Pos Pandemia
Pos Pandemia
Pos Pandemia
Refletindo, nestes dias, sobre a ação pastoral e o impacto da pandemia sobre a missão
evangelizadora, concluo que já podemos falar em uma “geração coronavírus”, ou, com uma
abordagem mais positiva em “geração das lives”. Possivelmente, os mais otimistas dirão que tais
impactos são muito localizados e de cunho transitório, no entanto, sabemos que mudanças
antropológicas ditam novos imperativos para evangelizar. Não se trata de renunciar a valores
imutáveis ou ao que já temos consolidado, mas de encontrar caminhos para promover as dimensões
da evangelização, da celebração da fé e da partilha, no novo horizonte que se descortina.
Assim são denominadas e catalogadas as gerações: Geração Perdida (1883 – 1900); Geração
Grandiosa (1901 – 1924); Geração Silenciosa (1925 – 1942); Geração Baby Boomers (1946 –
1964); Geração X (1965 – 1978); Geração Y (1979 – 1992); Geração Z (1993 – 2006) e,
recentemente, fala-se em Geração T (Touch) ou Geração Alpha ou M (2006 ou 2010…).
Tudo o que vemos, escutamos e reproduzimos sobre crise sanitária Covid19 está incidindo sobre
nosso futuro. Novas questões se colocam e obrigam nossos condicionamentos comportamentais a se
adaptarem: o risco das aglomerações, a relativização do universo de produção, a dicotomia entre
economia e autopreservação, a prática de lockdown e a sensação de um perigo constante são
capazes de mudar uma visão de mundo.
Outra característica marcante da geração “c” (coronavírus) ou “l” (lives) poderá ser a experiência de
impotência e de processo. As últimas gerações, chamadas tecnológicas, formaram no inconsciente a
idéia de “ilimitação” e imediatismo. O universo do instantâneo nos levou a entender o mundo e a
vida numa perspectiva de “super-homens”, que resolvem os seus problemas com “a ponta dos
dedos”. A geração “l” está reaprendo de forma caótica, que somos falhos, limitados, impotentes e
que, muitas coisas, só acontecem mediante um processo lento, como é o caso do desenvolvimento
de vacinas e tratamentos contra o Covid-19.
Além disso, ficarão marcas deste período de isolamento social. As pessoas desenvolverão novos
conceitos de autopreservação e convivência. Sabemos que após a chamada “Gripe Espanhola”
(Influenza H1N1), pandemia do final dos anos de 1910, a humanidade reinventou o conceito de
higiene. Penso que a pandemia do final dos anos de 2010, trará, também, novos conceitos, relativos
ao contato físico, à presença em locais com aglomeração, à prática de home office, além da
redescoberta do valor da casa (como lugar de vivência e convivência). Necessitamos nos preparar
para essa nova geração, esse novo amanhã, com desafios e potencialidades.
Percebo que a Igreja tende a mergulhar em uma acédia paralisadora. Os nossos projetos
pastorais não estão acontecendo como preparamos. Estamos sem contato real com o povo. Os
nossos paradigmas de ação foram brutalmente alterados. Nesse contexto, a tecnologia está se
impondo. Somos bombardeados por vários apelos que influenciam nossa visão na política,
economia, sociologia, psiquiatria, nos relacionamentos, na sexualidade e, também, nas nossas
verdades dogmáticas, eclesiológicas e rituais.
Devemos colocar nosso foco um pouco além do alvo. Nas aulas de basquete o professor de
educação física nos instruía que ao jogar a bola na cesta devíamos mirar a parte de trás do aro.
Sabemos que no golfe, devemos mirar a parte de trás do green; e no arco e fecha, mirar além do
alvo. Não se trata, portanto, de focar a nossa ação pastoral simplesmente (e ingenuamente!) em
atrair as pessoas para a comunidade de fé, mas de evangeliza-las no ambiente em que convivem,
seguros de que, consequentemente, se evangelizadas, formarão comunidade.
Não estamos tendo tempo para avaliar resultados de forma imediata, mas não podemos ficar inertes.
É necessário evangelizar com ousadia e acreditar que novos caminhos aguardam o nosso empenho
em percorrê-los. Acredito que as “lives”, muito usadas neste contexto de pandemia, foram uma
descoberta e poderão ser excelentes ferramentas para a evangelização. Consistem em uma
comunicação aberta, mas voltada para a pessoa do outro. Há um comprometimento com um
“público-alvo”, como nome, endereço e possibilidade de interação. Há uma troca de conteúdo
virtual, mas entre pessoas unidas por laços reais.
