ser seguidos por todos os cidadãos. Faz-se necessário a promoção de atitude coerente,
responsabilizando-se também por ajustar seu comportamento ao princípio da sustentabilidade,
tornando-se exemplo de mudança dos padrões de consumo e de produção.
Nas últimas décadas a gestão pública brasileira passou por diversas mudanças, buscando,
sobretudo, a ampliação da eficiência dos fatores de produção e da qualidade dos serviços ofereci-
dos, com o intuito de promover a trajetória da gestão patrimonial e burocrática da administração
pública para a gerencial. (BARBIERI, 2011).
Contrapondo à administração burocrática, que já não desempenhava seu papel, na primeira
metade do século XX apareceu a administração pública gerencial, como estratégia para diminuir
custos e tornar mais eficiente à administração dos serviços sob a responsabilidade do Estado;
como ferramenta de amparo ao patrimônio público; e para amenizar a insatisfação existente con-
tra a administração pública burocrática.
Quanto ao consumo dos recursos naturais, estes, já excede em 30% a capacidade do plane-
ta de se regenerar. Estudiosos indicam que em torno do ano 2030, caso nenhum procedimento
contrário for tomado, seriam preciso mais dois planetas para manter a vida humana da forma que
vem sendo exercida e absorvida pelo seu processo de exploração. (ALIGLERI, 2009). Conse-
quentemente, a proteção ambiental, em face da crescente demanda como a potencialização de
novas possibilidades de oferta ambiental adquiriu importância extraordinária cuja influência so-
bre o desenvolvimento se torna cada vez mais relevante. (BARBIERI, 2011).
Outra questão que vem sendo exaustivamente elucidada, trata-se da cultura do desperdício,
esta, tem se constituído como a marca dos nossos tempos, fruto de um modelo econômico apoia-
do em padrões de consumo e produção insustentáveis, que ultrapassam as camadas de alta renda
e paradoxalmente atinge as camadas menos favorecidas. A economia brasileira caracteriza-se por
elevado nível de desperdício de recursos naturais.
3. Método
4. Resultados e Discussões
Nesta seção será apresentada a análise dos resultados obtidos pelo meio da aplicação dos
questionários. No primeiro momento perguntamos se os gestores conhecem o significado da sus-
tentabilidade. Dentro desta linha, num primeiro aspecto a ser notado é o total desconhecimento
por parte dos gestores do que venha a ser a sustentabilidade e como esta pode auxiliá-lo no
momento de tomada de decisão e no gerenciamento dos recursos públicos. Conforme Figura 01
abaixo:
Quase 92 por cento dos entrevistados não conhecem o significado de que venha a ser a sus-
tentabilidade, apresentando um leve conhecimento. Desta feita, faz-se necessária uma comuni-
cação e empenho por parte dos gestores, em nível estratégico, para dispersão dos desafios da
sustentabilidade e sua representatividade para uma organização pública.
A outra questão diz respeito ao conhecimento, dos gestores, de como o seu município pode
ser beneficiado com a inclusão de projetos que contemplem metas e ações de cunho sustentável
que venham a diminuir as despesas até o ano do pleito político vigente, ou seja, ações e metas que
podem ser cumpridas até o ano de 2016 para diminuição de despesas administrativas municipais.
No tocante aos gestores que conhecem o que significa e a importância da sustentabilidade é
que realizaram ações para a redução de despesas utilizando-se deste conhecimento. Os gestores
ainda falaram que a aplicação de práticas sustentáveis ajudaram na análise, aplicação e controle
das despesas administrativas municipais.
Contudo, o discurso da sustentabilidade, presente nas organizações, principalmente, nos
órgãos públicos, não é ressaltada na prática administrativa habitualmente. (COSTA; TEODÓSIO,
2016). Portanto, faz-se necessário o envolvimento de todos os gestores nas decisões administra-
tivas, principalmente, na esfera municipal, onde todos os munícipes irão se beneficiar com tais
procedimentos. Tendo, por certo, que se sintam realmente parte da organização e se empenhem
com as ações e as metas da sustentabilidade.
5. Conclusões
Referências
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ra/questoes_ambientais/desenvolvimento_suSustentavel /. Acesso em: 22 mar. 2016.
Resumo Abstract
A preocupação inerente ao meio ambiente The concern regarding the environment has
destaca-se nos dias de hoje, e a educação am- great importance nowadays and environmental
biental surge como alternativa de difusão de education arises as an alternative to the diffusion
conhecimentos sobre as práticas sustentáveis. O of knowledge on sustainable practices. The main
principal objetivo deste artigo é sensibilizar as objective of this paper is to reach the awareness
comunidades sobre as relações antrópicas e a na- of the communities about the anthropic relations
tureza. Constatou-se que o processo de difusão and nature. It could be observed that the process
da educação ambiental requer uma mudança no of diffusion of environmental education requi-
comportamento principalmente daqueles que se res a change in the behavior, especially of those
beneficiam dos recursos naturais para sua subsis- who benefit from the natural resources for their
tência. O presente artigo trabalha essa temática subsistence. The present paper works such the-
visando destacar como as comunidades da APA me aiming at highlighting the manner in which
Delta do Parnaíba vêm se comportando em re- the communities in the Environmentally Protec-
lação à utilização do meio ambiente, através de ted Area of the Delta of the Parnaiba behave in
uma análise do desenvolvimento socioeconômi- relation to the use of the environment through
co e ambiental da comunidade de Carnaubeiras an analysis of the social, economical and environ-
e a implantação do ecoturismo de base comuni- mental development of Carnauba trees and the
tária. implementation of community-based ecotou-
rism.
Palavras-Chave: Educação Ambiental, Comuni-
dades, Ecoturismo de Base Comunitária. Keywords: Environmental education, Communi-
ties, Community-based ecotourism.
1. Introdução
A humanidade vive uma cultura de risco, com consequências devastadoras para as pessoas,
espécies e até gerações. Trata-se de uma crise ambiental sem precedentes na história, que se deve
ao ilimitado poderio humano. A degradação ambiental, no âmbito mundial, tem introduzido nos
debates a necessidade de uma mudança de mentalidade, de busca de novos valores, de uma nova
ética, onde a natureza deixa de ser vista apenas como um cenário. A educação ambiental surge
como alternativa para a apreciação das questões ambientais sob sua perspectiva econômica, so-
cial, política, cultural, ecológica e, enfim, como educação política, na medida em que são decisões
políticas todas as que, em qualquer nível, dão lugar às ações que afetam o meio ambiente.
Este artigo trata de uma análise do desenvolvimento socioeconômico e sobre a sensibilização
da educação ambiental nas comunidades da Área de Proteção Ambiental (APA) no Delta do Par-
naíba, território distribuído nos municípios de: Barroquinha e Chaval (Ceará); Água Doce, Araioses,
Paulino Neves e Tutóia (Maranhão); Cajueiro da Praia, Ilha Grande, Luís Correia e Parnaíba (Piauí). A
APA é uma extensa área natural destinada à proteção e conservação dos atributos bióticos (fauna
e flora), estéticos ou culturais, importantes para a qualidade de vida da população local e para a
proteção dos ecossistemas regionais, através da orientação, do desenvolvimento e da adequa-
ção das várias atividades humanas às características ambientais da área. Unidade composta por
ambiente marinho-costeiro: manguezais, praias, restingas, dunas fixas e móveis, planícies flúvio-
-marinhas e lacustres, além da caatinga e áreas de carnaubal.
O cenário de estudo abordado está localizado em uma das comunidades tradicionais de
Araioses, município que se encontra na região Nordeste do Estado do Maranhão, às margens do
Rio Santa Rosa (afluente do Rio Parnaíba) que é cortado pelo Rio Magu (Rio este que tem nascente
no município de Santana do Maranhão) e é uma das portas de entrada para o Delta do Rio Parna-
íba (ou das Américas). No caso o objeto de estudo em questão, é a comunidade de Carnaubeiras,
povoado do município de Araioses-MA, com aproximadamente 2.000 habitantes (IBGE, 2010), que
leva este nome devido à quantidade de pés de carnaúba existentes na região. A grande maioria da
população sobrevive das atividades de subsistência como a pesca e agricultura familiar.
Em virtude disso, dentre as atribuições do Grupo PET (Programa de Educação Tutorial) Turis-
mo, está o desenvolvimento dos mosaicos geográficos, onde são distribuídas as principais comu-
nidades da APA Delta do Parnaíba, sendo que o povoado do município Araioses pertence a esta
categorização, no qual se analisa os aspectos socioeconômicos e a viabilidade da localidade para
a implantação do ecoturismo de base comunitária, cabendo ao PET, o papel de sensibilizar estas
comunidades para o desenvolvimento do ecoturismo de base comunitária, através da inserção do
contexto pedagógico da educação ambiental dentro da comunidade de Carnaubeiras.
No início da década de 1980, a ONU formou a comissão mundial sobre o meio ambiente e o
desenvolvimento, onde tinha como principal foco estudar novas alternativas de sustentabilidade.
Foi lançado um documento denominado “Nosso futuro comum” ou relatório Brundtland. Ele tam-
bém apontava o relacionamento entre os países ricos e pobres como causador do desequilíbrio
ecológico, estabelecendo uma ligação entre pobreza e degradação ambiental e alancava as ne-
cessidades entre os países ricos e pobres.
O mundo hoje passa pelo processo de reeducação ambiental, que gera uma nova ideia, e
reproduz instrumentos capazes de inventar formas de novas alternativas que possa recompor ou
repôs aquilo que foi destruído da natureza ou retirado de alguma forma que afetou o meio em
que hoje a matéria viva ocupa. Podemos classificar como o habito de educar, que significa cons-
truir ou aperfeiçoar aquilo que um dia foi aprendido de forma incorreta, isso mostra que o homem
está cada vez mais preocupado com seu meio, onde se pode notar a escassez ou até mesmo a
extinção de algumas espécies.
O aparecimento de órgãos geradores dessa educação ambiental vem crescendo muito nas
últimas décadas, cada um visando um ponto onde pode se notar uma maior deficiência na bus-
ca da tão sonhada sustentabilidade, além desses órgãos facilitadores de preservação podemos
verificar um aparecimento das instituições de ensino em todas as modalidades, esta iniciativa se
deu desde a chamada interdisciplinaridade do conteúdo aplicado, que permitiu de forma correta
inserir vários outros conteúdos dentro de todas as disciplinas, entre eles a educação ambiental.
As áreas de proteção ambiental tiveram origem a partir de atos e práticas das primeiras so-
ciedades humanas, que reconhecendo valores especiais de determinados espaços com cobertura
vegetal, tomaram medidas para protegê-los. As referências mais antigas são da Índia, Indonésia
e Japão. Essas áreas estavam associadas à presença de animais sagrados, de fonte de água pura,
à existência de plantas medicinais, mitos e fatos históricos. Outras eram criadas como reserva de
caça para famílias reais (Miller, 1997).
Atualmente, segundo a Lei 9.985 de 18 de julho de 2000, sobre Sistema Nacional de Unida-
des de Conservação, define unidades de conservação como, “uma área em geral extensa, com um
certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais
especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas”.
(Brasil, 2000).
A APA é uma das categorias de UC (Unidade de Conservação) que pode ser constituída por
terras públicas e/ou privadas. Na APA deve-se restringir o uso e ocupação do solo, desde que ob-
servados os limites constitucionais e, nas áreas sob propriedade particular, o proprietário é quem
deve estabelecer as condições para visitação e pesquisa de acordo com as exigências legais.
De acordo com o Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC), até junho de 2015,
existem 294 áreas de proteção ambiental no país: 32 na esfera federal, 185 na esfera estadual e 77
na municipal. Dentre elas destaca-se a Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba, unidade de
conservação administrada pelo IBAMA, criada por Decreto Presidencial em 28 de agosto de 1996,
com uma área de 307.590,51 hectares localizada na região meio norte do Brasil, abrangendo os
Estados do Piauí e Maranhão.
A APA Delta do Parnaíba possui uma importante área de zona costeira brasileira por formar o
único delta em mar aberto das Américas, com mais de 75 ilhas e ser um santuário de reprodução
de diversas espécies de peixes, caranguejos, lagostas e camarões. A unidade protege também
estuários onde se reproduz o peixe-boi marinho. Esta APA possui aproximadamente 3.031 km2 e
seu acesso é feito pela BR 343 até Parnaíba, a partir de onde se torna possível visitar o delta por
meio de embarcações.
Através da criação das APA’s surge a tendência pela procura de ambientes naturais. Na déca-
da de oitenta e, mais intensamente na década de noventa do século passado, o Delta do Parnaíba
passou a ser explorado turisticamente pelas operadoras de turismo na região, e com isso nasce às
preocupações inerentes ao meio ambiente. Eleva-se as discussões acerca dos impactos gerados
por este fluxo crescente de pessoas em zonas costeiras que podem ser drasticamente alterados
pela ação humana se não ocorrer um planejamento adequado por parte dos gestores, frutos de
uma atividade sem planejamento, pois foi erguida e ainda ergue-se, apesar do conhecimento já
obtido sobre questões ambientais, infraestruturas em locais frágeis, que precisam de monitora-
mento visando uma melhor qualidade na gestão do espaço, para evitar distorções irreparáveis.
Considerando a área de estudo, a APA do Delta do Parnaíba, torna-se pertinente enfatizar
impactos ocorridos em ambientes naturais. O lixo e resíduos sólidos tornam-se problemas graves.
Depositados nos ambientes naturais, degradam a aparência física e provocam a perda da biodi-
versidade local. Existe também o problema da destinação dos esgotos provenientes das instala-
ções destinadas ao turismo como os hotéis, áreas de lazer, etc., que, por sua vez, também polui
esteticamente ou visualmente quando realizados sem planejamento. Além disso, o consumo do
caranguejo-uçá e peixes da região cresceu exageradamente, causando impactos diretos para a
população local que viam esta atividade como meio de subsistência, e atualmente são explorados
pelos grandes empresários da região, diminuindo as perspectivas de vida dos moradores.
3. Metodologia
Lakatos e Marconi (2003) afirmam que para obtenção de informações e conhecimentos acer-
ca de determinado problema, faz-se necessário à aplicação de questionários. Através deste meca-
nismo, as informações podem ser analisadas e discutidas seus resultados.
Foram feitas visitas técnicas, aplicação de questionários semiestruturado, visitas guiadas, le-
vantamento bibliográfico, rodas de conversas e orientação para implantação do ecoturismo de
base comunitária na comunidade, visando uma contribuição que possa favorecer o andamento
do processo de desenvolvimento de práticas educacionais associadas ao meio ambiente criando
atividades planejadas geradoras da renda da
comunidade e o bem-estar do turista.
4. Resultados e Discussões
A Pesquisa foi realizada com uma amostra de cinquenta e seis entrevistados. Na identificação
desses, observamos um leve equilíbrio com a população masculina de 46,43% de participação,
seguido de 53,57% de participação feminina.
No quesito faixa etária 50% da população estão ente 27 a 48 anos, sendo que 25% estão com
27 a 37 anos e os outros 25% estão com 38 a 48 anos. Seguido assim de 23,21% entre 49 e 59 anos.
Os moradores entre 16 e 26 anos correspondem a 8,93%. A população com 60 anos ou mais se
configura em 17,86% das pessoas entrevistadas.
maioria dos entrevistados não possui Ensino Fundamental Completo, mostrando a fragilida-
de no setor educacional das classes de níveis econômicos mais baixos, que se encontram às mar-
gens da sociedade, esquecidos pelos órgãos públicos, sem estrutura de ensino satisfatória para a
qualificação dessas pessoas.
Dentre as ocupações pesquisadas o gráfico quatro aponta que 33,93% dos entrevistados se
destinam a atividades tradicionais ligados a pesca e 16,07% trabalham com a agricultura familiar
para a subsistência; 17,86% dos moradores já estão aposentados; a minoria restante se enquadra
em atividades relacionadas ao ramo público e comerciário, sendo que 7,14% são estudantes.
Ao ser perguntado sobre quanto da Produção é destinada ao consumo familiar 57% dos en-
trevistados responderam que em média 10 a 30% são destinados para o uso próprio e apenas
1,79% usa de 70 a 100%. Outros 17,86% destinam de 40 a 60% para o consumo e há aqueles que
destinam toda sua produção para o mercado com 1,79%.
Figura 06- O que mudou em relação à pesca e/ou o trabalho no mangue ao longo do tempo.
Fonte: Pesquisa Direta (2014).
Com o objetivo de saber como esta o trabalho desses moradores foi questionado o que se
modificou com o passar dos anos no seu trabalho. Mais da metade dos moradores 60,71% respon-
deram que a situação piorou. A explicação esta na pesca e cata do caranguejo de forma predatória
e não respeitar o período de defeso o que diminui, ao longo do tempo, a quantidade desses ali-
mentos, dificultando cada vez mais seu trabalho. Apenas 8,93% dos entrevistados afirmaram que
seu trabalho melhorou seguido de 10,71% que manteve inalterada. Outros 7,14% não souberam
responder.
