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All content following this page was uploaded by Fábio Fonseca Figueiredo on 05 March 2020.
A medicina tradicional e popular é uma prática secular realizada pelos povos autóctones e outras
populações tradicionais. Esse saber popular foi repassado oralmente de uma geração a outra. No final da
década de 1970, as organizações internacionais de saúde passaram a se interessar por essa forma de
cuidado e atenção e, então, ocorreu a institucionalização das medicinas alternativas e complementares e,
dentre elas, o uso de plantas medicinais e fitoterápicos. Com o objetivo de contribuir com o debate
contemporâneo sobre o tema, o texto traz uma reflexão sobre a trajetória do uso de plantas medicinais e
fitoterápicos como forma de cuidado com a saúde no Brasil. O presente artigo apresenta algumas páginas
eletrônicas brasileiras sobre o tema bem como recomenda alguns portais hospedados fora do país.
Palavras chave: Fitoterápicos, Geografia da saúde, Medicina tradicional, Plantas medicinais, Sistema
Único de Saúde.
Studies and research on the use of medicinal and herbal plants in Brazil: ways and
challenges (Abstract)
Traditional and popular medicine is a secular practice performed by indigenous peoples and other
traditional populations and that popular knowledge is passed on through generations through oral history
and diverse records. In the late 1970s, international public health organizations became interested in this
form of health care and care, and then the institutionalization of alternative and complementary medicines,
Recibido: 6 de febrero de 2019
Devuelto para correcciones: 25 de febrero de 2019
Aceptado: 15 de enero de 2020
2 Ar@cne, núm. 240, marzo de 2020
including the use medicinal plants and herbal medicines. Waiting to contribute to the contemporary debate
about the theme, the text shows a reflection on the trajectory of the use of medicinal plants and herbal
medicines as a form of health care in Brazil. Therefore, this article presents some web pages produced in
the country on the subject as well as recommends some portals hosted outside the country.
Key words: Phytotherapeutics, Health geography, Traditional medicine, Medicinal plants, Health Unic
System.
La medicina tradicional y popular es una práctica secular realizada por los pueblos autóctonos y otras
poblaciones tradicionales y ese saber popular es repasado entre generaciones a través de la historia oral y
registros diversos. A finales de la década de 1970, las organizaciones internacionales de salud pública
pasaron a interesarse por esa forma de cuidado y atención a la salud y entonces ocurrió la
institucionalización de las medicinas alternativas y complementarias, y entre ellas el uso de plantas
medicinales y fitoterápia. Para contribuir al debate contemporáneo sobre el tema, el texto muestra una
reflexión sobre la trayectoria del uso de plantas medicinales y hierbas medicinales como una forma de
atención de la salud en Brasil. Por lo tanto, él artículo presenta algunas páginas web producidas en el país
sobre el tema y recomienda algunos portales hospedados fuera del país.
Palabras clave: Fitoterápia, Geografía de la salud, Medicina tradicional, Plantas medicinales, Sistema
Único de Salud.
No final da década de 1980 estimava-se que 80% dos habitantes de países em desenvolvimento
dependiam da medicina popular para suprir suas necessidades básicas de saúde, e que 85% dos
medicamentos produzidos pela medicina tradicional e popular envolviam o uso de extratos de
plantas e ervas, portanto remédios produzidos com produtos da natureza próxima de onde
residem esses habitantes1. Estes números mostram a relevância das práticas integrativas a partir
das culturas tradicionais bem como a importância do uso das plantas medicinais e fitoterápicos
como forma de cuidado e atenção à saúde básica. Mostram também a eficácia desse tipo de
tratamento médico bem como a importância da biodiversidade local para a saúde humana através
da utilização dos métodos científicos que comprovam a eficácia das plantas medicinais e
fitoterápicos reforçando o seu uso nos cuidados com a saúde2.
