Civil Law e Common Law
Civil Law e Common Law
Civil Law e Common Law
RESUMO
ABSTRACT
The Economic Analysis Of Law – EAL is a path to comprehend and to apply Law that
has been gaining importance over the last decades. Its origin comes from countries
whose law traditions is based of the common law and, thus, comes into matter the
analysis if it is possible to transpose the EAL to civil law tradition based countries.
Many scholars argue that common law is a system that produces more efficient laws.
Some others argue that there is no great differences between those two law traditions
and, therefore, the transposition is possible. Nevertheless, such transposition must be
seen with caution, because although the globalization might have shortened the
distances and diminished differences, it is undeniable that still there is countries that
differ from one another, especially in which deals with political ideologies, State acting
in the social life and levels of social and economical development. To not take these
differences into consideration when applying the EAL to the Brazilian juridical system,
which might demand adaptations and mutations in the Analysis as originally conceived,
can perhaps obstruct the use of EAL in civil law tradition based countries, such as
Brazil.
*
Trabalho publicado nos Anais do XVIII Congresso Nacional do CONPEDI, realizado em São Paulo –
SP nos dias 04, 05, 06 e 07 de novembro de 2009.
996
KEYWORDS: COMMON LAW AND CIVIL LAW; ECONOMICAL ANALYSIS OF
LAW; EFFICIENCY.
1. Introdução
Desde o trabalho pioneiro de Ronald Coase, The problem of social cost, escrito
em 1960, vem se desenvolvendo uma linha de estudos voltada, em linhas gerais, para a
possibilidade de a Economia servir de instrumento para o Direito, seja quando da
atividade legiferante, seja no momento da aplicação da lei. A estes estudos deu-se o
nome de Análise Econômica do Direito – AED, Law & Economics, Direito e Economia.
Referidos estudos partem da idéia de que o homem se comporta de forma racional, está
em busca da satisfação das suas necessidades, e vive num ambiente de recursos
escassos. Além disso, responde a incentivos. A AED, portanto, vê a lei como um
incentivo, ou seja, entende ser possível, por meio de leis, direcionar e prever o
comportamento humano.
O problema que se coloca neste artigo reside em saber até que ponto é possível
falar-se numa análise econômica do direito no Brasil, país de tradição jurídica da civil
law, tendo em vista que a AED mostrou-se bastante eficaz e producente justamente em
países de tradição jurídica do common law.
Adianta-se que é inegável a associação feita entre common law, práticas liberais
e desenvolvimento econômico, de forma que talvez não seja possível que a AED seja
exitosamente aplicada em países de tradição da civil law, ou naqueles ainda em
desenvolvimento, ou, também, nos países que adotam práticas econômicas de cunho
mais protecionista e social, em detrimento de uma liberdade de mercado. Contudo,
997
imprescindível que tal assertiva seja ponderada com o fenômeno da globalização, onde
se verifica um crescente sincretismo das tradições e práticas jurídicas. Analisar esta
possibilidade é o escopo deste artigo.
2. Surgimento da AED
Importa, portanto, não afastar a idéia de que o movimento do Law & Economics
não possui uma uniformidade de pensamento, nem possui ponto de partida bem
definido, tendo em vista a pluralidade de linhas de raciocínio dentro de si. Não obstante,
para este movimento, uma coisa é certa: o uso da Economia no Direito, de fato, pode
trazer leis mais eficientes. Nas palavras de Andrés Roemer:
998
Autores anotam que a origem dos trabalhos nesta área da AED se deu a partir dos
pensamentos de Ronald Coase, Guido Calabresi e Trimmarchi.
“Na perspectiva proposta por Coase, as leis atuam sobre a atividade econômica, por
intermédio da política econômica, desempenhando quatro funções básicas: protegem os
direitos de propriedade privados; estabelecem as regras para a negociação e a alienação
desses direitos, entre agentes privados e entre eles e o Estado; definem as regras de
acesso e de saída dos mercados; promovem a competição; e regulam tanto a estrutura
industrial como a conduta das empresas nos setores em que há monopólio ou baixa
concorrência”.
