Lógica - Filosofia

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CMM Woy {fet eR Ke (=| e simbolica Leia este aforismo de Pascal e analise a tirinha. Osprncons bios det canto ; . se compre aunpertnce se € justo que o que ¢ uso sea sequido,E neces que o que & eetorts vile aoe ie vo mais forte seja seguido. A justiga sem a forga é impotente; a forga aplicar regras dos silogismos: dentificar Ve ee yest s Pe s Sicinyscenoer-iiy Sem ajusigntrnica A usiga sea ora rd contests, prac concierge ha sempre maus; a forca sem a justica sera acusada. E preciso, pois, Eger mira cnet reunirsjunigne fora e deat forma favercomequco qc pnt rgumente, aca, valdase, proposgSe, seja forte, e 0 que é forte seja justo, A justica é sujeita a disputas: a Erisowstlgesceescitereate: fea emuto recone, e sem caputa, Aen, nao se poe daa Sea fore json porque ores contadaseajusien, zen scot era injusta, ¢ que ela & que era justa; ¢ assim, nao podendo fazer com que o que é justo fosse fort, fez-se com que o que é forte fosse justo, PASCAL Pensamentes: St Paul: Abi Cult Fizmao Hacar, EPONA ‘SUA ESPADA PeGUe POR Que? Essa TINTA € VENENOSA? ESTA PENA, i, 1 oA ! | Fl oot Hogar (2034), trinha de Chris Browne. Esta ¢ uma gporunidade para os anes No fragmento de Pascal, embora as nocdes de justica e forga reagatarem ge sua prooaexpericia Dostoafatos que enna ger sejam tomadas nitidamente como distintas, o autor se empenha consinoe’ sexenterenieweazsers" em mescla-las, reconhecendo a dependéncia entre elas. Para 0 Tramerteesaren euvectdas Nas filésofo, se a forca contradiz a justica e a justica acusa a forsa, {tos raclacios que gram maior ambas se excluem, por isso defende que é preciso reuni-las, desde oles, Por exemple as prisbese80 hela de regfs e pobre. portato, $80 fess response pio aurerta da que a forca esteja a servico da justica Natirinha de Hagar, sao contrapostas duas formas de poder: 0 po- der da espada, que remete a forca, ¢ 0 poder da pena, que se refere as ideias. Hagar considera efetivo apenas o que se impée por meio da forca, e por isso nao vé a pena como possibilidade de dislogo, mas ‘como algo capaz de matar o inimigo. Hagar nao percebe que a arte da argumentacao é importante porque o convencimento ¢ feito pelo dislogo, pela troca de ideias, até se chegar ao consenso. caso nao se firme um acordo, & necessério saber aguardar novas discusses sem violéncia, o que & um dos projetos da convivéncia civilizada. G Por que estudar Idgica? A loaica faz parte do nosso cotidiano. Na familia, no trabalho, no lazer, na politica, enfim, sempre que nos dispomos a conversar com as pessoas, usamos argu- mentos para expor e defender nossos pontos de vista, Os pais discutem com seus flhos adolescentes sobre 0 ‘que podem ou néo fazer, eos flhos contra-argumentam, Nos encontros entre amigos nem sempre todos tm opiniao idéntica a respeito de assuntos como a fidelidade nas relagdes amorosas, a importancia ou nao da politica, 0 aborto como solugao de uma gravidez nao desejada, a clonagem de humanos etc. Essas situagdes nos levam a usar argumentos para defender nosso modo de pensar. Outras vezes, porém, desejamos persuadiralguém a respeito das ideias que defendemos. Por exemplo, um politico faz promessas tendo em vista o voto do eleitor, um advogado quer convencer 0 juiz da inocéncia do seu cliente, 0 gerente defende a implementacao de estratégias submetidas & avaliacao dos proprietarios da empresa, ovendedor da asraz6es da superioridade do seu produto ao eventual comprador. Nesses casos, nao se trata apenas de simples exposicio de racioci nio, porque se apela também para a emocio, afim de melhor convencer o interlocutor. Essas técnicas so conhecidas da retérica, a arte do discurso persuasivo. 