Livro Completo - Novo Testamento II
Livro Completo - Novo Testamento II
Livro Completo - Novo Testamento II
NOVO TESTAMENTO II
GOIÂNIA
2022
CRÉDITOS INSTITUCIONAIS
Instituição Mantenedora
Organização Cultural Educacional Filantrópica (OCEF)
Instituição Mantida
Faculdade Assembleiana do Brasil (FASSEB)
UNIDADE I: ANTECEDÊNCIA 9
AULA 1: A GÊNESE PAULINA 9
AULA 2: PERSEGUIÇÃO E MISSÃO 17
UNIDADE II: INTRODUÇÃO ÀS EPÍSTOLAS PAULINAS 25
AULA 3: CANONICIDADE DAS EPÍSTOLAS PAULINAS 25
AULA 4: EPÍSTOLA AOS GÁLATAS 35
6
REFERÊNCIAS 174
7
MÓDULO I: ESCRITURAS CANÔNICAS E
INTRODUÇÃO ÀS EPISTOLAS PAULINAS
8
UNIDADE I: ANTECEDÊNCIA
META
OBJETIVOS
9
orais da retórica”, em outras palavras, eram aplicadas na escrita as mesmas
regras utilizadas na arte do “falar bem em público”. As epístolas possuíam
diferentes características, tais como: carta de repreensão; carta de amizade;
carta familiar; carta estética, destinada à elite; carta oficial.
Keener (2004), explica que, embora os escritores das epístolas do Novo
Testamento não necessariamente tenham recorrido aos elementos
retóricos, é certo que parte do recurso formal daquele tempo já continha
em si certas normas da retórica, por isso, mesmo que os autores não se
dessem conta disso, seus escritos, ou parte deles, em certa medida, foram
elaborados respeitando os protocolos literários da época. Naturalmente os
escritores do Novo Testamento fizeram uso do conhecimento que tinham
para escrever, isso associado, sobretudo, à inspiração divina, resultou nos
livros que conhecemos. Sobre o propósito no envio de epístolas a Igrejas e
a pessoas específicas, o autor diz:
10
2 AUTOR DAS EPÍSTOLAS
11
o instruiu nos estudos da Fé e tradição judaica. O relacionamento mestre-
aluno pode ter se iniciado a partir do evento do Bar mitzvah, cerimônia que
acontecia quando o menino completava 13 anos de idade. O Bar mitzvah
declarava a maioridade e responsabilidade religiosa do garoto e o introduzia
na comunidade judaica.
Paulo era a exemplo de seu mestre, fariseu, zeloso da Lei. O farisaísmo
era uma das facções do Judaísmo que remetia ao período
intertestamentário, já bem estabelecida por volta de 135 a.C. Os fariseus
constituíam a maior e mais influente seita do primeiro século e competiam
com os saduceus e os essênios. Diferentemente dos saduceus, criam na
imortalidade da alma, ressurreição do corpo e na existência de seres
espirituais. Os fariseus detinham princípios extremamente elevados. O que
chamamos de: Antigo Testamento, e os judeus de: Lei, Profetas e Escritos,
eram a base de sua teologia.
De acordo com Tenney (2008), os fariseus “usavam o método alegórico
de interpretação e, assim, dispunham de bastante elasticidade na aplicação
dos princípios da Lei às novas questões que pudessem ser levantadas.
Davam muita importância à Lei Oral, ou Tradição, que observavam
escrupulosamente”. Eram rigorosos quanto a observância das práticas
litúrgicas: oração, jejum, dízimos e a guarda do sábado. De acordo com a
“teologia do remanescente”, linha de pensamento do Judaísmo ortodoxo
da época, um verdadeiro israelita era aquele que obedecia à Lei de Moisés.
Paulo autodenominava-se hebreu de hebreus, não apenas por sua
origem judaica (Fl 3.15), mas também por sua fidelidade à tradição
intelectual e religiosa dos antepassados, mesmo tendo vivido parte de sua
vida em Tarso, cidade inevitavelmente influenciada pela cultura helenista.
Por sua dedicação aos princípios do Judaísmo e o contato com pessoas
importantes como seu mestre Gamaliel, é de se esperar que um futuro
promissor lhe aguardava na sociedade judaica, principalmente na capital da
nação, Jerusalém, onde se encontrava a suprema liderança religiosa.
Saulo possuía cidadania romana por direito de nascimento (At 22.28),
o que sugere que esse privilégio tenha sido obtido por seu pai ou avô, seja
pela retribuição de serviços prestados ao Império ou mesmo pela compra.
“Raramente os judeus se tornavam cidadãos romanos. Quase todos os
judeus que alcançaram a cidadania moravam fora da Palestina (Tenney e
White, 1982). Em pelo menos três momentos Paulo fez uso dessa
providencial prerrogativa: na ocasião da prisão em Filipos (At 16.37-39); em
12
Jerusalém quando orava no templo, antes de ser enviado a pregar aos
gentios (At 22.23-29); ao defender-se perante um tribunal romano quando
apelou para César (At 25.10-12). Por causa da dupla cidadania, ele tinha
dois nomes: Saulo, a forma helenizada do nome hebraico Shaul (ou Saul =
emprestado); e Paulo, o nome gentio, Paulus, cujo significado é:“ pequeno”.
Como apóstolo (enviado) aos gentios, parece ter sido mais adequado optar
pelo nome de origem romana em suas viagens missionárias pelo Império,
sendo apresentado como tal por Lucas, a partir do capítulo treze.
Segundo Carson (1997), a cidade natal de Paulo pode tê-lo conduzido
à sua profissão, por causa de um produto local, o cilicium, muito utilizado
para o feitio de tendas. Lucas o apresenta como fabricante de tendas (At
18.3), ofício que Paulo exerceu mesmo depois de haver iniciado sua jornada
missionária. Era comum os mestres itinerantes receberem pousada,
alimentação e dinheiro dos moradores das cidades pelas quais passavam
compartilhando seu conhecimento, mas Paulo, embora tendo ele mesmo
dito que “...digno é o obreiro do seu salário” (1 Tm 5.18) e eventualmente
recebido ofertas, se recusava a ser “pesado” aos irmãos (1 Ts 2.9).
Paulo falava o aramaico, língua corrente na Palestina do primeiro
século; o grego que era o idioma principal em Tarso; e o hebraico, vernáculo
das Escrituras, que ele tão acuradamente estudou (Gl 1.14). Existe ainda a
possibilidade de que fosse hábil no latim, idioma dos romanos. adquiriu
profundo conhecimento teórico das Escrituras e, depois de sua conversão,
pleno entendimento acerca das verdades divinas contidas no texto sagrado
(Gl 1), “... conforme a revelação do mistério que desde tempos eternos
esteve oculto...” (Rm 16.25). Fato que podemos observar na exposição
doutrinária em suas epístolas.
4 O PERSEGUIDOR DA IGREJA
13
perseguidores, assolando “a Igreja que estava em Jerusalém, entrando nas
casas, arrastando homens e mulheres e os encerrando na prisão” (8.3),
perseguindo-os “até a morte prendendo, e pondo em prisões, tanto homens
como mulheres” (22.4), forçando-os a blasfemar (26.11).
Esta primeira perseguição sofrida pelos cristãos não procedeu do
Império Romano, mas dos próprios judeus, que zelosos da Lei, tal como
Saulo, não aceitavam a Fé dos do “Caminho” (19.9, 23; 22.4; 24.14, 22). Por
anunciar a Jesus de Nazaré como o Messias (Ungido) de Deus, morto e
ressurreto, “... todos, exceto os apóstolos, foram dispersos pelas terras da
Judeia e Samaria (8.1). Todavia, embora perseguidos, os fiéis não cessaram
de testemunhar acerca de Cristo “os que andavam dispersos iam por toda a
parte, anunciando a palavra” (8.4), num primeiro momento apenas às
pessoas de origem judaica.
Dentro e fora dos limites de Israel a Igreja estava crescendo e para os
opositores do Evangelho, sobretudo para Saulo, o avanço da Fé em Jesus
era um grande perigo para a manutenção do Judaísmo. Aquela nova
“crença” era diferente das outras surgidas até então (5.34-39), a dispersão
não seria suficiente para contê-la. A Fé cristã era vista como subversiva,
portanto, além do zelo religioso, e aqui vale lembrar das palavras de Jesus:
“Expulsar-vos-ão das sinagogas; vem mesmo a hora em que qualquer que
vos matar cuidará fazer um serviço a Deus” (Jo 16.2), havia também o
temor pela fragmentação e enfraquecimento da sociedade, já sob o domínio
romano desde a ocupação da Judeia por Pompeu em 63 a.C.
Na perseguição de judeus a judeus, Saulo solicitou cartas oficiais que o
autorizava a perseguir, manietar e extraditar para Jerusalém, os convertidos
das localidades sob jurisdição do Sinédrio. O historiador Justo González
assinala que havia distinção no tratamento aos judeus palestinos e aos
judeus helenistas (como em relação às viúvas de “fala grega”). Ele
argumenta que a decisão do Concílio judaico no caso de Pedro e João após
a cura do coxo (5.40), contrasta com a resolução a respeito de Estevão.
Ainda segundo González:
14
5 A CONVERSÃO DE PAULO
15
SÍNTESE DA AULA
16
AULA 2: PERSEGUIÇÃO E MISSÃO
META
OBJETIVOS
17
indo para Jerusalém, quando na ocasião, viu somente a Pedro e a Tiago,
irmão do Senhor, neste momento já contava três anos desde sua conversão.
Na epístola aos Gálatas Paulo fez a defesa: do seu apostolado; do chamado
que partiu unicamente do Senhor; e do seu ministério que já se desenvolvia
sem que tivesse recebido nenhuma orientação por parte das lideranças da
Igreja, sendo essa, portanto, a razão de sua descrição mais detalhada.
Lucas por sua vez, introduziu Saulo no cenário cristão numa
abordagem histórica dos pontos mais relevantes, como a conversão; a
rejeição de sua mensagem; a fuga de Damasco; a chegada em Jerusalém; a
desconfiança dos discípulos; e a intervenção de Barnabé no relacionamento
de Saulo com os apóstolos, como vemos em Atos (9.1-27). Para Marshall
(1980), os “muitos dias da narrativa de Lucas” estão em conformidade com
os três anos passados antes da visita a Jerusalém de que Paulo fala.
2 O CRISTIANISMO EM ANTIOQUIA
18
essencialmente grega, se tornou ao longo do tempo, uma sociedade mista,
com a chegada dos sírios e “judeus descendentes de colonizadores vindos
da Babilônia” (Tenney, 2008).
Os judeus que habitavam na cidade possuíam autonomia religiosa,
conservavam seus costumes e os cultos. Havia sinagogas na cidade, usadas
para a prática da religião, como local de estudo, assembleias e serviços
tribunais. Nos registros de Lucas iremos observar que a maioria das regiões
visitadas por Paulo possuíam sinagogas, isso se deu nas antigas diásporas
(dispersões). Os judeus haviam sido feitos cativos e espalhados por “quase
todas as cidades do antigo mundo greco-romano” (Nichols, 1985). Como
na tradição judaica era permitida a construção de uma sinagoga desde que
houvesse na comunidade um número mínimo de dez homens judeus, elas
foram construídas sempre que se fizeram necessárias.
Com a ascensão do Império Romano, Antioquia da Síria tornou-se uma
Província Romana, depois de Roma, uma das cidades mais importantes do
Império (Ariès e Duby, 2009). Em 64 a.C. “Pompeu entrou na Síria e depôs
Antíoco XIII, o último da dinastia selêucida” (Harrison, 2010). Em meados
do primeiro século, os judeus de Antioquia ainda gozavam da liberdade
religiosa adquirida por seus antecessores, o Judaísmo era praticado em meio
a uma sociedade politeísta. A Fé num único Deus antagonizava com a
religião greco-romana que, embora não preservasse mais a “robustez” do
período clássico, se mantinha viva no culto ao imperador, “certos cultos
primitivos e a adoração a divindades associadas a certas localidades,
ocupações ou profissões, aspectos da vida etc.” (Nichols, 1985). Neste
contexto, entre 33 e 40 d.C. (Tenney 2008), uma comunidade cristã
começou a se formar em Antioqu ia.
Segundo Keener (2004), “o movimento de Jesus passa de
predominantemente rural na Galileia, para um movimento urbano em
Jerusalém, e daí para um movimento cosmopolita em Antioquia”. Em
algum momento a Igreja que se desenvolvia chamou a atenção dos
apóstolos, e enviaram para lá Barnabé que era natural de Chipre. Ele era um
homem cheio do Espírito Santo e de Fé. Ao chegar em Antioquia exortou
os irmãos “a que permanecessem no Senhor, com propósito de coração”.
Barnabé foi buscar Saulo em Tarso para juntar-se a ele, na cidade que
iria se tornar a base da Missão a outros povos, línguas e nações. Durante
um ano permaneceram ali ensinando aos irmãos, fato que pode ter
contribuído para a constituição de um centro de ensino, onde havia
19
profusão dos dons como nos mostra o capítulo treze de Atos. É certo que
a mensagem centrada no Cristo e o testemunho dos convertidos geraram
tal repercussão nesta cidade que “foram os discípulos, pela primeira vez,
chamados cristãos” (At 11.22-26). Sobre isso Tenney (2008), diz: ‘“Cristão ’
significa ‘que pertence a Cristo ’[...] o nome foi dado evidentemente com
sentido pejorativo, mas o caráter dos discípulos e o testemunho dado por
eles, deu-lhe um significado lisonjeiro”.
Findado o período de um ano, vemos Saulo numa nova viagem a
Jerusalém, desta feita acompanhado por Barnabé e Tito, levando uma ajuda
financeira dos discípulos para os irmãos da Judeia. Se este auxílio ocorreu
em 44 a 46 d.C. como se acredita, então já havia passado cerca de doze a
catorze anos desde sua conversão (At 11.27-30; Gl 2.1-10). Lucas termina
o capítulo doze de Atos, falando do retorno a Antioquia: “havendo
terminado aquele serviço, voltaram de Jerusalém, levando também consigo
a João, que tinha por sobrenome Marcos” (v.25).
20
posição mais proeminente no relato de Lucas. A partir disso ao invés de
Barnabé e Saulo, a comitiva recebeu o nome de: Paulo e Barnabé. Saindo dali,
seguiram viagem para a Ásia Menor (hoje Anatólia, que corresponde à
grande parte da Turquia).
A Ásia Menor comportava na época diversos reinos subordinados ao
Império. A chamada Ásia; Bitínia; Ponto; Galácia; Lícia; Panfília; Cilícia; Psídia;
e Licaônia. A primeira cidade que entraram foi Perge, na Panfília, foi de onde
(Lucas não diz a razão) Marcos decidiu voltar. Paulo e Barnabé seguiram
para Antioquia na Pisídia e como de costume, foram até a sinagoga onde
houve conversões, mas foram perseguidos e expulsos por judeus. Tendo
partido para a região da Licaônia propagaram o Evangelho em Icônio, Listra
e Derbe.
Em Icônio Paulo e Barnabé foram perseguidos pelos judeus e fugiram
para Listra. Em Listra Jesus operou um milagre, e em agradecimento,
mesmo dissuadidos pelos apóstolos, muitos gentios tentaram oferecer
sacrifício em culto a Paulo e Barnabé. Mais uma vez enfrentaram a oposição
dos judeus que apedrejaram Paulo. Ele sobreviveu ao ataque e voltou à
Listra onde se encontrou com Barnabé e partiram para Derbe.
Em Derbe não houve resistência ao Evangelho, dentre os irmãos
designaram obreiros para as Igrejas e retornaram pelo mesmo caminho,
desta vez, pregando em Perge. Depois de concluída a Missão retornaram
para Antioquia (At 13 e 14). Tenney (2008), considera esta primeira viagem
extremamente importante para o ministério de Paulo e para a vida da Igreja
porque “dos acontecimentos desta jornada é que saiu a doutrina paulina da
Justificação pela Fé”.
Foi depois da primeira viagem missionária, que durou por volta de dois
anos, que chegaram em Antioquia, judaizantes que tentavam conciliar a Fé
dos gentios à observância da lei mosaica, ensinando que a circuncisão era
requisito para a Salvação. Os gentios anteriormente convertidos ao
Judaísmo conheciam as Escrituras, mas os que se convertiam diretamente
do paganismo, acolhiam aquilo que do Antigo Testamento aprendiam com
Paulo e Barnabé, eles exerciam o Cristianismo pela Fé e Graça no Salvador
e estavam bem com isso.
21
Paulo e foram então enviados a Jerusalém para expor a grave situação
aos apóstolos. Isso resultou no primeiro Concílio da Igreja. Pedro também
havia sido contestado sobre sua interação com o gentio Cornélio, sendo
somente com a declaração de que após a pregação do Evangelho o Espírito
Santo viera sobre todos, que os apóstolos foram tranquilizados (At 11.18).
Este testemunho teve relevância a favor da causa. Tiago, irmão do Senhor,
um dos líderes da Igreja, também deu seu parecer a favor da evangelização
dos gentios sem a imposição de encargos desnecessários à Fé cristã.
A deliberação final do Concílio foi registrada em carta para Antioquia
e enviada pela Igreja por Judas e Silas, reafirmando a procedência da decisão:
“Na verdade pareceu bem ao Espírito Santo e a nós, não vos impor mais encargo
algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas
sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da fornicação,
das quais coisas bem fazeis se vos guardardes” (At 15 - itálico nosso).
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Macedônia, nesta cidade o Evangelho foi recebido de bom grado. Judeus e
gentios se converteram e se aplicaram a examinar as Escrituras para verificar
se o ensino recebido era correto. Porém judeus de Tessalônica foram até a
Bereia e agitaram as multidões contra eles. Então Paulo partiu sozinho para
a região da Acaia. Em Atenas Paulo “disputava na sinagoga com os judeus;
na praça (Ágora) com os que se apresentavam, inclusive filósofos; e no
Areópago, (supremo tribunal de justiça). “Alguns homens creram; entre os
quais Dionísio, areopagita, uma mulher por nome Damaris, e com eles
outros” (17.34).
Paulo seguiu para Corinto, onde encontrou o casal Áquila e Priscila, e
ficou ali por cerca de um ano e meio, trabalhando na construção de tendas
e pregando o Evangelho. Uniu-se a Silas e Timóteo e retornou à base
missionária na Antioquia da Síria (At 15.40 a 18.22).