999
direito resistem à idéia de que as motivações econômicas podem substituir ou esgotar a
força normativa da lei”.
Embora este movimento seja recente, vários estudiosos, muito mais economistas do que
juristas – o que vem em prejuízo ao debate e ao afloramento de idéias que escapem ao
senso-comum e à idéia-fixa de que a Economia guia o comportamento humano – , têm
se debruçado sobre a análise econômica do Direito. Contudo, há certa resistência de
alguns experts em ver possível uma relação entre Direito e Economia, ao menos nos
moldes como é colocada pela AED.
Rudolph Stammler, por exemplo, embora não seja um crítico da AED, prefere ver as
relações entre Direito e Economia tendo o homem, enquanto ser social, no centro desta
relação. Desta visão decorre sua concepção monista da vida social. Assim, faria pouco
(ou nenhum) sentido falar em AED, já que Direito (forma da vida social) e Economia
(matéria da vida social) seriam um e a mesma coisa. É que para falar em AED
pressupõe-se que Direito e Economia estejam separados, sejam duas coisas
independentes, o que não se verifica na teoria da Stammler, para quem estes dois ramos
são “faces da mesma moeda”, moeda esta que seria o homem enquanto ser social, que,
sob uma regulação, coopera para satisfação de suas necessidades.
1000
Vêm de Fritjof Capra importantes considerações acerca do estudo dos valores sociais
pelas ciências sociais:
“O estudo dos valores sociais é, pois, de suprema importância para todas as ciências
sociais; é impossível existir uma ciência social ‘isenta de valores’. Os cientistas sociais
que consideram ‘não-científica’ a questão dos valores e pensam que a estão evitando
estão simplesmente tentando o impossível. Qualquer análise ‘isenta de valores’ dos
fenômenos sociais baseia-se no pressuposto tácito de um sistema de valores existente
que está implícito na seleção e interpretação dos dados”.
1001
tal aceitação deve ser vista com muita atenção, pois esse caminhar em direção a valores
e princípios muitas vezes pode levar à direção oposta a uma análise empírica proposta
pela Economia, cujas preocupações giram em torno de eficiência, racionalidade,
indução de comportamentos e outras questões centradas no indivíduo que, aumentadas
para o campo macro, podem não trazer paz social, embora tragam desenvolvimento
econômico.
Com relação ao tema trazido por Trimmarchi, qual seja, a transposição para o direito
codificado (civil law) das regras desenvolvidas pelo direito consuetudinário (common
law), importa, primeiramente, lembrar que no âmbito das comparações, seja de regras
jurídicas ou de modelos econômicos, torna-se imprescindível analisar os sistemas
jurídicos sobre os quais tais regras ou modelos se assentam, bem como questões
históricas, sociais, culturais, geográficas e morais. De um país para outro, há uma série
de variáveis que devem ser levadas em consideração. Érica Gorga afirma que “a análise
da eficiência dos sistemas jurídicos deve então atentar para a complexidade e as
particularidades de cada sistema”.
Somente estas afirmações já bastariam para dar a dimensão do hercúleo trabalho que
aqueles que buscam transpor normas ou modelos de um contexto para outro devem
enfrentar. É importante, portanto, que esta noção permeie o pensamento daqueles que
buscam um diálogo entre ordenamentos jurídicos e modelos econômicos distintos entre
países.
1002
Após estudar o movimento do Law & Economics (ou AED), constata-se que as maiores
contribuições a respeito do assunto vieram de países cuja tradição jurídica é o common
law. Recentemente, porém, surgiram trabalhos que afirmam a AED dentro da tradição
da civil law. Neste aspecto, é justamente por conta destes estudos recentes da AED –
comparação analítica de sistemas diferentes – que se deve ter cautela na análise de
institutos que funcionam satisfatoriamente em países de tradição do common law e na
“importação” destes institutos para países de tradição da civil law. Os estudos jurídicos
de direito comparado são profícuos e bem aceitos justamente por serem descritivos; não
há a intenção de “torcer” determinado sistema jurídico para que se adéqüe a uma
determinada realidade. Na verdade, o que se deve fazer, após longos estudos – histórico-
culturais, inclusive – é, caso se entenda pela possibilidade de transposição, fazer o uso
de adaptações, concessões e mutações, uma vez que não se importam contextos, apenas
idéias. Se a Economia e estudos dentro do seu campo buscam, de forma indiscriminada,
aplicar modelos “à seco”, correm o risco de verem-se frustrados.