Talvez apenas agora, e de forma abrupta e improvisada, a Igreja esteja descobrindo a importância de
estar presente, evangelizando, o universo virtual. Como disse em outra reflexão, trata-se não apenas
de um novo espaço para lançar as sementes do Verbo, mas de uma nova linguagem a ser iluminada
pelo Evangelho. Na pandemia, essa interatividade proporcionada pelas “lives” está possibilitando o
comprometimento dos fiéis com as suas dioceses, paróquias e comunidades eclesiais missionárias e
poderá ser um instrumento valioso no exercício da missão evangelizadora.
As lives são um instrumental poderoso para atingir os fiéis em tempo de pandemia que será um
upgrade na pós-pandemia. A interatividade “ao vivo”, permite posicionamento, autoridade e
engajamento. Potencializa modo novo de evangelizar (reuniões estratégicas, palestras,
conferências), celebrar (transmissões da eucaristia e catequese litúrgica) e assistência aos pobres
(organizando campanhas, doações, conscientização da partilha). Será um recurso para interagirmos
com os paroquianos e nos aproximarmos das pessoas. A interatividade virtual é caminho para
vivência da fé nas comunidades eclesiais missionárias.
FONTE
https://www.cnbb.org.br/acao-pastoral-pos-pandemia-3/
Pandemia e pós-pandemia: dez pontos para
reflexão
Todos estamos sofrendo com esta Pandemia, mas os que mais sofrem são os pobres: aumento do
número das pessoas em situação de miséria, perda de emprego, vagas de emprego diminuindo com
a quebra de empresas, ausência de condições para precaver-se contra o contágio. A Igreja, mãe que
sempre busca atender os pobres, necessitados e vulneráveis continuará a ser interpelada no seu
cuidado pelos últimos da nossa sociedade.
https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2020-05/pandemia-e-pos-pandemia-dez-pontos-para-
reflexao.html 08 maio 2020, 09:12
FONTS:https://www.vidapastoral.com.br/edicao/a-igreja-no-pos-covid-19-desafios-pastorais/
Publicado em novembro-dezembro de 2020 - ano 61 - número 336 - pág.: 12-20
Introdução
“Estende a tua mão ao pobre” (Eclo 7,32) é o slogan da carta que, em 13 de junho deste ano, o papa
Francisco publicou como mensagem sua para o IV Dia Mundial dos Pobres, a ser celebrado em 15
de novembro de 2020.
No intenso convívio com a incerteza e a morte, nossas mãos foram dramaticamente sentidas,
pensadas e tratadas. Tantas pessoas não tinham como higienizar as suas, por falta de água e de
recursos de desinfecção. Mãos habituadas a abençoar e acarinhar ficaram isoladas, impotentes,
impedidas do toque final de despedida dos entes queridos. Pelas ruas, motocicletas eram dirigidas
por outras mãos, em serviços de entrega de alimento, transportado nas costas por quem tinha seu
estômago vazio e uma família para sustentar.
Outras tantas mãos foram ao encontro daquelas que se estendiam na mais angustiante
vulnerabilidade e carência. Fizeram de igrejas e salões paroquiais entrepostos de solidariedade, para
recolher e repartir alimento, agasalho e produtos de higiene. Mãos confeccionaram e doaram
máscaras de proteção. Mãos profissionais e cheias de humanismo expuseram-se a sérios riscos – em
tantos lugares do Brasil onde faltaram os adequados equipamentos de proteção individual – para
cuidar dos enfermos e moribundos, transportá-los, curá-los, carregar e sepultar os mortos.
Ao mesmo tempo, sentimos o vazio dos templos fechados pela decretação do isolamento social.
Aliás, um esvaziamento e fechamento de igrejas, mosteiros e seminários já eram vistos antes da
pandemia, na Europa e em outras partes do mundo, evidenciando que precisávamos nos preparar
para um novo tempo na história do cristianismo. As Igrejas precisavam passar de um estático ser
cristão para um dinâmico tornar-se cristão (HALÍK, 2020).
Vivemos o choque diante do túmulo vazio de Jesus, junto com as mulheres discípulas. Ele não
estava ali. Ressuscitado, esperava-nos na Galileia (cf. Mc 15,42-47 e 16,1-8), lugar das pessoas
desprezadas e descartadas.
Já não podemos permanecer acomodados em templos grandes e lotados, mas vazios de ação
missionária.