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com o ministério paulino e todos os demais missionários que transitaram
por terra e mar no primeiro século, sobretudo no período anterior à
perseguição sob Nero em 64 d.C., culminando consequentemente com a
expansão do Cristianismo. O primeiro fator é a Pax Romana que foi
instituída por ser o Império Romano, naquele momento da história,
invencível. O poder unificado em mãos romanas favorecia a interação dos
povos que estavam sob o mesmo domínio, dando aos obreiros, liberdade
de ir e vir sempre que achavam necessário. Outro fator é a condição das
vias: os mares mais seguros com a extinção do fluxo de piratas e as estradas
bem administradas e monitoradas para impedir os assaltos tão comuns no
mundo antigo (Nichols, 1985).
O ministério de Paulo foi além das viagens missionárias e implantação
de Igrejas. Enquanto escrevia para as comunidades da Fé ou para ministros
em particular, ele estava se tornando um missionário literário. Em número
de livros (as epístolas), Paulo ocupa o primeiro lugar entre os autores do
Novo Testamento, ficando em segundo, logo depois de Lucas apenas em
relação à porcentagem de conteúdo escrito por um único autor. De
qualquer maneira a contribuição do ministério paulino para a expansão da
Fé cristã, bem como a influência direta de suas epístolas sobre os cristãos,
é incomensurável. Suas palavras ainda ensinam, alertam, corrigem, exortam,
inspiram crentes de todo o mundo e, assim permanecerá até a volta do
Senhor.
SÍNTESE DA AULA
24
UNIDADE II: INTRODUÇÃO ÀS EPÍSTOLAS
PAULINAS
META
OBJETIVO
25
Antigo e Novo Testamento, neste encontramos a subdivisão: biografia;
história; epístolas; e revelação. As epístolas também podem ser divididas
em: epístolas paulinas e epístolas gerais. As epístolas paulinas, assim como
os demais livros, foram admitidas no cânon do Novo Testamento por serem
consideradas inspiradas.
Erickson (1992), define inspiração como: “a influência sobrenatural
do Espírito Santo sobre os autores das Escrituras, que converteu seus
escritos em um registro preciso da revelação o que faz com que seus escritos
sejam realmente a Palavra de Deus”. A inspiração permitiu que a revelação
saísse da esfera privada, para chegar à comunidade da Fé. Podemos ver um
exemplo disso no acesso que temos às doutrinas paulinas - a revelação
somente chegou à Igreja porque Paulo foi inspirado pelo Espírito Santo a
escrever aquilo que, conforme sabemos, é literatura inspirada – as epístolas.
Conforme González (1995), “apesar de todo o labor missionário”, as
epístolas são o elemento de maior relevância no ministério de Paulo, mais
importante ainda do que a atividade evangelística exercida por ele, pois “o
trabalho missionário já era levado a cabo por pessoas cujo nome
conhecemos [...], mas também por centenas de cristãos anônimos”. Sendo
assim, guardada as devidas proporções, a expansão do Evangelho nas
localidades por ele percorridas bem poderia ter ocorrido por intermédio
dos evangelistas contemporâneos. Enquanto as epístolas, estas “vieram a
formar parte de nossas Escrituras”, exercendo através dos séculos “sua
influência na vida da Igreja”.
26
• Teoria da Iluminação - Os teóricos explicam a inspiração como uma
percepção expandida, como um reforço mental. Os autores
receberam maior estímulo do que outros crentes, o que os capacitou
a escrever.
• Teoria da Inspiração por Ditado ou Mecânica - Esta teoria sugere
que o Espírito Santo ditou aos autores o que deveriam escrever e,
eles escreveram palavra por palavra mecanicamente sem nenhum
envolvimento intelectual.
• Teoria da Inspiração Conceitual ou Dinâmica - Para os adeptos
desta teoria, o Espírito Santo inspirou os autores com os conceitos
que desejava comunicar, deixando a encargo deles, a escolha das
palavras e a forma de transmitir a mensagem.
• Teoria da Inspiração Verbal e Plena - Esta teoria é assim
denominada por ensinar que foram inspirados os autores: (2 Pe 1.21);
e o texto bíblico: (2 Tm 3.16,17). Para os que assim creem, o Espírito
Santo inspirou os conceitos e as palavras, capacitando os autores a
escolher no arcabouço cultural de cada um, as palavras e os meios para
expressar aquilo que o Senhor queria manifestar. Erickson (1992),
explica que:
27
3 AUTORIDADE DAS ESCRITURAS
28
confissões da Igreja antiga” (Kummel, 2003). Sobre uma das bases da
Reforma, o Sola Scriptura, Stott e Reeves (2017), argumentam:
Se a justificação pela fé é o elemento essencial da Reforma, a
autoridade suprema da Bíblia é seu meio. [..] A Bíblia precisava ser
reconhecida como autoridade suprema e autorizada a contradizer e
anular todas as outras afirmações, ou ela mesma seria anulada. [...] A
simples reverência pela Bíblia e o reconhecimento de que ela tem
alguma autoridade jamais seriam suficientes para provocar a Reforma
(itálico nosso).
29
5 CONTEXTO DO ESTABELECIMENTO DO CÂNON
30
• Marcionismo (séc. I e II) - Dentre outras coisas, ensinava que o
“deus” do Antigo Testamento era inferior ao do Novo Testamento.
Marcião (ou Márcion), seu fundador, desenvolveu e divulgou um
“cânon” particular, no qual constava apenas dez das epístolas
paulinas e uma versão modificada do Evangelho de Lucas.
• Arianismo (séc. III e IV) - Dentre outras coisas, ensinava que Jesus
era um semideus, logo, inferior a Deus. Segundo González (1995),
esta heresia que “deu lugar a controvérsias acaloradas sobre a
Trindade”, em 379 d.C “ainda gozava do apoio do poder político”.
• Eusébio (aprox. 260-340), revela que as doutrinas heréticas dos
primeiros séculos tiveram tanta influência que houve entre seus
seguidores, muitos mártires. “Os primeiros ao menos, os que se
chamam Marcionitas por seguir a heresia de Márcion, também eles
dizem que têm inúmeros mártires, mas ao próprio Cristo não
confessam conforme a verdade”. As heresias elencadas acima e
ainda outras, justificam a necessidade da constituição do cânon do
Novo Testamento. O primeiro a usar o termo “cânon” em referência
à Bíblia foi Atanásio de Alexandria (295-373). Ele se opunha
fortemente aos ensinamentos de Ário e era um perseverante
defensor da doutrina da Trindade.
31
Concernente aos fatos em si, algumas ciências nos fornecem recursos
valiosos para a autenticação dos escritos bíblicos, como a Historiografia; a
Antropologia; a Arqueologia etc. A Bíblia, porém, é um livro que vai muito
além dos relatos factuais, seu cerne é espiritual, neste quesito não
encontraremos nos registros históricos, antropológicos, arqueológicos etc.,
provas cabais de sua veracidade. Para tanto, nos valemos do irrefutável: o
testemunho. O “efeito moral” (Tenney, 2008) observado no testemunho
dos cristãos de todos os tempos, permeia a história e vai além das
comprovações históricas, das análises antropológicas e dos achados
arqueológicos que surgem a cada nova “escavação”.
A Bíblia é o livro que conta a história da Redenção. Falando
especificamente sobre o Novo Testamento, a inspiração “pode ser apoiada
pelo seu conteúdo intrínseco” que é a pessoa e obra do Redentor. Cristo é
a chave hermenêutica para a interpretação, o âmago “desses documentos”,
e essa constatação dá credibilidade ao livro como sendo a Palavra de Deus
(Tenney, 2008). Sendo a Bíblia o livro da Redenção, como diz Erickson
(1992):
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respeito da transmissão da Bíblia vale lembrar que, segundo cremos, a
Providência Divina operou diretamente na difusão do grego comum - Koiné
dialektos. O Koiné dialektos se formou a partir da mistura de vários dialetos
gregos e se tornou idioma oficial do Oriente Próximo, do Egito, da Grécia
e da Macedônia. Nele o Novo Testamento foi escrito, e a partir dele
traduzido.
8 CÓPIAS E TRADUÇÕES
9 A BÍBLIA HOJE
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A Bíblia é inerrante e infalível - leva “luz às nações, possui poder
para guiar os homens a Deus e transforma-lhes o caráter […]. É um
dos livros mais antigos do mundo e, ao mesmo tempo, o mais
moderno. […] Enquanto os homens tiverem fome, desejarão o pão
para o corpo, e enquanto anelarem por Deus e pelas coisas eternas,
desejarão a Bíblia (Pearlman, 2009).
SÍNTESE DA AULA
34
AULA 4: EPÍSTOLA AOS GÁLATAS
META
OBJETIVO
1 APRESENTAÇÃO
A epístola aos Gálatas será a primeira que iremos estudar neste curso.
Vamos seguir o que alguns estudiosos supõem ser a ordem cronológica dos
escritos paulinos, diferente daquela que encontramos no Novo Testamento.
Cientes de que sobre este assunto não há consenso, diante da necessidade
de estabelecermos um ponto de partida, optamos por esta ordem.
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em listas das epístolas paulinas (como a de Marcião) o que demonstra o
reconhecimento de sua importância bem como de sua autenticidade”. Não
se sabe ao certo se Paulo escreveu ele mesmo (em letras grandes) toda a
epístola ou se fez uso do trabalho de um amanuense (escriba), ficando a seu
próprio encargo apenas a conclusão, pois destaca “as letras grandes” com
as quais escreveu de próprio punho, as orientações do último capítulo.
Conjectura-se que as “letras grandes” de que Paulo fala, estão relacionadas
a uma dificuldade de enxergar por causa de uma enfermidade desenvolvida
desde a primeira viagem missionária (4.13-15).
36
(pístis, no grego). A epístola aos Gálatas é considerada a base da doutrina da
Justificação que Paulo irá sistematizar na epístola aos Romanos.
O início da epístola aos Gálatas é peculiar, antes mesmo da saudação,
Paulo reivindica o reconhecimento de seu chamado, procedente, não dos
homens, mas de Cristo e do Pai, e por que não dizer, do Espírito Santo, visto
que, ao que tudo indica, apela para os frutos de seu ministério quando diz:
“os irmãos que estão comigo”. Como “vaso escolhido” para levar o nome
de Jesus “diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel” (At 9.15), seu
apostolado foi sancionado Pelo Espírito Santo: “E, servindo eles ao Senhor,
e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra
a que os tenho chamado” (At 13.2 - itálico nosso). Com firmeza Paulo defende
seu ministério apostólico cujo avanço não contava com a influência dos
irmãos judeus. E sustenta que não esteve submetido às ordens ou
orientação dos apóstolos (1.17-24).
Paulo faz uma grave acusação: aquelas comunidades cristãs estavam
deixando de lado os ensinamentos acerca do Evangelho para dar ouvidos a
perturbadores da Fé, a quem caberia o nome de anátema, ou maldito (1.6-
9). Embora as Igrejas da Galácia fossem compostas em sua maioria, por
gentios, os que tentavam perverter o Evangelho, eram judeus, isso fica claro
pelo rigor em relação à Lei.
Esses judeus, geralmente chamados de “judaizantes”, consciente ou
inconscientemente tentavam transformar a Fé cristã em mais uma das seitas
do Judaísmo, como a dos fariseus, saduceus, essênios e zelotes. Eles eram
“cristãos” provindos do Judaísmo, habituados à observância da Lei, que ao
entrar no âmbito da Igreja, não compreendendo a ação graciosa de Deus na
Salvação, a Justificação pela Fé, ensinavam que os gentios não poderiam ser
salvos a menos que obedecessem a Lei (At 15.1).
Os judaizantes não duvidavam de que a Graça de Deus se manifestara
em Jesus, porém, para eles, a Graça deveria ser conservada pela obediência
à Lei, e esta obediência à Lei era uma marca distintiva dos filhos de Deus.
Ou seja, os judaizantes não viam futuro para uma comunidade
fundamentada no Cristo, se isso significasse a renúncia ao legalismo judaico.
37
5 A TEOLOGIA DOS JUDAIZANTES
6 UM SÓ EVANGELHO
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um Evangelho para os judeus e outro para os gentios (5.11), o que, se fosse
verdade, faria dele um manipulador, um corrupto da Fé. As acusações
contra Paulo, implicava na descrença ao Evangelho que Ele pregava.
Paulo argumenta que o Evangelho que prega é uma revelação do
Senhor. Não entendamos com isso que Paulo fosse contrário ao ensino dos
apóstolos, ou que a revelação a que se referia fosse a respeito dos fatos
ocorridos no ministério de Jesus. Paulo conhecia profundamente o Antigo
Testamento, e a ignorância acerca da trajetória de Cristo, não duraria muito
tempo, depois de sua conversão, se é que ele já não sabia de tudo
detalhadamente quando começou a perseguir a Igreja (1.11-16).
A revelação de que Paulo fala é o entendimento pleno que o Senhor
lhe dera no tocante ao que as Escrituras diziam sobre o Messias, e de como
tudo convergia nEle. O Evangelho de Paulo é a síntese - do que o Antigo
Testamento apresentava e o que tinha sido a vida, a morte, a ressurreição e
ascensão de Jesus. Seu Evangelho é a Palavra de Deus que ele vai chamar
de “o mistério que esteve oculto durante épocas e gerações, mas que agora
foi manifestado a seus santos” (Cl 1.26). As doutrinas paulinas, portanto,
resultam da Palavra de Deus, foram elaboradas a partir de tudo o que o
Senhor o fez compreender do Plano da Redenção.
Paulo não prega um Evangelho diferente daquele ordenado por Jesus
(Mc 16.15), nem se julga o único depositário dos mistérios de Deus (1 Co
4.1). Ele afirma que está cumprindo o chamado do Senhor entre os gentios,
assim como Pedro, entre os judeus (2.7,8,11-14). Embora oponha-se a
atitude de Pedro e também de Barnabé em Antioquia que, estando eles à
vontade com os irmãos gentios, não tiveram coragem de assumir diante dos
judeus vindos de Jerusalém, a igualdade entre todos.
Para Keener (2004), “o fato de se afastarem da comunhão em torno
das mesas com os gentios tornava-os cidadãos de segunda classe, violava a
unidade da Igreja e insultava a cruz de Cristo”. A atitude deles não condizia
com o que havia acontecido quando Paulo esteve em Jerusalém
acompanhado por Barnabé e Tito. Na ocasião alguns “falsos irmãos”, os
espionavam por causa da liberdade que tinham em Cristo. Apesar disso e
do fato de Tito ser gentio, nenhum dos apóstolos exigiu que fosse
circuncidado (2.1-4).
39
7 AS FUNÇÕES DA LEI
8 JUSTIFICAÇÃO
40
Abraão cressem, pela Fé seriam justificados (2.15,16). Se a Lei podia
justificar, então não tinha valor algum a morte de Cristo (2.21). Segundo
Keener (2004): “Embora muitos judeus acreditassem que os gentios
poderiam ser salvos desde que não fossem idólatras, quase ninguém
acreditava que eles pudessem participar da aliança em situação de igualdade
com os judeus enquanto não fossem circuncidados”. Dessa forma, a
imposição da Lei e mais especificamente da circuncisão, contradizia a
essência do Evangelho, da Justificação, não pelas obras da Lei, mas pela Fé
em Cristo.
Ao falarmos sobre Justificação unicamente pela Fé e não por obras,
não podemos nos isentar da responsabilidade de trazer à tona, ainda que
mui brevemente, o texto de Tiago, sobre a Fé e as obras: “Vejam que uma
pessoa é justificada por obras, e não apenas pela Fé. [...] Assim como o
corpo sem espírito está morto, também a Fé sem obras está morta” (Tg
2.24-26). Precisamos atentar para o fato de que o livro de Tiago é
essencialmente prático. Ele aborda Fé e obras no contexto da práxis cristã.
Enquanto Paulo fala da Fé e obras no que concerne à Salvação. Tenney
(2008), chama os dois escritos de “complementares [...] duas faces da
mesma moeda. [...] Em Tiago há uma austera insistência sobre a ética de
Cristo, exigindo-se que a Fé prove a sua existência mediante a produção de
frutos. No entanto, Tiago, não menos do que Paulo, acentua a necessidade
da transformação do indivíduo pela Graça de Deus”. Paulo por sua vez,
“acentua a dinâmica do Evangelho, que produz a ética”.
9 ADOÇÃO
41
queda. (4.4-7). De escravo, o cristão se torna filho e consequentemente
herdeiro das promessas, e templo do Espírito Santo “o qual clama: Aba Pai”
(4.1-7).
10 LEI E GRAÇA
42
Paulo adverte os Gálatas de que vindo Jesus, eles passaram de escravos
a filhos e, portanto, herdeiros. Mas estão se permitindo outra vez escravizar
quando se apegam a costumes (provavelmente impostos pelos judaizantes)
que nada acrescenta, observando “dias especiais, meses, ocasiões específicas
e anos.” Seu zelo por eles é tal que alega estar novamente “sofrendo dores
de parto até que Cristo seja formado neles” (4.4-19).
Enquanto censura aqueles que buscam ser justos mediante a Lei, o que
Paulo chama de “cair da graça” (5.4), orienta que a liberdade não deve ser
usada levianamente, eles são livres para não mais pecar, não para satisfazer
os desejos da natureza humana, antes a liberdade deve ser o meio de servir
uns aos outros em amor (5.13). Esses desejos levam as pessoas a produzir
as obras da carne. Por “carne” devemos entender: a inclinação para o
pecado que a natureza humana adquiriu na queda. As obras da carne não
condizem com a Fé cristã pois os “que pertencem a Cristo Jesus
crucificaram as paixões e os desejos de sua natureza humana” (5.24). As
obras da carne se contrapõem ao fruto que o Espírito quer produzir nos
filhos de Deus (5.17, 22,23) tornando-os mais parecidos com Cristo.
43
SÍNTESE DA AULA
44
45
MÓDULO II: CARTAS ÀS IGREJAS
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UNIDADE III: O RETORNO DO REI
META
OBJETIVOS
1 APRESENTAÇÃO
47
seguiram para Macedônia, entrando primeiramente em Filipos e depois em
Tessalônica. Nesta cidade pregou nas sinagogas por três semanas, não se
sabe exatamente por quanto tempo permaneceu ali, apenas que foi tempo
suficiente para receber ajuda destes, duas vezes (Fl 4.16) e para intercalar a
pregação do Evangelho com o trabalho exaustivo (ele era fabricante de
tendas) para não dar gastos aos irmãos. Houve conversões de judeus e
gentios em Tessalônica, quando Paulo precisou partir por causa da
perseguição dos judeus, deixou ali uma Igreja.
48
importante estrada que ligava Roma a Ásia. Sua localização estratégica
possibilitou rico intercâmbio cultural e crescimento econômico. O nome da
cidade foi dado por Cassandro em homenagem a sua esposa Tessalonike, que
era irmã de Alexandre, o Grande. Cassandro foi um dos quatro generais
herdeiros de Alexandre.
