Autismo e Reconhecimento Facial
Autismo e Reconhecimento Facial
Autismo e Reconhecimento Facial
Reconhecimento Facial
no
Transtorno do Espectro
Autista
revealed by face after effects". British Journal of Psychology, v. 102, n. 4, p.799–815, 2011.
tempo se ela tirava um brinquedo deles e manteve uma expressão neutra do
que se ela fizesse uma expressão feliz.
Vários outros estudos indicam que a experiência perceptual precoce é
crucial para o desenvolvimento de capacidades características da percepção
visual dos adultos, incluindo a capacidade de identificar pessoas familiares e
reconhecer e compreender expressões faciais. A capacidade de discernir entre
rostos, bem como a linguagem, parece ter um potencial amplo no início da
vida, que é reduzido a tipos de rostos que experimentam no início da vida. Os
bebês podem discernir entre rostos de macacos aos seis meses de idade, mas,
sem exposição contínua, não podem aos nove meses de idade. Ao mostrar
fotografias de macacos durante este período de três meses, os jovens de nove
meses conseguiram distinguir de forma confiável as caras de macacas
desconhecidas.
p.1013–1028, 2017.
rostos em macacos. O cérebro, conceitualmente, precisa apenas de ~ 50
neurônios para codificar qualquer rosto humano, com características faciais
projetadas em eixos individuais (neurônios) em um "espaço facial" em 50
dimensões.
Os mecanismos subjacentes às diferenças relacionadas ao gênero no
processamento facial não foram estudados extensivamente. Estudos usando
técnicas eletrofisiológicas demonstraram diferenças relacionadas ao gênero
durante uma tarefa de memória de reconhecimento facial (FRM, do inglês face
recognition memory) e uma tarefa de identificação de afetos faciais (FAIT, do
inglês facial affect identification task). Os indivíduos do sexo masculino usaram
o hemisfério direito, enquanto as mulheres apresentavam um sistema de
ativação neural do hemisfério esquerdo no processamento de faces e afeto
facial. Além disso, na percepção facial não houve associação com a
inteligência estimada, sugerindo que o desempenho do reconhecimento facial
em mulheres não está relacionado a vários processos cognitivos básicos. As
diferenças relacionadas ao gênero, podem sugerir um papel para os hormônios
sexuais. Nas mulheres, pode haver variabilidade para funções psicológicas
relacionadas às diferenças nos níveis hormonais durante diferentes fases do
ciclo menstrual.
Nós não vemos com os nossos olhos, nós "vemos" com nossos
cérebros. Todos nós - com ou sem autismo ver com nossos cérebros.
Nossos olhos tomam um instantâneo, mas são nossos cérebros que
processam toda a informação na foto. Faz sentido de todos os padrões,
categoriza-os e os armazena para uso posterior (reconhecimento).
Algumas crianças e adultos autistas podem deixar de reconhecer rostos
familiares, mas nunca deixarão de reconhecer uma árvore, ou um gato,
ou as formas das nuvens - por quê?
7PARK, D.; YOUDERIAN, P. Light and number: Ordering principles in the world of an autistic
child. Journal of Autism and Childhood Schizophrenia, v. 4, p. 313-323, 1974.
O site Universo Autista (2018), explica a Coerência Central:
Coerência Central
A falta da tendência natural em juntar partes de informações para formar
um ‘todo’ provido de significado (coerência central) é uma das
características mais marcantes no autismo. O interessante dessa teoria é
que busca explicar não somente os deficits mas também as habilidades
as quais podem estar não somente preservadas mas inclusive
mostrarem-se superiores em indivíduos com autismo, estas últimas
recebendo menor atenção na literatura.
A tendência em ver partes, ao invés de uma figura inteira, e em preferir
uma sequência randômica, ao invés de uma provida de significado
(contexto), pode explicar a performance superior de crianças com
autismo: a) nas escalas de Weshler que envolvem reunião e
classificação de imagens por séries, em especial no subteste de Cubos;
b) nas tarefas de localização de figuras ocultas e c) nas tarefas de
memorização de uma série de palavras sem-sentido ao invés daquelas
com significado, comparadas aos grupos de controle. Evidentemente, há
semelhanças entre essa teoria e a de disfunção executiva. Porém, a
teoria da coerência central prediz comprometimento somente naquelas
funções executivas que estão associadas à integração de um estímulo
dentro de um contexto.
