Manual Conte Mais Uma Vez

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LIVRO DO
PROFESSOR Conte mais uma vez
Autor e ilustrador: Weberson Santiago

CATEGORIA : Pré-escola

ESPECIFICAÇÃO DE USO: Para manuseio de crianças pequenas

TEMA: Jogos, brincadeiras e diversão

GÊNERO LITERÁRIO: Narrativos (fábulas originais, da literatura universal e da


tradição popular, etc.)

ELABORADO POR Ana Paula Cavalcanti


Graduada em Pedagogia (UFPE) e Letras (Estácio de Sá), com especialização em Revisão de Texto
(PUC-Minas); Mestre em Educação (FaE/UFMG) e Doutora em Linguística Aplicada (FALE/UFMG).

Juliana Valéria de Abreu


Graduada em Pedagogia (FaE/UFMG) e Doutora em Educação pela mesma instituição.

Juliane Gomes de Oliveira


Graduada em Pedagogia (FaE/UFMG) e Doutora em Educação pela mesma instituição.
Sumário

Apresentação 3

Parte 1: O livro literário na Educação Infantil 4


Livros de literatura para crianças pequenas 5
Literacia 6
BNCC 8

Parte 2: Apresentação e contextualização da obra 9


Apresentação do autor /ilustrador 10
Diálogo entre texto verbal e visual na obra 11
O gênero literário 12

Parte 3: Propostas de atividades 13


Proposta 1: Atividade de pseudoleitura 13
Proposta 2: Atividade de consciência fonológica 16
Proposta 3: Atividade de Arte com participação da família 20

Indicações de leituras complementares 22

Referências bibliográficas comentadas 23


Apresentação

Olá, professora e professor!


É com muita satisfação que a Editora Yellowfante apresenta a você este
material digital de apoio à obra literária Conte mais uma vez, escrita e ilustrada
por Weberson Santiago. Trata-se de uma obra surpreendente, bem-humorada,
cativante e que, mediada por você ou pelos familiares dos(as) alunos(as), fa-
vorece o lúdico e a interação das crianças pequenas.
Com objetivo de estimular a apreciação deste material do começo ao fim,
trazemos contribuições para o seu planejamento de trabalho com a obra na
escola. O texto está organizado em três partes principais: a Parte 1 traz um
texto teórico para fundamentar as propostas de atividades que apresentaremos
adiante e pode contribuir para a sua reflexão sobre a prática pedagógica com a
literatura infantil, numa linguagem clara e objetiva. A Parte 2 discute a obra
propriamente dita: contextualização, autor, aspectos específicos em função do
público leitor, gênero literário e diálogo entre texto verbal e visual na obra.
Por último, a Parte 3 propõe atividades que contemplam diversos objetivos
de aprendizagem e desenvolvimento de acordo com a BNCC.
As propostas visam atender à demanda do edital do Programa Nacional
do Livro e do Material Didático (PNLD 2022), na categoria Pré-escola, que
contempla literatura para crianças pequenas (de 4 a 5 anos e 11 meses).
Considerando que a literatura é uma arte e que não tem leitor único,
predefinido, a obra pode ser apreciada pelos diferentes públicos da Educação
Infantil. Assim, as propostas deste material podem ser adaptadas para aten-
der às exigências de diferentes grupos etários e para necessidades especiais, a
depender da sua demanda na escola.
No final deste material, você encontra, ainda, indicações de leitura e re-
ferências bibliográficas comentadas. A consulta a essas indicações e referências
tem o potencial de complementar sua leitura e ampliar seus estudos sobre a
literatura infantil na escola.
Desejamos uma boa leitura!
Editora Yellowfante