A parte do gráfico 7 aponta que o município de Carnaubeiras tem uma população que em
sua maioria ganha um (1) salário mínimo com um pouco mais de 41%. Essa renda baixa é uma
realidade em pequenos municípios à qual sua renda é oriunda a partir de pequenos empreen-
dimentos e atividades tradicionais como a pesca, cata do caranguejo, marisco e artesanato. 25%
afirmam que ganham de 1 a 2 salários mínimos, seguindo de 30,36% que ganham de 2 a 4 salários
mínimos. Apenas 3,57% da população gana menos de um salário mínimo.
Dos entrevistados um pouco mais de 60% afirmaram que não há necessidade de obter uma
renda maior, essa situação preocupando quando ao desenvolvimento da região mais ao mesmo
tempo mostra a simplicidade da região e motivação para preservar as atividades que lhes foram
repassadas. Cabe ainda ressaltar que as maiorias dos entrevistados eram adultas. Aos jovens e
adolescentes essa realidade pode ser diferente. Outros 28,57% identificam que há a necessidade
de ganhar um pouco mais, seguido de 10,71 que disseram que é indiferente uma renda maior.
O Atual Governo com uma política de erradicação da pobreza implantou programas sociais
que tem gerado resultados positivos não só nessa linha da extrema pobreza. O gráfico 9 apontou
que 55,36% das famílias da comunidade recebem algum benefício governamental e 41% não re-
cebem nenhuma ajuda financeira.
Das condições de moradias dos entrevistados o (gráfico 10) aponta que a comunidade tem
80% de casa do tipo alvenaria, seguidos de 14,29% de casa do tipo taipa e 5,36%.
O gráfico 12 mostra quanto da população de Carnaubeiras tem energia elétrica em suas re-
sidências. 91% responderam que sim, e apenas 8% da população ainda não tem energia elétrica.
Quando perguntados sobre o destino do lixo 60,71% dos moradores responderam que usam
a coleta pública na região, seguidos de 19,64% que ainda fazem a prática de queima dos dejetos;
outros 16,07% utilizam áreas naturais para despejo dos resíduos sólidos e 3,57% usam outros me-
canismos para eliminar o lixo produzido.
Sobre o que mudou em relação ao lixo e o desmatamento ao longo do tempo, cerca de 70%
dos entrevistados apontam para aspectos positivos ou sem nenhuma alteração, no caso 35,71%
afirmam que houve melhoras, e os outros 35,71% dizem que se mantiveram inalterados; 28,57%
dos habitantes afirmam que a situação piorou durante os anos.
A entrevista mostrou que 75% preferem que o governo juntamente com a população cuide
da proteção dos recursos naturais da comunidade, 17,86% querem que apenas o governo atue
nesse posicionamento de zelo, seguido de 7,14% afirmaram que é a própria população que de-
vem ter tais cuidados.
Ao serem questionados sobre qual seria a maior necessidade de suas famílias hoje, 41,07%
dos entrevistados afirmaram que não há grande quantidade de empregos ofertados, seguido de
39,29% que falam sobre a carência da saúde, falta de postos e hospitais para a comunidade, 8,93%
citaram outras necessidades, 3,57% por opção de alimentos e 1,79% dizem que a educação é uma
de suas necessidades.
A respeito da integração com as associações, 58,93% afirmaram que não fazem parte de ne-
nhuma associação e 41,07% são partes integrantes de alguma associação.
Segundo a pesquisa direcionada, 35,71% dos habitantes se sentem representados pela asso-
ciação, em oposição de 32, 14% que afirmam que não se sentem representados.
5. Considerações Finais
Referências
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Resumo Abstract
Esse texto tem por finalidade socializar as expe- This text aims to socialize the experiences during
riências vivenciadas durante a realização da pri- the course of the first phase of the extension pro-
meira fase do Projeto de Extensão “Produção e ject "Production and Development of Teaching
Elaboração de Material Didático para Educação Materials for Environmental Education from the
Ambiental a partir do Programa Biodiversidade Biodiversity Program Coastal - PARNA Tumucu-
nas Costas - PARNA Montanhas do Tumucumaque maque Mountains - Geography" developed by
– Geografia” realizado no Laboratórios de Pesqui- teachers and students members the Research
sa e Ensino de Geografia (LAPEGEO) da Univer- Laboratories and Geography Teaching (LAPEGEO)
sidade Federal do Amapá (UNIFAP). O projeto in the Federal University of Amapá. The objective
teve por objetivos, contribuir para a formação e was to contribute to the training and the impro-
o aperfeiçoamento de alunos e professores do vement of students and Geography faculty mem-
curso de Geografia a partir da elaboração de um bers from the elaboration of didactic material
material didático voltado para práticas de Educa- facing environmental education practices in the
ção Ambiental e que partiu do Plano de Manejo National Park Tumucumaque Mountains. The re-
do Parque Nacional Montanhas do Tumucuma- sults were prepared two textbooks, one HQ and
que. Além das leituras e trocas de conhecimento, Field Journal on Mountains National Park Tumu-
o grupo de pesquisadores realizou um Trabalho cumaque Mountains that involved in its construc-
de Campo ao PARNA enquanto “repositório” de tion interesting methodological practices to think
vivências e experiências geográficas com as pai- about the geography teaching relationship and
sagens, os lugares, os territórios, sujeitos, culturas environmental education.
e de práticas educativas nos campos do Ensino de
Geografia e Educação Ambiental. Como resulta- Keywords: Education, Environment, Geography
dos foram elaborados um conjunto de materiais Teaching, Fieldwork.
didáticos, um GIBI (Quadrinho), jogo de tabuleiro
e um Diário de Campo expressando e propondo
narrativas geográficas sobre o Parque Nacional
Montanhas do Tumucumaque a partir da experi-
ência vivida.
1. Introdução
O sujeito aprendiz que busca compreender o Meio Ambiente, passa a apreender o espaço e
compreender o "mundo" a partir de suas vivências e experiências geográficas com ele, não sendo
exclusivamente de uma forma científica, mas através do caminhar ou do viajar, através das brinca-
deiras, do devanear e de uma escrita que expresse o “pertencimento” aos lugares e suas paisagens,
tal qual a relação com o mundo apresentada pelo poeta Manoel de Barros ao criar uma imagem
de mundo composto por pertencimento, afetos e valorização da Natureza.
A proposta de Educação Ambiental aqui apresentada, parte de experiências espaciais vividas
por alunos e professores do curso de Geografia da UNIFAP no Parque Nacional Montanhas do Tu-
mucumaque (a maior Unidade de Conservação brasileira, localizada entre os estados do Amapá e
do Pará, e fronteira com a Guiana Francesa), e que aqui são relatadas como integrantes de proces-
sos de criação de materiais didáticos e práticas pedagógicas no contexto do Ensino de Geografia
e do Meio Ambiente.
Relatamos nesse texto algumas das experiências vivenciadas durante a realização da primei-
ra fase do Projeto de Extensão voltado a produção de material didático em Educação Ambiental,
desenvolvido por professores e alunos integrantes dos Laboratórios de Pesquisa e Ensino de Geo-
grafia (LAPEGEO), em parceria com o Laboratório de Geoprocessamento da Universidade Federal
do Amapá. O projeto de Extensão “Produção e Elaboração de Material Didático para Educação
Ambiental a partir do Programa Biodiversidade nas Costas - PARNA Montanhas do Tumucumaque
– Geografia” foi realizado em parceria com o Departamento de Biologia (UNIFAP), Instituto Chico
Mendes (ICMBio), das ONGs WWF e Ecocentro/IPEC e teve início no mês de Abril de 2013, finali-
zando em 2014.
O Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque é a Unidade de Conservação mais recente
no contexto de PARNA’s no Brasil, criado em 22 de agosto de 2002, teve como principal objetivo
a preservação do seu ecossistema natural. Está localizado na região noroeste do Amapá, numa
porção da Floresta Amazônica bastante peculiar, com características únicas e ainda pouco explo-
radas. Estende-se por uma área de 3.867.000 hectares de Floresta Tropical protegida, é o maior
do Brasil nessa qualidade (Ver figura 1). Além da diversidade na flora e fauna, seu subsolo é em
rico minerais com valor comercial, como ouro, minério de ferro e manganês. O entorno do PAR-
NA Montanhas do Tumucumaque é portador de uma dinâmica social na qual convivem diversos
agentes com interesses diferentes e antagônicos, dos quais destacam-se as populações extrati-
vistas, grupos indígenas, e grupos ligados exploração do minério realizada por grandes empresas
internacionais e às práticas agropecuária, indicando um cenário de conflitos e pressão sobre a
área de conservação.
A elaboração do projeto foi motivada por uma necessidade que tem sido unânime nos de-
bates educativos no Amapá e outros lugares da Região Norte brasileira, que é a da produção de
materiais de caráter educativo pelos sujeitos que moram e vivem nestes lugares, elaborando uma
forma de resistência com a “importação” de textos, imagens e propostas produzidas em outros
lugares e regiões do Brasil.
Neste contexto, se dá a intenção de criar subsídios e conteúdo a partir da realidade local atra-
vés de um material didático voltado para práticas em Educação Ambiental no contexto do Estado
do Amapá, tendo como tema gerador o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque e alguns
processos (sociais, ambientais, políticos, culturais,...) que permeiam sua criação e funcionamento.
Dessa forma o projeto teve como objetivos, criar e oferecer espaços de formação pedagógica e
cientifica aos pesquisadores (docentes e alunos do curso de Geografia) no LAPEGEO, que impul-
sionaram as ações e atividades de elaboração de um material didático voltado para práticas de
Educação Ambiental o Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque.
Na construção dos “fazeres metodológicos” do projeto, optou-se pelo trabalho coletivo e par-
ticipativo, multidisciplinar e engajado com a sociedade e suas questões, e considera que cada
pessoa tem a sua “leitura de mundo” dada a sua singularidade e suas experiências. Ela se dá na
busca por um encontro do sujeito com os lugares, paisagens, seus sujeitos e suas memórias, falas,
saberes a partir de suas vidas e “viagens”.
Sobre esta educação dos “encontros e das viagens”, Paulo Freire (1970) nos indica que, nin-
guém desvela o mundo ao outro e, ainda quando um sujeito inicia o esforço de desvelamento
aos outros, é preciso que estes se tornem sujeitos do ato de desvelar, portanto não é apenas o
“transmitir conteúdos específicos” as vezes tido como fundamental no processo educativo, mas
sim promover novas formas dos educandos se relacionarem com a experiência vivida, de maneira
que o relacionamento educador-educando se estabelece na horizontalidade e que juntos se po-
Figura 2: Imagem do gibi (Quadrinho) e do Diário de Campo elaborado pelos acadêmicos de Geografia.
Fonte: Eliane Silva, 2014.
O “GT Geografia”, foi um dos momentos mais importantes do projeto de extensão, dado que
estimulou a criatividade, permitiu que os alunos escrevessem uma narrativa pedagógica a partir
de seus olhares sobre a natureza próxima, tendo como marco o protagonismo dos alunos. Estes
organizaram a proposta de roteiro para o gibi, escreveram a história e elaboraram os desenhos
que compõe o material. Da mesma forma estabeleceram uma organização do trabalho entre eles,
com seus ritmos e disposição ao encontro, o que permitiu no final da produção do trabalho, o
entendimento de que este foi resultado de um trabalho coletivo e colaborativo.
Os professores participantes acompanharam o desenvolver do trabalho, contudo na condi-
ção de orientadores, não interferindo diretamente na escolha do tema e dos personagens, no
processo criativo, indicando algumas referências bibliográficas e didáticas que poderiam indicar
caminhos para a escolha de conteúdos e informações a serem organizadas, como por exemplo
a leitura e busca pela “tradução” em uma linguagem pedagógica do Plano de Manejo do PARNA
Montanhas do Tumucumaque (BRASIL, 2009) como referência guia, buscando construir a auto-
nomia e a liberdade na produção do gibi “Ana e Jupará”. Os encontros do “GT Geografia” com os
professores da UNIFAP sempre tiveram como premissa a participação e organização coletiva e
participante de seus integrantes, se constituindo em um espaço de diálogos e de troca de conhe-
cimentos.
Figura 3: Dois momentos da viagem ao PARNA Montanhas do Tumucumaque: Trilha do Tauarí e percurso de
barco pelo Rio Feliz. Fonte: Trabalho de Campo, 2014.
“…eu nunca tinha tido contato com natureza, e quando a minha mão falava a relação
dela com a natureza, eu não entendia porque eu nunca tinha ido. A primeira vez que eu
tive contato com o interior, foi quando eu fui lá para enterrar a minha mãe. A mãe dizia
pra gente quando ele morresse ela queira ser enterrada na terra dela (...). Hoje, com esses
momentos que nós estamos vivendo eu consigo ter o mesmo sentimento que ela tinha, e
queria transferir pra gente e a gente não consegui entender .... a viagem está sendo uma
realização pessoal minha, crescimento como ser humano e de respeito com a natureza”
(Acadêmico do Curso de Bacharelado em Geografia da UNIFAP).
“...das primeiras vezes que vi falar do parque não foram coisas muitas boas, falavam que
não podia entrar aqui, .... então eu achava que era uma fortaleza tudo blindada, fechado
e que os gestores eram monstros carrasco e que não deixavam ninguém entrar aqui (rs)...
e hoje não, eu vi o trabalho que estão fazendo e esforço para transforma esse espaço em
espaço de visitação. Eu aprendi que nós devemos valorizar todos as pessoas, hoje a gente
veio com os barqueiros, eu não conheço eles, mas acredito que o nível de escolarização
deles não deve ser tão elevado, um dos barcos vinha sendo guiados por dois adolescentes
e naquele momento, pra quem não sabe nadar toda a nossa vida estavam nas mão deles...
todo o nosso conhecimento não servia de nada e nossa vida toda estava entregue a eles”
(Acadêmico de Licenciatura em Geografia da Unifap).
“(...) o que mais deu significado a essa reflexão que eu consegui fazer, principalmente re-
lacionada a estratégia de gestão, e que eu não entendia tanto, fui até preconceituoso em
certos momentos. Eu perguntava porque não abriam o parque, porque as pessoas não
tinha uma visitação maior, porque não se implantava a questão do turismo, do ecoturis-
mo e o significado não veio através das reposta que eu esperava, mas através das resposta
que eu não esperava, que foi encontrar uma dificuldade tremenda de se chegar aqui no
parque, uma necessidade de uma logística muito grande .... principalmente de compar-
tilhar esse momento com pessoas que estão junto comigo nessa caminhada de amadu-
recimento, de amadurecimento na academia, amadurecimento de reflexão crítica e isso
me proporcionou um ganho muito grande...” (Acadêmico de Licenciatura em Geografia
da UNIFAP)
“(...) é um coisa boa, acho que todos aqui conseguem percebem esse afloramento dos
sentimentos esse estimulo as nossas percepções, de estar realmente sentido todos os de-
talhes, esse sentimento bom .... a gente percebe que dentro do corre, corre do dia, isso
ai é tomado da gente, o nosso tempo, o nosso sentimento vem sendo controlado vai se
perdendo a medida a gente vai sendo engolido por sistema que oprime, que realmente
não respeita a natureza porque é progresso, progresso, progresso …. então em cima dis-
so a gente é mais o sentir do que o próprio intelecto do que próprio conhecimento que
transcende, e a gente vê a nossa pequenez perante todo essa exuberância da natureza,
4. Considerações Finais
No percurso realizado durante a execução do projeto, passando pela Viagem ao Parque Tu-
mucumaque, até a elaboração dos Materiais Didáticos (a publicação do Quadrinho, do jogo e do
Diário de Campo) enquanto produtos pedagógicos, fica evidente a valorização do protagonismo
e participação dos alunos no desenvolvimento de ações e práticas educativas, fundamentais para
ações e reflexões nos contextos do debate metodológico sobre a Educação Ambiental baseadas
no Ensino de Geografia na região Norte do Brasil e no bioma amazônico.
Na produção desses materiais os alunos construíram um grupo de trabalho que se pautou
por práticas colaborativas, de troca de saberes e amadurecimento de um olhar para com a nature-
za, iniciado nos estudos acerca do PARNA Montanhas do Tumucumaque. Indicando um processo
de socialização do conhecimento que permitiu que o grupo todo tivesse informações adequadas
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de Lívia de Oliveira. São Paulo: Difel, 1980.