0 que nos interessa neste capitulo, porém, nao 6 a persuasao, mas a légica como instrumento or- ganizador das ideias de maneira mais rigorosa, a fim de chegar a conclusdes adequadas e evitar o erro. Ou seja, a logica é um instrumento da razao que nos ajuda a distinguir uma conclusio correta da falsa, um argumento valido do nao valido. Ossofistase Plato a tinham tratado de questoes l6gicas, mas nenhum deles 0 fez com a amplitude e rigor alcancados por Arstételes (c, 384-322 a.) 0 proprio filésofo, porém, nao usou o nome “lagica’, termo que s6 apareceu mais tarde, talvez no sécu- lo lll aC, com of estoicos. As diversas obras sobre \agica foram reunidas com o titulo de Organon, que significa “instrumento”(e, no caso, instrumento para se praceder corretamente no pensar) G Comegando pelas falacias Os argumentos que nos levam a enganos séo muito comuns, por isso comecaremos por eles. Em se- Exemplos Nos exemplos seguintes, usamos as letras 'q’ para indicar as proposicdes, a) Negagio: “Ha agua em Marte”: p “Nao ha agua em Marte”: ~ p b) Conjungao: “Jodo tem febre e Anténio esti bem de saide”: P-4 €) Disjungao: “A tarde leio ou saio para andar” (supondo serem inclusivas): p vq sta chovendo ou o tempo esti seco” (certamen- te sao exclusivas): p wq 4) Implicagao (condicional): “Se Joao tem febre, entdo deve ficar em casa’: po €) Equivaléncia “Jodo permanece em casa se e somente se estiver com febre": p> q Simbolizagao de senten¢as Para a simbolizacao de sentengas, usaremos como referéncia as letras destacadas em negrito. Procure desenvolver os itens a seguir com a ajuda de um colega. a) 0 presidente 6 oriundo das camadas pobres da populacao. Resposta: (proposigao simples) P b) Nao lio livro nem assisti ao filme. Resposta: (negacao e conjungao) ~ L. ~ ©) Vocé passara na prova se e somente se estudar muito. Resposta: (equivaléncia) P > E d) Ou nao janto ou tomo uma sopa. Resposta: (nega¢ao e disjungao inclusiva) ~J vS €) Se for ao cinema, nao conseguirei terminar o trabalho. Resposta: (implicagao/condicional e negacao) Ca-T f) Ou caso ou fico solteiro. Resposta: (disjuncdo exclusiva) C w S & Importancia da légica Neste capitulo examinamos a légica aristotélica, que se mantém importante até hoje e, em seguida, fizemos um rapido esboco da légica simbélica, Resta dizer que estes no so 0s Gnicos sistemas \égicos. Existem ainda légicas complementares, que ampliam aspectos da lagica classica, ¢ outras rivais ou alternativas, que contrariam alguns principios da cléssica Com o desenvolvimento da ciéncia e da tecno- logia, a légica simbélica tornou-se instrumento in- dispensavel em filosofia, matematica, computacao, direito, inguistica, ciéncias da natureza e tecnologia em geral. Neste iltimo quesito, sua contribuicao se da em setores como inteligéncia artificial, robstica e engenharia de produgao. Enfim, a logica simbélica nos proporciona indme- ras facilidades na vida cotidiana: retirar dinheiro em caixa eletrénico, digitar comandos no computador, ros distrairmos com joguinhos eletronicos. Quando acionamos um icone na barra de ferramentas do computador, estamos ativando uma funcao mate- matica, que é um caso particular da légica simbélica © brasileiro Newton da Costa (1929), matematico, lagico e filésofo, € reco- inhecido pela original teoria da l6gica paraconsisten- te. Ao contrério da l6gica tradicional, que recusa 2 contradicao, ofil6sofo criow uma légica alternativa que lida com dados incompa- tiveis, Ele trabathou com esse conceito durante 30 ‘anos, interessado apenas na beleza matematica que cle implica, e se diz surpreso em ver como sua teoria ‘mostrou-se fecunda 20 ser utlzada em areas de diag- néstico médico, controle de tréfego aérao e de trens, centre outras aplicacées. Newton da Costa, Foto de 2008, Descoberta e justificagao “Quando um enunciado é feito, duas questées importantes podem ser imediatamente colocadas cde que maneira chegou a ser concebido? Que razoes existem para aceité-lo como verdadeiro? Trata-se de duas questées diferentes. Seria um grave erto confundi-las, ¢ um erro pelo menos t3o sério quanto esse & confundir