Cavaquinho Sem Mistérios Com Dudu Nobre 13-7

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Apresentação

Muito prazer, meu nome é João Eduardo de Salles Nobre, mas todos me
conhecem como Dudu Nobre. Sou filho de João e Anita Nobre.
Aos seis anos de idade, comecei a estudar piano clássico, e aos nove ganhei o
instrumento que se tornaria inseparável para mim, o cavaquinho.
Nasci no Rio de Janeiro, berço do samba e onde, de cada dez rodas de samba
fixas na cidade, três delas eram da minha mãe. Desde garoto, minha casa
sempre foi frequentada por muita gente do samba. Nomes que já eram consa-
grados, como Beth Carvalho e Alcione, e os que depois se tornaram grandes
ar�stas do samba e da música popular brasileira como Zeca Pagodinho e Jorge
Aragão.
Minha vida toda foi dedicada ao samba e depois de muitos anos (e muitas
rodas de samba, é claro!) eu consegui desenvolver métodos simples e
acessíveis a todos que querem aprender e se aprimorar na arte de tocar cava-
quinho.
Esse e-book de introdução ao Cavaquinho é fruto da minha vontade de
alcançar mais pessoas com a música, e que agora está nas suas mãos para te
acompanhar no início dos estudos com Cavaquinho.
Boas aulas e grande abraço!

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01
A anatomia do Cavaquinho

Cabeça

Cravelhas / Tarraxas
Capotraste / Pestana

Escala

Braço Traste

Tampo Roseta
Boca

Ilharga

Rastrilho

Fundo

Cavalete

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02
Características do Cavaquinho

O cavaquinho é um instrumento de quatro cordas, no formato de um violão


pequeno liberando um som mais agudo que um violão comum. Pode ser
tocado de maneira mais “rasgada”, onde o músico acompanha a melodia ou
ainda de forma “ponteada” onde faz-se solo da melodia da música.
O instrumento possui tessitura* com apenas duas oitavas e afinação que
forma uma tríade de sol maior: ré, sol, si, ré – do grave para o agudo.
No choro e no samba as tríades são primordiais por convocar e favorecer o
ritmo da estrutura do acorde. Sons presos no cavaquinho favorecem a
execução, em alguns casos complementados pela própria mão esquerda.

*tessitura: Disposição das notas para se acomodarem a uma determinada voz


ou a um dado instrumento; série das notas mais frequentes numa peça musi-
cal, cons�tuindo a extensão média na qual ela está escrita.

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03
Teoria Musical
A música é uma forma de arte que cons�tui a combinação de vários sons e ritmos, seguindo uma
pré-organização ao longo do tempo e é considerada por diversos autores como uma prá�ca
cultural e humana.
Não se conhece nenhuma civilização ou agrupamento que não possua manifestações musicais
próprias, e embora nem sempre seja feita com esse obje�vo, a música é considerada como uma
forma de arte e classificada por muitos como sua principal função.

Podemos dividir a música em três elementos básicos: melodia, harmonia e ritmo.

♦ Melodia: é a voz principal do som, é aquilo que pode ser cantado, a sequência de
notas musicais;
♦ Harmonia: é uma sobreposição de notas que servem de base para a melodia. Por
exemplo, uma pessoa tocando violão e cantando está fazendo harmonia com os
acordes no violão e melodia com a voz. Cada acorde é uma sobreposição de várias
notas, como veremos adiante em outros tópicos. Por isso que os acordes fazem
parte da harmonia.
♦ Ritmo: é a marcação do tempo de uma música. Assim como o relógio marca as
horas, o ritmo nos diz como acompanhar a música.
A seguir, outras definições importantes. Acompanhe:
♦ Nota: som emi�do na sua individualidade;
♦ Acorde: conjunto de notas tocadas simultaneamente;
♦ Tom: nota que dá a sensação de repouso numa melodia ou harmonia. A tonali-
dade de uma música caracteriza a hierarquia de uma nota, que é a nota principal, o
centro da música onde todas as outras vão girar em torno dela.
♦ Semi-tom: a menor distância entre dois tons;
♦ Intervalo: maior distância entre dois tons;
♦ Símbolos: os acordes u�lizados em qualquer instrumento seguem a simbologia
do sistema de Cifras, dessa forma:

Dó C
Ré D
Mi E
Fá F
Sol G
Lá A
Si B

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04
Os Acordes

Os dedos que comprimem as cordas precisam estar no lugar correto, assim, seja você canhoto ou
destro, sua mão deve se posicionar da seguinte maneira:

1: Dedo indicador - 1ª corda


2: Dedo médio- 2ª corda
3: Dedo anelar- 3ª corda
4: Dedo mínimo - 4ª corda

De acordo com a imagem acima, você pode iden�ficar o número correspondente do dedo e sua
posição nas cordas no braço do instrumento. As linhas ver�cais representam as cordas, as linhas
horizontais representam os trastes e a letra acima representa o acorde que será montado.