Resumo Abstract
O presente trabalho tem por objetivo estudar o This article aims to study the environment and
Meio Ambiente e a inserção do Estado do Cea- the inclusion of Ceará in Environmental Educa-
rá nas Políticas de Educação Ambiental. Nesse tion Policies. In this sense, it will be done a his-
sentido, parte-se de uma análise histórica do torical analysis of the concept of environmental
conceito da Educação Ambiental em termos glo- education globally, starting in 1970. In Brazil, the
bais, iniciando-se em 1970. No Brasil, a discussão discussion by this theme becomes relevant from
sobre o tema ganha relevância a partir de 1980. 1980. After this, it will be analyzed the basic gui-
Em seguida, analisar-se-ão as diretrizes básicas delines set by the Law of Guidelines and Bases of
traçadas pela Lei de Diretrizes e Bases de Educa- National Education, Law no. 9394 of 1996 and the
ção Nacional, a Lei n°. 9.394 de 1996, bem como National Environmental Education Policy, Law no.
pela Política Nacional de Educação Ambiental, a 9795/1999. At the end, there will be a study of the
Lei n°. 9.795 de 1999. Ao final, será feito um estu- Law of the State of Ceará (Law No. 14,892/2011), in
do da Legislação Estadual do Ceará (Lei nº 14.892 order to answer the question about inserting the
de 2011), com o objetivo de responder a questão Ceará in environmental education policies in or-
a respeito da inclusão do Estado do Ceará nas der to infer, particularly in the formal framework,
políticas de educação ambiental a fim de inferir, as the a minimum of awareness framework for the
sobretudo no âmbito formal, quanto a uma estru- promotion and protection of the environment.
tura mínima de conscientização para a proteção e The methodology of the present work took from
promoção do meio ambiente. A metodologia do a bibliographical research and descriptive, using
presente trabalho se deu a partir de uma pesquisa theoretical and interpretive study of law.
bibliográfica e descritiva, utilizando-se de um es-
tudo teórico e interpretativo das normas.
1. Introdução
ações e atitudes para que se tenha a transformação do ser social voltado à preservação. Visar o
equilíbrio do meio ambiente com a sociedade é uma maneira de obter resultados para a melhoria
da qualidade de vida dos seres que habitam o planeta.
Assim, à medida que as diversas sociedades se territorializam, seja por dominação, expansão
ou construção dos espaços, ocorrem diversos exemplos de práticas e percepções culturais.
Os conceitos de educação ambiental se apresentam de variadas formas e sob a visão de di-
versos autores. Desta forma, temos Rodriguez e Silva (2010) trazendo a educação ambiental como
um processo que visa meios de fornecer subsídios para o conhecimento, bem como da interpre-
tação das interações socioambientais.
A educação ambiental é um processo permanente, em que os indivíduos e a comunidade
tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, valores, habilidades e de-
terminação que os tornam aptos a agir de forma individual e coletiva, e resolver problemas am-
bientais presentes e futuros (BRASIL, 2005).
Para Jacobi (2003), a educação ambiental é uma condição necessária para modificar um qua-
dro de crescente degradação socioambiental, mas ela ainda não é suficiente e se converte em
mais uma ferramenta de mediação necessária entre culturas, comportamentos diferenciados e
interesses de grupos sociais para a construção das transformações desejadas.
A educação ambiental gera uma perceptível integração de propostas educativas e concep-
ções teórico-metodológicas distintas, se fazendo assim como uma grande construção da criticida-
de ambiental que permeia o âmbito educacional atual. Loureiro (2006) traz a educação ambiental
como uma práxis educativa que se desenvolve no processo de atuação do indivíduo na sociedade
e nas diferentes formas que se identificam com a “questão ambiental”.
Segundo Carvalho (2006, p. 71) apud Cuba (2010), a Educação Ambiental é considerada ini-
cialmente como uma preocupação dos movimentos ecológicos com a prática de conscientização,
capaz de chamar a atenção para a má distribuição e esgotamento dos recursos naturais e de en-
volver os cidadãos em ações sociais ambientalmente apropriadas.
Muitos foram os eventos/encontros realizados voltados para a questão ambiental vigente
no mundo e, sobretudo, para o desenvolvimento da Educação Ambiental. Dentre estes, temos a
Conferência sobre Meio Ambiente Humano, em 1972, realizado pela Organização das Nações Uni-
das (ONU) em Estocolmo, Suécia, onde se gerou a declaração sobre o meio ambiente, trazendo a
Educação Ambiental como elemento essencial ao combate à crise do meio ambiente.
Em um de seus princípios temos que é imprescindível que exista um trabalho de educação
em questões ambientais, objetivando tanto às gerações jovens como os adultos, prescindindo a
devida atenção ao setor das populações menos privilegiadas, para assentar as bases de uma opi-
nião pública, bem informada e de uma conduta responsável dos indivíduos, das empresas e das
comunidades, conduzida no sentido de sua responsabilidade, relativamente à proteção e melho-
ramento do meio ambiente, em toda a sua dimensão humana (ONU, 1972).
A conferência colocou em cheque os alertas sobre o desenvolvimento e o subdesenvolvi-
mento como as causas dos problemas ambientais que vinham assolando o meio ambiente em
termos mundiais. Assim, foram discutidas questões como os serviços básicos precários; a falta de
alimentação, moradia, educação, saúde, saneamento, entre outros, o que dificulta um desenvolvi-
mento humano integrado e igualitário.
Outra questão evidenciada é que a industrialização e o desenvolvimento tecnológico deve-
riam colaborar para o desnivelamento mundial entre os Estados mundiais, e não contribuir para o
aumento do abismo que separa os países ricos dos pobres (ONU, 1972).
Entre os projetos em discussão, um de maior relevância é o Programa das Nações Unidas
para o Meio Ambiente (PNUMA), que, em colaboração da Organização das Nações Unidas para a
Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), criou o Programa Internacional de Educação Ambiental
(PIEA) em 1975, e no mesmo ano, o projeto abordou várias questões sobre Educação Ambiental
no Seminário Internacional de Educação Ambiental em Belgrado.
Segundo a Carta de Belgrado, a Educação Ambiental deve ser desenvolvida com ações indi-
viduais e, também, coletivas para haver o desenvolvimento do cidadão de maneira crítica, onde
este tenha em mente buscar refletir sobre os problemas ambientais. Esta buscou uma educação
ambiental que se adequasse ao sistema global (UNESCO, 1977). Este documento se constitui até
hoje como um marco conceitual no tratamento das questões ambientais mundiais.
Em suas diretrizes básicas, o documento supracitado esclarece que a Educação Ambiental
deve ser considerada em sua totalidade, colocando assim, todas as suas instâncias: natural, social,
ecológica, econômica, tecnológica, social, legislativa, cultural e estética. Ressalta, também, que a
E.A. deve ser um processo contínuo, tanto dentro como fora do ambiente escolar. Partindo dessa
visão, coloca-se que a E.A. deve sempre adotar métodos interdisciplinares (UNESCO, 1977).
Para tanto, segundo a Carta de Belgrado, a educação ambiental deve preparar o cidadão para
que tenha conhecimento, atitudes, motivações e habilidades para pensar e resolver os problemas
que os diversos ambientes apresentam (UNESCO, 1977).
Em 1977, houve a Conferência Internacional sobre Educação Ambiental realizada em Tbilisi,
na Geórgia, onde a Educação Ambiental foi definida como a dimensão que deveria ser dada ao
conteúdo da prática educacional, na busca pela resolução dos problemas ambientais.
A E.A. atribuída pela Conferência em Tbilisi, em 1977, trouxe como contribuição o desenvol-
vimento de responsabilidades entre as regiões mundiais, para que, a longo prazo, houvesse uma
maior conservação e melhoria dos ambientes. Assim, a E.A. deveria proporcionar reflexão sobre os
fenômenos que configuram o meio ambiente.
A educação ambiental deve dirigir-se à comunidade despertando o interesse do indivíduo
em participar de um processo ativo no sentido de resolver os problemas dentro de um contexto
de realidades específicas, estimulando a iniciativa, o senso de responsabilidade e o esforço para
construir um futuro melhor. A educação ambiental pode, ainda, auxiliar de forma satisfatória para
renovar o processo educativo como um todo (UNESCO, 1997).
Em 1992, ocorreu a Conferência do Rio de Janeiro – denominada de Rio 92 - com a Agenda 21,
buscando uma mudança nos hábitos da população e visualizando a Educação Ambiental como
um meio para o desenvolvimento sustentável no país.
Segundo Penteado (1997), a Rio 92 foi um evento em que foi posto o desafio de tentar elabo-
rar propostas de ações visando à preservação consciente dos espaços mundiais. Pode-se afirmar
também que houve o envolvimento de esferas da sociedade vinculadas à educação básica duran-
te a conferência, favorecendo a importância do meio escolar nas elaborações da práxis voltada à
E.A. nas diferentes instâncias culturais e socioeconômicas.
Como resultado das parcerias realizadas na Conferência, criou-se a Agenda 21 do Brasil, colo-
cando as questões educacionais fundamentais para a preservação dos recursos naturais, e repen-
sando a ética ambiental. Essa conferência conseguiu reunir o maior número de governos de vários
países, chegando a ultrapassar 150 governos e entrando para a história das conferências que a
ONU já realizou (LEITE; MEDINA, 2001).
Após a Rio-92, aconteceram outras conferências que trouxeram a preocupação para com o
meio ambiente e a questão da sustentabilidade. Dentre estas temos a Cúpula de Brasília, a Con-
ferência Internacional de Tessalonica, a Rio+10, a Rio+15, entre outras, que buscaram e buscam
resolver ou apontar medidas para o crescimento constante e desenfreado das grandes nações,
onde o meio ambiente é utilizado como fonte de suprimento de recursos básicos (água, minério,
solo, etc.) e, portanto, é degradado com o uso excessivo e sem controle.
Nesse contexto, considera-se que E.A. “é um processo permanente no qual os indivíduos e a
comunidade tomam consciência de seu meio ambiente e adquirem conhecimentos aptos a agir e
A Constituição do Ceará, de 1989, em seu capítulo II, ao tratar da educação, afirma, em seu ar-
tigo 215, § 1º, inciso g, que, serão ministradas, obrigatoriamente, nos estabelecimentos de ensino
público e privado, com o envolvimento da comunidade, noções de ecologia.
A Constituição Estadual possui ainda um capítulo referente ao Meio Ambiente, o capítulo
VIII, que vai dos artigos 259 a 271, e assegura a efetividade do direito ao meio ambiente ecolo-
gicamente equilibrado e uma sadia qualidade de vida, por parte do poder público, através de lei
estadual (CEARÁ, 1989).
Ademais, no que diz respeito à Educação Ambiental, o artigo 263 da Constituição do Ceará
coloca que é dever do Estado e Municípios promover uma educação ambiental em todos os ní-
veis de ensino, para que haja conscientização pública da preservação do meio ambiente (CEARÁ,
1989).
Criou-se ainda, em 1994, a Lei Estadual n°. 12.367, a qual instituiu as atividades de Educação
Ambiental, e outras providências. De acordo com o artigo 3º da mencionada Lei, a E.A. abrangerá,
além das discussões teóricas a respeito dos aspectos ecológicos, históricos, políticos, econômicos
e sócio-culturais da questão do meio ambiente em sala de aula, a observação direta da natureza,
assim como o estudo do meio, a pesquisa de campo e as experiências práticas que levem o aluno
a concretizar ações ambientais neste sentido, compreendendo a interdependências entre os di-
versos ecossistemas (CEARÁ, 1994).
No Estado do Ceará, tem-se a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental no Ceará
ou CIEA-CE, existente desde 2001 com o Decreto n° 26.465, mas só regulamentada em 2003 por
outro Decreto, o nº 27.028. Em 2005, houve sua revisão, o que contribuiu para uma representação
paritária, ou seja, igualitária, diante do governo. Isso gerou debates e articulações para ações no
âmbito da Educação Ambiental no estado, sendo um passo importante para a educação cearense.
O Programa de Educação Ambiental do Estado do Ceará (PEACE) existe desde 1997, cujo
planejamento é feito de maneira que haja uma revisão a cada decênio, como em 2007, quando
5. Considerações Finais
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Resumo Abstract
A Caatinga é uma das formações vegetais mais The Caatinga is one of the ecosystems more de-
degradadas do Brasil, e tornando indispensável a graded of Brazil. It is inevitable talks about the
conservação de sua biodiversidade. Neste cená- conservation of her biodiversity. It becomes more
rio, a educação ambiental vem se fazendo assun- applicable in current scenery. This way, the envi-
to recorrente na atualidade em vários segmentos. ronmental education is persistent theme in pre-
A necessidade de refletir e aplicar esta como fer- sent days from several segments. The necessity of
ramenta de preservação ambiental têm sido um to think and to apply this like environmental tool
caminho explorado por vários profissionais, dire- of preservation have been a way explored for se-
ta ou indiretamente. A pesquisa desenvolveu-se veral professionals. In the research was develop
na Unidade de Conservação Refúgio de Vida Sil- in Conservation Unit Wildlife Refuge – Swallow’s
vestre - Pedra da Andorinha que está localizada Stone. It is located in Taperuaba, district of Sobral,
em Taperuaba, no Noroeste Cearense pertencen- Ceara. In the UC, this paper has in order to realize
te como distrito de Sobral- CE. E nesta UC, o pre- an environmental education analyze, and after, to
sente trabalho tem como objetivo realizar uma spread studies about the natural preservation of
análise das práticas de educação ambiental, e Caatinga to schools, society and academic com-
posteriormente, divulgar tais estudos sobre a pre- munity. Through of adoption of multidisciplinary
servação natural na Caatinga às escolas, socieda- activities to linked to geoprocessing. This paper
de e comunidade acadêmica, através da adoção was make through of realizing camp’s activities,
de atividades multidisciplinares atreladas ao ge- survey of bibliographic data, elaboration of maps,
oprocessamento. Tal produção foi feita através de systematization and discussion of data collected.
realização de atividades de campo, levantamento By means of the analyses, it is possible to see a
de dados bibliográficos, elaboração de mapas, sis- space resignification, one of them is the place
tematização e discussão dos dados coletados. Por where they live, and other where they feel that
meio de tais análises, foi possível observar a res- should preserve and live sustainably.
significação do espaço, de não somente o lugar
onde moram, para ser o lugar onde sentem que Keywords: Environmental Preservation, Environ-
devem preservar e conviver sustentavelmente. mental education, Conservation Unit, Ecologic
trails.
Palavras-Chave: Preservação Ambiental, Educa-
ção Ambiental, Unidade de Conservação, Trilhas
Ecológicas.
1. Introdução
Espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com carac-
terísticas naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de
conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam
garantias adequadas de proteção;
Figura 1 - Localização geográfica do Distrito de Taperuaba e da REVIS Pedra da Andorinha, Sobral- CE.
A partir do Decreto Nº 1.252 de 18 de agosto de 2010 foi criada a Unidade de Conservação In-
tegral Refúgio de Vida Silvestre Pedra da Andorinha (Figura 1) localizada no distrito de Taperuaba
em Sobral, com área de 598,60ha, para fins de sustentação e preservação do território natural, que
são espécies de animais e vegetação que integram a Caatinga (SOBRAL, 2010).
Por estar em um dos biomas brasileiros mais degradados, a conservação de sua biodiversi-
dade se torna ainda mais relevante no cenário ambiental atual (HAUFF, 2010). E essas motivações
mostram a necessidade de informar e conscientizar a população residente a reconhecer e valori-
zar a riqueza natural presente.
O conhecimento acerca tal diversidade biológica, potencializa estudos sobre espécies de
plantas medicinais, preservação de espécies ameaçadas de extinção como é o exemplo do tatu-
-bola. Aproximando assim da comunidade, para a intensificação dessas possibilidades, que apre-
sentam em sua matriz a sustentabilidade.
A informação, obtida através dos meios educacionais por meio de atividades como o ecotu-
rismo, tem potencial de fomentar a conscientização e o reconhecimento do lugar a qual se vive,
proporcionando a comunidade um sentimento de pertencimento, para assim tornar a utilizá-lo
sustentavelmente, fazendo com que episódios como o incêndio que ocorreu no segundo semes-
tre de 2015, tornem-se raros, ou até mesmo, com o grau de instrução da comunidade cada vez
maior, em um futuro próximo estarem ativos e preparados para tal situação, presentes na mobili-
zação em defesa do patrimônio natural e ecológico. Salientando-se a necessidade de ampliação
dos estudos no sertão cearense, para que estes tragam reconhecimento e valorização para a utili-
zação sustentável da Caatinga.
2. Metodologia
3. Fundamentação Teórica
A caatinga por ser o bioma em qual a REVIS está inserida, tem o nome originado do tupi, que
significa “mata-branca”, em razão da paisagem esbranquiçada em épocas de seca, e da perda da
folhagem da vegetação neste período. Tal realidade descrita é encontrada somente em território
brasileiro, praticamente em toda a Região Nordeste, compreendendo também uma área suscep-
tível a desertificação (HAUFF, 2010; IHU, 2012).
Entende-se por educação ambiental, o que o ser humano necessita aprender e comunicar
para haver a interação ótima entre ele e o meio ambiente, em escala global, natural e antrópica.
Fazendo assim com que esteja preparado para gerir sustentavelmente os recursos naturais, ser
atuante na prevenção ou correção de adversidades ambientais. (RODRIGUEZ; SILVA, 2009)
Segundo a Lei N° 9.985, de 18 de julho de 2000, a preservação é um “conjunto de métodos,
procedimentos e políticas que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossis-
temas, além da manutenção dos processos ecológicos, prevenindo a simplificação dos sistemas
naturais” (BRASIL, 2000). Por isso ela se torna ainda mais importante, por ser um bioma exclusiva-
mente brasileiro, e por isso abrigar também espécies endêmicas.