as respostas. A primeira pergunta relaciona-se com a descoberta; as circunstancias lembradas por ela formam o contexto da descoberta A segunda relaciona-se com a justficacao; assuntos {que aqui se tomam relevantes cabem no contexto da justificagao. [1 Sherlock Holmes é um bom exemplo de pessoa ‘com soberbos poderes de raciocinio. Sua habilidacle a0 inferir e chegar a conclusdes é notavel. Nao obstan- te, asua habilidade nao depende da utilizagao de um Conjunto de regras que norteiam o seu pensamento. Holmes é muito mais capaz de fazer inferéncias do ‘que 0 seu amigo Watson. Holmes esté disposto a transinitir seus métodos ao amigo, € Watson & um homem inteligente, Infelizmente, contudo, nao hé regras que Holmes possa transmitir a Watson, capacitando-o a reali- zar os mesmos feitos do detetive. As habilidades le Holmes defliiem de fatores como a sua agucla curiosidade, a sua grande inteligéncia, a sua fértl imaginacao, seus poderes de percepcao, a grande massa de informagdes acumuladas e a sua extrema sagacidade. Nenhum conjunto de regras pode subs- tituir essas capacidades. Se existissem regras para inferir, elas seriam regras para descobrir. Na realidade, 0 pensamento efetivo exige um constante jogo de imaginagao e de pen- samento. Prenderse a regras rigidas ou a métodos hem delineados equivale a bloquear o pensamento, [AS ideas mais frtfferas so, com frequéncia, justamen- te aquelas que as regras seriam incapazes de sugeri. © Questées E claro que as pessoas podem melhorar as suas capaci- dades de raciocinio pela educacao, através da pratica, mediante um treinamento intensivo; isso tudo, porém, ests longe de ser equivalente 3 adocao de um conjunto dle regras ce pensamento. Seja como for, ao discutir- mos as espectficas regras da légica veremos que elas nao poderiam ser encaradas como adequados métodos de pensar. As regras da logica, se ossem aceitas como orientadoras dos modos de pensar, transformar-se-iam numa verdadeira camisa de forga (© que acabamos de dizer pode causar certo de- sapontamento. Frisamos, de modo enfético, o lado rnegativo, esclarecendo aquilo que a légica nao pode fazer, [..] Mas, entao, para que serve a l6gica? A lgica oferece-nos métodos de critica para avaliaga0 coerente das inferéncias. € nesse sentido, talvez, que a légica esté qualificada para dizer-nos de que modo deverfamos pensar. Completada uma inferéncia, & possivel transformé-la em argumento, e a ldgica pode ser utilizada a fim de determinar se 0 argumento & corteto ou nao. A légica nao nos ensina como inferir: indica-nos, porém, que inferéncias podemos aceitar. Procede ilogicamente a pessoa que aceita inferéncias incorretas. Para poder apreciar 0 valor dos métodos légicos, preciso ter esperangas realistas quanto ao seu uso. Quem espera que um martelo possa efetuar o trabalho de uma chave de fenda esté fadado a sofrer grandes desilusdes; quem sabe servirse de um martela co- nhece sua utilidade. A l6gica interessa-se pela juslificagao, nao pela descoberta, A légica fornece métodos para a analise do discurso, ¢ essa anélise é indispensavel para ex- primir de modo inteligivel o pensamento e para aboa compreensao daquilo que se comunica ese aprende.” SALON Wesley C. Léon: ‘Guansparahoogin, 1987 p 28.25 § et eanr tev 1, Eadequado recorrer personagem Sherlock Holmes para explicar o que a légica nao é? Justifique. 2, Usando a metéfora do martelo ¢ da chave de fenda, explique como o autor delimita e explicita o campo da légica, Reveja o exerplo do médico Alexander Fleming ¢ localize no texto de Salmon o trecho que expli or que, para fazer esse tipo de inferéncia, Fleming nao poderia ter usado apenas o raciocinio légico. epee tT Wil») <<) Oe Aplicando os conceitos? © stensique ope de facia ds agumentor abo 8)" 0 pensamento € um produto do cerebro; logo, © pensamento€ ura atbuto da materia oglnica ‘b) O advogado argumenta que seu cliente nao deve terondenado porque em cico foe pequence, {mulher faeces a fafa depende dele par seu sistent. ©) Vou usar o dentifricio X porque a atriz Zo reco- thenila para carat es dente. 