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CBI of Miami 2
Inteligências Múltiplas e a Inteligência Cognitiva/Emocional na
Aprendizagem
Eliana Gavillon

O construto sobre inteligência acaba por ser o resultado de inúmeras


investigações e trabalhos de centenas de pesquisadores, que ao longo do
tempo, definiram o que é inteligência. O que consideramos, atualmente, por
inteligência e comportamento inteligente, acabou sendo o resultado desta
evolução e trabalhos, que mostraram a necessidade de uma reformulação do
conceito, principalmente a superação do modelo de inteligência única e da
definição de inteligência como o quociente de inteligência – QI.
Gardner em 1995 desenvolveu a Teoria das Inteligências Múltiplas
questionando a existência de uma única inteligência, a cognitiva, que seria
“facilmente” medida por instrumentos padronizados, como o teste de QI.
Consistiu numa das primeiras tentativas de ampliar o conceito de
inteligência para além das capacidades intelectuais acadêmicas. Para o autor é
necessário “... incluir um conjunto muito mais amplo e mais universal de
competências do que comumente se considerou”, criando uma nova definição
de inteligência como “... a capacidade de resolver problemas ou criar produtos
que sejam valorizados dentro de um ou mais cenários culturais” (GARDNER,
2005, p.7).
A Teoria das inteligências múltiplas desenvolvida por Gardner coloca que temos
7 diferentes tipos de inteligência, que são:
A. Inteligência Linguística: habilidade de articular bem as palavras e de
expressá-las com clareza, tanto na linguagem escrita quanto na falada. Esta
inteligência está localizada no cérebro no Centro de Broca (TRAVASSOS, 2001).
B. Inteligência Lógico-Matemática: habilidade de solucionar facilmente e com
rapidez cálculos, problemas e interpretar gráficos, assim como de criar hipóteses
e compreender o funcionamento de máquinas.
Esta inteligência está localizada no cérebro no centro de Broca (TRAVASSOS,
2001).
C. Inteligência Espacial: habilidade de compreender facilmente formas dos
objetos e descrevê-las, localizar-se em locais desconhecidos, interpretar mapas

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e diagramas. Também, é a habilidade de desenhar e pintar, além de ser
fortemente desenvolvida nas pessoas cegas.
Esta inteligência está localizada no hemisfério direito do cérebro, região posterior
(TRAVASSOS, 2001).
D. Inteligência corporal-cinestésica: habilidade de usar o corpo para
expressar. Por exemplo, uma pessoa pode representar muito bem, artistas de
teatro, dançarinos e esportistas.
A dominância desses movimentos, desta inteligência, encontramos, em grande
maioria, no hemisfério esquerdo. Mais especificamente, o controle dos
movimentos e corporal, situa-se no córtex motor, que é dominantemente, inverso
ao nosso lado dominante (lateralidade dominante direita, lobo cerebral
dominante esquerdo) (TRAVASSOS, 2001).
E. Inteligência Musical: habilidade de identificar sons, ritmos e melodias.
Pode ter voz agradável e facilidade para tocar instrumentos musicais. Esta
inteligência está localizada no hemisfério direito do cérebro (TRAVASSOS,
2001).
F. Inteligência Intrapessoal: habilidade de se autoconhecer, reconhecer seus
sentimentos, motivações, fraquezas, desejos e intenções. Esta capacidade
normalmente permite à pessoa entender e orientar suas ações.
Esta inteligência está localizada nos lobos frontais (TRAVASSOS, 2001)
G. Inteligência Interpessoal: habilidade de perceber e compreender os
sentimentos, temperamentos, motivações e intenções das outras
pessoas. Pessoas com esta inteligência muitas vezes são líderes natos.
Esta inteligência está localizada nos lobos frontais (TRAVASSOS, 2001).
Mais tarde ele acrescentou a inteligência naturalística.
H. Inteligência Naturalista: habilidade de reconhecer e classificar animais,
minerais e plantas.

Assim, cada inteligência está associada à determinadas competências,


habilidades ou capacidades em resolver diferentes problemas.

