Controle de Pragas
Controle de Pragas
Controle de Pragas
CONTROLE FÍSICO
O controle físico foi um dos primeiros métodos empregados para controlar insetos de produtos
armazenados. No entanto, sua utilização foi deixada de lado com a introdução dos modernos
inseticidas artificiais. No futuro espera-se que o controle físico abranja maiores extensões e que os
químicos sintéticos sejam utilizados numa escala menor, em razão dos resíduos químicos que
afetam o grão, da segurança do trabalhador, do ambiente e das populações de insetos resistentes aos
inseticidas.
Este controle é uma manipulação do meio físico sobre a população de insetos, diminuindo,
eliminando ou reduzindo estas pragas. Os parâmetros físicos referem-se a temperatura, umidade
relativa, teor de umidade dos grãos, estruturas que contêm os produtos (silos, graneleiros e
armazéns) e pressão no produto (compressão e impacto). Os gases também são componentes do
meio físico, mas serão considerados a seguir no item controle químico com fumigantes.
Os insetos de produtos armazenados têm sido controlados pela manipulação do meio físico
há mais de mil anos. A regra básica de armazenamento para conservação de sementes, fria e seca,
foi empregada na era neolítica em que a semente era colocada em jarro de barro, o qual era
enterrado no solo, próximo à embocadura do Nilo. Altas temperaturas foram usadas para controlar
a mariposa Sitotroga cerealella (Olivier), no Século 16, na França. Nos últimos cinco anos, os
organoclorados , organofosforados e fumigantes têm sido utilizados por vários gerentes de unidades
armazenadoras para controlar os insetos. Recentemente, e por razões básicas, um movimento sobre
os métodos de controle químico tem sido feito. A primeira preocupação é quanto à toxicidade dos
inseticidas que certamente atingirão outras espécies além das que so pretende controlar. Também
predadores e parasitas que se alimentam das pragas serão, conseqüentemente, eliminados pelo
tratamento com inseticida. Outros animais, tais como peixes, pássaros e mamíferos podem ser
amplamente afetados pelo inseticida utilizado.
Em 1984, fumigantes líquidos foram descredenciados no Canadá e nos EUA, por causa do
excesso de resíduo tóxico. Preocupados com a segurança dos trabalhadores, muitas restrições foram
feitas quanto ao procedimento de aplicação de pesticidas. Também o uso do brometo de metila
deverá ser restrito ou suspendido, em virtude dos danos que ele provoca na camada de ozônio. Uma
outra razão é que a continuidade de uso de um simples inseticida de chumbo causa resistência
dentro de uma população de pragas. Um exemplo disto é a ineficiência do malathion no controle de
pragas de grãos armazenados atualmente.
1. TEMPERATURA
A diminuição da temperatura dos produtos, com o propósito de evitar a deterioração, é uma
técnica tão comum quanto o refrigerador de uso diário. Ela é intensamente usada em climas
temperados, juntamente com aeração com ar ambiente. A aeração com ar refrigerado é empregada
em climas tropicais ou no verão, em áreas temperadas. Há dois efeitos básicos resultantes da baixa
temperatura: redução da taxa de desenvolvimento, alimentação e a fecundidade dos insetos e a
queda de sobreviventes.
A temperatura ótima para a fecundidade e o desenvolvimento dos insetos de produtos
armazenados está entre 25 e 33oC. À baixa temperatura, a fecundidade é reduzida e os insetos
desenvolvem-se mais lentamente. Temperaturas entre 13 e 25oC diminuem o desenvolvimento. Para
a maioria dos insetos de produtos armazenados, a temperatura de 20oC detém o desenvolvimento; a
principal exceção é Sitophilus granarius, que pode se desenvolver a 15oC. Os ácaros em grãos
levemente úmidos somente param de se desenvolver a 2oC. Embora nestas temperaturas não ocorra
desenvolvimento, os insetos e ácaros permanecem vivos por longos períodos e causarão danos se a
temperatura do produto elevar-se.
Algumas espécies são mais resistentes ao frio que outras. Em geral, Tribolium castaneum
(Herbst), Tribolium confusum Jacquelin du Val, e Oryzaephilus mercator (Fauvel) são as mais
susceptíveis ao frio, embora Trogoderma granarium Everts, Sitophilus granarius (L.), Ephestia
elutella (Hübner), Ephestia kuehniella (Zeller) e Plodia interpunctella (Hübner) sejam as espécies
mais tolerantes a esta estação do ano.
O estágio de desenvolvimento - ovo, larva, pupa, ou adulto - afeta a capacidade do inseto de
resistir a baixas temperaturas. Em muitas espécies, o ovo é o estágio mais susceptível. Para
algumas espécies existem trabalhos detalhados, mostrando que a idade do ovo pode afetar a
susceptibilidade. As larvas são os estágios mais tolerantes, por exemplo, as de Rhyzopertha
dominica (F.) e Sitophilus oryzae (L.). Também é verdadeiro para as larvas em diapausa de E.
kuehniella e pode se confirmar para as outras Pyralidaes: P. interpunctella, Cadra cautella
(Walker), e E. elutella. O adulto é o estágio mais resistente para Cryptolestes ferrugineus
(Stephens) e T. confusum. Para S. granarius, as larvas são tão resistentes ao frio quanto os adultos.
Na maioria das aplicações de campo, quando se usa temperatura baixa para controlar as
pragas de produtos armazenados, os insetos são expostos à temperaturas entre 20 e 10oC antes de
serem colocados à temperaturas letais. Exceção a esta regra ocorre quando os produtos são
resfriados rapidamente em freezer para controlar populações de insetos. Quando os insetos são
expostos à temperaturas entre 20 e 10oC, eles se tornam aclimatados e sua resistência ao frio
aumenta de 2 a 10 vezes.
Temperaturas para os índices máximos de multiplicação são, em geral, 5oC das temperaturas
de desenvolvimento. O Sitophilus oryzae tem um índice máximo de desenvolvimento a 29oC e pára
de se desenvolver a 35oC; as temperaturas para Rhyzopertha dominica são 32 e 39oC,
respectivamente.
A temperatura alta que causa a mortalidade depende dela mesma, da duração, das espécies,
do estágio do desenvolvimento, da aclimatação e umidade relativa. Ao contrário das baixas
temperaturas, em estudos realizados com altas temperaturas foram utilizadas temperaturas que
modificam rapidamente e permanecem constantes na maioria dos testes e a maioria das exposições
duram somente alguns minutos. As espécies de insetos mais tolerantes ao calor para as menos
tolerantes são: Lasioderma serricorne (F.) ≥ Cryptolestes pusillus (Schönherr) = R. dominica > S.
oryzae = T. castaneum = Trogoderma variabile (Ballion) > S. granarius = Gibbium psylloides
(Czenpinski) > Cathartus quadricollis (Guérin-Méneville) = O. mercator > T. confusum =
Oryzaephilus surinamensis (L.).
A temperatura da massa de grãos é afetada por vários fatores, que podem ser controlados ou
modificados para aumentar o controle físico das pragas de grãos armazenados. Altas temperaturas
iniciais de armazenamento ocorrem quando o grão é colhido sob calor, em dias ensolarados, por
exemplo, 5 a 8ºC acima da temperatura do ar ambiente, ou quando o grão não é resfriado
suficientemente depois da secagem com ar aquecido.
A temperatura dos grãos no armazenamento sem aeração segue as temperaturas do ar
ambiente (ar de fora). Em razão da maior parte dos grãos armazenados ou das sementes de
oleaginosas terem baixa condutividade térmica (menores que as fibras), a temperatura dos grãos
estocados muda lentamente.
O controle da temperatura é feito pela aeração. Aeração é forçar o movimento do ar, em
condições próximas ao ambiente, pelos grãos armazenados para trazê-los para uma temperatura
uniforme, próxima da temperatura do ar ambiente. A aeração normalmente tem pouco efeito no teor
de umidade dos grãos armazenados, porque a quantia de ar requerida para modificar a temperatura
do grão é muito menor que a necessária para diminuir o teor de umidade do grão. O efeito da
aeração na massa de grãos pode ser melhor compreendida se se considerar a massa de grãos como
um ecossistema no qual os grãos, a microflora e os insetos são seus principais componentes
bióticos; o ar intergranular, as impurezas, matérias estranhas são os seus principais componentes
abióticos. A interação entre esses componentes é afetada pelas condições ambiente, podendo causar
a deterioração dos grãos. A aeração tem como um dos principais objetivos modificar o microclima,
tornando-o desfavorável ao desenvolvimento de organismos nocivos que atacam os grãos
armazenados e, ao mesmo tempo, criar condições favoráveis para a preservação da qualidade dos
grãos durante o período de armazenamento. São estes os principais objetivos da aeração:
Resfriar a massa de grãos: é o principal e mais vantajoso benefício da aeração, pois ele
diminui a atividade de água no grão, retarda o desenvolvimento de insetos e reduz a taxa
respiratória dos grãos e da microflora presente.
Evitar a migração de umidade: é um dos principais objetivos da aeração de grãos,
especialmente em climas tropicais, em que ocorrem flutuações diurnas de temperatura. Neste caso,
o propósito da aeração é prevenir o fenômeno chamado de migração de umidade. Os grãos
armazenados depois da colheita mantêm sua temperatura inicial elevada por um longo período, em
razão de sua propriedade de isolante térmico. Com a mudança da temperatura ambiente durante a
estação fria, as camadas superficiais da massa de grãos tornam-se consideravelmente mais frias que
as internas. Desta forma, criam-se gradientes de temperatura que provocam correntes de convecção
no ar intergranular. Essa correntes transportam ar mais quente, o qual contém mais umidade que o
ar frio, diretamente para as partes mais frias da massa de grãos, ou seja, para as camadas
superficiais. Nessas regiões, o ar, ao resfriar-se, condensa, aumentando lentamente o teor de
umidade na superfície da camada de grãos. Um dos sintomas típicos desse fenômeno é a formação
de uma camada compacta sobre a superfície da camada de grãos, que deverá ser considerada uma
indicação de que devem ser tomados cuidados para prevenir a ocorrência de danos mais sérios. O
aspecto mais prejudicial da migração de umidade não é a quantidade de grãos danificados, que é
normalmente pequena em relação à massa total, mas sim a inevitável mistura de grãos estragados
com grãos sadios durante o processo de descarga, o que reduz a qualidade da massa granular. Além
da descoloração e da diminuição do potencial de germinação, deve-se também considerar a
produção de micotoxinas em grãos danificados por microrganismos.
A migração de umidade é também um fator marcante em climas subtropicais "quentes", nos
quais a temperatura ambiente possa vir a cair muito durante a noite ou no inverno. Naturalmente, a
prevenção de sua ocorrência será possível eliminando-se gradientes de temperatura na massa de
grãos. Isto pode ser conseguido pela aeração com ar ambiente, preferencialmente durante as noites
frias.
Eliminar ou evitar a formação de bolsa de calor: um foco de infestação de insetos ou
crescimento de fungos pode resultar em aumento da temperatura da massa de grãos numa
determinada região do silo ou graneleiro, formando assim a "bolsa de calor". Com as diferenças de
temperatura na massa de grãos, tem-se novamente o movimento do ar quente do foco para a
superfície dos grãos. Se as condições do ar da superfície ou do ar exterior são mais baixas, poderá
ocorrer a condensação de umidade e, conseqüentemente, a deterioração da camada superior do silo
ou graneleiro.
Conservar temporariamente os grãos úmidos: às vezes é necessário o armazenamento de
grãos úmidos, pois a capacidade de secagem instalada pode não ser o suficiente. Para tal, é
necessário manter os grãos resfriados, evitando-se assim o aquecimento da massa, ocorrido em
razão do processo respiratório dos grãos e organismos presentes (insetos e fungos).
Secagem limitada: embora a aeração não tenha como objetivo secar os grãos, na
conservação temporária dos grãos úmidos o processo de aeração, se usado adequadamente, ou seja,
com temperaturas inferiores às da massa de grãos, resultará em alguma perda de umidade.
Remover odores da massa de grãos: o crescimento de fungos, a fermentação e
rancificação do óleo causam odores estranhos. Alguns desses odores podem ser rapidamente
dissipados com a remoção do ar intergranular, enquanto outros são mais persistentes e requerem
longos períodos de aeração.
Aplicar fumigantes ou atmosferas modificadas na massa de grãos: esta aplicação é feita
em silos elevados de concreto pela recirculação do ar. Em silos metálicos e graneleiros isto já não é
possível.
2. IRRADIAÇÃO
A irradiação de alimentos tem sido muito estudada nos últimos anos. Em 20 países é tida
como operação comercial e é mais usada para prevenir brotação de batatas e cebolas ou infestações
microbianas em alimentos e carnes.
Há dois tipos de irradiação: ionizante, com raios gama e irradiação por feixe de elétrons, e
não-ionizantes, quando se refere à radiação eletromagnética (ondas de rádio, ondas infravermelho,
luz visível e microondas), que não contêm energia suficiente para expulsar elétrons das moléculas.
