Trabalho - METDODOLOGIA DO ENSINO E APRENDIZAGEM DO PORTUGUÊS II

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Faculdade de Ciências de Educação

Licenciatura em Ensino de Português

Reflexão sobre o papel das metodologias do Ensino e aprendizagem do português

Tendai Pedro Sequina Gando


81210346

Nampula, Março de 2023


Faculdade de Ciências de Educação
Licenciatura em Ensino de Português

Reflexão sobre o papel das metodologias do Ensino e aprendizagem do português

Tendai Pedro Sequina Gando


81210346

Trabalho de Campo a ser submetido na


Coordenação do Curso de Licenciatura
em Ensino de Português da UnISCED.

Tutor:

Nampula, Março de 2023


Índice
Introdução.................................................................................................................................................1
Objectivos.................................................................................................................................................1
Metodologia de Pesquisa...........................................................................................................................1
1. Metodologia......................................................................................................................................2
1.1. Metodologias de ensino aprendizagem..........................................................................................2
1.2. Métodos de ensino e aprendizagem de línguas..............................................................................3
1.2.1. Método directo...........................................................................................................................3
1.2.2. Método funcional.......................................................................................................................3
1.2.3. Método Comunicativo...............................................................................................................3
1.3. As Metodologias no Processo de Ensino e Aprendizagem............................................................3
1.3.1. O Papel das Metodologias na sala de aula.................................................................................3
1.3.2. A Transmissão de Conhecimento..............................................................................................4
1.3.3. A Criatividade e a Motivação....................................................................................................5
1.3.4. As Dificuldades (o Insucesso)...................................................................................................6
1.4. Metodologias de Ensino da Língua Portuguesa.............................................................................7
1.5. Reflexão Sobre o Papel das Metodologias no Ensino do Português..............................................9
Conclusão................................................................................................................................................10
Referências bibliográficas.......................................................................................................................11
1

Introdução

O presente trabalho surge no âmbito da disciplina de Metodologia do Ensino e Aprendizagem


do Português II do curso de Licenciatura em Ensino de Português. Prende-se com a presente
pesquisa, mostrar como as metodologias são importantes no processo de ensino aprendizagem
do Português, isto é, como os variados métodos e recursos usados são relevantes e podem fazer
toda a diferença no espaço pedagógico. Não pretende fornecer uma receita para as boas
metodologias, mas sim mostrar que há um conjunto de práticas e estratégias que alcançam bons
resultados. Um bom professor deve ser aquele que procura um meio de cativar os alunos, de ir
ao encontro da criatividade e de estimular, pois a desmotivação e a falta de objectivos são dos
maiores desafios que um professor enfrenta.

Objectivos

Objectivo Geral:

 Reflectir sobre o papel das metodologias do Ensino e Aprendizagem do Português.

Objectivos Específicos:

 Identificar os métodos de ensino de línguas;


 Caracterizar as metodologias de ensino e aprendizagem do português;
 Apresentar o papel das metodologias de ensino e aprendizagem do português.

Metodologia de Pesquisa

Com o intuito de atender aos objectivos propostos neste estudo e com base na fundamentação
teórica, apresento a metodologia que tornou viável a investigação do tema de pesquisa: foi
usada Técnicas de Pesquisa em três vertentes: quanto à abordagem é Qualitativa; quanto aos
objectivos é a pesquisa de campo e quanto ao procedimento foi usada a Pesquisa bibliográfica.
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1. Metodologia

Na perspectiva de Mizukami (2004), o professor deve encontrar formas de lidar com os


conhecimentos, conhecendo sua acção, sua área de actuação bem como estratégias para levar o
educando ao aprendizado.

Segundo a concepção de Vasconcelos (1990), uma das causas para a deficiência na acção
educativa encontra-se na metodologia e na grande dificuldade que os alunos têm em processar o
aprendizado, não entendendo a articulação entre o conteúdo e metodologia.

O conceito simples, porém objectivo de metodologia segundo Libânio (2004), define que é o
caminho para atingir um fim. Na nossa vida quotidiana estamos sempre em busca de novos
conceitos, sendo necessário um caminho, ou seja, uma organização de acções e ideias para
atingi-los. O docente ao organizar seu conteúdo necessita também estruturar o processo ensino,
utilizando-se de um conjunto de acções, procedimentos, passos que se denomina metodologia
de ensino.