Érica Gorga, em seu trabalho, busca responder questões tais como: Common law é mais
eficiente que a civil law? É possível aplicar Law & Economics para os países que
adotaram a civil law, já que este último sistema parte de noções de equidade e justiça,
baseando sua análise na norma posta, e não na criação de regras como indutoras de
comportamento?
A autora cita alguns estudos que apontaram que países cujo sistema baseava-se no
common law tinham maior desempenho econômico do que os países da civil law. Em
síntese, o common law seria mais eficiente porque os juízes, no julgamento da equidade,
teriam maior grau de liberdade e independência, “o que permitiria uma evolução
contínua do Direito no sentido de proteger os investidores, o que não ocorre no sistema
de direito romano-germânico”. Outros autores, tais como Bentham e Weber, entendem
que o sistema da civil law é mais eficiente, pois possuiria maior racionalização e
coerência interna.
“argumenta que o resultado econômico superior dos países com tradição de direito
consuetudinário é decorrente das diferenças entre os conteúdos ideológicos e
constitucionais dos dois sistemas, já que a tradição do direito consuetudinário estaria
historicamente ligada a uma maior proteção dos direitos de propriedade e direitos
contratuais contra a ação estatal. Já o direito romano-germânico teria como base um
governo central mais forte e menos disciplinado pelo Judiciário”.
“A ascensão da AED tem-se relacionado com uma mudança no clima intelectual que se
voltou mais receptivo à idéia de que os mercados são uma forma efetiva de organização
social em muitas situações. (...) Provavelmente, graças a esse elemento da AED alguns
1003
tem a perspectiva de que se trata de um movimento intelectual contaminado
irremediavelmente com ideologia”.
Ainda, a idéia que liga liberalismo a países de tradição do common law e, por
conseqüência, a uma maior eficiência, permeia o pensamento de Lewis A. Kornhauser
que, para afirmar o entendimento de que “a lei não tem força normativa intrínseca”,
exemplifica: “nada na formulação de direitos de propriedade leva seus donos a explorar
a propriedade de uma ou outra maneira”.
Ora, é bem verdade que em países com tradição histórica “ligada a uma maior proteção
dos direitos de propriedade”, como afirma Paul Mahoney quando discorre do common
law, o exemplo de Kornhauser faz sentido. Contudo, cai por terra num sistema de civil
law como o brasileiro, que vige o princípio constitucional da função social da
propriedade, por exemplo. Assim, na tradição brasileira, o Estado, mediante regras,
pode sim determinar como o dono de uma propriedade pode explorá-la, em razão de se
ter a Constituição Federal como moldura do nosso Estado Democrático de Direito.
Outro exemplo diz respeito ao art. 421 do Código Civil, que versa sobre a função social
do contrato, permitindo, igualmente, um maior dirigismo estatal nas relações privadas.
Inegável que a razão de ser deste dispositivo está na Constituição Federal e no princípio
da justiça social. Pela escolha política dos constituintes brasileiros, há uma mitigação da
liberdade de propriedade em função da realização da justiça social. Esta característica
do direito brasileiro, bem como as razões que levaram a tal escolha, não pode ser
esquecida no âmbito dos estudos da AED.
Posner, defensor da eficiência da common law, vai afirmar que “quando são os juízes
que fazem as leis substantivas as regras tendem a ser consistentes com os ditames de
eficiência”, muito embora reconheça que ainda não há uma “teoria aceita pela
generalidade de porque e como o direito consuetudinário pode converter-se em um
instrumento para promover a eficiência econômica”.