A radiação ionizante prejudica os organismos, em virtude da produção de íons ou radicais livres,
tornando as moléculas altamente reativas. Além da ionização, as ligações químicas também podem
ser quebradas. Radiação gama com cobalto 60, como fonte de radioatividade, é o método comercial
mais comum de irradiação de alimentos. Ela pode penetrar 20 a 50 cm em alimentos sólidos e
requer equipamentos de proteção para operadores. Irradiação por feixe de elétrons é aplicada no
tratamento de grãos em Odessa, na Ucrânia, usando-se um acelerador elétrico para acelerar elétrons
em altas velocidades, suficientes para causar ionização. Os elétrons penetram apenas 1 mm em
alimentos sólidos, e, em grãos tratados, somente numa profundidade correspondente à espessura de
um grão, em relação ao ponto de aplicação.
Embora baixos níveis de irradiação não produzam toxina nos alimentos tratados, a
irradiação pode reduzir o teor de Vitaminas A, C, E, B1 (tiamina) e K. O grau de redução é
dependente do alimento irradiado, da dose e de outros fatores. As doses de irradiação necessárias
para matar insetos em sementes fazem com que este tipo de controle seja inconveniente para malte e
cevada ou sementes armazenadas. Já a qualidade do pão é afetada se o trigo for irradiado com doses
altas.
2. AÇÃO MECÂNICA
Existem dois métodos básicos para controlar população de insetos dos produtos estocados,
usando-se formas mecânicas: indireta (manipulação do meio ambiente) ou direta (manipulação dos
insetos). Um método indireto é a redução de impurezas e matérias estranhas (sementes quebradas,
terra, pedras e sementes de ervas daninhas) e sementes com rachaduras no endosperma. Muitos
insetos, como o C. ferruginus , Oryzaephilus sp. e T. castaneum, são classificados como pragas
secundárias, porque requerem uma rachadura na superfície da semente para infestarem os grãos de
cereais. A presença de impurezas e matérias estranhas contribui para o aumento da população
destes insetos. Outro método indireto é simplesmente uma boa sanitização, bem como a remoção de
resíduos de alimentos. Os equipamentos e as estruturas de armazenamento devem ser projetados de
modo que a limpeza seja facilitada, não deixando resíduos de alimentos.
Um método direto de controle de infestação de insetos é pela remoção destes. Os
equipamentos usados para remover impurezas e matérias estranhas devem também remover insetos
que estão fora da semente. No entanto, não funcionaria para estágios imaturos de Sitophilus sp. ou
R. dominica. Nos moinhos, a farinha, antes do empacotamento, passa por finas peneiras, que
removem matéria estranha, inclusive os insetos.
O método direto mais extensivamente usado no controle mecânico são, sem dúvida, os
Entoleters, o qual usa a força centrífuga para impactar insetos ou sementes contendo insetos.
Entoleters são usados primariamente em moinhos, onde são colocados na linha de produção antes
do trigo ser moído. Grãos infestados com predadores primários como os Sitophilus sp. ou R.
dominica quebram e são separados daquele intactos. A velocidade de impacto pode ser ajustada de
tal forma que os insetos sejam mortos, mas os grãos não-danificados não são quebrados. No
entanto, nem todos os insetos que correm através de um entoleter morrem imediatamente.
Apenas o revolvimento dos grãos pode controlar os insetos de produtos estocados, pelo
esmagamento. Vários estudiosos têm investigado o efeito de impacto em grãos infestados. Um
estudo mostrou, por exemplo, que movimentando o milho a cada duas semanas, as espécies
Sitophilus, em 87%, Tribolium, em 75%, e Cryptolestes, em 89%, podem ser reduzidas. Em outro
estudo foi demonstrado que algumas espécies eram particularmente susceptíveis aos danos durante
o transporte pneumático dos grãos.
Os neonatos de Acanthoscelides obtectus, o inseto comum do feijão, precisam de um tempo
superior a 24 horas para entrarem em um grão de feijão. Para isto, eles necessitam se espremer
contra eles mesmos em feijões vizinhos para penetrar dentro da semente. A movimentação do
feijão a cada oito horas reduz a população de A. obtectus em 97%, porque a larva neonata não é
capaz de realizar totalmente sua entrada no grão.
3. EMBALAGENS
As embalagens fornecem uma barreira física que previne ou impede a infestação por insetos.
No entanto, vários insetos têm capacidade para penetrar nas embalagens intactas, por exemplo, o L.
serricorne, Stegobium paniceum (Linnaeus), P. interpunctella, C. cautella, Corcyra cephalonica
(Stainton) e Trogoderma variable. Embora Rhyzopertha dominica também possa penetrar nas
embalagens, são raramente encontradas em embalagens de alimento. Os outros insetos de produtos
armazenados (T. castaneum, T. confusum, C. ferrugineus, C. pusillus, O. mercator, O.
surinamensis) necessitam de uma pequena abertura para entrar nas embalagens.
Os materiais de embalagens, com o propósito de prevenir a penetração dos insetos,
apresentam diferentes características. Também variam em superfície, dificultando a movimentação
dos insetos de uma embalagem para outra.
4. PÓ INERTE
As argilas foram usadas como inseticidas pelos nativos da América do Norte e África há
milhares de anos. Os estudos sobre a utilização de pós inertes em produtos armazenados começaram
em 1920. A principal vantagem dos pós inertes é sua não-toxicidade. Os tipos mais comuns de pós
inertes são: terra, terras diatomácias e sílica. Argila, areia e terra têm sido usadas tradicionalmente
como inseticidas na camada superior de sementes armazenadas. Terra diatomácia é um resíduo
silicoso fossilizado de diatomas, que são plantas aquáticas unicelulares microscópicas, com uma
fina concha formada de sílica opalina (SiO2 + nH2O). As conchas de diatomas têm-se acumulado há
milhões de anos e alguns locais de depósitos podem ter centenas de metros de espessura. O maior
constituinte desses depósitos é a sílica (SiO2), embora haja pequenas parcelas de outros minerais
(óxido de alumínio e ferro, calcário, magnésio e sódio). Atualmente, o principal uso de terras
diatomácias é para filtros.
O principal modo de ação dos pós inertes é que eles promovem uma dessecação dos insetos.
Os insetos morrem quando eles perdem 60% de sua água ou cerca de 30% de seu peso corpóreo
total. Além da perda de água, alguns pós absorvem ceras cuticulares dos insetos. A terra diatomácia,
além de absorver a cera cuticular, tem efeito abrasivo sobre a cutícula. Pelo fato de os insetos de
grãos armazenados viverem em ambientes muito secos e com acesso limitado a água livre, a
retenção de água é crucial para sua sobrevivência. Também, uma vez que os insetos são muito
pequenos, eles têm grande área superficial em relação ao peso de seu corpo, portanto, apresentam
maior problema de retenção de água que os animais maiores. Os insetos protegem-se da dessecação
de vários modos; no entanto, a graxa cuticular, que é destruída pelo pó, é um dos principais
mecanismos para manter o equilíbrio hídrico.
Diversos fatores determinam a eficiência de pós inertes: maior capacidade dos insetos de
obterem água do seu alimento, maior reabsorção de água durante a sua excreção, menor perda de
água através da cutícula, tipo de graxa cuticular ou o quanto ele se movimenta através dos grãos.
Nem toda a mortalidade observada em grãos tratados com pó inerte pode ser atribuída à
dessecação.
Os principais problemas com o uso de pós inertes decorrem do fato de eles diminuírem a
densidade e o escoamento dos grãos. Por ser um pó, é difícil sua aplicação e, além do mais, é
ineficiente em alguns casos. Pelo fato de os pós inertes aderirem à superfície dos grãos, aumentando
a fricção entre eles, o grão não flui tão facilmente. Há um aumento do ângulo de repouso e a
densidade total da massa. A terra diatomácia, na proporção de dois quilos por tonelada, causou
diminuição de 4,4 quilos por hectolitro na densidade da massa de milho e 6,2 kg/hl em trigo. Uma
vez que o dessecamento é um modo de ação, a terra diatomácia não controla insetos em grãos
úmidos tão bem como em grãos secos. Conforme colocado anteriormente, a aplicação de pó inerte
pode ser indesejada em razão da poeira. Para minimizar este problema, aplicações aquosas para
tratamento de superfície são usadas, embora isso diminua a eficiência dos pós inertes. As principais
vantagens deste pó é que eles não são tóxicos para mamíferos e protegem continuamente os grãos
dos insetos.
5. CONTROLE QUÍMICO
Muitos insetos são capazes de alimentar, desenvolver e multiplicar-se em sementes intactas,
sementes danificadas ou cereais processados. Quando os grãos são armazenados em temperaturas
entre 25 e 35°C, os insetos multiplicam-se rapidamente e podem causar perdas significativas,
variando de perdas de peso a perdas de qualidade, como o decréscimo do poder germinativo, trocas
bioquímicas e nutricionais em sementes, e contaminação por excrementos e partes do próprio
inseto. A respiração, em virtude da grande população de insetos, também produz calor e umidade,
favorecendo o desenvolvimento de fungos em produtos armazenados. Alguns insetos, tais como
carunchos (Sitophilus sp.) ou os menores broqueadores dos grãos (Rhyzopertha dominica (F.)),
alimentam-se diretamente das sementes inteiras, enquanto outros se alimentam de sementes
danificadas ou fungos.
Insetos de armazenamento podem ser encontrados nos grãos e resíduos de farinhas, grãos
velhos armazenados e na natureza, alimentando-se das sementes ou dos fungos debaixo das cascas
das árvores. Atualmente, a safra de grãos pode ser rapidamente infestada por insetos voadores.
A prevenção e o controle dos insetos em produtos armazenados são importantes para
fazendeiros, manuseadores e processadores de grãos e consumidores. O controle de insetos com
inseticidas é mais usado em razão das facilidades para aplicação, maior rapidez de ação e é,
atualmente, o método mais econômico. O inseticida ideal é aquele que mata rapidamente as pragas;
não causa mal aos humanos ou ao meio ambiente; apresenta uma atividade residual de apenas o
necessário; e que tenha um nível aceitável de contaminação. Além disso, não deve ser caro, ser de
fácil manuseio e preparo e produzir odores de proteção.
Existem vários modos de ação para diferentes tipos de inseticidas. Diversas espécies de
insetos e estágios de desenvolvimento de cada um deles respondem diferentemente para cada
inseticida; por exemplo, os piretróídes são mais tóxicos para as broqueadores que para os
organofosforados. Alguns insetos, uma vez estabelecidos, são mais difíceis de ser controlados, pelo
fato de se desenvolver dentro dos grãos, como, por exemplo, R. dominica.
INSETICIDAS DE CONTATO
Um número relativamente pequeno de inseticidas de contato é registrado para uso em
cereais estocados e seus subprodutos. Os inseticidas de contato, registrados no Ministério da
Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária até 1995, os quais são adicionados
diretamente nos grãos, no início da armazenagem, são: Pirimifos-methyl (Actellic 500 CE), para
trigo, arroz, milho e cevada; Deltamethrin (K-Obiol 2 P), para milho em espiga com ou sem palha;
Deltamethrin (K-Obiol 25 CE), para milho e trigo; Permetrhin (Pounce 384 CE), para milho a
granel; e Fenitrothion (Sumigran 500 CE), para milho, trigo, cevada e feijão.
Dentre as vantagens dos protetores de grãos sobre os fumigantes, podem-se citar:
persistência prolongada, ou seja, por meses a anos; segurança na aplicação; exigência de menos
equipamentos especializados; previnem o estabelecimento de pragas; e são largamente efetivos em
estruturas construídas para estocagem que não podem ser fumigadas efetivamente. O maior ponto
negativo dos protetores são os resíduos que permanecem no alimento, no entanto, eles geralmente
degradam com o tempo de estocagem e com o processamento do alimento. Outros protetores de
grãos geralmente usados em sementes de grãos são os pós inorgânicos, como a terra diatomácia ou
o dióxido de silício, os quais matam os insetos por abrasão e dessecação quando gorduras são
removidas da cutícula do inseto e o inseto não pode regular sua perda de água.
Alguns inseticidas de contato, usados para controlar população residual de insetos na
armazenagem, são também empregados no tratamento de gretas e fendas do material estrutural
como madeira, concreto ou aço utilizados em pisos, paredes etc. e tratamento localizado ou geral de
sacarias e equipamentos. Em fazendas, todo resíduo deve ser removido dos armazéns no final do
período de armazenamento e tanto o interior quanto o exterior do armazém devem ser pulverizados
algumas semanas antes de enchê-lo.
Os tratamentos dos espaços vazios de armazéns ou dos espaços superiores acima de um
produto são feitos ocasionalmente, a fim de controlar insetos voadores; para isso utilizam-se
Pirimifos-methyl e Deltamethrin.
RESÍDUOS DE INSETICIDAS
Os limites máximos internacionais para resíduos de inseticidas em grão, grão processado e
sementes oleaginosas, que resultam de aplicação na pré-colheita ou na pós-colheita, estabelecidos
pela Organização Mundial da Saúde e pela Organização das Nações Unidas para a Agricultura e
Alimentação (FAO), são apresentados por White e Leesch (1996). Em sua maioria, os inseticidas de
contato usados em armazéns são lipofílicos e acumulam-se em áreas de alto teor de gordura, tais
como, no gérmen e farelo dos cereais, no óleo nas sementes oleaginosas.