Em Tessalônica habitavam gregos, romanos e judeus, uma população
total de aproximadamente 200 mil pessoas. A cidade era a maior da
Macedônia e possuía ao menos uma sinagoga, onde Paulo por três sábados
discutiu sobre as Escrituras (At 17.1,2). Em Tessalônica havia a prática da
idolatria, segundo Keener (2004), os deuses egípcios Ísis e Serápis, o grego,
Dionísio e o da ilha Egeia da Samotrácia, Cabirus, eram venerados. Além
disso, a sociedade greco-romana era em sua grande parte, promíscua,
práticas hoje questionadas, eram tidas como normais na época. Esta
informação é importante para compreendermos o tom da epístola.
Sabemos que no Mundo Antigo, muitos cultos pagãos incluíam a
imoralidade sexual e, é visível o temor que Paulo tem de que a Igreja se
contamine com a licenciosidade local, de onde os crentes, ainda novos
convertidos, tinham saído. Embora houvesse na Igreja tantos judeus como
gentios (At 17.4), questões ligadas à idolatria, já não era um problema na
comunidade judaica desde o cativeiro babilônico do século VI a.C.
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Paulo havia recebido a notícia de como tinham abandonado a idolatria
(1.9) e se voltado para Cristo, sendo “imitadores daqueles de quem ouviram
a Palavra, se tornando um exemplo para os irmãos da Macedônia e Acaia
(onde se encontrava Corinto), fazendo com que o Evangelho fosse
propagado nessas regiões. O testemunho deles, em tão pouco tempo, já
tinha se espalhado “por toda parte” (1.6-8). A despeito da grande parcela
de gentios entre os convertidos, Paulo diz que Deus os escolheu (1.4), ainda
que “escolhidos” fosse um termo até então aplicado exclusivamente em
referência aos judeus (Keener, 2004). Esses escolhidos, a exemplo dos
irmãos da Judeia que foram perseguidos pelos judeus, também eram
perseguidos por seus compatriotas e permaneciam no Senhor.
Sabe-se que havia judeus perseguidores do Evangelho em Tessalônica
(At 17.5,13), Keener (2004), Lembra que os judeus se opunham “à missão
judaico-cristã entre os gentios”. Por outro lado, não está descartada a ideia
de que entre os perseguidores houvesse também muitos gentios, como as
autoridades locais, dentre outros (At 17.8). Principalmente porque era
comum aos gentios (em época anterior ao Cristianismo), quando
convertidos ao Judaísmo, abandonarem, não apenas a idolatria, mas
também outros aspectos da cultura e até a família, se a prática se repetia em
relação à Fé cristã, bem poderia resultar na ira de gentios contra gentios.
Paulo os lembra de como ele e Silas chegaram à cidade depois de
terem sido maltratados e presos em Filipos. Defende o trabalho deles na
cidade, provavelmente de acusações falsas da parte dos perseguidores
daquela Igreja. Ele diz ter Deus como testemunha de como
desinteressadamente se conduziram entre eles em amor, compartilhando o
Evangelho. Também os recorda de como eles receberam a Palavra de Deus
de bom grado.
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Os gentios novos convertidos eram isolados dos antigos amigos e os
judeus não os aceitavam de pronto, então são orientados a “trabalhar
industriosamente e se comportarem com honestidade entre os que estão de
fora” (Tenney, 2008). Paulo exorta: cada um deve cuidar de seus próprios
negócios, os irmãos devem trabalhar com suas próprias mãos, para não
depender de ninguém. Este ensino vai na contramão da cultura local, pois
para gregos e romanos, o trabalho braçal era desonroso, destinado aos
escravos, ou para aqueles que tendo sido escravos alcançaram a liberdade,
mas permaneciam nas camadas mais baixas da sociedade.
Há, portanto, duas possibilidades, a Igreja local seria composta por
pessoas de uma posição mais elevada, nesse caso a mensagem de Paulo
pode ter encontrado resistência ou, de acordo com Richards (2008), é
possível que se tratasse de uma comunidade de pessoas da classe baixa, mas
que confusos acerca do assunto, estavam se portando ociosamente. De
qualquer forma, não é difícil de saber a quem essas orientações estavam
sendo dirigidas – aos irmãos gentios, porque como diz Tenney, (2008), a
imoralidade sexual e a ociosidade “tinham muito menos probabilidade de
surgir numa comunidade judaica”, por causa do controle exercido pela Lei
a que eram submetidos “desde a infância.
Outra situação, ainda mais delicada naquela Igreja era o temor a
respeito da Vinda do Senhor, sobretudo, em relação aos amados já
falecidos. Numa sociedade gentílica, composta por romanos e gregos, a
ressurreição dos mortos era um assunto de pouco ou quase nenhum
entendimento. Os gregos cuja cultura fora assimilada pelos romanos, não
criam na ressurreição, para eles o corpo se constituía num empecilho, pois
a matéria era essencialmente má. Os judeus, por sua vez, mesmo não tendo
total compreensão, sempre tiveram certa noção, ainda que superficial, sobre
a ressurreição. Elwell (1997), divide os irmãos Tessalonicenses em dois
grupos:
51
6 A VINDA DE CRISTO
7 A RESSURREIÇÃO DO CORPO
Paulo diz pouco tempo depois que já lhes tinha ensinado sobre a vinda
de Jesus quando estiveram juntos (2 Ts 2.5), evidentemente, pelo pouco
tempo em que permaneceu em Tessalônica, não com a profundidade
necessária, a ponto de explicar-lhes sobre a ressurreição do corpo. Eles
acreditavam, tinham esperança no retorno de Cristo, mas o que seria
52
daqueles cristãos que já haviam morrido? Ao contrário do que pensavam, o
crente vivo não desfrutava de nenhum privilégio em relação aos já mortos,
no Senhor.
Paulo diz que: “se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, cremos
também que Deus trará, mediante Jesus e juntamente com ele, aqueles que
nEle dormiram (4.14). A palavra grega anástasis significa: ressurreição. Por
ressurreição não entendamos como o “simples voltar à vida”, como nos
casos milagrosos ocorridos no Antigo e Novo Testamento, nos ministérios
de Elias, Eliseu, Jesus ou dos apóstolos. Nesses casos, os milagres
glorificaram a Deus, mas aquelas pessoas voltaram a morrer depois de
algum tempo.
Na epístola aos Tessalonicenses, particularmente, Paulo tampouco se
refere à ressurreição espiritual, na qual os que outrora mortos em suas
ofensas e pecados, ao crer no Redentor, justificados pela Fé, ressuscitaram
em Cristo (Cl2.12; 3.1; Ef 2.6). Ele está falando da ressurreição do corpo, que
já havia sido ensinada por Jesus (Mt 22.31; Lc 20.35; Jo 11.24).
De acordo com o ensinamento de Jesus, e também de Paulo, a
ressurreição do corpo é definitiva, e haverá dois tipos dela: a ressurreição
dos justos e a ressurreição dos injustos (Jo 5.28,29; At 24.15). Os justos
ressuscitarão para a vida e os injustos, para a condenação eterna. Aos
Tessalonicenses, nesta primeira epístola, Paulo foca na ressurreição dos
salvos. Ela ocorrerá na ocasião do Arrebatamento da Igreja.
53
8 O ARREBATAMENTO DA IGREJA
Paulo diz, “[nós]” os que ficarmos vivos” quando Cristo voltar? Será
que Paulo esperava que Jesus viesse ainda durante a sua época? [...]
Paulo pode estar simplesmente identificando duas categorias, os
mortos e os vivos. Ele deve estar entre os vivos porque é lógico que
ele não tinha morrido. É mais provável, porém, que Paulo tivesse a
esperança de que Cristo viesse durante seu tempo de vida. Jesus
deixou bem claro que ninguém sabe a data (Mt 24.36). [...]
Considerando, então, que a Volta de Jesus seria iminente, Paulo, na
verdade, nos dá um exemplo. Como o apóstolo, vemos a nós
mesmos como membros daquela última e feliz geração que não verá
a morte, mas que estará viva quando o Senhor Voltar (Richards,
2008).
54
este caminho e ficaram envergonhados. Jesus não marcou dia nem hora, na
realidade deixou claro que este assunto era prerrogativa do Pai. Mas
destacou que haverá sinais indicativos de seu retorno. (Mt 24.15, 21,29). O
objetivo desses sinais é manter a Igreja alerta (Mt 25.1-13; 2 Pe 3.3,4),
exatamente como Paulo diz aos irmãos de Tessalônica: “Portanto, não
durmamos como os demais, mas estejamos atentos e sejamos sóbrios” (5.1-
6), porque o Senhor virá inesperadamente, “mas os cristãos que sabem de
sua ocorrência não serão apanhados de surpresa” (Marshall, 2007). E uma
coisa é certa, aqueles que permanecerem no Senhor, não terão o que temer.
Paulo finaliza a epístola orientando os irmãos a amarem e respeitarem
aqueles que ministram (servem) entre eles. Os cristãos precisam se
submeter ao Espírito, receber as profecias, examinar tudo e reter o bem.
Afastar-se de toda a aparência do mal, sendo santificados no corpo, alma e
espírito. Finalmente os responsabiliza de colocar toda a Igreja local a par
do conteúdo da carta (5.11-28).
SÍNTESE DA AULA
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AULA 6: II EPÍSTOLA AOS TESSALONICENSES
META
OBJETIVOS
1 APRESENTAÇÃO
56
2 AUTORIA, DATA E DESTINATÁRIO
57
Paulo não lhes teria ensinado uma revelação que não partisse das
Escrituras do Antigo Testamento, ou do ensino de Jesus. Como já foi
esclarecido em outra aula, o Evangelho pregado por Paulo, ia de encontro
a tudo o que Deus já havia falado, mas que estava envolto em mistério até
que o Espírito Santo lhe revelou e ensinou profunda e sobrenaturalmente
(Jo 14.16). Richards (2008), acredita que, se esses irmãos sabiam das
palavras dos profetas do Antigo Testamento e de Jesus, sobre a “Grande
Tribulação” como um evento do fim dos tempos, dada a angústia sentida
pela perseguição e o “rumor de que Paulo havia dito que seus problemas
eram uma evidência de que este era o tempo do fim, e que Jesus estava
prestes a voltar”, não é difícil entender a razão de eles acreditarem estar
vivendo o “Dia do Senhor”.
Paulo quer que os Tessalonicenses deixem de lado os rumores em
benefício da verdade. “Portanto, irmãos, permaneçam firmes e apeguem-se
às tradições que lhes foram ensinadas, quer de viva voz, quer por carta
nossa” (2.15). “Tradições” aqui, “significava antes um conjunto de
doutrinas que, orais embora, foram cuidadosamente preservadas e
formuladas com exatidão. Esta tradição, além disso, era não só autêntica
como caracterizada pela autoridade [...] (3.14)” - Tenney (2008).
4 O DIA DO SENHOR
58
períodos de tempo ou, dispensações, em que as ações e exigências de Deus
são pontualmente distintas. Sobre os acontecimentos relacionados ao fim
dos tempos não nos é possível no momento, citar todas as interpretações
existentes, nem suas variantes mais atuais, mas vamos compartilhar algumas
a seguir:
I. Argumento pré-tribulacionista - pré-milenista (dispensacionalista): Segundo
esta interpretação, o Dia do Senhor começa com o arrebatamento
da Igreja que, é invisível para os não salvos e ocorre antes da Grande
Tribulação, no final da Dispensação da Graça. Neste momento
acontece a primeira ressurreição dos santos, para que sejam juntamente
com os vivos transformados, arrebatados. Terminado os sete anos
da Grande Tribulação, Jesus desce sobre o monte das Oliveiras
(Zc14.4) de forma visível e em Glória. Então vence o anticristo e o
falso profeta (bestas de Apocalipse 13). Cristo prende Satanás; e
então ocorre a segunda ressurreição dos santos que, foram mortos
durante a Grande Tribulação e juntos com os remanescentes do
julgamento das nações irão participar do Milênio. Depois de mil
anos Satanás é solto e volta a enganar as nações; luta contra Deus;
é derrotado e lançado no lago de fogo e enxofre, assim como a
morte, o falso profeta e os ímpios de todos os tempos (que
ressuscitam na terceira ressurreição, esta, para a vergonha e desprezo
eterno - Dn 12.2). O lago de fogo e enxofre é o que João chama de
“a segunda morte” (separação eterna de Deus); e finalmente os
santos desfrutam da eternidade com Deus (Ap 20 e 21).
II. Argumento midi-tribulacionista – pré-milenista - Segundo esta
interpretação, Jesus virá no final dos primeiros três anos e meio da
Grande Tribulação, que segundo creem, durará ao todo, sete anos.
Os salvos serão levados antes que comece o momento mais
tormentoso, e depois Cristo estabelecerá o milênio.
III. Pós tribulacionista – pré-milenista – Esta linha interpretativa se divide
em duas, a primeira afirma que a Grande Tribulação já está em
curso e que no final dela Cristo virá. A segunda afirma que a Grande
Tribulação ainda não começou e que sua ocorrência será tão terrível
como em Mateus 24, Marcos 13 e Apocalipse 7 e somente no final
dela, ou seja, sete anos depois é que, num momento único, Cristo
voltará. Para eles, o milênio é literal e começa quando Cristo descer
sobre o montes das Oliveiras (Zc14.4).
IV. Argumento pós-milenista – Esta corrente interpretativa defende que o
milênio é o reinado “espiritual e não geográfico de Jesus”, sendo
59
assim, onde houver salvos “que reconhecem sua soberania sobre
suas vidas, aí está o reino de Deus (Shedd, 1983).
V. Argumento amilenista – Nem todos concordam com a existência de
um reino milenar de Cristo na terra, seja antes ou depois de sua
Vinda. Conforme a definição de Menzies e Horton (1995), “não
haverá um reino terreno de Cristo [...] os amilenistas veem o retorno
de Cristo como um único evento”. “Para os amilenistas, o milênio
não virá no fim do mundo, mas é um símbolo do período da
existência e da ação da Igreja na história, no fim do qual acontecerão
a segunda vinda de Cristo, a ressurreição, o juízo final e a vida
eterna” (Kaschel e Zimmer, 1999). O pós-milenismo foi muito
“popular” no séc. XIX, mas “é “defendido por poucos intérpretes
contemporâneos” (Tenney, 2008).
4 APOSTASIA
5 O HOMEM DO PECADO
60
“muitos anticristos têm surgido” ou o “espírito do anticristo que já está no
mundo”.
Para Richards (2008), “a nota adicional de que ele ‘se assentará, como
Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus ’claramente identifica
este evento com uma predição sobre o fim dos tempos, manifestada por
Daniel em sua profecia (11.31,32) e confirmada pelo próprio Senhor Jesus”
(Mt 24.15). No que diz respeito à Israel, pelos registros históricos do
período interbíblico sabe-se que Antíoco Epifânio se encaixa perfeitamente
no perfil apresentado em Daniel 11 (1 Macabeus; Flávio Josefo séc I d.C).
Em sentido restrito, o anticristo é alguém que será “levantado” no fim
dos tempos para cumprir os desígnios do mal no período conhecido como
a “Grande Tribulação”. Ele não é Satanás, mas um homem que virá
segundo a sua eficácia, é a personificação de tudo o que se opõe a Deus. O
anticristo costuma ser entendido como a besta que subiu do mar como João
descreve no último livro do Novo Testamento (Ap 13.4-8). Este homem
“não é chamado de homem do pecado em nenhum outro livro da Bíblia”,
a não ser na segunda epístola aos Tessalonicenses. Ele, porém, não surgirá
até “que seja retirado o obstáculo que bloqueia” o seu aparecimento.
Quando finalmente ele vier o ‘“Senhor o matará com o sopro da sua boca’,
isto é, com sua palavra, uma simples ordem divina” (Shedd,1983).
Aparentemente, Paulo não tem dúvidas a respeito do que ou de quem
impede que o anticristo se levante, ele também demonstra acreditar que os
Tessalonicenses entenderão do que se trata, ele provavelmente tinha lhes
falado pessoalmente, porque não dá explicações, somente diz que eles
sabem. Há diversas interpretações sobre este texto, iremos registrar algumas
delas abaixo:
I. A primeira teoria é a de que era a autoridade do Império Romano,
referindo-se à ordem geral da lei e do bom governo (Carriker, em
Fides Reformata, 2002).
II. A segunda teoria é a de que era a autoridade de um ser celestial,
como um anjo.
III. A terceira teoria é a de que seria o fato de não ser ainda o tempo de
Deus permitir sua manifestação.
IV. A quarta teoria é a de que seria o poder do Evangelho.
V. A quinta teoria é a de que seria o ministério da Igreja de Cristo.
VI. A sexta teoria e mais aceita na interpretação dispensacionalista,
ainda que não seja um consenso, é a de que seria o Espírito Santo
61
que, embora continue agindo entre os filhos de Deus no período da
Grande Tribulação, por ser “como a alma do Corpo de Cristo que
é a Igreja”, não estará na terra como antes do arrebatamento
(Henry).
Há também muitas teorias sobre quem seria o anticristo, alguns
acreditam que ele seja um líder político de importância mundial; ou um
carismático líder religioso, etc., mas a verdade é que, o esforço para
identificá-lo neste ou naquele, não é necessariamente produtivo. O mais
importante não é saber ao certo quem ele é, ou quando irá aparecer, mas
estar pronto para a Vinda do Senhor.
6 CRISTO VEM
62
Shedd, (1983), lembra que a “nossa prioridade”, enquanto Cristo não vem,
deve ser servir “como Cristo serviu, dentro do mundo como sal e luz.
Aguardar a vinda implica na santificação da Igreja de Cristo”.
7 SAUDAÇÕES FINAIS
SÍNTESE DA AULA
63
UNIDADE IV: EMBAIXADORES DO REI
META
OBJETIVOS
1 APRESENTAÇÃO
Foi em Corinto que Paulo reencontrou Silas e Timóteo depois que estes
saíram da Bereia e com quem retornou à base missionária em Antioquia da
Síria, também foi onde conheceu o casal Áquila e Priscila, judeus que
64
exerciam a mesma atividade econômica que ele, a construção de tenda e
com quem estabeleceu forte ligação. Na sinagoga de Corinto, Paulo se
reunia com judeus e gentios todos os sábados para lhes transmitir a Palavra
de Deus, porém muitos judeus rejeitaram o Evangelho, então Paulo decidiu
focar seus esforços nos gentios, mas não antes de ver Crispo, o principal da
sinagoga entregar sua vida a Cristo e ser batizado juntamente com sua
família. Paulo pregou a mensagem de Salvação na casa de Tício Justo, um
gentio temente a Deus, naquela casa muitos outros ouviram o Evangelho,
creram e foram batizados (At 17,18).
65
artefatos encontrados na escavação da Corinto do primeiro século foi
encontrado parte da inscrição de uma sinagoga (Price, 2006 – At 18.4).
