Apostila-7ano II
Apostila-7ano II
Apostila-7ano II
Arte Medieval
O período conhecido como Idade Média vai muito além do imaginário criado pelos contos de fadas, durou
aproximadamente mil anos (séc. V ao XV) e ficou conhecido por muitos como a “Idade das Trevas”, pois
acreditava-se que pouco havia se inovado ou criado nesses séculos, mas veremos a seguir que a produção artística
medieval foi intensa. Vale ressaltar que tal período foi marcado por guerras, conquistas, perdas e pela ascensão da
Igreja Católica, sendo assim, grande parte da Arte Medieval tem a fé católica como tema central.
O surgimento de uma nova organização social, cultural, econômica e política, trouxe novas demandas
tanto na arquitetura quanto nas demais produções artísticas. Na arquitetura, principalmente religiosa, poderemos
observar como as inovações no uso dos elementos construtivos transformaram as construções. Na pintura e na
escultura, também poderemos observar como essas novas demandas influenciaram a visualidade do período, a
principal transformação ficará por conta da construção da imagem que na Arte Clássica, produzida pelos gregos e
romanos, era mais naturalista, já na produção medieval observaremos formas menos naturais, muitas vezes até
deformadas.
Será ainda neste cenário, que surgirá uma “inovação” na Arte – a perspectiva, que abrirá caminho para
novos rumos na representação visual.
A Arte Medieval é formada por três estilos distintos conhecidos por: Arte Bizantina, Arte Românica e
Arte Gótica.
Arte Bizantina
Roma expande seu território conquistando a cidade de Bizâncio, criando o Império Romano do Oriente,
sendo assim, a Arte Bizantina tem seu centro de difusão a partir da capital, que passa a se chamar Constantinopla,
desenvolvendo-se a princípio incorporando características provenientes de regiões orientais, como Ásia Menor e
Síria.
A aceitação do cristianismo a partir do reinado de Constantino e sua oficialização por Teodósio, faz com
que a Arte tenha um importante papel: difundir didaticamente a fé e reafirmar a grandeza do Imperador, que
governava em nome de Deus. A tentativa de preservar o caráter universal do Império fez com que o Cristianismo
no oriente destacasse aspectos de outras religiões, isso explica seu desenvolvimento artístico. O período de maior
significação da cultura bizantina ocorreu durante o reinado de Justiniano (526-565 d.C.), considerada como a Idade
de Ouro do império.
A localização de Constantinopla permitiu à Arte Bizantina a absorção de influências vindas de Roma,
da Grécia e do Oriente e a interligação de alguns destes diversos elementos culturais num momento de impulso à
formação de um estilo repleto de técnica e cor. A Arte Bizantina está intimamente relacionada com a
religião, obedecendo a um clero fortalecido que possui, além das suas funções naturais, as funções de organizar
também as artes, e que consequentemente, relega os artistas ao papel de meros executores. O Imperador, também
assume um poder teocrático, possuindo assim poderes tanto administrativos quanto espirituais.
Arquitetura
O grande destaque da arquitetura foi a construção de igrejas,
facilmente compreendido dado o caráter teocrático do Império Bizantino. A
necessidade de construir igrejas espaçosas e monumentais determinou a
utilização de cúpulas sustentadas por diversas colunas, onde haviam capitéis
trabalhados e decorados com revestimento de ouro, destacando-se a influência
grega. Elas eram construídas sobre uma base circular, octogonal ou quadrada
e o interior desses edifícios era profusamente decorados, destacando a
influência oriental.
A Igreja de Santa Sofia é o mais grandioso exemplo dessa arquitetura,
onde trabalharam mais de dez mil homens durante quase seis anos. Por fora
um templo simples, porém internamente apresentava grande suntuosidade,
tendo suas paredes repletas de mosaicos com formas geométricas e com
de cenas do Evangelho.
Mosaico
O mosaico é a expressão máxima da Arte Bizantina e não se destinava
somente a decorar as paredes e abóbadas, mas também servia de fonte de
instrução e guia espiritual aos fiéis, mostrando-lhes cenas da vida de Cristo,
dos profetas e dos vários imperadores. Plasticamente, o mosaico bizantino não
se assemelha aos mosaicos romanos, são confeccionados com técnicas
Figura 6 – Mosaico bizantino (Imp. Justiniano)
diferentes e seguem
convenções que regem também os afrescos. Neles, por
exemplo, as pessoas são representadas de frente e
verticalizadas para criar certa espiritualidade; a perspectiva
e o volume são ignorados e o dourado é utilizado em
abundância, pela sua associação a um dos maiores bens
Figura 5 - |Mosaico Bizantino
materiais: o ouro.
Arte Românica
Com a queda do Império Romano, conquistada pelos povos bárbaros, surge a Arte Românica entre os
séculos XI e XIII, semelhante à Arte dos antigos romanos. Por volta do século XI, a Europa viveu um momento
de crescimento, as cidades começaram a prosperar e as expressões artísticas que até então diferenciavam diversos
povos europeus, passaram a se unificar, graças a peregrinações e às Cruzadas – movimento militar de caráter cristão
que visava colocar a Terra Santa sob o poder dos cristãos, de modo que a Igreja Católica se tornasse responsável
pela unificação da Europa, a partir de dogmas e crenças próprias.
Arquitetura
Marcada pela monumentalidade e pela força da pedra, eram
encontradas em castelos e mosteiros. Caracterizou-se pela presença de
abóbodas, pilares maciços que sustentavam paredes grossas, janelas feitas
de aberturas estreitas, torres e arcos.