DEGRADAÇÃO DOS INSETICIDAS
A degradação dos inseticidas de contato em grãos armazenados é afetado pelo teor de
umidade e pela temperatura do grão. Altas temperaturas geralmente causam rápida degradação, mas
os produtos químicos são mais tóxicos para insetos a altas temperaturas, embora alguns piretróides
sejam mais tóxicos a temperaturas baixas. A presença de fungos pode também acelerar a
degradação de inseticidas para compostos não-tóxicos. O tipo de formulação do inseticida
geralmente não afeta a taxa de degradação; entretanto, estas taxas aumentam consideravelmente
quando a umidade dos grãos estão em equilíbrio com uma umidade relativa de 70% ou mais.
CLASSES E FORMULAÇÕES DE INSETICIDAS
As classes de inseticidas de contato usadas nos produtos armazenados inclui pirethrin
sinergizada/piretróides e organofosforados. Os piretróides, além de caros, são extremamente
irritantes para os aplicadores. Os compostos organofosforados são ótimos, com toxidade apropriada
e atividade residual.
As formulações líquidas, usadas como sprays, incluem concentrados emulsionáveis (CE),
que são diluídos em água, e soluções que são dissolvidas em água ou óleo.
Formulações secas usadas como spray incluem pós higroscópicos, que geralmente contêm
50% ou mais de ingredientes ativos e permanecem suspensos em água; e pós solúveis que
dissolvem em água. Pós que têm ingredientes ativos de inseticidas carregam partículas secas, tais
como farinha de trigo, argila inerte, talcos ou pós inorgânicos, ou seja, ácido bórico ou dióxido de
silício.
ATIVIDADE RESIDUAL DOS INSETICIDAS E SUA ABSORÇÃO PELOS PRODUTOS
A atividade residual de muitos inseticidas é acentuadamente diminuída em superfícies como
o concreto, que, em razão da hidrólise, tem ph em torno de 10.5. A madeira tratada e o aço
permanecem efetivos por longos períodos, por causa do ph moderado, em torno de 6.0. Isto é
importante, pois em graneleiros e armazéns, os pisos são geralmente de concreto.
Nas estruturas dos armazéns, geralmente os insetos têm refúgio (fendas etc.) para se
esconderem, mas muitos fatores afetam o comportamento de procura por refúgio. No entanto, todos
os insetos eventualmente morrem, porque eles vagueiam; porém, se for usado um inseticida de
baixa toxicidade ou se ocorrer uma degradação rápida, isto resultará em um controle inacabado.
Os fatores que afetam a absorção do inseticida pelo produto são: tipo de inseticida, tipo de
grão (teor de óleo, tamanho do grão) ou do produto processado e armazenado, idade do armazém,
temperatura e interações. A persistência e translocação do inseticida diminuem de acordo com o
tempo de construção do depósito.
É geralmente recomendado que sementes oleaginosas não sejam armazenadas em estruturas
recentemente tratadas com inseticidas, já que a maioria é lipofílica e rapidamente absorvidas pela
semente, a qual é formada de 45% de óleo (colza, linho, girassol etc.).
FUMIGAÇÃO E ATMOSFERA MODIFICADA.
Somente duas técnicas para eliminar insetos já presentes em produtos naturais ou
processados estão disponíveis: fumigação e atmosfera modificada, que empregam gases que
penetram na massa do produto para matar os insetos presentes.
Fumigantes
No Brasil, os fumigantes são amplamente empregados e são considerados um tipo especial
de pesticida/inseticida.
A fumigação é um processo de eliminação dos insetos pela exposição deles a um gás tóxico
ou a uma mistura de gases. Uma importante propriedade do fumigante é a sua habilidade para
penetrar em materiais tais como filmes de embalagens e mesmo dentro dos produtos. Para combater
os insetos no centro da massa de grãos, o gás tóxico, dada a sua capacidade de difusão, atinge a
praga. A difusão do gás está relacionada diretamente com o seu peso molecular e sua densidade.
Um conceito que tem sido usado para determinar a eficácia da maioria dos fumigantes é a
concentração de produto x tempo de exposição. Este produto é obtido medindo-se a concentração
do fumigante durante a fumigação e multiplicando-se a concentração média pelo tempo de
exposição. Em outras palavras, é a área sobre a curva de concentração versus tempo. Se a
concentração for aumentada, o tempo de exposição pode ser reduzido ou vice-versa. No entanto, o
fator tempo é de fundamental importância, pelo fato de as altas concentrações de fosfina poderem
causar aos insetos uma narcose. Em adição, a fosfina pode não ser absorvida pelo inseto na
proporção direta de sua concentração. A narcose que ocorre em insetos tratados com fosfina tem
sido também registrada para outros fumigantes.
Sob condições práticas, os principais fatores que determinam a concentração do fumigante
depois da aplicação são temperatura, sorção e tempo de exposição do fumigante, umidade relativa,
teor de umidade do produto que está sendo fumigado e vazamento. Em geral, quanto mais quente
for a temperatura do produto, mais rapidamente o fumigante matará os insetos. O teor de umidade
do produto afetará a absorção do fumigante e, no caso da fosfina, afetará a reação que libera o gás
fosfina. Em geral, no que se refere ao sucesso da fumigação, o vazamento é o fator de maior
preocupação.
Em qualquer fumigação é necessário manter o gás fumigante em contato com a praga
durante certo tempo para que ocorra a morte. Se o local estiver mal vedado, o gás escapará e a
fumigação não terá êxito. Isto é verdadeiro quando o envoltório for o próprio local de
armazenamento, saco ou lona impermeabilizada. Outro fator simples, além da segurança, que
também deve ser considerado é a vedação apropriada do envoltório no qual ocorrerá a fumigação.
Mesmo pequenas fendas podem causar falhas, especialmente quando existem mudanças de pressão
entre o interior e exterior do envoltório, em razão do vento ou do sol que podem atingir o
envoltório.
O fumigante mais usado diariamente no controle de insetos dos produtos armazenados é a
fosfina (PH3). O brometo de metila (CH3Br), embora tenha registro para grãos armazenados, é,
atualmente, muito pouco utilizado.
A fosfina é um gás sem cor e insípido, com cheiro de alho ou peixe podre, quando se
apresenta na formulação sólida de fosfeto de alumínio ou fosfeto de magnésio. Outras propriedades
da fosfina são listadas na Tabela 1. Além do baixo peso molecular e baixo ponto de ebulição, a
fosfina é somente 1,2 vez mais pesada que o ar, o que lhe permite misturar ao ar sem o sistema de
recirculação. A maior desvantagem da fosfina é o tempo requerido para eliminar completamente o
foco da população de pragas, que é de 3 a 7 dias.
Propriedades Descrição
Fórmula PH3
Peso Molecular 34.08
Ponto de ebulição - 87.4ºC
Massa especifica (ar=1) 1.214 a 0ºC
Ponto de explosão (muito baixo) 1.79% de volume no ar
Odor Pura → Inodora
Em mistura → Alho ou peixe podre
Solubilidade em água (baixa) 26 cc/100ml a 17ºC
Método de obtenção (para fumigação) Fosfeto de alumíno (AlP) ou Fosfeto de
magnésio (Mg3P2) em reação com a umidade
do ar)
Reação AlP + 3H2O → PH3 ↑ + Al(OH)3
Mg3P2 + 6H2O → 2PH3 ↑ + 3Mg(OH)2
1 mg/L = 0.0718% = 718 ppm
Concentração letal para mamíferos 2.8 mg/L (2800 ppm)
Nome alternativo Fosfeto de hidrogênio
Fonte: WHITE, N.D.G. e LESSCH, J.G. (1996)
A ação da fosfina em algumas espécies-alvos ou em alguns insetos roedores ocorre por
causa da interrupção da respiração destes. Ela atua da mesma forma que o hidrogênio cianidro, com
a inibição da transferência de elétrons de oxigênio para o corpo.
Há muitas vantagens em se usar a fosfina na fumigação. Ela é facilmente aplicada e mistura-
se com o ar para a sua melhor distribuição, penetrando no produto mais rapidamente. Pelo fato de
ser uma molécula pequena, a fosfina difunde-se rapidamente e, conseqüentemente, a aeração do
material fumigado é rápida. Além disso, deixa um resíduo mínimo após fumigação e aeração, não
interfere na germinação, podendo ainda ser usada em sementes armazenadas.
O brometo de metila é um gás pouco colorido e com pouco odor nas concentrações usadas
para fumigação. Em concentrações muito altas, o brometo de metila tem um odor adocicado,
semelhante ao do clorofórmio. O brometo de metila pode ser usado sem nenhum risco de explosão,
pois não é inflamável. Desde a sua descoberta, em 1932, o brometo de metila tem sido utilizado na
fumigação de objetos e de estruturas.
O modo de ação do brometo de metila em ataque de pragas não é bem conhecido. Tem sido
observado que ele age no sistema nervoso central e que os sintomas são freqüentemente retardados.
Com isso, o procedimento correto é esperar no mínimo 24 horas depois da aplicação para se obter
sucesso na fumigação.
A maior vantagem do brometo de metila está na sua alta toxicidade para as pragas, sua
capacidade de penetrar nos materiais em diferentes temperaturas e pressões e não ser inflamável.
Por causa destas propriedades, relativamente curtos períodos de exposição são necessários para se
obter uma fumigação efetiva. Assim, o brometo de metila pode ser usado quando o tempo é um
fator crítico, tal como quando grandes quantidades de materiais devem ser fumigados em pouco
tempo.
As desvantagens do brometo de metila são as seguintes: é um líquido e pode ser volatilizado
no momento da aplicação; é mais pesado que o ar, mas pode ser recirculado depois da aplicação;
tem sido recentemente relatado como um agente depletivo do ozônio; pode deixar resíduos em
alimentos após a aeração; e a fumigação de alguns tipos de materiais pode não ser recomendada,
pois reduz a germinação e, por este motivo, seu uso em sementes pode ser arriscado.
Tem sido recentemente reportado que o brometo de metila pode reagir com o ozônio,
contribuindo assim para a diminuição da camada de ozônio, localizada na parte superior da
atmosfera. O brometo de metila tem sido classificado como um ozônio depressor. O “U.S. Clean
Air Act” (Seção 602) - Ação pelo Ar Puro - assim como o Protocolo de Montreal da Convenção de
Viena de 1992, ordenam a redução da produção de brometo de metila até os níveis obtidos em 1991
e a eliminação de toda a produção e uso, incluindo a fumigação, até o ano 2001.
Atmosfera Modificada
Os humanos têm usado formas de atmosfera modificada (AM) por séculos. O
armazenamento hermético de grãos é uma forma de atmosfera modificada, pela qual o grão por si
só, através da respiração, cria uma atmosfera rica em dióxido de carbono e baixa em oxigênio. Esta
técnica pode ter sido usada pelos egípcios séculos atrás e persiste até hoje na África, onde o
armazenamento hermético é ainda utilizado para estocar grãos em vasos lacrados. Atualmente, a
atmosfera é modificada para se conseguir ambientes com baixa concentração de oxigênio, através
da adição de dióxido de carbono (CO2), nitrogênio (N2) ou pela recirculação de produtos da
combustão. O termo “atmosfera controlada” usualmente refere-se ao processo de mudança da
atmosfera pela introdução artificial de CO2 ou N2. Com a mudança da atmosfera de armazenamento,
é possível criar um ambiente que não seja suportado pelos insetos ou pela microflora de
armazenamento.
Vários tipos de atmosfera modificada têm sido estudados: alta concentração de CO2 e, ou,
N2 com baixo O2, alta concentração de CO2 com redução de O2, queima de gás (alto CO2, baixo O2
mais outros gases) e armazenamento hermético. Os métodos de aplicação normalmente usados são
aqueles que produzem mais facilmente e economicamente a modificação requerida. Em instalações
próximas das reservas do líquido de CO2, pode ser mais vantajoso usá-lo para distribuição na
atmosfera do armazém; no entanto, pode ser mais econômico usar a queima para abaixar o O2 do
armazém quando estiver distante da fonte de CO2.
Há vasta literatura que descreve o uso de atmosfera modificada sobre insetos que infestam
os grãos armazenados. A maioria dos estudos estão concentrados apenas no controle de espécies de
insetos adultos dentro de condições de laboratório. Estes estudos têm mostrado que as espécies de
insetos reagem diferentemente às atmosferas controladas, dependendo do estágio de vida do inseto,
da temperatura e do teor de umidade do grão e da composição da atmosfera modificada.
Atmosferas modificadas têm muitas vantagens, pois eliminam os insetos de produtos
estocados sem poluir a atmosfera e é mais seguro para aplicar que os tradicionais fumigantes, tais
como brometo de metila. Os resíduos, embora não sejam prejudiciais, não permanecem depois do
tratamento do produto com N2 ou CO2 , e os efeitos da atmosfera modificada sobre as qualidades
organolépticas dos produtos são mínimos quando comparados com os fumigantes tradicionais. Com
a nova tecnologia, os sistemas de atmosfera modificada poderão ser produzidos por um custo de
aplicação dentro da mesma variação dos custos de aplicação para os tradicionais fumigantes, tais
como a fosfina.
