Confirmação de Caso de Candida Auris em Hospital de Pernambuco

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Alerta de Risco GVIMS/GGTES/Anvisa no 01/2022

Assunto: Confirmação de caso de Candida auris em Hospital de Pernambuco

Data: 11 de janeiro de 2022

Identificação dos casos:

No dia 03 de janeiro de 2022, a Anvisa recebeu notificações referentes a dois


casos possíveis de Candida auris em pacientes internados em um hospital de
Pernambuco.
Os isolados de amostras de urina de um paciente do sexo masculino, 67 anos, e
de uma paciente do sexo feminino, 70 anos, internados em um Hospital da Rede Pública
de Recife/PE, foram enviados para os laboratórios de referência: Laboratório Central de
Saúde Pública “Dr. Milton Bezerra Sobral” (LACEN PE) e LACEN Profº Gonçalo Moniz –
LACEN/BA, seguindo o fluxo descrito na Nota técnica 11/2020 GVIMS/GGTES/Anvisa
(disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-
br/centraisdeconteudo/publicacoes/servicosdesaude/notas-tecnicas/nota-tecnica-
gvims_n-11_2020_orientacoes_candida-auris_21-12-2020.pdf/view).
O LACEN-BA realizou análises utilizando Maldi-Tof (Matrix-Assisted Laser
Desorption Ionization Time-of-Light) e confirmou a identificação de Candida auris em um
dos isolados. No dia 11/01/2022, a Anvisa foi notificada dessa confirmação. Estamos
aguardando a finalização da análise do segundo isolado.

Problema:

Candida auris é um fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde
pública considerando que:

• produzem biofilmes tolerantes a antifúngicos apresentando resistência aos


medicamentos comumente utilizados para tratar infecções por Candida. Estudos

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novo caso de Candida auris no Brasil
apontam que, até 90% dos isolados de Candida auris são resistentes ao fluconazol,
anfotericina B ou equinocandinas. Esse tipo de padrão multirresistente não tem sido
observado em nenhuma outra espécie do gênero Candida;
• pode causar infecção de corrente sanguínea e outras infecções invasivas, podendo ser
fatal, principalmente em pacientes imunodeprimidos ou com comorbidades;

• pode permanecer viável por longos períodos no ambiente (semanas ou meses) e


apresenta resistência a diversos desinfetantes, entre os quais, os que são à base de
quaternário de amônio.

• propensão em causar surtos em decorrência da dificuldade de identificação oportuna


pelos métodos laboratoriais rotineiros e de sua difícil eliminação do ambiente
contaminado.

Histórico:
Em outubro de 2016, a Organização Pan-Americana da Saúde/Organização
Mundial da Saúde (OPAS/OMS) publicou um alerta epidemiológico em função dos relatos
de surtos de Candida auris em serviços de saúde da América Latina, recomendando aos
Estados-membros a adoção de medidas de prevenção e controle de surtos decorrentes
deste patógeno.

Em 14 de março de 2017, a Anvisa publicou o COMUNICADO DE RISCO Nº


01/2017 – GVIMS/GGTES/ANVISA, que definiu a Rede Nacional para identificação de C.
auris em serviços de saúde e detalhou orientações para a vigilância laboratorial,
encaminhamento de isolados para laboratórios de referência e as medidas de prevenção e
controle de IRAS pela Candida auris.
Esta Rede analisa isolados suspeitos, desde 2017, mas o primeiro caso positivo
de Candida auris no Brasil foi notificado à Anvisa em 07/12/2020,isolado em uma amostra
de ponta de cateter de paciente internado na UTI de um hospital de Salvador/BA. sendo
esse o primeiro caso de um surto com 15 casos, que culminou em´dois óbitos. Para o
enfrentamento desse evento foi estabelecido uma força tarefa nacional composta pela
Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde (Suvisa/Bahia), Coordenação de
Controle de Infecção Hospitalar da Bahia (CECIH-Bahia), Centro de Informações
Estratégicas em Vigilância em Saúde - CIEVS (Nacional, Bahia e Salvador), Diretoria de
Vigilância Epidemiológica, representantes da Coordenação-Geral de Laboratórios de
Saúde Pública (CGLAB/SVS/MS), LACEN-BA, Laboratório Especial de Micologia da Escola
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Paulista de Medicina (LEMI–UNIFESP) e a Gerência de Vigilância e Monitoramento em
Serviços de Saúde (GVIMS/GGTES/Anvisa). Nacionalmente foram publicados o ALERTA
DE RISCO GVIMS/GGTES/Anvisa nº 01/2020 e a NOTA TÉCNICA
GVIMS/GGTES/ANVISA nº 11/2020 - Orientações para identificação, prevenção e controle
de infecções por Candida auris em serviços de saúde, que reforçava as orientações
contidas no COMUNICADO DE RISCO Nº 01/2017 – GVIMS/GGTES/ANVISA.
Em dezembro de 2021 a Anvisa recebeu a notificação de outro surto de Candida
auris que ocorreu em um Hospital da Rede Pública de Salvador/BA. A amostra analisada
era de urina de um paciente do sexo masculino e foi enviada ao LACEN/BA, que confirmou
a identificação do fungo no dia 14/12/2021, utilizando a pela técnica Maldi-Tof. O
sequenciamento foi realizado pelo Laboratório Especial de Micologia da Escola Paulista de
Medicina (LEMI - UNIFESP).
Sendo assim, a confirmação da identificação de C. auris em um hospital de
Recife/PE representa o terceiro surto no país.