Na cosmopolita Corinto, o contraste social era bem acentuado, os
escravos estavam na classe mais baixa da sociedade; pouco acima deles
estavam os escravos libertos que, em sua maioria tinham se mantido na
pobreza; e no topo estava a aristocracia estabelecida sobretudo, por conta
da prosperidade das atividades comerciais. A cidade possuía templos às
divindades gregas, dentre elas, Afrodite (a Vênus dos romanos) deusa do
amor, dos prazeres e do riso. Os cultos a essa divindade eram compostos,
dentre outras coisas, por orgias sexuais, oferecidas pelos fiéis com as
“prostitutas sagradas” do templo. Embora não haja um consenso, muitos
estudiosos acreditam que esta forma de culto ainda existia nos tempos de
Paulo. O que se pode afirmar é que, Corinto combinava elementos da
cultura greco-romana, às religiões de mistério da Pérsia e Egito com a
riqueza ascendente, tornando aquela sociedade, profundamente idólatra,
soberba e imoral.
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notícias melhores a respeito deles. Pelo tempo em que Paulo esteve na
cidade teve a oportunidade de lhes ensinar a Palavra, mesmo assim eles
tinham muitos problemas espirituais e sociais. Paulo denuncia a existência
de facções naquela comunidade, ele considera as divisões como algo tão
grave que ocupa boa parte da epístola falando disso (1.1-12).
Chegou até Paulo, a notícia de que havia na Igreja uma divisão. Quatro
grupos de pessoas disputavam entre si, buscando a primazia. Paulo combate
as divisões dizendo que embora os servos de Deus atuem diretamente na
obra da evangelização, ensino e cuidado da Igreja, Deus é o responsável por
seu crescimento. Os facciosos estavam organizados dessa forma:
Partido A – O grupo que dizia “eu sou de Paulo”, quiçá, era formado
pelos que o valorizavam pelo fato de ser ele o fundador. Paulo rejeita
prontamente toda e qualquer preeminência entre os irmãos.
Partido B – O grupo que dizia “eu sou de Apolo” parece ser o que
priorizava a retórica daquele que Lucas define como “eloquente e
poderoso nas Escrituras” (At 18.24). Paulo diz nesta epístola (16.12),
que insistiu com Apolo para que fosse até Corinto, mas ele se recusou
por não crer ser o momento certo. A atitude de Apolo demonstra que
ele não concordava com a sublimação que lhe era atribuída.
Partido C – O grupo que dizia “eu sou de Cefas”, teoricamente, buscava
um retorno às raízes judaicas, e por isso era evocado o nome aramaico
“Cefas” ao invés de Pedro, numa tentativa de mostrar afinidade com a
“Igreja mãe” em Jerusalém. O grupo poderia ser formado por judeus
que questionavam a autoridade apostólica de Paulo, destacando a figura
de Pedro como o apóstolo que andou com Jesus. Tenney (2008), diz
que ainda que não haja registro de uma visita de Pedro a Corinto é
“quase improvável que certa facção da Igreja Coríntia o invocasse
como seu campeão se naquela altura não tivesse havido qualquer
contato pessoal com ele”.
Partido D - O grupo que dizia “eu sou de Cristo” era, como se pode
depreender, exclusivista, desprezava toda e qualquer liderança humana.
Por não se submeter aos irmãos, estava também desprezando a
liderança de Cristo, manifesta na boa aplicação dos diferentes dons
dados para o crescimento.
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A maioria daqueles irmãos era composta por pessoas de pouco
conhecimento e de origem simples, Paulo os lembra de como lhes pregou
uma mensagem que podiam entender, o Cristo crucificado. Ele contrasta
a sabedoria humana tão valorizada pela cultura greco-romana à divina, que
procede de Deus. Aquela comunidade cristã não resultava do poder de
discursos pautados na sabedoria terrena, mas do Evangelho pregado no
poder do Espírito Santo (1.13-2.16).
Paulo atribui as dissensões ao fato de eles serem ainda carnais
(carne=sarkikós, no grego), “sua perspectiva e comportamento expressam a
natureza pecaminosa da humanidade” (Richards, 2008). Ele ainda não
poderia lhes falar como a maduros na Fé, porque eram meninos. Ele
compara a Igreja a uma plantação (lavoura de Deus) e a uma construção
(edifício). Cristo é o alicerce, a pedra estrutural da construção, sobre a qual
está o fundamento dos apóstolos. Este fundamento é o ensino, a doutrina
com que os apóstolos, inclusive ele, servem o corpo de Cristo. Nenhum
deles se sobrepõe ao outro, todos são igualmente necessários e importantes
na obra do Senhor (3.11; Ef 2.20). Paulo alerta sobre o valor que tem o
corpo de Cristo, que é a Igreja, como habitação do Espírito Santo. Portanto,
não apenas os apóstolos, mas todos os cooperadores de Deus que, com
seus dons atuam sobre ela, terão o seu trabalho avaliado por Cristo.
Da mesma forma que os apóstolos servem a Igreja do Senhor, os
demais crentes também são chamados a servir uns aos outros, inclusive no
trabalho de liderança (12.28). Paulo se diz cônscio de estar cumprindo o seu
ministério com fidelidade e os convida a imitá-lo. Também diz que está
enviando Timóteo para ajudá-los enquanto ele mesmo se prepara para ir ter
com eles, quando poderá verificar as ações dos arrogantes (3.1-4.21).
68
7 A IMORALIDADE NA IGREJA
69
irmãos acerca da importância da santificação do corpo, os levava a
reproduzir aquilo que a cultura ditava, pecando contra o “santuário do
Espírito Santo”. Paulo os convoca a glorificar a Deus com seus corpos. “O
corpo, porém, não é para a imoralidade, mas para o Senhor, e o Senhor para
o corpo”. (6.9-20).
8 O MATRIMÔNIO
70
o cônjuge cristão não deve se separar, mas se for abandonado, fica livre
para contrair novo matrimônio, no Senhor. Os cônjuges incrédulos e os
filhos são santificados por meio daquele que serve a Deus. “Isso não quer
dizer, que um cônjuge crente pode salvar o outro, nem aos filhos” (Henry).
Mas que desfrutam das bençãos que Deus dá à família por causa daquele
que tem a Salvação. De acordo com o ensino de Paulo, o cônjuge salvo
deve buscar de todas as formas possíveis ser um exemplo dentro do lar, a
fim de ganhar sua família para Cristo (7.1-16, 25-40).
10 OS DIREITOS DO APOSTOLADO
71
11 OS ÍDOLOS NADA SÃO
12 AS MULHERES CRISTÃS
72
levianas, infiéis, desobedientes. O costume era cumprido entre as mulheres
de algumas culturas, mas não era um hábito das de Corinto, ao chegar na
comunidade da Fé, aquelas que pertenciam à classe alta, “ansiosas por exibir
o penteado da moda, desprezavam esse costume. Paulo tinha de lidar com
um choque de cultura na Igreja, entre a moda da classe alta e a preocupação
da classe baixa com a violação da moralidade sexual” (Keener, 2004).
Paulo fala da “cabeça” como símbolo de autoridade e liderança, assim
como Cristo é a cabeça do homem, o homem é a cabeça da mulher. Do
mesmo modo que ao manter a cabeça coberta, a mulher honra a seu marido,
o homem ao mantê-la descoberta, honra a Cristo. Enquanto a mulher se
mantém no costume das Igrejas de Deus, com seus cabelos compridos, os
homens preserva-os curtos. Paulo diz que, “no Senhor, todavia, a mulher
não é independente do homem, nem o homem independente da mulher”
(11.1-16).
14 OS DONS ESPIRITUAIS
73
declarar Jesus como Senhor. Sobre os primeiros versículos do capítulo
doze, Richards (2008) entende que:
De acordo com Paulo, os dons procedem de Deus para “o que for útil”
e aqueles que os recebem, não os recebem por mérito próprio, não devem
por isso, ser a causa de vanglória entre os irmãos. Também não são
distribuídos na comunidade da Fé para a edificação particular, devem ser
audíveis e compreensíveis para a edificação de todos.
Havia em Corinto profícua atuação do Espírito Santo através dos dons
de línguas, mas Paulo alerta que os cristãos devem priorizar a profecia
quando as línguas não puderem ser interpretadas, principalmente para o
caso de haver pecadores entre eles, pois assim, não ficam confusos sobre o
que não entendem e podem ser alcançados pela mensagem. Ele sugere que
busquem os melhores dons, os quais em sentido geral, imaginamos, além
do de profecia, sejam os que ainda faltam, numa comunidade. Nisto
percebemos a importância da diversidade de dons, porque incide sobre as
necessidades do corpo de Cristo.
Richards (2008), acredita que a abordagem de Paulo nos capítulos doze
a quatorze não tem como foco apenas os dons, mas acima de tudo, a
espiritualidade. O relacionamento deles com o Senhor é o mote desses
capítulos, porque é o que norteia todas as ações da Igreja inclusive em
relação à administração dos dons. Paulo fornece a eles um teste de
espiritualidade. “Um teste [...] arrasador para aqueles que através de sua
arrogância e orgulho asseveram ser superiores. A pessoa verdadeiramente
espiritual é caracterizada pelo amor”. Podemos entender melhor essa
questão se a ligarmos ao fruto do Espírito de que Paulo fala aos Gálatas
(5.22). Paulo chama o amor de “um caminho ainda mais excelente” que “ao
contrário das “profecias, línguas e conhecimentos, nunca perece (12,13,14).
74
15 A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS
Paulo inicia seu ensino sobre a ressurreição trazendo à baila uma prova
irrefutável, a ressurreição do próprio Jesus. Ele desafia os que duvidam da
realidade da ressurreição, pois se não existe ressurreição, logo, Cristo não
ressuscitou e, se Cristo não ressuscitou é tão inútil a sua pregação como a
Fé que um dia depositaram em Jesus. Então evoca o testemunho de
Salvação daquela Igreja, pois eles creram no Senhor ressurreto e tiveram
suas vidas transformadas, por conseguinte, se a mensagem de que Cristo
ressuscitou é verdadeira, os salvos também ressuscitarão.
Embora, assim como como acontece com a semente que é plantada na
terra, o corpo ressurreto trará em si a essência do que foi um dia, mas em
posse de atributos nunca antes experimentados, o corpo do salvo será
espiritual e incorruptível. É nisto que consiste a superioridade do corpo
ressurreto, ele é espiritual, semelhante ao corpo daquele que veio do céu,
que é Cristo, em contraposição ao corpo outrora natural, como daquele que
foi criado do pó da terra, Adão. Para Richards (2008):
75
16 A CONTRIBUIÇÃO FINANCEIRA
Paulo dá orientações sobre a coleta dos recursos que irão ofertar aos
irmãos de Jerusalém, ele espera estar presente na ocasião quando irá
escrever cartas de recomendação para os mensageiros escolhidos por eles
para levar o dinheiro, nisto Paulo demonstra uma preocupação com a
transparência no trato com os recursos da Igreja.
17 SAUDAÇÕES
Paulo diz aos Coríntios que ainda pretende ficar um tempo em Éfeso
porque seu trabalho está sendo abençoado ali, mas que espera visitá-los. Ele
avisa que Timóteo irá até eles acompanhando Estéfanas, Fortunato e
Acaico, irmãos cuja visita muito o alegrou. Paulo pede que Timóteo seja
muito bem tratado enquanto estiver com eles. Também orienta a Igreja a se
submeter a pessoas como os da família de Estéfanas e a todos os
verdadeiros cooperadores de Cristo. Neste direcionamento Paulo não está
sugerindo que irá liderá-los de longe, através desses irmãos, mas que deseja
que a aquela comunidade da Fé seja assistida por pessoas alinhadas à
mensagem de Cristo. Ele se despede com saudações de Áquila e Priscila
que estão com ele (16).
SÍNTESE DA AULA
76
AULA 8: II EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS
META
OBJETIVOS
1 APRESENTAÇÃO
77
esta é, não uma, mas duas epístolas que foram posteriormente unificadas.
Para o nosso estudo este pormenor não será considerado, já que não há
evidências, somente teorias sobre isso.
O que se sabe com certeza é que, antes desta epístola, Paulo havia
escrito aos Coríntios, pelo menos duas vezes (sendo uma das cartas
extraviadas) e enviado a eles, primeiramente Timóteo e depois, Tito.
Mesmo depois desse esforço, as notícias recebidas por Tito o motivaram a
escrever de novo para demonstrar sua gratidão pela vida dos irmãos, mas
também para dar cabo do que ainda estava por resolver. Segundo Tenney
(2008): “Rivais que se intitulavam a si mesmos apóstolos, apoiados pelas
Igrejas, e que se gabavam da sua ascendência judaica e da sua atividade
como ministros de Cristo tinham invadido Corinto, e humilhado Paulo
perante a Igreja”.
78
Paulo se apresenta como “apóstolo de Jesus Cristo pela sua vontade”
que escreve à “Igreja de Deus com todos os santos da Acaia”. Ele lhes conta
sobre as duras provações vividas em Éfeso, e de como chegou a duvidar se
sairia de lá vivo. E testemunha que a perseguição a que foi exposto lhe foi
útil para deixar de se fiar em si mesmo, depositando sua Fé unicamente em
Deus. Afirma sua sinceridade diante de Deus e dos irmãos Coríntios, na
missão executada entre eles na sabedoria divina e não na sua própria -
humana.
Paulo se defende de possíveis acusações da Igreja pela mudança de
planos para a ida à cidade. Ele sabia que se fosse enquanto estava triste com
a situação ainda persistente na Igreja, não seria bom para eles, quem sabe
se fosse dizer-lhes pessoalmente o que vemos nos capítulos dez a treze, a
situação resultaria em maiores contendas. Paulo age com sabedoria em
transmitir as verdades enérgicas por carta ainda que, se prontifique a ser tão
rígido pessoalmente caso seja necessário (1.1-2.4).
4 DISCIPLINA E PERDÃO
79
mesmo, ele faz uma analogia do triunfo de Cristo e de seus servos, com o
“desfile triunfal” dos romanos. Nestes desfiles, os generais vitoriosos nas
batalhas juntamente com seus soldados, conduziam os prisioneiros de
guerra, e “outros espólios tomados na campanha militar” (Richards, 2008).
Para os vitoriosos era um momento de glória, mas de profunda
humilhação para os vencidos. “Cristo havia triunfado e agora levava aqueles
que criam nEle como seus cativos [...]. Paulo se orgulha na imagem dos
cristãos como povos levados cativos por Cristo [...], e esse prisioneiro, ele
mesmo, oferece ações de graças”. Era comum tanto entre os hebreus,
conforme registrado “no Antigo Testamento como em outras expressões
de Fé, o uso do incenso durante os sacrifícios, para sufocar o mau cheiro
da carne queimada, podendo-se dizer o mesmo nas celebrações romanas”
(Keener, 2004). Paulo diz:
80
coberto pelo véu. Os israelitas, no entanto, não puderam entender a Aliança
mediada por Moisés, por isso não podiam olhar para a glória que estava em
seu rosto. Da mesma forma que, por terem um véu em seus corações, ao
ler a Antiga Aliança não podiam ver a Cristo.
Paulo compara as duas Alianças dizendo que se era glorioso o
ministério que produzia condenação, muito mais será o que produz justiça.
A Nova Aliança resulta nos crentes, “um desenvolvimento e uma
glorificação duradoura” diferente, portanto, da “glorificação temporária de
Moisés quando recebeu a Lei do Senhor”, nisto consiste “a superioridade
da nova aliança” (Marshall, 2007). Somente quando alguém se volta para
Cristo é que o véu é retirado e a pessoa pode finalmente ver e refletir esta
glória. E o Senhor que é o Espírito, a transforma segundo à sua imagem
gloriosa, tornando-a mais parecida com Ele.
Como um dos ministros desta Nova Aliança, Paulo se coloca como
pregador, não de si mesmo, mas de Cristo, e servo dos irmãos por causa de
Cristo. Ele se considera depositário de um tesouro que é a glória de Deus
na face de Cristo, mas isso se mantém em vasos de barro, para que a glória
seja de Deus e não dos crentes. A figura do tesouro nos vasos de barro tão
comuns, frágeis, e facilmente substituídos remete à grandeza de Deus, em
contraste com a fraqueza e dependência dos seres humanos (3.4-4.11):
81
7 NOVA CRIAÇÃO E RECONCILIAÇÃO
82
9 JUGO DESIGUAL
10 ARREPENDIMENTO
83
11 GENEROSIDADE
84
12 DEFESA DO MINISTÉRIO
Paulo muda o tom de seu discurso nos capítulos que se seguem. Ele
avisa a alguns dentre os Coríntios de que não é sua intenção agir com dureza
quando for ter com eles, mas que pode fazê-lo se necessário. Ele se dirige
aos que o acusam de ser rígido por carta, mas tímido e desprezível
pessoalmente. Os inimigos de Paulo o avaliavam segundo seus próprios
critérios, inspirados na cultura da época, não nas Escrituras.
Para os gregos, a “brandura ou mansidão”, era considerado sinal de
“humilhação e só a consideravam própria para pessoas de condição social
inferior”. A opinião daqueles influenciados por esse pensamento era a de
que Paulo era mesmo inferior, porque era com os simples e com os pobres
que se identificava. Quanto à sua palavra, Paulo não se julga um orador
eloquente, mas sabe que tem conhecimento de Deus, e ensina com
propriedade, porque vive o que ensina. “Mesmo que os melhores oradores
depreciavam suas habilidades oratória visando com isso baixar as
expectativas da audiência. Seus escritos atestam um nível mais elevado do
que a maioria das pessoas de seu tempo” (Keener, 2004).
Os que o ofendem estão se deixando levar por conceitos mundanos.
Ele justifica que seu ministério não é baseado nos padrões humanos. As
armas com que enfrenta os argumentos desses falsos obreiros, não são
humanas, mas espirituais. Paulo decide que não irá fazer como aqueles que
se autoavaliam por seus próprios padrões. Tanto o reconhecimento como
a aprovação, devem vir de Deus e não de si mesmo. Ele espera ser
compreendido e aceito pela Igreja e rememora seu amor desinteressado,
não recebendo salário deles nem de outra Igreja, para ensiná-los. Paulo diz
que mesmo nos momentos de dificuldades, para não lhes ser pesado,
somente aceitou as ofertas voluntárias dos irmãos da Macedônia (10.1-
11.15).
13 GLORIANDO-SE NO SOFRIMENTO
85
itinerantes, especialmente os de raízes palestinas, podiam reivindicar a
autoridade numa tradição anterior a Paulo” Keener (2004).