1.1. Metodologias de ensino aprendizagem

Pode-se dizer que os métodos de ensino são acções do professor pelas quais se organizam as
actividades de ensino e dos alunos para atingir objectivos do trabalho docente. Eles regulam
formas de interacção entre ensino aprendizagem, entre o docente e os alunos. Não existe um
método único de ensino, mas uma variedade de métodos que depende de cada disciplina, das
situações específicas e características de desenvolvimento intelectual de cada aluno.

O professor ao dirigir e estimular o processo de ensino em função da aprendizagem dos alunos


utiliza intencionalmente um conjunto de acções, passos, condições externas e procedimentos, a
que chamamos de métodos de ensino. Por exemplo, à actividade de explicar a matéria
corresponde ao método de exposição; à actividade de estabelecer uma conversação ou discussão
com a classe corresponde o método de elaboração conjunta (Libânio, 2004).

Na perspectiva de Libânio (2004), os métodos de ensino são classificados segundo os aspectos


externos, ou seja, método de exposição pelo professor, método de trabalho independente,
método de elaboração conjunta ou conversação, método de trabalho em grupo e método de
actividades especiais.
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1.2. Métodos de ensino e aprendizagem de línguas

1.2.1. Método directo

Segundo MINEDH (2019), é caracterizado pelo uso da língua-alvo como meio para a instrução
e comunicação em sala de aula. Os aprendentes devem aprender e pensar na língua-alvo. Este
método obriga o aprendente a dedicar-se mais ao vocabulário da língua alvo que lhe permitirá
construir a habilidade de comunicação organizada.

1.2.2. Método funcional

De acordo com o MINEDH (2019), caracteriza-se pela valorização daquilo que se faz por meio
da língua (comunicar) e não a forma da língua, tendo como foco principal o uso de linguagem
apropriada, adequada à situação em que ocorre o acto de fala e ao papel desempenhado
pelos participantes.

1.2.3. Método Comunicativo

“É uma das abordagens mais recriadas no contexto de ensino de línguas. Ela dá ênfase ao uso
da língua, coloca o aluno no centro das aprendizagens e concebe as actividades como tarefas
autênticas do uso dessa língua” (MINEDH, 2019).

1.3. As Metodologias no Processo de Ensino e Aprendizagem

1.3.1. O Papel das Metodologias na sala de aula

Um bom professor deve ser aquele que procura um meio de cativar os alunos, de ir ao encontro
da criatividade e de estimular, pois a desmotivação e a falta de objectivos são dos maiores
desafios que um professor enfrenta. A motivação facilita o sucesso. Por sua vez, a conquista do
sucesso reforça a motivação. É um círculo virtuoso (Estanqueiro, 2010, p. 11). Hoje em dia,
com o desenvolvimento das novas tecnologias, por exemplo, é muito mais simples ter acesso a
novos materiais que chamam a atenção do aluno, nunca esquecendo, claro, o plano científico.

Há muito que é discutida a questão das metodologias na sala de aula. Um bom método é -
sempre que pertinente - variar os próprios métodos. Ainda que as turmas e os alunos sejam
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dissemelhantes entre si, a experiência é um factor que nos dá uma perspectiva mais segura das
didácticas que funcionam e das que não funcionam no ambiente de sala de aula e nos vários
aspectos da relação pedagógica.

Em primeiro lugar, os alunos devem perceber que estão ali como uma comunidade de
aprendizagem, com o mesmo objectivo comum: aprender (e também ensinar – por que não?).
Há muito que a sala de aula não é só o sítio onde o professor debita matéria, sozinho, como
sucedia muitas vezes nas escolas mais tradicionalistas. Deve haver um equilíbrio entre a
tradição e a inovação. O aluno pode e deve intervir, questionar, mostrar o seu ponto de vista, Eu
participo, logo existo, (Carneiro, 2001). Um professor tem de ter capacidade de comunicar com
os mais jovens, criar empatia, compreender também a realidade que os rodeia, fazendo uso de
metodologias que levem a uma construção da autonomia e da responsabilidade do aluno. Só
assim se cria o ambiente favorável à aprendizagem. Haigh (2010) ʺrefere que …queremos que
os alunos sintam prazer com a sua educação e a valorizemʺ (p. 194).

