Prova Presuncoes Judiciais Processo Civil

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 22

organização

CONSELHO REGIONAL DE LISBOA CONSELHO REGIONAL DOS AÇORES CONSELHO REGIONAL DE COIMBRA

CONSELHO REGIONAL DE ÉVORA CONSELHO REGIONAL DE FARO

Q&A
A PROVA POR
PRESUNÇÕES
JUDICIAIS NO
PROCESSO CIVIL

oradora
Cláudia Trindade
Advogada e Professora Assistente
Convidada da Faculdade de Direito
da Universidade de Lisboa

[email protected] conselho-regional-de-lisboa-da-ordem-dos-advogados. facebook.com/cdloa crlisboa.org . www.oa.pt/crl


organização
CONSELHO REGIONAL DE LISBOA CONSELHO REGIONAL DOS AÇORES CONSELHO REGIONAL DE COIMBRA

CONSELHO REGIONAL DE ÉVORA CONSELHO REGIONAL DE FARO

conferência on-line COVID-19

A PROVA POR
PRESUNÇÕES
JUDICIAIS NO
PROCESSO CIVIL
08.MAI | 15h00
CONFERÊNCIA
GRATUITA
oradora
Cláudia Trindade
Advogada e Professora Assistente
Convidada da Faculdade de Direito
da Universidade de Lisboa

destinatários
Advogados
Advogados Estagiários

inscrições
crlisboa.org

[email protected] conselho-regional-de-lisboa-da-ordem-dos-advogados. facebook.com/cdloa crlisboa.org . www.oa.pt/crl


justiça na covid-19

conferência on-line
A prova por
Presunções Judiciais
no Processo Civil

Veja no Youtube
https://www.youtube.com/watch?v=Ku1Njq5seaE

3
Q&A | A prova por presunções judiciais no processo civil

diplomas*
Decreto-Lei n.º 47344
Diário do Governo n.º 274/1966, Série I de 1966-11-25

Aprova o Código Civil e regula a sua aplicação - Revoga, a partir da data da entrada
em vigor do novo Código Civil, toda a legislação civil relativa às matérias que o
mesmo abrange
https://dre.pt/web/guest/legislacao-consolidada/-/lc/34509075/view?p_p_
state=maximized

Lei n.º 6/2006


Diário da República n.º 41/2006, Série I-A de 2006-02-27

Aprova o Novo Regime do Arrendamento Urbano (NRAU), que estabelece um


regime especial de actualização das rendas antigas, e altera o Código Civil, o
Código de Processo Civil, o Decreto-Lei n.º 287/2003, de 12 de Novembro, o Código
do Imposto Municipal sobre Imóveis e o Código do Registo Predial
https://dre.pt/web/guest/legislacao-consolidada/-/lc/121702396/202001311252/736927
44/diplomaPagination/diploma/1

Lei n.º 41/2013


Diário da República n.º 121/2013, Série I de 2013-06-26

Aprova o Código de Processo Civil


https://dre.pt/web/guest/legislacao-consolidada/-/lc/34580575/view

* A presente compilação não pretende ser exaustiva e não prescinde a consulta destes e de outros textos legais
publicados em Diário da República, disponíveis em https://dre.pt/.
4
1

A PROVA POR
PRESUNÇÕES JUDICIAIS
NO PROCESSO CIVIL

Cláudia Trindade
Questões a abordar 2

 Relevância probatória das presunções judiciais;


 Estrutura das presunções judiciais;
 Limitações probatórias à utilização de presunções judiciais;
 Fundamentação da decisão baseada em presunções judiciais;
 Regime recursal.
Relevância probatória das presunções 3
judiciais
 Presunções judiciais versus presunções legais.

 Prova de factos que não podem ser demonstrados através de meios de prova diretos.

Ex: prova de estados subjetivos (emoções, representações, intenções).

• Vícios da vontade negocial (arts. 240 a 257.º CC);


• Representação (art. 259.º CC);
• Gestão de negócios (arts. 464.º e 472.º, n.º 1, CC);
• Doação (art. 940.º, n.º 1, CC);
• Testamento (arts. 2199.º a 2203.º, CC);
• Impugnação pauliana (arts. 610.º, a) e 612.º, CC);
• Responsabilidade civil (arts. 337.º, n.º 2, 338.º, 488.º, n.º 1, CC).

 Meios de prova, meios de inversão do ónus da prova ou tipo de raciocínio lógico?