Ele se gloria no sofrimento pela causa de Cristo, nas coisas que
mostram sua fraqueza e não sua força, e elenca: espancamentos; prisões;
risco de morte no apedrejamento e naufrágios; perigos em rios e com
assaltantes; nos ataques de gentios, judeus e falsos irmãos em Cristo; em
cidades, em desertos e no mar. E inclui a dificuldade enfrentada: nos longos
percursos em viagens; no trabalho árduo; nas noites sem dormir; na fome
e sede que passou; nos jejuns; e nas poucas roupas para se aquecer do frio.
Além das lutas e dificuldades pessoais, Paulo ainda se diz fortemente
consumido pelas dores dos irmãos (11.16-33).
14 EXPERIÊNCIAS ESPIRITUAIS
86
avisa que irá visitá-los, mas se mostra apreensivo, pela situação em que
poderá encontrá-los:
Paulo deseja que a carta seja suficiente para alertá-los acerca da verdade,
de modo que não seja necessário aplicar-lhes a correção, mas declara que se
ainda houver problemas, ele irá resolvê-los, não pela própria força, mas pela
de Cristo que fala por seu intermédio. O mesmo Cristo que foi crucificado
em fraqueza, mas em poder, habita nele e lhe concede autoridade profética
para a edificação da Igreja. Ele os aconselha a fazerem um autoexame a fim
de que se certifiquem de terem sido aprovados por Deus. Paulo se despede
da Igreja conclamando-a ao aperfeiçoamento, à paz e unidade no Senhor
(12.11-13.13).
SÍNTESE DA AULA
87
88
MÓDULO III: CARTAS PASTORAIS
89
UNIDADE V: JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ
OBJETIVOS
1 APRESENTAÇÃO
90
Espanha, passando primeiramente em Roma. Seria uma oportunidade para
conhecer os irmãos, desfrutar um pouco da companhia deles e receber
ajuda para chegar ao seu destino (15.24-29).
91
etruscos. Os etruscos (da Etrúria, atual Toscana) fizeram de Roma uma
cidade fortificada dando-lhe a estrutura final (Arruda, 1996).
A civilização romana sofreu muitas transformações políticas:
Monarquia; República; e em 27 a.C., sob o governo de César - Augusto),
Império. “Em meados do primeiro século o Império Romano abrangia a
Europa ao sul do Reno e do Danúbio, a maior parte da Inglaterra, o Egito
e toda a costa ao norte da África, como também grande parte da Ásia, desde
o Mediterrâneo à Mesopotâmia” (Nichols, 1985). Os romanos eram
politeístas, não se incomodavam com a adoção de mais uma divindade em
seu rol de deuses, desde que não interferisse em seus costumes.
A Fé numa nova divindade não poderia se interpor ao culto ao
imperador, prática que visava acima de tudo, a centralização política e que
fora introduzida por Otávio (27 a.C. – 14 d.C), imperador que se
autodenominou “augusto”, por se achar digno de mais alta reverência. A Fé
em um Deus que exigisse exclusividade, promoveria um rompimento com
todos os outros “deuses” e consequentemente com a veneração ao
imperador, afetando diretamente a unidade do Império. O Império já tinha
sido “invadido” pela Fé cristã, desde os dias subsequentes ao Pentecostes.
Em algum momento, a Bíblia não diz quando, o Evangelho chegou à cidade
de Roma, e lá na capital do Império Romano, se formou uma comunidade
cristã.
Por volta de 180 d.C., Irineu, um dos Pais da Igreja, identificou Paulo
e Pedro como os fundadores da Igreja de Roma, “ao passo que tradição
posterior menciona Pedro como o fundador e primeiro bispo” daquela
comunidade cristã. Todavia, Paulo deixa claro na epístola, que ainda não
conhecia aqueles irmãos (1.10,13; 15.22). Quanto a Pedro, não há indícios
de que ele tenha fundado a Igreja de Roma, além disso, se assim fora, Paulo
não deixaria de citá-lo em algum momento. Sobre isso, Gundry (1998),
argumenta:
92
Áquila e Priscila faziam parte dos que saíram de Roma após o decreto
de expulsão dos judeus. Eles se estabeleceram em Corinto, onde
conheceram Paulo por ocasião da segunda viagem missionária. De acordo
com o último capítulo desta epístola (16.3), sabemos que enquanto a carta
era escrita, o casal já havia retornado à cidade. A respeito da fundação da
Igreja, embora não seja possível confirmar, acredita-se que o Evangelho
tenha chegado a Roma por intermédio de “judeus convertidos no Dia de
Pentecostes” (Carson, 1997).
93
A epístola aos Romanos foi uma aliada da Reforma Protestante do
século XVI. Martinho Lutero a valorizava muito, a ponto de dizer que ela
e o Evangelho de João já seriam suficientes para preservar o Cristianismo.
No contexto da Reforma, a Igreja estava sob a influência pagã, a relação de
Deus com as pessoas e das pessoas com Deus era tratada como uma relação
de troca, os fiéis eram ensinados a praticar boas obras, principalmente
aquelas que envolvessem ofertas à Igreja, como meio de agradar a Deus e
de “obter” a Salvação. Lutero foi impactado pela epístola aos Romanos por
ver nela, não apenas o retrato da humanidade, mas sobretudo, a forma
como a Fé era a única maneira pela qual o pecador poderia ser justificado
e, depois de justificado, viver.
6 A UNIVERSALIDADE DO PECADO
94
Paulo cita o Antigo Testamento “o justo viverá pela Fé” (Hc 2.4), para
introduzir o argumento da “corrupção humana” em relação à justiça de
Deus, cuja base “do princípio ao fim é pela Fé”. “A Salvação é redefinida
em termos de Justificação, cuja experiência por meio da Fé se aplica a judeus
e gentios” (Marshall, 2007). A humanidade se corrompeu e “a ira de Deus
é revelada do céu contra toda impiedade e injustiça dos homens que
suprimem a verdade pela injustiça” (1.1-18).
95
fiéis nem aos seus próprios padrões, quanto mais aos de Deus, não
devendo, portanto, se colocarem como juízes dos demais. Todos e cada
um, receberá a justa compensação por suas ações, independentemente de
ser judeu ou gentio, quando o Senhor julgar “os segredos dos homens
mediante Jesus Cristo”.
Para Paulo a justiça é a motivação de Deus ao julgar os homens por
critérios diferentes, o que os faz igualmente inescusáveis: “todo aquele que
pecar sem a lei, sem a lei também perecerá, e todo aquele que pecar sob a
lei, pela lei será julgado”. Enquanto os gentios desprezam a Deus, os judeus
são a causa de o Seu nome ser blasfemado. Paulo questiona os judeus pela
soberba em relação ao sinal externo do pacto com Deus, a circuncisão,
como se fora uma prova de sua integridade espiritual. E completa: “Não!
Judeu é quem o é interiormente, e circuncisão é a operada no coração, pelo
Espírito, e não pela lei escrita. Para estes o louvor não provém dos homens,
mas de Deus”.
Paulo ressalta o privilégio dos judeus, não em relação à Salvação, mas
de serem o povo por meio de qual Deus confiou sua Palavra. Conquanto
muitos pudessem achar que Deus agia com injustiça com os judeus dada a
longa relação estabelecida com eles desde Abraão, Paulo diz que os judeus
é que não foram fiéis ao Pacto, e não Deus (2.1-3.20). A desobediência dos
judeus os coloca no mesma situação de pecaminosidade dos gentios “com
isso Paulo não quer dizer apenas que os pecadores podem ser encontrados
do mesmo modo entre judeus e gentios, ele quer afirmar que todo mundo,
sem exceção, é pecador, como afirma a Bíblia, e encontra-se sob
julgamento” (Marshall, 2007).
9 JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ
96
divina” outorgada, não no Sinai, mas no Jardim, pelo primeiro casal,
representante da raça humana.
97
11 SANTIFICAÇÃO
Os salvos, por estarem mortos para o pecado, não estão mais sujeitos
ao seu domínio, são livres para não mais pecar. Paulo os exorta à
santificação (haghiasmos, no grego), e santificação tem o sentido de separação
do pecado. Ao invés de usarem seus corpos para pecar, devem entregar-se
a Deus como quem voltou da morte para a vida; oferecendo “os membros
de seus corpos a ele, como instrumentos de justiça”, pois enquanto a
recompensa pelo pecado é a morte, “o dom gratuito de Deus é a vida eterna
em Cristo Jesus” (6.1-23).
12 LIBERTOS DA LEI
Paulo faz uma analogia entre o casamento e a relação dos salvos com a
Lei. Assim como morrendo o marido, a esposa se torna livre para contrair
novo matrimônio; os salvos em Cristo, por não estarem mais debaixo da
Lei, estão livres servir a Cristo. A morte do marido representa, não a morte
da Lei, mas o fim de sua vigência, pois ela cumpriu seu papel. “A Lei é santa,
e o Mandamento é santo, justo e bom”, pois ao mesmo tempo que
condenava o pecador por haver pecado, era a responsável por torná-lo
98
ciente disso. Ao tomar conhecimento do pecado em si, o pecador poderia
recorrer a Deus pela Fé, e pela Fé, tal como aconteceu com Abraão, seria
justificado.
Os cristãos estão mortos, não apenas para o pecado, mas também para
a Lei. Por estarem mortos para o pecado, o pecado não tem mais nenhum
poder sobre eles, estão livres para não mais pecar e para viverem em
santidade. Por estarem mortos para a Lei, esta não mais lhes revela o
pecado, nem lhes impõe rígido controle moral. Os cristãos não estão
debaixo da Lei, mas da Graça, logo, não devem acreditar poder fazer algo
para agradar a Deus. O âmago da Fé cristã não é o que os salvos devem ou
não fazer, mas o que Cristo fez pelos pecadores (7,1-23).
13 VIVENDO NO ESPÍRITO
99
SÍNTESE DA AULA
100
AULA 10: EPÍSTOLA AOS ROMANOS – PARTE 2
META
OBJETIVOS
1 APRESENTAÇÃO
Paulo está se comunicando por carta com uma Igreja local composta
por gentios e judeus, a Igreja de Roma, não se sabe qual é a porcentagem
de um e do outro grupo, mas imagina-se que os judeus sejam minoria. Ele
tem a difícil missão de se fazer entender pelos dois blocos, judeus e gentios,
que mesmo sendo tão distintos nos costumes, professam a mesma Fé.
Gentios e judeus creram em Cristo e foram salvos por Ele, mas quantos
desses irmãos entendem sua própria Salvação e a dinâmica da nova família
de que fazem parte – o corpo de Cristo? Paulo vai ensiná-los acerca de
assuntos de vital importância para eles e para todos os demais crentes ao
longo da história desde então.
Nos capítulos nove a onze da epístola aos Romanos, Paulo traz à tona
a situação de Israel em três momentos: passado, presente e futuro. Ele se
diz profundamente entristecido com a situação de seus compatriotas
101
judeus. Eles foram escolhidos por Deus, mas o rejeitaram, ao não crer em
Seu Filho. Além da tristeza de ver os judeus se perdendo, é possível que
Paulo fosse questionado pelos gentios acerca da rejeição dos judeus a Jesus.
Por que não criam nEle se Ele era o Messias? (Marshall, 2007).
Paulo discorre sobre a Eleição (seleção, escolha = eklogí, no grego) de
Israel no passado. No capítulo nove, tanto no caso dos judeus como dos
gentios ele os trata no coletivo, e não como pessoas particularmente. Deus
elegera Israel com o propósito de, por meio da nação, introduzir o Redentor
na história e fazer cumprir seu Plano Redentivo. Paulo enumera as bençãos
dadas por Deus a Israel, por causa da Eleição: a adoção (IS 43.20,21); a
glória (Êx 24.16,17); as alianças (Êx 20.21,22; 2 Sm 7; etc.); a Lei; (Êx
19.5,6); as promessas ( Js 21.43; 23.14,15; 2 Cr 7.14; etc.) e os patriarcas (Êx
2.24; Dt 6.10; etc); a partir dos quais se traça a linhagem humana de Cristo,
que é Deus acima de tudo”. Eles, no entanto, não viram em Jesus, o
Messias, tampouco, o Deus de que Paulo fala.
Deus escolheu Israel e fez isso de acordo com sua vontade, mas ao
rejeitá-lo, Ele também os rejeitou. “Paulo sustenta que Deus tem o direito
de escolher ou rejeitar. [...] Os pecadores não têm o direito a quaisquer
méritos que Deus se veja forçado a reconhecer. Todavia, Deus não exerce
arbitrariamente suas prerrogativas” Gundry (1998). Deus não age por
impulsos caprichosos, mas em amor e em justiça, na realidade, os atributos
de Deus são perfeita e plenamente envolvidos em sua relação com a
humanidade e não há conflito entre eles.
Paulo se utiliza da fala do profeta Isaías para dizer que Deus não
rejeitou Israel completamente, Ele os poupou, embora pudesse tê-los
destruído por causa do pecado. Destarte, ainda que de um remanescente
apenas, haverá Salvação entre eles. O Senhor prometeu através dos
profetas, como Oseias, por exemplo, chamar também aqueles que
anteriormente não eram seu povo, os gentios (9.1-33).
“A maioria dos judeus acreditava que o seu povo estava salvo como
um todo, ao contrário dos gentios. [...] A Salvação de Israel começou com
Deus escolhendo Abraão”, mas Paulo alerta que “etnia é base insuficiente
para a Salvação como também é ensinado no Antigo Testamento. [...] Deus
pode salvar em quaisquer condições que Ele deseje” (Keener, 2004). Paulo
102
mostra que a misericórdia (eleos, no grego = compaixão, piedade) de Deus
é um ato unilateral, pois como disse a Moisés: “terei misericórdia de quem
eu tiver misericórdia”, não havendo nisso, injustiça alguma, “porque seu
perdão não é dívida, mas Graça, que ele distribui a quem lhe apraz. E Graça
não pode ser cobrada, sequer sob o título de isonomia” (Rubem Amorese,
art.).
Os judeus tinham conhecimento das promessas de Deus em relação
aos gentios, eles as viam distribuídas por “todo” o Antigo Testamento, a
começar por aquelas contidas na Aliança com Abraão. Mas eles não se viam
atrelados a elas, ou seja, não imaginavam que Deus romperia a barreira entre
judeus e gentios e que faria dos dois povos, um em igualdade. A rejeição
dos judeus para com Deus, abre o caminho para os gentios, com a ruína
espiritual de Israel, Deus estende sua misericórdia a eles. Rubem Amorese,
em seu artigo “Carta de São Paulo aos Romanos”, diz:
“Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como, pois,
invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem
não ouviram falar? E como ouvirão, se não houver quem pregue? E como
pregarão, se não forem enviados? Como está escrito: Como são belos os
pés dos que anunciam boas novas! Consequentemente, a Fé vem por ouvir
a mensagem, e a mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo”. Paulo
lança a sentença: a mensagem foi transmitida em “alto e bom som”, Israel
a ouviu, mas não atendeu a ela (10.1-21).
103
refere aos que creem no Messias, mas mais do que isso, ele se refere aos
judeus que creem (ou crerão) que Jesus é o Messias. Paulo defende que
Deus elegeu Israel, esta Eleição é pela Graça, Graça esta que incide também
sobre os gentios.
Para explicar a bondade e a severidade de Deus em relação aos judeus
e aos gentios na dinâmica da Eleição, ele faz a metáfora de duas árvores. A
primeira delas é uma oliveira, cuja raiz é santa e cujos ramos o serão, ela
representa Israel. A segunda árvore é a oliveira brava que representa os
gentios, cujos ramos foram cortados e enxertados na oliveira, no lugar dos
ramos que haviam sido cortados dela.
Do mesmo jeito que os judeus foram rejeitados por sua incredulidade,
poderão ser novamente enxertados se crerem. Da mesma forma, os gentios
foram enxertados, mas poderão ser rejeitados se não permanecerem na Fé.
Os judeus não devem se orgulhar, porque somente o remanescente (o que
resta) é que será salvo. Quanto aos gentios, Keener (2004), ressalta que “os
gentios cristãos têm que se lembrar de que estão enxertados em uma Fé
judaica, e [...] eles não só devem aceitar a história espiritual de Israel [...],
mas também os judeus como seus irmãos”. Assim sendo, nenhum dos dois
grupos deve gloriar-se porque no que concerne à Salvação, não há privilégio
dos judeus em relação aos gentios, nem dos gentios em relação aos judeus.
Paulo reconhece a sabedoria de Deus em todas as suas ações na história
e finaliza o capítulo onze com uma doxologia (elogio): “Porque Deus a
todos encerrou na desobediência, a fim de usar de misericórdia para com
todos. Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do
conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão
inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor?
Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe
venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as
coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém! (11.1-36).
104
apresenta a linguagem sacrificial do Antigo Testamento para mostrar que
suas vidas devem ser integral e racionalmente entregues em adoração
contínua a Deus. Os salvos não vivem mais segundo os padrões do mundo,
antes, por terem recebido uma mente renovada, são transformados.
Ele retoma a metáfora do corpo para ensinar que a Igreja é uma
unidade, na qual servem-se uns aos outros em amor. Apesar de ser uma
unidade, a Igreja subsiste na diversidade, diferentes dons são concedidos
para a edificação e crescimento de todos. Todos os membros desse corpo
que é a Igreja, são importantes e as ações de cada um deles devem visar a
comunidade da Fé como um todo. Todos são igualmente responsáveis por
atuar segundo o dom recebido, “se o dom é servir, sirva; se é ensinar,
ensine...”.
Paulo estimula os irmãos à generosidade, à hospitalidade, à humildade,
à paz com todos, ao perdão e ao amor. Ele utiliza duas expressões gregas
para amor: storge e ágape (στοργή e αγάπη - 12.10). O primeiro termo trata-se
de um amor que agrada, é afetivo, talvez este seja o tipo mais elevado de
amor que os seres humanos podem manifestar, sem que haja uma atuação
direta do Espírito Santo sobre eles. O segundo é o termo pelo qual Deus é
definido por João, quando diz “Deus é amor... (3 Jo 4.16). Deus é amor, é
circundado pelo amor, e manifesta esse amor aos seres humanos. Paulo
espera que a Igreja seja praticante do amor mútuo, não apenas conforme as
suas próprias forças, mas pela ação do Espírito neles (12.1-21).
6 O CRISTÃO E O ESTADO
105
cristãos não compreendiam “seu dever cívico”. “A vida pública nas cidades
do Império Romano era pagã”. Paulo não sugere que os irmãos precisam
exercer cargos públicos ou participar de situações que os coloquem em
situação difícil, mas orienta que devem ser bons cidadãos. E como bons
cidadãos, pagar seus impostos, e obedecer às leis do Império e da cidade.