1.3.2. A Transmissão de Conhecimento

Nunca sabemos como um aluno vai aprender. O que chama a atenção de uns pode passar
completamente ao lado de outros. É perfeitamente normal, senão hoje em dia todos teriam os
mesmos gostos e, quem sabe, quereriam ter a mesma profissão. Segundo Cury (2003), ʺHá um
mundo a ser descoberto dentro de cada criança e de cada jovem. Só não consegue descobri-lo
quem está encerrado dentro do seu próprio mundoʺ (p. 04). Não se pode olhar para uma sala de
aula e pensar que ali todos são iguais, que todos prestam atenção ao mesmo pormenor. É aqui
que entra a diferenciação pedagógica: cabe aos docentes adoptarem a didáctica aos diferentes
processos de ensino que cada aluno apresenta, ou seja, respondendo aos diferentes ritmos de
aprendizagem existentes. Deve-se olhar para a turma como um todo, quando se pensa no fim a
atingir: a transmissão de conhecimento. Aí sim, a turma pode ser vista como um conjunto, sem
esquecer no entanto que esse conjunto tem formas diferentes de reter informação.

Actualmente as turmas são cada vez maiores e nem sempre é fácil dedicar atenção à totalidade.
Para começar, é importante avaliar o estádio em que se encontram os alunos; com certeza que
estarão em níveis cognitivos divergentes e esse é um factor a ter em conta na utilização do
método adequado. Já dizia Savater, … el primer objetivo de la educación consiste en hacernos
conscientes de la realidad de nuestros semejantes. (… o primeiro objectivo da educação
consiste em tomarmos consciência da realidade dos nossos semelhantes.)
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Assim, a comunicação na sala de aula é muito importante. O docente deve dar espaço para o
aluno se exprimir, para que este “pense” alto e partilhe com a turma o seu raciocínio. Por mais
que esteja errado é um risco que deve correr-se, só assim saberá interrogar-se. Desta forma,
ajuda também a desenvolver a capacidade de argumentação, exposição e senso crítico. Sobre
esta questão surge nas sugestões metodológicas do Programa de Português que uma das
competências essenciais é Saber escutar criticamente discursos orais (no que diz respeito à
compreensão oral) e Exprimir pontos de vista (no que toca à expressão oral). No mesmo
documento, consta ainda que No que respeita a afirmação pessoal, considera-se que a Escola
deve estimular no aluno o autoconhecimento e a expressão de si, pelo que deve instituir
práticas de produção oral unidireccional (aluno → alunos/professor) que dêem lugar a
manifestações individuais e adoptar estratégias que visem o descondicionamento da
expressão. Portanto, a interacção entre professor e alunos é fundamental. É o diálogo na aula, a
conversação, a elaboração de perguntas que levam o aluno a questionar-se, a reflectir, como
entende Bireaud (1995) ʺPara obter melhores resultados, os docentes inovadores esforçam-se
por modificar a forma de comunicação pedagógica, de maneira a que os intercâmbios também
se estabeleçam no sentido estudante – docente, e entre os estudantesʺ (p.75).

1.3.3. A Criatividade e a Motivação

A motivação, qualquer que seja a sua natureza, desempenha um papel importante na


aprendizagem. O professor, se visa o sucesso, tem de saber despertá-la e mantê-la viva
(Rodrigues, 1995, p. 02).

Haigh (2010) ʺrefere que Os alunos vão trabalhar mais e estar muito motivados quando se
sentirem felizes e confiantes na sala de aulaʺ (p. 173).

Sabe-se que a criatividade deve ser trabalhada desde a infância, através de estímulos à mente. A
aprendizagem acontece de forma gradual tal como o conhecimento, resultante da interacção do
ser com o meio, com a finalidade de criar um pensamento divergente, ou seja, o que procura
soluções criativas (Bahia & Nogueira, 2005). A criatividade surge, assim, como algo
motivador, não só para os alunos como também para o próprio professor. Um trabalho de um
aluno, por exemplo, à medida que lhe é permitido usar toda a sua criatividade, torna-se mais
motivador, transformando-se rapidamente num projecto de cunho pessoal. Então, o professor
deve estimular o senso crítico do aluno, permitindo-lhe aliar o “aprender” ao “pensar”.

Bireaud (1995) refere que ʺa aprendizagem se efectua tanto melhor quanto mais for desejada
pelo aluno, e se as condições em que é levada a efeito forem escolhidas, ou, pelo menos, aceites
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por ele, facto aliás atestado por numerosas observações e investigaçõesʺ (p. 75). Muitas vezes, o
que acontece é uma falta de motivação relacionada com os conteúdos programáticos que, no
pior dos cenários, pode levar à anulação da disciplina em questão ou até ao abandono escolar
precoce.

