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Técnico em Controle Ambiental

Gestão e Tecnologias para


Tratamento de Efluentes
Industriais

Profª: Bióloga Lauren Machado Gayeski


Água para
consumo
humano
O abastecimento de água mantém uma
relação ambígua com o ambiente,
especialmente o hídrico:
De um lado é um usuário primordial,
dele dependendo...
De outro, ao realizar este uso,
provoca impactos!
Um adequado equacionamento dessa dupla
relação com o meio ambiente é requisito
indispensável para uma correta concepção
dos abastecimento de água.
Apesar dos grande avanços no desenvolvimento de
tecnologias para o tratamento das águas nos
últimos anos, muito há por se caminhar na busca por
soluções seguras para garantir a produção de água
potável a partir de mananciais de superfície.

O desafio mantém-se inalterado, talvez maior, frente às


descobertas de que vários compostos naturais,
industrialmente produzidos e, até mesmo,
gerados durante o próprio tratamento da
água, podem vir a manifestar-se em
concentrações potencialmente
perigosas para a saúde pública.
A garantia da qualidade da água para abastecimento público
destinada ao consumo humano está intimamente relacionada
com a proteção da respectiva fonte de água bruta.
A gestão das causas de contaminação das águas
naturais traduz-se na disponibilidade de uma água com
menor grau de contaminação, o que, além de
garantir maior segurança na qualidade da água
fornecida aos consumidores, implica menor esforço no
seu processo de tratamento. Como efeito, quanto menos
poluída for a água afluente a uma estação de tratamento,
menos extensivos e dispendiosos serão os meios
necessários à salvaguarda da saúde pública: uma menor
quantidade de produtos químicos utilizados
corresponde a uma redução na formação de
subprodutos do tratamento e um benefício
econômico e ambiental decorrente da
minimização de custos operacionais, do
consumo de recursos e da
produção de resíduos.
A necessidade da água para sobrevivência humana e para o
desenvolvimento da sociedade já é conhecido por nós!
Também sabemos que a sua disponibilidade na natureza tem
sido insuficiente para atender à demanda requerida em
muitas regiões, fenômeno que vem se agravando
crescentemente.

Neste quadro, as
instalações para
abastecimento de água devem ser capazes
de fornecer água com qualidade, com
regularidade e de forma acessível para as
populações, além de respeitar os interesses
dos outros usuários dos mananciais
utilizados.
Como usuário, o setor
de abastecimento de água
é considerado prioritário pela legislação (Lei Federal
9.433/97 – Política Nacional de Recursos Hídricos), mas esse
reconhecimento não
o desobriga de um uso
criterioso do recurso, que contribua para maior
disponibilidade para outros usuários e para a
manutenção da vida aquática.

Nesse ponto, em primeiro lugar, deve-se procurar o estrito


respeito à legislação que estabelece as condições para
outorga de uso de recursos hídricos. Com variações em cada
estado, é permitida a captação de apenas uma
parcela da vazão mínima do manancial
superficial, garantindo que se mantenha permanentemente
uma vazão residual escoando para jusante.
ESCOLHA DO MANANCIAL
Embora as tecnologias de tratamento de água tenham tido
considerável evolução, a ponto de se poder dizer que,
teoricamente, a água de qualquer qualidade pode
ser tratada, os custos e riscos evolvidos no tratamento de
águas muito contaminadas podem ser extremamente elevados.
O desconhecimento da qualidade da água bruta tem
conduzido a muitos erros de projetos de estação.

É conhecida a qualidade desejada da


água tratada, estabelecida no Brasil
pela Portaria 2.914 do Ministério da
Saúde (2011), mas a ausência de informações
sobre a água bruta pode conduzir à escolha
incorreta da tecnologia de tratamento.
ESCOLHA DO MANANCIAL
A escolha do manancial deve ser precedida de um
levantamento sanitário da bacia hidrográfica e de um
profundo estudo da qualidade da água, a qual pode variar não
só sazonalmente mas também ao longo dos anos.