Algumas críticas podem ser feitas quanto à tese de maior eficiência do common law,
quando comparado ao civil law. Érica Gorga traz em seu artigo diversos autores que
questionam tal assertiva, cuja base fundamental é a de que, sendo as normas feitas a
partir de decisões judiciais, assumir-se-ia que neste ambiente as regras são mais
eficientes que aquelas criadas pelo processo legislativo, pois os casos levados ao
Judiciário e as decisões deles decorrentes tenderiam, com o tempo, a criar normas cada
vez mais eficientes. A divergência dentro deste entendimento estaria apenas em saber
quem é o responsável por tornar as normas eficientes, se os próprios juízes ou as partes.
Deste modo, vê-se afirmações de que “juízes tendem a basear suas decisões em
intuições econômicas” (Posner) ou “o resultado do processo seria dado não pelas ações
dos juízes, mas pela ação das partes privadas que o originaram” (Rubin, Priest,
Goodman).
Dentro das críticas feitas à tese de superioridade, quanto à eficiência, do common law,
há afirmações no sentido de um elevado grau de reducionismo quando se toma apenas
os casos levados aos juízes como únicos responsáveis por tornarem as normas
eficientes. Assim, Hadfield pensa que seria “impossível a produção de normas eficientes
1004
para o conjunto de situações sobre as quais incidem as normas”. A regra eficiente
somente seria obtida, portanto, analisando-se todos os possíveis desdobramentos desta
regra, considerando não apenas os casos levados ao Judiciário, mas também aqueles em
que as partes optaram pela mediação, aqueles em que uma delas reconheceu a
sucumbência, não gerando qualquer “pretensão resistida”. Haveria um caráter de
“amostralidade” e “aleatoriedade” dos casos levados ao Judiciário, o que impediria que
dali saíssem regras eficientes para todos os casos.
Zywicki, citado por Érica Gorga, afirma que o advento da stare decisis vai levar a um
surgimento de pressão de grupos de interesses com o fim de moldar o Direito conforme
queiram, em detrimento da diluição de riquezas para a sociedade. É que quanto mais
estável for um sistema – estabilidade esta tornada possível pela stare decisis – maior
valor terá o precedente. Sendo determinado precedente favorável a determinado grupo,
maior valor terá um novo caso tendente a seguir o precedente. A autora afirma:
Quando não existe stare decisis, a possibilidade de retorno do investimento das partes
no litígio fica reduzida, já que não haverá a criação de um precedente estável. (...) Antes
da aceitação da stare decisis, a obtenção de julgamento favorável pela parte tinha valor
bem reduzido, pois não se formava o ‘estoque de capital’ de precedente (...). Com a
adoção da stare decisis, tal situação é modificada de modo consistente, pois a obtenção
de um precedente favorável pode significar um fluxo de capital substancial no longo
prazo para as partes que se engajam em disputas recorrentes. Por isso, aumentam os
incentivos das partes para investir no processo judicial, de modo a buscar a obtenção de
um precedente que as favoreça”.
1005
instâncias, sem contar hipóteses esdrúxulas, porém cada vez mais recorrentes, de
corrupção e venda de sentenças. Desta forma, pergunta-se: eficiência para quem?
Eficiência em que termos?
“Os juízes também lançam mão do uso de precedentes para preservar a sua reputação e
prestígio. Isso pode ser um incentivo particularmente forte para o juiz que deseja ser
indicado para os tribunais superiores. Além disso, os juízes seguem os precedentes
porque sabem que se falharem regularmente em fazê-lo arriscam tratamento especial
pelos seus pares”.
Contra a tese da eficiência da common law, merece ser citado Paul H. Rubin,
que, numa visão mais ponderada, afirma que “os observadores do direito que concluem
que o direito consuetudinário é mais eficiente que o estatutário confundem um efeito
devido ao tempo, com outro devido à eficiência”. A discussão, mais do que entre
common law e civil law, estaria em “direito no início do século” e “direito que se seguiu
após”. Ainda, em outras palavras, “o sentimento atual de que os estatutos são menos
eficientes que as normas de direito consuetudinário se baseia em relações atuais e não
em princípios universais”.