4 A nudes pablien €imoral porque é uma ofensa 8 mroraldade ©) Ocandidato x seréum bom prefelto porque un tmprestrio bem eucedido, © eis com atone ositens eientiique oso de angie mento apretentado: ind, ded ou anslogia. Fostiiqse a esporta usando ox concertos aprendios ¢) Bato em caita ira nove flime de Peto Alme- dvar Vou sess porque ¢bem provével que vou sora, que gostei de seu primes fine 1) Aplicandoateoriadagravitagd universal, pode- tras calcuar a masst do Sol.e dos planets © ceplicar as mares Ocontrole de qualidade de uma produgdo em série Cfetoseleconande-se algumas amostrae,apartr das queisse eval qualidade de toda asec 4) Se todos os metals so brilnantes, entio alguns Conpos so bifantes 2) Apbotantosinsucessos, acho queesse tipo de tr bathe alo me serve © considers 0 quadro de oposigdes para responder as {estes referentes & proposigdo “Todo set humano ‘tem dignidade”, Utilize o quadrado de oposigdes para responder, 2) Identfique suas proposigdes contriias, contra: aitéras e subalternas ) Considerando que o enunciado“Todo serhurmano tem dignidade’ ¢ verdadeiro, quaiss80 08 enun- Ciados em oposigao a ele que sio verdadeitos © quale si faltos? © orse1ve 0 silogismoe analise-o conforme se pede. Todo animal évivente ‘Algum vivente 6 planta ‘Algumna planta € animal 2) Hentifique os termes. ‘b) Identifique as premissas e a conclusao. 6) Wentifique a quantidade e a qualidade das pro- posigées (geral ou particulas, afftmativa ou negative. 4) Tdentifique a quantidade do predicado de cada propos, 4 Qualifigue as proposigées segundo a verdade ou a falsidade 4) Aplique as regras do slogiamo para verificar se 0 afgumento€ vido ou nio,ustiique 2 Alguns exercicios foram baseados nas obras de Mortar opi e Not. @ simbotize as sentengas a seguir, usando como refe- xéncia as letras destacadas em negrto, e identifique 0 tipo de conectve usado: a) Nem viajei nem descansei. 1) ate no ¢ um bolo saboroso. €) tei com vocé ao einema see somente se eu ter rminar esse trabalho. 4) Ou compro 0 carto ou coloco © dinheiro na poupanca ©) Se hoje € segunda-feira, entio amanhé seré tergacfeirs @ considerandoy’ o enunctado “Os presos subiram” e “q" 0 enunciado “Os salarios sao justos”, traduza para a linguagern comrente as seguintes proposigBes (em, se preocupar como sentido). a pa o po-9 Y-pvq dace @ coserve as tetas sentenciais eas sentengas. Em se- suida, aduza as expresses dos enunciados. 9 &a>-4 1 tervoristas fazem reféns = 0s terroristas exigem que os paises retirem suas tuopas do lraque E = Os reféns sio executados 0 paises retiram suas tropas. 0u 0s paises retiram suas tropas do iraque ou os reféns so executados. ) Os paises retiram suas tropas do Irague € os reféns nao sao executados. 6). Os reféns ndo sZo executados se e somente se os paises retitarem suas tropas do lraque. 4) Se os terroristas fazem reféns © exigem que os palses retirem suas topas do lraque, entio, se 0s paises nio retiram suas tropas, 08 teféns So executados. Dissertacio @ isis acitagio«slahore ums diseertapio justiicando que a disposicao para argumentar €tpica do com. Portarnanto damaseriticn Os seres que querem ser importantes para ow- trem, adultos ou criangas, desejam que nao lhes ordenem mais, mas que thes ponderem, que se preocupem com suas reagBes, que os considerem membros de uma sociedade mais ou menos igua- litéria. Quem nao se incomoda com um coniato assim com 0s outros seré julgado arrogante, pouco simpstico, a0 contrério daqueles que, seja qual for 2 importincia de suas funcbes, nao hesitem em assinalar por seus discursos ao piiblico © valor que dao 4 sua apreciacio, PERELMAN, Chaim, OLORECATS-TTECA ue Trotase do arguments 2 neva rete. Sie Paso, Marrs Fontes 1986.9-18

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