O crescimento populacional, a concentração demográfica,


a expansão industrial e os usos diferentes do solo da
bacia hidrográfica do manancial fornecem uma ideia
preliminar da possibilidade de sua utilização como fonte de
abastecimento para um projeto compatível com as condições
econômicas existentes.

Durante o período de utilização do manancial devem ser


realizados levantamento sanitários frequentes, com o
objetivo de descobrir eventuais alterações na qualidade da
água.
ESCOLHA DO MANANCIAL

Alguns critérios que balizam a escolha do manancial:

 magnitude da vazão de demanda (consumo per capita);


 características da água bruta;
 custos de implantação, operação e manutenção;
 perspectivas de ampliação da vazão captada.

• nível socioeconômico da população abastecida;


• presença de indústrias;
• fatores climáticos (regime de chuvas, temperatura,
umidade...);
• porte, características e topografia da cidade;
• percentual de hidrometração e custo da tarifa...
TIPOS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA

Em termos gerais, as captações podem utilizar mananciais


superficiais e subterrâneos

Captações diretas do cursos Captações de aquíferos


d’água, represas e lagos confinados (artesianos) e
não-confinados (freáticos)

Captações de água da chuva são mais restritas!


TIPOS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA
SUPERFICIAIS

A condição fundamental para


escolha de um manancial
superficial estabelece-se
quando sua vazão média
supera a vazão de demanda
necessária ao abastecimento
da comunidade.
Posteriormente, a partir de
registros pluviométricos
estimam-se as vazões
máximas e mínimas.
TIPOS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA
SUPERFICIAIS

As vazões máximas definirão o tipo de captação que


preserve as estruturas hidráulicas nos períodos das cheias.
Em relação à vazão mínima, existem duas possibilidades: caso
a vazão de demanda seja inferior à vazão mínima, pode-se
optar por efetuar captação direta, reduzindo os custos dessa
etapa do sistema de abastecimento. Quando a vazão de
demanda supera a vazão mínima, situação usual para a
maioria dos grande sistemas, há a necessidade da construção
de reservatórios de acumulação, objetivando regularizar o
aporte e a retirada de água para abastecimento. Durante o
período chuvoso, no qual a vazão do curso d’água é superior a
demanda, haverá o armazenamento de água para posterior
liberação no período de estiagem.
TIPOS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA

SUPERFICIAIS

As captações superficiais podem ser de cinco tipos:

o captação direta ou a fio de água;


o captação de barragem de regularização de nível de água;
o captação com reservatório de regularização de vazão
destinado prioritariamente para o
abastecimento público de água;
o captação em reservatórios ou lagos de
usos múltiplos.
TIPOS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA
Captação direta ou a fio de água
Aplicada em cursos de água superficial que possuam vazão
mínima utilizável superior à vazão de captação e que
apresentem nível de água mínimo suficiente para a adequada
submergência ou posicionamento da tubulação ou outro
dispositivo de tomada.
TIPOS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA

Captação de barragem de regularização de nível de água


Também se aplica a cursos de água de superfície com vazão
mínima utilizável superior à vazão de captação, porém cujo
nível de água mínimo seja insuficiente para a necessária
submergência ou posicionamento da tubulação. O nível
mínimo de água é elevado por meio de uma barragem de
pequena altura, também conhecida como soleira, cuja única
finalidade é dotar o manancial do nível de água mínimo
necessário à captação.
TIPOS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA
Captação com reservatório de regularização de vazão
destinado prioritariamente para o abastecimento público
de água
Empregado quando a vazão mínima utilizável do manancial de
superfície é inferior à vazão de captação necessária. Torna-se
necessária a construção de barragem dotada de maior altura,
suficiente para permitir o acúmulo do volume de água que
possibilite a captação da
vazão necessária em
qualquer época do ano
hidrológico, além de garantir
o fluxo residual de água em
quantidade adequada à
manutenção da vida aquática e
a outros usos da jusante da
barragem.
TIPOS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA

Captação em reservatórios ou lagos de usos múltiplos


Dá-se em reservatórios artificiais ou em lagoas naturais cujas
águas não tenham o seu uso prioritário relacionado ao
abastecimento público de água.
TIPOS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA
SUBTERRÂNEAS