Foi a partir dos anos 1970 que organismos internacionais tais como a Organização Mundial de
Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) passaram a se interessar pelo
uso de plantas medicinais nos cuidados com a saúde. Neste mesmo período, nos países mais
desenvolvidos, observamos o aumento no consumo de fitoterápicos e crescimento dos mercados
verdes (green grabbing), influenciados pelos movimentos sociais da época, que contestavam o
modelo biomédico e a valorização da ciência e da técnica em detrimento da desvalorização do
mundo natural3.
No Brasil, o uso das plantas medicinais como recomendação de política pública se sistematizou a
partir de 2006 com a institucionalização da Política Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos pelo Ministério da Saúde.
Assim, precisam ser revistos e reavaliados preceitos tais como a descrença no uso das plantas
medicinais no tratamento a enfermos e as dúvidas quanto às práticas oriundas do saber
tradicional. Paralelamente, as instituições públicas e privadas devem fomentar as pesquisas que
comprovem a eficácia das ervas com a finalidade de fortalecer a indústria de fitoterápicos, um
dos principais objetivos da Política de Plantas Medicinais e Fitoterápicos.
Este artigo, que se insere no âmbito da geografia da saúde, pretende contribuir com a difusão do
conhecimento sobre o uso de plantas medicinais e fitoterápicos através de indicações de
referências que podem ser úteis para pesquisadores da área e demais profissionais que se
interessem pela temática, além de pessoas interessadas na busca de fontes fidedignas sobre o
tema. Para tanto, faz-se primordial a formação de uma literatura acadêmica que trate do uso de
plantas medicinais e fitoterápicos despida dos modismos impregnados nos diversos trabalhos já
produzidos e que reduzem essa forma de tratamento como crendice popular, quando não a tratam
como uma forma de charlatanismo da parte dos seus defensores e praticantes.
As páginas eletrônicas que apresentaremos são de fácil e praticamente acesso irrestrito, com
mérito reconhecido por pesquisadores que investigam o tema justamente por disponibilizar
informações confiáveis, de tal modo que instiga o pesquisador e o interessado pelo tema a refletir
sobre as questões que envolvem o uso de planta medicinais na contemporaneidade.
Além desta introdução, o texto está dividido em outras duas secções. A primeira apresenta e
analisa a institucionalização do uso de plantas medicinais e fitoterápicos pelos países membros da
OMS, a partir das recomendações da própria Organização Mundial da Saúde e da Organização
Pan-Americana de Saúde. Analisa, igualmente, a polarização na forma de tratamento médico,
colocando de um lado a medicina convencional baseada na medicalização, tecnologização e a
simplificação biológica da doença; e de outro, a medicina tradicional e popular, que parte de uma
visão integrativa e subjetiva do processo de adoecimento, fundamentando-se em aspectos tais
Para os autores acima citados, o lobby da indústria farmacêutica contra os fitoterápicos não se
fundamentou somente na suposta inferioridade da eficácia na cura à enfermidades e elevada
toxidade das plantas medicinais em comparação com os medicamentos sintéticos, e tampouco na
falta de comprovação científica dos saberes e práticas populares. O lobby da indústria
farmacêutica foi formado devido aos interesses mercadológicos daquela indústria, que se
expandia e usava como uma de suas principais estratégias a desvalorização e desqualificação da
medicina tradicional bem como o uso de plantas e fitoterápicos.
Por outro lado, foi também durante as décadas de 1960 e 1970 que os diversos movimentos
contraculturais em países como Estados Unidos, França e Alemanha reivindicavam novos e
distintos padrões de sociabilidade que se diferenciassem da sociedade industrial capitalista que se
formara até então. No âmbito da saúde, houve uma busca pelos cuidados médicos através de
tratamentos baseados em práticas tradicionais utilizadas há séculos por populações tradicionais.