Não podemos esquecer, no entanto, que um professor para ser criativo no uso de materiais e
saber motivar, também precisa de estar motivado. Para Sternberg e Wendy (2003), o
pensamento criativo deve começar logo no professor. Este deve ensinar e ensinar a pensar de
forma criativa pois assim torna-se um modelo para os seus alunos. Apresento mais alguns
tópicos deixados por Sternberg e Wendy, que se podem ter em conta para ensinar a estimular a
criatividade:

 Dar tempo aos alunos para pensarem criativamente;


 Valorizar produtos e ideias criativas;
 Instigar os alunos a arriscarem;
 Permitir que os alunos errem e transformar esse erro em experiência;
 Fomentar o respeito por pontos de vista diferentes;
 Ensinar a turma a encontrar a sua motivação.

Em suma, um docente dedicado à sua profissão, quando se depara com um aluno desmotivado,
não olha apenas para o que o rodeia (pais, sociedade, questões da adolescência, etc.) mas
procura despertar o seu interesse, o anseio de voltar a aprender e a motivação é um desses
caminhos. Citando um autor desconhecido, Haigh (2010) diz-nos que ʺQuando as crianças
convivem com o incentivo, aprendem a confiançaʺ (p. 195).

1.3.4. As Dificuldades (o Insucesso)

Segundo alguns autores, como por exemplo Freinet (citado por Estrela, 1992), é preciso passar
de uma pedagogia da “fala” para uma pedagogia do trabalho, pois os jovens só são
indisciplinados quando o trabalho não lhes faz sentido. Portanto, a disciplina só pode ser
mantida através da cooperação entre alunos e professor. O docente deve ser o responsável por
criar um ambiente onde predominam estratégias eficazes que levem o aluno a ver com certa
clareza determinadas situações que o façam definir melhor ou destacar os seus valores. Quando
há indefinição destes valores, gera-se um ambiente de indisciplina e, para garantir que isso não
suceda, é fundamental haver uma educação que conduza a uma clarificação dos valores.
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Estrela (1992), mostra as opiniões divergentes de professores e alunos: ʺenquanto os


professores tendem a atribuir as razões de indisciplina a características psicológicas do aluno ou
ao meio familiar, os alunos atribuem grande parte da responsabilidade ao professorʺ (p. 84).

O problema central da indisciplina poderá ser consideravelmente reduzido se os professores se


tornarem organizadores mais eficazes da aula. A organização de um docente dentro da sala é
um aspecto fundamental para o bom comportamento dos alunos e, naturalmente, para um bom
funcionamento da aula. Os comportamentos inadequados não podem interferir na tarefa do
ensino-aprendizagem, pondo não só em causa a função do professor, como também privando os
restantes alunos de um bom ambiente propício à aprendizagem. Não se deve abrir excepções às
regras, estas devem ser delineadas no início do ano lectivo e deverão ser levadas até ao fim,
pois é uma forma de prevenir o desrespeito e a indisciplina.

Embora na aula deva haver espaço para a intervenção do aluno, hoje o professor ainda é o
“marinheiro que comanda o barco”, e é ele que detém mais tempo de discurso, de comunicação
na aula. Portanto, o trabalho do professor e do aluno deve ser bidireccional, havendo
cooperação de ambas as partes para que tudo funcione. Para finalizar poderia explorar o papel
que o aluno também tem nesta matéria, no entanto, e pelas razões que se conhecem (e também
como a questão central é as metodologias) deixo apenas uma abordagem.

1.4. Metodologias de Ensino da Língua Portuguesa

Segundo Sena (1999), a metodologia de ensino de língua portuguesa deve ser pensada dentro de
pressupostos de ordem histórica, social e política. Além disso, o autor alerta que: uma
metodologia do ensino de língua não pode ser vista como uma questão puramente mecânica que
busque tão apenas estabelecer recursos visando a uma melhor apreensão dos tópicos
gramaticais, geralmente propostos como conteúdo programático das aulas de língua portuguesa
(p. 81).