Estrutura das presunções judiciais 4

Art. 349.º CC

Meios de prova

Factos probatórios

Factos-base da presunção judicial

Regra de
experiência

Facto presumido
Os factos-base da presunção judicial 5

 Factos instrumentais versus factos essenciais (arts. 5.º, n.ºs 1 e 2, alíneas a), b) e c),
CPC e art. 342.º CC):

• Critério da norma jurídica;


• Critério da função do facto na narrativa das partes.

 Ex: nos casos em que os estados subjetivos são pressupostos normativos, os


factos-base da presução são epistemicamente essenciais, embora não sejam
normativamente essenciais.

• Alegação e prova pela parte a quem aproveitam;


• Causa de pedir;
• Temas de prova.

 Princípio da aquisição processual (art. 413.º, 1.ª parte, CPC).


A regra de experiência 6
 Proposições descritivas ou enunciativas – se x, acontece y.

 Pontos fundamentais:
Modo de formação
qualificação como regra de experiência
Generalidade
Notoriedade – regime probatório

 Aplicação do princípio dispositivo?


(arts. 5.º, n.ºs 1 e 2, alíneas a), b) e c) e 412.º, n.º 1, CPC; art. 342.º CC).

 Regras de experiência notórias versus regras de experiência não notórias


(arts. 5.º, n.º 2, c) e 412.º, n.º 1, do CPC)

 Prova:
 Da verdade da regra de experiência;
 Meios: testemunho, declarações de parte, inspeção, documentos e perícia;
 Princípio da aquisição processual (art. 413.º, 1.ª parte).
A regra de experiência 7

Outras aplicações das regras de experiência:

 Análise da atendibilidade dos meios de prova;

 Interpretação e aplicação de normas jurídicas ao caso concreto (ex:


preenchimento de conceitos indeterminados).
O facto presumido 8

 O facto presumido tem de ser expressamente alegado?

- Problema de interpretação do ato processual;


- Art. 217.º, CC – alegação tácita do facto presumido;
- Arts. 186.º, n.º 2, a), CPC e 236.º, n.º 1, CC – parte típica;
- Arts. 186.º, n.º 3, CPC e 236.º, n.º 2, CC – conhecimento do facto
presumido que a contraparte pretende invocar.

 Da alegação expressa do facto presumido pode retirar-se a alegação tácita dos


factos-base da presunção judicial?

 Conjunto virtualmente infinito de factos-base;


 Ficção de declaração tácita.
Limitações à utilização das presunções 9
judiciais
Exclusões:

 Forma ad substantiam ou ad probationem da declaração negocial (arts. 364.º,


393.º, n.º 2, 351.º e 358.º, n.º 3, do CC):

 Obsta à prova das declarações negociais por um meio menos solene que o exigido
para a validade do ato ou do negócio; assegura as finalidades das imposições
legais de forma.
 Art. 1069.º, n.ºs 1 e 2, CC; 7.º, n.ºs 1 e 2, do RAU (prova do contrato de
arrendamento).
Limitações à utilização das presunções 10
judiciais
Exclusões:

 Facto (incluindo declarações sem natureza negocial) já provado por meio de


prova com força probatória plena (artigos 393.º, n.º 2, 351.º e 358.º, n.º 3, do CC);

 Convenções contra ou para além do conteúdo de documento com força


probatória plena (artigos 394.º, n.ºs 1 e 2, 395.º, 351.º e 358.º, n.º 3, do CC).

 Menor fiabilidade abstrata das presunções judiciais para a demonstração de factos –


raciocínio probatório indireto.
Limitações à utilização das presunções 11
judiciais

As restrições apontadas não se aplicam:

 Quando a prova testemunhal seja utilizada apenas para interpretação das


declarações negociais (393.º, n.º 3, do CC);

 Para demonstração da existência de vícios da vontade (a perfeição da


declaração negocial não se encontra coberta pela força probatória do
documento);

 Para prova de convenções independentes do documento e não abrangidas pela


sua força probatória;

 Quanto a terceiros ao negócio jurídico (art. 394.º, n.º 3, CC).


Fundamentação da decisão baseada 12
em presunções judiciais
 Princípio da fundamentação das decisões:

- Justificação da ingerência do poder judicial na esfera individual;


- Auto e heterocontrolo da decisão;
- Legitimação da função judicial.