As desvantagens do uso da atmosfera modificada para controle de insetos são o período de
tempo requerido para obter o controle, bem como os custos de aplicação e de aquisição de
quantidade suficiente para o tratamento local. Em adição, o CO2 não pode ser usado em alguns
produtos, porque pode formar ácido carbônico, o qual causa sabor de deterioração. Atmosferas
modificadas geralmente requerem monitoramento contínuo durante o tratamento, ao passo que
quando o fumigante é aplicado e recirculado por um curto período de tempo, não é necessário um
constante sistema de monitoramento. O monitoramento constante da atmosfera modificada é
exigido por causa dos requerimentos de baixo O2 ou alto CO2 e N2, que devem ser adicionados para
manter as condições dentro da faixa desejada.
CONSIDERAÇÕES SOBRE SEGURANÇA PARA APLICAÇÃO DE FUMIGANTES E
ATMOSFERAS CONTROLADAS
Tratando-se de materiais tão tóxicos como os fumigantes, a adesão às práticas adequadas de
segurança é essencial. O conhecimento sobre a maneira de proteger os trabalhadores durante a
aplicação e o processo de aeração representam apenas um aspecto da questão. A segurança começa
com o planejamento da fumigação e continua na fase de aeração. Um elemento crucial de
segurança é a habilidade em detectar o gás do fumigante. Vários dispositivos são comumente
disponíveis para detectar o brometo de metila, a fosfina e outros fumigantes.
O dispositivo mais usado para detectar especificamente a presença do brometo de metila é o
medidor de condutividade térmica. Várias versões deste dispositivo determinarão com precisão os
níveis de brometo de metila a partir de concentrações muito altas até níveis próximos ao limite
máximo permitido, 5 ppm. Para a fosfina, dois dispositivos podem ser facilmente usados na
determinação de concentrações, visando à segurança e eficácia biológica. O primeiro é um tubo
detector, com um composto que reage com a fosfina à medida que uma amostra de ar passa através
do tubo. Assim que a mistura ar-fosfina passa pelo tubo, a fosfina reage com o produto químico,
causando uma mudança de cor, que avança em direção descendente no tubo em proporção à
concentração de fosfina na mistura original. Os tubos são graduados e a concentração de fosfina
pode ser lida prontamente. Existem tubos disponíveis que podem ser usados para controlar
(monitorar) os fumigantes depois da aplicação, a fim de decidir se a concentração letal de gás foi
mantida, garantindo assim o sucesso da fumigação. Além dos tubos de detecção de gás, outro
dispositivo usado para detectar a fosfina é o cromatógrafo a gás.
Os dispositivos para detectar CO2 e O2 consistem de células de condutividade térmica, tanto
como um dispositivo sozinho quanto como um detector em um cromatógrafo a gás, e de tubos
detectores muito semelhantes àqueles descritos acima para a fosfina. A detecção de N2 é realizada
com um dispositivo de condutividade térmica, geralmente um detector fixado ao cromatógrafo a
gás que separará o ar injetado em seus componentes separados.
TIPOS DE FUMIGAÇÕES
A fumigação de produtos é feita em duas formas gerais. A primeira é a de quarentena, na
qual o produto sendo exportado ou importado deve ser fumigado para assegurar que a praga
associada a ele não seja transportada para uma área onde a praga não exista. Estas fumigações,
consideradas as mais rigorosas, podem ser realizadas no país de origem ou no país importador. No
controle de quarentena o objetivo é matar 100% da população de pragas. Para alcançar este
objetivo, o processo de fumigação é rigidamente controlado. Fumigação de quarentena geralmente
ocorre em câmaras especialmente construídas e planejadas com determinadas proporções para que
as concentrações de fumigantes e a temperatura do produto possam ser medidas através do processo
de aeração e fumigação. Atenção particular é dada na vedação da câmara, para que o fumigante
possa ser conservado a uma concentração que irá matar os insetos na temperatura do produto. O
processo de aeração é também monitorado de perto, determinando o tempo após o qual o operador
poderá, seguramente, entrar na câmara para remover o produto tratado.
Um outro tipo de fumigação realizada em produtos é o de controle, que é usado para matar
pragas as quais podem danificar a carga, diminuindo assim sua vida de armazenagem. As
fumigações de controle são conduzidas em uma variedade de produtos a granel ou embalados
(natural ou processados).
No momento em que a fumigação ou o tratamento com atmosfera modificada for planejado,
é extremamente importante formular um plano para realização da operação, por exemplo: preparar a
carga para o tratamento, o qual inclui adequado selamento para fechamento; conduzir a fumigação
ou o tratamento com atmosfera modificada e, se possível, medir a concentração de gases; e aerar o
produto no final do processo.
Resistência aos Fumigantes
Embora o brometo de metila vem sendo usado por, aproximadamente, 60 anos, pouca ou
nenhuma resistência foi desenvolvida para esse fumigante. Em 1976, a FAO e a Inspeção Global de
Susceptibilidade a Pesticidas demonstraram que somente 4,7% das famílias testadas mostraram
resistência ao brometo de metila, das quais 9,7% apresentaram resistência à fosfina. Quando a
eliminação do brometo de metila vir a ser uma realidade, a dependência da fosfina deverá
certamente crescer. Técnicas de aplicação deverão ser desenvolvidas, para evitar rigorosos
problemas de resistência. Resistência à fosfina já tem sido demonstrada em várias espécies de
pragas de produtos armazenados. A primeira resistência séria à fosfina foi observada na Índia. Logo
depois, foi relatada em Bangladesh. Em muitas pesquisas que se seguiram, visando encontrar uma
provável causa para a resistência, foi concluído que esta resistência ocorreu em razão das repetidas
fumigações e técnicas ineficientes de fumigação. Pesquisas para identificar novos fumigantes e
novos métodos e técnica de desinfestação são de grande importância para proteger os produtos
armazenados até chegar ao consumidor. Atmosfera modificada certamente poderá ser uma solução
parcial para reduzir o número de fumigantes disponíveis, mas, para tal propósito, pesquisa necessita
ser desenvolvida.
Embora não tem sido relatada resistência para atmosfera modificada, tem sido observado
que, em laboratório, a família do besouro-da-farinha Tribolium castaneum (Herbst) pode ser menos
sensível à redução da concentração de oxigênio e ao aumento da concentração do dióxido de
carbono.
Novos métodos de aplicação e de distribuição do fumigante fosfina têm sido descritos. Por
exemplo, a distribuição de fosfina na massa de grãos pode ser melhorada se a formulação de fosfina
for aplicada com uma pequena quantidade de CO2. O uso desta técnica permitirá uma rápida
penetração da fosfina em uma grande massa de grãos sem precisar instalar equipamentos de
recirculação dentro do armazém.
Com relação ao meio ambiente, as pessoas estão preocupadas com os efeitos dos fumigantes
na atmosfera. Com a descoberta do brometo de metila na estratosfera e de sua classificação como
um dos destruidores da camada de ozônio, atualmente tem-se lutado pela sua eliminação. Mais
pesquisas são necessárias para se detectar a quantidade e, principalmente, para verificar que
quantidade de brometo de metila artificial contribui para a degradação da camada de ozônio na
estratosfera.
Atmosferas modificadas não estão na mesma posição dos fumigantes em relação aos danos
causados no ambiente, uma vez que elas são vistas como compostos que ocorrem naturalmente,
provavelmente escapando de um intenso estudo, como ocorre para os fumigantes. Entretanto, é
válido pensar que estes compostos podem ser perigosos para aplicar como fumigantes. Ambos,
dióxido de carbono e nitrogênio são capazes de matar humanos. O primeiro é tóxico e tem valor
limite tolerável de 5% no ar. Por outro lado, o segundo, embora apresente um nível natural de 78%,
pode fazer com que a pessoa simplesmente adormeça, por causa da redução de oxigênio.
Novas pesquisas sobre fumigantes e atmosferas modificadas deverão ser diretamente
incorporadas em programas de técnicas de manejo integrado de pragas (MIP) para armazenamento
e proteção de produtos de todos os tipos.
O manejo de grãos armazenados é uma tarefa complexa e os inseticidas são apenas uma das
ferramentas disponíveis para minimizar o dano em grãos e evitar perdas econômicas causadas por
insetos. Os produtos químicos devem ser usados em conjunto com outras práticas de armazenagem
num sistema de manejo integrado de pragas. Os produtos químicos escolhidos serão baseados no
pequeno número de produtos registrados, custos, efetividade contra os insetos-praga presentes,
resistência do inseticida, condições ambientais, formulação desejada e duração da atividade residual
requerida.
6. CONTROLE BIOLÓGICO
Patógenos de Insetos
A aplicação de agentes microbianos para o controle biológico de pragas de produtos armazenados é semelhante
à de produtos químicos. Entretanto, há muitos meios de utilização destes agentes para redução populacional de pragas e
diminuição de danos. O uso mais comum é similar ao empregado em pesticidas (protetores), onde obtém-se controle
imediato ou a longo prazo. Bacillus thuringiensis e vírus têm sido utilizados desta forma. A introdução de tipos
inoculativos também deve feita pela inoculação direta ou pela contaminação de indivíduos da mesma espécie.
Dentre as vantagens do uso de agentes microbianos para o controle de pragas de produtos armazenados
incluem: segurança para os organismos não-alvo, proteção a longo prazo, a não resistência, armazenamento por
períodos extensos. Entretanto, efeitos indiretos devem ocorrer, pois todos os organismos estão competindo pelo mesmo
hospedeiro.
Embora existam muitas vantagens no uso de agentes microbianos, há também algumas limitações para o seu
uso. Sua ação é geralmente menor que os produtos químicos; no entanto, indivíduos infetados consomem pouco
alimento, restringindo o seu dano. O desenvolvimento pode ser retardado ou completamente prolongado. A alta
especificidade de alguns destes organismos, particularmente vírus e bactérias, pode não controlar todo o complexo de
espécies. Para solucionar este problema, um patógeno deve ser desenvolvido para cada espécie no complexo, ou o
patógeno deve ser capaz de infectar várias espécies.
Bactérias: muitas bactérias têm sido isoladas de insetos de produtos armazenados, primariamente de
Lepidópteros. A maioria dos estudos destes organismos é com Bacillus thuringiensis (Bt). Bactérias como as Bt são
patógenos facultativos que geralmente causam morte pelas proteínas inseticidas (toxinas) ou pela invasão da hemocele,
causando a septicemia. Estas infecções geralmente provocam rápida mortalidade. Ambos os modos de ação podem estar
presentes no mesmo organismo. Em geral, estes podem ser facilmente produzidos em larga escala através de
procedimentos de fermentação.
A bactéria Bacillus thuringiensis está registrada para o uso em grãos nos Estados Unidos. Muitos trabalhos
demonstram altos níveis de susceptibilidade em Plodia interpunctella e larvas de Cadra cautella. Estes estudos
também revelaram a estabilidade relativa ao aquecimento de Bt quando aplicada aos grãos, e os autores acreditam que
Bt e um vírus da granulose podem ser aplicados como protetores de grãos armazenados, a longo prazo.
Vírus: muitas viroses têm sido isoladas de insetos de produtos armazenados, dentre as quais incluem-se vírus
da poliedrose nuclear, vírus da granulose, vírus da poliedrose citoplasmática etc. Diversos vírus isolados são obtidos de
Lepidópteros, alguns de Coleópteros. Os melhores candidatos para agentes de controle neste caso referem-se ao vírus da
poliedrose nuclear e ao da poliedrose citoplasmática, em razão de sua alta virulência, do tipo de infecção e da
estabilidade. Os vírus são parasitos intracelulares restritos e dependem das células hospedeiras para a reprodução. A
rota normal de infecção ocorre pela ingestão, embora alguns possam ser transmitidos sobre ou dentro do ovo
(transovariano). Em virtude de seus requerimentos, os vírus somente podem ser produzidos em hospedeiros vivos ou “in
vitro” em linhagens celulares de insetos.
Fungos: os fungos geralmente são patógenos facultativos de insetos. Entretanto, alguns são complicados de se
criar em meios de cultura, dificultando sua produção em massa. Estes organismos penetram no corpo dos insetos via
cutícula e alguns, via espiráculos. Geralmente o proliferação de fungos é muito dependente das condições ambientais,
particularmente quanto à germinação do estágio infectante. Assim como as bactérias, as infecções por fungos são
também muito severas. Embora alguns fungos sejam fáceis de se obter através de culturas, eles podem ter seu potencial
de multiplicação reduzido depois da produção em meio artificial, a longo prazo. Uma vez ocorrida a infecção, os fungos
atingem a hemocele e iniciam a reprodução, contaminando os insetos e, posteriormente, levando-os à morte.
Dentre os fungos mais estudados, encontra-se Beauveria bassiana, um patógeno de muitas pragas agrícolas.