Assim, uma mudança de cunho tecnológico permitiu que grupos de interesse gastassem
menos com lobby frente aos parlamentares e frente aos juízes. Neste sentido, a
ineficiência, tida como resultado da prática destes lobbies, vez que criam direitos em
benefício próprio do grupo de interesse, estaria mais na redução dos custos com lobby, o
que envolve custos de informação, comunicação e transporte. Afirma o autor que a
1006
análise da eficiência ou não das normas deve ser verificada de forma empírica, tendo em
vista as particularidades de cada caso.
Ugo Mattei, também citado por Érica Gorga, entende que a civil law, cuja base
são os códigos, reduz as incertezas quanto às possibilidades de julgamento de um juiz,
pois seu balizamento estaria na norma escrita e posta, reduzindo, portanto, o custo de
informação no processo. Gastar-se-ia menos, também, com advogados, interposição de
recursos, caso se saiba as possíveis decisões dos juízes.
Dito isto, necessário que se aponte para uma convergência entre estas duas
tradições do Direito, tendo em vista, principalmente, a complexidade e dinamicidade da
sociedade e de suas inter-relações econômicas causadas pela globalização. Neste
sentido, haveria uma influência recíproca do common law e da civil law. A fim de
exemplificar essa influência recíproca entre as duas tradições, vale lembrar o código
civil californiano e o instituto do efeito vinculante na Alemanha e Espanha.
Pelo exposto, entende-se que o movimento de Law & Economics (ou AED) tem
no sistema do common law – muito mais do que na civil law – campo fértil para crescer.
Em razão da globalização e da complexidade e dinamicidade da sociedade, é notório um
movimento de inter-relação entre as tradições do Direito, o que pode permitir um
diálogo entre seus institutos. Fruto deste diálogo é justamente a aplicação da AED ao
sistema da civil law.
1007
5. Conclusões
1008
common law. Contudo, o modo como economistas e juristas dos diversos países de
ambas as tradições veem o papel do juiz e das instituições diferem entre si. Ainda, não
se pode esquecer que o contexto histórico-social onde se deu o transplante da AED do
common law para a civil law foi o europeu, países com nível de desenvolvimento
econômico-social alto, diferentemente de países latino-americanos, como o Brasil.
Parece mais prudente analisar caso a caso as hipóteses de aplicação da AED em países
da civil law – e mesmo assim, somente após correto entendimento das estruturas e
fundamentos que montam o ambiente de aplicação da AED –, ao invés de uma
aplicação irrestrita, apenas tomando por base o sucesso em países do common law, pois,
do contrário, o argumento da eficiência pode levar à conclusão de que a AED é
instrumento próprio destes países.
6. Bibliografia
CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação. 25. Ed. São Paulo: Cultrix, 2005.
COASE, Ronald. The firm, the market and the law. Estados Unidos: The University of
Chicago Press, 1988.
COOTER, Robert; ULEN, Thomas. Law & Economics. 5. Ed. Addison-Wesley, 2008.
KITCH, Edmund W. Los fundamentos intelectuales del análisis económico del derecho.
In: ROEMER, Andrés. Derecho y economía: una revisión de la literatura. México:
Fondo de cultura económica, 2000.
1009
MATTEI, Ugo; PARDOLESI, Roberto. Análisis económico del derecho en países de
tradición civil: un enfoque comparativo. In: ROEMER, Andrés. Derecho y economía:
una revisión de la literatura. México: Fondo de cultura económica, 2000.
SZTAJN, Rachel. Law & Economics. In: ZYLBERSZTAJN, Decio; SZTAJN, Rachel.
Direito & Economia – análise econômica do Direito e das organizações. 1. Ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2005.
TIMM, Luciano Benetti. Ainda sobre a função social do direito contratual no Código
Civil brasileiro: justiça distributiva versus eficiência econômica. In: TIMM, Luciano
Benetti (org.). Direito & Economia. 2. Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008.
COASE, Ronald. The problem of social cost. The Journal of Law and Economics.