Ainda de acordo com a lei citada, as unidades de conservação são caracterizadas pela deli-
mitação do espaço territorial natural, protegido e assegurado pelo Poder Público, que possuem
como objetivo a conservação de tais recursos nele existente. Elas são divididas em dois grupos:
Unidades de Proteção Integral (preservação da natureza e uso indireto dos seus recursos naturais)
e Unidades de Uso Sustentável (equilibrar conservação da natureza e uso sustentável de parte de
seus recursos naturais). A primeira subdivide-se em Estação Ecológica; Reserva Biológica; Parque
Nacional; Monumento Natural; Refúgio de Vida Silvestre. A segunda apresenta-se em Área de Pro-
teção Ambiental; Área de Relevante Interesse Ecológico; Floresta Nacional; Reserva Extrativista;
Reserva de Fauna; Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio
Natural (BRASIL, 2000).
Mais especificamente, a Unidade de Conservação em estudo configura-se como Refúgio de
Vida Silvestre, que objetiva proteger os ambientes que são habitats de espécies de fauna e flora lo-
cal, assegurando assim sua reprodução e prolongando sua existência. Admite-se neste ambiente
o uso indireto dos recursos naturais, sendo possível a utilização deste meio para visitação pública
e área de pesquisa científica somente regida pelo Plano de Manejo da UC ou previstas em regula-
mento (BRASIL, 2000). Para corroborar, de acordo com Vale e Soares (2006, p.142):
As unidades de conservação são áreas que possuem uso específico e limitado, o que favo-
rece certas atividades em seu espaço. Entre as atividades econômicas de uso e ocupação,
que possuem em seus princípios a necessidade de preservação ambiental, está a prática
do ecoturismo, costumeiramente incentivada e praticada nessas áreas protegidas por lei.
É a partir desse pressuposto que percebemos que atividades como Educação Ambiental atra-
vés de oficinas escolares e o Ecoturismo, são permitidas através do consenso entre Plano de Mane-
jo e regulamento, sendo acompanhadas pelo órgão responsável pela administração da unidade.
O Refúgio de Vida Silvestre assegura atividades como visitação pública e realização de pes-
quisas científicas, somente se ponderadas no Plano de Manejo da Unidade, seguindo então as
normas propostas por este, que foram estabelecidas pela própria administração da Unidade de
Conservação, como também das normas previstas em regulamento. (BRASIL, 2000, p.8). Ambas si-
tuações estão previstas no Regimento Interno e Conselho Consultivo da Unidade de Conservação
de Proteção Integral – Refúgio de Vida Silvestre (REVIS): Pedra da Andorinha, visto que o Plano de
Manejo ainda está em construção.
A Unidade de Conservação Refúgio de Vida Silvestre Pedra da Andorinha (Figura 2) está loca-
lizada nas seguintes coordenadas, 4° 4'11.72"S de latitude e 40° 0'9.17"W de longitude, no Noro-
este Cearense, em Taperuaba, distrito de Sobral, inserida na unidade geoambiental da Depressão
Sertaneja, com Neossolos Litólicos e Luvissolos, e geologia de embasamentos cristalinos, e o tipo
climático Tropical quente semi- árido (EMBRAPA, 1973; IPECE 2007).
A REVIS Pedra da Andorinha abriga uma diversidade de espécies de fauna, como exemplo a
gralha-cancã (Figura 3), tatu-bola, macaco-prego, onça vermelha, andorinhas da região e migra-
tórias do Sul da Patagônia, e na flora estão presentes o ipê, catingueira, aroeira, cedro, umbuzeiro,
juazeiro, entre outras.
Figura 3 e 4 – Gralha- cancã na UC, popularmente conhecida como Cancão. Árvore Pau- Pereiro, caracterís-
tica da Caatinga.
Fonte: SILVA, J.F., 2016.
O retorno desta prática está acontecendo com as visitações frequentes da população que
aderiu ao projeto. Sendo estimulada principalmente por visitações de escolas da localidade de
ensino fundamental ao médio, universitárias de instituições de ensino como UVA, UFC, IFCE, até
mesmo internacionais como a Universidade de Évora - Portugal, profissionais técnicos e para prá-
ticas de lazer (Figura 6 e 7).
Figura 6 e 7 – Estudantes da rede pública realizam aula de campo na reserva ambiental. (Fonte: Blog Sobral,
2016). Aula de campo do curso de Geografia da Universidade Federal do Ceará. Fonte: SILVA, J.F., 2016.
5. Considerações Finais
A inserção da população local nas atividades internas inerentes as UC’s devem ser incentiva-
das para assim ocorrer a formação de cidadãos conscientes ambientalmente e socialmente. Por-
Referências
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sociedade no nordeste brasileiro. Fortaleza: Expressão Gráfica, 2006. Cap. 10. p. 139-14.
Resumo Abstract
A Serra do Espinho é o nome dado às elevações si- The Serra do Espinho is the name given to eleva-
tuadas na vertente oriental do Planalto da Borbo- tions located on the eastern slope of the Borbore-
rema, na área ocupada pelo município de Pilões/ ma Plateau, an area occupied by the municipality
PB, em direção ao município de Cuitegi/PB. Ape- of Pilões / PB, towards the town of Cuitegí / PB.
sar de ser um ambiente ocupado por pequenas Despite being an occupied environment by small
comunidades rurais, esta proporciona a produção rural communities, they provide agricultural pro-
agropecuária, a manutenção e preservação das duction, the maintenance and preservation of
florestas e animais. Apresenta um forte potencial forests and animals. It has a strong potential for
turístico, mas possui muitas limitações e instabili- tourism, but it has many limitations and instabili-
dades por conta do relevo acentuado e a imper- ties due to the sharp relief and the impermeability
meabilidade de seus solos. Esta pesquisa objetiva of its soil. This research aims to analyze public po-
analisar as políticas públicas captadas nas comu- licies picked in communities of Veneza, Ouricuri,
nidades Veneza, Ouricuri, Titara e Poço Escuro, na Titara and Poço Escuro, in the Serra do Espinho,
Serra do Espinho, Pilões/PB. Para fundamentar Pilões / PB. To support this work and achieve ob-
este trabalho e atingir os objetivos se fez neces- jectives a literature survey was necessary with
sário um levantamento bibliográfico em artigos the aid of specialized articles and journals, semi-
e revistas especializadas, entrevistas semiestrutu- -structured interviews, characterization of study
radas, caracterização da área de estudo e registro and photographic registration area. The commu-
fotográfico. As comunidades da Serra do Espinho nities of the Serra do Espinho already benefited
já se beneficiaram de diversas políticas públicas from various public policies such as the project
como o projeto feito para a obtenção da ener- made for obtaining electricity, LIGHT FOR ALL, the
gia elétrica, LUZ PARA TODOS, a implantação de deployment of tanks through the federal govern-
cisternas através do governo federal em parceria ment in partnership with the Educational Profes-
com o Centro Educacional Profissional (CEDUP), sional Centre (CEDUP), in the communities was
se desenvolveu nas comunidades a horticultura, developed the horticulture, sewing, by the Na-
corte e costura, pelo Programa Nacional de For- tional Program of Strengthening Family Farming
talecimento Agricultura Familiar (PRONAF/A), e (PRONAF / A), and it was currently done a project
atualmente foi feito um projeto para o PRONAF/ for PRONAF / WOMAN that have an investment in
MULHER que teria um investimento em criação livestock breeding to use as a source of income.
pecuária para se utilizar como fonte de renda. Even getting these public policies is necessary to
Mesmo obtendo essas políticas públicas se faz search for more policies to develop the economy
necessário a busca de mais políticas que possam of these communities. The current Public Policies
desenvolver a economia das comunidades. As acting are of great importance in view of their
Políticas Públicas atuantes são de grande impor- contribution to regional and local development,
tância tendo em vista suas contribuições para acting as reliever social disparities.
desenvolvimento regional e local agindo como
amenizador de disparidades sociais. Keywords: Social Organization, Geotourism, De-
velopment.
Palavras-Chave: Organização social, Geoturismo,
Desenvolvimento.
1. Introdução
Políticas públicas são ações governamentais no nível federal, estadual e municipal, com ob-
jetivo de desenvolver o bem coletivo (RUA, 1998). Podem ser desenvolvidas em parceria com o
governo e sociedade, através de organizações não governamentais (ONGs), além da iniciativa pri-
vada. Na esfera ambiental, tais políticas incentivam um desenvolvimento sustentável procurando
diminuir o impacto sobre o meio ambiente.
A Região Nordeste do Brasil possui 1.561.177,8 km2, corresponde a 18,26% do território bra-
sileiro (EMBRAPA,1993), engloba biomas e ecossistemas com resquícios de mata atlântica e vários
padrões de caatinga. Em meio à imensa vastidão semiárida, encontram-se as serras cristalinas e
os planaltos, que funcionam como “ilhas de umidade” no domínio morfoclimático das caatingas e
são considerados como feições de exceção nesse espaço (AB’SÁBER, 1970).
O Nordeste brasileiro é conhecido por ser uma das regiões mais carentes, caracterizada pela
má distribuição de terras, alto índice de natalidade, de mortalidade e de analfabetismo, o que jus-
tifica a grande necessidade de políticas públicas que promovam o desenvolvimento dessa região.
Particularmente, o estado da Paraíba figura entre os mais carentes da região nordeste, o que
despertou fazer um estudo sobre a importância de políticas públicas para as comunidades da
Serra do Espinho, em Pilões/PB. Trata-se de um ambiente que adquire importância fundamental
na disposição dos recursos naturais locais, pois condiciona os tipos de recobrimento vegetal, os ti-
pos de solos, de climas e a disposição hidrológica, que vão influenciar diretamente nas atividades
econômicas. Entretanto, as comunidades locais carecem de apoio, orientação e investimentos,
essenciais para a sustentabilidade dos assentados (CAVALCANTE, 2010; FERREIRA, 2012).
A Serra do Espinho é um ambiente ocupado por pequenas comunidades agropecuárias, é
um espaço dotado de forte potencial turístico, devido as suas belezas paisagísticas, possuindo
também suas limitações naturais, econômicas e sociais. É nesse contexto que pretendemos rea-
lizar um acompanhamento das Comunidades da Serra do Espinho, para incentivar a valorização
ambiental dos espaços sociais e naturais e orientar os moradores sobre as políticas públicas que
possam contribuir para a melhoria das comunidades, em termos sociais, ambientais e turísticos.
2. Revisão da Literatura
Políticas públicas são ações governamentais no nível federal, estadual e municipal, com ob-
jetivo de desenvolver o bem coletivo (RUA, 1998). Podem ser desenvolvidas em parceria com o
governo e sociedade, através de organizações não governamentais (ONGs), além da iniciativa pri-
vada. Na esfera ambiental, tais políticas incentivam um desenvolvimento sustentável procurando
diminuir o impacto sobre o meio ambiente.
A área de Políticas Públicas surgiu na Europa na década de 1930, como um desdobramento
dos trabalhos baseados em teorias explicativas sobre o papel do Estado e de uma das mais im-
portantes instituições do Estado - o governo, produtor, por excelência, de políticas públicas. São
considerados os pais da política pública H. D. Laswell, Hebert Simon, Charles E. Lindblom e D.
Easton (SOUZA, 2006). Existem várias definições sobre o que seja política pública, não existe uma
única ou uma melhor definição.
Segundo Schmitter (1984, p. 34), a “política é a resolução pacífica para os conflitos” Este con-
ceito é demasiado amplo, discrimina pouco. É possível delimitar um pouco mais e estabelecer que
política consiste no conjunto de procedimentos formais e informais que expressam relações de
poder e que se destinam à resolução pacífica dos conflitos quanto a bens públicos (RUA, 1998).
Políticas públicas são conjuntos de programas, ações e atividades desenvolvidas pelo Estado di-
retamente ou indiretamente, com a participação de entes públicos ou privados, que visam asse-
gurar determinado direito de cidadania, de forma difusa ou para determinado seguimento social,
cultural, étnico ou econômico.
A formulação de Políticas Públicas com fins sociais e ambientais é recente no Brasil e remonta
a era da primeira gestão do Presidente Getúlio Vargas, desenvolvidas em três campos: na previ-
dência e na legislação trabalhista; na saúde e na educação; no saneamento básico, habitação e
transporte (MEKSENAS, 2002, p.110). Particularmente, a gênese da política ambiental brasileira,
preocupada explicitamente com a proteção, conservação e uso dos recursos ambientais, só vai
adquirir maior importância com a promulgação da Constituição de 1988 (ARAÚJO, 2000), seguida
da Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA) (Lei nº 9.795/99) que obteve seu decreto de
regulamentação em 2002 e desde então têm contribuído para acelerar o processo de instituciona-
lização da Educação Ambiental no País, cujo marco inicial, pelo menos para o ensino formal, foi a
Lei nº 6.938/81, a qual, ao instituir a Política Nacional de Meio Ambiente, determinou a inclusão da
EA (Educação Ambiental) em todos os níveis de ensino.
No que diz respeito às políticas públicas para o desenvolvimento de áreas rurais, as ações
abrangem todas as necessidades, desde que haja uma participação e interesse, em forma de or-
ganização das comunidades, para dar continuidade a essas atividades. As atividades turísticas já
ocorrem há muito tempo no mundo, principalmente nos ambientes dotados de belezas culturais
e paisagísticas. Dessa forma são desenvolvidos diversos tipos de turismo, desde os de cunho con-
templativo até as atividades mais radicais.
Uma das modalidades mais recentes do turismo é o geoturismo que tem se apresentado
como um segmento promissor da atividade turística que tem características específicas e essen-
ciais à conservação do patrimônio geológico e ao desenvolvimento econômico das comunidades
envolvidas.
A atividade está pautada em três princípios fundamentais: base no patrimônio geológico,
sustentabilidade e na informação geológica. Juntamente ao geoturismo está o turismo rural que
segundo Queiroz (2012) essa modalidade vem conquistando espaços, mesmo que ainda de forma
desordenada, mas trazendo consigo propostas de conservação ambiental.
3. Metodologia
Para atingir os objetivos propostos foram realizados entrevistas semiestruturadas com os che-
fes de família, de acordo com Albuquerque et al (2010), onde são flexibilizadas perguntas abertas,
seguindo um roteiro guia previamente elaborado pelo entrevistador. O levantamento bibliográfi-
co teve como base monografias, dissertações, periódicos e artigos publicados em revistas especia-
lizadas sobre o tema. Durante as etapas de pesquisa de campo utilizou-se registro fotográfico para
melhor verificar a ausência de algumas políticas públicas existentes nas Comunidades de Ouricuri,
Poço Escuro e Titara.
Martins, Complexo São Caetano e metagranitóides Cariris. Esse material rochoso vai gerar feições
bastante diferenciadas, que constituem o Planalto.
Para a Companhia de Pesquisa e Recursos Minerais (CPRM, 2005) a malha hidrográfica do mu-
nicípio de Pilões é composta pelo rio Araçagi e Araçagi-Mirim, afluentes da bacia hidrográfica do
Mamanguape. Geomorfologicamente, é notória a formação de feições conhecidas como “marmi-
tas de gigante”, que se trata de geoformas circulares e côncavas esculpidas nas rochas através da
ação erosiva das águas ao longo do curso dos rios. O relevo côncavo-convexo caracteriza a Serra
do Espinho por toda sua extensão, com resquícios de vegetação de mata atlântica condicionados
fortemente pela encosta oriental, expostos às chuvas orográficas e favorecidos pela penetração de
ventos alísios, ricos em umidade, através dos vales do rio Paraíba do Norte e do rio Mamanguape.
No município de Pilões, as características hidrológicas e climatológicas diferem daquelas que
marcam o Polígono das secas, pois se encontra em um enclave paisagístico marcado por tempe-
raturas mais amenas e período chuvoso mais definido, com precipitações abundantes, formando
os “brejos” no semiárido, surgem como verdadeiras ilhas de umidade e de refúgios para os seres
bióticos e para os elementos que compõem a paisagem.
Segundo a CPRM (2005) as principais classes de solos que ocorrem no município de Pilões
são os ARGISSOLOS VERMELHO-AMARELO distróficos e os NEOSSOLOS LITÓLICOS. Os ARGISSO-
LOS são formados por material mineral, desenvolvidos a partir de diferentes materiais de origem,
apresentam horizonte B textural (Bt), argila de atividade baixa (Tb), ou alta (Ta) conjugada com
saturação por bases (V) baixa ou caráter alítico. O horizonte Bt encontra-se imediatamente abaixo
de qualquer tipo de horizonte superficial, exceto o hístico, sem apresentar, contudo, os requisitos
estabelecidos para serem enquadrados nas classes dos LUVISSOLOS, PLANOSSOLOS, PLINTOSSO-
LOS ou GLEISSOLOS (EMBRAPA, 2006).