Em razão de sua dependência de condições de umidade altas e da falta de conhecimento dos fatores que afetam a
virulência destes patógenos, eles não têm sido utilizados como agentes de controle microbiano de pragas de produtos
armazenados. Estes organismos podem produzir toxinas nocivas aos homens e animais.
Recentemente, investigações preliminares têm sido feitas com fungos entomopatogênicos. Pesquisadores
demonstraram a susceptibilidade de Acanthoscelides obtectus (Say) a diversos fungos, incluindo Beauveria bassiana,
Beauveria tenella, Metharhizium anisopliae, e Paecilomyces fumosa-roseus. Entretanto, o potencial destes organismos
como agentes de controle microbiano não foi descrito.
Protozoários: os protozoários são um grupo de patógenos mais estudado para pragas de produtos armazenados.
Muitas espécies de insetos são regulados por eles, em maior ou menor extensão, em condições ambientais. Estes
organismos são dependentes de insetos vivos ou células para se reproduzirem. São transmitidos oralmente, porém, em
muitos casos, podem ser transmitidos pelo ovo ou entre machos e fêmeas em condições naturais.
Embora muitos destes organismos estejam sendo extensivamente estudados, poucos apresentam potencial
como agente de controle biológico. Isto ocorre em razão de sua ação lenta e das infeções crônicas. Por serem parasitas
restritos, os protozoários também requerem hospedeiros vivos para a reprodução. Poucos conseguem se reproduzir em
linhagens celulares de insetos.
A maioria dos protozoários têm sido isolados a partir de pragas de produtos armazenados. Brooks, citado por
BROWER et al. (1996), discutiu a importância das infecções por protozoários na regulação das populações de insetos.
Diferente dos vírus e das bactérias, muitos protozoários têm sido isolados de Coleópteros. Ao contrário da alta
virulência causada por algumas bactérias e viroses, as infecções por protozoários são súbitas e crônicas. Os sintomas e
efeitos patológicos também podem variar consideravelmente.
Além de causar mortalidade durante os vários estágios de infecção nos insetos, a infecção por protozoários
pode aumentar o tempo de desenvolvimento, reduzir a sobrevivência dos estágios adultos, aumentar a deformação nos
adultos e interferir na reprodução. As respostas a vários fatores ambientais naturais ou artificiais podem ser
influenciadas por estes organismos.
Embora haja muitas pesquisas básicas sobre infecções de insetos por protozoários, poucos estudos práticos
utilizam estes organismos como agentes de controle microbiano. Dentre os poucos estudos conduzidos, alguns se
referem a infecções em Coleópteros por protozoários em combinação a outros métodos de controle.
Um dos melhores exemplos do uso de protozoários para controle de pragas de produtos armazenados foram
conduzidos por Schwalbe et al. e Burkholder e Boush, citados por BROWER et al. (1996). Inicialmente eles mostraram
que Mattesia trogodermae pode causar altos níveis de infecção em T. sternale, T. simplex, T. glabrum e T. inclusum.
Trogoderma grassmani e T. variabile não são infectadas nestas condições. Eles encontraram que em média uma larva
infectada/50 g reduz, em média, a produção de adultos à 25%, enquanto 25-50 larvas infectadas/50g causam 100% de
infecção de larvas e completa supressão de produção de adultos. A alta mortalidade larval, em combinação com a
transmissão horizontal e vertical, e a alimentação por insetos mortos e o canibalismo com a habilidade dos adultos de
transmitir esporos a outros insetos, levou os pesquisadores a desenvolver técnicas de autoinoculação para a distribuição
do patógeno.
Rickettsia: somente alguns exemplares destes organismos têm sido isolados a partir de insetos de grãos
armazenados. São também parasitas intracelulares do tubo intestinal dos artrópodes (piolho, pulga etc.), e certas
espécies tendem a parasitar vertebrados, inclusive o homem. Suas dimensões estão próximas ao limite de visibilidade
do microscópio. Dependem de células dos hospedeiros vivos para a reprodução. As infecções causadas por estes
agentes são geralmente crônicas, embora possam produzir impacto significativo na população de insetos. Estes
organismos não têm sido explorados em programas de controle biológico.
Parasitas e Predadores
O controle biológico no armazenamento é um processo de grandes vantagens. A liberação de agentes de
controle biológico dentro de estruturas armazenadoras, eles são protegidos das variações do tempo. Agentes biológicos
não levam resíduos químicos nocivos para o local de armazenagem e a maioria é inofensiva ao homem. Uma vantagem
adicional, a longo prazo, é que as pragas de produtos armazenados (hospedeiros) não desenvolvem resistência aos seus
parasitas e predadores. Os agentes de controle biológico para pragas de produtos armazenados geralmente são muito
pequenos, possuem ciclo de vida curto e alto potencial reprodutivo. Eles freqüentemente apresentam padrões de
densidade dependentes em relação à abundância da praga.
Os parasitas de pragas de armazenamento também apresentam limitações para seu uso geral. Por exemplo,
possuem alta especificidade pelo hospedeiro e, nestes locais, pode haver várias espécies formando um complexo de
pragas. Os predadores tendem a atacar uma faixa mais ampla de presas e, provavelmente, devem ser usados em
conjunto com os parasitas liberados. Atualmente, algumas técnicas de controle biológico tornam-se mais dispendiosas
que o controle químico convencional, mas este quadro, em razão do avanço das técnicas de criação em massa e do
desenvolvimento de dietas artificiais, tende a ser invertido. O uso efetivo destes agentes requer freqüente liberação ou
introdução. Uma desvantagem que deve ser considerada é uma possível contaminação dos produtos por fragmentos de
insetos de um grande número de parasitos e predadores.
PARASITAS DE INSETOS
Nematóides: muitos nematóides parasitas são prejudiciais a plantas, animais e humanos, mas um pequeno e
significativo número destes são parasitas de insetos e podem ser considerados de importância pelo seu potencial como
agente no controle biológico de insetos-praga. Infelizmente, os nematóides têm mostrado pequeno potencial no controle
de pragas de grãos armazenados, pelo fato de requererem geralmente umidade, caso contrário não infetam seu
hospedeiro.
A mais promissora aplicação de nematóides é quando se utiliza na redução de infestações provenientes do
campo, antes que os produtos sejam estocados. Um bom exemplo é o controle de Amyelois transitella em pomares por
aplicação do nematóide, Neoaplectana carpocapse Weiser em uma solução-spray nas rachaduras das árvores. O
potencial de aplicação de nematóides para pragas de grãos armazenados ainda carece de considerações.
Hymenoptera: muitos parasitóides que atacam insetos-praga de produtos armazenados são da ordem
Hymenoptera. Eles podem atacar ovo, larva ou pupa, dependendo das características ecológicas de seus hospedeiros. As
pragas de grãos armazenados apresentam algumas características, principalmente com relação ao hábito alimentar. As
pragas que se alimentam do conteúdo interno dos grãos de cereais e leguminosas são Sitophilus sp., Rhyzopertha
dominica (F.), Prostephanus truncatus, Sitotroga cerealella, Callosobruchus sp., Zabrotes subfasciatus (Boheman), e
Caryedon serratus (Olivier), das quais as larvas se desenvolvem no interior dos grãos ou das sementes. Estas espécies
são atacadas por uma gama de parasitóides, que são capazes de se arrastar pelo grão, detectar a semente infestada, picar
o hospedeiro imaturo e ovipositar. Depois de eclodir, a larva consome esse hospedeiro e emerge como um adulto.
Parasitóides que atacam larvas e pupa desses hospedeiros escondidos são capazes de parasitar mais de uma espécie.
Dentre os parasitóides estão os pteromalides: Anisopteromalus calandrae (Howard), Lariophagus distinguendus,
Pteromalus (Habrocytus) cerealellae (Ashmead), e Theocolax (Choetospila) elegans (Westwood).
Outra variedade de parasitóides hymenopteros que ataca estágios imaturos das pragas alimenta da parte externa
dos grãos. Os ovos expostos de muitas espécies de praga podem ser parasitados por pequenos parasitóides,
particularmente pelas espécies de Trichogramma, que geralmente capazes de atacar grande número de hospedeiros em
laboratório. Por outro lado, na natureza elas tendem ser específicas em hábitat, atacando hospedeiros suscetíveis.
Trichogramma pretiosum e T. evanescens Westwood atacam ovos de Lepidóptera, por exemplo, Cadra cautella, C.
figulilella, Ephestia elutella e Plodia interpunctella.
Muitas larvas de mariposas pyralides (Ephestia kuehiella, Cadra cautella, Ephestia elutella, Plodia
interpunctella) são parasitadas por Habrobracon (Bracon) hebetor. Os parasitóides aparentemente preferem atacar
larvas em estado avançado de desenvolvimento.
Parasitóides e predadores podem ser usados para diminuir a infestação de produtos ensacados, pelo fato de
reduzirem as populações de pragas.
PREDADORES DE INSETOS
Uma grande variedade de predadores ataca pragas de produtos armazenados, mas muitos deles não têm papel
significativo no equilíbrio das populações das presas. Muitos desses predadores são provavelmente visitantes ocasionais
em situações de armazenamento, pois as condições ideais para o seu desenvolvimento são raras.
Muitos dos predadores dos insetos de grãos armazenados são da ordem Hemiptera. O mais estudado dos
predadores hemipteras é Xylocoris flavipes (Anthocoridae), o percevejo-pirata-de-armazém, que é geralmente
encontrado em armazém de amendoim, silos de grãos e outras estruturas de armazenamento. Diversas outras espécies
de percevejos predadores parecem ter um grande potencial para suprimir populações de pragas se as condições são
favoráveis.
Inúmeros besouros (Coleópteros) são também conhecidos como predadores facultativos de pragas de produtos
armazenados, mas muitos deles podem ser pragas na ausência das presas. Poucas espécies, no entanto, parecem ser
predadores obrigatórios, por exemplo alguns Histeridae e Cleridae. Diversas espécies de pequenos histerídeos são
comumente encontradas associadas com situações de armazenamento, onde são provavelmente predadores de pragas,
mas, excepcionalmente, eles não têm sido estudados como predadores. A exceção é a espécie Teretriosoma nigrescens,
considerada predadora do maior broqueador dos grãos, Prostephanus truncatus.
Os ácaros são muitas vezes associados aos produtos armazenados e a maioria das espécies são consideradas
pragas. Contudo, alguns pesquisadores do ecossistema de grãos armazenados encontraram uma comunidade de ácaros
que agem como predadores. Muitas destas espécies primeiramente interagem, cada qual com sua presa e com o
ambiente ao seu redor, mas alguns deles atuam como predadores (ectoparasitas) dos insetos presentes.
No momento, as pesquisas relacionadas com ácaros como agentes de controle biológico de pragas de grãos
armazenados estão concentradas na espécie Pyemotes tritici. É do conhecimento dos estudiosos de pragas de grãos
armazenados que a infestação de P. tritici no armazenamento é grande e pode ser usada como um parasita em potencial,
atuando como agente de controle biológico para pragas de armazenamento. P. tritici foi registrado atacando todos os
estágios larvais de P. interpunctella, C. cautella, O. mercator e L. serricorne e todos os estágios, exceto os adultos, de
T. castaneum. Ataques a outras pragas de grãos também são conhecidos, por exemplo, Sitotroga cerealella.
Infelizmente o seu uso como agente de controle biológico comercial pode ser limitado, porque também atacam o
homem.
Recentemente, Faroni (1992) encontrou, pela primeira vez, o ácaro Acarophenax lacunatus (Cross e Krantz)
(Prostigmata: Acarophenacidae), parasitando populações de Rhyzopertha dominica (F.), uma das principais pragas de
grãos armazenados. O ácaro A. lacunatus foi encontrado primeiramente junto a uma criação de Cryptolestes ferrugineus
(Stephens) por Cross e Krantz, em 1964, quando o identificaram e o descreveram como sendo da subordem prostigmata
e da família Pyemotidae. Logo depois, em 1965, Cross reclassificou todos os indivíduos do gênero Acarophenax,
introduzindo-os em uma nova família: Acarophenacidae (Magoswski 1994). Os ácaros desta família apresentam uma
característica bastante peculiar no seu processo reprodutivo, em relação aos demais representantes da classe Acari, que
é o processo chamado de fisiogastria. O processo de fisiogastria caracteriza-se pelo desenvolvimento da progênie no
interior da fêmea, semelhante ao processo de ovoviviparidade observado em alguns répteis e, até mesmo, em alguns
ácaros da família Phytoseiidae.
A introdução do ácaro Acarophenax lacunatus como agente de controle biológico de Rhyzopertha dominica
ocorreu somente depois de um estudo completo de sua eficácia como inimigo natural no controle das populações de sua
presa; este estudo foi realizado por Faroni e Matioli desde 1993 até o final de 1996. Os autores encontraram que A.
lacunatus é bastante eficiente no controle das populações de R. dominica, causando reduções de até 94% das
populações do inseto adulto, e 99% dos ovos e larvas, num período de 45 dias.