No dia 27 de março de 2020, foi um sinal dos tempos o vazio plenificado de sentido humano
envolto pelo mistério divino na imensa praça de São Pedro. Francisco, bispo de Roma, ali caminhou
sozinho, carregando no coração a dor da humanidade e do mundo. Mostrou que a cruz vence o
absurdo, liberta-nos do medo e nos dá esperança. Conclamou todos a possibilitar “novas formas de
hospitalidade, de fraternidade e de solidariedade”. E fez esta oração:
Na nossa avidez de lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos
detivemos perante os teus apelos, não despertamos face a guerras e injustiças planetárias, não
ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente enfermo. Avançamos, destemidos,
pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente. Agora, sentindo-nos em mar
agitado, imploramos-te: “Acorda, Senhor!” (VATICAN NEWS, 27 mar. 2020).
Neste mundo enfermo, são muitos e urgentes os desafios pastorais para a Igreja, que, como insiste o
mesmo papa Francisco, é chamada a ser Igreja em saída.
É teologia fontal da Igreja cristã que o batismo estabelece entre seus membros uma igualdade
fundamental. De fato, o apóstolo Paulo escreveu: “Não há mais diferença entre judeu e grego, entre
escravo e homem livre, entre homem e mulher, pois todos vocês são um só em Jesus Cristo” (Gl
3,28).
Com o tempo, porém, as relações fraternas e igualitárias entre os membros da Igreja foram
contaminadas por desigualdades e discriminações. As mulheres, submetidas desde muito cedo ao
crivo do patriarcalismo, têm sido as mais prejudicadas. Os ministérios foram clericalizados e
hierarquizados, com nuances estranhas à mensagem e à prática de Jesus. Isso resultou numa
institucionalização empobrecida e fechada no mundo clerical masculino, em detrimento do carisma
(SOBERAL, 1989, p. 175-177; 290; 331-332).
No Concílio Vaticano II, o aggiornamento da compreensão da Igreja sobre si mesma deu primazia
ao povo de Deus em sua totalidade. A partir do concílio e com base na dignidade de todas as
pessoas batizadas, a hierarquia e os ministérios específicos são redimensionados. Por isso, o papa
Francisco afirma que as funções na Igreja não legitimam a superioridade de uns sobre os outros.
Acima do ministério sacerdotal está a dignidade e a santidade acessível a todos e todas (EG 104).
Nos meses atípicos da pandemia, não faltaram testemunhos de atuação de membros da Igreja
conscientes dessa doutrina e coerentes com ela. Segmentos do laicato católico, junto com
sacerdotes, religiosas e religiosos, prepararam e conduziram, na internet, importantes seminários,
ciclos de formação, momentos de espiritualidade e de liturgia que celebra a vida e a luta. A ação
pastoral caminhou, com seus serviços específicos, na comunhão das Igrejas locais e da Igreja
universal. E o exercício consciente da “cidadania batismal” se fez sentir, na corresponsabilidade de
todos enquanto participantes do ministério comum de líderes-pastores, sacerdotes e profetas.
A questão é que a bênção não pode ser só de passada, num vazio de vínculo e de compromisso com
as pessoas em suas realidades e situações específicas. Ainda mais porque o pluralismo religioso
chama a Igreja a superar aquele modo de cristandade que se impõe como religião de toda a nação. A
Igreja em saída empenha-se numa construção como que artesanal da abertura ao outro,
criativamente, com o ecumenismo que contribui para a unidade da família humana (EG 244-245). E
a dádiva da bênção divina virá pela consciência de que a imagem de Deus está gravada na pessoa de
quem sofre:
São inseparáveis a oração a Deus e a solidariedade com os pobres e os enfermos. Para celebrar um
culto agradável ao Senhor, é preciso reconhecer que toda pessoa, mesmo a mais indigente e
desprezada, traz gravada em si mesma a imagem de Deus. De tal consciência deriva o dom da
bênção divina, atraída pela generosidade praticada para com os pobres. Por isso, o tempo que se
deve dedicar à oração não pode tornar-se jamais um álibi para descuidar o próximo em dificuldade.
É verdade o contrário: a bênção do Senhor desce sobre nós e a oração alcança o seu objetivo quando
são acompanhadas pelo serviço dos pobres (FRANCISCO, 2020a).
Nessa dinâmica que dá vida ao culto, também é preciso repensar a pastoral voltada para as famílias.
Estas, tantas vezes destroçadas e cada vez mais marcadas pela pluralidade religiosa, estão longe
daquele modelo de moral familiar sob o controle do clero católico para manter a sociedade
hegemonicamente católica.