Estados Unidos: The University of Chicago Press, 1960, p. 1-44. Também disponível
em COASE, Ronald. The firm, the market and the law. Estados Unidos: The University
of Chicago Press, 1988.
Não se faz aqui a distinção entre Análise Econômica do Direito e Law & Economics,
podendo-se falar, inclusive, em Interpretação Econômica do Direito. Para uma distinção
1010
entre estes termos, recomenda-se FARIA, Guiomar T. Estrella. Interpretação
Econômica do Direito. 1. Ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 1994, p. 11.
Alguns textos já foram escritos sobre o transplante da AED de países do common law
para países da civil law, conforme citados ao longo deste trabalho; contudo, o foco
dessa análise cingia-se aos países europeus de tradição na civil law, os quais já se
encontravam desenvolvidos, diferentemente de países sul-americanos, em vias de
desenvolvimento ou, até, “subdesenvolvidos”.
KITCH, Edmund W. Los fundamentos intelectuales del análisis económico del derecho.
In: ROEMER, Andrés. Derecho y economía: uma revisión de la literatura. México:
Fondo de cultura económica, 2000, pp. 51-52.
Richard Posner e muitos outros, citados ao longo deste tópico, também entendem neste
sentido.
SZTAJN, Rachel. Law & Economics. In: ZYLBERSZTAJN, Decio; SZTAJN, Rachel.
Direito & Economia – análise econômica do Direito e das organizações. 1. Ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2005, p. 75.
1011
KORNHAUSER, Lewis A. El nuevo análisis económico del derecho: las normas
jurídicas como incentivos. In: ROEMER, Andrés. Derecho y economía: una revisión de
la literatura. México: Fondo de cultura económica, 2000, p. 21. Em outra passagem, o
mesmo autor afirma: “Ao contrário, a teoria econômica nega que a pura incorporação de
uma diretriz contida na lei ofereça algum motivo para alguém atuar”. KORNHAUSER,
Lewis A. El nuevo análisis económico del derecho: las normas jurídicas como
incentivos. In: ROEMER, Andrés. Derecho y economía: una revisión de la literatura.
México: Fondo de cultura económica, 2000, p. 36.
SZTAJN, Rachel. Law & Economics. In: ZYLBERSZTAJN, Decio; SZTAJN, Rachel.
Direito & Economia – análise econômica do Direito e das organizações. 1. Ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2005, p. 75.
SZTAJN, Rachel. Law & Economics. In: ZYLBERSZTAJN, Decio; SZTAJN, Rachel.
Direito & Economia – análise econômica do Direito e das organizações. 1. Ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2005, pp. 75-76.
CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação. 25. Ed. São Paulo: Cultrix, 2005, p. 182.
CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação. 25. Ed. São Paulo: Cultrix, 2005, p. 183.
Lewis A. Kornhauser aduz que “ocasionalmente, os críticos [da AED] tiram o mérito
deste projeto ao considerá-lo como um simples produto da obstinação em introduzir
uma nova regra técnica e modelos matemáticos formais ao emaranhado verbal do
direito”. KORNHAUSER, Lewis A. El nuevo análisis económico del derecho: las
normas jurídicas como incentivos. In: ROEMER, Andrés. Derecho y economía: una
revisión de la literatura. México: Fondo de cultura económica, 2000, p. 19.
SZTAJN, Rachel. Law & Economics. In: ZYLBERSZTAJN, Decio; SZTAJN, Rachel.
Direito & Economia – análise econômica do Direito e das organizações. 1. Ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2005, p. 80.
1012
GORGA, Érica. Tradições do Direito. In: ZYLBERSZTAJN, Decio; SZTAJN, Rachel.
Direito & Economia – análise econômica do Direito e das organizações. 1. Ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2005, p. 150.
KITCH, Edmund W. Los fundamentos intelectuales del análisis económico del derecho.
In: ROEMER, Andrés. Derecho y economía: una revisión de la literatura. México:
Fondo de cultura económica, 2000, p. 58.
