CAV-T-SP I - Aula 1.1 A 1.4 - Natureza Do Fogo
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Objetivos da Aprendizagem:
– Identificar o fenômeno da combustão;
– Relacionar noções elementares sobre a temperatura e a
transmissão de calor; e
– Descrever como acontece a eletricidade estática.
1.1 – COMBUSTÃO
Ao considerarmos uma fonte de calor como elemento capaz de alterar o
estado natural da matéria e a aproximarmos de uma substância qualquer,
verificaremos a ocorrência de uma reação química, caracterizada pelo aumento de
temperatura e liberação gradual de calor, o que fará com que as ligações estáveis
intermoleculares daquele corpo sejam quebradas transformando seu estado natural.
Essa alteração química da matéria decorre do nível de agitação de suas
moléculas em decorrência de seu aquecimento. O aumento da temperatura provoca a
ruptura de suas ligações, causando mudanças na sua estrutura molecular.
Tomemos como exemplo dessa modificação do estado natural da matéria a
queima do papel. O papel, quando aquecido, não libera moléculas de celulose em
forma de gases, mas sim outros gases, que se diferem e muito da constituição
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COMBURENTE
É todo elemento que, associando-se quimicamente ao combustível, é capaz de fazê-
lo entrar em combustão. O oxigênio é o comburente mais facilmente encontrado na
natureza. O oxigênio existe no ar atmosférico em uma quantidade aproximada de 21%.
Normalmente, não ocorre chama quando a concentração de oxigênio no ar é inferior
a 13%.
COMBUSTÍVEL
É toda a substância capaz de queimar e alimentar a combustão (madeira, papel,
pano, estopa, tinta, alguns metais etc). É o elemento que serve de campo de propagação
ao fogo. Dentre as diversas classificações que podemos atribuir aos combustíveis,
interessam ao nosso estudo as seguintes:
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Concentração
Combustíveis
Limite inferior Limite superior
Metano 1,4% 7,6%
Propano 5% 17%
Hidrogênio 4% 75%
Acetileno 2% 85%
Tabela 1 – Limites de Inflamabilidade
Para o gás queimar, há necessidade de que esteja em uma mistura ideal com o ar
atmosférico e, portanto, se estiver numa concentração fora de determinados limites, não
queimará. Cada gás, ou vapor tem seus limites próprios. Por exemplo, se num ambiente há
menos de 1,4% ou mais de 7,6% de vapor de gasolina, não haverá combustão, pois a
concentração de vapor de gasolina nesse local está fora do que se chama de mistura ideal,
ou limites de inflamabilidade; isto é, ou a concentração deste vapor é inferior ou é superior
aos limites de inflamabilidade.
II – QUANTO À VOLATILIDADE
a) Voláteis – são os combustíveis que, nas condições normais de temperatura e
pressão, desprendem vapores capazes de se inflamarem (álcool, éter, benzina, etc.). A
volatilidade é a facilidade com que os líquidos liberam vapores, e tem grande importância,
porque quanto mais volátil for o líquido, maior a possibilidade de haver fogo, ou mesmo
explosão. Chamamos de voláteis os líquidos que liberam vapores a temperaturas menores
que 20° C.
b) Não voláteis – são os combustíveis que desprendem vapores inflamáveis após
aquecimento acima da temperatura ambiente (óleo combustível, óleos lubrificantes, óleo
de linhaça, etc.), considerando as condições normais de pressão.
Observação:
– Perigos da Radiação Eletromagnética ao Combustível (HERF – High-Energy
Radio Frequency)
Uma mistura de vapor de combustível / ar acima do “Limite Mínimo Explosão” pode
ser inflamada quando um campo de rádio frequência de alta energia induz arco entre duas
superfícies de metal próximas. O incêndio causado por HERF é normalmente um risco nos
casos de combustíveis com baixos pontos de ignição. Podem ser citados como exemplo, o
risco decorrente de reabastecimento de gasolina em espaços abertos, ventilações de
combustíveis, entradas de combustíveis abertas ou combustíveis derramados em locais
em que transmissores de alta energia, como radares, estejam operando.
Precauções como o controle de emissões eletromagnéticas e a restrição de algumas
transmissões devem ser normatizadas em procedimentos de segurança específicos.
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PROCESSOS DE QUEIMA
Como regra, os materiais combustíveis queimam no estado gasoso. Submetidos ao
calor, os sólidos e os líquidos combustíveis se transformam em gás para se inflamarem.
Como exceção e como casos raros, há o enxofre e os metais alcalinos (potássio, cálcio,
magnésio, etc.), que se queimam diretamente no estado sólido.
INTENSIDADE DA COMBUSTÃO
É conhecido por intensidade da combustão o volume de chamas que se desprende
de um incêndio. Naturalmente, um palito de fósforo apresentará uma intensidade de
combustão muito menor do que uma pilha de lenha, devido à menor quantidade de
combustível. Além da quantidade de combustível, devemos, também, considerar a área
superficial do combustível, porque a concentração da mistura combustível e ar (oxigênio)
produzirão uma intensidade de combustão maior ou menor em função dessa mistura.
Assim, quanto maior a área superficial, maior será a concentração da mistura
ar/combustível e, em consequência, maior será a intensidade da combustão.
A concentração do comburente é outro fator que devemos considerar quando um
incêndio está ocorrendo com pequena intensidade num ambiente confinado (onde a
concentração de oxigênio já atingiu níveis reduzidos) e uma porta é bruscamente aberta.