A pastoral familiar precisará de todo o envolvimento e ajuda da comunidade eclesial para que seus
animadores e agentes estejam em permanente formação, cultivando a espiritualidade na interação
com o engajamento social. Como Jesus ao aproximar-se da viúva que enterrava seu filho único (Lc
7,11-17), da sogra de Pedro enferma (Lc 4,38-40), de Jairo e de sua filha que estava morrendo (Lc
8,40-56), é imprescindível a proximidade com as famílias em sua real condição de vida e, agora,
com as marcas dolorosas da pandemia, para ajudá-las a experimentar a misericórdia de Deus
(CNBB, 2019, n. 139).
Na realidade brasileira, principalmente nas grandes cidades, as famílias são atingidas por
isolamentos permanentes e indeterminação de lugar. Muitas delas tornam-se pequenos aglomerados
de indivíduos isolados, sofrendo com a crise econômica e o desemprego, e com uma rotina marcada
pelo medo e pelo desamparo. Um culto que se furte a essa realidade e não se paute no direito e na
justiça torna-se ofensa a Deus. Na palavra divina “quero a misericórdia e não o sacrifício” (Mt
9,13), está o princípio ético absoluto que inclui todos e põe a vida antes da norma e do culto
(PASSOS, 2020, p. 118-119).
As famílias têm o amor vivido, que é força para toda a Igreja (AL 88). E grupos de famílias podem
constituir núcleos comunitários onde a Igreja se reúne para meditar a Palavra, rezar, partilhar a vida
e o pão (CNBB, 2019, n. 140).
Por um lado, faltam-nos estudos, fundados na objetividade científica, a respeito da vivência dos
católicos durante o isolamento social, longe dos padres. Sabemos que é real a crescente
secularização, assim como a tendência aos arranjos pessoais de crenças e práticas religiosas em
meio à modernidade líquida.
Por outro lado, testemunhos de diversos amigos falam da força do catolicismo popular, no qual se
está historicamente habituado a não sentir tanta falta da presença do sacerdote. Podemos lembrar o
ciclo da mineração do ouro na história do Brasil. O poder central da colônia proibiu a presença do
clero religioso e submetia a rígido controle os padres seculares. Em meio às dores da escravidão,
porém, ali nas Minas Gerais, forjou-se um modo de Igreja da base, de face leiga e devota,
comunitária, fraterna e até certo ponto subversiva da ordem injusta e cruel que se impunha. Junto
com alguns freis e padres místicos e andarilhos, os ministérios eram exercidos por capelães de beira
de estrada, beatos, festeiros, fundadores de santuários, membros e dirigentes de irmandades devotas
dos santos.
Essa trilha histórica do catolicismo popular, com seu sulco profundo, preservou-se apesar do
empenho romanizador da hierarquia da cristandade. Seu referencial foi importante para a irrupção
insuspeitada das comunidades eclesiais de base, no pentecostes do Concílio Vaticano II, que a Igreja
da América Latina abraçou de modo original desde a Conferência de Medellín. Como afirma o
Documento de Aparecida, elas “demonstram seu compromisso evangelizador e missionário entre os
mais simples e afastados e são expressão visível da opção preferencial pelos pobres”. A serviço da
vida na sociedade e na Igreja, são fonte e semente da multiplicidade dos ministérios eclesiais (DAp
179).
Será imprescindível a atuação de muitas pequenas comunidades eclesiais missionárias nas ruas,
condomínios, aglomerados, edifícios, unidades habitacionais, bairros populares, povoados, aldeias e
grupos de afinidade. No encontro de comunidades que celebram a Eucaristia, sacramenta-se a
privilegiada comunhão com a Igreja local, os vínculos fraternos se fortalecem, partilha-se a vida, há
compromisso em projetos comuns e impulsiona-se a missão em meio à sociedade (CNBB, 2019, n.
85).
As mulheres, especialmente, têm dado testemunho dessa dimensão eucarística no cotidiano das
casas. Como observa a teóloga inglesa Tina Beattie (2020), surgiu uma Igreja doméstica que
dissolveu fronteiras entre a liturgia formal, mediada por um sacerdócio exclusivamente masculino, e
um mundo doméstico mais informal, de liturgias caseiras e rituais improvisados, muitas vezes
presididos por mulheres. Elas assumiram o sacerdócio da casa e da criação, e tornaram eucarísticas
as refeições.