Sob influência destes movimentos foi criado o termo Racionalidades Médicas (RM), que emergiu
no campo da saúde coletiva, área das ciências sociais e humanas em saúde. O projeto RM propôs
a existência de outras racionalidades médicas não apenas a ocidental/biomedicina e que
coexistem na cultura atual, tais como as medicinas tradicionais e a homeopatia6.
A institucionalização de tais demandas sociais para o setor da saúde ocorreu no final dos anos
1970, quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana de Saúde
Em 1978, na atual República do Cazaquistão (ex União Soviética), aconteceu sob a chancela da
OMS a Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, e nesse evento foi
elaborada a Declaração de Alma-Ata, que reconheceu a colaboração dos praticantes das
medicinas tradicionais nos cuidados primários na saúde, recomendo-os aos estados-membro da
OMS8.
Passou a haver, portanto, a recomendação para que os países membros da OMS adicionassem os
métodos de medicina tradicional nas suas políticas públicas de saúde. A partir de então, houve o
entendimento que as práticas integrativas e complementarem de saúde devem incluir não somente
as medicinas orientais e/ou as medicinas tradicionais regionais e populares, mas também a
medicina homeopática.
Como seguimento dessa política, no ano de 2014 reforçou-se a recomendação da OMS através de
um novo documento, “A Estratégia da OMS sobre Medicina Tradicional” para o período
compreendido entre 2014-2023. Nesse novo, e ainda vigente documento, a entidade revalida o
seu interesse pelo desenvolvimento de políticas de saúde pública formuladas através de práticas
medicinais tradicionais, tendo como foco:
A ajuda às autoridades sanitárias a encontrar soluções que propiciam uma visão mais ampla a
respeito da melhora da saúde e a autonomia dos pacientes. A estratégia tem dois objetivos
principais: prestar apoio aos Estados Membros para que aproveitem a possível contribuição da
medicina tradicional e complementar (MCT) à saúde, bem-estar e a atenção centrada nas pessoas,
e promover a utilização segura e eficaz da MTC mediante a regulamentação de produtos, práticas
e professionais11.
Como se observa, há, portanto, um choque de paradigmas no que tange ao cuidado à saúde
básica. Na medicina moderna o doente é o paciente e o médico é o agente externo que através da
tecnologia e medicamentos sintéticos irá curar a enfermidade. No outro lado desse paradigma
está a medicina tradicional, que se baseia na precaução e prevenção de doenças e a través da qual
o próprio doente pode realizar um autocuidado prévio a partir de um saber tradicional e popular
acumulado culturalmente, tendo a eficácia dessa forma de tratamento médico comprovada através
do tempo. Como ocorre com a medicina tecnologizada e medicamentosa que cada vez mais é
estandarte essa forma de cuidado, o uso de fitoterápicos e plantas medicinais torna-se relevante
quer seja nas pesquisas científicas quer na institucionalização dessas práticas nas políticas de
saúde, complementando a medicina moderna.
Como exemplo de pesquisas científicas que comprovem a eficácia das plantas citamos o
documento “Formulário de Fitoterápicos Farmacopeia Brasileira”12 produzido pelo Ministério da
Saúde do Brasil. Nesse documento há recomendações de uso e diversas outras informações sobre
uma série de medicamentos de base fitoterápica que foram analisados pela Fundação Oswaldo
Cruz e por órgãos de pesquisa renomados no Brasil vinculados à reconhecidas universidades
federais, estaduais, como a dos estados do Amapá, Paraná e São Paulo, e das cidades de Campina
Grande/PB, Ribeirão Preto/SP e Santa Maria/RS.
A medicina moderna e a tecnologia aplicada ao seu uso são de extrema importância para o
tratamento de diversas enfermidades, mas, em alguns casos suas bases e práticas não contemplam
a saúde e a prevenção de doenças, porque o seu foco principal é o tratamento de doenças já
instaladas. Por isso a importância de complementar os serviços públicos com medicinas que
abrangem outras lógicas de cuidado.