Conclusão
As contribuições e limitações das abordagens aqui apresentadas
merecem destaque, neste ponto de discussão, iniciando-se pela
psicanalítica. Os avanços nos estudos sobre as capacidades sociais do
bebê contribuíram para expansões e reformulações das teorias
evolutivas psicanalíticas. A noção de um recém-nascido passivo e pouco
receptivo às experiências do ambiente foi substituída por fartas
evidências sobre a percepção alerta e busca ativa do bebê por outro ser
humano, conduzindo a sérios questionamentos sobre a existência de
uma fase ‘autística normal’ ou esquizo-paranóide, posições essas que,
estão sendo revistas. Por outro lado, o estudo na área do autismo
também representa uma grande contribuição à psicologia do
desenvolvimento ao lançar luzes sobre o papel da interação dos
processos constitucionais e ambientais no desenvolvimento humano (as
reflexões e reformulações aplicam-se também às teorias piagetianas do
desenvolvimento social, pois alertam para uma competência social do
bebê mais precoce do que aquela postulada por Piaget). Por fim, embora
críticas sejam feitas às interpretações psicanalíticas quanto à gênese do
autismo e a alguns aspectos do tratamento e as observações realizadas
pelos seus proponentes têm sido confirmadas em estudos
contemporâneos e muito contribuíram para a disseminação do
conhecimento sobre as características clínicas dessa síndrome. Quanto
às teorias afetivas, suas limitações repousam evidentemente no
estabelecimento de prioridades causais na determinação do autismo.
Críticas têm sido feitas ao argumento de que os deficits sociais
decorreriam de problemas no sistema afetivo cujas bases seriam inatas,
pois seriam pré-existentes à capacidade de metarepresentar. A
evidência para esse argumento estaria nas dificuldades da criança
autista quanto à expressão de comportamentos sócio-comunicativos
não-verbais e afetivos, ainda no primeiro ano de vida da criança.
Contudo, segundo os teóricos da mente, tais habilidades já poderiam ser
consideradas indicadores precoces da capacidade de desenvolver uma
teoria da mente. Dessa forma, disfunções na área da comunicação e do
reconhecimento e expressão da emoção poderiam ser explicados tanto
por fatores afetivos quanto cognitivos. De qualquer forma, um dos
grandes méritos das teorias afetivas foi o de chamarem a atenção para a
falha dos teóricos da mente em considerar o componente afetivo na
representação de estados mentais. Sobre a teoria da mente aplicada ao
estudo do autismo, as pesquisas nessa área possibilitaram um grande
impulso no conhecimento dos mecanismos cognitivos envolvidos nessa
síndrome, cujos resultados têm se mostrado suficientemente robustos
nas replicações. Entretanto, chamam eles a atenção para os pontos
nevrálgicos que ainda persistem, tais como: a) explicações a respeito da
pequena percentagem de crianças autistas que ‘passam’ nos testes da
teoria da mente, mas que a despeito disto apresentam deficits sociais na
sua vida cotidiana; b) a relação entre teoria da mente e comportamentos
estereotipados ou ainda, ‘ilhas’ de habilidades. A respeito do papel do
deficit na função executiva na origem do autismo, o estabelecimento de
uma relação causal é controverso, sendo que uma relação recíproca
entre ambos não pode ser descartada. Além disso, contra a
corroboração da noção de que o deficit na função executiva seria
primário no autismo, estão os estudos demonstrando que problemas
nessa área não são específicos dessa patologia, sendo também
encontrados em outros transtornos, tais como nos de Deficit de Atenção
e Hiperatividade - TDAH. Finalmente, sobre a teoria da coerência central,
pode-se dizer que esta encontra-se num estágio muito inicial e que
diversas questões precisam ser examinadas, tais como: a) a
sobreposição com a teoria da função executiva, considerando-se que
ambas apontam a existência de um deficit na capacidade de integrar
partes em um todo, como central à síndrome; e b) a investigação de
crianças situadas em diferentes pontos do espectro autista e daquelas
com outras patologias, através de estudos comparativos. Além do mais,
essa teoria não explica, de forma direta, como o deficit de coerência
central se relaciona com as dificuldades no comportamento social. Por
outro lado, as teorias de processamento da informação têm um papel
fundamental em termos de intervenção, uma vez que o conhecimento a
respeito das formas particulares com que crianças com autismo
apreendem o mundo circundante tem revertido em estratégias de ação,
por exemplo, na prática psicopedagógica com essas crianças. Em suma,
tem havido uma expansão considerável de pesquisas sobre os aspectos
sociais e cognitivos na área do autismo. Entretanto, uma interpretação
única e final do conhecimento acumulado ao longo dos anos permanece
impossível por várias razões. Primeiro, os diferentes achados ainda não
cobrem toda a extensão de diferenças individuais ao longo do espectro,
embora tenham contribuído para desmistificar, em parte, a ideia
caricaturada de um indivíduo com autismo. São necessários mais
estudos que investiguem não somente as deficiências, mas também as
competências sociais destes indivíduos. Pensa-se que o conhecimento
acerca dessas diferenças possa ter implicações para a identificação
precoce da síndrome, visto que as crianças autistas mais ‘competentes’
são as que mais demoram a receber tal diagnóstico. Segundo, a questão
do diagnóstico diferencial ainda se apresenta controverso. Finalmente,
esse campo tem sido dominado pela polêmica em torno de prioridades
causais (afetivas, cognitivas, biológicas) na determinação da síndrome.