O aproveitamento das águas subterrâneas para


abastecimento público é uma alternativa para ser sempre
analisada, por oferecer soluçõessimples e de
grande viabilidade técnica e econômica.
A parcela de água de infiltração que atinge os
mananciais subterrâneos é autodepurada à medida que
percola pelo solo e subsolo, devido aos processos de interação
água/rocha e de filtração lenta.
Move-se de forma muito lenta em comparação com a água
superficial (a velocidade média de 1m por dia é considerada
alta no primeiro caso, enquanto que para um curso d’água
superficial o equivalente seria a velocidade de 1m por
segundo).
TIPOS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA
SUBTERRÂNEAS

A água abaixo da superfície do solo pode ocorrer basicamente


em duas zonas principais: zona de aeração (não-saturada) e
zona saturada.
Zona não-saturada: ocupada
parcialmente pela água e pelo ar, na
qual ocorrem as principais interações
entre os contaminantes e o solo, como
uma zona de transição entre a
poluição na superfície e nas águas
subterrâneas.

Zona saturada: nesta zona os poros do solo estão


completamente preenchidos pela água formando os aquíferos,
podendo inclusive ocorrer a pressões superiores à atmosférica.
TIPOS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA
SUBTERRÂNEAS
TIPOS DE CAPTAÇÃO DE ÁGUA
SUBTERRÂNEAS

Mananciais naturais ou afloramentos – a escolha de uma


fonte ou nascente deve ser precedida de criterioso estudo da
área de recarga e sobre sua vazão.

Mananciais subsuperficiais – poço raso, também chamado de


poço freático ou manual, é uma escavação geralmente
cilíndrica, desde alguns centímetros até alguns metros. A
profundidade do poço, suficiente para penetrar apenas a zona
não saturada em espessura segura para obter água, é definida
pelo nível do lençol freático ou nível de água no aquífero.

Mananciais profundos – a escolha para esse tipo de poço


deve ter como pré-requisito um estudo detalhado de natureza
hidrogeológica. Existe sempre o risco de insucesso na
perfuração.
Sistema de Abastecimento de Água é composto por:

Manancial: fontes de água superficiais ou subterrâneas que são


usadas para abastecimento humano.
Captação: primeira unidade do sistema de abastecimento de água.
Responsável por coletar a água do manancial (água bruta).
Adutora: é a tubulação de grande diâmetro usada para a condução da
água
Estação Elevatória: conjunto das instalações e equipamentos de
bombeamento, destinados a transportar a água a pontos mais distantes
ou mais elevados, ou para aumentar a vazão de linhas adutoras.
Estação de tratamento: unidade industrial responsável pela
purificação da água bruta coletada no manancial, seguindo critérios de
qualidade especificados na legislação.
Reservatório: grandes caixas de concreto onde fica reservada a água
após tratamento.
Rede de distribuição: adutoras, tubulações e encanamentos por
onde se distribui a água tratada para a população.
ADUÇÃO DE ÁGUA
As adutoras são condutos – tubulações ou canais –
encarregados do transporte de água entre unidades do sistema
de abastecimento que precedem a rede de distribuição.
Interligam a captação à estação de tratamento de água e desta
aos reservatórios.
ADUÇÃO DE ÁGUA
A adução por gravidade constitui o
meio mais seguro e econômico de se
transportar a água. No entanto, nem
sempre existe um desnível suficiente
para conduzir, por gravidade, a vazão
necessária entre os pontos a serem
interligados.
Nestes casos, elevatórias são
necessárias e as adutoras a elas
interligadas são classificadas
como adutoras por recalque.

Quando as adutoras antecedem a estação de tratamento de


água, são chamadas adutoras de água bruta; após receber o
tratamento, adutora de água tratada.
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
Consiste na captação de água não tratada de alguma fonte e
torná-la própria ao consumo da população.

O tratamento de água pode ser feito para atender várias


finalidades:
 HIGIÊNICAS – remoção de bactérias, protozoários,
vírus e outros microrganismos, de substâncias venenosas ou
nocivas, redução do excesso de impurezas e dos teores
elevados de compostos orgânicos.