A cobertura vegetal da localidade enquadra-se no tipo mais conhecido como brejo de altitu-
de, com várias matas que acompanham os principais recursos hídricos, funcionando como uma
mata ciliar, de porte alto e de grande densidade. As principais essências florestais encontradas
nesse tipo de mata são:Angico (Anadenantheramacrocarpa), Pau D’arco Roxo (Handroanthushep-
taphyllus), Pau D’arco Amarelo (Handroanthusserratifoliius), Aroeira (Myracrodruonurundeuva),
Freijó (Cordiatrichotoma (Vell.) Arráb. ExSteud), Ingá (Inga vera subsp.Affinis(DC.) T.D. Penn e Em-
baúba (CecropiapachystachyaTrécul). Com a retirada da floraoriginal, a cobertura vegetal do muni-
cípio enquadra-se na mata latifoliada perenifóliada de altitude (FERREIRA, 2012).
As comunidades Veneza, Titara, Ouricuri e Poço Escuro, apresentadas a seguir, são uma atra-
ção à parte, pois desenvolvem atividades pastoris, agrícolas, artesanais e culinárias características
da cultura local, mas precisam de orientação quanto à valorização desse ambiente e ao uso sus-
tentável de seus recursos naturais necessitando de um trabalho de sensibilização ambiental.
4. Resultados e Discussão
Na Serra do Espinho o assentamento rural Veneza tem grande importância dentre as demais
comunidades, pois além de serem desenvolvidas atividades atrativas foi a única entre as quatros
comunidades citadas a cima que conseguiu se tornar em um Assentamento devido a um projeto
do INCRA (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). O assentamento Veneza recebeu
esse nome pelas quantidades de nascentes, riachos, cacimbas e cachoeiras que ficam na localida-
de de Veneza, sendo comparada com a cidade Italiana de Veneza. Após o período de desapropria-
ção das terras, as mesmas foram divididas em 5,5 hectares de terra para cada uma das 26 famílias.
Os assentados residem em casa própria, de alvenaria, dotada de banheiro, fossas sépticas,
energia elétrica e cisternas implantadas pelo governo federal. As famílias são cadastradas nas polí-
ticas públicas atuais e cada família possui renda de até um salário mínimo com as suas atividades.
Organizam-se através da Associação dos Moradores e da Associação de Mulheres e guardam seus
costumes, crenças e tradições, dentro da religião católica, com a padroeira Nossa Senhora das
Graças, adorada na capela local.
Antes do processo de desapropriação de terras os moradores de Veneza trabalhavam no cul-
tivo da cana de açúcar e fabricavam melado, rapadura e açúcar mascavo. Com a falência da Usina
Santa Maria, localizada no município de Areia, vizinho ao município de Pilões e que recebia a pro-
dução local, o engenho de Veneza e todos os demais foram ao declínio. A partir daí os moradores
buscaram alternativas agrícolas, cultivando produtos para a subsistência, além da banana, como
cultivo comercial, e atualmente iniciam atividades ligadas ao turismo rural.
Os assentados de Veneza demonstram um nível mais adiantado de organização em relação
às outras comunidades, no que diz respeito ao usufruto de suas potencialidades naturais e cultu-
rais, pois receberam acompanhamento técnico e recursos financeiros que permitiram organizar os
seus espaços de forma mais harmoniosa com a natureza e com as necessidades da comunidade.
Assim, os espaços comunitários vêm sendo estruturados para o turismo rural, como é o caso da
casa de farinha, de uma casa antiga, da capela e da casa das mulheres artesãs.
A antiga casa de farinha, utilizada pelos moradores para beneficiamento da mandioca, está
em andamento para se transformar no Memorial Casa de Farinha, que será aberto aos turistas.
Dessa forma, o turista poderá acompanhar de perto todo o processo de fabricação da farinha e
provar as iguarias (bolinho de mandioca, bife de mandioca, beijú, tapioca...), preparados pelas
mulheres da associação, além disso, desfrutará de um ambiente acolhedor, resquício da época
colonial.
A casa Grande, onde morava o administrador do engenho na época do Brasil colônia, é uma
importante construção de aspecto rústico que também está em obras para de transformar em
uma pousada e em um restaurante (financiamento do Banco Mundial). O restaurante ocupará a
antiga obra, já os chalés serão construídos ao lado e atrás da casa, para que os turistas possam
desfrutar de um conforto maior.
A associação de mulheres foi fundada em 2012, buscando aproveitar as habilidades de crochê
e pintura passada de mães para filhas ao longo dos anos. Após dois anos de sua fundação as mu-
lheres associadas participaram de várias capacitações e consultorias promovidas pelo Serviço de
Apoio às Microempresas da Paraíba (SEBRAE) e outros órgãos aprimorando, assim, seus trabalhos
e dando origem a novos artesanatos feitos de bambu (Bambusa vulgares), espécie vegetal muito
presente na comunidade.
Os fatos marcantes que ocorreram na comunidade dizem respeito à conquista da terra, à con-
quista da casa própria obtida por meio de empréstimos concedidos pelo INCRA aos assentados e
a construção da igreja, em 2002, pelo Padre Cristiano. O número de residências é de 50 a 100 do-
micílios de alvenaria, mas apenas algumas casas são abastecidas com água encanada e cisternas,
além de terem energia elétrica, resultado do Projeto LUZ PARA TODOS.
Os estudantes são assistidos com um transporte que faz o deslocamento para as escolas do
município. Como atividades de lazer, os moradores praticam esporte em um campo de futebol
comunitário, andam pelas trilhas ecológicas e tomam banho nas cachoeiras e nas piscinas naturais
que se formam ao longo do rio Araçagi-Mirim. Contudo, não se sabe das condições de potabilida-
de dessas águas, pois não se tem nenhuma análise laboratorial.
Os assentados são conscientes de que é preciso tomar medidas sérias sobre a preservação
do meio ambiente e a retirada dos resíduos sólidos na comunidade e nas trilhas que levam até a
cachoeira. O lixo doméstico orgânico é transformado em adubo e os recicláveis são transformados
em artesanato ou levados para a ENERGISA, que retribui concedendo descontos aos moradores
A origem do nome da Comunidade Titara de acordo com o relato dos moradores entrevista-
dos é proveniente de um vegetal nativo da vegetação do Brejo Paraibano, uma espécie de trepa-
deira típica da região, na qual os moradores da comunidade produziam cestos e caçuás.
A comunidade Titara está localizada a 4 km da sede do município de Pilões, formada por 30
famílias. O Sr. Antônio Rodrigues Pereira foi o primeiro morador, que veio trabalhar e morar nessas
terras, acompanhado dos cinco filhos e da esposa, no início do século XX. As terras pertenciam ao
Sr. José Pacífico, mas à medida que novas famílias se instalavam, o anseio pela posse da terra au-
mentava. Assim, uma parte da comunidade, em torno de cinco famílias, conseguiram a posse de
alguns lotes que foram distribuídos entre 4 e 5 hectares para cada família. Os demais moradores
passaram a comprar as terras e construir suas próprias moradias.
Os primeiros moradores sobreviviam do campo, ou seja, através da agricultura de subsistên-
cia, onde plantavam o feijão (Phaseolus vulgaris), o milho (Zea mays), a fava (Phaseolus lunatus),
a mandioca (Manihot) e a batata doce (Ipomoea batatas). Criavam em abundância as aves como
galinha (Gallus gallus domesticus), pato (Anas platyrhynchos ) e outros animais a exemplo de boi
(Bos taurus) e porco (Sus domesticus).
Na comunidade Titara não existiam engenhos como ocorreu em Veneza, por isso os morado-
res migravam para as comunidades vizinhas em busca de trabalhos. Com o declínio da usina Santa
Maria os moradores foram obrigados a procurar outros meios para sobreviver. Em Titara o que
predomina atualmente como fonte de renda é aposentadoria, empregos da prefeitura, e outra
parcela trabalham nas cidades circunvizinhas de Areia, Cuitegi e Guarabira, para ajudar nas despe-
sas da família, enquanto que a agricultura familiar é utilizada como reforço e se mantém presente
na base social da comunidade.
Dentre os acontecimentos marcantes na comunidade Titara estão às celebrações da festa do
padroeiro Santo Antônio. Os mutirões para a construção das casas de alvenaria dos moradores e a
formação da Associação de Moradores, que vem proporcionando vários benefícios para a comu-
nidade, inclusive a instalação da energia elétrica.
A associação comunitária fez um projeto para a antiga Sociedade Anônima de Eletrificação
da Paraíba (SAELPA) instalar energia para todos os moradores, na década de 1990. Dessa forma,
percebe-se o papel fundamental que a união dos moradores exerce na comunidade, a partir da
organização social para continuarem prosperando nas atividades praticadas. Nesse contexto,10
moradores se reuniram, contribuíram com a quantia individual de R$ 800,00 para escavação de
poços e encanação d’água em suas residências. Outra conquista que beneficiou a todos foi à im-
plantação de cisternas através do governo federal, em parceria com o Centro Educacional Profis-
sional (CEDUP).
Atualmente uma das maiores preocupações se refere à coleta de lixo na comunidade Titara,
devido às péssimas condições da única estrada que dá acesso à comunidade. Assim, o lixo pro-
duzido é queimado, mas provoca mau cheiro e proliferação de insetos, pois agrega o lixo dos 50
domicílios da comunidade.
Os moradores costumam utilizar espaços naturais como área de lazer, os espaços mais co-
muns são cachoeiras, piscinas naturais e os rios Araçagi e Araçagi-Mirim. Mas esses espaços estão
carentes de uma maior atenção da gestão pública na coleta dos resíduos sólidos e apoio na sen-
sibilização ambiental. Porém, sem a ajuda dos moradores não se obterá êxito, pois, cada um deve
arcar com suas responsabilidades e conservar o meio ambiente.
Na comunidade Titara as principais fontes de renda são aposentadoria, a cultura da banana e
a agricultura familiar que servem como complemento para as famílias. Em um acordo feito entre
o CEDUP e a secretaria de agricultura municipal, ficou certo que quem assistiria a associação seria
a secretaria de agricultura do município de Pilões.
As reuniões acontecem no 4º sábado de cada mês na escola da comunidade ou na capela,
pois não tem sede própria. As reuniões já foram bem participativas, mas com a falta de apoio e
de assistência por parte dos órgãos responsáveis, a comunidade tem dado pouca importância a
esses encontros.
Atualmente a associação não participa de nenhum projeto voltado para o desenvolvimento
comunitário, no entanto, tem planos para o futuro de formar uma associação comunitária de mu-
lheres que visam trabalhar com artesanatos, além de que pretendem fazer eleição para nomear
nova mesa diretora e o próximo objetivo é lutar para conquistar um local para a sede da associa-
ção comunitária.
Os moradores estão satisfeitos onde residem e não pretendem migrar para a cidade, gostam
de suas casas e do lugar onde vivem e trabalham. Os principais cultivos são a banana (musan spp),
milho (Zea mays), fava (Phaseolus lunatus), feijão (Phaseolus vulgaris), a mandioca (Manihot ) e o
abacate (Persea americana).
Para que práticas inovadoras venham a se desenvolver, a comunidade rural deverá está arti-
culada e fortalecida pela associação de moradores, pelo cooperativismo ou fórum regional. É pos-
sível criar alternativas de desenvolvimento local por meio de geração de trabalho e renda, através
do envolvimento participativo, melhorias dos produtos e serviços e o aproveitamento sustentável
das potencialidades culturais, ambientais e históricas.
Nesse sentido, o potencial turístico de Titara deverá ser desenvolvido em parceria com as
comunidades potencializadas pelo o turismo natural e rural, de suas cachoeiras, trilhas ecológi-
cas, caminhadas pedagógicas e passeios ciclísticos por comunidades mais próximas como a de
Veneza, Ouricuri e Poço Escuro. Ambas as comunidades juntas, em forma de políticas públicas
poderão desenvolver o geoturismo, através da contemplação das paisagens, da geomorfologia,
da geologia e das manifestações culturais locais.
A palavra Ouricuri no tupi guarani quer dizer entre morros e serras. Nela residiam duas famílias
que eram os senhores das terras, as famílias Flor do Rego e Pacifico, que foi o vetor da formação da
comunidade. Essas terras foram passadas de pai pra filho, onde seus moradores mais antigos eram
trabalhadores das próprias fazendas, procedentes do município de Pilões. A sede da comunidade
de Ouricuri situa-se ha 6 km de Pilões na PB 077, na vertente oriental do Planalto da Borborema.
Cada residência da comunidade de Ouricuri é feita de alvenaria possuindo aproximadamente
3,0 hectares de terras, que são usadas para a agricultura familiar e a criação pecuária de pequeno
porte. Essa área rural possui cerca de 50-100 moradias, com cinco pessoas por residência, sendo
em sua maioria crianças e jovens que estudam na zona urbana, enquanto seus pais trabalham no
campo.
A comunidade Ouricuri possui uma associação de moradores, que foi fundada em 1996, em
uma casa cedida por um dos donos de terra local, e surgiu através das necessidades de projetos
e benefícios de melhorias na comunidade. A associação hoje se encontra fechada por motivos
desconhecidos segundo moradores, ela procurava resolver as dificuldades locais, reunindo-se há
cada segundo domingo do mês na sede.
Atualmente ao se tratar da Associação, percebe-se que os próprios moradores não se organi-
zam para reativar as atividades desencadeadas pela Associação. Visto a necessidade de organiza-
ção social e a melhor gestão de futuros benefícios para essa comunidade em termos de políticas
públicas.
Na produção agrícola os moradores da comunidade de Ouricuri cultivam milho (Zea mays),
feijão (Phaseolus vulgaris), mandioca (Manihot), fava (Phaseolus lunatus), banana (musanspp), caju
(Anacardium occidentale), jaca (Artocarpus heterophyllus), acerola (Malpighia emarginata), cacau
(Theobroma cacao) e abacate (Persea americana), laranja (Citrus sinensis). Com a comercialização
desses produtos, os agricultores conseguem completar a renda familiar. A produção agrícola se
torna melhor no período chuvoso, pois as terras ficam mais favoráveis para o plantio.
No cultivo de produtos agrícolas os agricultores se utilizam de meios de ferramentas simples
como a enxada, foice, faca e o facão, que facilitam a retirada do produto. Trata-se da agricultura
de subsistência, aonde o solo são menos impactadas e agredidas, as sementes utilizadas no novo
plantio são das produções anteriores. Essa região abriga um espaço natural belíssimo, uma cacho-
eira que recebe o nome da própria comunidade “Ouricuri”, e que atrai turistas de todos os lugares
da região, e ate mesmo de outros estados como Rio de janeiro e São Paulo e de outros países, para
fazer expedições e acampamentos nessa área.
A associação de moradores exerce papel fundamental na organização social de uma comu-
nidade. Por isso, se faz necessária a reabertura das atividades da associação de moradores de Ou-
ricuri, no sentido de uma melhor organização sobre o desenvolvimento local, com as práticas tu-
rísticas e a conservação do meio ambiente. É de fundamental importância a participação ativa da
comunidade no desenvolvimento econômico da localidade, para que haja um bom planejamento
econômico social e aproveitamento das práticas sobre o meio ambiente. De acordo com os mo-
radores, atualmente a comunidade sobrevive com a agricultura e a pequena criação de animais,
ambas sendo utilizadas para o consumo e para o comércio.
A toponímia “Poço Escuro” se justifica na força das águas das cachoeiras que, ao impactar-
-se com o solo, formam grandes buracos, cuja água aparenta ser de cor escura. Essas terras fo-
ram compradas à proprietária Raquel Pimentel, com cerca de 5-10 hectares. Seus moradores são
procedentes de Guarabira e lá se instalaram para trabalhar no campo. Atualmente cada família
garante o seu sustento com a monocultura da banana e conseguem um a dois salários mínimos
mensais.
A Comunidade Poço Escuro, está situada a 300m de altitude, em relevo constituído por ver-
tentes côncavo-convexas, cobertas pela vegetação de mata úmida, drenadas pelo rio Araçagi
Mirim, afluente da bacia hidrográfica do Rio Mamanguape, ocupadas por atividades agrícolas e
pecuárias. A área é dotada de belezas naturais e cênicas que podem ser exploradas na modalida-
de do turismo rural, tais como as formações rochosas, as trilhas ecológicas, as piscinas naturais,
as grutas, o mirante da Pedra do Espinho, a cobertura vegetal exuberante, além das atividades
agropecuárias e da gastronomia.
É existente na comunidade cerca de 100 moradias de alvenaria e uma capela católica, mes-
mo a comunidade não tendo uma rede de sistema de abastecimento de água e esgoto, ela se
desenvolve ao longo de um riacho que forma um vale, tendo além de um campo comunitário um
balneário ecológico.
Poço Escuro possui uma associação de moradores que surgiu através da EMATER, tendo como
Presidente o morador Sr. Manoel Silvano, que foi eleito entre os moradores para representar essa
área rural. A associação procura resolver as dificuldades locais, reunindo-se há cada terceiro do-
mingo do mês, na sede.
Essa comunidade tem grandes planos futuros como organizar os jovens e as mulheres para
produzirem o artesanato e formar um grupo de artesão, tendo apoio do Sindicato dos Trabalhado-
res do município de Pilões e da Secretaria de Agricultura.
