Laudo Técnico Pericial Cristiano Albino
Laudo Técnico Pericial Cristiano Albino
Laudo Técnico Pericial Cristiano Albino
Município: Taquara
O presente laudo trata das causas do surgimento de anomalias em diversos locais do imóvel
em questão.
02 - DATA DE VISITA
A visita foi efetuada no dia 26 de Novembro de 2.019 no período das 14:15 às 17:30 horas e
estavam presentes o proprietário do imóvel, o regulador da empresa de Vistorias e o Engenheiro
responsável pela elaboração do presente laudo.
03 - DESCRIÇÃO DO LOCAL
O perfil do terreno onde foi construído o imóvel é em declive, apresentando queda para o fundo.
O imóvel possui dois pavimentos, um abaixo do nível da Ernesto Alves e o outro no nível desta.
O local é provido de toda a infraestrutura, como: pavimentação, água, esgoto, energia elétrica,
iluminação e telefone. (Foto 01, 02 e 03)
04 – DESCRIÇÃO DA CONSTRUÇÃO
O imóvel foi construído num terreno de 689,00m² (seiscentos e oitenta e nove metros
quadrados) sendo 26,00m de frente por 26,50m de fundo.
A alvenaria foi executada em tijolo de barro maciço e assentados com areia e saibro.
O revestimento do piso dos cômodos do pavimento superior e inferior, receberam vários tipos de
acabamento e foram executados em: cerâmica esmaltada. cerâmica de barro, tabua corrida tipo
macho e fêmea e tabua bruta de 30cm.
O imóvel é composto por diversos cômodos e banheiros, que falaremos abaixo, descrevendo
o sistema de acabamento de cada um.
Com exceção da entrada principal do imóvel, o piso da área externa não recebeu nenhum tipo de
acabamento, a não ser um trecho das laterais que recebeu acabamento em massa de areia e cimento.
Foto 06 - Vista da frente e da lateral esquerda do imóvel, onde observamos o sistema construtivo e
a existência de cinco colunas, construídas em tijolo maciço.
Foto 07 - Vista em detalhe da foto anterior, onde observamos o sistema construtivo das paredes e o
prendedor de janela utilizado na década de 50.
Foto 13 - Vista da fachada posterior do imóvel, onde observamos diversas rachaduras que
comprometem a estabilidade da edificação.
Foto 14 - Vista em detalhe, das rachaduras da foto anterior.
05 - DANOS CAUSADOS
Também foram observadas em laje e paredes internas e externas, manchas de umidade que pela
coloração esverdeada, indicam a presença de limo, sinalizando que o problema existe a muito
tempo.
Todas as anomalias observadas não colocam em risco a estabilidade da edificação, com exceção da
rachadura da parede do fundo, que se não forem tomadas as devidas providencias de restauração,
com o decorrer do tempo pode comprometer a estabilidade da mesma.
Uma parte da umidade existente nas paredes internas e externas, principalmente do piso superior
localizado no nível da rua, é decorrente das ultimas chuvas que se precipitaram na região, em
virtude da retirada do telhado.
Após analise de cada cômodo e dos vícios de construção existentes e apontadas acima,
concluímos que a solução melhor para o caso (custo x beneficio), é a demolição é reconstrução.
O que nos leva a essa conclusão, e a inexistência de alguns elementos importantes numa edificação,
composto por fundação, colunas e vigas.
Pelo tempo de construção, aproximadamente 60 anos e pelas anomalias observadas, concluímos que
não foram utilizadas brocas na sua infraestrutura.
O imóvel foi construído sobre viga baldrame executada em tijolo maciço de barro, quando o correto
seria viga baldrame em concreto armado, cuja resistência a compressão e durabilidade é muito
maior.
No sistema construtivo, não foram observadas a existência de colunas e vigas em concreto armado.
O assentamento dos tijolos, foi executado com areia e saibro que, apesar de ser muito utilizado
antigamente, não possui a liga e a resistência da cal e cimento.
Em virtude da não existência de viga baldrame em concreto e da época em que foi construída, não
foi aplicado nenhum impermeabilizante, tipo Vedacit, para impedir a passagem de umidade para a
parede e portanto a mesma, encontra se bem danificada, principalmente no piso inferior, onde
observamos em algumas paredes a presença de limo.
Para piorar o estado da edificação, foram executadas mudança no sistema construtivo original com
a colocação de laje pré e o acabamento em piso cerâmico.
As vigotas da laje, foram engastadas nas paredes e apoiadas em vigas de madeira.