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 3


Parte 1: O livro literário na Educação Infantil

A literatura infantil teve sua importância reconhecida no desenvolvimento


das crianças e na formação de leitores(as) somente no final do século XX. Por
meio da leitura literária, pode-se desenvolver um trabalho individual e íntimo
com as crianças e apontar, simultaneamente, formas de socialização com di-
versas possibilidades de vivências coletivas. Por isso, destacamos a necessidade
da presença da literatura desde a primeira infância.
Nos dias atuais, essa importância é reconhecida por meio de programas do
governo para aquisição e distribuição de obras literárias para escolas de todo
o país, o que está presente em documentos oficiais, como a BNCC (2018).
Na Educação Infantil, é importante apresentar obras que contenham
pequenas histórias, pequenos poemas, haicais, imagens e outras possibilidades
com ilustrações que sejam atraentes e interessantes de tal modo que, sozinhas
ou em diálogo com o texto verbal, instiguem e divirtam bebês e crianças de
0 a 5 anos e 11 meses.
Ponderamos, neste material, que a estruturação de um bom trabalho de
mediação de leitura feito por professores(as) e familiares é um importante
diferencial para as crianças, visando à descoberta do prazer da leitura e à con-
tribuição, desde muito cedo, para a formação de leitores(as).
Para que o livro se torne atraente e significativo às crianças, é fundamental
que elas manuseiem e interajam com ele. No início, é importante mostrar
as maneiras mais adequadas de manuseio do livro, como o ato de passar as
páginas. Contudo, aos poucos, as crianças entenderão a melhor forma de ma-
nusear o material sem danificá-lo, para que o livro possa ser lido novamente
e compartilhado com outras crianças da escola.
A organização de espaços de leitura, bibliotecas de sala ou brinquedotecas
pode contribuir muito para a formação de leitores(as) autônomos(as), faci-
litando a aproximação e a escolha de obras para leitura e apreciação. Mesmo
para a criança que ainda não se apropriou da linguagem escrita, a experiência
de leitura e o contato com obras literárias são reforçados pela BNCC no
Campo de Experiências "Escuta, fala, pensamento e imaginação”. Ademais,
em momentos como esses, é possível que as crianças que ainda não dominam
o código escrito realizem pseudoleituras, espontaneamente, com o intuito de
imitar seus(suas) professores(as) e pais lendo histórias.
A pseudoleitura é motivadora de um processo criativo que proporcio-
na o desenvolvimento de várias habilidades essenciais à primeira infância,
como a fala/comunicação, a compreensão das coisas do mundo e das relações

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 4


interpessoais, a criatividade e o imaginário. Ela também contribui para o
desenvolvimento cognitivo, a ludicidade e a brincadeira de faz de conta, tão
presentes no dia a dia das crianças da pré-escola.

Sobre pseudoleitura, você pode ler o artigo “Leitura feita pelo aluno, an-
ACESSE:
tes de saber ler convencionalmente”, publicado na revista Nova escola:

BREDA, Tadeu. Leitura feita pelo aluno, antes de saber ler convencionalmente.
Nova escola, 01 mar. 2009. Disponível em: https://bit.ly/3yvBYTc. Acesso em: 13
maio 2021.

J Livros de literatura para crianças pequenas

A formação do leitor literário principia-se desde muito cedo e prossegue


em gradativo aprofundamento. Na fase da Pré-escola (4 a 5 anos e 11 meses),
a criança inicia o reconhecimento da realidade que a rodeia, principalmente
por meio dos contatos afetivos com outros indivíduos.
Nessa idade, ela também apresenta notável progresso em relação às ha-
bilidades motoras, e dá um salto quanto à linguagem e ao desenvolvimento
cognitivo. A criança já percebe suas individualidades e manifesta, de forma
evidente e clara, suas características pessoais em relação a preferências, atitudes,
formas de pensar e sentir.
Nesse caminho, os livros de literatura têm um papel primordial na cons-
trução de suas subjetividades. Alguns aspectos das relações humanas provocam
questionamentos nas crianças pequenas, e a literatura pode ser importante nesse
momento, já que é um recurso facilitador da subjetividade, que possibilita
falar sobre problemas, examiná-los e apaziguar a relação com eles.
A experiência literária também promove a intimidade e o interesse pelas
palavras, além de possibilitar o acesso à cultura. Esse despertar da linguagem
introduz doses de fantasia e realidade, brincadeiras com palavras e diálogo
direto e constante com as imagens. É um caminho de reconhecimento da
realidade em comunicação com o universo lúdico.
A criança leitora/narradora tem em seu poder uma infinidade de recursos
para despertar, desenvolver e aprimorar o interesse pela literatura infantil, rumo
à busca por um mundo de magia e imaginação (COELHO, 2000). Elas vivem
um vasto universo de ideias e pensamentos proporcionados pelo livro. Cabe
ao(à) docente criar condições para incentivar e promover o trabalho literário
como arte e fonte inesgotável de prazer e entretenimento.