1013
Janeiro: Elsevier, 2005, p. 87. Ainda uma outra visão, trazida por Pierre Bourdieu,
informa que essa pretensa autonomia do Direito não possui natureza ideológica, mas é
resultado do próprio funcionamento do campo jurídico, cuja sistemática perpetua seus
integrantes no poder de dizer e interpretar o Direito: “Esta retórica da autonomia, da
neutralidade e da universalidade, que pode ser o princípio de uma autonomia real dos
pensamentos e das práticas, está longe de ser uma simples máscara ideológica. Ela é a
própria expressão de todo o funcionamento do campo jurídico e, em especial, do
trabalho de racionalização, no duplo sentido de Freud e Weber, a que o sistema das
normas jurídicas está continuamente sujeito, e isto desde há séculos”. BOURDIEU,
Pierre. O poder simbólico. Lisboa/Rio de Janeiro: Ed. Difel/Bertrand Brasil, 1989, p.
216.
KITCH, Edmund W. Los fundamentos intelectuales del análisis económico del derecho.
In: ROEMER, Andrés. Derecho y economía: una revisión de la literatura. México:
Fondo de cultura económica, 2000, pp. 59-60.
Sobre o tema, TIMM, Luciano Benetti. Ainda sobre a função social do direito contratual
no Código Civil brasileiro: justiça distributiva versus eficiência econômica. In: TIMM,
Luciano Benetti (org.). Direito & Economia. 2. Ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2008.
A respeito do papel dos juízes, Pierre Bourdieu anota: “É claro que os magistrados, por
meio da sua prática, que os põe diretamente perante a gestão dos conflitos e uma
procura jurídica incessantemente renovada, tendem a assegurar a função de adaptação
ao real num sistema que, entregue só a professores, correria o risco de se fechar na
rigidez de um rigorismo racional: por meio da liberdade maior ou menor de apreciação
que lhes é permitida na aplicação das regras, eles introduzem as mudanças e as
inovações indispensáveis à sobrevivência do sistema que os teóricos deverão integrar no
sistema”. Nota-se que a discrição se assemelha bastante ao papel dos juízes do common
law, apenas. Quanto ao papel dos juristas da civil law, a citação a seguir parece mais
aderente à realidade: “Pertence aos juristas, pelo menos na tradição dita romano-
germânica, não o descrever das práticas existentes ou das condições de aplicação prática
das regras declaradas conformes, mas sim o pôr-em-forma dos princípios e das regras
envolvidas nessas práticas”. BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico. Lisboa/Rio de
Janeiro: Ed. Difel/Bertrand Brasil, 1989, pp. 220-221.
1014
direito consuetudinário, dizendo, ao final, que se trata de debilidades da teoria
econômica que não podem ser facilmente ignoradas. São elas: a primazia da retórica não
econômica nas decisões judiciais, a baixa qualidade de boa parte das evidências que
apontam para a referida tese, e a falta de evidência quantitativa de que esta tese é, de
fato, verdadeira. POSNER, Richard A. Usos y abusos de la teoría económica en el
derecho. In: ROEMER, Andrés. Derecho y economía: una revisión de la literatura.
México: Fondo de cultura económica, 2000, p. 75.
“Em todos os modelos econômicos dos fenômenos legais se assume que o legislador
atua uma única vez, a princípio, quando escolhe a estrutura do jogo a que se submeterão
os agentes. Este pressuposto pode parecer inadequado para os tribunais de direito
consuetudinário, como pode ser num processo de sentença caso a caso, no qual os
tribunais ‘fazem a lei’. Esta perspectiva sugere que a sentença pode apresentar
problemas de consistência similares àqueles estudados na bibliografia referente ao
planejamento”. KORNHAUSER, Lewis A. El nuevo análisis económico del derecho:
las normas jurídicas como incentivos. In: ROEMER, Andrés. Derecho y economía: una
revisión de la literatura. México: Fondo de cultura económica, 2000, pp. 35-36.
1015
GORGA, Érica. Tradições do Direito. In: ZYLBERSZTAJN, Decio; SZTAJN, Rachel.
Direito & Economia – análise econômica do Direito e das organizações. 1. Ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2005, p. 192.
1016