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A escola tradicional, assim como a sociedade, acaba por privilegiar as
inteligências lógico-matemáticas e linguística. A estruturação do ensino e muitas
metodologias de ensino e aprendizagem, voltam-se para estas duas habilidades
(lógica e a verbal), mas precisamos superar deste binômio valorizando a
heterogeneidade dos alunos.
Quando generalizamos o ensino, fragmentando os conteúdos e
homogeneizando os alunos, acabamos por desrespeitar os diferentes estilos e
ritmos de aprendizagens, seus distintos interesses, descumprindo o
compromisso de uma educação de qualidade para todos. Priorizar o aluno no
processo educativo exige e leva a uma pedagogia comprometida com
intervenções sociais e globais, para construir as individualidades, considerando
a diversidade existente em sala de aula.
Ao considerarmos a existência de uma variedade de inteligências,
precisamos reformular uma nova visão da educação. Este novo modelo
educativo, voltado para as diferenças dos indivíduos, exige do professor
conhecer seus estudantes para delinear suas ações didáticas. Se os alunos têm
diferentes inteligências, eles também terão diferentes interesse, estilos e ritmos
de aprendem, compreender, de se expressar, tudo de formas diferente, que
precisará ser reconhecido e respeitado pelo professor.
A sala de aula precisa ser um ambiente onde a aprendizagem é
provocada, os alunos organizam o seu próprio aprendizado, cabendo ao
professor o processo de detectar o modo particular de cada um manifesta o seu

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potencial. A aprendizagem passa a ser significativa quando transcende métodos
de ensino e exige o envolvimento por meio da interação de todas as variáveis
que interferem no processo. O planejamento passa a envolver metodologias
para apresentar e discutir os conteúdos, como também o emprego de diferentes
formas de avaliação dos conhecimentos.

O que Seria Isso?


Usar uma metodologia que já respeite a diversidade dos alunos ou utilizar
diferentes metodologias de ensino para conseguir alcançar e respeitar a
diversidade da sala de aula.

Como o Professor se Organiza para a Diversidade da Sala de Aula?


O professor passa a planejar atividades diversificadas e significativas, a
permitir que os alunos escolham as formas de aprender, decidam como irão
apresentar o que construíram de aprendizagem, além de desenvolver formas de
avaliação diferenciadas. Essa acaba por ser a forma mais adequada de atender
ao perfil heterogêneo de uma turma, promovendo a aprendizagem de todos,
conhecendo a realidade de cada um e ajustando o processo de ensino-
aprendizagem.
O erro do aluno passa a ter um significado importante neste novo modelo,
porque mostra ao professor os novos caminhos que ele precisará traçar e
planejar para que os alunos consigam compreender os conteúdos. O erro indica
que novas estratégias precisam ser desenvolvidas pelo professor e evidencia o
processo de raciocínio dos alunos, suas formas de inteligência.

Exemplos de Tudo isso que Acabamos de Falar:


Desafiar os alunos a descobrir um assunto novo sozinhos, para que eles
escolham a forma que mais gostam de procurar o conhecimento e depois
apresentá-lo para a turma; instigar a criatividade e a livre expressão nos alunos
através do desenvolvimento de projetos da turma ou permitir o desenvolvimento
de projetos em pequenos grupos de alunos. Criar ambientes de ensino
colaborativo, onde um aluno ajuda, explica, ensina o outro, sendo em duplas ou
em grupos de 4 alunos, como melhor se adequar à sua sala de aula. Criar estas

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estruturas de trabalho em duplas ou em grupos de 4 alunos com igual nível de
conhecimento e lançando desafios, usar a estrutura entre alunos colocando
alunos que sabem mais para ensinar os colegas que ainda estão em processo
de construção do conhecimento. Perceber as diferentes dificuldades dos alunos
e lançar atividades que sejam importantes para cada grupo.

Como Assim?
Vamos supor que seja uma aula de matemática, resolução de problemas
e o professor perceba que alguns alunos erraram por que tiveram dificuldade de
compreensão do enunciado, outros tiveram dificuldade de criar uma estratégia
para resolver a questão, outros usaram a fórmula errada, assim o que aparecer...
A partir desta percepção do erro dos alunos, o professor cria atividades
voltadas a melhorar o conhecimento que os alunos precisam construir,
reforçando e auxiliando este processo e desenvolvendo em grupos de igual
dificuldade.
A interação mútua possibilita aos alunos aprenderem por múltiplos
caminhos, permitindo as diversas formas de conceber e expressar seus
conhecimentos. Esta nova forma de ver a sala de aula também exige que o
professor proporcione ao aluno momentos para se conhecer, perceber como
melhor aprende, se expressa, estimulando o desenvolvimento de suas
potencialidades. Conforme Gardner (2005 p. 181):

“As Inteligências Múltiplas devem ser usadas como uma forma de


promover um desenvolvimento de um trabalho de alta qualidade do
aluno.
[...] é o trabalho do aluno e sua compreensão deste trabalho é as
marcas da boa educação.”