No Brasil, o uso de plantas medicinais começou com as práticas indígenas que foi influenciada
pela miscigenação com as culturas africana e portuguesa o que enriqueceu ainda mais as formas
de tratamento através desse método. Figueredo e colaboradores explicam que o Brasil possui uma
rica história de uso das plantas medicinais e fitoterápicos no tratamento de doenças e que a
perpetuação desse conhecimento se deu sobremaneira através da história oral13. A partir de
meados do século XX houve o declínio dessa forma de tratamento de doenças devido a
intensificação do uso de medicamentos industrializados, que em um primeiro momento eram
Nas políticas de saúde no Brasil, as primeiras iniciativas de inclusão das plantas medicinais e
fitoterápicos no Sistema Único de Saúde, assim como o interesse pelas pesquisas envolvendo a
eficácia e toxidade das plantas são anteriores à criação da Política Nacional de Plantas Medicinais
e Fitoterápicos, instituída em 2006. Autores como Marcelo Saad e Paulo de Tarso Lima14 e
Jairnilson Silva Paim15 afirmam que o Brasil está na vanguarda desse tema desde o movimento
“Reforma Sanitária Brasileira”, um movimento social urbano e democrático surgido ainda na
década de 1970 e que tinha como uma das suas propostas a democratização da saúde nas
periferias das grandes cidades brasileiras através do resgate às origens a práticas da medicina
tradicional.
Esse movimento, segundo os autores acima citados, lançou as bases da área de saúde na
Constituição Federal de 1988, sistematizando princípios e proposições que posteriormente seriam
as bases à formulação do atual sistema de saúde do país. Conforme o artigo 6º da Constituição
Federal: “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso às ações e
serviços para a promoção, proteção e recuperação”16.
A partir desse programa esperou-se que houvesse o maior uso dessas plantas no cuidado à saúde
principalmente pela população que recorre ao SUS. Também, que ocorresse o desenvolvimento
da indústria farmacêutica nacional no sentido de produzir remédios com elementos da flora e
fauna brasileira, visto que Brasil detém entre 15% e 20% da biodiversidade do planeta. Nesse
sentido, a institucionalização dos saberes, conhecimentos e práticas tradicionais e populares
através do uso de plantas medicinais e fitoterápicos são fundamentais para normalizar a relação
homem-meio ambiente e, de certa forma, reduzir a intensidade do impacto ambiental causado
pela ação do homem no meio natural.
O desafio maior da institucionalização desta prática se encontra na forma como esta política
pública pode vir a favorecer em primeiro plano a indústria farmacêutica e ao mercado de
fitoterápicos das multinacionais, deixando a valorização do saber popular em segundo plano.
Alguns estudos recentes sobre o uso das plantas medicinais em unidades de saúde do SUS,
apontam para o aumento do uso de fitoterápicos industrializados em detrimento ao uso das
plantas in natura, impulsionando assim um monopólio na fabricação dos fitoterápicos por
empresas estrangeiras e multinacionais. Maria do Carmo Gullaci Guimarães Caccia-Bava e
colaboradores constataram que os medicamentos fitoterápicos industrializados têm sido mais
utilizados que as plantas medicinais e/ou medicamentos fitoterápicos manipulados20. Lia
Hasenclever e colaboradores mostraram que entre os anos de 2009 a 2015, as 25 empresas
produtoras nacionais de fitoterápicos foram compradas por 10 empresas estrangeiras, o que
demonstra a crescente atratividade deste setor por parte das multinacionais21.
A próxima secção apresenta páginas eletrônicas que selecionamos e que abordam o uso de
plantas medicinais e fitoterápicos. Salientamos que há outras e distintas fontes disponíveis sobre
uso de plantas medicinais e fitoterápicos produzidas no Brasil e em diversos outros países, que
podem e devem ser consultadas. No entanto, o que analisamos a seguir é fruto de nossas buscas
no meio virtual e se constituem em uma opção para quem se interessa pela coleta de dados,
informações, estatísticas, notícias e análises sobre o tema investigado.