Paulo reconhece que a autoridade necessária para a constituição de um
governo que administre a sociedade, procede de Deus, porque autoridade
pressupõe poder, e o poder pertence a Deus (Sl 62.11; Jo 19.10,11). Então
ele diz que “não há autoridade que não venha de Deus”. Ele não quer dizer
com isso que, este, ou aquele governante foi escolhido por Deus, mas que
Deus estabeleceu um sistema matriz para a organização da sociedade, em
que sempre haverá a figura do líder e a dos liderados. A ideia não é a de
governos autoritários e opressores, mas a de líderes justos que atuem como
servos, ministros, a fim de que todos desfrutem da melhor maneira possível,
de tudo o que Ele disponibilizou na criação. A partir disso as sociedades
desenvolveram seu próprio jeito de se organizar e, em se tratando da
humanidade caída, as formas em que as sociedades se estruturaram ao longo
da história, foram diversas e, na maioria das vezes, injustas e cruéis.
Paulo adverte que os que se recusam a obedecer às autoridades
constituídas por Deus para o bem, “trazem condenação sobre si mesmos”.
Não condenação de Deus, naturalmente, mas das próprias autoridades,
como podemos inferir pelo contexto: “Pois os governantes não devem ser
temidos, a não ser pelos que praticam o mal” (13.2,3). Paulo não entrou em
pormenores sobre como a Igreja deve agir quando as autoridades agem com
injustiça, nem quando fazem exigências que entram em choque com a Fé
cristã, o que viria a acontecer alguns anos depois (13.1-7).
106
8 TOLERANDO OS CRENTES FRACOS
Paulo fala de dois tipos de crentes, o fraco e o forte. Ele ensina que os
irmãos não devem desprezar os fracos por não terem o mesmo modo de
pensar acerca dos costumes relacionados à alimentação, aos dias especiais,
etc. Numa Igreja mista como era a de Roma, não é de se admirar que
houvesse choque entre as culturas. Não se sabe quantas nacionalidades
havia ali, mas o fato de haver judeus, já anuncia certa dificuldade, visto
terem eles, costumes tão circunscritos.
Mesmo depois de crerem em Jesus, muitos dos judeus se mantinham
na observância do sábado, na seleção dos alimentos, dentre outras coisas.
Os judeus helenistas, por sua vez, vinham de um sistema religioso menos
rígido, sendo eles, alvo de críticas de seus compatriotas. Se entre os
próprios judeus podia haver divergência de opiniões, levando em conta que
entre os gentios haveria um mínimo de diversidade cultural, já pode-se
pensar em pelo menos três grupos diferentes, cada qual acreditando estar
com a razão em detrimento dos demais. Paulo diz: “nós, que somos fortes,
devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos”.
Há quem acredite que Paulo estivesse sendo um pouco irônico ao dizer:
“nós que somos fortes”, como se quisesse dizer na realidade: os que se acham
fortes, suportem os fracos.
A liberdade cristã deve ser, portanto, mediada pelo amor, os cristãos
não podem fazer o que querem, sem se importar com o que sua atitude
resultará na vida de seus irmãos. “Pois o Reino de Deus não é comida nem
bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo; aquele que assim serve
a Cristo é agradável a Deus e aprovado pelos homens”. Os membros do
corpo de Cristo devem “promover tudo quanto conduz à paz e à edificação
mútua”. Os costumes podem não ser pecaminosos, mas se a prática deles
fizer um irmão que seja, tropeçar, então aquele que praticou a ação, pecou.
Deste modo, no que diz respeito aos costumes, cada um deve manter suas
convicções entre si mesmo e Deus, agindo sempre pela Fé, porque o que
não é por Fé, é pecado. Os “fortes”, a exemplo de Cristo devem renunciar
a suas prerrogativas, se preciso for, a fim de garantir a edificação dos irmãos
mais fracos. (14.1-15.3).
107
9 CRISTO DOS JUDEUS E DOS GENTIOS
10 SAUDAÇÕES FINAIS
108
atuação das mulheres na comunidade da Fé; a segunda é que Paulo, não
apenas aceitava o ministério feminino, como o apoiava e valorizava muito.
A epístola é finalizada com a costumeira exaltação ao Senhor: “ao único
Deus sábio seja dada glória para todo o sempre, por meio de Jesus Cristo.
Amém” (16.1-27).
SÍNTESE DA AULA
109
UNIDADE VI: CARTAS DA PRISÃO
META
OBJETIVOS
1 APRESENTAÇÃO
110
2 COMO PAULO CHEGOU A ROMA
111
estava em Jerusalém (At 23.11). No momento certo, ele tomou a decisão
que o possibilitou a viajar - apelou para César.
Como prisioneiro, Paulo seguiu para Roma, num navio de
Adramítio, “um Porto bem ao norte da praia ocidental da Ásia Menor,
não muito longe de Trôade” (Marshall, 1980). Ele estava acompanhado
por Lucas e Aristarco de Tessalônica. A viagem levou um tempo bem
maior que o esperado, porque enfrentaram mal tempo, e depois de
vagarem sem rumo por quatorze dias, naufragaram. Nenhum dos
viajantes perdeu a vida na viagem, pois conseguiram se refugiar na ilha
de Malta. Durante os dias em que estiveram em alto mar, bem como
durante sua estadia na ilha, Paulo deu testemunho de Cristo aos que o
cercavam. Depois de três meses em Malta, embarcaram num navio
alexandrino que tinha passado o inverno na ilha, e finalmente chegaram
em Roma. Paulo permaneceu em prisão domiciliar por dois anos (58-60
d.C), numa residência alugada por ele mesmo, onde teve total liberdade
para receber os irmãos e ensinar a Palavra de Deus.
112
4 QUEM ERA FILEMON
5 A EPÍSTOLA A FILEMON
6 OS ESCRAVOS DO IMPÉRIO
113
Desde o Egito antigo, passando pela Babilônia, Assíria, Grécia,
Roma, Índia, China e em parte da Europa medieval, as sociedades
escravagistas elaboraram arcabouços jurídicos para definir o
escravo como coisa. Apesar disso, a escravidão e a identidade do
escravo não podem ser definidas pelo aspecto meramente
jurídico. Os próprios sistemas legais que definiram o escravo
como coisa, como o sistema romano, admitiram a face humana
do escravo ao puni-lo por delitos e ao reconhecer um mínimo de
proteção contra o assassinato e danos corporais graves por parte
do poder arbitrário de seus senhores. Os juristas romanos,
portanto, reconheceram abertamente que o escravo era tanto
uma coisa quanto uma pessoa. Os gregos antigos foram os
primeiros a atribuir um conceito mais racional e jurídico à
escravidão, e em vez de usarem estigmas físicos e tatuagens,
definiram o escravo, ou doulos, com maior precisão legal. O doulo
pertenceria, desse modo, a um grupo à parte, e seria um “tipo de
propriedade com alma”. Os romanos seguiram a mesma trilha
(Silva e Silva).
114
7 IGUALDADE NO CORPO DE CRISTO
115
parece sugerir a Filemon a libertação de Onésimo quando diz: “Para
mim ele é um irmão muito amado, e ainda mais para você, tanto como
pessoa quanto como cristão” (v.16 itálico nosso). Paulo não o aconselha a
receber o escravo como escravo, a utilidade de Onésimo não parece
mais assentada nos serviços anteriores, mas no serviço a Cristo.
8 SAUDAÇÕES FINAIS
Paulo comunica seu desejo de visitar Filemon depois que for liberto
da prisão. “Escrevo esta carta certo de que você fará o que lhe peço, e
até mais. Por favor, prepare um quarto para mim, pois espero que as
orações de vocês sejam respondidas e eu possa voltar a visitá-los em
breve”. Com a carta endereçada a Filemon, Onésimo segue viagem para
Colossos acompanhado por Tíquico. “Que a graça de nosso Senhor
Jesus Cristo esteja com o espírito de vocês”.
SÍNTESE DA AULA
116
AULA 12: EPÍSTOLA AOS EFÉSIOS
META
OBJETIVOS
1 APRESENTAÇÃO
117
2 AUTORIA, DATA E DESTINATÁRIO
A epístola aos Efésios foi escrita por volta de 59/60 d.C., seu autor é
Paulo, como aparece logo nos primeiros versículos. Ela é uma das quatro
“cartas da prisão” e teve Tíquico como emissário. Nos textos mais antigos,
não aparece o nome do destinatário, por conta disso acredita-se, dentre
outras coisas, que foi escrita não apenas para uma Igreja local, mas para
várias Igrejas da Província da Ásia, sendo, portanto, uma carta circular, e
que ao longo dos anos acabou se tornando uma tradição atribuir seu destino
aos irmãos de Éfeso. Segundo Carson (1997), embora tenha havido
disputas sobre a quem a carta era destinada, “não há registros de ninguém
na Igreja Primitiva que tenha questionado a canonicidade de Efésios”. A
epístola foi citada por Policarpo, Clemente I, Inácio e outros. Ela aparece
no cânon de Marcião e no cânon Muratoriano.
118
sagrados e invioláveis, se tornou um asilo para os oprimidos e um depósito
de fundos” (Tenney, 2008). No capítulo dezenove de Atos, vê-se grande
confusão causada pelos artífices que produziam e vendiam ídolos da deusa.
A pregação de Paulo resultava em muitas conversões e, com isso a
venda dos ídolos caíam deixando os trabalhadores no prejuízo. Além da
adoração à Diana e a tantas outras divindades quantas os Efésios achassem
necessárias, o ocultismo era muito presente na cidade, como se pode
perceber na atuação dos filhos de “Ceva”, judeu principal entre os
sacerdotes. Esses sete homens tentaram expulsar demônios usando o nome
de Jesus, mas por não serem de Cristo, não tiveram autoridade de Cristo
para fazê-lo. O grande número de livros de magia queimados após as
conversões, também reflete o apego daquela comunidade às religiões de
mistério.
Ao chegar na cidade Paulo encontrou um bom número de seguidores
dos ensinamentos de João Batista, dentre eles, Apolo, que foi
posteriormente mais bem instruído por Áquila e Priscila. Ele experimentou
um crescimento que o levou a seguir servindo a Cristo na defesa do
Evangelho. Os “discípulos de João” tinham pouco conhecimento acerca de
Cristo e nada sabiam sobre o Espírito Santo. Então Paulo os orienta que
para viver a vida de Cristo é preciso ser cheio do Espírito Santo.
119
5 ELEITOS PARA A ADOÇÃO
6 ELEIÇÃO E PREDESTINAÇÃO
120
são eleitas, “a decisão antecipada por parte de Deus, do destino humano”.
Para J.D., Bruce e Shedd (2006), a Eleição é graciosa, soberana e eterna,
uma escolha de pecadores para que sejam salvos em e por meio de Cristo,
assegura ao crente sua segurança eterna e remove toda base para temor e
desânimo e impulsiona o crente a um esforço ético”. Por se tratar de um
assunto até certo ponto, complexo, e tão debatido na Igreja desde os
primeiros séculos da Reforma Protestante, faremos breves considerações
sobre duas importantes interpretações acerca da Eleição e Predestinação,
apresentadas na epístola aos Efésios.
A - O Calvinismo é a linha teológica fundamentada na interpretação de
João Calvino (1509-1564), teólogo e reformador francês. Para os calvinistas
Deus elegeu pessoas e as predestinou à Salvação. A Salvação é unilateral
porque depende exclusivamente da vontade de Deus. A Fé é, por
conseguinte, tanto consequência como evidência da Eleição. Dentre os
calvinistas há duas interpretações sobre os não salvos. A primeira se explica
no conceito de reprovação - Deus escolhe alguns para a salvação e outros
para a perdição. A segunda defende que Deus elege os que deseja salvar,
quanto aos demais, lhes permite continuar em suas vidas de pecado, sendo
por consequência, condenados. No ano de 1618, no Concílio Ecumênico
Protestante conhecido como: Sínodo de Dort, na Holanda, Calvino
apresentou o que é conhecido como os “cinco pontos do Calvinismo”. São
eles:
1. Depravação Total - O ser humano nasce na condição de pecador,
por seu estado de total corrupção, não pode aceder à mensagem do
Evangelho, a menos que haja uma intervenção do Espírito Santo
(Jo 6.44; Rm 3. 2-23; 2Co 4.3,4; Ef 2. 1-3).
2. Eleição Incondicional – Deus, baseado tão somente em sua
soberania elege os que planeja salvar (Ef 1. 4, 5; Jo 6.37 /15.16; Rm
9. 15, 16).
3. Expiação limitada – a morte de Cristo foi exclusiva à Salvação dos
eleitos, que a seu tempo são libertos e efetivamente salvos.
4. Graça Irresistível – os eleitos, são chamados a arrepender-se de
forma especial e irresistível.
5. Perseverança dos Santos - Os eleitos sendo salvos, permanecem
salvos. Aqueles que porventura abandonam a Fé, assim o fazem
pelo fato de nunca terem sido realmente salvos.
121
B. O Arminianismo é a linha teológica originada na interpretação de
Jacobus Arminius (1560-1609). Ela foi exposta a partir do que ficou
conhecido como os “cinco pontos da Remonstrância”. Os arminianos
creem que Deus elegeu (escolheu) e predestinou (destinou com
antecedência) à Salvação aqueles que sabia por sua presciência que iriam
crer. Para os arminianos a Salvação é bilateral, porque depende tanto de
Deus como dos seres humanos. Vejamos abaixo os “cinco pontos da
Remonstrância”:
1. Os pecadores não foram completamente degenerados, por isso
podem, mesmo sem uma chamada especial, crer no Evangelho.
2. A eleição é baseada na presciência e não na soberania de Deus (Rm
8.29; 1Pe 1.1-12).
3. A expiação de Cristo concede a oportunidade de Salvação a todos.
Segundo a interpretação Wesley-arminiana, Deus provê uma graça
preveniente a todos e, porque existe alguma bondade nos seres
humanos, que se impõe contra o efeito do pecado, logo, todos são
capazes de “aceitar a oferta da Salvação” (2 Pe 3.9 1; Tm 2.3,4; Ez
33.11; At 17.30,31; Mt 11.28 Is 55.1).
4. Os seres humanos estão de posse do arbítrio, por isso são
perfeitamente capazes de rejeitar a Salvação, independente do
chamado divino.
5. Os seres humanos, mesmo depois de salvos, podem resistir ao
Espírito Santo e negar a Fé e perder a Salvação.
122
8 AÇÕES DE GRAÇAS
Paulo se diz grato pela vida dos irmãos, pois tanto a Fé como o amor
deles pelos santos é conhecida. Ele ora “pela sabedoria espiritual e
entendimento para que cresçam no conhecimento” de Cristo, e que lhes
sejam abertos os olhos espirituais para ver tudo o que Jesus está fazendo e
irá fazer neles e por eles. E conheçam o poder de Deus que é “o mesmo
que ressuscitou Cristo dos mortos” e o colocou em posição preeminente
nos “lugares celestiais acima de todo governo, autoridade e domínio, nesta
era e na que há de vir”, encerrando todas as coisas debaixo de seus pés.
Cristo é cabeça (governo) de todas as coisas, para o bem da Igreja. A fala
de Paulo dá esperança para os Efésios que vivem num ambiente
espiritualmente hostil e lhes fortalece a Fé para vencer o mal, Se Cristo é a
cabeça, a Igreja é o corpo por meio do qual Ele age (1.15-23).
Paulo usa os pronomes “vocês” (vós) e “nós” para mostrar que todos,
judeus e gentios estavam mortos em ofensas e pecados, vivendo segundo
as inclinações da natureza humana em obediência ao “príncipe do poder do
ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência”.
Keener (2004), lembra que a maioria do povo judeu acreditava que Satanás
[...] governava o mundo inteiro exceto Israel”, mas Paulo inclui a todos,
judeus e gentios, como filhos da ira. Mas os que outrora estavam mortos,
ao crerem desfrutaram da misericórdia de Deus. Muitos judeus ainda
guardavam na lembrança as denúncias do Antigo Testamento acerca do
relacionamento com os gentios. Mas o que Deus condenava não era os
gentios, por questões étnicas, mas por sua espiritualidade pagã. Porque a
Salvação é pela Graça por meio da Fé, não sendo exigido dos pecadores
mérito algum, no momento em que eles criam no Senhor e passavam a fazer
parte da Igreja, entre judeus e gentios já não havia mais separação. Por
intermédio da cruz, com seu sangue Cristo reconciliou judeus e gentios em
um só corpo lhes dando acesso ao Pai. Aqueles que anteriormente eram
“forasteiros” se tornaram “concidadãos” dos santos e membros da família
de Deus. Cristo, de ambos os povos (judeus e gentios) fez um, a Igreja
(2.1.22).
123
10 O MISTÉRIO DE CRISTO
Paulo uso o termo mistério diz que o mistério de Deus é Cristo (1.10),
e apresenta o mistério de Cristo que esteve oculto aos seus antepassados,
“mas agora foi revelado pelo Espírito aos santos apóstolos e profetas de
Deus, significando que, mediante o Evangelho, os gentios são co-herdeiros
com Israel, membros do mesmo corpo, e co-participantes da promessa em
Cristo Jesus” – o mistério de Cristo é a Igreja. Embora Paulo acredite ser
comissionado para comunicar o mistério de Deus entre gentios, de modo que
eles venham a fazer parte do corpo de Cristo, que é a Igreja, ele entende
que os santos apóstolos e profetas de Deus também o são.
A Igreja se torna a manifestação da multiforme sabedoria de Deus,
diante dos poderes e autoridades nas regiões celestiais” cumprindo assim,
um dos propósitos de Deus, outrora exclusivo de Israel – dar glória a Deus.
Paulo se posiciona como ministro de Cristo junto aos irmão, intercedendo
por eles. Ele sabe que o fato de estar preso por causa do Evangelho, pode
deixá-los tristes e desanimados, ele espera que “estando arraigados e
alicerçados em amor”, em unidade, venham a “compreender a largura, o
comprimento, a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que
excede todo conhecimento”, enchendo-os de toda a plenitude de Deus.
(3.1-21).
124
2. Profeta - O profeta é o porta-voz de Deus, no Novo Testamento,
é aquele que recebe a mensagem através da Palavra escrita e a
transmite ao povo de Deus, para edificação, encorajamento e
consolação (1 Co 14.3).
3. Evangelistas – Os evangelistas participavam da expansão
missionária os evangelistas parecem ter sido pouco diferentes dos
apóstolos. Eles eram vistos como precursores, mensageiros.
4. Pastores e Mestres - Os mestres são chamados pastores um termo
que sugere cuidados gerais de uma congregação local, bem como
instrução. Eles compartilham um foco comum e um fundamento
de autoridade como portadores da mensagem de Cristo.
A Igreja é orientada a não vivam mais como os gentios, nesse caso ele
está se referindo ao estilo de vida pagão, dissociado dos ensinos de Cristo.