Conforme Suassuna (2006), novos elementos passaram a constituir o conteúdo da aula de


português: “as condições de produção do enunciado, a intenção comunicativa, o papel social
dos interlocutores, os efeitos de sentidos perseguidos e conseguidos... etc.”( p.40). Isto por que
(idem) “é pela compreensão do processo de interacção linguística e seus elementos que se
define e se aprende o conteúdo gramatical. Trata-se, portanto, de tomar a produção da
linguagem como objecto de reflexão” (p. 41).
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A discussão posta acima é relevante quando pensamos em ensino e forma de ensino, pois, após
uma pesquisa feita por Suassuna (2006) a partir do olhar que o aluno lança para a aula de
português, a autora pode constatar que o ensino de nossa língua precisa ser transformado de
acordo com a dinâmica social, pois ela acredita que “que a representação dos alunos aponta
para incorporação, pela escola, das múltiplas linguagens que povoam a vida social em geral”
(p.19). Contudo, em metodologias e práticas pedagógicas, o aluno parece ficar sempre em
segundo plano.

Devemos atentar para o fato de que o público para quem se “ensina” português é o ponto de
partida para quem almeja trabalhar com uma metodologia que corresponda à realidade dos
alunos, pois é válido ressaltar que estamos lidando com indivíduos que são efeitos e
constituídos por linguagem, isto é, sujeitos de linguagem. Portanto, o ensino da leitura e da
escrita deveria ser a primeira preocupação dos professores. Suassuana (2006) ressalta que:

[...] se vemos a escola como espaço privilegiado de produção e socialização do conhecimento,


temos que admitir que uma de suas funções essenciais é exactamente o ensino da leitura e da
escrita. Mas não postulamos aqui o domínio mecânico dessas habilidades, e sim, a conquista
pelo aluno, de novas formas de conhecimento (p.45).

Inúmeras formas de metodologia de língua portuguesa surgiram ao longo dos anos, no entanto,
para Geraldi (1984), antes mesmo de se discutir sobre metodologia de ensino, é necessário
entender a concepção de linguagem que se trabalha na escola: Fundamentalmente, três
concepções podem ser apontadas:

a) a linguagem é a expressão do pensamento: esta concepção ilumina, basicamente, os


estudos tradicionais. Se concebemos a linguagem como tal, somos levados a afirmações –
correntes – de que pessoas que não conseguem se expressar não pensam; b) a linguagem é
um instrumento de comunicação: esta concepção está ligada à teoria da comunicação e vê
a língua como código (conjunto de signos que se combinam segundo regras) capaz de
transmitir ao receptador uma certa mensagem. Em livros didácticos, esta é a concepção
confessada nas instruções ao professor, nas instruções ao professor, nas introduções, nos
títulos, embora em geral seja abandonada nos exercícios gramaticais; c) a linguagem é uma
forma de interacção: mais do que possibilitar uma transmissão de informações de um
emissor e um receptor, a linguagem é vista como um lugar de interacção humana: através
dela o sujeito que fala pratica acções que não conseguiria praticar a não ser falando; com ela
o falante age sobre o ouvinte, constituindo compromissos e vínculos que não pré-existem
antes da fala (p. 42-43)
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Pensando desse modo, diante de uma variação linguística, o professor poderá ensinar indo ao
encontro das perspectivas do aluno e não desvirtuando de sua realidade linguística. Conforme
Camacho (1995), no âmbito do ensino de língua, um aspecto relevante a considerar é a
compreensão da situação linguística real da criança, no início do processo de alfabetização.
Uma das causas da ineficiência da pedagogia da língua é atribuir total privilégio à modalidade
escrita padrão e, paralelamente, negligenciar o contraponto oral (p.5).

1.5. Reflexão Sobre o Papel das Metodologias no Ensino do Português

Tendo em conta o sentido etimológico de método – methodus ou methodos = meta (que se


segue, que vem depois, para além de) + hodos = via, caminho (é o caminho para se atingir um
fim, porque é o meio para passar além de), podemos considerar que as metodologias são muito
abrangentes e têm um papel determinante na construção do aluno. A questão que se coloca não
passa só por executar, mas também por criar para alcançar um objectivo.

O professor deve buscar o acontecimento pedagógico, ou seja, deve conseguir transmitir ao


aluno exactamente aquilo que pretende. Ainda, que qualquer bom professor que ensine
literatura na sua aula preocupa-se em formar leitores críticos, fluentes e autónomos para a vida:
leitores para além da sala de aula. É sobre o professor de Português que recai o dever de
incrementar nos alunos um uso correcto da língua portuguesa, sob o peso que toda essa
formação ou carência de formação pode vir a ter na sua vida futura, do ponto de vista social e
cultural.