Atenção: os espaços entre os trastes do instrumento são chamados escalas. São nestes espaços que
se comprime as cordas e o som é reproduzido. Portanto, se um dos seus dedos es�ver em cima do
traste o som sairá distorcido e abafado.

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05
Tablatura
Tablatura é um método usado para transcrever músicas que podem ser tocadas em vários instru-
mentos de corda como violões, guitarras e baixos, e também em outros instrumentos como gaita e
bateria. Ao contrário das par�turas que exigem maior conhecimento de música e bastante treino, as
tablaturas são voltadas para o músico iniciante ou prá�co. Por outro lado, a tablatura tem a grande
desvantagem de exigir que o músico conheça a música que deseja tocar, visto que a tablatura indica
apenas as notas e não a duração de cada uma ou o tempo da música.

• Bemol: Encontrado nas cifras com o símbolo b, representa a diminuição de meio


tom da nota ou acorde correspondente. Sendo assim, se você descer uma casa no seu
instrumento, estará diminuindo um sem-tom e consequentemente fazendo um acorde
em bemol .

• Sustenido: Encontrado nas cifras com o símbolo #, representa a elevação de meio


tom da nota ou acorde correspondente. Sendo assim, se você subir uma casa no seu
instrumento, estará aumentando um semi-tom e consequentemente fazendo um
acorde em sustenido.

* Atenção: as notas e acordes em E e B (mi/si) não entram em sustenido. Assim, ao se deparar com
elas, passe para o o tom seguinte.

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06
Palhetada.. O que é?
Palhetada é uma técnica que u�lizamos em instrumentos de corda que consiste em ferir a corda em
movimentos alternados para baixo e para cima, aproveitando-se assim o movimento de retorno da
palheta e com isto dobrando-se a velocidade de execução de notas.
Para executar esta técnica, basta simplesmente tocar em alguma corda do instrumento, usando os
dois sen�dos do movimento da palheta (para baixo e para cima). Isto cria um efeito interessante e,
se tocado muito rápido, acentua a sensação de agressividade/agilidade da frase musical em questão.
Tomemos como modelo a seguinte sequência:

*Dica: a palhetada é uma técnica que demoramos um pouco para aprender da ma-
neira correta. Mesmo assim, cada pessoa tem um jeito de tocar, o que acrescenta
mais personalidade com as variações a cada som produzido.

Exercício - Comece seu treinamento da seguinte maneira: comprima as cordas


quando for B e abafe as cordas quando for C. Depois que se sentir seguro, abafe
também nos b em verde. Repita esse exercício por uma semana ou até se sentir
seguro.

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07
Palhetada.. O que é?

Conjunto de Palhetadas

• Básica:
1ª parte: bbCbbCBC
2ª parte: BBCbbCB
3ª parte: BCbbCBC

• Dolente (triste):
1ª parte: BBCBBCBBC
2ª parte: bbCBBC
3ª parte: BcbBBC
4ª parte: BcbBBC
5ª parte: bbCBC

• Partido Alto:
1ª parte: bCBbb
2ª parte: Bcbb
3ª parte: bBCbb
4ª parte: BCBc

• Samba Rock: bcCbcBbc bcCbcBCbc

• Swing básico: bbCBbb bbCBbb

• Samba enredo básico:


1ª parte: BB BB BB B
2ª parte: cb cb bcbcbcB

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Acordes preparatórios
São definidos acordes preparatórios aqueles que estão localizados no 5º grau da escala de um deter-
minado tom dominante. Ele pode ser u�lizado para tabelar um acorde que se encontra no 1º grau de
sua escala numa execução harmônica ou para introduzi-lo na musica durante a mudança de tom.
Acompanhe a tabela:

• Montando seus acordes preparatórios: MAIORES

* Atenção: Para treinar, monte os acordes em seu instrumento e primeiramente bata nota por nota
para conferir o som e depois bata somente para baixo. Faça isso várias vezes com cada dupla de
acordes indicados acima (C com G7, F com C7, D com A7 e assim por diante.)

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Acordes preparatórios

• Montando seus acordes preparatórios: MENORES

* Atenção: Para treinar, monte os acordes em seu instrumento e primeiramente bata nota por nota
para conferir o som e depois bata somente para baixo. Faça isso várias vezes com cada dupla de
acordes indicados acima (Cm com G7, Fm com C7, Dm com A7 e assim por diante.)

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Sequência Quadrada Maiores 1

Agora vamos começar a treinar as sequências quadradas. Elas são formadas por 4 acordes que são
cons�tuídos por um acorde maior, um menor e dois preparatórios com 7 que já foram treinadas
anteriormente. Ainda não se preocupe em fazer um som de samba ou pagode. Atente-se para a
montagem dos acordes e mudança de sons que devem sair com perfeição e ni�dez.

• Use a combinação B-C-B-C (ABF)


B – paletada para baixo com as cordas comprimidas;
C – paletada para cima com as cordas comprimidas;
C (ABF) – paletada para cima com as cordas abafadas.