Com relação às Webs que tratam do uso de plantas medicinais e fitoterápicos no Brasil,
iniciaremos com a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, decreto nº 5.813, de
22 de junho de 200623. Produzido pelo Ministério da Saúde, o documento é síntese e base da
política pública brasileira para o uso das plantas e fitoterápicos no tratamento e atenção à saúde
básica disponível no sistema público de saúde do país. Nas suas 60 páginas, a política nacional
dispõe seus objetivos bem como apresenta as estratégias de monitoramento, avaliação e
responsabilidades institucionais. Nas suas diretrizes e linhas prioritárias, a política nacional
estabelece:
Outro documento fundamental que marca a institucionalização do uso de plantas medicinais pelo
sistema público de saúde no Brasil é o “Programa Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos”, criado através de portaria interministerial nº 2960 de 9 de dezembro de 200824.
Também formulado pelo Ministério da Saúde, em parceria com outros ministérios, o extenso
documento traz nas suas 140 páginas os seus princípios orientadores, objetivos, diretrizes e sub
diretrizes, ações, gestores envolvidos, prazos e recursos. Ainda, aborda formas de
monitoramento, avaliação e grupos de trabalho interministerial responsável pelo desenvolvimento
do programa nos 27 estados e 5570 municípios brasileiros.
O quarto documento elaborado pelo Ministério da Saúde e que recomendamos a consulta para
quem quer conhecer o processo de institucionalização do uso de plantas medicinais e
fitoterápicos no Brasil é o intitulado “A fitoterapia no SUS e o Programa de Pesquisa de Plantas
Medicinais da Central de Medicamentos25”. Esse documento é relevante já que apresenta a
historicidade dos programas oficiais de apoio à pesquisa científica e uso de plantas medicinais no
Apesar de não descrever seus usos medicinais, Flora do Brasil 2020 é um portal de extrema
relevância para o campo de pesquisa das plantas medicinais devido as informações contidas na
sua página eletrônica. Como informação técnica inicial, o portal apresenta que são reconhecidas
46.673 espécies na flora brasileira, sendo distribuídas 4.756 em forma de Algas, 33.239 de
Angiospermas, 1.569 de Briófitas, 5.719 de Fungos, 29 Gimnospermas e 1.361 de Samambaias e
Licófitas. A limitação que o portal oferece é que somente espécies nativas podem ser consultadas,
e, portanto, espécies que foram introduzidas pelos colonizadores e de uso em larga escala, caso
do alho, não aparecem no referido portal.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) é uma agência reguladora, sob a forma de
autarquia vinculada ao Ministério da Saúde do Brasil. A agência exerce o controle sanitário sobre
todos os produtos e serviços (nacionais e importados) submetidos à vigilância sanitária, tais como
medicamentos, alimentos, cosméticos, saneantes, derivados do tabaco, produtos médicos, sangue,
hemoderivados e serviços de saúde. Dentre suas atribuições, a Agência deve promover a revisão
e atualização periódica da Farmacopeia Brasileira, conforme disposto no inciso XIX do artigo 7º
da Lei 9.782 de 26 de janeiro 1999: “Esta competência compreende ações de regulamentação
sanitária e indução ao desenvolvimento científico e tecnológico nacional que se concretizam por
No ano de 2015, a Prefeitura da cidade do Rio de Janeiro/RJ lançou o “Guia prático de plantas
medicinais”. Esse guia reúne informações sobre armazenamento, reconhecimento de espécies e
formas de uso de dezenove plantas. Foi elaborado por especialistas com o intuito de demonstrar o
uso seguro de espécies populares. Dentre as espécies mais difundidas, destacam-se: Guaco, da
espécie Mikania Laevegata, utilizado para afecções respiratórias; Aroeira, da espécie Shinus
terebentthifolius, utilizado para cistite e infecções vaginais; e a espinheira santa da espécie
Maytenus Ilicifolia, utilizado para afecções gástricas28.