É claro que os recursos econômicos são necessários, como também as estruturas eclesiásticas
societárias e jurídicas. Será preciso, porém, vencer a tentação de persistir na manutenção da falsa
segurança na grandeza e no poder. E, no âmbito da sociedade, profeticamente dizer não à economia
de exclusão. “Esta economia mata!” Ninguém é descartável (EG 53-56). Nessa perspectiva, são
antievangélicas as barganhas com governantes opressores (CNBB, 2020a). Como disse o papa
Francisco no final do Regina Coeli, em 31 de maio de 2020, “nós, pessoas, somos templos do
Espírito Santo; a economia não”.
Que não se cobre dos paroquianos, já tão angustiados pela crise econômica e pelo desemprego, uma
sobrecarga de obrigações com quermesses, festas e campanhas de arrecadação de dinheiro. A
exemplo das primeiras comunidades cristãs (At 2,42-47 e 4,32-37), é hora de encorajar-se uns aos
outros para a mútua ajuda, leigos e sacerdotes, compartilhando a própria pobreza, as dádivas da
criação, o tempo a dedicar ao próximo, os dons de cada um. Na Igreja local correspondente à
diocese, uma caixa comum será oportuna para diminuir a desigualdade econômica entre os
membros do clero e socorrer os que estejam em necessidade.
Desse modo, a Igreja testemunhará ao mundo que a vida tem de estar em primeiro lugar. O Concílio
Vaticano II afirma que o desenvolvimento econômico deve permanecer sob a direção do ser
humano, mas não deve ser deixado só a cargo de uns poucos indivíduos ou grupos economicamente
mais fortes, nem exclusivamente da comunidade política, nem de algumas nações mais poderosas
(GS 65).
Em 24 de abril de 2020, numa nota reiterativa do Pacto pela Vida e pelo Brasil, de diversas
organizações voltadas para o bem comum, a CNBB afirmou que a economia deve estar a serviço da
vida, na perspectiva da Doutrina Social da Igreja. Além disso, conclamou toda a sociedade
brasileira e os responsáveis pelos poderes públicos “a se libertarem dos vírus mortais da discórdia,
da violência, do ódio”, unindo-se na defesa da vida, especialmente a dos mais pobres e vulneráveis.
Como Igreja em saída, temos de nos lançar nos serviços de cura da humanidade e do mundo. É bem
oportuna a metáfora do papa Francisco da Igreja como um hospital de campanha:
Aquilo de que a Igreja mais precisa hoje é a capacidade de curar as feridas e de aquecer o coração
dos fiéis, a proximidade. Vejo a Igreja como um hospital de campanha depois de uma batalha. É
inútil perguntar a um ferido grave se tem o colesterol ou o açúcar altos. Devem curar-se as suas
feridas. Depois podemos falar de todo o resto. Curar as feridas, curar as feridas… E é necessário
começar de baixo (FRANCISCO, 2013b).
A Igreja como hospital de campanha é a que faz diagnósticos, identificando os sinais dos tempos;
faz prevenção, criando um sistema imunológico ao vírus do medo, do ódio, do populismo e do
neocolonialismo; e faz convalescência, com o perdão que ultrapassa os traumas (HALÍK, 2020).
Nesse modo de atuar na sociedade, como membros da comunidade eclesial, ajudaremos as pessoas
a se libertarem da indiferença consumista, a cultivar uma identidade comum e uma história a ser
transmitida para as novas gerações, a recuperar e desenvolver os vínculos que fazem surgir novo
tecido social. Cuidaremos do mundo e da qualidade de vida dos mais pobres, na consciência
solidária de habitarmos numa casa comum que Deus nos confiou (LS 178).
Referências bibliográficas
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HALÍK, Tomás. Igrejas fechadas: um sinal de Deus? Revista IHU On-Line, São Leopoldo, 3 maio
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MAYER, Tânia da Silva. Igrejas domésticas em tempos de pandemia. Dom Total, 7 abr. 2020.
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Disponível em: <https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2020-03/papa-francisco-coronavirus-
bencao-urbi-et-orbi.html>. Acesso em: 20 jun. 2020.
Não se fala de futuro sem uma leitura do passado e do presente. O futuro da Igreja entra nessa
análise, porque as pessoas percorrem essas fases temporais, inseridas na sociedade. Mas a Igreja
deverá fazer uma avaliação a luz da revelação.
A pandemia exige uma análise do agir humano. Esse desencadeou o presente e seus impactos no
futuro da humanidade. Aos bispos do Brasil, o Cardeal Tolentino disse: “Apercebemo-nos, e de uma
forma dramática, que os nossos discursos, as nossas práticas estabelecidas, os nossos espaços, a
nossa organização foram, de um momento para outro, também colocados em crise ou declarados
inadequados. E transcorridos esses meses, dentro de nós sabemos como era o passado, mas não
sabemos ainda exatamente como será o futuro. Contudo, Jesus também aqui é o nosso Mestre, pois
Ele nos incita a uma auscultação mais profunda da realidade”.