 ESTÉTICAS – correção de cor, odor e sabor.

 ECONÔMICAS – redução de corrosividade, dureza


(principalmente Ca e Mg), cor, turbidez, ferro, manganês, odor
e sabor.
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO

Nos sistemas de abastecimento de água, tem-se como objetivo


final disponibilizar água potável aos usuários, de forma
contínua e em quantidade e pressão adequadas.

POTABILIZAÇÃO = TRATAMENTO DA
ÁGUA BRUTA ANTES DE SUA
DISTRIBUIÇÃO, PARA QUE A ÁGUA NÃO
OFEREÇA RISCOS SANITÁRIOS À
POPULAÇÃO.
Mas o que é uma
ÁGUA POTÁVEL?
PORTARIA Nº 2.914, DE 12 DE DEZEMBRO DE 2011
Dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da
qualidade da água para consumo humano e seu padrão de
potabilidade.

Água para consumo humano: água potável destinada à ingestão,


preparação e produção de alimentos e à higiene pessoal,
independentemente da sua origem;
Água potável: água que atenda ao padrão de potabilidade
estabelecido nesta Portaria e que não ofereça riscos à saúde;
Padrão de potabilidade: conjunto de valores permitidos como
parâmetro da qualidade da água para consumo humano, conforme
definido nesta Portaria;
Controle da qualidade da água para consumo humano: conjunto de
atividades exercidas regularmente pelo responsável pelo sistema ou
por solução alternativa coletiva de abastecimento de água, destinado
a verificar se a água fornecida à população é potável, de forma a
assegurar a manutenção desta condição.
TABELA DE PADRÃO MICROBIOLÓGICO DA ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO

TIPO DE ÁGUA PARÂMETRO VMP

Água para consumo Escherichia coli(2) Ausência 100ml


humano
Na saída do Coliformes totais(3) Ausência 100ml
tratamento
Escherichia coli Ausência 100ml

Sistemas ou Apenas uma entre


soluções alternativas as amostras
coletivas que examinadas no
Água abasteçam <20.000 mês, poderá
tratada No sistema de hab. apresentar
distribuição Coliformes totais(4) resultado positivo
Sistemas ou Ausência em
soluções alternativas 100ml em 95%
coletivas que amostras
abasteçam >20.000 examinadas no
hab. mês.

(2) Indicador de contaminação fecal


(3) Indicador de eficiência de tratamento
(4) Indicador de integridade do sistema de distribuição (reservatório e rede)
Recomenda-se a inclusão de monitoramento
de vírus entéricos no(s) ponto(s) de captação
de água proveniente(s) de manancial(is)
superficial(is) de abastecimento, com o
objetivo de subsidiar estudos de avaliação
de risco microbiológico.
TABELA DE NÚMERO DE AMOSTRAS MENSAIS PARA O CONTROLE DA
QUALIDADE DA ÁGUA DE SISTEMA DE ABASTECIMENTO, PARA FINS DE
ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS

PARÂMETRO SAÍDA DO TRATAMENTO SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO


(Nº DE AMOSTRAS POR (RESERVATÓRIOS E REDE)
UNIDADE DE
TRATAMENTO)
<5.000 5.000 a 20.000 a >250.000 hab
hab 20.000 250.000
Coliformes 10 1 para 30 + (1 para 105 + (1 para
Duas amostras semanais
totais cada 500 cada 2.000 cada 5.000
hab hab) hab)
Máx de 1.000
TABELA DE PADRÃO ORGANOLÉPTICO DE POTABILIDADE

PARÂMETRO VPM/UNIDADE

Alumínio 0,2mg/l

Amônia (NH3) 1,5mg/l

Cor aparente 15uH (Unidade de Hazen)

Dureza total 500mg/l

Ferro 0,3mg/l

Gosto e odor 6/intensidade

Manganês 0,1mg/l

Sódio 200mg/l

Sólidos dissolvidos totais 1000mg/l

Sulfato 250mg/l

Turbidez 5uT (Unidade de turbidez)


TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO

O tratamento de água consiste na remoção de partículas


suspensas e coloidais, matéria orgânica, microrganismos e
outras substâncias possivelmente deletérias à
saúde humana, porventura presentes nas águas
naturais, aos menores custos de implantação, operação e
manutenção.