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 5


Segundo Coelho (2000), por volta dos 4 anos, elas verbalizam com cla-
reza as informações e as ideias contidas nas histórias, e dialogam com seus
conhecimentos prévios. As etapas vistas nas obras começam a ser percebidas:
começo, meio e fim. As crianças antecipam os fatos narrados e gostam de falar
sobre o que vai acontecer depois. Também podem perceber os sentimentos
dos personagens e, quando estimuladas, pensar em mudar o rumo das histó-
rias. Ao escutar a leitura de livros, a turma pode recontar a trama a partir das
imagens, que servem como guia, e criar seus próprios enredos.
Tudo isso contribui para seu desenvolvimento, tanto do ponto de vista
da oralidade quanto da escrita. Esses momentos possibilitam a construção de
conhecimentos vinculados a diferentes modos de dizer, selecionados a partir
de cada situação de leitura e produção, seja ela real, seja ficcional.
Para o trabalho com literatura na pré-escola, é fundamental considerar
os saberes prévios, partindo do que as crianças já sabem. Os momentos ro-
tineiros de leitura nessa fase contribuem para a construção do interesse e do
afeto pelos livros, além do desenvolvimento das expressões, dos sentimentos
e da criatividade. E nada é mais prazeroso à criança do que ter ao seu lado
um(uma) leitor(a) mediador(a) na escola, ou na família, que proporcione
tamanha satisfação!
A literatura infantil também possui uma relação direta com o processo
de alfabetização. Cada vez mais se percebe a interlocução entre o desenvolvi-
mento da língua escrita em parceria com os gêneros literários e as contações
de histórias. Quando uma criança começa a ler, mesmo no nível mais básico,
sua leitura de textos torna-se a maior fonte de novas palavras, conceitos, inter-
pretações e exploração de narrativas, que impulsionam seu desenvolvimento
Para conhecer a PNA
na linguagem oral e na escrita.
na íntegra, acesse:
Em suma, a literatura é uma fonte essencial para promover as competên-
BRASIL. Política Nacional cias de alfabetização e literacia com as crianças, tanto na pré-escola quanto
de Alfabetização.
Brasília: MEC/ na escolarização posterior. A relação entre literatura e alfabetização possui
SEALF/Secretaria de uma base consistente para explorar e vivenciar a linguagem escrita, que, por
Alfabetização, 2019.
Disponível em: https://
sua vez, também faz avançar no desenvolvimento da linguagem oral, em um
bit.ly/3hIUd1k. Acesso movimento de importância recíproca.
em: 14 maio 2021.

J Literacia

Acompanhamos nos últimos anos o uso do termo literacia nos documentos


oficiais que falam sobre a educação do nosso país. Em um desses documen-
tos, denominado Política Nacional de Alfabetização (PNA), literacia tem a
seguinte definição:

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 6


Literacia é o conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes rela-
cionados à leitura e à escrita, bem como sua prática produtiva. Pode
compreender vários níveis: desde o mais básico, como o da literacia
emergente, até o mais avançado, em que a pessoa que já é capaz de ler
e escrever faz uso produtivo, eficiente e frequente dessas capacidades,
empregando-as na aquisição, na transmissão e, por vezes, na produção
do conhecimento (MORAIS, 2014 apud BRASIL, 2019, p. 21).