Subitamente, sob o impacto do aumento da concentração de oxigênio ambiente, o fogo se
reanima e aumenta de intensidade. É o que chamamos de “backdraft”, como veremos mais
a frente.
FORMAS DE COMBUSTÃO
As combustões podem ser classificadas conforme a sua velocidade em: completa,
incompleta, espontânea e explosão. Dois elementos são preponderantes na velocidade da
combustão: o comburente e o combustível; o calor entra no processo para decompor o
combustível. A velocidade da combustão variará de acordo com a porcentagem do
oxigênio no ambiente e as características físicas e químicas do combustível.
a) Combustão completa – É aquela em que a queima produz calor e chamas e se
processa em ambiente rico em oxigênio.
b) Combustão incompleta – É aquela em que a queima produz calor e pouca ou
nenhuma chama, e se processa em ambiente pobre em oxigênio.
c) Combustão espontânea – Certos materiais orgânicos, em determinadas
circunstâncias, podem, por si só, entrar em combustão. Entre as substâncias mais
suscetíveis de combustão espontânea destacam-se tecidos impregnados de óleo, os
vernizes, os pós metálicos, o sisal, a madeira e a serragem. Os materiais fibrosos tornam-
se particularmente perigosos quando impregnados com óleos animais ou vegetais. Embora
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PRODUTOS DA COMBUSTÃO
Quando duas substâncias reagem entre si, se transformam em outras substâncias.
Estes produtos finais resultantes da combustão, que dependerão do tipo do combustível,
normalmente são: Gás Carbônico (CO2, Monóxido de Carbono (CO), fuligem, cinzas,
vapor d’água, mais calor e energia luminosa).
Dependendo do combustível poderemos ter vários outros produtos, inclusive
tóxicos ou irritantes.
1.2 – A TEMPERATURA
Grandeza termodinâmica intensiva, comum a todos os corpos que estão em equilíbrio
térmico, que expressa a quantidade de calor existente num corpo ou no ambiente.
Temperatura de Ignição – é a temperatura necessária para que a reação química
ocorra entre o combustível e o comburente, produzindo gases capazes de entrarem em
combustão.
Ponto de Fulgor – é a temperatura mínima na qual um combustível desprende gases
suficientes para serem inflamados por uma fonte externa de calor, mas não em quantidade
suficiente para manter a combustão. A chama aparece, porém logo se extingue, não
mantendo a combustão.
Ponto de Combustão – é a temperatura do combustível, acima da qual ele
desprende gases em quantidade suficiente para serem inflamados por uma fonte externa
de calor e continuarem queimando, mesmo quando retirada esta fonte.
Ponto de Ignição – é a temperatura necessária para inflamar os gases que estejam
se desprendendo de um combustível, só com a presença do comburente.
Reação química em cadeia – A reação em cadeia torna a queima autossustentável.
O calor irradiado das chamas atinge o combustível e este é decomposto em partículas
menores, que se combina com o oxigênio e queimam, irradiando outra vez calor para o
combustível, formando um ciclo constante. O fogo age em um corpo, decompondo-o em
partes cada vez menores.
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Condução
É a transmissão de calor que se faz de molécula para molécula, por contato físico,
através de um movimento vibratório que as anima e permite a comunicação de uma para
outra.
As anteparas e pisos que limitam os compartimentos incendiados atingem
temperaturas que ultrapassam a de ignição da maioria dos materiais encontrados a bordo.
É por isto que, quando ocorre um incêndio em um compartimento, devem ser inspecionado
imediatamente os compartimentos adjacentes, principalmente os que ficam acima. Todo
material existente nesses compartimentos deve ser retirado ou afastado das anteparas, ao
mesmo tempo em que estas devem ser resfriadas, visto que a própria tinta que as reveste
se inflama com facilidade.
Convecção
É o método de transmissão de calor característico dos líquidos e gases. Consiste na
formação de correntes ascendentes no seio da massa fluida, devido ao fenômeno da
dilatação e consequente perda de densidade da porção de fluido mais próximo da fonte
calorífica. Porções mais frias ocupam o lugar próximo à fonte calorífica, antes ocupada
pelas porções que subiram, formando-se assim o regime contínuo das correntes de
convecção.
Quanto ao aspecto da propagação de incêndios, a convecção pode ser responsável
pelo alastramento de incêndios a compartimentos bastante distantes do local de origem do
fogo. Em edifícios, este fenômeno se dá através dos poços dos elevadores ou vãos de
escadas, atingindo muitos andares acima de onde está ocorrendo o incêndio,
especialmente onde houver portas ou janelas abertas que permitam a passagem da coluna
ascendente de gases aquecidos. A legislação que rege a construção civil determina que as
escadas internas, de acesso aos pavimentos de um prédio, sejam isoladas por portas à
prova de fogo, de forma a evitar tais efeitos.
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VERIFICAÇÃO DA APRENDIZAGEM
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. DIRETORIA GERAL DE MATERIAL DA MARINHA. DGMM – 0602 Normas
e procedimentos para prevenção, proteção e segurança contra incêndios em OM
terrestres. 1a rev. Rio de Janeiro, 2002.
________. Centro de Adestramento Almirante Marques de Leão. CAAML – 1202
Manual de Combate a Incêndio. 2ª rev. Niterói, 2017.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
Goiás. Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás. Fundamentos de Combate
a Incêndio, CBMGO, 1° Edição, 2016.
Distrito Federal. Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal. Manual Básico de
Combate a Incêndio, Modulo 1, CBMDF.
1) Reação química em cadeia na qual uma substância combustível reage com o comburente, ativada pelo
calor com desprendimento de energia luminosa, calor e gases da combustível.