Ações realizadas em relação ao surto no hospital em Recife/PE:

Desde a identificação do caso suspeito, o hospital estabeleceu as medidas de


precaução e adotou ações para prevenção e controle do surto.
A Coordenação Estadual de Prevenção e Controle de Infecção de Pernambuco –
CECIH-PE foi notificada a respeito de caso suspeito, realizou visita técnica ao hospital e
está prestando todas as orientações para implementação de um plano de ação para
prevenir a disseminação de microrganismos. Além disso, está monitorando o surto e
apoiando as ações de prevenção e controle.
A força tarefa nacional foi acionada e várias ações de vigilância, monitoramento,
prevenção e controle foram intensificadas. Essa força tarefa é composta atualmente por:
APEVISA Pernambuco; CECIH-PE, Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em
Saúde - CIEVS (Nacional, Pernambuco, Recife), Diretoria de Vigilância Epidemiológica,
Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública - CGLAB/SVS, LACEN-PE, LACEN-
BA, LEMI–UNIFESP, especialistas em prevenção e controle de infecção e micoses
sistêmicas e a Gerência de Vigilância e Monitoramento em Serviços de Saúde -
GVIMS/GGTES/Anvisa. Este grupo já realizou reunião em conjunto a Comissão de Controle
de Infecção Hospitalar (CCIH) e outros profissionais do hospital envolvido, para alinhar
ações, elucidar dúvidas e definir como será conduzida a investigação, com objetivo de
agilizar a resposta ao surto, identificar outros possíveis casos e prevenir a ocorrência de
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novos casos de colonização ou infecção.
Os CIEVS (Nacional, Pernambuco e Recife) e o Programa de Treinamento em
Epidemiologia Aplicada ao SUS (EPISUS) estão conduzindo a investigação epidemiológica
desse evento.
A Coordenação Geral de Laboratórios de Saúde Pública - CGLAB está
acompanhando e apoiando a investigação laboratorial do surto.
Os LACENS de Pernambuco e Bahia estão apoiando as análises das amostras
enviadas pelo laboratório do hospital. O Laboratório Especial de Micologia da Escola
Paulista de Medicina (LEMI - UNIFESP) já está se preparando para o sequenciamento de
isolados.
A Anvisa está acompanhando as ações relacionadas ao surto e articulando e
apoiando as ações da força tarefa nacional.

Recomendações para todos os laboratórios de microbiologia e serviços de saúde do


país:

Laboratórios de microbiologia:

• Intensificar a vigilância laboratorial para identificação de Candida auris, conforme


descrito na nota técnica GVIMS/GGTES/ANVISA nº 11/2020.

• Diante de qualquer caso suspeito ou confirmado de Candida auris, informar


imediatamente a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do serviço e
seguir as recomendações da Nota Técnica GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 11/2020,
quanto ao encaminhamento das amostras ao LACEN.

Serviços de saúde:
• Reforçar as medidas gerais de prevenção e controle de IRAS.
• Manter atualizados os Procedimentos Operacionais Padrão – POPs de limpeza e
desinfecção das superfícies e a capacitação dos profissionais envolvidos.
• Manter um fluxo de comunicação rápido entre o laboratório e a CCIH do serviço e
intensificar o monitoramento de resultados laboratoriais com indicativo de Candida
auris, conformedescrito na nota técnica
GVIMS/GGTES/ANVISA nº 11/2020.
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• Diante de qualquer caso suspeito ou confirmado de Candida auris, implementar
imediatamente as precauções e medidas de prevenção e seguir as orientações previstas
NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 11/2020, e outros documentos que
venham a ser publicados sobre o tema.

• Em caso de suspeita ou confirmação de infecções por Candida auris, realizar a


notificação pelo formulário “NOTIFICAÇÃO NACIONAL DE SURTOS
INFECCIOSOS EM SERVIÇOS DE SAÚDE” disponível no link:
https://pesquisa.anvisa.gov.br/index.php/359194?lang=pt-BR e informar a suspeita
ou confirmação de casos à Coordenação Estadual de Controle de Infecção
Hospitalar (CECIH) do seu estado.

IMPORTANTE! É fundamental que a notificação de surto e o preparo da amostra para


encaminhamento ao LACEN sejam realizados imediatamente após a identificação
fenotípica suspeita ou identificação de Candida auris, conforme definido na Nota técnica
GVIMS/GGTES/Anvisa 11/2020, para que a confirmação do caso pelos laboratórios de
referência e o acionamento da força tarefa nacional sejam realizados o mais breve
possível!

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