 Art. 607.º, n.º 4, CPC:

Na fundamentação da sentença, o juiz declara quais os factos que julga provados e


quais os que julga não provados, analisando criticamente as provas, indicando as ilações
tiradas dos factos instrumentais e especificando os demais fundamentos que foram
decisivos para a sua convicção; o juiz toma ainda em consideração os factos que estão
admitidos por acordo, provados por documentos ou por confissão reduzida a escrito,
compatibilizando toda a matéria de facto adquirida e extraindo dos factos apurados as
presunções impostas pela lei ou por regras de experiência.
Fundamentação da decisão baseada 13
em presunções judiciais

- Explicitação do raciocínio presuntivo realizado pelo Tribunal:

1) Factos-base da presunção judicial provados + valoração dos meios de


prova;

2) Regras de experiência:
 Não notórias;
 Notórias, quando influenciem diretamente a decisão.

3) Facto presumido.
Regime recursal 14

Recurso de apelação: (art. 662.º, n.º 1, CPC + princípio da imediação)

 Factos-base da presunção judicial;

 Notoriedade da regra de experiência (QD);

 Verdade da regra de experiência;

 Insuficiência do fundamento cognoscitivo da regra de experiência –


omissão de fundamentação;

 Aplicação da regra de experiência aos factos-base; Lógica e


racionalidade
 Compatibilidade da regra de experiência com as restantes afirmações do raciocínio
factuais do processo; presuntivo

 Utilização de presunções judiciais que a Primeira Instância tenha decidido


não utilizar.
Regime recursal 15

Recurso de revista:

 Excluído quando as regras de experiência sejam utilizadas na atividade


probatória (QF);

 Admitido quanto a regras de experiência utilizadas na atividade de


valoração jurídica – sindicabilidade da não aplicação ou da aplicação
indevida da regra de experiência (art. 674.º, n.º 1, al. a), CPC).
16

Obrigado pela vossa atenção!

[email protected]
justiça na covid-19

Questões**
https://www.youtube.com/watch?v=Ku1Njq5seaE

Questão 1
“O conceito de bonus pater familias, enquanto padrão do homem médio, para o
efeito de avaliação do grau de diligência exigível no cumprimento de obrigações,
não é de difícil aplicação no âmbito do COVID-19?”

Resposta
1:15:26 a 1:18:17
https://www.youtube.com/watch?v=Ku1Njq5seaE#t=1h15m26s

Questão 2
“Qual a força probatória de uma escritura notarial, celebrada há cerca de 10 anos,
quanto ao pagamento do preço, sendo certo que nessa escritura foi declarado
que o preço foi pago e recebido? Essa declaração pode ser ilidida com prova
testemunhal?”

Resposta
1:19:24 a 1:24:40
https://www.youtube.com/watch?v=Ku1Njq5seaE#t=1h19m24s

Referências
Acórdãos do TRC de 31/05/2016 (processo n.º 19/14.4T8SAT.C1, MARIA
DOMINGAS SIMÕES) e do TRC de 09/02/2019 (processo n.º 8470/15.6T8CBR.
C1, FALCÃO DE MAGALHÃES).
Na doutrina, PIRES DE LIMA/ ANTUNES VARELA, Código Civil anotado, vol. I,
cit., anotação ao artigo 394.º, p. 344 (referindo-se especificamente ao casos
da prova da simulação pelos simuladores), ADRIANO PAES DA SILVA VAZ
SERRA, “Provas”, 112, cit., pp. 193-194, 211-212.

** A presente compilação transcreve, sem revisão, as questões colocadas pelos advogados aos oradores
relativamente a cada temática.

21
Q&A | A prova por presunções judiciais no processo civil

Questão 3
“Quid juris quando o juiz expressa na sentença que não valoriza um testemunho
por demasiado refletido e pausado? Estamos no âmbito das regras de experiência
sem necessidade de fundamentação?”

Resposta
1:24:44 a 1:29:08
https://www.youtube.com/watch?v=Ku1Njq5seaE#t=1h24m44s

Questão 4
“Escritura de doação em 2010 em 2018 o doador invoca a simulação e para tal
alegou ocultar dividas a altura. Força probatória permite reverter a doação.”

Resposta
1:29:21 a 1:33:09
https://www.youtube.com/watch?v=Ku1Njq5seaE#t=1h29m21s

Questão 5
“Quanto à questão colocada, já tive um processo em que o Douto Julgador
considerou a prova testemunhal.”

Resposta
1:33:10 a 1:34:30
https://www.youtube.com/watch?v=Ku1Njq5seaE#t=1h33m10s

22

Você também pode gostar