Se a gripe espanhola levou meses para chegar ao Brasil e ao mundo, a globalização fez se alastrar
rapidamente o contágio da COVID-19. Eis um elemento para o qual a Igreja deve estar atenta, sem
globalizar a solidariedade no compartilhamento dos bens temporais e espirituais, nas descobertas
científicas, nos relacionamentos interpessoais e na relação com o Criador, o futuro está ameaçado!
O caminho a ser construído e vivido é a “fraternidade universal”.
Com a pandemia, o mundo e a Igreja foram desafiados, nossos sistemas condicionantes foram
invertidos. As pessoas foram atingidas em todos os âmbitos com tantas mudanças bruscas.
Tristemente, observamos que alguns poucos aumentaram em trilhões de dólares suas fortunas
enquanto milhões entraram na linha da pobreza.
O Papa Francisco insiste que o todo é maior que a parte e a realidade é mais importante que a ideia.
“Será preciso mais evangelização e menos sacramentos”. A pandemia é também uma crise
existencial, que denuncia um estilo de vida. A Igreja precisa ser sensível para encontrar e
implementar uma “Nova Evangelização”, que passa pelo caminho do acompanhamento mais
personalizado, com menos eventos de massa, um olhar mais atento para as mídias e novas
tecnologias, utilizando-as com sabedoria, sem cair nas suas armadilhas.
A Igreja existe para a evangelização,o seu futuro passa pela defesa, promoção e cuidado com a vida.
Por isso, é tempo de plantar, de construir e de ter esperança, porque tudo na vida tem seu propósito
(cf, Ecles, 3,1-8).
Inicia hoje o Congresso Brasileiro de Teologia Pastoral promovido pela Faculdade Jesuíta de
Filosofia e Teologia - FAJE. Com uma ampla programação articulada em torno ao tema Discernir a
pastoral em tempos de crise: realidade, desafios, tarefas, o Congresso tem como objetivo refletir
sobre a pastoral da Igreja católica no atual contexto urbano, fragmentado e plural do Brasil em
tempos de pandemia, que afetou tão profundamente a experiência religiosa, a vida eclesial e a
organização das comunidades cristãs, para discernir, em meio a esses “sinais dos tempos”, os
desafios e as tarefas para a ação pastoral e evangelizadora, contribuindo assim na construção de
uma caminhada cada vez mais sinodal da Igreja, como a propõe o papa Francisco.
Apresentação
“[...] fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Demo-nos conta de estar no
mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas ao mesmo tempo importantes e necessários: todos
chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo encorajamento [...] nós nos apercebemos de que
não podemos continuar estrada cada qual por conta própria, mas só o conseguiremos juntos” (PAPA
FRANCISCO, Homilia do dia 27 de março de 2020).
Desde Aparecida, a Igreja vem se dando conta de viver “uma mudança de época” (Ap 44). Essa
mudança é provocada por transformações tecnológicas, culturais, econômicas, antropológicas e
ecológicas. Na pastoral, ela é sentida, sobretudo, através da fragmentação do campo religioso,
ocasionada pela irrupção do pluralismo, que colocou a escolha e o sentimento dos indivíduos como
centro da experiência espiritual, dando origem a uma infinidade de denominações religiosas, muitas
delas de viés pentecostal, afinadas com a sociedade de consumo e seu culto ao bem-estar, à
prosperidade e à transformação do sagrado em magia e espetáculo. O acesso às tecnologias da
informação possibilitou a disseminação de muitas propostas de busca de sentido, e transformou as
redes sociais em grandes púlpitos de pregação e apelo à conversão. Essas mudanças coexistem com
a aceleração do processo de urbanização, o aumento das injustiças, que, segundo o papa Francisco,
dão origem a multidões de “descartados” e a um estilo de vida que não se preocupa em “cuidar da
casa comum” (LS, 45), produz “retrocessos” e faz com que os sonhos sejam “desfeitos em
pedaços”, tornando o outro inimigo e não próximo (FT 10, 45).
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Essa “mudança de época” foi acelerada com a crise sanitária provocada pela Covid-19, que revelou
os mecanismos de produção de desigualdades do sistema econômico e social dominante no mundo.
