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Introdução
Neste texto, vamos ter uma dimensão mais ampla acerca das distintas
interpretações da modernidade, destacando-se a dimensão política e as
implicações oriundas dessas visões, para posteriormente relacionarmos
essa abordagem à noção da questão social e ao serviço social propria-
mente dita.
Modernidade
O que é modernidade? Para falarmos de modernidade, você precisa ter claro
que estamos falando de filosofia, de modelos de sociedade, de política, de eco-
nomia, de Estado. Você também precisa ter em mente que Estado e Sociedade
já foram vividos e conceituados desde a Grécia Antiga, não sendo, portanto,
um fenômeno moderno.
A modernidade foi um período histórico (século XVI a XVII) que sucedeu
a era medieval. Tratou-se da transição de uma época de pensamento medieval
teológico, religioso, rural, na qual a maioria da população produzia o necessário
para seu consumo e dominava todo o processo de produção para um projeto de
8 Visões da modernidade e uma teoria crítica da sociedade
fez isso com outros objetos de consumo. Entendia que a produção manual e a
intelectual não poderiam ser executadas pelo mesmo trabalhador. Implementou
o uso do cronômetro das tarefas, a supervisão funcional, a padronização,
as fichas de inspeção e os prêmios por produção, que tinham o intuito de
estimular a competitividade entre os operários. Sobre esse tema, o filme de
Charles Chaplin, intitulado Tempos Modernos, faz uma crítica ao modo de
produção de Taylor. Enfatiza a grande pressão sofrida pelo operário da época.
Nos Estados Unidos, o irlandês Henry Ford (1910-1955) importou o conceito
de Taylor na produção de automóveis e adaptou alguns aspectos. Enfatizou a
economia de matérias-primas, a produtividade e a especialização dos traba-
lhadores. Ele defendia a inflexibilidade da produção dos operários e o controle
moral sobre os gastos dos seus empregados. Foi conhecido como tirano por
dispensar os trabalhadores por 60 dias sem salários a fim de construir a nova
fábrica que produziria automóveis coloridos.
Portanto, a lógica empregada na idade moderna é o desenvolvimento eco-
nômico, o lucro a partir da exploração da mão de obra. A compreensão desse
período histórico é fundamental para que haja o entendimento dos processos
de transformações políticas, ideológicas, econômicas e suas contradições
refletidas na contemporaneidade. Muitas das ideias modernas estão impreg-
nadas no modo de vida e de produção até os dias de hoje.
Outro autor marcante e que nos instiga a compreensão da realidade é Max
Weber (1864-1920). Ele afirmava que a sociologia existe nos atos sociais por
meio de manifestações sociais conscientes. Para Weber, a sociedade é formada
por um agrupamento de indivíduos que funciona por interesses econômicos.
Indivíduos que pela consciência coletiva controlam uma sociedade.
Max Weber se debruçou sobre a Revolução Industrial, que ainda estava
muito presente em seu tempo. Não se atinha à visão de classes sociais e seus
conflitos ou à noção de materialismo histórico.
Essas transformações sociais, analisadas por pensadores que marcaram
a história das civilizações, trouxeram consequências significativas em nível
mundial. Tais consequências permearam o desenvolvimento social, econômico
e político da idade moderna e promoveram profundas alterações.
Consequências sociopolíticas
da modernidade sob diferentes perspectivas
No fi nal do século XX, a partir de acontecimentos históricos como, por
exemplo, a queda do muro de Berlim em 1989, foi conceituada a pós-
10 Visões da modernidade e uma teoria crítica da sociedade
O Estado, para Thomas Hobbes (1588-1679), deve ser a instituição responsável pela
regulação das relações humanas. Hobbes afirmava que os homens disputam natu-
ralmente e possuem a condição natural de busca do atendimento de seus desejos,
a qualquer preço, de forma violenta, egoísta, isto é, movida por paixões. Acreditava
que os homens precisam de “freios”.