A literacia consiste, portanto, em vários níveis de ensino e aprendizagem


de leitura e escrita. Durante a primeira infância, seja na escola, seja na família,
a literacia emergente já começa a despontar na vida da criança, ainda em um
nível elementar, mas fundamental para a alfabetização (BRASIL, 2019).

[Literacia emergente] constitui o conjunto de conhecimentos, habilida-


des e atitudes relacionados à leitura e à escrita, desenvolvidos antes
da alfabetização. [...] incluem-se experiências e conhecimentos sobre a
leitura e a escrita adquiridos de maneira lúdica e adequada à idade da
criança, de modo formal ou informal, antes de aprender a ler e a escrever.
Ao comparar com uma planta, as habilidades adquiridas pela criança
antes da alfabetização seriam como as raízes que lhe favorecem o
crescimento [...] (BRASIL, 2019, p. 22).

Principalmente na etapa da Educação Infantil, temos práticas de leitura li-


terária e outras leituras que contribuem para o desenvolvimento tanto da língua
falada quanto das habilidades iniciais que envolvem a apropriação da língua escrita.
Os pequenos podem ouvir histórias lidas e contadas; cantar quadrinhas;
recitar poemas e parlendas; familiarizar-se com materiais impressos (livros, revistas
e jornais); reconhecer algumas letras, seus nomes e sons, tentando representá-las
por escrito; identificar sinais gráficos ao seu redor, entre outras atividades de
maior ou menor nível de complexidade.
Desse modo, por meio da literacia emergente, temos um pontapé inicial
para que a alfabetização aconteça. Isso se dá por diversas formas, como o uso e
o manuseio de materiais escritos, o desenvolvimento da consciência fonológica
e a ampliação de vocabulário. Por isso é tão importante manter em seu planeja-
mento de atividades propostas que envolvam o livro de literatura para crianças.
É preciso também reforçar a importância da ampliação do trabalho
conjunto entre família e escola, uma vez que essa etapa da educação tem por
objetivo compartilhar com as famílias o cuidado e a educação das crianças

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 7


pequenas. A participação da família nos documentos atuais da educação
denomina-se literacia familiar. Ela é definida como o conjunto de práticas e
experiências relacionadas com a linguagem oral, a leitura e a escrita, que as
crianças vivenciam com seus pais ou responsáveis (BRASIL, 2019).
No ambiente familiar, assim como na escola, é imprescindível interagir e
gerar momentos para conversar e ler em voz alta com as crianças. Ao observar
as interações e a brincadeira das crianças entre si e com adultos, é possível
identificar, por exemplo, a expressão dos afetos, a mediação das frustrações, a
resolução de conflitos e a regulação das emoções (BRASIL, 2019).
Por isso, reforçamos, professor(a), que você sempre consulte os docu-
mentos oficiais sobre a Educação Infantil, tendo como referência os eixos
estruturantes da BNCC e os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento,
aliando as diversas literacias, essenciais ao desenvolvimento integral das crian-
ças, dentro do espaço escolar e familiar.

J BNCC

Nossa proposta de trabalho com o livro literário está amparada nos do-
cumentos oficiais para a Educação Infantil. Por isso, destacamos aqui alguns
aspectos presentes na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para essa
etapa de ensino.

ACESSE:
Professor(a), você pode acessar a BNCC diretamente na Etapa da Edu-
cação Infantil através do link:

BRASIL. A etapa da Educação Infantil. In: Base Nacional Comum Curricular. Brasília:
MEC/Consed/Undime, 2018. Disponível em: https://bit.ly/3f6WuBW. Acesso em:
13 maio 2021.