Os ácaros também parecem ter um grande potencial para controlar outras espécies de ácaros que são pragas de
armazenamento. Muitas pesquisas sobre o uso de ácaros predadores têm sido conduzidas e o trabalho tem sido
direcionado principalmente no que se refere à aplicação em grãos armazenados ensacados. Um destes ácaros predadores
usados é Cheyletus eruditus (Schrank), membro da larga família de ácaros predadores (Cheylelidae).
Um programa de controle biológico para pragas de produtos armazenados requer cuidadoso planejamento. Não
é simplesmente uma matéria viva de parasitóides e predadores selecionados de uma lista. Muitos dos inimigos naturais
são hospedeiros específicos, podendo-se determinar qual a espécie de praga está causando o problema.
Controle biológico é mais efetivo quando há uma relação de parasita para cada hospedeiro, como 1:2. Cada
parasita pode atacar inúmeros hospedeiros por dia. Por exemplo, Cephalonomia waetrstoni pode parasitar acima de 14
Cryptolestes ferrugineus ao dia, e oviposita de dois a três ovos por dia.
A integração do controle biológico com outro método de controle é muito importante. Alguns métodos são
compatíveis, outros não. Um exemplo de um perfeito método de controle compatível é o uso de parasitóides mais
aeração do trigo. Nesse sistema, os parasitóides são liberados nos grãos cerca de três semanas depois do
armazenamento. Os parasitóides inibem as populações de insetos antes que excedam os níveis de danos econômicos
durante os meses de verão, até que a aeração possa ser usada para resfriar o grão.
Os inseticidas têm sido tradicionalmente incompatíveis com a aplicação de controle biológico; algumas vezes
eles afetam os parasitóides e predadores mais severamente que a praga-alvo. Por exemplo, organofosforados, piretróides
e carbamatos foram mais tóxicos para Anisopteromalus calandrae que para Callosobruchus maculatus. Uma forma de
reduzir a incompatibilidade de inseticidas com o controle biológico é usar formulações de alta “seletividade”, a qual é
mais tóxica para pragas que para os agentes de controle biológico. Por exemplo, permetrina teve menor impacto na
sobrevivência do adulto e fecundidade de Habrobracon hebetor que piretrina ou butóxido de piperonila.
Inseticidas microbianos como Bacillus thuringiensis (Bt) são algumas vezes mais seletivos que componentes
sintéticos; no entanto, eles podem adversamente afetar parasitóides e predadores. Por exemplo, Bt infectando larva de
P. interpunctella reduziu a oviposição e longevidade de H. hebetor e diminuiu a velocidade de ataque e fecundidade de
X. flavipes. Entretanto, se inimigos naturais atacam preferencialmente hospedeiros que recebem baixas doses ou que são
menos suscetíveis para inseticidas ou patógenos, a compatibilidade pode ser melhorada.
O controle biológico promete ser um componente importante de estratégias do manejo integrado de praga, em
muitos tipos de unidades armazenadoras. É importante entender que controle biológico pode apenas ser usado como
uma profilaxia, e não estratégia de remediação, e pode ser mais efetivo quando integrado com outras estratégias como
sanitização, fumigação, aeração e empacotamento.
O tipo de produto, o meio ambiente e as condições de armazenamento podem afetar decisões sobre quando e
como muitos agentes de controle biológico podem agir. A qualidade dos próprios agentes de controle é um assunto sério
porque sua eficácia pode ser afetada pelas condições durante produção, genética, criação, armazenamento, preço e
condições de manuseio.
Nos Estados Unidos, os agentes de controle biológico já estão legalizados para uso em muitas situações de
armazenamento de alimentos. Bt é utilizado comercialmente e pelo menos um insetário comercial é abastecido de
poucas espécies de parasitóides e predadores apropriados para produtos armazenados. No entanto, para ser realizado é
preciso que haja um sistema de regulamentação de parasitóides ou predadores, estabelecendo eficácia, segurança e
forma de aplicação, como existe para inseticidas químicos ou biológicos.
Os inseticidas registrados para o controle de insetos em produtos armazenados variam de um país para o outro.
Também o tipo e número de inseticidas registrados dentro de um país vão depender em muito da necessidade e existência
de regulamentações. Por exemplo, piretróides, tal como a Deltamethrin, não são registrados para uso em grãos
armazenados nos EUA, mas este produto é recomendado na Austrália, para trigo armazenado. Os inseticidas são muito
utilizados para manejo de insetos de produtos armazenados porque seu uso é simples e efetivo. O uso excessivo dos
inseticidas tem resultado na diminuição da eficiência destes produtos para o controle efetivo dos insetos no
armazenamento. Há várias razões para que isso aconteça. O fracasso pode ocorrer se o inseticida é aplicado em doses
menores das indicadas, resultando numa exposição dos insetos em níveis subletais. Geralmente este problema pode ser
corrigido pela correta calibração dos equipamentos de aplicação e pela velocidade do fluxo de grãos durante a aplicação
dos protetores. No caso dos fumigantes a vedação apropriada é importante para manter o nível letal da concentração do
gás. A aplicação desigual dos inseticidas nos produtos armazenados, depois do aparecimento de uma pesada infestação,
pode permitir que alguns insetos escapem do tratamento. A razão mais importante para o possível fracasso do inseticida é
o surgimento de resistência na população de insetos.
I. RESISTÊNCIA
É a habilidade dos indivíduos de uma espécie resistirem a doses de substâncias tóxicas, que deveriam ser letais
para a maioria dos indivíduos em uma população normal. Em uma população de insetos, muito poucos indivíduos
possuem os genes para a resistência. Em outras palavras, a maioria dos insetos são suscetíveis. Quando um inseticida é
aplicado em uma grande porção dos indivíduos suscetíveis (95% ou mais), essa população morre e os resistentes
sobrevivem. Os que resistem podem se multiplicar com outros resistentes ou com indivíduos suscetíveis que imigraram
para a área tratada. Como resultado, os indivíduos descendentes podem ter somente genes resistentes, genes suscetíveis
ou uma combinação de ambos. Se a resistência é governada por um só gene, então indivíduos com os genes resistentes
podem ser conhecidos pelo genótipo RR (homozigoto resistente), genes susceptíveis pelo genótipo SS (homozigoto
susceptível) e ambos os genes pelo genótipo RS (heterozigoto resistente). A proporção relativa dos genótipos RR, RS, SS
na população depende da pressão de seleção exercida pelo inseticida e da freqüência de acasalamento entre os genótipos.
Sem uma análise genética ou sem os marcadores genéticos que confiram uma diferença na cor do corpo para os genótipos
RR ou RS seria difícil diferenciá-los. Portanto, se uma dose mata 80% dos genótipos SS, os 20% restantes são ditos
fenotipicamente resistentes, embora não se saiba se os sobreviventes contêm os genótipos RS ou RR. O repetido uso de
inseticidas elimina os suscetíveis (SS) e, gradualmente, a maioria dos insetos da população será constituída de RS e RR.
Neste estágio, o fracasso do controle torna-se aparente. Aumentando-se a dose do inseticida, indivíduos com o genótipo
RS poderão ser eliminados e a população de insetos sobreviventes será constituída do genótipo RR.
O número de gerações requeridas para desenvolver resistência varia de acordo com a pressão de seleção do
inseticida, com a constituição genética do inseto, espécie, com o estágio e o meio. Por exemplo, em Anthrenus flavipes
Casey, uma resistência de 70 vezes à permethrin ocorreu depois de 22 gerações de seleção em laboratório.
Pesquisadores desenvolveram um programa de computador para demonstrar como a resistência aos inseticidas
desenvolve-se nos insetos. Durante a evolução da resistência (de SS para RS e RR), pode haver um custo metabólico ou
reprodutivo para o inseto. Por exemplo, a fêmea resistente pode não ovipositar tantos ovos quanto a suscetível, ou os
insetos resistentes podem ter o período de ovo a adulto mais longo que os insetos suscetíveis, sob condições similares do
meio.
Em uma população de insetos a resistência pode ser documentada com base em vários critérios quantitativos,
especialmente em situações em que tratamentos com inseticida são repetidamente aplicados para o controle de insetos. A
resistência é suspeita se altas doses são requeridas para alcançar uma mortalidade constante de insetos; se há significativo
decréscimo na susceptibilidade dos insetos para uma quantidade fixa do inseticida; se é necessário maior período para
obter uma mortalidade fixa de insetos; e se a mortalidade das populações da espécie no campo freqüentemente expostas
aos inseticidas for significativamente menor que a das mesmas espécies com pouca ou nenhuma exposição ao inseticida.
Testes bioquímicos rápidos têm sido desenvolvidos para detectar enzimas degradadoras de inseticidas
específicos em insetos individuais (mosquitos). No entanto, estas técnicas não têm sido desenvolvidas para detectar
resistência em insetos de produtos armazenados. Uma avaliação prática para a resistência poderia ser baseada no grau de
expectativa do controle no campo e não somente na avaliação de laboratório da dose requerida para matar uma certa
porcentagem da população.
Há vários mecanismos pelos quais os insetos resistentes são capazes de se desintoxicar dos inseticidas. Os
inseticidas, especialmente os organofosforados, são desintoxicados pela ação de enzimas, tais como as oxidases de função
mista, hidrolases e transferases. As oxidases de função mista também degradam carbamatos e piretróides. Em adição,
mecanismos como penetração reduzida e transporte do inseticida para o sítio-alvo (sistema nervoso), insensibilidade do
sítio de ação e aumento da excreção também conferem resistência. Ao lado de mecanismos bioquímicos e fisiológicos, os
aspectos comportamentais também podem selecionar insetos para a resistência. A resistência comportamental ocorre se os
insetos são repelidos pelo inseticida. Para que a resistência comportamental ocorra, os insetos devem entrar em contato
com o inseticida ou um substrato tratado com o inseticida. A repelência ocorre se os insetos são capazes de detectar as
moléculas do inseticida no ar antes que realmente entrem em contato com o substrato tratado, favorecendo assim a
seleção dos insetos, os quais são capazes de detectar a substância tóxica e evitá-la. A evacuação comportamental,
independente de estímulo ou resistência, ocorre se os insetos naturalmente evitam áreas tratadas com inseticidas. Em
resistência comportamental independente do estímulo, os insetos aumentam sua chance de movimentação para áreas
livres de inseticidas. Neste tipo de resistência a evacuação pelo inseto não acontece por causa do efeito irritante ou
repelente do inseticida. É importante observar que insetos com resistência comportamental são susceptíveis aos
inseticidas, mas têm alterado seu comportamento para evitar áreas tratadas com inseticidas. Se a resistência
comportamental depende do primeiro contato do inseto com o inseticida, então a resistência fisiológica poderá aumentar
ainda mais a sua chance de sobrevivência que a resistência comportamental. A taxa de resistência desenvolvida nos
insetos pode ser determinada pela relação entre a resistência comportamental e fisiológica. Se as duas respostas estão
negativamente correlacionadas (aumento em uma resistência resulta decréscimo na outra), então insetos altamente
resistentes por comportamento tendem a ser extremamente susceptíveis e vice-versa. Em outras palavras, sobreviventes
por resistência comportamental aumentarão a freqüência de genótipos SS na população. A presença e manutenção de
genótipos SS na população são importantes para o manejo da resistência.
A extensão do problema da resistência em insetos de produtos armazenados pode ser medida pelo número de
critérios, incluindo número de espécies resistentes, distribuição geográfica, número de inseticidas e fumigantes para os
quais se tenha desenvolvido resistência, número de diferentes tipos de armazenagem e facilidades de processamento, o
nível dessa resistência e a dimensão com que cresce. As diversas características dos ecossistemas de produtos
armazenados contribuem para o lento desenvolvimento da resistência em linhagens de campo. A aplicação de inseticidas
raramente cobrem todas as áreas do armazém, o que possibilita a sobrevivência dos indivíduos susceptíveis nas áreas não
tratadas. Uma alta rotatividade de produtos nos armazéns facilita a introdução de insetos susceptíveis. Finalmente, a
fumigação, que é muito utilizada como medida de controle, pode eliminar insetos resistentes e susceptíveis aos protetores
de grãos.
Existem relatos oriundos de vários países sobre a resistência de vários insetos aos protetores de grão do grupo
dos organofosforados e fumigantes. Uma breve discussão sobre o problema da magnitude da resistência e a resistência
cruzada (ocorre quando um simples mecanismo de defesa confere resistência contra inseticidas) de insetos de produtos
armazenados a inseticidas será apresentada, incluindo notas dos que afetam a resistência, aptidão à resistência individual e
a herança da resistência.
Adultos de cinco espécies, obtidos de 18 países tropicais, foram testados quanto à resistência à fosfina, usando-se
o método de diagnóstico de dose da FAO. Os insetos sobreviventes à dose-diagnóstico foram testados com alta dose de
fosfina e longo tempo de exposição. Aumentos na dose e duração do tempo de exposição são importantes porque algumas
espécies de insetos são capazes de regular a quantidade de fosfina, elevando o estado de depressão metabólica usualmente
descrito como narcose. Os pesquisadores encontraram que os estágios (larva e pupa) e adultos de linhagens susceptíveis
de T. castaneum absorveram muito mais inseticida em relação às resistentes em condições aeróbicas. Mecanismos
similares foram observados em R. dominica, C. ferrugineus e O. surinamensis.