Visões da modernidade e uma teoria crítica da sociedade 11
Composta por dois termos gregos – kratos (domínio, comando) e áristoi (aqueles que se
destacam, os notáveis) – a palavra aristocracia pode ser traduzida, literalmente, como
“o governo dos melhores”. O conceito surgiu na Antiguidade Clássica representando,
entre a monarquia e a democracia, uma das três formas típicas de governo. Platão,
Heródoto, Aristóteles e Cícero – ao lado de outros filósofos do mediterrâneo antigo –
buscaram responder a seguinte questão: quem deve governar e como deve governar?
Essa pergunta, aparentemente simples, gerou um grande debate – que segue vivo na
Ciência Política – sobre as formas possíveis de governo. É dessa discussão que nasceu
a tipificação clássica das três formas básicas de governo e, posteriormente, de suas
combinações e derivações (BETONI, 2017).
Mas o que é dialética? A origem da palavra vem da Grécia. É importante assinalar que
não existe uma única visão de dialética. Para Platão era tida como lógica do provável
baseada na técnica do diálogo com perguntas e respostas entre duas ou mais pessoas
em busca da verdade. É um método intuitivo e sintético. Já para Hegel é um método
analítico e dedutivo. É um método de compreensão da realidade, no qual “[...] os
elementos constituidores de sua tríade (tese – antítese – síntese) não possuem caráter
de exclusão, mas de superação e conservação [...]” (FERREIRA, 2013).
optou pelo método dialético crítico de Marx como a linha teórica que mais
corresponde a sua essência.
Dessa forma, o serviço social possui a questão social como objeto de sua
atuação profissional. E a questão social é compreendida como conjunto de
desigualdades sociais, frutos da sociedade capitalista.
Segundo Iamamoto (2003, p. 27),
[...] a questão social pode ser definida como: O conjunto das expressões das
desigualdades da sociedade capitalista madura, que têm uma raiz comum:
a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais ampla-
mente social, enquanto a apropriação dos seus frutos se mantém privada,
monopolizada por uma parte da sociedade.
BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. Política social fundamentos e história. São Paulo: Cortez,
2006. (Coleção Biblioteca Básica/Serviço Social).
BETONI, C. Aristocracia. Infoescola, 2017. Disponível em: <http://www.infoescola.com/
politica/aristocracia/>. Acesso em: 20 mar. 2017.
FERREIRA, F. G. A dialética hegeliana: uma tentativa de compreensão. Rev. Estudos
Legislativos, Porto Alegre, ano 7, n. 7, p. 167-184, 2013.
GARCIA, J. Lições de José Paulo Netto sobre o método em Marx. Revista Urutágua, n.
28, maio/out. 2013. Disponível em: <http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Urutagua/
article/viewFile/19968/11225>. Acessado em: 20 mar. 2017.
IAMAMOTO, M. V. O serviço social na contemporaneidade: trabalho e formação profis-
sional. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
NETTO, J. P. Capitalismo monopolista e serviço social. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2011.
SANTOS, B. S. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. 9. ed. rev.
e aument. São Paulo: Almedina, 2013.
Leituras recomendadas
INTRODUÇÃO ao método de Marx com José Paulo Netto (primeira parte)
– PPGPS/SER/UnB, 19/04/2016. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=2WndNoqRiq8>. Acesso em: 28 maio 2017.
RIBEIRO, P. S. O papel do Estado segundo Thomas Hobbes. Brasil Escola, 2017. Disponível
em: <http://brasilescola.uol.com.br/sociologia/o-papel-estado-segundo-thomas-
-hobbes.htm>. Acesso em: 18 março 2017.
RODRIGUES, L. O. O que é Modernidade? Brasil Escola, 2017. Disponível em: <http://brasi-
lescola.uol.com.br/sociologia/o-que-modernidade.htm>. Acesso em: 18 de março 2017.