O primeiro destaque é sobre a valorização e o acolhimento de saberes a


partir das vivências das crianças em família e na sua comunidade: legitimar e
valorizar esses dois grupos de socialização no seu planejamento com a turma
contribui para ampliar experiências, conhecimentos e habilidades das crianças.
Destacamos a importância de se valorizar os direitos de aprendizagem e
o desenvolvimento na Educação Infantil, referenciados na BNCC, que são:
conviver, brincar, participar, explorar, expressar, conhecer-se. Definir os obje-
tivos de aprendizagem e desenvolvimento para criar as estratégias pedagógicas

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 8


para que as crianças os alcancem é o alicerce para um planejamento e uma
atuação efetivos na sua turma. A literatura pode ser uma grande aliada nesse
processo, já que contribui para o conhecimento de si, do outro e do mundo
que nos cerca. Veja o que diz o documento:

Essa concepção de criança como ser que observa, questiona, levanta


hipóteses, conclui, faz julgamentos e assimila valores e que constrói
conhecimentos e se apropria do conhecimento sistematizado por meio
da ação e nas interações com o mundo físico e social não deve resultar
no confinamento dessas aprendizagens a um processo de desenvol-
vimento natural ou espontâneo. Ao contrário, impõe a necessidade
de imprimir intencionalidade educativa às práticas pedagógicas na
Educação Infantil, tanto na creche quanto na pré-escola (BRASIL,
2018, p. 38).

Considerando, assim, a criança como um ser complexo, devemos sele-


cionar, organizar, planejar e mediar a leitura literária na escola. Propostas de
atividades que favoreçam um diálogo entre o ficcional e o real colaboram para
a compreensão de mundo, de relações pessoais e para a resolução de problemas
e conflitos das crianças.
Por isso, reforçamos, professor(a), que sempre consulte os documentos
oficiais sobre a Educação Infantil, tendo como referência os eixos estruturan-
tes deste nível de ensino presentes na BNCC, que priorizam as interações e
a brincadeira, e os cinco campos de experiências nos quais são definidos os
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento da criança: “O eu, o outro e o
nós”; “Corpo, gestos e movimentos”; “Traços, sons, cores e formas”; “Escuta,
fala, pensamento e imaginação”; “Espaços, tempos, quantidades, relações e
transformações”.
Mais à frente neste material, apresentaremos propostas de atividades com
a obra literária Conte mais uma vez, em diálogo com os eixos estruturantes e
os objetivos de aprendizagem e desenvolvimento da BNCC.

Parte 2: Apresentação e contextualização da obra

Conte mais uma vez é diversão na certa, até para o(a) leitor(a) mais sisu-
do(a). Escrito e ilustrado por Weberson Santiago, o livro surpreende com um

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 9


criativo jogo de combinação inimaginável. Já pensou em um ogro montado
em uma bruxa? Ou uma bruxa presa no alto de uma torre? A obra remete
às conhecidas histórias de princesas presas em seus castelos à espera de um
príncipe que irá enfrentar tudo para salvá-la. Santiago usa uma fórmula inte-
ressantíssima para contar a história e favorece uma quebra na linearidade do
texto. O resultado é surpresa e muita gargalhada.

J Apresentação do autor /ilustrador

Weberson Santiago assume dupla função na obra: é ilustrador e escritor.