No Brasil, Mello (1970) cita resistência de S. oryzae ao DDT, lindane e malathion, e Pacheco et al. (1991)
observaram resistência a organofosforados em S. oryzae, T. castaneum e R. dominica. Nestas três espécies, Sartori et al.
(1991) documentaram resistência à fosfina. Resistência ao DDT e piretróides foi detectada em seis raças de S. zeamais,
coletados em quatro estados do Brasil (GUEDES, 1993). Pacheco et al. (1991), usando o método de dose diagnóstico,
avaliaram resistência a malathion, pirimifós-methyl e fenitrothion em S. oryzae, S. zeamais, R. dominica e T.
castaneum. As linhagens dos insetos avaliadas eram originadas de áreas de armazenamento de grãos, e foram coletadas
entre 1986 e 1989. Resistência ao malathion foi generalizada em S. oryzae, R. dominica, e T. castaneum. Sitophilus
zeamais foi susceptível a todos os três organofosforados. Em poucas linhagens de S. oryzae, R. dominica e T. castaneum
foram encontradas resistência ao pirimifós-methyl e fenitrothion. A resistência de R. dominica ao malathion foi
predominantemente do tipo específica, e em T. castaneum foi do tipo não-específica. Algumas linhagens de T.
castaneum resistentes ao pirimifós-methyl foram também resistentes ao fenitrothion.
À proporção que os insetos vão desenvolvendo resistência a um determinado inseticida, tornando-o ineficiente,
novos produtos deveriam ser utilizados. O uso de novos inseticidas pode oferecer excelente controle inicial dos insetos,
mas, com o tempo, certas espécies são capazes de desenvolver resistência aos novos produtos, fazendo-os ineficientes.
Os piretróides são estáveis nos grãos e, freqüentemente, protegem por longo período e em baixas doses (menos que 2
ppm). Entretanto, os insetos podem desenvolver alto nível de resistência aos piretróides. Quanto ao uso de atmosfera
modificada no manejo de pragas de grãos armazenados, verificou-se que T. castaneum pode desenvolver baixo nível de
resistência a baixas concentrações de O2 e altas concentrações de CO2. S. granarius desenvolveu resistência tripla ao
CO2 depois de sete gerações de seleção em laboratório. Resultados semelhantes foram registrados por outros
pesquisadores.
Os parasitóides e predadores de insetos de armazenamento podem ser naturalmente tolerantes aos inseticidas;
assim sendo, estes inimigos naturais tolerantes aos inseticidas podem ser selecionados, criados em massa, e liberados
dentro dos armazéns para complementar outras estratégias de manejo de insetos. Pesquisadores estudaram a
sobrevivência e reprodução da vespa parasita Habrobracon hebetor em larvas de C. cautella tratadas com permethrin.
O tratamento típico de permethrin em 0,013-0,53 mg/g/larva produziu 20-97% de mortalidade das larvas da praga. Na
mesma dose, somente 0-35% de mortalidade ocorreu do parasita H. hebetor. Resistência induzida pelo inseticida em
inimigos naturais, através de seleção ou manipulação genética/biotecnológica, tem potencial para manejo de insetos em
produtos armazenados, onde inseticidas são freqüentemente usados mais como um substituto que como suplemento de
estratégias não-químicas de manejo .
O MIP pode contribuir grandemente para a redução do uso de inseticidas, evitando aplicações desnecessárias e
métodos de controle não-químicos. O MIP é uma técnica que visa à utilização racional dos diversos métodos de
controle de pragas.
1- Nível de ação
É a densidade da população do inseto ou o nível de dano em que se deve realizar o controle do inseto. Análises
de custo-benefício no MIP são baseadas no nível do prejuízo econômico, que é a densidade do inseto que causa uma
redução no valor de mercado maior que o custo de seu controle.
1- Modelos preditivos
A taxa de crescimento de populações de inseto é determinada pela temperatura e umidade dos grãos
armazenados. Modelos de simulação em computador têm sido desenvolvidos para prever o crescimento populacional de
cinco das mais importantes pragas de trigo. Com estes modelos, o efeito de diferentes estratégias de controle pode ser
comparado.
Os modelos de simulação também são usados na tomada de decisão, porque eles podem ajudar a considerar as
incertezas sobre o valor esperado de mercado, custos de amostragem e controle, prevenindo, assim, perdas econômicas.
2- Cálculos de custo-benefício
Como exemplo, o controle de insetos em trigo armazenado na fazenda, segundo a relação de custo-benefício no
MIP, será implementado se o valor do trigo na época da venda menos o custo de amostragem e controle forem maiores
que o valor dele sem o controle de insetos.
5- Efetividade do controle
Os responsáveis pelos programas de amostragem necessitam avaliar a efetividade das medidas de controle. Em
muitos países tropicais, a superfície da massa de grãos e as pilhas de sacos são pulverizadas com um inseticida de
contato, depois da fumigação, em intervalos mensais. A primeira pulverização reduz a população de insetos do lado de
fora da lona que envolve o produto e a reinfestação das sacas. Entretanto, pulverizações adicionais em intervalos
mensais depois da fumigação não são eficazes no aumento do intervalo entre fumigações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANNIS, P.C. Requirements for fumigations and controlled atmospheres as options for pest and quality control in stored
grain. In: CHAMP, B.R.: HIGHLEY, E.; BANKS, H.J. (eds). Fumigation and controlled atmosphere storage of
grain. Singapore, ACIAR, 1990. p.20-8.
ANSELL, M.R.; DYTE, C.E.; SMITH, R.H. The inheritance of phosphine resistance in Rhyzopertha dominica and
Tribolium castaneum. In Proceedings 5th International Working Conference on Stored-Product Protection,
INRA/SDPV Bordeaux, France, 1991. p.961-970.
ASLAM, M.; HAGSTRUM, D.W.; DOVER, B.A. The effect of photoperiod on the flight activity and biology of
Rhyzopertha dominica (Coleoptera: Bostrichidae). J. Kansas Entomol. Soc., 67:107-15, 1994.
BAILEY, S.W. Airtight storage of grain; its effect on insect pests. I. Calandra granaria L. (Coleoptera,
Curculionidae). Australian Journal of Agricultural Research, 6: 33-51, 1965.
BAILEY, S.W. & BANKS, H.J. A review of recent studies of the effect of controlled atmospheres on stored product
pests. In: 101-118. SHEJBAL, J. (ed.). Controlled atmosphere storage of grains. Amsterdam, Elsevier, 1980.
p.101-118.
BAKKER-ARKEMA, F. W. Grain quality and management of grain quality standards. In: INTERNATIONAL
SYMPOSIUM OF GRAIN CONSERVATION, 1993, Canela. Anais... Porto Alegre: Plus comunicações, 1994. p.3-
11.
BAKKER-ARKEMA, F.W. Grain quality and management of grain quality standards. In: International Symposium of
Grain Conservation. Canela, RS - Brasil. Anais. Companhia Estadual de Silos e Armazéns, 1993. 522 p.
BANKS, H.J. e ANNIS, P.C. Conversion of existing grain storage structures for modified atmosphere use. In:
SHEJBAL, J. (ed.). Controlled atmosphere storage of grains. Amsterdam, Elsevier, 1980. p.461-474.
BARRER, P.M.; STARICK, N.T.; MORTON, R.; WRIGHT, E.J. Factors influencing initiation of flight by
Rhyzopertha dominica (F.) (Coleoptera: Bostrichidae). J. Stored Prod. Res., 29:1-5, 1993.
BEEL, C.H. The tolerance of developmental stages of four stored product moths to phosphine. J. Stored Prod. Res.
12:77-86. 1976.
BELL, C.H.; HOLE, B.D.; EVANS, P.H. The occurrence of resistance to phosphine in adult and egg stages of strains
of Rhyzopertha dominica (F.) (Coleoptera: Bostrichidae). J. Stored Prod. Res. 13:91-94. 1977.
BOND, E.J. Current scope and usage of fumigation and controlled atmospheres for pest control in stored products. In:
CHAMP, B.R.: HIGHLEY, E.; BANKS, H.J. (eds). Fumigation and controlled atmosphere storage of grain.
Singapore, ACIAR, 1990. p.29-37
BOND, E.J.; ROBINSON, J.R.; BUCKLANT, C.T. The toxic action of phosphine. Absorption and symptoms of
poisoning in insects. J. Stored Prod. Res. 5:289-298. 1969.
BRASIL. Ministério da Agricultura. Secretaria Nacional de Abastecimento. Comissão Técnica de Normas e Padrões.
Normas de identidade, qualidade, embalagem e apresentação do milho. Brasília, DF, 1982. 12 p.
BROOKER, D.B., BAKKER-ARKEMA, F.W., HALL, C.H. Drying and storage of grains and oilseeds. Westport:
AVI, 1992. 450 p.
BROWER, J.H.; SMITH, L.; VAIL, P.V.; FLINN, P. Biological control. In Subramanyan, B. e Hagstrum, D.W.
Integrated Management of Insects in Stored Products. Marcel Dekker, Inc. New York, 1996. p.223-286.
CALDERON, M. e NAVARRO, S. Synergistic effect of CO2 and O2 mixtures on two stored grain insect pests. In:
SHEJBAL, J. (ed.). Controlled atmosphere storage of grains. Amsterdam, Elsevier, 1980. p.79-84.
CHAMP, B.R. e DYTE, C.E. Prospeccion Mundial de la FAO sobre susceptibilidad a los insecticidas de las plagas
de granos almacenados. Roma, 1976. p.143.
CHAUDHRY, M.Q. e PRICE, N.R. Insect mortality at doses of phosphine which produce equal uptake in susceptible
and resistant strains of Rhyzopertha dominica (F.) (Coleoptera: Bostrichidae). J. Stored Prod. Res. 26 (2):101-
107. 1990.
CHRISTENSEN, C.M.; KAUFMANN, H.H. Grain storage. The role of fungi in quality loss. Minneapolis,
University of Minnesota Press, 1969. 139 p.
COOKE, J.R. e DICKENS, J.W. A centrifugal gun for impaction testing of seeds. Transactions of the ASAE, St.
Joseph, 14:147-155, 1971.
CROSS, E.A. e KRANTZ, G.W. Two new species of the genus Acarophenax (Newstead and Duvall, 1918).
Acarologia. 6(2):287-295. 1964.
CUPERUS, G.W., FARGO, W.S., FLIN, P.W.; HAGSTRUM, D.W. Variables affecting capture of stored-grain insects
in probe traps. J. of the Kansas Entoml. Society. 63(4):486-489. 1991.
DELL'ORTO TRIVELLI, H. e ARIAS VELÁZQUEZ, C.J.. Insectos que dañan granos y produtos almacenados.
Santiago, FAO/RLAC, 1985. 142p.
DENMEAD, O.T.; BAILEY, S.W. The effects of temperature rise and oxygen depletion on insect survival in stored
grain. Journal of Stored Products Research, 2: 35-44. 1966.
DUNCAN, E.R., WOOLEY, D.G., JENNINGS, V.M. Varietal variability and corn grain quality. In: GRAIN
DAMAGE SYMPOSIUM, 1972, Columbus. Anais... St. Joseph: ASAE, 1972. p.65-74.
DYTE, C.E. Living with resistant strains of Storage Pest. In Proceedings 5th International Working Conference on
Stored-Product Protection, INRA/SDPV Bordeaux, France, 1991. p.947-960.
FARGO, W.S., CUPERUS, G.W., BONJOUR, E.L., BURKHOLDER, W.E., CLARY, B.L., PAYTON, M.E. Influence
of probe trap and attractants on the capture of four stored-grain Coleoptera. J. of Stored Products Research. 30
(3):237-241. 1994.
FARGO, W.S.; EPPERLY, D.; CUPERUS, G.W.; CLARY, B.C.; NOYES, R. Effect of temperature and duration of
trapping on four stored grain insect species. J. Econ. Entomol. 82(3):970-973. 1989.
FARONI, L.R.A. Biological y control del gorgojo de los granos Rhyzopertha dominica (F.). Universidad Politécnica de
Valencia, E.T.S.I.A. Valencia, España, 1992. 134p. (Tese doutorado).
FARONI, L.R.A. e GARCIA-MARI, F. Influencia de la temperatura sobre los parámetros biológicos de Rhyzopertha
dominica (F.). Bol. San. Veg. Plagas, 18:455-67, 1992.
FARONI, L.R.A. e GARCIA-MARI, F. Efficacy of three organophophate pesticides, one synthetic pyrethroid and
hydrogen phosphine on all development stages of Rhyzopertha dominica (F.). In: INTERNATIONAL
SYMPOSIUM ON STORED GRAIN ECOSYSTEMS, Winnipeg, 1992. Proceedings...Winnipeg, s.ed., 1992. P.34-
5.
FARONI, L.R.A. ; SILVA, J.S. ; SILVA F.A.P. Pragas e Métodos de Controle. In: SILVA, J. S. (ed.) Pré-
processamento de Produtos Agrícolas. Viçosa, 1995. p.385-92.