Para os gentios que anteriormente estiveram acostumados à praticas
pecaminosas, Paulo enumera algumas dentre elas, a imoralidade sexual que
muitas vezes estava associada aos cultos pagãos. Logo, era necessário, que
abandonassem completamente qualquer resquício delas e adotassem uma
nova maneira de viver. Despindo-se da velha natureza e revestindo-se de
uma nova natureza, que Paulo chama de “velho e novo homem”. Para que
porventura não venham a entristecer a pessoa do Espírito Santo.
Paulo argumenta que os cristãos precisam ser mutuamente bondosos,
compassivos e perdoadores, da mesma forma que foram perdoados por
Cristo, devem também perdoar. Para aqueles que vivem uma nova vida não
125
há condenação, porque “a ira de Deus vem sobre os filhos da
desobediência”, como filhos da luz devem manifestar os frutos da luz:
bondade, justiça e verdade. Paulo ainda os estimula ao discernimento
daquilo que agrada a Deus. Paulo diz qual é o caminho para que os crentes
possam se manter em obediência: encher-se do Espírito (4.17-5.20).
13 SUJEIÇÃO E AMOR
126
interrelação de Cristo e seu corpo (Igreja). Paulo diz: “Este é um mistério
profundo; refiro-me, porém, a Cristo e à igreja”. Segundo Richards, 2008:
Nas cartas de Paulo, um mysterion é a revelação atual de uma verdade
não revelada no Antigo Testamento. O seu uso aqui é inesperado, até que
percebamos que o ensino de Paulo sobre o relacionamento entre marido e
esposa é verdadeiramente uma exposição surpreendente e inesperada da
verdadeira natureza do objetivo de Deus no casamento. Em Gênesis 2.24,
a que Paulo faz referência, está a fundação da união matrimonial. Mas as
implicações dessa união somente ficaram claras quando Cristo apareceu e
modelou o casamento para nós em seu relacionamento com a sua noiva.
As relações paterno-filiais também são alvos do ensino de Paulo,
enquanto no mundo romano a figura do pai era soberana, os filhos lhes
deviam obediência, seus sentimentos nunca eram considerados. Na Igreja
ambos são estimulados a agir em amor. Da mesma maneira no
relacionamento senhorio-servidão, em que os escravos eram propriedade e
tinham poucos direitos na sociedade, enquanto os senhores tinham plenos
poderes sobre eles, dependendo das circunstâncias, até de vida e morte.
Paulo indica o amor mútuo como princípio regulador (5.1-6-9).
14 ARMADURA DE DEUS
127
mas, com um exército unido, uma legião romana era virtualmente
invencível” (6.10-18).
15 SAUDACÕES FINAIS
Paulo se despede dos irmãos reforçando sua situação atual, ele está
preso, porém não deixou de ser um embaixador do mistério do Evangelho.
Ele os avisa de que Tíquico, o emissário da carta, os colocará a par de tudo
o que ele está vivendo e fazendo. “Paz seja com os irmãos, e amor com fé
da parte de Deus Pai e do Senhor Jesus Cristo. A graça seja com todos os
que amam a nosso Senhor Jesus Cristo com amor incorruptível” (6.19-24).
SÍNTESE DA AULA
128
MÓDULO IV: CARTAS DA PRISÃO
129
UNIDADE VII: CARTAS DA PRISÃO
META
OBJETIVOS
1 APRESENTAÇÃO
130
2 AUTORIA, DATA E DESTINATÁRIO
131
nunca ter ido a Colossos (2.1), ao que parece o responsável pela
evangelização dos Colossenses foi Epafras, que pode ter sido enviado por
Paulo à cidade. Epafras era membro daquela comunidade assim como
Filemon, Áfia, Arquipo e Onésimo.
5 A SUPREMACIA DE CRISTO
132
Cristo é Criador tanto do mundo material como do espiritual –
Todas as coisas estão sob sua autoridade, sejam principados ou
potestades, estão todas sujeitas a Ele, porque tudo foi criado por Ele e
para Ele.
Cristo é Preexistente – Ele é anterior a tudo e todos.
Cristo é Sustentador de todas as coisas – Sua morte garantiu a
existência e a manutenção de todas as coisas.
Cristo é Cabeça da igreja – Ele reina na Igreja e atua por meio dela.
Cristo é o princípio e o primogênito dentre os mortos – Ele é o
primeiro a ressuscitar e “todo o poder de Deus reside nEle, não
havendo sua distribuição entre outras entidades” (Marshall, 2007).
Cristo é aquele em que habita toda a plenitude – Nenhum outro
ser pode reivindicar a presença, os atributos e o poder que habita nEle,
porque Ele é Deus.
Cristo é o Reconciliador – Sua morte pôs fim à divisão entre judeus
e gentios e entre os seres humanos e Deus.
Cristo é o Pacificador pelo seu sangue derramado na cruz –
Depois de reconciliar os pecadores, Ele os transforma de inimigos, em
amigos de Deus.
Cristo é o Mistério de Deus – Nele estão escondidos todos os
tesouros da sabedoria e do conhecimento.
Cristo é aquele em que habita corporalmente toda a plenitude da
divindade – O acesso para tudo o que Deus é e faz está disponível
somente através de Cristo” (Keener, 2004).
Cristo é Cabeça de todo poder e autoridade - Ele é tanto a fonte do
poder e autoridade, como também aquele que faz pleno uso deles (1.13-
28; 2.2,3,9).
133
• Paulo é ministro do Evangelho – Ele está comprometido com a
proclamação das boas novas de Cristo.
• Paulo é ministro da Igreja - Paulo foi comissionado a apresentar
plenamente a Palavra, a fazer conhecido dos gentios, o mistério de
Deus que é Cristo.
Como ministro, Paulo proclama “advertindo e ensinando a cada um
com toda a sabedoria”, a fim de que sejam apresentados perfeitos “em
Cristo”. Ele luta pelo crescimento e entendimento dos irmãos de quem
Cristo é e de quem eles são nEle. Depois da demonstração da preeminência
de Cristo, ele investe contra as vãs filosofias. Se os irmãos creram em Cristo,
então devem se arraigar na Palavra de Deus para discernir os ensinamentos
que não procedem de Cristo, pois estão em Cristo e foram nEle
aperfeiçoados (1.28-2.7).
7 A HERESIA COLOSSENSE
134
Os Manuscritos do Mar Morto encontrados nas cavernas de Qumram
trouxeram à tona uma enorme gama de literatura da seita judaica dos
essênios que se desenvolveu a partir do século II a.C., onde pode-se
confirmar o caráter ascético de seus adeptos. Alguns estudiosos creem que
a heresia dos essênios, fazia parte da religiosidade local, mas não há
consenso sobre isso. A heresia entre os Colossenses, conforme Keener
(2004), “reflete uma síntese de diferentes correntes de pensamento que mais
tarde se desenvolveu como uma possibilidade totalmente gnóstica”.
8 EXORTAÇÃO À SANTIDADE
135
As obras que a natureza terrena produz, suscitam a ira de Deus, por
isso é preciso mortificá-la e revestir-se da nova natureza. Este não é um
convite à “severidade com o corpo”, é uma postura espiritual diante da nova
situação em que os crentes se encontram, antes viviam na desobediência,
mas agora se morreram e ressuscitaram com Cristo, em Cristo estão. “Se
despiram do velho homem com suas práticas e se revestiram do novo” (3.1-
10).
A ética cristã está ligada ao fato de que Cristo é tudo em todos, por isso
na nova vida os salvos podem viver em unidade e amor. Esta nova vida
reflete a vida de Cristo em todos os âmbitos do relacionamento com o
próximo. O próximo é, ao mesmo tempo: a família; os irmãos em Cristo;
as pessoas que estão acima ou abaixo no status e hierarquia social, em suma,
todas as pessoas com quem os cristãos interagem. “Aristóteles desenvolveu
‘códigos domésticos ’direcionando o homem a como comandar sua
mulher, crianças e escravos corretamente. [...] Paulo assume o comando,
mas modifica os códigos consideravelmente”. Enquanto naquela sociedade
se esperava que o marido fosse inflexível no comando da esposa, Paulo
ensina que ele deve amá-la e tratá-la bem. A esposa por sua vez, deve
submeter-se ao marido. “Todos os moralistas antigos insistiam que as
mulheres se ‘submetessem ’aos seus maridos, mas poucos dariam uma
breve parada para usar o termo ‘submeter’, como Paulo faz”, (Keener,
2004).
Os filhos devem ser obedientes aos pais, a fim de agradar a Deus. Não
é uma obediência cega e obrigatória, mas consciente e proposital. Ao fazê-
lo com esse objetivo a obediência aos pais se torna um culto a Deus, ao
invés de um fardo. Os pais não devem irritar seus filhos para que eles não
fiquem desanimados, diferentemente dos costumes da época em que os pais
tinham total poder sobre seus filhos, mas Paulo os incentiva a pensar nas
consequências do tratamento dado a eles.
Os escravos devem obedecer a seus senhores com sinceridade, e os
senhores devem tratar seus escravos com igualdade e justiça. Este ensino ia
na contramão da cultura que autorizava os proprietários de escravos a puni-
los severamente quando essa punição pudesse ser “justificada”. Os castigos
incluíam o espancamento, a marcação com ferro, no caso de escravos
136
fugitivos e até a morte. No corpus de inscrições latinas há registros de “coleiras”
usadas por escravos romanos, com inscrições que orientava quem os
encontrasse fora de “seus limites”, a devolvê-los aos seus proprietários,
porque eram considerados fugitivos. Nestas coleiras eram colocadas o
nome do escravo e de seu dono, bem como o endereço de “entrega”. É
neste contexto que Paulo apresenta o seu ensino, mais revolucionário do
que o dos filósofos moralistas da época.
10 EXORTAÇÃO À ORAÇÃO
11 SAUDAÇÕES FINAIS
137
quem Paulo dá testemunho do esforço entre os irmãos de Laodiceia e
Hierápolis. Epafras, manda saudações, porque continuará preso. Paulo
manifesta o desejo de que a epístola aos Colossenses seja lida para os irmãos
de Laodiceia, e a que ele enviara a Laodiceia seja conhecida dos Colossenses
também. “Eu, Paulo, escrevo esta saudação de próprio punho. Lembrem-
se das minhas algemas. A graça seja com vocês” 4.2-18).
SÍNTESE DA AULA
138
AULA 14: EPÍSTOLA AOS FILIPENSES
META
OBJETIVO
1 APRESENTAÇÃO
139
2 AUTORIA, DATA E DESTINATÁRIO
140
ali nenhuma sinagoga por ocasião da chegada de Paulo. Sua presença na
cidade não durou muito tempo, mas a Igreja sobreviveu. Paulo nunca mais
se esqueceria das experiências que teve ali: perseguição, espancamento e
prisão; mas sobretudo, êxito na evangelização que resultou numa
comunidade cristã, cujos frutos de generosidade e liberalidade, foi socorro
e ajuda para ele e para a Igreja.
141
demonstrar uma forte pessoalidade nos seus escritos. De acordo com
Tenney (2008), isso é percebido na forma como ele utiliza “a primeira
pessoa do pronome pessoal, explícita ou implicitamente nada menos do que
cem vezes”. Todavia, a exposição de Paulo não é pautada no egocentrismo,
mas na liberdade de quem está entre amigos. Ele manifesta isso: “Deus é
minha testemunha de como tenho saudade de todos vocês, com a profunda
afeição de Cristo Jesus”.
Paulo diz interceder por eles sempre, ele os abençoou na pregação do
Evangelhos, e agora os abençoa com suas orações, em breve eles serão mais
enriquecidos ainda quando tiverem acesso à carta. Na realidade, como
supracitado, um dos Pais da Igreja, Policarpo, segundo a Tradição, discípulo
de João, escreveu falando sobre cartas de Paulo aos irmãos de Filipos,
indicando que Paulo os abençoou dessa forma distinta, mais de uma vez, e
Paulo mesmo diz já ter escrito para eles anteriormente (3.3). Paulo diz que
eles são cooperadores do Evangelho, o que pode significar que estava se
referindo não apenas em relação à contribuição espiritual, mas também
financeira.
Paulo declara estar ciente de que Deus irá completar a boa obra que
começou neles, até o Dia de Cristo. Para Keener (2004), ao citar o “Dia de
Cristo”, Paulo faz uma adaptação do que o Antigo Testamento chama de
“Dia do Senhor”, assumindo assim sua convicção na divindade de Cristo.
Eles são co-participantes da graça de Deus que está nele, quer esteja preso,
quer na defesa e confirmação do Evangelho. Paulo também ora para que
eles tenham discernimento do bem a fim de se manterem irrepreensíveis,
cheios de frutos de justiça para a gloria e louvor de Deus (1.1-11).
6 O PROGRESSO DO EVANGELHO
142
a Fé dos irmãos de Roma e eles se dispõem a anunciar a “Palavra com maior
determinação e destemor”. Mesmo que alguns, movidos por razões outras,
Paulo diz que o que importa é que Cristo seja anunciado.
Paulo acredita que será solto, caso aconteça, será mediante a oração
deles e a ação do Espírito Santo e do Senhor Jesus. Mas se coloca à mercê
da vontade de Deus, ainda que para ele, partir para a eternidade seja melhor,
por poder unir-se a Cristo. Sabe que por ora, Deus o quer vivo, para por
meio de seu ministério, promover “progresso e alegria na fé” da Igreja.
Paulo sabe dos riscos que corre diante da peculiaridade de sua situação, ali
em Roma, ele não é apenas um cidadão Romano, é também um cristão
(1.12-26).
Para Gundry (1998), “se a vida de Paulo correu perigo durante o
julgamento. Por conseguinte, tal julgamento deve ter ocorrido na presença
de César, em Roma, porquanto em qualquer outro lugar Paulo poderia ter
sempre apelado para César, como era de seu direito”. Paulo tinha apelado
para César no final dos dois anos da prisão em Cesareia, este fato, vindo de
um cristão, o tornou de certo modo, conhecido. Conforme Tenney (2008):
7 PERSEVERANÇA
143
8 O PARADIGMA DO ESVAZIAMENTO DE CRISTO
Paulo não diz que Cristo foi esvaziado, como se Ele tivesse sido
forçado à encarnação e a todas as consequências dela. Ele diz que Cristo se
esvaziou, ou seja, o auto esvaziamento foi um ato, como o próprio termo
indica, voluntário de Cristo. Paulo usa o termo kenõsis - o “auto
esvaziamento de Cristo quando Ele se tornou homem e esvaziou-se das
expressões externas da sua glória” (Horton, 1998).
“Em sua essência Cristo Jesus era igual a Deus, mas diante de Deus
estava disposto a abandonar essa igualdade e assumir a forma de existência
humana, a qual significa uma escravização sob os poderes deste mundo”
(Kummel, 2003). “Apesar de não deixar de ser como o Pai no que diz
respeito à natureza, ele se tornou funcionalmente subordinado ao Pai
durante o período de encarnação” (Erickson, 1992). Tanto o esvaziamento
144
como a encarnação de Cristo foram atos voluntários, mas também
propositais, Cristo visava obedecer ao Plano elaborado pela Trindade da
qual Ele é parte, para a Redenção dos seres humanos.
O ensino de Paulo é que os irmãos priorizem os interesses uns dos
outros em detrimento do seus próprios interesses. A lógica se contrapõe
frontalmente com os sistemas humanos, ainda que muitos moralistas
tentassem viver numa aparência de humildade. Paulo lhes apresenta o que
Cristo fez, e diz: façamos o mesmo. Ele próprio se coloca como um
exemplo prático de entrega e voluntariedade. Ele espera poder ver os frutos
de seu serviço no Dia de Cristo, ainda que em sofrimento, Paulo se regozija
neles: “Estejam vocês também alegres, e regozijem-se comigo” (2.1-18).
145
carne, é que são a verdadeira circuncisão, a verdadeira marca de
identificação do povo de Deus, e não a mutilação do corpo.
Ao chamar de “cães” a esses falsos obreiros, Paulo destrói todo
argumento de pureza e superioridade que os judeus dissociados da verdade
ostentavam. “Para eles todos os cães eram extremamente impuros [...] os
cachorros eram carniceiros e [...] portadores de muitas doenças,
mecanicamente ou como um vetor” (Tenney, 2008). Essa era a forma com
que chamavam os gentios, por causa do paganismo, sobretudo. Era o termo
usado para retratar o ápice da imoralidade sexual, sempre ligada à
religiosidade dos pagãos no tempo do Antigo Testamento.
Paulo ressalta sua raiz judaica “pura”, quando diz ser hebreu de
hebreus. Ele fora fariseu, zeloso da Lei e por conta disso, perseguidor da
Igreja. Se alguém pudesse se gloriar na carne, ele seria essa pessoa. Mas o
que antes ele considerava lucro, passou a considerar, perda. “Paulo teve que
sacrificar toda a sua formação espiritual anterior para seguir a Cristo, que
era o que realmente importava” (Keener, 2004). Isso porque ao contrário
de se basear na justiça própria, procedente da Lei, ele usufrui da justiça que
vem de Deus pela Fé em Jesus.
146
11 ALEGRIA E COROA
Para Paulo, os Filipenses são motivo de alegria, eles são a sua coroa, ou
seja, a recompensa pelo seu trabalho, consiste no fato de que sua pregação
resultou na Salvação deles. Ele evoca mais uma vez a unidade e igualdade
como princípio vital da Igreja. E os convida ao regozijo, à alegria, como já
fizera antes. Como se pode verificar, Paulo se reporta à alegria (com as
variações do termo) ao menos quatorze vezes na epístola, o que demonstra
não apenas sua alegria, a mas também a que ele espera ver nos seus leitores.
12 SAUDAÇÕES FINAIS
147
quando diz “os da casa”, ou “do palácio” de César, mas pode se tratar de
qualquer pessoa ligada direta ou indiretamente à cúpula Romana, tendo em
vista que, desde os escravos até a guarda pretoriana já citada por ele, todos
estão sendo expostos ao Evangelho por causa de sua presença ali.
SÍNTESE DA AULA
• Nessa aula aprendemos que a vida de Paulo não estava pautada nas
circunstâncias, de modo a poder se alegrar, mesmo em prisão.
• Nessa aula aprendemos que na prisão de Paulo, Deus fez o
Evangelho avançar.
• Nessa aula aprendemos sobre o esvaziamento de Cristo.
• Nessa aula aprendemos que Paulo fez aos Filipenses um alerta
preventivo sobre o ensino dos falsos mestres.
148
UNIDADE VIII: EPÍSTOLAS PASTORAIS
META
OBJETIVOS
1 APRESENTAÇÃO
149
foi tempo suficiente, acredita-se que dois ou três anos, para visitar algumas
regiões, além de Creta, quando deixou ali a Tito. São elas: Éfeso (1 Tm1.3);
Nicópolis (Tt 3.12); Corinto (2 Tm 4.20); Mileto (2 Tm 4.20;); Trôade (2
Tm 4.13); até ser novamente preso em Roma.
