Montagem Por Snap Fits
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Montagem Por Snap Fits
Introdução
Raramente peças plásticas, especialmente as moldadas em polímeros de
engenharia, são utilizadas isoladamente. O mais comum é que trabalhem
em conjunto com outras peças e componentes formando um sistema maior
e mais complexo.
Para que isso seja possível é necessário que, após a moldagem ocorram
processos secundários para unir as peças e componentes de uma forma
funcional para atender às necessidades desse sistema final mais complexo.
Existem diversas técnicas para a união de peças plásticas. Cada uma destas
técnicas é mais adequada a uma situação específica e também às condições
desejadas para esta união como a possibilidade de desmontagem ou a
possibilidade de montagem sem a necessidade de ferramentas específicas.
Neste artigo, quero te apresentar uma dessas técnicas de montagem de
peças plásticas que pode ser muito interessante para seu projeto em
particular – os Snap Fits ou, como são popularmente conhecidos – os
“clicks”.
Snap Fits
Os snap fits são uma alternativa muito boa para montagem de peças
plásticas pois apresentam algumas vantagens, a saber:
• São moldados integralmente às peças não necessitando de operações
posteriores para incorporação de elementos de montagem
• Dependendo do design, podem ser moldados mesmo em ferramental
de baixo custo
• Podem unir materiais diferentes e incompatíveis a processos de
soldagem
• Permitem a montagem permanente ou montagens e desmontagens
sucessivas dependendo do design escolhido
• A montagem e desmontagem (se for o caso) é realizada facilmente
sem a necessidade de ferramentas específicas
• É uma técnica perfeita para termoplásticos devido à grande facilidade
destes materiais em serem moldados em geometrias complexas
Existem dois tipos básicos de Snap Fits: o primeiro e mais comum que é o
de alavanca (o famoso “click”) e o segundo que são os Snap Fits cilíndricos
ou esféricos.
A escolha entre um e outro depende dos esforços envolvidos na montagem
e desmontagem, complexidade do molde e necessidade de montagens e
desmontagens sucessivas.
Vamos analisar ambos os tipos para que você possa conhecê-los e
selecionar o mais adequado ao seu projeto:
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SUCESSO EM PROJETOS
COM POLÍMEROS
Snap Fit de alavanca (“click”)
Este é o tipo mais comum e fácil de reconhecer de snap fit. Também
conhecido como “click” um exemplo pode ser visto na Figura 1.
Este tipo de snap fit apresenta uma força de retenção que é equivalente à
rigidez na flexão do material (quanto maior o módulo de flexão maior a
força de retenção). É considerado como um tipo de mola plástica que sofre
esforço relativamente elevado durante a montagem e desmontagem,
porém durante o uso fica essencialmente em estado não tensionado (exceto
em algumas poucas situações).
A principal preocupação ao projetar este tipo de snap fit é não exceder os
limites de tensão para o material em questão durante as operações de
montagem ou desmontagem. Se montagens sucessivas forem necessárias
o limite de tensão pode ser menor em função das características de fadiga
do material.
Como exemplo um snap fit para montagem única em Poliacetal
Homopolímero de alta viscosidade pode suportar uma deflexão de até 8%
enquanto um snap fit no mesmo material para montagens sucessivas
apresenta um limite de apenas 4%. Estes dados para diferentes materiais
podem ser encontrados em manuais de design dos fabricantes de resinas
plásticas.
O modo mais eficiente de garantir o menor nível de tensão no snap fit é
tornar seu comprimento (indicado por l na Figura 1) o maior possível. Outra
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estratégia e fazer com que a espessura do snap fit vá decrescendo com o
comprimento, como também mostrado na Figura 1.
Na Figura 2 é possível ver um exemplo comparativo de snap fit em que o
pequeno comprimento pode exigir deformações de montagem que excedem
os limites do material e uma alternativa de design para solucionar este
problema.
𝐹𝐿𝑐
𝑆 =
𝐼
𝐹𝐿3
𝑦=
3𝐸𝐼
Onde:
S – Tensão na alavanca (MPa) C – distância até a linha neutra (mm)
F – Força aplicada (N) I – Momento de inércia (mm4)
L – Comprimento da alavanca (mm) E – Módulo de elasticidade na flexão (MPa)
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Já a força necessária para montagem pode ser calculada com a seguinte
equação:
𝜇 + tan 𝑎
𝐹=
1 − 𝜇 tan 𝑎
Onde:
F – Força de montagem (N)
– coeficiente de atrito entre as peças
a – ângulo de entrada
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• Cuidado com linhas de emenda – uma vez que normalmente será
realizada a extração forçada da peça, linhas de emenda devem se
evitadas ao máximo para que não ocorra quebra da peça na extração
(1 + 𝜇 ) tan 𝑎 𝑆𝐷 𝐷𝑆 𝐿𝑛
𝐹=
𝑊
Onde:
F – Força de montagem (N)
M – Coeficiente de atrito
A – ângulo de entrada
Sd – Tensão devido à interferência – tensão no ponto de escoamento do material/fator
de segurança (MPa)
Ds – Diâmetro da haste (mm)
Ln – Comprimento da restrição de diâmetro (mm)
W – Fator geométrico (veja a próxima equação)
𝑑 2
1 + (𝐷)
𝑊=
𝑑 2
1 − (𝐷)
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Conclusão
Snap fits são um recurso de design excelente para montagem de peças
plásticas pois se beneficiam das vantagens destes materiais como facilidade
de moldagem em geometrias diversas, balanço entre flexibilidade e rigidez
e alta resistência mecânica.
Este tipo de design deve estar no arsenal de todos os projetistas de peças
plásticas.
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