Escultura
A escultura renasceu no período românico, depois de
muitos anos esquecida. O período de maior desenvolvimento
aconteceu no século XII, quando foi iniciado um estilo realista,
mais simbólico, que antecipou o estilo gótico. A escultura,
igualmente condicionada à arquitetura, com estilo realista
simbólico e sem a preocupação da representação fiel dos
objetos e seres, visava à decoração, com baixos e altos-relevos,
presentes em pórticos e arcadas. Nas igrejas da França surgiram
Figura 10 - Escultura românica
as primeiras esculturas deste período.
Arte Gótica
O estilo Gótico teve sua origem na França, no século XIII, e é identificado como a Arte das Catedrais. As
mudanças políticas e econômicas que vinham acontecendo nos séculos anteriores levaram a uma profunda
revolução na Arte. Porém, o termo gótico só apareceu mais tarde, no século XVI, batizado pejorativamente por
Giorgio Vasari (historiador da arte e artista), que considerava o período obscuro, relacionando com os povos
bárbaros que invadiram Roma por volta dos anos 400.
O estilo gótico era contraposto ao estilo românico, anteriormente em voga nas construções medievais,
principalmente nos edifícios religiosos. Essas construções eram caracterizadas pelos arcos plenos, redondos, e por
abóbodas feitas em estruturas maciças e com poucas e pequenas janelas e
portas. No estilo gótico, as estruturas das construções são mais leves,
formadas por vãos mais amplos, cujo objetivo é conseguir uma maior
luminosidade no interior das edificações, auxiliada pela utilização de janelas
delicadamente trabalhadas e de vitrais em forma de rosáceas.
A busca pelo divino, o desejo de estar perto de Deus, direciona a
produção artística a procurar o conceito de verticalidade, que consiste em Figura 11 - Rosácea (vitral)
produzir prédios com altos pináculos que tentam tocar o céu, pois se acreditava que quanto mais alto a igreja fosse,
mais perto de Deus seus fiéis estariam. De mesmo modo, esta tendência alcançou a pintura e a escultura, nelas as
formas se distorcem e se alongam, seguindo esta tentativa de representação verticalizada do mundo.
Arquitetura
Uma das características do estilo gótico é a verticalidade, que pretende remeter à noção de proximidade
com Deus. As paredes se afinam, para reforçar a ideia de leveza, e contam com inúmeras janelas (que trazem
a luz para o interior da igreja, ou seja, trazem Deus para a Igreja). As abóbodas são feitas com arcos ogivais
cruzados, chamadas de abóbodas de nervuras e as torres terminam em telhados
com forma de pirâmides, chamadas pináculos. Existem ainda alguns elementos
presentes nas fachadas das igrejas que rememoravam aos fiéis a importância de estar
próximos de Deus, são eles: as gárgulas (que lembram a feiura do mal e do pecado)
e as esculturas de santos (que apontam para a beleza e a recompensa de quem fica
próximo de Deus).
Diferentemente do que acontecia no Figura 12 - Gárgula
Pintura
A pintura gótica surgiu apenas em 1200, mais ou menos 50 anos depois do início da arquitetura e escultura.
A característica mais evidente dessa expressão artística é uma procura cada vez maior pelo real. Essa
qualidade, que surge pela primeira vez na obra dos artistas italianos de fins do século XIII, marcou o estilo
dominante na pintura europeia até o término do século XV.
Dentre os principais artistas do período, destaca-se Giotto, que pintava
os santos como seres humanos comuns, fazendo descer o foco visual do
observador e apresentando uma visão humanista das figuras representadas.
Jan Van Eyck, outro pintor de
destaque, mostra em suas obras atenção à
perspectiva, preocupando-se em representar o
mundo terreno, e não o celeste.
A pintura durante o período gótico
Figura 16 - Fuga para o Egito (Giotto)
era praticada em quatro principais ofícios: afrescos, painéis, iluminura de
manuscritos e vitrais. Os afrescos continuaram a ser utilizados como o principal
ofício nas paredes de igrejas no sul da Europa como continuação de antigas
tradições cristãs e românicas. No norte, os vitrais foram os mais difundidos até
Figura 17 - Casal Arnolfini (Jan Van Eyck)
ao século XV. A pintura de painéis começou na Itália no século XIII e
espalhou-se pela Europa, tornando-se a forma dominante no século XV, ultrapassando mesmo os vitrais. A
iluminura de manuscritos representa o mais completo registro da pintura gótica, fornecendo um registro de
estilos em locais onde não sobreviveu nenhum outro trabalho. A pintura a óleo em lona não se tornou popular até
aos séculos XV e XVI e foi um dos ofícios característicos da Arte Renascentista.
No começo do período gótico, a arte era produzida principalmente com fins religiosos. Muitas pinturas
eram recursos didáticos que faziam o cristianismo visível para uma população analfabeta, outras eram
expostas como ícones, para intensificar a
contemplação e a prece. Os primeiros Podemos citar como características o alongamento
mestres do gótico preservaram a memória das figuras, a ausência de expressões nas figuras, a
da tradição bizantina, mas também criaram representação da perspectiva de maneira diferenciada, a
figuras persuasivas, com perspectiva e narração de histórias através das imagens.
com um maravilhoso apuro no traço.
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Escultura
Ainda era feita em função da arquitetura, mas já demonstrava sinais de
libertação. Foi na Catedral de Chartres que se viu pela primeira vez a escultura
como um elemento relativamente independente da
arquitetura.
As figuras, ainda fortemente ligadas às catedrais,
mostram-se alongadas, exageradamente caracterizadas
pela verticalidade comum ao estilo gótico.
Figura 18 - Escultura Catedral Chartres
Figura 19 - Escultura
Catedral Chartres