As famílias de moradores de Poço Escuro possuem cerca de 1-5 pessoas por residência, sendo
em sua maioria crianças e jovens que estudam na zona urbana, enquanto seus pais trabalham no
campo. As famílias criam vários animais. Na produção agrícola os moradores cultivam milho (Zea
mays), feijão (Phaseolus vulgaris), mandioca (Manihot), fava (Phaseolus lunatus), banana (musans-
pp), caju (Anacardium occidentale), jaca (Artocarpus heterophyllus), jambo (Syzygium malaccense),
acerola (Malpighia emarginata), cacau (Theobroma cacao) e abacate (Persea americana). Com a co-
mercialização desses produtos, os agricultores conseguem completar a renda familiar.
O cultivo desses produtos é do tipo artesanal, com o uso de ferramentas simples como a enxa-
da, foice, faca e o fação, que facilitam a retirada do produto. Trata-se da agricultura de subsistência,
aonde o solo é menos impactado, porém não é feito o pousio dessas terras, uma vez que o plantio
é ininterrupto. As sementes utilizadas no novo plantio são das produções anteriores.
5. Considerações Finais
Referências
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CAVALCANTE, T. M. S. Balneário Paraíso Ecológico De Poço Escuro: Desenvolvimento turístico
Resumo Abstract
As mudanças Ambientais sempre ocorreram, po- The environmental changes always occurred,
rém se agravou quando o homem descobriu que but worsened when the man discovered that fire
o fogo podia transformar e modificar o seu entor- could transform and modify your surroundings,
no, de maneira que se fazem necessárias mudan- so that if urgent changes are needed in the habit
ças urgentes no hábito da sociedade. Portanto, of society. Therefore, awareness-raising actions
ações de sensibilização e conscientização se tor- and awareness have become indispensable to
naram indispensáveis para a construção de novos the construction of new values, attitudes and
valores, atitudes e habilidades sociais sustentá- social skills. According to the Law nº 9,795/199
veis. Conforme a Lei Federal nº 9.795/199 o poder public power is one of the responsible to promo-
público é um dos responsáveis para promover a te environmental education. The present study
Educação Ambiental. O presente trabalho buscou sought to list the actions and practices of envi-
elencar as ações e práticas de Educação Ambien- ronmental education carried out in Department
tal realizadas no município de Santarém pela Se- of education the municipality of Santarém. Were
cretaria Municipal de Educação (SEMED). Para a identified 44 Projects. The main methods of rai-
realização da pesquisa foi feito: a) levantamento sing awareness of the projects were seminars and
bibliográfico sobre a temática; b) pesquisa docu- workshops, followed by fairs and training; and
mental, onde foram consultados projetos, relató- the themes more addressed were environmental
rios, folders que se referiam a ações de educação education, waste and Environment.
ambiental junto a SEMED. Foram identificados 44
Projetos. Os principais métodos de sensibilização Keywords: Environmental education practices,
dos projetos foram Seminários e Oficinas, segui- Environment, students, community.
dos de Feiras e Treinamentos; e as Temáticas mais
abordadas foram Educação Ambiental, Resíduo e
Meio Ambiente.
1. Intrudução
de 2015, dos 100 maiores municípios do país, os 20 piores em saneamento são da região norte e
nordeste, e Santarém se encontra na 19° posição (BRASIL, 2015).
O poder público é o responsável por gerenciar as problemáticas, através de metodologias e
diálogo para abranger o maior número de pessoas e informar sobre o interesse coletivo de disse-
minar e aplicar os conhecimentos ambientais podendo ainda associar-se com entidades privadas
que assumam compromisso com as questões ambientais (ANDRADE, 2013).
A EA é instrumento de gestão formador de opinião que auxilia na mitigação dessas proble-
máticas, pois visa sensibilizar os moradores quanto aos problemas ambientais do município, e de
acordo com Jardim (2009), sua consciência influencia nas ações educativas organizadas pela prá-
tica social por meio de processos que irá promover mudanças na qualidade de vida da população.
A presente pesquisa buscou estudar os Projetos de Educação Ambiental desenvolvidos pela
Secretaria Municipal de Educação (SEMED), desde a implantação da Lei 9.795/1999 até o ano de
2014. Essa pesquisa surgiu da motivação de mostrar à população santarena e a comunidade em
geral, os benefícios, os avanços e os pontos fracos dos projetos de EA, e também de fornecer sub-
sídios para futuras ações dessa secretaria.
2. Materiais e Métodos
A área de estudo corresponde os limites do município de Santarém, região oeste do Pará (Fi-
gura 1), que está situado no km 0 da rodovia BR-163 Santarém-Cuiabá (FAUSTINO, 2013).
Com uma população estimada em 292.520 habitantes conforme IBGE (2015), Santarém é
uma cidade, segundo Ramos (2004), que se estabeleceu sem planejamento urbano, crescendo
sob total descaso de condições habitacionais e se desenvolveu de acordo com os ciclos econô-
micos da Amazônia (borracha, ouro e militar), sendo este ultimo ciclo, muito importante para o
crescimento urbano na época (entre 1950-1960), o qual proporcionou um aumento acelerado e
desordenado da cidade.
A cidade de Santarém conhecida inicialmente por aldeia dos Tupaius (índios da região)
foi ocupada pelos portugueses que extraiam as chamadas drogas do sertão (especiarias), em
1626, pela expedição do capitão Pedro Teixeira, a primeira realizada pelo rio Tapajós, e em 1661,
os jesuítas do padre João Felipe Betendorf, “catequizaram os índios” chegaram a este local, o qual
passou a categoria de Vila em meados de 1750 com a denominação de Santarém, e elevada à
categoria de cidade e sede do município pela Lei Provincial nº 145, de 24 de outubro de 1848
(SANTARÉM, 2013).
3. Resultados
A figura 2 apresenta a quantidade de Projetos realizados pela SEMED, por ano de execução,
para o período de 1994 a 2014. O ano que apresentou maior quantidade de Projetos foi 2011 (17
Projetos). De 2006 a 2010 foram registrados, em média, dois projetos por ano. Para os anos 2012 e
2014 foram registrados sete projetos por ano e em 2013 apenas dois Projetos.
Figura 2: Quantidade de Projetos de Educação Ambiental, por ano, desenvolvidos pela SEMED de Santarém
de 1994-2014.
A figura 3 apresenta a caracterização quanto ao Público Alvo dos Projetos realizados pela
SEMED para o período de 1994 a 2014. O Público que mais foi atingido foram os discentes (31
Projetos), seguido dos Docentes de escolas públicas (22 Projetos). A Comunidade foi incluída em
14 Projetos, o Corpo técnico (técnicos das escolas e dos órgãos institucionais), em 11 Projetos; os
Transeuntes em sete Projetos; a População em geral em quatro Projetos. O Público incluído em
apenas um projeto foram as entidades CLEAN, IFPA, DIVISA e IESPES.
Figura 3: Público Alvo dos Projetos de Educação Ambiental desenvolvidos pela SEMED de Santarém de
1994-2014.
Figura 4: Métodos de sensibilização dos Projetos de Educação Ambiental desenvolvidos pela SEMED de
Santarém de 1994-2014.
Figura 5: Temáticas abordadas pelos Projetos de Educação Ambiental desenvolvidos pela SEMED de Santa-
rém de 1994-2014.
4. Discussão
adequada para tratar dos Recursos Hídricos com estratégias de formação de multiplicadores e
coleta seletiva de resíduos sólidos e seu destino final. No entanto faltou uma logística para esse
trabalho, pois o relatório apontou que a coleta desses resíduos (Baterias, Vidro, Plástico, Lata), não
teve um destino final adequado, mostrando que acabou sendo destinada a área de disposição
final de resíduos do município.
5. Conclusões
Referências
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Ambiente-SEMA, 2013.
APÊNDICE A
Quadro 1: Informações dos projetos de Educação Ambiental desenvolvidos no ano de 1994
a 2005 pela Secretaria Municipal de Educação-SEMED de Santarém.
APÊNDICE B
Quadro 2: Informações dos projetos e programas de Educação Ambiental desenvolvidos no
ano de 2006 a 2010 pela Secretaria Municipal de Educação-SEMED de Santarém.
APÊNDICE C
Quadro 3: Informações dos projetos e programas de Educação Ambiental desenvolvidos no
ano de 2011 pela Secretaria Municipal de Educação-SEMED de Santarém.
APÊNDICE D
Quadro 4: Informações dos projetos e programas de Educação Ambiental desenvolvidos no
ano de 2012 a 2014 pela Secretaria Municipal de Educação-SEMED de Santarém.
Resumo Abstract
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável Ponta The Sustainable Development Reserve Shark
do Tubarão é a primeira do Rio Grande do Nor- Point is the first of Rio Grande do Norte. This in
te. Esta por sua vez, rege e abriga uma variedade turn governs and hosts a variety of new features
de novidades que as Unidades de Conservação that protected areas seek, among them, a form of
buscam, dentre elas, uma forma de preservação preservation and conservation of local communi-
e conservação das comunidades locais. A mais de ties. The over 10 years of its creation, you can still
10 anos de sua criação, ainda é possível encontrar find local weaknesses stemmed from to society
fragilidades locais, provindos desde á sociedade itself, as the limitations of the bodies (in this case
em si, como pelas limitações dos órgãos (no caso the absence of zoning and management plan).
a ausência do zoneamento e plano de manejo). This work seeks to observe the perspective of an
Este trabalho busca observar pela óptica de um active local resident views on the reserve, from
morador ativo da região visões a respeito da re- its origins to the present. It was found that the
serva, desde sua origem até a atualidade. Foi creation of it is of paramount importance both
possível constatar que a criação da mesma é de to the conservation and preservation of the envi-
suma importância, tanto para a conservação e ronment of this place, as also for society, althou-
preservação do meio ambiente daquele local, gh the same can not see that way in many cases.
como também para a sociedade, apesar da mes- However, one should seek briefly to conserve and
ma não conseguir visualizar dessa forma em mui- improve the weaknesses for them not to become
tos casos. Entretanto, deve-se buscar brevemente future problems.
conservar e melhorar as fragilidades para elas não
se tornarem problemas futuros. Keywords: Weakness, vision, importance.
1. Introdução
2. Metodologia
A elaboração deste ensaio consistiu em adotar uma metodologia de cunho qualitativo, a qual
é descrita por Gerhardt e Silveira (2009), como uma técnica que não se preocupa com represen-
tatividade numérica, mas, sim, com o aprofundamento da compreensão de um grupo social, de
uma organização, etc. Nesse tocante, utilizou-se de pesquisas bibliográficas para buscar conceitos
e averiguar as informações, em diversas fontes de pesquisa, as quais são compreendidas como
revistas, artigos científicos e sites acadêmicos.
Como instrumento de coleta dos dados foi feito o uso de questionário previamente elabo-
rado com 30 questões abertas e fechadas. A pesquisa toda foi realizada com materiais online,
inclusive a própria entrevista se deu de forma online pela questão da locomoção até o local e a
praticidade. O entrevistado é possuidor de um blog na região de Macau e outros municípios, mos-
tra-se sempre atualizado e conhecedor da história da região e por este motivo foi escolhido para
abordar sobre. Na pesquisa não será divulgado o nome do entrevistado apesar de o mesmo ter
concebido, porém por não ter sido possível o scanner de sua assinatura no termo de responsabili-
dade, os autores preferem continuar no anonimato. A pesquisa ocorreu no ano de 2014, contudo
por meio de pesquisas, é possível constatar que a maioria dos problemas persistem, entretanto,
alguns, como o plano de manejo, estão sendo solucionados, contudo, não os foram até a presença
data para submissão.
3. Referencial teórico
Vi chegar a Petrobrás e assisti a expansão das salinas e agora mais recentemente a invasão
das usinas eólicas. Os núcleos urbanos - talvez em razão da distancia de grandes centros -
tiveram crescimento lento o que preservou a região. Acompanhei a luta - principalmente
dos jovens -- para a criação da Reserva [final da década de 1990]. À época a região estava
ameaçada por especuladores da área do turismo. O jornal Folha de Macau fez algumas
matérias sobre o assunto. Na criação da Reserva houve sensibilidade dos políticos que se
convenceram da necessidade da preservação daquela região. O papel de pessoas como
Luiz Itá, morador de Diogo Lopes foi fundamental para a concretização da Reserva.
Contudo, vale ressaltar ainda que a única forma visível da contribuição positiva da população
é sua participação nos eventos promovidos pela Reserva. A criação da Reserva veio cunhada de
inúmeras vantagens para a região como um todo. E tomando como base os conhecimentos do
entrevistado:
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é uma área natural que abriga populações tra-
dicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos
naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais
e que desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção
da diversidade biológica (BRASIL, 2000).
Nos parágrafos seguintes, a lei diz que a RDS tem como objetivo básico preservar a natureza
e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e os meios necessários para a reprodução e a melho-
ria dos modos e da qualidade de vida e exploração dos recursos naturais das populações tradi-
cionais, bem como valorizar, conservar e aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do
ambiente, desenvolvido por estas populações. Além disso, ela é de domínio público, sendo que
as áreas particulares incluídas em seus limites devem ser, quando necessário, desapropriadas, de
acordo com o que dispõe a lei. Outro aspecto importante da lei a ser mencionado, é o parágrafo
4o , que diz que a Reserva de Desenvolvimento Sustentável será gerida por um Conselho Delibe-
rativo, presidido pelo órgão responsável por sua administração e constituído por representantes
de órgãos públicos, de organizações da sociedade civil e das populações tradicionais residentes
na área.
No tocante as atividades, a lei estabelece que as mesmas deverão seguir determinadas con-
dições, como: a visitação publica, desde que compatível com os interesses locais e o Plano de
manejo da área; é permitida e incentivada a pesquisa científica; deve ser sempre considerado o
equilíbrio dinâmico entre o tamanho da população e a conservação; e é admitida a exploração
de componentes dos ecossistemas naturais em regime de manejo sustentável e a substituição da
cobertura vegetal por espécies cultiváveis, desde que sujeitas ao zoneamento, às limitações legais
e ao Plano de Manejo da área.
Este tópico, trata sobre os problemas de ambito social, cultural, economico e ambiental en-
contrado até hoje, depois de mais 10 anos da criação da reserva. Uma das principais reclamações
da população feita quanto a questão da poluição, é justamente a ausência de um zoneamento e
de um plano de manejo, onde eles percebem que isto torna a reserva de certa forma vulnerável.
Entrentando, ressalta-se que está havendo um processo de Plano de Manejo atualmente. Os pro-
blemas são oriundos desde a criação da reserva, tanto que esta teve seu início justamente por
conta destes. A poluição por empresas de petróleo, carcinicultura, industria salina sempre foi alvo
de criticas dos moradores e mesmo pós 10 anos da construção da reserva é visível que o unico
interesse destes é o lucro imeadiato.O entrevistado da pesquisa relata sobre essa questão da visão
capitalista. Onde as empresas enxergam somente o seu lucro imeadiato, não dando importância
para o que ocorre e o que irá ocorrer futuramente com seu uso. Ele disse que:
Todas estas atividades são potencialmente poluentes. Hoje existe tecnologia suficiente
para evitar a poluição destas atividades. Muitas vezes o chamado desastre ambiental
ocorre em razão da falta de consciência das empresas que enxerga mais o lucro imediato,
sempre perigoso para o meio ambiente e para o futuro da atividade explorada. Falta res-
ponsabilidade social.
Este parque é um problema para as comunidades que sobrevivem da pesca. Além disso,
é uma agressão ao meio ambiente. A empresa fez o rebaixamento da consta e avançou.
Construíram estradas retirando areia das dunas e isso impossibilita nosso livre trânsito
com o pescado e as canoas, como fazíamos antes.
Então com questões como essa fazem a população pensar negativamente sobre energias
sustentáveis, quando deveria ser o contrário. Tudo devido a ganancia dos empresários. Uma ques-
tão não menos importante, é a respeito da superexploração com o turismo da região, já que por
ser uma área da primeira reserva de desenvolvimento sustentável do estado, deveria servir como
modelo para estruturas civis sustentáveis, porém estão desenvolvendo apenas o papel de em-
preendimentos capitalistas, visando somente o lucro, desrepeitando principalmente os nativos.
Um dos problemas que consta atualmente na reserva é a questão da poluição. Segundo nosso
entrevistado atualmente a RDSPT está com dois problemas sérios, o primeiro seria a questão do
lixo carregado pelo movimento das marés que é algo consideravel e perigoso, com proporsões e
dimensões inimagináveis, e o outro problema seria a falta de um sistenta de esgotamento sanitá-
rio nas comunidades. Isso torna as concentrações urbanas os locais mais poluídos da reserva. No
tocante a inexistência do zoneamento e do plano de manejo, o entrevistado acredita que forma
fica indefinido o que pode e o que não pode na reserva que fica assim vulnerável ao avanço de-
senfreado daqueles que buscam lucro sem respeitar nada e ninguém.