Nasceu em São Bernardo do Campo, em São Paulo, cresceu em Mauá e
morou na capital paulistana. De acordo com o site A Semana, seu primeiro
emprego foi aos 11 anos, em uma banca de jornal, e, depois, em uma padaria.
Ainda na escola, percebeu seu talento e começou a vender seus desenhos
em troca de lanches. Aos 13, começou a estudar na antiga Fábrica de Qua-
drinhos, atual Quanta Academia de Artes, e três anos depois foi contratado
como ajudante da escola. Weberson Santiago começou a dar aulas de dese-
nho aos 18, chegando a ser coordenador do curso. Graduou-se, no ano de
2008, em Design Gráfico pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) e
cursou pós-graduação em Design na Fundação Armando Alvares Penteado
(FAAP). Em projetos públicos, lecionou na Usina de Artes em Rio Branco,
no Acre, e quadrinhos no FanZines nas Zonas de Sampa. Foi professor de
ilustração da UMC e da Quanta Academia de Artes. Atualmente é freelancer
em diversas publicações e é parceiro da Move T-Shirts.
Mais conhecido por seus desenhos, Santiago também ilustra em revistas
brasileiras e boardgames publicados no Brasil, EUA, França, Itália, Alemanha,
Holanda, Espanha, Bélgica, China e Coreia. O talentoso ilustrador já assinou
ilustrações em obras do escritor global Walcyr Carrasco. Ainda de acordo com
o site supracitado, Weberson foi o único brasileiro selecionado no Catálogo
Iberoamericano de Ilustración, e em sua carreira ganhou vários prêmios, en-
tre eles: Melhor Ilustrador no FIHQ 2007, em Recife, Pernambuco; Melhor
Ilustrador Brasileiro, no HQ Mix 2009, e Menção Honrosa na categoria de
Ilustração Editorial no XVI Salão Internacional de Desenho de Imprensa do
Rio Grande do Sul.
Conte mais uma vez não é o primeiro livro infantil de Weberson Santiago.
Ele já publicou Hipopô e Pipa ou Papagaio, sendo este último escrito em par-
ceria com a esposa, Stella Elia. Casado e com dois filhos, o escritor/ilustrador
gosta de passear no parque com a família e praticar natação.

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 10


J Diálogo entre texto verbal e visual na obra
©WEBERSON SANTIAGO

Weberson Santiago assina as ilustrações e a história de


Conte mais uma vez. Talvez por isso entrega uma obra com
notável sintonia entre o texto verbal e visual. De mais a mais, a
natureza da narrativa exige um diálogo simbiótico e equilibra-
do entre imagem e palavra. Por se tratar de um jogo que brinca
com o papel que cada personagem desempenha na história, a
ilustração servirá para ajudar o(a) leitor(a) a visualizar a cena.
Além disso, a imagem será essencial para que o humor seja
alcançado plenamente. Vamos aos exemplos.
Na primeira tentativa de contação da história (p. 6), o
Página 7
narrador falha propositalmente e sinaliza ao(à) leitor(a) a troca
dos personagens. Na primeira cena, a valente princesa está
©WEBERSON SANTIAGO

montada em um dragão, há um cavalo em segundo plano,


uma bruxa deitada ao chão, um ogro completamente amarrado
por cordas e um cavaleiro no alto de uma torre. A ilustração
reflete o texto verbal, e as expressões dos personagens revelam
mais elementos, como o ogro entristecido e derrotado, pois
foi capturado.
Entre uma cena e outra, que apresentam o reconto da nar-
rativa, há sempre uma página com arabescos em suas margens
(que remetem ao medieval), e pelo menos um dos personagens
que figuram na história. O que se segue são ilustrações com
o mesmo padrão da primeira, propositalmente posicionadas
à margem direita do texto verbal, favorecendo uma dupla
Página 15
leitura (verbal e visual).
©WEBERSON SANTIAGO

Na página 15, a expressão do ogro (aquele que em uma


das versões estava entristecido e derrotado) agora apresenta
feições de sufocamento e força ao ser montado por um cavalo,
uma cena impagável e engraçadíssima.
Após as diversas combinações e tentativas de acerto no
reconto, o ogro aparece na página bem chateado pelas versões
equivocadas, afinal, ele teve de assumir papéis bem difíceis
para a sua natureza tosca e rude. Na página 27, por fim, a
história é reparada e os personagens ocupam seus lugares já
convencionados pela tradição popular.

