As Figuras de Linguagem e Seu Papel Na Construção Do SLOGAN
As Figuras de Linguagem e Seu Papel Na Construção Do SLOGAN
As Figuras de Linguagem e Seu Papel Na Construção Do SLOGAN
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Alunas regularmente matriculadas no terceiro período do curso de Publicidade e Propaganda da
Universidade Federal Fluminense sob a orientação da Profª. Drª. Arlete Eni Granero.
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1 O slogan
2 Figuras de Palavras
pelo receptor. De acordo com autor, é por este motivo que os publicitários recorrem
a estereótipos, chavões e clichês: por seus sentidos já estarem cristalizados no
entendimento coletivo, a possibilidade de que haja um mau entendimento da
mensagem é reduzida.
Um exemplo que ilustra o que foi acima exposto é o slogan utilizado pelo
inseticida Rodasol:
Figura 1: Slogan Rodasol
Fonte: IASBECK, Luiz Carlos. A arte dos slogans: as técnicas de construção das frases de efeito do
texto publicitário. São Paulo: Annablume, 2002, p. 84.
Contudo, examinando tal frase, percebe-se que a marca não compara seus
produtos a nenhum concorrente. Nesse caso, foi feita uma associação com uma
ação positiva através da frase tema. Dessa forma, o slogan conquista a simpatia do
público através de um sentimento de ternura atrelado diretamente a uma qualidade
do produto oferecido, e é um exemplo perfeito do que seria considerado um slogan
eficiente por Sandage. Para ele, “o primeiro requisito para um bom lema é a seleção
de uma idéia que toque a corda sensível do consumidor e inclua uma qualidade
meritória do produto” (apud CASTANHO, 1957, p.77).
Já a metonímia é um recurso através do qual há a “substituição do sentido de
uma palavra ou expressão por outro sentido, havendo entre eles uma relação lógica”
(PASCHOALIN & SPADOTO, 1996).
Segundo Iasbeck (2002), através da metonímia pode-se conhecer traços
culturais do interlocutor, já que a escolha e a substituição de determinados termos
numa frase evidencia características e valores que acredita-se que devam ser
destacados em detrimento de outros.
Observe alguns exemplos:
Figura 4: Slogan Caloi
Tendo sido veiculado entre as décadas de 1970 e 1980, tal slogan fez parte
do dia-a-dia de milhares de crianças ávidas por ganharem de presente a tão
desejada bicicleta. Neste slogan a palavra Caloi substitui o genérico ‘bicicleta’. Esse
recurso funciona de forma a atribuir grande valor à marca, já que o locutor a estaria
exigindo enfaticamente. Indo mais fundo, a frase ainda nos induz ao raciocínio de
que não sendo uma Caloi, não é uma bicicleta.
O mesmo foi feito em outro slogan brasileiro extremamente aclamado:
Figura 5: Slogan Valisère
Tal frase até hoje emociona o público. Nela, o nome da marca vem
substituindo o substantivo comum ‘sutiã’.
Para ilustrar com um exemplo atual, pode-se citar o slogan de uma recente
promoção da Coca-Cola:
Figura 6: Slogan Coca-Cola
As legítimas
3 Figuras de pensamento
4 Figuras de construção
Fonte: IASBECK, Luiz Carlos. A arte dos slogans: as técnicas de construção das frases de efeito do
texto publicitário. São Paulo: Annablume, 2002, p. 99.
Nesse slogan o verbo “somos” não concorda com o sujeito “Brasil” mas sim
com a ideia de que o país é composto por todas as pessoas que vivem nele (nós).
Dessa forma, a frase promove uma aproximação entre o anunciante – o Governo
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Federal – e o público, pois a figura de linguagem utilizada acaba por dar mais
destaque ao pronome “nós”.
Já o pleonasmo é a repetição de um termo, ou reforço do seu significado
(PASCHOALIN & SPADOTO, 1996). Ele, segundo Iasbeck (2002), corresponde a
uma redundância enfática de idéias, o que funciona como um meio indicado para
reforçar conceitos através de formas diferenciadas, mas que mantêm entre si um
significativo grau de identidade.
Conforme Arlindo Machado, teórico da informação, a redundância serve para
“garantir que a comunicação vai ocorrer, apesar de todos os ruídos degeneradores
do ambiente” (apud IASBECK, 2002, p.99).
Portanto, no texto publicitário devido a toda a interferência que existe entre o
emissor e o receptor da mensagem, a redundância torna-se um elemento muito
valorizado. Porém, como lembra Iasbeck (2002), deve ser tratada de forma
ponderada, para que o texto não fique desagradável e acabe por afastar o interesse
do leitor. Logo, é recomendável que a redundância seja distribuída por toda a peça
publicitária, na interação entre imagem, texto e slogan, por exemplo.
Existe ainda, o que Olivier Reboul denomina como “slogans-legenda”. Estes
seriam os slogans que funcionam pleonasticamente em relação à mensagem contida
na ilustração (apud IASBECK, 2002, p.100).
Essa ênfase criada em torno do conceito-chave de uma propaganda,
conforme diz Iasbeck (2002), “tem a finalidade de não deixar dúvidas ou de aparar
possíveis interpretações consideradas ‘indevidas’ porque não previstas pelo criador
do anuncio ou não desejadas pelo anunciante”.
Servindo como exemplo de uso do pleonasmo, temos o slogan da sobremesa
Danette:
Figura 16: Slogan Danette
Mandou, chegou.
Em seu segundo período, foi omitida a expressão “plano de saúde”, que viria
logo após a palavra “melhor”.
Já o anacoluto, segundo Savioli (1995), é um “termo solto na frase (sem
função sintática), em vista da troca de uma construção sintática por outra”.
Iasbeck (2002) explica que, se bem utilizado, tal recurso lingüístico contribui
de diversas formas para a construção do slogan já que a ele confere força, novidade
e compactação.
Como exemplo a ser analisado pode ser citado o slogan da Rede Globo:
Figura 20: Slogan Rede Globo
Considerações Finais
Com base no que foi exposto, pode-se perceber que o bom conhecimento da
Língua é indispensável aos redatores publicitários. A Língua Portuguesa oferece
diversos recursos, que contribuem das mais variadas maneiras para conferir ao texto
características que o diferenciam e enriquecem.
As figuras de linguagem, uma das ferramentas que podem ser utilizadas na
produção de um texto criativo e original, podem gerar grande valor, desde que
usadas adequadamente. Em se tratando da redação de um slogan, elas podem ser
o ponto crucial que definirá seu sucesso ou sua falha, por isso devem ser usadas
com atenção e prudência.
Sendo a frase-tema um dos elementos mais importantes na construção da
imagem de uma campanha ou marca, é fundamental que ela seja muito bem
pensada para que atinja o objetivo desejado, seja ele qual for: ser memorizado, fazer
rir, ou até emocionar.
Referências
IASBECK, Luiz Carlos. A arte dos slogans: as técnicas de construção das frases de
efeito do texto publicitário. São Paulo: Annablume, 2002.