Diferentemente do tratamento de águas residuárias, de


característica predominantemente biológica, as tecnologias de
tratamento das águas de abastecimento, na
sua quase totalidade, abarcam conjunto de
processos e operações físico-químicos.
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
Diversos tipos de produtos químicos podem ser utilizados
no tratamento de água: oxidantes (como ozônio, cloro,
dióxido de cloro, peróxido de hidrogênio), alcalinizantes
(geralmente cal ou hidróxido de sódio), coagulantes (em
geral sais de ferro e de alumínio, além de polímeros),
desinfetantes (cloro e seus compostos, ozônio, entre outros),
produtos para correção da dureza (cal, carbonato de
sódio), produtos para controle da corrosão (cal,
carbonato de sódio, metafosfato, silicato) e carvão ativado
para adsorção de contaminantes.
Todos os produtos químicos devem ser manuseados com
cuidado, seguindo-se rigorosamente as instruções de
segurança. Os sistemas e as soluções alternativas coletivas
de abastecimento de água para consumo humano devem
contar com responsável técnico habilitado.
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
A definição da tecnologia a ser empregada no tratamento de
água para consumo humano deve-se pautar principalmente
nas seguintes premissas principais:
 características da água bruta;
 características da bacia hidrográfica;
 custos de implantação, manutenção e operação;
 manuseio e confiabilidade dos equipamentos;
 localização geográfica e característica da comunidade;
 flexibilidade no tratamento;
 disposição final do lodo.

O projeto das estações deve se basear em dados de


estudos laboratoriais. Mesmo que a qualidade da água bruta
seja conhecida, o projetista pode incorrer em erros graves
quando seleciona a tecnologia de tratamento ou quando adota
parâmetros de projeto.
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO

Na potabilização das águas naturais, as tecnologias de


tratamento apresentam, basicamente, três fases nas quais
os processos operacionais unitários hão de se inserir:
clarificação, filtração e desinfecção.
Quando as características da água permitirem, como para a
maioria dos mananciais subterrâneos, apenas a desinfecção
faz-se necessária para a adequação ao padrão de potabilidade.

Para as águas superficiais, as tecnologias de tratamento


de água para abastecimento público podem ser divididas a partir
da existência ou não do processo de coagulação
química.
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
A NBR 12.216 traz uma classificação das águas para consumo
humano, baseada nas suas características.
A - Águas subterrâneas ou superficiais, provenientes de bacias
sanitariamente protegidas
B - Águas subterrâneas ou superficiais, provenientes de bacias não
protegidas, com características que possam se enquadrar nos padrões
de potabilidade, mediante processo de tratamento que não exija
coagulação.

C - Águas superficiais, provenientes de bacias não protegidas, com


características que exijam tratamento com coagulação para enquadrar-
se nos padrões de potabilidade.

D - Águas superficiais, provenientes de bacias não protegidas, sujeitas


a fontes de poluição, com características que exijam processos
especiais de tratamento para que possam enquadrar-se nos padrões de
potabilidade.
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
Tratamento mínimo para cada tipo de água:

A - Desinfecção e correção do pH.


B - Decantação simples (para águas com sólidos
sedimentáveis), filtração precedida ou não de decantação (para
água com turbidez natural), desinfecção e correção do pH

C - coagulação, seguida ou não de decantação, filtração em


filtros rápidos, desinfecção e correção do pH.