Página 27

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 11


J O gênero literário

Gêneros textuais possuem formas relativamente estáveis, e a história em


Conte mais uma vez, de Weberson Santiago, é um exemplo disso. Trata-se
de uma narrativa, organizada em um texto de forma fixa: um personagem
valente que atravessa vales e montanhas, enfrenta, derrota e captura inimigos,
salvando o seu par romântico do alto de uma torre. A ideia é muito conhecida
pela tradição popular, pois retoma enredos de contos maravilhosos nos quais,
invariavelmente, há um príncipe que combate o mal para ser feliz com uma
linda princesa. Utilizando esses elementos intertextuais, a história recupera a
memória discursiva do(a) leitor(a).
A inovação está na proposta de reconto às avessas apresentada por
Weberson Santiago. O autor nos convida a ajudar a contar a história, e de-
safia a imaginação e a criatividade de quem lê o livro. Imagine só: um cavalo
montado num ogro, ou um dragão salvando um cavalo, ou, ainda, uma bruxa
salvando um ogro. A narrativa funciona como uma análise combinatória: os
personagens assumem diferentes funções na história e nas diversas tentativas
de reconto.
Outra novidade é o diálogo estabelecido entre o autor e o(a) leitor(a). O
primeiro convida o segundo a desvendar esse quebra-cabeça das funções de
cada personagem, dando pistas do tipo: “Espere... Parece que está tudo trocado.
Conte mais uma vez...” (p. 8). Assim, são realizadas as várias combinações e
tentativas de acertar a lógica do enredo, que se assemelha aos tão conhecidos
contos maravilhosos: o príncipe montado em seu cavalo que enfrenta ogro,
dragão, bruxa e salva a princesa.
Quando finalmente o reconto apresenta a estrutura convencional, o es-
critor vibra com a assertiva: “Agora sim!”, e depois lamenta: “Mas... Tem de
ser assim mesmo? A princesa não concorda... E quer começar tudo de novo.
Então... Conte mais uma vez!” (p. 28). O autor, portanto, cria, no final, a
possibilidade de o(a) leitor(a) ser coprodutor da narrativa, pensando em outras
combinações engraçadíssimas e jocosas.
A criatividade, especialmente na esfera discursiva literária, sempre fará
com que os gêneros textuais tenham formas relativamente estáveis. Conte mais
uma vez é uma narrativa que não se atém perfeitamente a formas e fórmulas. É
uma obra que, para desafiar a imaginação das crianças, reinventou a maneira
de contar uma história.

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 12


Parte 3: Propostas de atividades

Professor(a), as atividades sugeridas nesta seção podem ser utilizadas iso-


ladamente, em um plano de aula, ou podem ser pensadas para uma sequência
didática. Portanto, iremos dividir as propostas em momentos.

J PROPOSTA 1 | Atividade de pseudoleitura

BNCC

Campo de experiências “Escuta, fala, pensamento e imaginação”


Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento:
(EI03EF01) Expressar ideias, desejos e sentimentos sobre suas vivên-
cias, por meio da linguagem oral e escrita (escrita espontânea), de
fotos, desenhos e outras formas de expressão.
(EI03EF03) Escolher e folhear livros, procurando orientar-se por temas
e ilustrações e tentando identificar palavras conhecidas.
(EI03EF06) Produzir suas próprias histórias orais e escritas (escrita
espontânea), em situações com função social significativa.
(EI03EF07) Levantar hipóteses sobre gêneros textuais veiculados em
portadores conhecidos, recorrendo a estratégias de observação gráfica
e/ou de leitura.
(EI03EF09) Levantar hipóteses em relação à linguagem escrita, reali-
zando registros de palavras e textos, por meio de escrita espontânea.

Campo de experiências “O eu, o outro e o nós”


Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento:
(EI03EO02) Agir de maneira independente, com confiança em suas
capacidades, reconhecendo suas conquistas e limitações.
(EI03EO03) Ampliar as relações interpessoais, desenvolvendo atitudes
de participação e cooperação.
(EI03EO04) Comunicar suas ideias e sentimentos a pessoas e grupos
diversos.