Então para que a educação aconteça, o professor precisa organizar todas


as matérias básicas com igual importância, compreender que os alunos têm
interesses diferentes, motivar os alunos a desenvolver e utilizar seus
conhecimentos englobando todas as inteligências. Proporcionar a interação das
crianças e jovens em atividades em grupo e individuais, incentivando os alunos

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a construir seus conhecimentos, bem como o desenvolverem suas
competências.
Mayer e Salovey em 1997 contribuíram para a elaboração e
aprimoramento do conceito de Inteligência, desenvolvendo o constructo de
Inteligência Emocional, que Daniel Goleman, em 1998, popularizou ao lançar um
livro sobre esta temática, além de levar a valorização das emoções para o
ambiente profissional e escolar.
A capacidade de pensar de forma abstrata é a característica mais
importante da Inteligência, assim o raciocínio abstrato somente se torna possível
com o input ou entrada de um estímulo (informação) no sistema, de modo que
diferentes inteligências seriam definidas de acordo com o que entra e provoca
no sistema. As emoções seriam responsáveis pela relação da pessoa com o
ambiente, sua manutenção ou interrupção.
Goleman descreve o conceito de Inteligência Emocional como “a
capacidade de identificar nossos sentimentos, de nos motivar e de gerir bem as
emoções dentro de nossos relacionamentos”. Mayer e Salovey (1997), colocam
que a habilidade da Inteligência Emocional reconhece e incrementa as emoções,
ajudando e facilitando os pensamentos, incrementando o raciocínio e a
capacidade de solucionar problemas. As emoções possuem informações
importantes, dirigem a atenção, priorizando as funções do pensamento,
resolução de problemas e despertando a criatividade, além de permitirem a
detecção de erros quando estes se apresentam em tarefas que estão sendo
realizadas. Também envolve a capacidade de despertar e perceber sentimentos
quando eles facilitam o pensamento, a capacidade de compreender a emoção e
de controlar a emoção para permitir o desenvolvimento emocional e intelectual.
As Inteligências podem ser despertadas e aprimoradas ou não,
dependendo dos estímulos que as crianças recebem e do ambiente cultural em
que se encontram. Todos os alunos apresentam potenciais que devem ser
reconhecidos e estimulados, contribuindo para o desenvolvimento global,
através de práticas pedagógicas voltadas para ele. Por isso, a importância de a
escola oferecer e propiciar momentos que permitam o desenvolvimento das
potencialidades individuais de cada aluno, gerando situações de aprendizagem
que contemplem a pluralidade de expressões do intelecto. Desenvolvendo

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situações de aprendizagem significativas, ligadas às experiências e
conhecimentos prévios e despertando vivencias pessoais nos aprendizes.

INTELIGÊNCIAS

Observar e definir Autoconhecimento


Classificar Autoestima
Analisar Empatia
Síntese Responsabilidade Social
Raciocínio Lógico Foco e Atenção
Visão Positiva
Pensamento Hipotético Autocontrole
Pensamento Crítico Assertividade
Estrutura linguística

A metacognição é uma “auto-reflexão” sobre os processos cognitivos que


permite um aperfeiçoamento deles. A escola precisa ensinar os alunos esta
habilidade e tomada de consciência para que eles possam ir além da cognição
e refletir sobre o próprio processo de aprendizagem. Envolve a cognição sobre
o processo cognitivo, assim como uma reflexão emocional sobe o domínio
afetivo dos elementos que envolve a aprendizagem. Consiste numa análise
interior, na reflexão mediante qualquer atividade, onde o sujeito elabora esta
atividade em conceituação, controlando intencionalmente as funções psíquicas
básicas para a aprendizagem.
A essência do processo de ensino-aprendizagem acaba por ser a
metacognição, uma vez que leva o sujeito a alcançar níveis mais altos de
autoconsciência ao reflexionar sobre os seus próprios pensamentos. A
elaboração dos conhecimentos e formas de pensar asseguram a capacidade de
generalização, aquisição de autonomia na gestão da aprendizagem e na
construção de uma autoimagem de aluno competente e motivado para aprender.

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Cabe ao professor proporcionar experiências metacognitivas pelas quais
os alunos vão aprendendo a exercer controle e autorregularão durante as
atividades de resolução de problemas, permitindo aos educandos a tomada de
consciência de desenvolvimento da sua própria atividade. O controle da
resolução do problema envolve poder guiá-la, avaliá-la, corrigi-la e regulá-la,
caminhando em direção ao pretendido. O aluno aprende a eleger métodos de
trabalhos mais eficazes para si, a se motivar e persistir na tarefa, tornando o
aluno sujeito de sua aprendizagem.

Referências Bibliográficas

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