D - coagulação, seguida ou não de decantação, filtração em


filtros rápidos, desinfecção, correção do pH e tratamento
complementar apropriado para cada caso.
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO

A NBR 12.216, recomenda o uso de grades na entrada da


estação da ETA (Estação de Tratamento de Água) destinadas a
reter materiais grosseiros existentes nas águas superficiais; e o
uso do micropeneiramento, que retém sólidos finos não
coloidais e em suspensão, para os seguintes casos:

 quando a água apresenta algas ou outros organismos de tipo


e quantidade tal que sua remoção seja imprescindível ao
tratamento posterior;
 quando permite a potabilização da água sem necessidade
de outro tratamento, exceto desinfecção.
 quando permite redução de custos de implantação ou
operação de unidades de tratamento subsequentes.
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO

OXIDAÇÃO
Destinam-se a introduzir ar na água por aeradores para a
redução de contaminantes orgânicos e inorgânicos, que não são
normalmente removidos de forma satisfatória nas unidades que
usualmente compõem as ETAs. A aeração é usada nos casos
em que a água apresenta carência ou excesso de gases e
substância voláteis. Geralmente o projeto se aplica a águas que
não estão em contato com o ar (águas subterrâneas,
provenientes de partes profundas de grandes represas).

ADSORÇÃO EM CARVÃO ATIVADO


Remoção de contaminantes orgânicos e inorgânicos. Muito
utilizados após a oxidação química da água, de forma a remover
os subprodutos desta oxidação. Pode ser usado em suspensão,
na mistura com a água (pó) ou como meio filtrante (granular).
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
TÉCNICAS DE PRÉ-TRATAMENTO

Pré tratamento com decantação: a água captada do rio é


conduzida a um lago com tempo de detenção geralmente
superior a dois meses. Pode ser usada como pré-tratamento
em ciclo completo;
Pré tratamento com filtração dinâmica: finalidade de amortecer
os picos de turbidez ou de sólidos suspensos. Usada como pré
tratamento para filtração direta ascendente ou descendente. O
meio granular é constituídos por pedregulhos com tamanho
menor no topo maior no fundo, dispostos sobre um sistema de
drenagem;
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
TÉCNICAS DE PRÉ-TRATAMENTO

Pré-tratamento com filtração dinâmica em série com a filtração


com escoamento vertical ou horizontal: aumento excessivo na
filtração da água bruta. Remoção substancial de algas,
coliformes, protozoários, metazoários, rotíferos.
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
TÉCNICAS DE PRÉ-TRATAMENTO

Pré-tratamento com filtração dinâmica, coagulação e filtração


com escoamento vertical ou horizontal: utilizado antes da
filtração direta ascendente ou descendente. A coagulação
prévia da água, com alta taxa de turbidez e posteriormente
submetida a pré-filtração horizontal pode ser suficiente para a
produção de água com turbidez inferior a 5uT.

Pré-tratamento com filtração com escoamento vertical ou


horizontal: Dependendo da qualidade da água bruta, pode-se
utilizar o pré-filtro com escoamento vertical ou horizontal no
lugar do pré-filtro dinâmico; seguida pela da filtração direta
ascendente ou descendente.
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
COAGULAÇÃO

A cor, a turbidez, o sabor, o odor e diversos tipos de


contaminantes orgânicos e inorgânicos presentes na água
geralmente estão associados a partículas suspensas ou
dissolvidas, que não podem ser removidos por sedimentação
simples, sendo necessária a adição de coagulante para
formar aglomerados ou flocos que sedimentam com facilidade,
facilitando a remoção dessas impurezas.
A coagulação consiste na desestabilização das partículas
coloidais e suspensas pela conjunção entre o coagulante
(geralmente sais de alumínio ou ferro), a água e as impurezas.
Quando ocorre a dispersão do coagulante, são originadas
espécies hidrolisadas que reagem quimicamente com as
impurezas ou que atuam sobre a superfície delas e reduzem a
força que tende a mantê-las estáveis no meio aquoso.
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
COAGULAÇÃO

A dispersão do coagulante na água é realizada nas unidades


de mistura rápida. A mistura pode ser realizada por sistemas
hidráulicos, mecânicos ou dispositivos especiais. Em muitas
ETAs do Brasil é utilizado o medidor Parshall para promover a
mistura rápida e para medir a vazão do afluente a estação.
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO

FLOCULAÇÃO

As reações que se iniciam na


unidade de mistura rápida
possibilitam que as impurezas
na água possam se aglomerar,
formando flocos na unidade
de floculação. Nesta unidade, a
água é movimentada
mais lentamente fazendo
com que as impurezas colidam
umas com as outras.
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO

DECANTAÇÃO

Quando a água bruta apresenta alta concentração de


partículas em suspensão ou de sólidos
dissolvidos, é necessária a construção de unidades que
removam estas impurezas, antes de encaminhá-las aos
filtros. A decantação é uma das técnicas mais antigas e
simples de clarificação da água e resulta da ação da
força da gravidade sobre as impurezas.
A decantação, com coagulação prévia, é um processo de
clarificação usado na maioria das estações de tratamento.
Nela, são fornecidos aos flocos formados anteriormente
condições que os permita depositar com a ação da
gravidade.
Para pequenas comunidades, a decantação simples
é uma alternativa ao pré-tratamento do afluente, em
substituição à coagulação química e à floculação.
VANTAGENS: menor custo operacional (sem produtos
químicos e sem unidade de mistura rápida e floculação), lodo
com menos problemas de disposição final;
DESVANTAGENS: pequena velocidade de sedimentação,
grandes espaços físicos.
Quando as etapas de coagulação e floculação da água
conduzem à formação de flocos com baixa velocidade de
sedimentação é necessário projetar os decantadores que ocupam
grande espaço físico. Uma alternativa é a substituição dos
decantadores por flotadores. Enquanto na sedimentação a força
da gravidade atua fazendo com que a partículas se depositem no
fundo, na flotação a clarificação da água é feita por meio da
produção de bolhas que se aderem aos flocos ou partículas em
suspensão provocando a ascensão dos flocos até a superfície,
onde são removidas.
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
FILTRAÇÃO

A filtração consiste na remoção de partículas


suspensas e coloidas e de microrganismos
presentes na água que escoa através de um meio poroso.
Consiste em camadas com materiais de variados
tamanhos (areia, pedregulhos, carvão ativado).
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
FILTRAÇÃO

Em geral, é o processo final de remoção de


impurezas realizado em uma estação de tratamento de
água, e, portanto, principal responsável pela produção de água
com qualidade condizente com o padrão de potabilidade.
Após certo tempo de funcionamento, há necessidade de
lavagem do filtro, geralmente realizada por meio da
introdução de água no
sentido contrário com
velocidade relativamente
alta para promover a
liberação das impurezas.
FILTRAÇÃO DIRETA
Única unidade de tratamento destinada à remoção dos sólidos
presentes na água e nas quais a água bruta é coagulada antes
de ser encaminhada às unidades de filtração.

FILTRAÇÃO DIRETA DESCENDENTE: a água coagulada


percorre a camada filtrante de cima para baixo (água filtrada
sai pela parte inferior)
FILTRAÇÃO DIRETA DESCENDENTE COM FLOCULAÇÃO:
semelhante a anterior, só que a água é coagulada e floculada
antes de entrar no filtro.
FILTRAÇÃO DIRETA ASCENDENTE: água coagulada
percorre a camada filtrante de baixo para cima (sai na parte
superior)
DUPLA FILTRAÇÃO: água coagulada passa por uma unidade
de filtração ascendente e depois por uma descendente.
Possibilita o tratamento de água bruta de pior qualidade.
A FILTRAÇÃO LENTA é um processo biológico para tratamento
da água, onde não há necessidade do emprego de coagulante
químico, ocasionando uma menor frequência de limpeza dos filtros e
simplificando a operação. Constui-se basicamente de um tanque
onde é colocada areia (espessura entre 0,9 e 1,20m) sobre uma
camada de pedregulho (0,2 a 0,45m). Abaixo tem o sistema de
drenagem, para recolher a água filtrada. Como a taxa de filtração
com este procedimento é mais baixa, requer espaços
significativamente maiores dos que as demais técnicas que também
utilizam a filtração em areia. Pode ser precedido de um pré-
tratamento também por filtração, quando houver excesso de sólidos
em suspensão.
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
DESINFECÇÃO