No que tange às revistas científicas que divulgam especificamente pesquisas voltadas à área de
plantas medicinais e fitoterápicos, a primeira que recomendamos a consulta ao seu portal
eletrônico é a Revista Brasileira de Plantas Medicinais29. Indexada na plataforma Scielo, a
revista é mantida pela Sociedade Brasileira de Plantas Medicinais e possui elevado
reconhecimento acadêmico chancelado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES) e Qualis Periódicos30.
27 ANVISA, 2011
<http://portal.anvisa.gov.br/documents/33832/259456/Formulario_de_Fitoterapicos_da_Farmacopeia_Brasileira.pdf/
c76283eb-29f6-4b15-8755-2073e5b4c5bf>.
28 Prefeitura do Rio de Janeiro, 2015 <www.rio.rj.gov.br/documents/73801/14163dd4-f62d-4f52-8b08-
81ff3f625212>.
29 Revista Brasileira de Plantas Medicinais, 2019 <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=1516-
0572&lng=en&nrm=isso>.
30 Plataforma Sucupira, 2019
<https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/veiculoPublicacaoQualis/listaConsultaGeralPeriodico
s.jsf>.
12 Ar@cne, núm. 240, marzo de 2020
diversidade vegetal. Em uma consulta ao termo plantas medicinais encontramos ao menos 162
artigos; já para o termo fitoterápicos encontramos outros 41 artigos31.
Os artigos que são publicados na Revista Fitos tratam da temática plantas medicinais e
fitoterápicos através de abordagens tais como: Agroecologia, Botânica, Ciências Farmacêuticas,
Educação, Etnociências, Engenharia de Medicamentos, Produtos Naturais, Farmacologia,
Políticas Públicas, Política e Planejamento Governamental e Saúde Pública e Toxicologia. Em
sua última edição em 2019 a revista disponibilizou artigos como: “Fitoterápicos na atenção
primária da saúde: desafios e perspectivas na atuação médica na saúde” e “Levantamento
etnobotânico de plantas medicinais em comunidades rurais no município de Lagoa Grande,
Pernambuco, Brasil”. Esses artigos apresentam resultados comprovados em laboratórios sobre a
eficácia do uso das plantas e dos medicamentos fitoterápicos no tratamento de doenças
A Revista Revise. Revista Integrativa nas Inovações Tecnológicas das Ciências da Saúde, da
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, possui como foco as publicações na área das
Práticas Integrativas e Complementares da Saúde além de outros temas importantes para o campo
das inovações sociais educacionais em saúde. Ela visa promover uma visão dialógica e
integrativa entre os diferentes campos do conhecimento que transitam entre a educação e a saúde,
porém ainda se encontra em fase de indexação32.
A revista Planta Médica é mais uma opção de pesquisa acadêmica sobre o tema por ser
considerada uma das principais revistas internacionais no campo dos produtos naturais -
incluindo organismos marinhos, fungos, bem como microrganismos - e plantas medicinais. A
revista publica 18 edições por ano nas seguintes áreas de plantas medicinais e pesquisa de
produtos naturais são abordadas: atividades biológicas, farmacológicas e química de produtos
naturais, estudos analíticos, investigações farmacocinéticas e Sistemas de formulação e entrega
de produtos naturais. Uma especificidade dessa revista em relação as demais é o fato de ser paga
a disponibilização de seus números completos e artigos33.
A Sociedade Brasileira de Plantas Medicinais (SBPM)34 foi criada no ano de 1988 e possui
como missão agregar profissionais de diferentes áreas do conhecimento que desenvolvam as suas
atividades na área de plantas medicinais. Além da Revista Brasileira de Plantas Medicinais, a
SBPM promove a cada dois anos o Simpósio de Plantas Medicinais do Brasil, cuja sua XXVI
edição será realizada no ano de 2020. O último simpósio aconteceu em 2018 e trouxe como tema
principal a necessidade de pesquisa, manipulação, produção, aproveitamento adequado e
conservação das plantas medicinais utilizadas no território nacional.