Ainda que a interação desses diferentes processos tenha sido proposta e
reconhecida em termos teóricos, a sua operacionalização ainda constitui
um grande desafio aos futuros estudos. Esforços devem ser
concentrados na desafiadora tarefa de integrar-se os achados das
diferentes áreas a fim de compreender-se os mecanismos através dos
quais diferentes facetas do comportamento combinam-se para formar o
intrigante perfil que caracteriza o autismo.
8BURKETT, J. P.; ANDARI, E.; JOHNSON, Z. V.; CURRY, D. C.; DE WAAL, F. B. M.; YOUNG,
L. J. Oxytocin-dependent consolation behavior in rodents. Science, v. 351, n. 6271, pp. 375-
378, 2016.
que uma espécie de roedor, da pradaria altamente social e monogamo
(Microtus ochrogaster), aumenta significativamente durante o tratamento
de grooming9 direcionado aos parceiros em relação aos familiares (mas
não estranhos) que experimentaram um estressor, proporcionando a
consolação social. Os roedores da pradaria também combinam a
resposta ao medo, os comportamentos relacionados à ansiedade e o
aumento de corticosterona do companheiro de gaiola estressado,
sugerindo um mecanismo de empatia. A exposição ao companheiro de
gaiola estressado aumenta a atividade no córtex cingulado anterior e o
antagonista do receptor de oxitocina infundido nesta região aboliu a
resposta dirigida por parceiro, mostrando mecanismos neurais
conservados entre os roedores da pradaria e o humano.
realizado em seres humanos onde nem o examinado (objeto de estudo) nem o examinador
sabem o que está sendo utilizado como variável em um dado momento.
11 Um estudo clínico randomizado controlado ou simplesmente estudo randomizado controlado
(em inglês: randomized controlled trial) é um tipo de estudo científico utilizado em medicina,
psicologia e outras ciências. Trata-se do procedimento preferencial nos experimentos
terapêuticos, sendo frequentemente utilizado para testar a eficácia de uma dada abordagem
terapêutica em uma população de pacientes, ou para coletar informações sobre efeitos
secundários de um dado tratamento. O termo "randomizado" diz respeito ao fato de que os
grupos utilizados no experimento têm seus integrantes escolhidos de forma aleatória. O termo
"controlado" diz respeito a determinadas variáveis que são controladas, buscando-se identificar
a relação entre variáveis.
oxitocina nasal (18 ou 24 UI) ou um placebo para 16 jovens do sexo masculino
com idades entre 12 e 19 anos que foram diagnosticados com autismo. Os
participantes completaram o teste Reading the Mind in the Eyes (RMET), que é
usado internacionalmente para avaliar a percepção emocional, amplamente
utilizado e confiável.
Teste Reading the Mind in the Eyes
O teste Reading the Mind in the Eyes (RMET), Lendo a Mente nos
Olhos, em português livre, foi criado pelo professor, especialista em
autismo, Simon Baron-Cohen da universidade de Cambridge (Inglaterra).
Conclusões
A investigação do reconhecimento de emoção no transtorno do espectro
autista (TEA) tem implicações teóricas e práticas. No entanto, embora muitos
estudos tenham examinado o reconhecimento da emoção facial no TEA,
alguns pontos não são claros. Os resultados aqui demostraram, que as
crianças com TEA, tiveram dificuldade em identificar as emoções faciais. Para
concluir, as dificuldades de reconhecimento de emoção em crianças com TEA
dizem respeito principalmente ao reconhecimento de emoções negativas. Isso
deve ser levado em consideração na pesquisa futura, bem como na concepção
de futuros programas de intervenção, como os sugeridos no presente artigo e
baseado na neurobiologia.
13Em Psicologia, Psiquiatria, Neurologia e áreas afins, diz-se neurotípico do indivíduo que não
apresenta distúrbios significativos no funcionamento psíquico.
Para saber mais
DAVIDE-RIVERA, J. Autism and Face-Blindness: Facial Recognition Difficulties
in Autism.
http://aspiewriter.com/2015/07/autism-and-face-blindness-facial-recognition-
difficulties-in-autism.html
Acesso em: 20 fev. 2018.