Constitui-se praticamente da última etapa do tratamento


relacionado à consecução do objetivo de produzir água de
consumo isenta da presença de microrganismos
patogênicos, cuja inativação realiza-se por intermédio de
agentes físicos e/ou químicos. Ainda que nas demais etapas
haja a redução do número de microrganismos agregados às
partículas removidas, não consiste foco principal dos demais
processos.
A desinfecção da água para consumo humano pode
ser realizada basicamente por: uso de cloro e seus compostos,
dióxido de cloro e ozônio (agentes químicos); ou pelo uso
de radiação UV, radiação gama, radiação solar e fervura, em
nível domiciliar (agentes físicos).
PORTARIA 2.914/2011
É obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2mg/l
de cloro residual livre ou 2mg/l de cloro residual
combinado ou de 0,2mg/l de dióxido de cloro em toda
a extensão do sistema de distribuição (reservatório e
rede).

No caso do uso de ozônio ou radiação ultravioleta


como desinfetante, deverá ser adicionado cloro ou
dióxido de cloro, de forma a manter residual mínimo
no sistema de distribuição (reservatório e rede), de
acordo com as disposições.
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
DESINFECÇÃO

Cloro e compostos
O cloro sob diversas formas, tornou-se o agente químico
mais difundido no tratamento de águas de abastecimento,
e de águas residuárias. Além de amplo espectro de ação
germicida, o cloro tem característica de formar
compostos que permanecem na água,
proporcionando um residual desinfetante ativo e, com
isso, permitindo que haja inativação de
microrganismos, após o ponto de sua aplicação, seja ao
longo das tubulações da rede de distribuição ou mesmo nos
reservatórios domiciliares dos pontos de consumo.
TRATAMENTO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO

DESINFECÇÃO

Cloro e compostos

O objetivo
principal do uso do cloro é a
desinfecção. No entanto, devido ao alto poder oxidante,
sua aplicação nos processos de tratamento tem servido a
controle de sabor e odor,
propósitos diversos, como:
prevenção do desenvolvimento de algas,
remoção de ferro e manganês, remoção de
cor e controle do desenvolvimento de
biofilmes em tubulações.
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DESINFECÇÃO

Ozônio

O ozônio constitui-se no agente químico mais eficiente


em termos de inativação de microrganismos e na
oxidação de compostos orgânicos. Atua
fundamentalmente na ruptura da parede celular dos
microrganismos, como os demais desinfetantes. Apresenta
eficiência na inativação de bactérias, vírus, certas algas, cistos e
protozoários. Pode ser usado como uma etapa de pré-
oxidação, precedendo a coagulação, floculação e
sedimentação, devido a sua capacidade na remoção de matéria
orgânica e compostos inorgânicos combinados com a matéria
orgânica (como ferro, manganês, sulfitos e nitritos).
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DESINFECÇÃO

Radiação ultravioleta

Dos agentes físicos na desinfecção da água, este é o que


apresenta aplicação mais extensiva. O efeito biocida da
radiação UV é conhecido desde que foi estabelecida a
responsabilidade das ondas curtas de UV no decaimento
microbiano associado à irradiação
solar, reportada pela primeira vez
em 1878. A aplicação da prática
só se fez possível depois do
desenvolvimento da lâmpada de
vapor de mercúrio, usada como fonte
artificial de UV.
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FLUORETAÇÃO

É uma tecnologia sanitária usada para prevenir a cárie dentária


através da adição de compostos de flúor. É geralmente usada no final
da estação de tratamento.

CONTROLE DE DUREZA E CORROSÃO

Algumas impurezas são responsáveis pela dureza da água. Águas


excessivamente duras causam prejuízos à economia e devem
passar por tratamento, pois reagem com sabão formando compostos
insolúveis. A remoção pode ser feita adição de cal e soda.
A corrosão é um ataque e destruição contínua de corpos sólidos,
especialmente metais. A corrosão de canalizações, válvulas
equipamentos representa um grande prejuízo para os serviços de
abastecimento de água. Após a coagulação, as águas ficam
geralmente mais corrosivas que águas naturais. Para redução da
corrosividade, é necessário elevar o pH da água, com adição de cal.

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