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Sequência Quadrada Maiores 2

• Use a combinação B-C-B-C (ABF)


B – paletada para baixo com as cordas comprimidas;
C – paletada para cima com as cordas comprimidas;
C (ABF) – paletada para cima com as cordas abafadas.

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Sequência Quadrada Menores 1

• Use a combinação B-C-B-C (ABF)


B – paletada para baixo com as cordas comprimidas;
C – paletada para cima com as cordas comprimidas;
C (ABF) – paletada para cima com as cordas abafadas.

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Sequência Quadrada Menores 2

• Use a combinação B-C-B-C (ABF)


B – paletada para baixo com as cordas comprimidas;
C – paletada para cima com as cordas comprimidas;
C (ABF) – paletada para cima com as cordas abafadas.

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Sequência Quadrada Menores 2

• Use a combinação B-C-B-C (ABF)


B – paletada para baixo com as cordas comprimidas;
C – paletada para cima com as cordas comprimidas;
C (ABF) – paletada para cima com as cordas abafadas.

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Sequência completa em C

Exercício 1: para treinar, u�lize o compasso de tempo 4x4 em toda a sequência, mas com uma
variação de tempo 2x4 no 5º e 6º acorde. Repita essa sequência várias vezes durante uma semana,
e apenas quando notar que conseguiu, passe para o próximo exercício.

Exercício 2: Assim que completar a tarefa acima, u�lize o compasso 2x4 com variação de tempo 4x4
no 11º acorde. Repita essa sequência várias vezes durante uma semana, e apenas quando notar ni�-
dez de sons e perfeição evolua nos exercícios.

*Atenção: u�lize este método em todas as sequências maiores adiante.

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Sequência completa em D

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Sequência completa em E

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Sequência completa em F

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Sequência completa em G

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Sequência completa em A

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Sequência completa em B

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Sequência completa em Cm

Dica: para treinar, u�lize o compasso de tempo 2x4 em toda a sequência, sem nenhuma variação de
tempo. Repita essa sequência várias vezes durante uma semana, e apenas quando notar que conse-
guiu, passe para a próxima.
*Atenção: u�lize este método em todas as sequências adiante.

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Sequência completa em Dm

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Sequência completa em Em

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24
Sequência completa em Fm

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25
Sequência completa em Gm

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Sequência completa em Am

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Sequência completa em Bm

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Campo Harmônico

É o conjunto de acordes formado a par�r das notas de uma determinada escala musical. Esses
acordes são extraídos de uma das quatro escalas estruturais: a maior, a menor, a menor harmônica
e a menor melódica.
Com o campo harmônico conhecemos o acorde que preenche um determinado tom, e também com
ele é possível �rar músicas de ouvido ou até mesmo criar uma música do zero.

De acordo com a figura, para o campo harmônico maior, os degraus mostram o acorde maior em M
e o acorde menor em m no 7º grau (diminuto). Já embaixo, os degraus mostram do 1º ao 8º grau dos
acordes, pois é todo o espectro que precisamos para formar um campo harmônico. Para fazer corre-
tamente, note que do 3º para o 4º e do 7º para o 8º os degraus pulam um tom a menos.

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Vamos treinar ?

Para começar, montemos juntos o campo harmônico de C. Acompanhe:

Como vemos, este campo harmônico é em C (dó maior), então colocamos ele no 1º grau e assim,
damos sequência com os acordes seguintes. Dessa forma, o campo harmônico de C fica:
C – Dm – Em – F – G – Am - B°
Exercício - Monte os campos harmônicos dos acordes abaixo, seguindo a explicação anterior:

• D ____________________________________________
• E _____________________________________________
• F _____________________________________________
• G _____________________________________________
• A _____________________________________________
• B _____________________________________________

*a resposta correta estará na próxima página!

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Vamos treinar ?

Como localizar outras opções de acorde para cada tom?


Usemos como exemplo o campo harmônico de C (dó maior) , pois podemos acrescentar outros
acordes além dos que já definimos anteriormente.
♦ O tom do acorde que se encontra no 6° grau do campo harmônico de C é Am, então qualquer
acorde do campo harmônico de A pode ser u�lizado.

♦ Se localizar o tom de C no 6° grau de uma das sequências, verá que no campo harmônico de
E há em seu 6° grau o C#m , então qualquer acorde do campo harmônico E de pode ser u�lizado.

Com isso, podemos concluir que em uma música na tonalidade de C pode conter acordes dos
campos harmônicos de C, E e A. Dessa forma, você pode subs�tuir o C por qualquer nota para desco-
brir quais acordes podem ser acrescentados.

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Escalas diatônicas
Escala diatônica é uma escala de sete notas (heptatônica), com cinco intervalos de tons e dois inter-
valos de semitons entre as notas. Este padrão se repete a cada oitava nota numa seqüência tonal
específica, assim, a oitava nota é a repe�ção da primeira. As escalas modernas maior e menor são
diatônicas, assim como todos os sete modos tonais u�lizados atualmente.

• Escalas Maiores Diatônicas

• Escalas Menores Diatônicas

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