150
encontra na epístola aos Gálatas, quando foi junto com Paulo e Barnabé
para Jerusalém (Gl 2.1-3). Se esta é uma alusão à época do Concílio de
Jerusalém, então Tito pode ter sido levado para demonstrar os frutos do
Evangelho pregado entre os gentios, se for esse o caso, o fato é mais um
testemunho da Fé e conduta dele em Cristo. Na ocasião, apesar da
hostilidade e forte oposição dos judaizantes ao ministério de Paulo,
principalmente no que se refere a isenção dos gentios do rito da circuncisão,
Tito, grego como era, não foi constrangido pelos apóstolos a circuncidar-
se.
Tito aparece em várias situações em que é indicado por Paulo como
um servo fiel e valoroso. É certo que Tito foi grande amigo e, companheiro
de Paulo em muitas situações, vindo a se tornar um cooperador de
fundamental importância para o ministério paulino, por mais de 15 anos.
Como em suas ações na Macedônia, Corinto e o apoio aos irmãos da Judeia
quando na preparação de recursos para as ofertas.
4 A ILHA DE CRETA
151
Creta, revelam uma cultura rica e gloriosa, com “seus palácios enormes
(labirintos), vasos magnificamente decorados, afrescos pintados em
paredes, e grandes jarros para armazenamento de óleo, vinho e grãos da
burocracia”. Na cidade de Cnossos foi encontrado o Palácio do rei Minos,
e nas escavações de uma cidade Romana, muitos prédios públicos, além das
“ruínas da igreja de Ágios Tito”, erigida em homenagem ao pastor Tito
(Tenney, 2008).
A religião local era uma mistura da cultura das antigas civilizações
minoica e micênica. Agregava a crença aos deuses gregos clássicos a
elementos do animismo. Figuras mitológicas como a de “Teseu e o
Minotauro”, dentre outros, permeavam o imaginário da sociedade de Creta,
como se pode verificar nas representações de afrescos encontrados na
região. A citação que Paulo faz do “profeta” cretense Epimênides de 600 a.C.,
revela que “a depravação dos Cretenses era proverbial. [...] Uma opinião
compartilhada por muitos dos antigos” (Tenney, 2008). Foi nesta cidade
que Tito foi designado a trabalhar, o que ele fez muito bem e por tempo
suficiente para deixar uma marca profunda na Tradição religiosa local.
5 A IGREJA CRETENSE
6 EPÍSTOLA A TITO
152
dada por Deus para conduzir os que creem à “piedade” (prática da
santidade), na esperança da vida eterna. O que Deus prometeu desde a
eternidade, mas que a seu tempo, revelou, na linguagem de Paulo aos
Gálatas (4.4) - “na plenitude dos tempos”.
O destinatário é finalmente apresentado, como “Tito, meu filho
conforme a Fé comum”, Paulo não se coloca em posição superior em
relação aos demais irmãos, apesar do apostolado, a Fé é aquela de Tito, e
dos irmãos Cretenses, de todos os salvos. A linguagem paternal em relação
a Tito reflete o amor e confiança depositados nele.
O propósito pelo qual a epístola a Tito foi escrita, segundo o texto é:
“colocar em ordem o que ainda falta” e a “constituição de presbíteros em
cada cidade”. A Igreja cretense (como um todo) era nova, pois ainda não
tinham sido separados os administradores locais. Ela estava organizada em
diferentes congregações e não se sabe como estavam sendo conduzidas.
Não há consenso, mas acredita-se que as Igrejas de Creta eram autônomas,
porque não se vê no livro, nada que sugira a existência nem a recomendação
para a instituição de uma figura central entre os futuros presbíteros (1.1-5).
De acordo com Tenney, (2008):
Richards (2008), argumenta que ao dizer a Tito a razão de ele ter sido
deixado em Creta, Paulo usou o termo grego kathistemi “estabelecesses” ou
“constituísses”, o mesmo usado em Atos (6.3), quando os irmãos em
Jerusalém foram orientados a escolher os primeiros diáconos. Para este
autor, o termo, dá margem para a ideia de que os crentes das congregações
de Creta pudessem (em certa medida) opinar acerca dos presbíteros
destinados a elas. Se assim for, é possível que Tito encontrasse entre os
153
irmãos algum apoio na verificação do comportamento de seus futuros
líderes. Mas diante do quadro apresentado nos possíveis problemas
existentes ali, há que se perguntar se alguém seria confiável para de uma
forma ou de outra auxiliar Tito em tão árdua tarefa.
Admite-se que, os irmãos - homens, mulheres, jovens e idosos, tinham
um procedimento reprovável. A conduta moral dos irmãos e os ensinos
contrários à sã doutrina, arriscavam o bom êxito do trabalho de Tito, se ele
encomendasse as pessoas erradas, as comunidades ficariam seriamente
prejudicadas. Entretanto, se deduz que havia em Creta pessoas piedosas,
comprometidas com Cristo e com o Evangelho, já que era dentre os irmãos
Cretenses que os obreiros seriam escolhidos. Paulo então estabelece os
critérios para a escolha dos obreiros e, porque não dizer, de suas respectivas
famílias. Ele apresenta a lista de características esperadas dos futuros líderes.
O presbítero deve ser - um bom administrador em seu próprio lar antes
de se tornar um administrador das coisas de Deus, para tão importante
missão ele precisa: ser marido de uma só mulher, esta talvez seja uma
exigência mais específica da fidelidade conjugal; ter filhos crentes que não
sejam acusados de libertinagem ou de insubmissão, aqui se trata de filhos
adultos que, no sistema Romano são submetidos à autoridade legal dos pais.
O presbítero deve ser portador de um caráter - irrepreensível;
hospitaleiro; amigo do bem; sensato; justo; consagrado; temperante;
convicto da mensagem fiel da maneira como foi ensinada.
O presbítero - como bom despenseiro (administrador, dirigente,
encarregado) da obra de Deus, deve ser capaz de encorajar outros pela sã
doutrina; capaz de refutar os opositores do Evangelho, falsos mestres que
ao perverterem a verdade, estão destruindo “famílias inteiras”.
O presbítero não deve ser - orgulhoso, briguento, apegado ao vinho,
violento, ávido por lucro desonesto.
Tito é orientado a trabalhar em duas frentes - na escolha dos obreiros
e no combate imediato dos ensinamentos espúrios. Paulo chama os
opositores da Fé, de: “faladores e enganadores”, e destaca “especialmente os
do grupo da circuncisão”. Não se pode afirmar categoricamente que há em
Creta dois grupos de falsos mestres. Mas é certo que há mais de um tipo de
ensino contrário à verdade do Evangelho. É possível que exista ali apenas
um grupo, quem sabe de judeus “liberais”, cuja proposta englobe desde as
práticas do Judaísmo até um modo leviano de viver. Também não se
descarta a interpretação de que sejam dois grupos distintos, um de judeus,
154
não necessariamente judaizantes, legalistas, como defendem alguns
estudiosos; já que não aparece no texto nada relativo a cobranças da parte
deles acerca da circuncisão. E um outro grupo composto, por pessoas (de
origem judaica ou não), em que a imoralidade seja não apenas aceita, mas
defendida.
É fato que existe na Igreja Cretense, distorções da verdade em relação
à liberdade cristã, razão essa de haver tanta imoralidade no meio dos
crentes. E também a ameaça no tocante a ensinamentos judaicos, com suas
“lendas e mandamentos de homens que rejeitam a verdade”. As “lendas”
abordadas por Paulo podem ser as da hagadah judaica. É a mistura de textos
bíblicos com ampliações explicativas provindas de interpretações
talmúdicas, que eram lidas principalmente em datas específicas como no
Pessach (Páscoa judaica). Quanto aos mandamentos de homens, podem ser
os mesmos impostos pelos judaizantes em outras Igrejas gentílicas: regras
referentes à alimentação, a observância de dias especiais, recitações
genealógicas, etc (1.6-10).
155
9 ÊNFASE NO ENSINO
156
10 A SÃ DOUTRINA - BASE DO ENSINO AOS CRETENSES
Paulo não pode ensinar os Cretenses pessoalmente, mas confia que por
intermédio da carta a Tito, os irmãos serão ensinados e preparados para as
boas obras, e para o serviço. Todas as pessoas da Igreja são contempladas
no ensino da sã doutrina, que será também o parâmetro para os
“despenseiros” na obra do Senhor. Embora Paulo não sistematize as
doutrinas, algumas aparecem implícita ou explicitamente e podem ser
destacadas do texto (1.13-3.7). Vejamos a seguir:
Pecado – Outrora os salvos eram escravos de sua natureza humana,
até que veio o Salvador (3.3).
Salvação – Os homens são pecadores e carecem de um Salvador. Num
ato de misericórdia e não pelos méritos humanos Deus enviou ao
mundo, o Salvador (Soter, no grego – 3.4-6).
Redenção – Cristo se entregou pelos pecadores a fim de redimi-los de
toda a maldade e purificá-los, tornando-os aptos à prática das boas
obras (2.14).
Graça – Deus manifesta uma disposição favorável à Salvação dos seres
humanos (2.11).
Fé – Deus disponibiliza Fé para por meio dela, salvar os pecadores. A
Fé comum passa a ser uma constante na vida daqueles que creem (1.13;
2.2).
Justificação – Pela Graça (por meio da Fé), os salvos são justificados
e feitos herdeiros da vida eterna (3.7).
Regeneração – os que creem são em Cristo, gerados para a vida, numa
nova criação (3.5).
Santidade – Os salvos renunciam o pecado e os desejos mundanos a
fim de viverem justa e piedosamente no presente (2.12).
Boas obras e testemunho cristão – Os salvos são estimulados à
prática das boas obras, como consequência de sua Salvação; e ao
testemunho cristão a fim de tornar atraente aos pecadores, o Evangelho
(2.10 e 14).
Vida Eterna – Os salvos aguardam a bendita esperança futura: a
gloriosa manifestação do Salvador, Jesus Cristo. Para Paulo, embora a
vida eterna, propriamente dita, esteja intimamente ligada à ressurreição
dos mortos, a esperança fora “inaugurada com a ressurreição de Cristo”
(2.13).
157
11 SAUDAÇOES FINAIS
SÍNTESE DA AULA
158
AULA 16: EPÍSTOLAS A TIMÓTEO
META
OBJETIVOS
1 APRESENTAÇÃO
159
2 AUTORIA, DATA E DESTINATÁRIO – PRIMEIRA EPÍSTOLA
160
Ele auxiliou Paulo na evangelização da Macedônia e Acaia e em Éfeso
durante os três anos em que Paulo lá esteve, Timóteo estabeleceu com
aquela Igreja uma relação de confiança, fato que pode ter sido de grande
ajuda durante sua estadia ali como pastor. Além disso, esteve com Paulo em
outras localidades, como Filipos, Jerusalém entre outras. Na primeira prisão
de Paulo, principalmente nos últimos dois anos em Roma, há uma presença
marcante de Timóteo ao seu lado, de modo que foi coautor de pelo menos
três das quatro cartas enviadas por Paulo da prisão: Filemon; Colossenses e
Filipenses. Após a libertação de Paulo da prisão de Roma, Timóteo foi para
Éfeso, e lá estava quando Paulo lhe escreveu a primeira carta.
161
conhecimento e autoridade como se fossem doutores da Lei, mas Paulo
reconhece suas debilidades. A Lei é boa, mas não tem nenhum efeito sobre
os justos, sendo útil apenas para os pecadores, e para todos aqueles que se
opõem à sã doutrina, na medida em que revela o pecado deles: contra as
autoridades; a religião; a moral; a família - Paulo aborda o assassinato dos
pais, que até na cultura Romana, tida como profundamente reprovável, era
inadmissível, sendo punida com a morte; e os “roubadores de homens”,
aludindo aos sequestros de adultos e crianças, de ambos os sexos, para a
escravização, inclusive sexual. Não há indícios de que todos esses pecados
estivessem incluídos no estilo de vida dos crentes daquela região, mas Paulo
os usa para ilustrar seu argumento.
Paulo resgata seu testemunho pessoal para demonstrar que em Cristo
há esperança de perdão. Ao dizer que fora blasfemador, ele se coloca como
sendo outrora, merecedor de condenação, “dos quais eu sou o pior”, tendo
em vista, o pensamento judaico sobre essa categoria de pecado, e por ser
essa uma afronta direta contra o próprio Deus: mas pela misericórdia de
Deus, “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores”. Paulo
completa convocando Timóteo a combater o bom combate, mantendo a
Fé e a boa consciência que outros (Himeneu e Alexandre) rejeitaram, vindo
a ser excluídos da comunidade da Fé a fim de que se arrependam e não mais
blasfemem (1.1-20; 1Co 5.5).
6 ORGANIZAÇÃO ECLESIÁSTICA
Paulo exorta que se faça orações públicas por todos os homens e pelas
autoridades constituídas, dentre elas, o imperador, obviamente, para que
em sendo abençoadas, toda a sociedade também o seja. De acordo com
Keener (2004):
162
Deus, o Salvador: “deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem
ao conhecimento da verdade. Pois há um só Deus e um só mediador entre
Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, o qual se entregou a si mesmo
como resgate por todos”. A razão de Paulo ter sido designado pregador e
apóstolo, mestre dos gentios na Fé e na verdade, é que todos tenham igual
acesso ao Evangelho (2.1-8).
Paulo orienta que os homens vivam em unidade entre si, orando em
todo o tempo sem manifestações de ira e contendas. Da mesma forma as
mulheres, as verdadeiras adoradoras devem ter um comportamento sóbrio,
vestindo-se apropriadamente, não sendo reconhecida sua beleza pelo uso
de adornos. Elas devem antes, valorizar e preservar a beleza interna que se
reflete nas boas obras e não no uso de adereços.
163
7 CARACTERÍSTICAS DOS BISPOS
164
Os diáconos - Devem apegar-se ao mistério da fé com a consciência
limpa.
Os diáconos - Devem ser primeiramente experimentados; depois, se
não houver nada contra eles, podem atuar como diáconos.
As diaconisas, tal como Febe (Rm 16.1), mulheres que exercem
atividade igual à dos diáconos, também devem manifestar atributos que as
legitimem. Elas devem ser igualmente dignas; não caluniadoras, mas
sóbrias; e confiáveis em tudo. “Os que servirem bem alcançarão uma
excelente posição e grande determinação na fé em Cristo Jesus”. “Os
estudiosos debatem se ‘mulheres ’aqui se refere às diaconisas ou às esposas
dos diáconos, embora até o Governo Romano estivesse atento às diaconisas
cristãs por volta de 112 d.C.” (Keener, 2004).
Paulo pretende ir até Timóteo quando poderá orientá-lo pessoalmente,
mas a carta vai adiante dele, levando as prementes exortações, visto ser a
conduta dos líderes de tão grande relevância para a prática da Igreja e,
consequentemente seu testemunho no mundo. A piedade (a santidade na
prática) esperada da Igreja se justifica no fato de ser ela, tanto resultado da
obra realizada por Cristo no conjunto de suas ações, desde a encarnação,
até sua glorificação, como responsável por manifestá-lo (3.1-16). “Esse é o
‘grande mistério ’confiado à custódia e proclamação da Igreja” (Marshall,
2007).
9 DOUTRINAS DE DEMÔNIOS
165
10 ADMINISTRAÇÃO ECLESIÁSTICA
11 COMBATE AO MATERIALISMO
Paulo faz uma conexão com a atitudes dos falsos mestres e o amor ao
dinheiro, pois se envolvem em todo tipo de problemas enquanto
corrompem a sã doutrina, cujo objetivo final é o “lucro”. Paulo então
defende que, o lucro é viver uma vida santa e feliz, quanto às coisas
materiais, elas são úteis para a preservação da vida terrena, mas não devem
ser o foco do cristão. O amor ao dinheiro é um pecado que desqualifica as
pessoas para o ministério, e Paulo se encarregou de deixar isso bem claro.
Os ricos por sua vez, são incitados à generosidade e liberalidade, eles não
são acusados por serem ricos, mas a riqueza deve ser fonte de partilha
contínua, de outra forma, constitui-se pecado (6.3-6.19).
166
12 SAUDAÇÕES FINAIS
167
3 EXORTAÇÃO À PERSEVERANÇA NO MINSTÉRIO
168
4 O TRATAMENTO RECEBIDO PELOS IRMÃOS DA ÁSIA
169
6 ORIENTAÇÃO ACERCA DOS QUE SE AFASTAM DA SÃ
DOUTRINA
170
o caráter dos seres humanos dos últimos dias, características típicas dos
ímpios (que não temem a Deus), que são facilmente encontradas nos falsos
mestres de seu tempo.
Os falsos mestres geralmente têm “aparência de piedade”, ou seja, são
religiosos, mas enganadores, que resistem à verdade tal como fizeram os
opositores de Moisés. A partir do conhecimento oral da cultura judaica e
de textos antigos conservados na época de Paulo, ele os nomeia - Janes e
Jambres -, se referindo aos sacerdotes egípcios que fizeram uso do
ocultismo, trazendo confusão para à missão libertadora de Moisés (Êx 7 e
8). Paulo avisa que, como aconteceu com eles, assim será com todos que se
opuserem à verdade - serão desmascarados (3.1-9).
171
Paulo está preso, próximo da morte, mas ainda está atuando no
trabalho missionário. Enviou Tíquico para Éfeso, acredita-se que levando a
carta, e muito provavelmente para auxiliar Timóteo, substituindo-o na
Igreja enquanto ele se dirige à Roma; Tito para a Dalmácia, região sul da
Província romana do Ilírico, onde Paulo pode ter fundado Igrejas (Rm
15.19). Trófimo, ele deixou (doente) em Mileto; Erasto permaneceu em
Corinto; Lucas continua com ele, talvez (quem sabe) tenha sido o
responsável pela redação desta carta, dependendo da situação de Paulo.
Marcos que outrora fora rejeitado para acompanhá-lo na segunda viagem
missionária, com razão até certo ponto justificável, após tantos anos de
experiência, já não era mais o “indeciso” Marcos, mas o cooperador
Marcos. Ele é agora requisitado: “porque ele me é útil para o ministério”.
(4.9-12; At 15.37-40).
172
SÍNTESE DA AULA
173
REFERÊNCIAS
174
GEISLER, Norman. NIX, William E. Introdução Bíblica – Como a Bíblia
chegou até nós. Editora Vida, São Paulo, 1997.
175
MARSHALL, L. Howard. Atos dos Apóstolos - Série Cultura Bíblica.
Editora Mundo Cristão, São Paulo, 1980.
176
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Volume II – Novo
Testamento. Editora Geográfica, Santo André, SP, 2009.
WEBSITE:
177
MINICURRÍCULO DO AUTOR
178
179