FIELDS, P.G. e MUIR, W.E. Physical control. In Subramanyan, B. e Hagstrum, D.W. Integrated Management of
Insects in Stored Products. Marcel Dekker, Inc. New York, 1996. p.195-221.
FISCUS, D.E.; FOSTER, G.H.; KAUFMANN, H.H. Physical damage of grain caused by various handling techniques.
Transactions of the ASAE, St. Joseph, 14(3):480-485, 491. 1971.
FLEMING, R.; SCHURLE, B.; DUNCAN, S. et al. Impact of changes in U.S. grain standards on discounts for
insects in stored grain. Manhattan, Dep. of Agricultural Economics. Kansas State University, 1990. 10 p.
FRIENDSHIP, C.A.R.; HALLIDAY, D.; HARRIS, A.H. factors causing development of resistance to phosphine by
insect pests of stored products. In: GASGA SEMINAR ON FUMIGATION TECHNOLOGY IN DEVELOPING
COUNTRIES, Slough, 1986. GASGA Seminar... Slough, TDRI, 1986. p.191-249.
GALO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R.P.L.; BATISTA, G.C.; BERTI FILHO, E.;
PARRA, J.R.P.; ZUCCHI, R.A.; ALVES, S.B.; VENDRAMIM, J.D. Manual de Entomologia Agrícola. 2 Ed. São
Paulo, Agronômica Ceres, 1988. 649p.
GUEDES, R.N.C. Detecção e Herança da Resistência ao DDT e a Piretróides em Sitophilus zeamais Motschulsky
(Coleoptera: Curculionidae). Universidade Federal de Viçosa. 67 p. 1993. (Tese Mestrado)
GUEDES, R.N.C. Manejo integrado para a proteção de grãos armazenados contra insetos. Revista Brasileira de
Armazenamento, 15-6:3-48, 1990/91.
GUEDES, R.N.C. Resistência a inseticidas: Desafio para o controle de pragas dos órgãos armazenadores. R. Seiva,
50:24-9, 1991.
GUEDES, R.N.C.; LIMA, J.O.G.; SANTOS, J.P. e CRUZ, C.D. (1994). Inheritance of deltamethrin resistance in a
Brazilian strain of maize weevil (Sitophilus zeamais Mots.). Int. J. Pest Mgment., 40:103-106.
HAGSTRUM, D.W. Field monitoring and prediction of stored-grain insect populations. Postharvest News and
Information. 5 (3):39-45. 1994.
HAGSTRUM, D.W., FLINN, P.W. Integrated pest management of stored-grain products. In: STORAGE of cereal
grains and their products. St. Paul: American Association of Cereal Chemists, Inc, 1992. p.535-556.
HAGSTRUM, D.W. e FLINN, P.W. Survival of Rhyzopertha dominica (Coleoptera: Bostrichidae) in stored wheat
under fall and winter temperature conditions. Environ. Entomol., 23:390-5, 1994.
HAGSTRUM, D.W. e FLINN, P.W. Integrated pest management. In Subramanyan, B. e Hagstrum, D.W. Integrated
Management of Insects in Stored Products. Marcel Dekker, Inc. New York, 1996. p.339-408.
HALL, G.E. Damage during handling of shelled corn and soybeans. Transactions of the ASAE, St. Joseph, v.17, n.2,
p.335-338, 1974.
HALL, G.E.; JOHNSON, W.H. Corn kernel crackcage induced by mechanical shelling. Transactions of the ASAE, St.
Joseph, v.13, n.1, p.51-55, 1970.
HAREIN, P.K. e PRESS, A.F. Mortality of stored-peanut insects exposed to mixtures of atmospheric gases at
various temperatures. Journal of Stored Products Research, 4: 77-82
HOSENEY, R.C. e FAUBION, J.M. Physical properties of cereal grains. In: STORAGE of cereal grains and their
products. St. Paul: American Association of Cereal Chemists, Inc, 1992. p.1-39, 1968.
HOWE, R.W. Problems in the laboratory investigation of phosphine to stored product insects. J. Stored Prod. Res.
10:167-181. 1974.
HURBURGH JR., C.R. Corn quality patterns in U.S. markets. Appl. Engineering in Agriculture, Iowa, v.10, n.4,
p.515 - 521, 1994.
HYDE, M.B. e BURRELL, N.J. Controlled Atmosphere Storage. In: ANDERSON, J.A. e ALCOCK, A.W. (eds.)
Storage of cereal grains and their products. Minneapolis, MN. p. 443-475, 1982.
HYDE, M.B.; BAKER, A.A.; ROSS, A.C.; LOPEZ, C.O. Airtight grain storage. Agricultural Services Bulletin No.
17, FAO, Rome. 1973. 71 p.
JAY, E.G. Suggested conditions and procedures for using carbon dioxide to control insects in grain storage facilities.
U.S. Agricultural Research Service Report, ARS 51-46, 1971.6 p.
JAY, E.G. Methods of applying carbon dioxide for insect control in stored grain. In: SHEJBAL, J. (ed.) Controlled
atmosphere storage of grains. Amsterdam, Elsevier. 1980. p. 225-234.
KLINE, G.E. Mechanical damage to corn during harvest and drying. In: GRAIN DAMAGE SYMPOSIUM, 1972,
Columbus. Anais... St. Joseph: ASAE, 1972. p.79-82.
LANDOLT, P.J. e CURTIS, C.E. Interspecific sexual attraction between Pyralis farinalis L. and Amyelois transiella
(Walker) (Lepidoptera: Pyralidae). J. Kans Entomol. Soc., 55:248-252.1982.
LORINI, I.; GASSEN, D.N.; SARTORI, J.F. et al. In: SIMPÓSIO DE PROTEÇÃO DE GRÃOS ARMAZENADOS,
1993, Passo Fundo. Anais... EMBRAPA-CNPT, 1993. p.127-30.
MAGOWSKI, W.L. Discovery of the first representative of the mite subcohort heterostigmata (Arachinida: Acari) in
the Mesozoic Siberian amber. Acarologia. 35:229-241. 1994.
MAHMOUD, A.R. e KLINE, G.L. Effect of pericarp thickness on corn kernel damage. In: GRAIN DAMAGE
SYMPOSIUM, 1972, Columbus. Anais... St. Joseph: ASAE, 1972. p. 187-97.
MANIS, J.M. Sampling, inspecting and grading. In: STORAGE of cereal grains and their products. St. Paul: American
Association of Cereal Chemists, Inc, 1992. p.563- 589.
McGINTY, R.J. e KLINE, G.L. Developments and results of standard breakage test. In:
MELLO, E.J.R. Constatação de resistência ao DDT e lindane em Sitophilus oryzae (L.) em milho armazenado, na
localidade de Capinópolis, MG. In Reunião Brasileira de Milho, Porto Alegre, PIP, 1970. p. 130-131.
MILLS, K.A. Phosphine dosages for the control of resistance strains of insects. In: GASGA SEMINAR ON
FUMIGATION TECHNOLOGY IN DEVELOPING COUNTRIES, Slough, 1986. GASGA Seminar... Slough,
TDRI, 1986. p.119-131.
MONRO, H.A.V. Manual de fumigación contra insectos. 2 ed. Roma, FAO, 1970. 404p.
NAVARRO, S. e CALDERON, M. Integrated approach to the use of controlled atmospheres for insect control in grain
storage. In: SHEJBAL, J. (ed.). Amsterdam, Elsevier. 1980. p. 73-78.
ONSTAD, D.W. Calculation of economic-injury levels and economic thresholds for pest management. J. of Econ.
Entomol., v.80, p.297-303. 1987.
OWEN, C.H.; STEPHENS, D.G.; BUSHUK, W. Quality control of Canadian grain. In: GRAINS and Oilseeds -
Handling, Marketing, Processing. Winnipeg: Canadian International Grains Institute. 1977. p.127-156.
PACHECO, I.A.; SARTORI, M.R.; BOLONHEZI, S. Resistance to malathion, pirimifos-methyl and fenitrothion in
Coleoptera from stored grains. In Proceedings, 5th International Working Conference of Stored Product Protection,
INRA/SDPV, Bordeaux, France, 1991. p.1029-1037.
PACHECO, J.A.; SARTORI, M.R.; TAYLOR, R.W.D. Levantamento de resistência de insetos-praga de grãos
armazenados à fosfina, no Estado de São Paulo. Coletânia do ITAL. 20(2):144-154. 1990.
PADILHA, L. FARONI, L.R.A. Simpósio de proteção de grãos armazenados, 1993. Passo Fundo, RS. Anais. Passo
Fundo: EMBRAPA-CNPT,1993. p.52-57.
PEDERSEN, J.R. Insects: identification, damage and detection. In: STORAGE of cereal grains and their products. St.
Paul: American Association of Cereal Chemists, Inc, 1992. p.435-491.
PRICE, N.R. Active exclusion of phosphine as a mechanism of resistance in Rhyzopertha dominica (F.) (Coleoptera:
Bostrichidae). J. Stored Prod. Res. 20(3):163-168. 1984.
PRICE, N.R.; MILLS, K.A. The toxicity of immature stages of resistant and susceptible strains of some common stored
product beetles, and implications for their control. J. Stored Prod. Res.. 24(1):51-59. 1989.
RATANOVA, V.F., ZAKLADNOI, G.A. Stored-grain pests and their control. Oxonian Pess Pvt. Ltda., New Delhi,
1997, p. 71-82.
RECOMMENDED methods for the detection and measurement of resistance of agricultural pests to pesticides.
Tentative method for adults of some major pest species of stored cereals, with methyl bromide and phosphine -
FAO method nº 16. FAO Plant Prot. Paper. 23(1):12-24. 1975.
REED, C. The precision and accuracy of standard volume weight method of estimating dry weight losses in wheat,
grain sorghum and maize, and a comparison with the thousand grain mass method in wheat containing fine material.
J. of Stored Prod. Res., Oxford, v.23, p.223-231, 1987.
REES, D.P. Coleoptera. In Subramanyan, B. e Hagstrum, D.W. Integrated Management of Insects in Stored
Products. Marcel Dekker, Inc. New York, 1996. p.1-39.
ROSKENS, B. Anual meeting - industry comments. Grain Quality Newsletter, New York, v.16, n.2, p.3-4, 1995.
SARTORI, M.R.; PACHECO, I.A.; VILAR, R.M.G. Resistance to malathion, pirimifos-methyl and fenitrothion in
Coleoptera from stored grains. In Proceedings, 5th International Working Conference of Stored Product Protection,
INRA/SDPV, Bordeaux, France, 1991. p.1041-1050.
SEDLACEK, J.D.; WESTON, P.A.; BARNEY, R.J. In Subramanyan, B. e Hagstrum, D.W. Integrated Management
of Insects in Stored Products. Marcel Dekker. Inc. New York, 1996. p.41 - 70.
SILVA, J.S.; AFONSO, A.D.L.; FILHO, A.F.L. Secagem e armazenagem de produtos agrícolas. In: Pré-Processamento
de Produtos Agrícolas. Juiz de Fora: Instituto Maria, 1995.
SINGH, S.S. e FINNER, M.F. A centrifugal impacter for damage susceptibility evaluation of shelled corn.
Transactions of the ASAE, St. Joseph, v.26, n.6, p.1858-1863, 1983.
STEPHENS, L.E. e FOSTER, G.H. Breakage tester predicts handling damage in corn. Peoria: Agricultural Research
Service. Department of Agriculture, 1976. 6p.
STOREY, C.I. Insects in the grain grades. Cereal Foods World, 33(4): 359-61. 1988.
SUBRAMANYAN, B. e HAGSTRUM, D.W. Resistance measurement and management. Integrated management of
insects in stored products. Marcel Dekker Inc, New :York, 1996. p.135-193.
SUBRAMANYAN, B. e HAGSTRUM, D.W. Sampling. Integrated management of insects in stored products.
Marcel Dekker Inc, New :York, 1996. p.135-193.
WHITE, N.D.G. e LESSCH, J.G. Chemical Control. In Subramanyan, B. e Hagstrum, D.W. Integrated Management
of Insects in Stored Products. Marcel Dekker, Inc. New York, 1996. p.287-330.
WILLIAMS, J. O.; ADESUYI, S. A.; SHEJBAL, J. Susceptibility of the life stages of Sitophilus zeamais and
Trogoderma granarium larvae to nitrogen atmosphere in minisilos. In: SHEJBAL, J. (ed.) Controlled atmosphere
storage of grains. Amsterdam, Elsevier. 1980. p. 93-100.
WINKS, R.G. The effect of phosphine on resistant insects. In: GASGA SEMINAR ON FUMIGATION
TECHNOLOGY IN DEVELOPING COUNTRIES, Slough, 1986. GASGA Seminar... Slough, TDRI, 1986. p.105-
108.
ZETTLER, J.L.; CUPERUS, GW. Pesticide resistance in Tribolium castaneum (Coleoptera: Tenebrionidae) and
Rhyzopertha dominica (Coleoptera: Bostrichidae) in Wheat. J. Econ. Ent. 83(5):1677-1681. 1990.