No Brasil, contrariamente ao que se poderia esperar, esta crise, ao invés de unir o país ao redor de
uma política comum de proteção da população, exacerbou a polarização iniciada na eleição de 2014
e radicalizada na de 2018. Inicialmente, os debates opuseram os que defendiam o “cuidado das
pessoas” aos que pretendiam “salvar a economia”. Argumentos “terraplanistas” e “negacionistas”,
mesclados com falsas notícias, deram origem a orientações diversas e às vezes opostas das
autoridades políticas nos âmbitos nacional, estadual e municipal. Isso suscitou muita desinformação
e contribuiu para o crescimento exponencial do índice de contágio e de mortes. Mais recentemente,
as disputas ideológicas ao redor da vacina indicam que o acesso ao imunizante também será
marcado por grandes dificuldades, sobretudo para a população mais vulnerável. A “volta ao
normal”, tão desejada por tantas pessoas, não pode, porém, ser um retorno à maneira antiga de viver
e de se relacionar com o mundo e as pessoas.
A pastoral da Igreja foi profundamente afetada em todo esse período de pandemia, com muitas de
suas atividades suspensas, sobretudo nos primeiros meses. Após o retorno, tais atividades têm sido
realizadas com restrições, tendo impactos profundos na vida e na organização eclesial. As
tecnologias digitais deram origem a inúmeras iniciativas, na liturgia, na pregação, na formação, na
realização de encontros de todo tipo. Em muitos lugares, quem é do grupo de risco e os que têm
acesso limitado às plataformas virtuais, têm sido excluídos da assistência pastoral.
O que é evangelizar? Como ser testemunha da alegria do Evangelho, sobretudo nas periferias
existenciais, no cuidado da casa comum, em atitude samaritana? Como participarmos ativamente do
processo de reforma da Igreja chamado pelo papa Francisco?
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Objetivos do Congresso
Objetivo Geral
Refletir sobre a pastoral da Igreja católica no atual contexto urbano, fragmentado e plural do Brasil
em tempos de pandemia, que afetou tão profundamente a experiência religiosa, a vida eclesial e a
organização das comunidades cristãs, para discernir, em meio a esses “sinais dos tempos”, os
desafios e as tarefas para a ação pastoral e evangelizadora, contribuindo assim na construção de
uma caminhada cada vez mais sinodal da Igreja, como a propõe o papa Francisco.
Objetivos específicos
2. Aprofundar os novos desafios levantados pela pandemia à pastoral da Igreja, buscando pistas e
experiências exitosas surgidas nesse período nos vários âmbitos da evangelização e da pastoral;
3. Estudar o impacto das tecnologias digitais no anúncio e na vivência da fé, indicando as pistas que
abriram para a evangelização dos vários âmbitos da sociedade e a organização eclesial;
5. Refletir sobre o significado do fenômeno pentecostal para a ação pastoral da Igreja, buscando
encontrar, no anseio espiritual dos movimentos e igrejas que se inspiram nesta experiência, pistas
para um agir pastoral em conformidade com a tradição espiritual e pastoral da Igreja;
7. Buscar alternativas pastorais aos desafios enfrentados a partir de estudos, reflexões e experiências
pastorais relevantes que permitam abrir novos caminhos pastorais na atualidade.
FONTS https://www.ihu.unisinos.br/categorias/608879-discernir-a-pastoral-em-tempos-de-crise-
realidade-desafios-tarefas
01 Junho 2020
A “inovação” que igrejas abraçaram assim que celebrações litúrgicas foram bloqueadas em função
do combate ao covid-19 e passaram a ofertar missas e cultos virtuais “não foi realmente inovação,
foi adaptação”. Algumas das mudanças que viriam daqui a cinco, dez anos – como a normalização
do trabalho remoto – chegaram em dias e a mudança do ministério centrado nas instalações físicas
para o ministério domiciliar aconteceu em horas.
No futuro, prevê o pastor, as igrejas em crescimento serão organizações digitais com localizações
físicas. Com a mudança para a igreja digital como padrão, “muitos líderes perceberão que seu foco
no ministério terá que mudar de suas instalações para as casas das pessoas”, vaticina.
Nieuwhof assinala que “fazer com que as pessoas assumam a responsabilidade por seu próprio
crescimento espiritual, pelo evangelismo, pelo discipulado e até pela liderança de suas próprias
famílias só pode ser uma coisa boa”. No futuro, prossegue, os líderes da igreja se verão mais como
facilitadores, ajudando as pessoas a aprofundar sua fé nos lares, nos bairros e nos locais de trabalho.