Além de não ser a solução adequada para o problema, pois o ideal seria perfil I em aço que é muito
mais resistente a compressão, algumas vigas foram fixadas em lugares insalubres e úmidos e
portanto sujeitos a deterioração e colocando em risco a estabilidade da mesma e do imóvel.
O ideal seria a execução de todos os elementos de estruturas em concreto, como: brocas, colunas e
vigas de apoio para evitar sobrecarga nas paredes.
Outro fator importante que compromete a resistência das vigas e que foi observado no assoalho e
em algumas madeiras existentes, e o problema de insetos voadores (cupins) que poderão se alojar e
danificar as vigas.
Todas as lajes observadas foram construídas fora de nível e para corrigir essa anomalia é necessário
retirar o revestimento cerâmico e fazer uma regularização em areia e cimento. Esse processo acaba
aumentando ainda mais a carga.
Afirmamos que a laje está desnivelada, em função da água e sujeira acumulada no mesmo lado.
As rachaduras observadas na parede do fundo, provavelmente foram causadas pelo aumento de
carga com a substituição do tipo de piso.
O telhado e o forro, foram retirados em função de danos existente no madeiramento, causados por
insetos voadores, cupins.
O piso em madeira corrida está danificado pelos cupins e encanoado pelo tempo de exposição a
chuva e o sol.
A calçada, guia e sarjeta, precisam ser reconstruídas pois estão bem danificadas, permitindo a
passagem da água da chuva para o interior do imóvel.
Portanto, em virtude dos vícios construtivos observados e mencionados, concluímos que a solução
mais adequada para o problema e a demolição e construção.
Utilizando o tempo de construção que estimamos ser de 60 anos, mais a vida útil que é de
aproximadamente 75 anos, obtemos o valor final de:
R$ 102.789,81 (cento e dois mil setecentos oitenta e nove reais e oitenta e um centavos).
06 – CONCLUSÃO
Após analises apresentadas, concluímos que os danos observados foram causados por vícios
de construção e pela falta de estrutura: brocas, viga baldrame, colunas e vigas.
Também a umidade teve uma boa parcela de culpa, pois em virtude do tempo que a mesma foi
edificada, não se utilizavam materiais impermeabilizantes, tipo Vedacit, no sistema construtivo,
como no respaldo da viga baldrame e no revestimento das paredes.
Para evitar que a água sobe por capilaridade é aplicado na viga baldrame, material betuminoso, tipo
Neutrol, que impede a passagem da umidade para a alvenaria.
Outro fator muito importante que ocasionou danos, foi a substituição do piso original por laje
de concreto.
Antes de iniciar essa modificação, deveriam ser executadas brocas, colunas e vigas, para receber a
laje e transferir a carga para o solo.
Infelizmente, isso não ocorreu, pois foram apoiadas sobre as paredes, sendo que a finalidade das
mesmas e de fechamento e de divisão de ambientes.
A colocação de vigas de madeira, utilizada no reforço da laje, ajudou a diminuir a flecha, mas não
repassou os esforços para o solo e sim para a alvenaria.
Observamos que na composição da massa de assentamento dos tijolos, não foi utilizado cal e nem
cimento e sim saibro.
O saibro não possui a mesma liga e resistência da cal e do cimento, portanto aumenta as
probabilidades da existência de rachaduras e desestabilização da edificação.
Com o aumento da carga, houve uma movimentação da edificação, gerando os danos observados
principalmente na parede da fachada secundaria, onde observamos diversas rachaduras em 45º.
Em hipótese alguma deveria ser colocada a laje sem serem executados os serviços de reforço
mencionados anteriormente.
Os danos observados, conforme relatamos acima, são significativos e portanto para demolir e
reconstruir o que está danificado, nos padrões existentes, é necessário uma verba de R$ 482.382,71
(quatrocentos e oitenta e dois mil trezentos e oitenta e dois reais e setenta e um centavos)
Após as observações e conclusões apresentadas, podemos afirmar que a edificação, até a presente
data, não corre nenhum risco de desestabilização mas para evitar que isso venha a acontecer é
necessário executar os serviços de estrutura mencionados, brocas, colunas e vigas.
Analisando o custoxbeneficio, aconselhamos a demolição e reconstrução do mesmo, em
virtude das anomalias existentes.
07 - ENCERRAMENTO
Este laudo contém folhas e foi elaborado com absoluta imparcialidade com base em elementos
concretos colhidos em vistoria pessoal no local e os critérios adotados para a conclusão final foram
os mais recomendáveis para as circunstâncias e ao caso concreto.
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CRISTIANO ALBINO
Eng. Civil
CREA 000.000.000.0