4. Resultados e Discussão
5. Conclusão
Após mais de 10 anos da reserva, o morador acredita que a principal mudança é no quesito
preservação, onde considera isto como principal conquista. As expectativas ainda esperadas são
sobre a questão da conscientização de maior parte da população, a criação de um zoneamento e
de um plano de manejo. O entrevistado encerrou dizendo que acredita que a maior expectativa é
vida com dignidade para todos, sem precisar sair da região.
Referências
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Data de acesso: 17 de dezembro de 2014.
Resumo Abstract
O conceito de meio ambiente possui abordagens The concept of environment has approaches in
em distintos campos científicos, discutindo a re- different scientific fields, discussing the man-na-
lação homem-natureza nas suas transformações, ture relationship in their transformation, helping
contribuindo para utilização e aplicação prática to use and practical application of the concepts
dos conceitos de preservação e conservação. As- of preservation and conservation. Thus, environ-
sim, a educação ambiental, torna-se importante mental education, it is important mediation ins-
instrumento de mediação da relação entre poder trument of the relationship between government
público e sociedade no sentido de inserção da and society to the environmental issues insertion.
temática ambiental. Nesta proposta, objetivou-se This proposal aimed to present representations
apresentar as representações dos alunos do nível of students of basic level of Teresina-PI school on
básico de ensino de Teresina-PI sobre as políticas environmental public policies, analyzing the case
públicas ambientais, analisando o caso de suas of his propositions directed to Parnaíba and Poti
proposições direcionadas aos rios Parnaíba e Poti, rivers, aimed at discussion of legal norms rela-
visando a discussão de normatizações legais liga- ted to the environment and roles of the different
das ao ambiente e as funções dos diversos atores actors involved in the conservation and preser-
sociais envolvidos na conservação e preservação vation of these rivers. Therefore, an educational
destes rios. Para tanto, uma oficina didática foi workshop was held in order to discuss the issue.
realizada com objetivo de discussão sobre a te- The workshop was the result of the activities de-
mática. A oficina foi fruto das atividades desen- veloped by the Institutional Scholarship Program
volvidas pelo Programa Institucional de Bolsas de Introduction to Teaching (PIBID) at the College of
Iniciação à Docência (PIBID) no Colégio da Polícia Military Police (CPM) - Dirceu Mendes Arcoverde.
Militar (CPM) – Dirceu Mendes Arcoverde. O pre- This study was divided into six stages: bibliogra-
sente trabalho dividiu-se em seis etapas: Levan- phical survey; Pre-workshop - application of 15
tamento bibliográfico; Pré-oficina – aplicação de questionnaires; lecture on environmental policies;
15 questionários; aula teórica sobre políticas pú- Planning and preparation workshop; Workshop -
blicas ambientais; Planejamento e preparação da Simulated Jury and Post Workshop - Registration
oficina; Oficina – Júri simulado e Pós oficina – Re- new insights by applying more questionnaires in
gistro de novas percepções através da aplicação return to the classroom. The actions took place in
de mais questionários no retorno à sala de aula. 2015, the CPM - Dirceu Mendes Arcoverde, with a
As ações ocorreram no ano de 2015, no CPM – group of 3rd year of high school. The results obtai-
Dirceu Mendes Arcoverde, com uma turma do 3º ned in the study showed a lack of knowledge by
ano do ensino médio. Os resultados obtidos no the students about concepts related to environ-
estudo apresentaram falta de conhecimento por mental issues, noting changes in representations
parte dos alunos sobre conceitos relacionados à of the participants after the completion of prac-
temática ambiental, percebendo mudanças nas tical activity. Knowing this, we can see a positive
representações dos participantes após a realiza- action of the proposals to result in active behavior
ção da atividade prática. Sabendo disso, percebe- and committed students.
-se uma ação positiva das propostas no sentido
de resultarem em comportamentos ativos e com- Keywords: Environment, Rivers Parnaíba and
prometidos dos alunos. Poti, Environmental education, Teaching and le-
arning.
Palavras-Chave: Meio ambiente, Rios Parnaíba e
Poti, Educação ambiental, Ensino-aprendizagem.
1. Introdução
O meio ambiente está presente no espaço geográfico, abordando assim sua inserção no lu-
gar, território, paisagem e região. Com base nisso, este conceito é, então, compreendido como o
meio geográfico, contendo a natureza e a sociedade, sendo esta última verificada de uma forma
mais localizada, situada historicamente num tempo e num espaço determinado e caracteriza-
da distintamente devido aos diferentes níveis culturais dos grupos que a compõem (AZAMBUJA,
2009, p. 31).
No processo de conceitualização do meio ambiente, se verifica a necessidade de utilizar ou-
tros conceitos que complementem sua compreensão. O conceito de natureza se faz presente,
tendo em vista que este é um tema integrador que designa ambientes naturais e transformados
(ART, 1998).
Tomando como base tais elementos da natureza, que favorecem a sobrevivência humana, se
verifica algumas definições que podem ser tomadas como base para melhor compreensão dos
aspectos norteadores do meio ambiente.
Assim, Abreu et al (2011, p. 1) afirmam que meio ambiente constitui um conjunto de todos os
fatores e elementos que cercam uma dada espécie de seres, é a natureza com alta mutabilidade e
grande complexidade, onde a interação população e ecossistema determinam a organização do
espaço em um dado período de tempo.
Na definição de meio ambiente, percebe-se que este possui conceituação não só através de
literaturas especificas do tema, mas também de órgãos governamentais, os quais definem meio
ambiente na tentativa de conciliar com suas respectivas políticas públicas. De acordo com IBGE
(2004, p. 210), meio ambiente é o conjunto dos agentes físicos, químicos, biológicos e dos fato-
res sociais susceptíveis de exercerem um efeito direto ou mesmo indireto, imediato ou em longo
prazo, sobre todos os seres vivos, inclusive o homem. Ressalta-se que este efeito é proporcionado
principalmente pelas condições de sobrevivência dada ao homem a partir do conjunto dos agen-
tes descritos.
A alteração das características naturais do ambiente pode resultar na degradação das condi-
ções mínimas favoráveis à existência humana. Com base nisso, a relação homem-natureza tornou-
-se, desde então, alvo de inúmeras análises a fim de se investigar a atuação antrópica no ambiente.
A modificação deste, realizada pelo homem, trouxe não só condições necessárias para sua sobre-
vivência, mas também alterações nas características naturais do seu próprio ambiente.
Nesse contexto, utilizam-se, então, outros dois conceitos interligados com a temática am-
biental: conservação e preservação ambiental. A definição destes conceitos favorecerá as suas
respectivas aplicabilidades na prática, tendo em vista que possuem diferenças em suas conceitu-
ações.
Para IBGE (op. cit., p. 84), a conservação consiste numa utilização racional dos recursos natu-
rais renováveis (ar, água, solo, flora e fauna) e obtenção de rendimento máximo dos não renová-
veis (jazidas minerais), de modo a produzir o benefício sustentado para as gerações atuais, man-
tendo suas potencialidades para satisfazer as necessidades das gerações futuras. Destaca ainda,
que este conceito não é sinônimo de preservação porque está voltada para o uso humano da
natureza, em bases sustentáveis.
Ainda sobre o conceito de conservação, Pinheiro et al (2008, p. 15) afirmam que manter um
meio ambiente bem conservado significa preservar todos os seus componentes em boas condi-
ções, ou seja, ecossistemas, comunidades e espécies.
Em complemento ao conceito de conservação, tem-se a utilização do conceito de preserva-
ção, que segundo Grisi (2007, p. 192) é a ação de proteção e/ou isolamento de um ecossistema
com a finalidade de que ele mantenha suas características naturais, pelo fato de ser constituído
como patrimônio ecológico de valor. Dessa forma, haverá uma proteção em longo prazo das es-
pécies e seus respectivos habitats.
Estes conceitos tornaram-se mais evidentes a partir da segunda metade do século XX, em
meados da década de 1950. De acordo com literatura especializada, isso decorre devido ao avan-
ço tecnológico e econômico verificado historicamente até os dias atuais. Young (2001, p. 26) com-
plementa que o crescimento econômico e sua relação com o meio ambiente passou a requerer
estratégias de desenvolvimento.
Na segunda metade do século XX a questão ecológica, com seus desdobramentos, passou
a ser discutida de uma forma cada vez mais intensa, que vai do âmbito local ao global. Tais dis-
cussões assumem em cada espaço valores e características particulares e que são analisadas com
base numa questão ecológica geral, discutida internacionalmente somada às demandas e acon-
tecimentos locais.
Com isso, o século XX firma-se como sendo o período de maior conscientização acerca das
questões ambientais. Nos anos iniciais deste século passa a ser notório um ambiente já bastante
degradado, sendo isso proveniente das diversas ações antrópicas que se utilizavam dos recursos
naturais diversos. A partir da percepção sobre a relação desarmônica entre sociedade e meio am-
biente, houve o surgimento de uma maior discussão acerca das consequências que se desencade-
avam a partir da relação sociedade-natureza.
A preocupação ambiental, originada no século XX, deriva do pensamento ambiental remon-
tado de meados do século XVIII, quando ainda neste período havia a predominância de uma so-
todo o modo de pensar de grande parte da população. Porém, é necessário destacar que essa
mobilização pode acabar se tornando um simples modismo, idealizado através de campanhas
midiáticas que favorecem para um pensamento ecológico breve e passageiro, o qual não possui a
verdadeira essência do pensamento ecológico e da consequente conservação do meio.
Nesse sentido, é preciso refletir sobre a validade das experiências, até agora vividas pelos que
militam por questões ambientais, em busca de não só a preservação do ambiente físico natural,
mas como também pela justiça ambiental que é intrínseca as discussões do equilíbrio do ambien-
te, sendo necessário entender que os debates, discussões e vivência das pessoas devem romper
com a zona de conforto de esperar o momento certo para alcançar relações mais equilibradas no
ambiente.
Para isso, as ações de conservação e preservação da natureza são formadas a partir das com-
petências de cada ator no processo: sociedade e poder público com suas bases de políticas pú-
blicas ligadas ao setor (MONTE, 2016), que visam a melhoria da qualidade vida para a população
partindo da conservação/preservação do ambiente.
As políticas públicas, são definidas como instrumentos importantes para as ações voltadas ao
meio ambiente, consistem num conjunto de ações e decisões do governo, voltadas para a solução
de problemas da sociedade (SEBRAE, 2008, p. 5), destacando dentre este problemas os resultados
negativos das relações entre sociedade e natureza.
Acerca dos tipos de políticas públicas, estas podem ser agrupadas em três classes, que são:
políticas econômicas; políticas sociais, na qual se insere a educação, saúde, entre outras ações;
políticas territoriais, inserindo-se ações voltadas para urbanização, regionalização, transportes,
dentre outras (MORAES, 1998, p. 29).
Ainda segundo Moraes (op. cit., p. 30), a política ambiental estaria inserida como uma ramifi-
cação da política territorial, tendo em vista que o meio ambiente se insere como um modelador
do espaço, sendo esta modelagem ocorrida através da visão que o homem possui sobre o am-
biente, influenciando por vez na forma como este será utilizado.
Assim, as políticas públicas ambientais surgem como forma de organização e fiscalização de
como o ambiente seria utilizado pelo homem, ou então, assim como afirma Salheb et al (2009, p.
12), proteger o meio ambiente, o integrando aos demais objetivos da vida em sociedade, como
forma, inclusive, de proporcionar qualidade de vida.
Dessa maneira, estratégias são criadas para amenizar e sensibilizar a população sobre suas
interferências no ambiente e as possibilidades de resultados. Dentro do contexto de sensibiliza-
ção ambiental, destacam-se ações que planejadas de maneira integrais, contínuas e críticas estão
organizando as normatizações estabelecidas por lei. Nesse contexto, ações voltadas ao fortaleci-
mento do acesso à informação da população somado a sua educação são desenvolvidas, norma-
tizadas pela lei nº 9795/1999, ações de Educação Ambiental (EA) no Brasil.
A educação ambiental nasce como um processo educativo que conduz a um saber ambiental
materializado nos valores éticos e nas regras políticas de convívio social e de mercado, implicando
na questão distributiva entre benefícios e prejuízos da apropriação e do uso da natureza (SORREN-
TINO et al, 2005, p. 289).
Em complemento a isso, Júnior (2013, p. 128) afirma que a EA deve ser vista e praticada como
um processo permanente de aprendizagem que valoriza as diversas formas de conhecimento e
contribui com a consciência local dos cidadãos em articulação com a escala planetária. No entan-
to, deve-se ressaltar a interdisciplinaridade verificada na educação ambiental, tornando-a mais
complexa (LOUREIRO, 2004, p. 72).
Para isso, o poder público cria mecanismos que possam contribuir no processo de abordagem
de temas relevantes na educação básica, dentre eles a EA. Os Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCNs) configuram-se como principal mecanismo que contribui para as abordagens dos diversos
temas, os quais se caracterizam por ser um referencial de qualidade para a educação no país, ten-
do por consequência a garantia de investimentos no sistema educacional (BRASIL, 1997a, p. 13).
No tocante à temática ambiental, os trabalhos devem ser orientados e desenvolvidos de for-
ma a proporcionar aos alunos uma diversidade de experiências e ensinar-lhes formas de partici-
pação. Ainda assim, Brasil (1997b, p. 52) afirma que estes trabalhos devem possuir visão ampla
e integradora, de uma forma que envolva não só os elementos naturais do meio ambiente, mas
também os elementos construídos e todos os aspectos sociais envolvidos na questão ambiental.
Com isso, se verifica a transversalidade de conteúdos presente nos PCNs, levantando, assim, a sua
importância.
2. Materiais e Métodos
O município de Teresina tem sua formação geomorfológica associada aos rios Parnaíba e
Poti. Para caracterização desta associação, é necessária a verificação acerca da estrutura geoló-
gica do município de Teresina, tendo em vista que este é outro aspecto inter-relacionado com a
dinâmica dos rios.
A estrutura geológica do estado do Piauí possui sua composição, cerca de 84%, formada
pela Bacia do Maranhão-Piauí. (ARAÚJO, 2010). Sobre esta Bacia, Pfaltzgraff (2010, p. 18) afirma
que é essencialmente paleozoica, possuindo a seguinte divisão: Siluriana (Grupo Serra Grande),
Devoniana (Grupo Canindé) e Carbonífero-Triássica (Grupo Balsas). Ainda assim, este último autor
descreve que a Bacia do Maranhão-Piauí tem uma estrutura circular fechada, atingindo em seu
centro cerca de 3.000m de espessura, com uma superfície de aproximadamente 600.000 km.
As características geológicas e geomorfológicas interferem de forma direta nas bacias hi-
drográficas presentes no estado, ou seja, contribuirá para as formas de armazenamento, recarga
e circulação da água (ARAÚJO, op. cit., p. 61). Para melhor gerenciamento da água, o estado do
Piauí promulgou a lei nº 5.165/2000 (SILVA, P., 2003, p. 112), na qual institui a Politica Estadual de
Recursos Hídricos e cria o Sistema Estadual de Gerenciamento dos Recursos Hídricos.
No Piauí, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMAR) realizou uma
classificação na qual apresenta as principais bacias hidrográficas presentes no estado, com desta-
que para Bacia Hidrográfica do Parnaíba com seus respectivos afluentes. O Rio Parnaíba, principal
rio piauiense e presente em toda parte oeste do estado, percorre desde os planaltos da região sul
piauiense e recebe na cidade de Teresina um de seus principais afluentes, o Rio Poti (PMT, 2002,
p. 16).
A partir das caracterizações físicas do estado do Piauí e da cidade de Teresina, tem-se o CPM
– Dirceu Mendes Arcoverde como área de estudo para realização das atividades relacionadas com
a oficina didática e consequente desenvolvimento deste trabalho. O colégio possui suas instala-
ções na zona leste da cidade de Teresina-PI, como pode ser observado na figura 1 abaixo.
Está área encontra-se mais próxima do Rio Poti, caracterizando-se por, inicialmente, serem
encontradas lagoas que foram aterradas principalmente para ocupação e expansão da cidade.
Destacam-se construções ligadas aos empreendimentos de alto padrão (shopping centers, re-
sidências de luxo), que alteraram a paisagem diretamente, influenciando, também, na dinâmica
dos rios, tendo em vista que houve um maior despejo de esgotos não tratados no decorrer de
crescimento do processo de urbanização às margens dos rios.
2.2 Método
A compreensão da realidade e seu nível de organização são aspectos que geram questio-
namentos e posições distintas dos indivíduos (MELAZO, 2005, p. 47). Um aluno pode analisar o
estado de conservação da rede hídrica de sua cidade distintamente dos atores governamentais
da mesma, o que pode ser explicado através das diferentes bases de concepção que contribuem
para estas visões de mundo.
Sobre as concepções que resultam em visões de mundo, verifica-se na Geografia Humanística
a sua caracterização, assim como Johnston (1986, p. 221) afirma que este campo da geografia tem
o homem como sujeito ativo a partir das suas interações com o ambiente, interações estas com
consequências relacionadas à modificação do meio e do próprio homem. Ainda segundo o autor,
a Geografia Humanística tem a compreensão disso através de representações feitas pelos próprios
indivíduos que no meio se inserem.