No que diz respeito à oralidade e à escrita, ao longo do tempo, infelizmente, temos vindo a
assistir a uma deterioração no que se refere à língua materna. As produções orais e escritas
deveriam ocupar mais tempo na aula de Português. Ora, a reflexão de questões como estas não
devem surgir apenas na sala de aula mas sim antecipadamente, na planificação. Como o próprio
termo indica, “planificar” significa “desenvolver um plano”, e é neste último que o professor
reflecte sobre as metodologias adequadas a usar na sala de aula. Portanto, a formação dos
professores, tanto a nível literário como linguístico, deve ter todos estes factores em conta,
visando um melhoramento dos métodos aplicados nas aulas, dispondo-se a proporcionar aos
alunos o seu direito à educação.

Independentemente do programa específico de cada disciplina, cada professor tem os seus


próprios métodos de ensino. Não pretendo afirmar que só os que referi aqui resultam mas sim
mostrar que, variando de turma para turma e de aluno para aluno, há que ponderar o mais
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adequado. Carvalho realçou ʺque Ser professor de Português é hoje, quase ao virar do século,
um desafio estimulante, mas, simultaneamente, perturbadorʺ (Carvalho et al., 1995).

O principal objectivo é que os alunos sintam satisfação com a educação e lhe dêem o devido
valor para que se tornem aprendizes independentes para toda a vida (Haigh, 2010, p. 194).

Em suma, a capacidade de resposta a este tipo de questões, exige do professor uma constante
actualização da sua formação, uma boa capacidade criativa e uma constante reflexão.

Conclusão

Diante do exposto a respeito da reflexão sobre o papel das metodologias de ensino e
aprendizagem do português, constatou-se, em linhas gerais, o seguinte: acredita-se que novas
metodologias e concepções de linguagem irão surgir nesse longo caminho do ensino do
português, porém, o que deveremos ter como ponto principal para que tal caminho seja
aproveitado da melhor forma possível, é reflectir sobre a formação dos futuros professores e
como esses, diante da prática do dia-a-dia poderão utilizar ou aproximar a teoria de uma
maneira que o ensino de português não se restrinja somente à gramática normativa e, sim, a um
leque de oportunidades para os alunos “interagirem” com a própria linguagem.

Dizemos ainda que, como o assunto se torna de uma complexidade ímpar, não é nosso interesse
expor uma resposta definitiva, no entanto, na tentativa de obtê-la, delineamos e apontamos
questões e caminhos que podem servir como reflexões sobre o ensino de língua portuguesa e a
relação professor-aluno.

Enfim, acreditasse que o ensino de português no Brasil, ainda que, de maneira utópica, poderia
sim, ganhar novos e melhores horizontes, se linguagem-formação de professores-metodologia
andassem de mãos dadas, caminhando sempre em função da real e “obscura” prática do
quotidiano escolar.
11

Referências bibliográficas

Azevedo, F. J. F (2010). Metodologia da Língua Portuguesa. Plural Editores.

Bireaud, Annie (1995). Os Métodos Pedagógicos no Ensino Superior. Porto: Porto Editora

Carneiro, Roberto (2001). Fundamentos da Educação e da Aprendizagem: 21 Ensaios Para o


Século 21. Vila Nova de Gaia: Fundação Manuel Leão.

ESTRELA, Maria Teresa (1992). Relação Pedagógica, Disciplina e Indisciplina na Aula. 3ºed.,
Porto: Porto Editora. HAIGH, Alan (2010). A Arte de Ensinar: Grandes Ideias, Regras Simples.
Academia do Livro.

Braathen, P. C. (2017). Metodologia de Ensino Aplicada a Grupos. CPT.

Chicumule, F.M. S. S. Manual de metodologia de ensino e aprendizagem do português II.


Beira: ISCED

Dias, E & Pinto, D.C. (2011).  Reflexões sobre a prática de ensino língua portuguesa.
Uberlândia: UFU

MINEDH. (2019). Métodos ou Abordagens de Ensino de Línguas.

Sena, O. (1999).O estranho poder das palavras: Palavra, poder e ensino de língua. Manaus:
Editora da Universidade de Manaus

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