A ABFIT ainda mantém um portal eletrônico chamado “Tudo sobre plantas”36, com acesso
gratuito. Consta de um poderoso banco de dados de informações sobre plantas medicinais já
identificadas, catalogadas e com especificações de uso a partir dos testes químicos e biológicos já
comprovados por diversas outras instituições e pelos próprios membros da associação.
A Comissão Pró-Índio de São Paulo é uma Organização Não Governamental que monitora a
questão da posse de terra dos povos indígenas do Brasil. No ano de 2014 a ONG publicou o
documento intitulado “Folhas e raízes: resgatando a medicina tradicional Tupi-Guaran”37. A
cartilha foi elaborada por professores da aldeia Piaçaguera Ywy Pyaú, Luan Elísio Apyká e
Dhevan Pacheco, com o apoio de seus alunos e das pessoas mais idosas da aldeia, os txeramoi e
txedjaryi, que são os que conhecem o uso medicinal das plantas, em especial o pajé e Amâncio
Samuel dos Santos Rókenedju. A proposta dessa cartilha é o de compartilhar o que os Tupi-
Guaranis chamam de medicina do mato, ou seja, o aprendizado no uso das plantas que vão
adquirindo a partir do contato direto com a natureza. A cartilha traz ainda dicas de como utilizar
ervas, folhas e raízes encontradas nas cinco macrorregiões brasileiras.
Outro portal eletrônico que vale a pena consultar é o da Associação Brasileira das Empresas do
Setor Fitoterápico, Suplemento Alimentar e de Promoção da Saúde (ABIFISA). Esta associação
foi fundada em 2000 e congrega empresas do setor fitoterápico, atuando como entidade
representativa do setor. A ABIFISA faz parte da Câmara Setorial de Medicamentos da Câmara
dos Deputados e é representante do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio no
Comitê Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos. Também faz parte da Rede Fito
Amazônia, da Rede Fito Mata Atlântica e de outras Redes dos Biomas, do Fórum de
No ano de 1991, o Governo Federal dos Estados Unidos criou o Nacional Center for
Complementary and Alternative Medicine (NCCCAM) com o objetivo de pesquisar, sistematizar
e avaliar as práticas alternativas em saúde42. Atualmente foram tomadas medidas para fortalecer
as disposições das estruturas regulatórias para fabricação de suplementos alimentares. A
comissão federal de comércio publicou diretrizes e controle da publicidade comercial para
complementos dietéticos, principalmente os de origem botânica.
Na América Latina, além do Brasil, países como Argentina44, Bolívia45, Chile46, Colômbia47,
Cuba48, México49 e Peru50 possuem legislações e implementações diversas nos seus sistemas de
saúde e que contemplam, como parte do sistema formal de saúde o uso de plantas medicinais e
fisioterápicos. No Equador51, a inovação na sua política de medicinas tradicionais e uso de
plantas e fitoterápicos no cuidado à saúde está no fato dela estar atrelada a preceitos
constitucionais de Buen Vivir y el Vivir Bueno, ou seja, que o cidadão equatoriano tem o direito
de viver em plenitude, em harmonia e equilíbrio com a natureza, e em comunidade.
Considerações Finais
Ao longo do texto mostramos diversos portais eletrônicos que tratam do uso de plantas
medicinais e fitoterápicos no cuidado à saúde, porém evitamos apresentar centenas de páginas
eletrônicas de modo a tornar impossível a navegação e coleta de informações, muitas delas
desconexas, disponibilizadas no mundo virtual. Porém, a partir de estudos já realizados sobre o
tema indicamos referências que tratam de aspectos históricos, institucionais e analíticos e, nesse
interim, foi dado um enfoque especial a referências formuladas no Brasil.
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Ficha bibliográfica:
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