A representação é, então, o ato de representar algo que não se possui ao alcance, tendo ape-
nas conhecimentos sobre aquilo que se quer representar. Ou, assim como se refere Piaget (1964)
ao descrever que a representação reduz-se à imagem mental ou à recordação-imagem, isto é,
utilização de símbolos que representem as realidades ausentes.
No tocante à ciência geográfica, a representação se expressa de maneira que proporciona
aproximar discussões pertinentes às análises referentes ao homem e vida cotidiana no espaço
(ANDRADE, 2000, p. 90).
Dessa forma, quando o desafio é relatar e analisar as diversas representações sobre a mesma
base material com suas dinâmicas ambientais associadas, é fundamental correlacionar cultura e
Nas discussões, foi abordado o conceito de meio ambiente e as políticas públicas direcionadas
para sua preservação/conservação. Nesse sentido, a representação dos resultados foi organizada
em classes e categorias, mediante os objetivos da pesquisa (RYAN e BERNARD, 2000), inventa-
riando através de pré-teste e pós-teste representações dos alunos participantes sobre definições,
atuações e relevância das políticas públicas ambientais com destaque para aquelas aplicadas no
âmbito da preservação/conservação dos rios Parnaíba e Poti em Teresina/PI.
3. Resultados e Discussões
A partir das análises acerca dos conceitos verificados sobre meio ambiente, percebe-se que
a sua conservação e preservação decorre de atores inseridos no meio, sendo essa função dada à
sociedade e o governo com suas políticas públicas, ressaltando a importância destas últimas no
processo de preservação e conservação.
Sobre as políticas públicas Sorrentino et al (op. cit., p. 289) descrevem que estas podem ser
entendidas como um conjunto de procedimentos formais e informais que expressam a relação de
poder e se destina à resolução pacífica de conflitos, assim como à construção e ao aprimoramento
do bem comum.
Sabendo disso, a próxima pergunta utilizada no questionário fez menção à compreensão dos
alunos acerca do conceito de políticas públicas. Nas respostas obtidas na fase pré-oficina verifi-
cou-se notoriamente uma falta de conhecimento por parte dos alunos sobre o conceito de tal
expressão, não sabendo, também, suas respectivas atribuições.
As respostas dos questionários aplicados nas fases pré-oficina e pós-oficina mostraram a ní-
tida diferença nas representações dos alunos sobre a conceituação das políticas públicas. Este
ocorrido deriva do fato de os alunos passarem a ter maior contato com o conceito de politicas
públicas a partir do momento de preparação da oficina (fase de desenvolvimentos e apresentação
de conceitos). Dentre as designações feitas pelos alunos, observa-se que ação governamental é
considerado o conceito que melhor descreve políticas públicas, tendo em vista que esse conceito
aparece em maior número nas respostas obtidas nas fases pré-oficina e pós-oficina. Abaixo, na fi-
gura 3, há a demonstração dos dados obtidos com a segunda pergunta analisada no questionário.
As respostas observadas nas duas primeiras perguntas analisadas demonstram uma falta de
conhecimento por parte dos alunos acerca da temática ambiental. De maneira geral, Fernandes
et al (2008, p. 152) afirmam que este fato decorre da falta de informações básicas repassadas não
somente aos alunos, mas também para a sociedade. O reflexo disso contribui para que possa ser
gerado um déficit no tocante aos ensinamentos de conceitos importantes para o processo da
educação ambiental.
Ainda de acordo com estes autores, verifica-se que esta situação pode se originar através
das falta de ações da própria sociedade, no momento em que esta não se insere de maneira ativa
possui conhecimentos acerca de tal conceito, ressaltando que este número acaba por interferir
nos demais questionamentos, por serem conceitos interligados.
Ainda nesse sentido, as respostas obtidas na fase pós-oficina mostram a notória falta de co-
nhecimento acerca da temática abordada, tomando como base a divergência entre as respostas
verificadas nas duas fases, demonstrando a importância em se realizar tal atividade prática a fim
de apresentar conhecimentos que contribuirão para o processo de formação cidadã dos alunos
no ambiente escolar.
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Resumo Abstract
A apropriação dos recursos naturais pelo homem, The appropriation of natural resources by the
de maneira acelerada e desordenada, agravam os man, in a fast and disorderly way aggravate the
problemas ambientais e comprometem o meio environmental problems and compromises the
natural e social. Nesse sentido, a criação de Uni- natural and social environments. In this way, the
dades de Conservação – UCs torna-se bastante re- creation of Conservation Units – CUs becomes
levante, ao mesmo tempo que estas contribuem very relevant, at the same time that they contribu-
para preservar a biodiversidade local e proporcio- te to preserve the local biodiversity and provide a
nam melhor qualidade de vida para população. better quality of life for the population. Applied
Estudos realizados nestas UCs contribuem para studies in these CUs contribute to the analysis of
análise de tais espaços destinados ao uso susten- these spaces, destined to sustainable use, in or-
tável, no intuito de detectar possíveis usos e po- der to detect possible uses and potential, as also
tencialidades, como também evidenciar a inade- highlight the inadequacy of the area, supporting
quação da área, subsidiando estudos posteriores. the future studies. The present study aims to
O presente estudo objetiva caracterizar o Parque characterize the Floresta Fossil Municipal Park,
Municipal da Floresta Fóssil, localizado na cidade located in Teresina, state of Piauí, Brazil, through
de Teresina – PI, através de pesquisas bibliográfi- bibliographical research in articles and journals,
cas em artigos e periódicos, bem como consultas as well as consultations in the Management Plan.
no plano de manejo. Com base nas informações Based on the information obtained, has been pro-
obtidas foi comprovada a situação de abandono ved the situation of abandonment and neglect,
e descaso, reflexo do quadro atual de degradação reflection of the current situation of environmen-
ambiental que o Parque apresenta. tal degradation that the Park presents.
1. Introdução
O Parque Municipal da Floresta Fóssil abrange uma área de 13 há e está localizado às mar-
gens do Rio Poti, na cidade de Teresina, capital do Piauí. É enquadrado como uma Unidade de
Conservação (UC) Municipal, e pode ser entendida como um museu a céu aberto, na área urbana
de Teresina. Sua maior relevância se prende ao caráter científico, não apenas pela exclusividade
paleontológica, mas, também ao significado ambiental, paisagístico, urbanístico e turístico que
essa UC agrega à paisagem cultural da cidade (IPHAN, 2013). Foi criada por meio do Decreto nº
2.195, de 08 de janeiro de 1993, instituído pela Prefeitura Municipal de Teresina, sob a finalidade
de se preservar um importante patrimônio natural do município, tendo em vista que é uma das
principais áreas de resgate histórico na cidade de Teresina, sendo reconhecido por uma pequena
parcela da população que respeita o caráter do parque como patrimônio histórico natural, confor-
me está previsto na legislação. A Figura 1 ilustra uma fotografia da entrada do parque.
Figura 1: Entrada do Parque Ambiental Floresta Fóssil, voltada para Av. Marechal Castelo Branco.
Fonte: LIMA, 2016.
O trabalho foi desenvolvido com o intuito de se caracterizar o Parque Municipal Floresta Fós-
sil, levando em consideração seus aspectos físicos, bem como identificar os diferentes tipos de
uso deste. Para tanto, no presente trabalho foram desenvolvidas as seguintes etapas para obten-
ção das informações necessárias, sendo elas seleção das principais bibliografias para embasar o
trabalho e, posteriormente, entrevistas com representantes da SEMAM (Secretaria Municipal do
Meio Ambiente e Recursos Hídricos). Por fim, uma visita ao parque foi realizada, com o objetivo de
comprovar as informações obtidas no decorrer da pesquisa.
2. Referencial Teórico
Conforme a Lei nº 9.985/2000, art. 7º, §1º: “o objetivo básico das Unidades de Proteção Inte-
gral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais [...]”.
Dentre as Unidades de Proteção Integral, as classificadas como Parques Naturais Municipais têm
como objetivos complementares: a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância
ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimen-
to de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza
e de turismo ecológico (Lei n° 9.985/2000,art. 11) (IPHAN, 2013).
O estado Piauí é beneficiado em termos de atrativos naturais, históricos e culturais. Em Tere-
sina encontramos um grande número de parques ambientais, sendo estimado o número de 26
parques, incluindo as reservas florestais (QUARESMA, 2013).
As Unidades de Conservação constituem espaços muito importantes para cidade de Tere-
sina porque possibilitam a conservação e/ou preservação permanente da flora e da fauna, sus-
tentando também o patrimônio genético da natureza (biodiversidade), além de outros atributos
do ambiente, como a manutenção dos cursos d’água, de monumentos geológicos, de vestígios
histórico-culturais e das belezas cênicas. De forma integral ou parcial, essas Unidades se destinam
a estudos e atividades educativas, culturais, cientificas e de lazer. Mais recentemente, como atra-
ções rotuladas de “turismo ecológico” ou “ecoturismo”, podem também trazer retornos econômi-
cos e de lazer às comunidades locais (LIMA, 1996). Acrescenta ainda que na cidade de Teresina tais
Unidades de Preservação Ambiental, conhecidas também como Parques Ecológicos, localizam-se
principalmente nas margens dos rios e são consideradas pela legislação ambiental como áreas de
preservação permanente. Dentre as quais, destacaremos o Parque Municipal Floresta Fóssil do Rio
Poti.
Com base nos registros do IPHAN (2013) em 08 de janeiro de 1993 foi criado o Parque Muni-
cipal da Floresta Fóssil, pelo Decreto Municipal n° 2.195, tendo seus limites definidos pelo Decreto
Municipal n° 7.444/2007. Em 16 de março de 1998 foi realizado o tombamento estadual da Flores-
ta Fóssil, por meio do Decreto Estadual nº 9.885.
Segundo o IPHAN (2013), entende-se por tombamento o ato administrativo realizado pelo
Poder Público, em qualquer esfera (federal, estadual ou municipal), com o objetivo de preservar
por intermédio da aplicação de legislação específica, gestão e fiscalização, os bens de valor históri-
co, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico, e também de valor
afetivo para a população, que importem preservar, impedimento que venham a ser destruídos ou
descaracterizados. O tombamento federal da área ocorreu através do Processo de Tombamento
nº 1510-T-03, em 11 de setembro de 2008, durante a reunião do Conselho Consultivo do IPHAN,
Figura 2: Destino da trilha principal e as margens do rio, onde são encontrados também troncos fossilizados.
Fonte: LIMA, 2016.
O IPHAN (2013) acrescenta ainda que uma das ações mais relevantes para a proteção da Flo-
resta Fóssil foi em 1994, através do Decreto Municipal n° 2.704, que demarca a área do Parque Mu-
nicipal da Floresta Fóssil do Rio Poti. Em setembro de 2008, a Floresta Fóssil do Rio Poti foi tombada
pelo IPHAN como Patrimônio Cultural Brasileiro devido ao notável interesse científico e paisagís-
tico. Tal iniciativa visou, além da proteção deste patrimônio, sua transformação em um espaço
turístico e de incentivo ao conhecimento científico. Na área do tombamento federal estão incluí-
dos, além do Parque Municipal da Floresta Fóssil, outros dois parques municipais: Parque Urbano
Ilhotas – localizado na margem esquerda do Rio Poti, com uma área de 08 hectares, inaugurando
no dia 31 de março de 2002, através da Lei de Preservação Ambiental e Conservação Ambiental nº
1.939 de 16 de agosto de 1988; e o Parque Regional dos Noivos.
Apesar da sobreposição de iniciativas de proteção, os troncos fossilizados que resistiram mi-
lhões de anos, hoje se encontram permanentemente ameaçados devido a sua localização no cen-
tro da malha urbana de Teresina, em uma das regiões mais valorizadas da cidade, onde existe
pressão por urbanização das áreas no seu limite, cujos projetos – imobiliários, viários, sanitários, de
drenagem e eletrificação – são propostos sem levar em consideração as exigências de preservação
do sítio e seu entorno, pela utilização inadequada da área protegida e ações diretas e indiretas
3. Materiais e Métodos
3.1 Localização e características físicas da área de estudo
O parque ambiental Floresta Fóssil está localizado no município de Teresina, capital do esta-
do do Piauí, Próximo ao Centro de Educação Ambiental do Piauí (CEAPI) e ao Parque Potycabana,
tendo seu acesso facilitado pela avenida Raul Lopes. A floresta petrificada estende-se por uma
área de 23 hectares que passou por um processo de afundamento de terrenos, tornando possível
a petrificação dos troncos (TERESINA, 2005).
De acordo com Lima (1998) é atribuído o nome de Floresta para o Parque pelo fato da distri-
buição dos troncos petrificados serem muito próximos uns dos outros, aflorando onde o rio esca-
vou o seu leito. Os troncos podem observados desde o Parque Potycabana até aproximadamente
15 km a montante do curso do Rio Poti indicando sua continuidade sob as rochas, em um espaço
bem maior na área em torno do leito do rio. Foram identificados aí cerca de 60 troncos, encontran-
do-se parte dos troncos em posição de vida ou levemente inclinados, outra parcela rolada pelo
transporte das águas do rio, apresentando diâmetros e comprimentos variados e aflorando com
alturas de até 70 cm.
Embora alguns troncos já apresentem desgaste, o estado de conservação geral é conside-
rado bom, indicando que o tipo de fossibilização foi realizado através da “permineralização”. Este
consiste na substituição de matéria orgânica por minerais, sendo sílex o mineral predominante,
seguido da hematita e da calcedônia, que se encontra preenchendo algumas fraturas. De acordo
com SANTOS e CARVALHO (2004) este material pertence à formação Pedra de Fogo, de idade per-
miana, sendo as camadas dessa formação rochosa rica em troncos fósseis silicificados.
Ao longo de todo o percurso do Rio Poti – que nasce na Serra da Joaninha, no Município de
Parambu, Estado do Ceará – é possível encontrar ocorrências de vegetais fossilizados. No entanto,
é em Teresina que os remanescentes da floresta permiana foram tombados em níveis estadual e
federal (IPHAN, 2013).
No estudo foi utilizada uma abordagem qualitativa descritiva, no qual realizou-se através de
levantamento bibliográfico em artigos, periódicos e sites que abordam a temática, coletando in-
formações sobre o Parque Floresta Fóssil. Destacam-se a consulta de artigos científicos, do site
Paisagens o ambiente em movimento da Professora Dra. Iracilde Maria de Moura Fé Lima (http://
iracildefelima.webnode.com).
Posteriormente foi realizado dois momentos em campo, a começar por uma visita a Secreta-
ria Municipal de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (SEMAM), onde foi feita uma entrevista com a
assessoria técnica da instituição, que apresentou um novo plano de manejo elaborado pelo Insti-
tuto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional- IPHAN, em parceria com a SEMPLAN – Secretaria
Municipal de Planejamento. A assessoria relatou ainda um pouco sobre o litígio que ocorre entre a
Prefeitura e o instituto, pela questão da gestão e da falta de recursos para a concretização do que é
previsto no plano de manejo, e que enquanto isso perdurar é eminente que não haverá perspecti-
vas quanto à reforma e revitalização do parque, quanto a contratação de funcionários para manter
a segurança e preservação do patrimônio, dentre outros aspectos.
Através do embasamento teórico, anteriormente a aula de campo, constatou-se o conheci-
mento da história, dos aspectos físicos, como a localização, extensão de terra, vegetação, dentre
outros fatores. No segundo momento de realização do trabalho, houve a comprovação de algu-
mas das estimativas envoltas na parte teórica, como por exemplo, a falta de infraestrutura e de
manutenção, bem como outras características, que serão abordadas no tópico seguinte.
4. Resultados e Discussão
Figura 4: Imagens A e B ilustram a área do Parque Floresta Fóssil, onde foi encontrado preservativos e resto
de roupas.
disponíveis para colocar em prática as medidas dispostas no Plano. E também as outras entidades
citadas no plano não se responsabilizam por fornecer repasse para instalação das medidas dispos-
tas nessa nova proposta.
5. Conclusão
A importância desses fósseis para a vida atual, apesar de datarem de milhões de anos atrás é
relevante. Para Lima (1998) eles representam relíquias que possibilitam a reconstrução de aspec-
tos do ambiente piauiense, dando pistas de etapas da evolução dos vegetais, bem como da data-
ção, profundidade e tipos de sedimentação e ainda das condições de climas pretéritos.
O Parque Floresta Fóssil possui um importante valor histórico, ambiental e científico, é notório
o potencial didático desse sítio, que remete à necessidade de um pequeno centro de apoio opera-
cional, tanto a pesquisadores e estudantes, quanto a visitantes e turistas que possam se dirigir, em
busca de lazer e de contemplação dessa singular paisagem urbana.
A sociedade está perdendo um local riquíssimo, tanto para estudos, como para a manutenção
da fauna e da flora local, e também fontes diretas do passado que se mantem vivas através das
petrificações, e que se estivesse com a manutenção adequada proporcionaria além de tudo, um
ambiente ímpar no que concerne a beleza do meio natural.
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