“A missão da igreja sempre foi conectar pessoas a Deus e umas às outras. A igreja sempre foi sobre
isso, pessoalmente ou online”, lembra.
Mas ele considera surpreendente que, às vezes, as conexões digitais são tão ou mais significativas
que as conexões pessoais. “Sei que haverá muitos que se opõem a isso, mas é tolice ignorar o fato
de que as pessoas se conectam mais facilmente online e muitas vezes admitem a verdade mais
prontamente online do que presencialmente”.
O líder da Connexus destaca que as igrejas ainda terão reuniões e serviços físicos pós-pandemia,
mas “na futura igreja, se você se importar com as pessoas, vai se preocupar com a igreja digital”. O
crescimento e o impacto online são “subprodutos do trabalho duro de ajudar as pessoas todos os
dias”, afirma.
A lógica de Nieuwhof é simples: “Se as pessoas vivem todos os dias precisando de esperança e
recursos para viver sua fé, ou encontrar fé, todos os dias, os líderes da igreja precisam começar a
acompanhar as pessoas todos os dias”. Ele recomenda: “Embora sua missão nunca mude, seus
métodos terão que mudar”.
Inovar, experimentar, “faça sua missão mais importante que seus métodos”, admoesta. A crise pode
ser um acelerador, mas também é o berço de inovações e avanços. E conclui: “Colocar a igreja
digital de volta à prateleira no novo normal é ignorar a maior oportunidade que a igreja hoje tem
para alcançar as pessoas”.
FONTS https://www.ihu.unisinos.br/categorias/599524-pos-pandemia-igrejas-terao-que-se-voltar-
mais-ao-evangelismo-digital
Eis o artigo.
Os dias da epidemia despertaram muitas preocupações profundas e novos questionamentos. Um
tempo subitamente interrompido e suspenso, marcado por tanta dor e isolamento, gerou
pensamentos, medos, mas também despertou sonhos e esperanças em relação ao que estamos
vivenciando e novas perguntas sobre o futuro possível.
Esse questionamento, combinado com o desejo de troca de ideias, levou um pequeno grupo de
historiadores, filósofos, catequistas, liturgistas e teólogos - unidos por seu empenho com o estudo e
a sensibilidade eclesial e política - a discutir, antes de tudo, para compartilhar a escuta do que essa
situação está gerando em nossas vidas, e depois pensar juntos sobre o que poderia ser um futuro
para a Igreja e a sociedade na passagem dessa crise global.
Primeiro foi compartilhada uma troca de reflexões sobre o presente. Depois foi formulado um
programa de trabalho comum como um serviço para a comunidade eclesial, em um período
próximo à Páscoa, no qual a suspensão das celebrações nas igrejas abria novas questões.
Três áreas específicas são identificadas na carta com a sugestão de perguntas para a reflexão.
Este tempo questiona a vida da Igreja, convidada a acolher o chamado do Evangelho contido no
ficar em casa. Como podemos viver esse tempo para que ele seja generativo, para um estilo de
Igreja renovado e fiel ao Evangelho?
Este tempo também indica - com a força da realidade - que a paz é possível se redescobrirmos a
dimensão planetária de nossa existência. Como fazer germinar a partir desses dias de incerteza
perspectivas fecundas, que também reforcem o compromisso contra a pobreza e a grande crise
socioambiental das mudanças climáticas?
O subsídio publicado no site foi uma proposta para viver os ritos e as palavras da Páscoa no
contexto e na experiência da casa como uma forte experiência da Igreja, isolados, mas não sozinhos,
e valorizando a liturgia da vida.
Serão abordados sob diferentes ângulos e com olhares plurais alguns temas sintetizados em dez
palavras que descrevem os traços da experiência de ler o presente e orientar-se para o futuro: tempo
suspenso (Enzo Biemmi), proximidade (Vittorio Berti), terra (Simone Morandini), corpo (Riccardo
Saccenti), futuro (Alessandro Cortesi), público (Marco Giovannoni), saberes (Riccardo Saccenti),
coparticipação / Igreja (Serena Noceti), periferias (Fabrizio Mandreoli), autoridade/liberdade
(Andrea Grillo).
O desejo compartilhado no grupo - que viveu esse compromisso com espírito de amizade e
compartilhamento - é despertar uma reflexão que se amplie em diferentes âmbitos.
De fato, parece urgente acolher e pensar sobre os desafios postos neste momento, em vista de uma
ação destinada a construir uma sociedade mais solidária e provocar os processos de reforma da
Igreja à luz da experiência de dor e repensamento que estamos vivenciando.