Direitos Humanos e Diversidade
Direitos Humanos e Diversidade
Direitos Humanos e Diversidade
ICA 2018
Resumo
Abstract
The inclusion of the topic of Human Rights in Higher Education is recent in Brazil; more precisely, it became a
matter of public policy with resolution n.1 from 2012, which established the educational guidelines for human rights
education. In its article 6, the aforementioned resolution defines that this training should not only take place in a
transversal way, but also be considered in the pedagogical projects of the Higher Education courses, as well as in
lesson, research and extension plans. In addition to the decision to comply with the current law, the teaching degrees
in History and Languages and Literatures, from Centro Universitário Barão de Mauá decided to implement
a "Human Rights and Diversity" discipline in 2017 in the first term of the course and transform this theme into
the integrating axis throughout the courses. This conception emphasized, in the training of teachers in the areas of
Languages and Literatures and History, the democratic stance, the dialogue between contents, aiming to overcome
discipline fragmentation and, above all, the training for respect for diversity. At the end of the first term, a research
instrument was applied in order to evaluate the impact of the discipline in the initial training of future teachers.
Therefore, in this communication, the results of this research are presented concerning the students' understanding
of Human Rights and its importance in today's world, the impact of the discipline in the personal scope of the
student and in their academic-professional context, and the student's ability to relate the content of this specific
discipline to others throughout the term.
Tratar sobre Direitos humanos significa, para Dallari (2004), abordar os direitos
fundamentais da pessoa humana, sem os quais não é possível existir, se desenvolver ou participar
plenamente da vida. São direitos indispensáveis à condição humana (SIQUEIRA & OLIVEIRA,
2016).
Esse conceito está na Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 10 de dezembro de
1948. Em seu Artigo I, o documento reconhece que “Todos os seres humanos nascem livres e
iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos
outros com espírito de fraternidade”.
O ideal comum era o de pactuar entre os povos e nações que indivíduos e órgãos das
sociedades se esforçassem, por meio da educação, para promover o respeito a esses direitos e
liberdades. O documento não deixa dúvida de que é por meio da educação, em todas as suas
dimensões, que ocorrerá a consolidação desse ideal, transformando-o em realidade.
Contudo, Castilho (2016) lembra que a educação não é apenas um “meio”. Antes de tudo,
ela também é direito humano fundamental, afirmada no art. XXVI da Declaração:
Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos
graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A
instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução
superior, esta baseada no mérito.
Castilho (2016) explica que a educação desempenha um papel vital, tendo em vista que
fornece as ferramentas para transpor os obstáculos no cumprimento das obrigações inerentes à
vida social. Além disso, prepara os indivíduos para que exijam que seus direitos sejam respeitados.
Para o autor, é nesse caminho que as pessoas se tornam independentes.
Na Constituição brasileira, o art. 205 corroborou essa diretriz orientadora ao estabelecer
que “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada em
colaboração com a sociedade”. Para o legislador, “ao lado do direito à educação, deve estar a
obrigação de educar” (CASTILHO, 2016, P.144).
Avançando nessa questão, a Declaração de Viena, de 1996, considerou a educação em
direitos humanos fundamental para a construção de relações harmoniosas, tendo em vista que tem
o potencial de fomentar o respeito mútuo, a tolerância e a paz, mediante os conteúdos e as
reflexões proporcionadas pela temática (CASTILHO, 2016). É com base nessas diretrizes que as
políticas públicas para educação em Direitos Humanos no Brasil vêm sendo construídas.
De acordo com o PNEDH, Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (2007, p.
25), a educação em direitos humanos é compreendida como um processo sistemático e
multidimensional que orienta a formação do sujeito de direitos, articulando as seguintes dimensões:
Na Declaração dos Direitos Humanos (UNICEF, 2018), pode-se ler, no Artigo 27, que
Seção II – Da cultura
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e
acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a
difusão das manifestações culturais.
Preservar a memória de um povo diverso, seja etnicamente, seja linguisticamente, por meio
do ensino e difusão da Literatura Indígena e Africana, é uma forma de garantir a dignidade humana
e promover as Artes no país. Elas, como a música e a dança, com destaque, neste caso, à literatura,
são as mais importantes fontes para que se coloquem, em consonância, o aluno brasileiro e as
vozes indígena e africana, que o constituem, garantindo-lhe consciência sobre seu papel no mundo.
A disciplina, em suma, promove os Direitos Humanos porque auxilia na criação de uma
consciência que: a) preserve, pelo contato com textos, o direito do índio de ter sua produção
literária protegida, divulgada e respeitada; b) que proteja as distintas manifestações culturais
indígenas e afro-brasileiras - à guisa de exemplo, fábulas e mitos indígenas, histórias sobre orixás,
danças típicas ou incorporadas, como o Caboclinho, entre outras formas de expressão e gêneros
artísticos, como alguns textos de Daniel Munduruku, de Mia Couto, de José Craveirinha –; c) que
participe do processo civilizatório nacional, em busca do respeito aos povos; entre outros
benefícios, diretos e indiretos, à cidadania, para que o aluno brasileiro possa reconhecer, por meio
da Literatura, a diversidade.
Considerações finais
Referências
BRASIL. Lei 10.639, de 9 de janeiro de 2003. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da Rede
de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira", e dá outras
providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/2003/L10.639.htm>.
Acesso em: 24 mai. 2018.
BRASIL. Lei 11.645, de 10 de março de 2018. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
modificada pela Lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da
temática “História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena”. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm>. Acesso em: 24
mai. 2018.
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