Nesta primeira proposta, você vai fazer uma atividade inferencial, a lei-
tura inicial da obra Conte mais uma vez, de Weberson Santiago, e incentivar a

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 13


©WEBERSON SANTIAGO

realização da pseudoleitura pelas crianças. Para esse momento,


você pode usar a área externa, a brinquedoteca ou a biblioteca
da escola. É importante que as crianças estejam em um am-
biente bem confortável, sentadas ou recostadas em pequenas
almofadas, tapete, grama ou sentadas à sombra de uma árvore.
Sente-se bem próximo(a) delas.
Num primeiro momento, chame a atenção das crianças
para a capa do livro e deixe que elas se expressem livremen-
te. Você pode fazer algumas perguntas, estimulando que elas
façam inferências a partir dos conhecimentos de mundo e de
outras leituras que tenham feito (intertextualidade):
Capa
• O que vocês veem na capa?
• Há quantas pessoas?
• E animais, vocês conseguem ver algum? Quantos? Quais são eles?
• O que vocês podem observar nas roupas desses personagens? Como
estão vestidos?
• Será que é uma história de bruxas?
• E esse homem com essa coisa na cabeça se parece com o quê? Será um
cavaleiro?
• Geralmente, nas histórias que têm cavaleiros, eles disputam o amor
de uma princesa. Algum desses personagens da capa se parece com
uma princesa?
• E esse que está mais embaixo na imagem, com o nariz laranja, quem
vocês acham que é? Ele se parece com algum personagem que vocês já
conhecem de outras histórias?
• O que será que ele está fazendo aqui? Por que está nessa posição, pa-
recendo que está abaixado, e leva as mãos ao rosto?
• Os personagens estão alegres ou tristes? Como vocês perceberam isso?
• Por que será que estão todos assim juntinhos na capa? Será que são amigos?
• E o ambiente mostrado na capa, onde acham que eles estão? Onde
acham que a história acontece?
• Qual será o tema da história, alguém já consegue dizer?
• Agora observem as cores da capa: cinza, laranja, branco, azul, bege... Por
que será que o ilustrador utilizou essas cores? Elas representam alguma
coisa para vocês? Acham que dentro do livro haverá mais cores ou só estas?
• E essas árvores que estão ao fundo, por que será que não têm folhas?

Depois de explorar bastante os elementos visuais da capa, numa proposta que


amplia possibilidades da literacia emergente, chame atenção para o texto verbal:

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 14


• Tem alguma coisa escrita na capa? O que é?
• Onde está o título da história? E o nome do autor?
• Quem será que fez as ilustrações? (Explique que, nesse caso, o autor escreveu
o texto verbal e também produziu a parte visual, ou seja, as ilustrações.)
• Vocês conhecem o tipo de letra que está sendo utilizado no título? O
nome desse tipo de letra é cursiva. É quando escrevemos de um jeito
que as letras de cada palavra ficam todas juntinhas, sem separação entre
elas. Só quando acabamos de escrever uma palavra é que tiramos o lápis
do papel e deixamos um espaço em branco antes de escrever outra. O
título Conte mais uma vez é composto de 4 palavras. Vejam (mostre
cada uma enquanto lê): conte, mais, uma, vez.
• O que será que vão contar mais uma vez na história? Será que vão
contar alguns objetos ou contar uma história? Vamos descobrir?

Em seguida, leia a história mostrando as imagens para as crianças. Não se


esqueça de explorar bastante o jogo e a brincadeira proposta pelo autor, colo-
cando texto verbal e visual em diálogo o tempo todo. As ilustrações da obra são
bem-humoradas e compõem, com o texto verbal, um conjunto estético-literário
divertido e bem-sucedido, além de serem ricas em detalhes que ampliam possi-
bilidades de leitura do texto verbal. Deixe que as crianças apreciem, observem
cada detalhe, comentem, participem, divirtam-se durante a leitura. O humor
está presente em toda a obra, portanto não deixe de explorá-lo!
Aproveite esse momento para chamar a atenção para o modo como você
manuseia o livro, para a direção de leitura – de cima para baixo e da esquerda
para a direita –, para o cuidado e o movimento ao passar as páginas, numa
perspectiva de literacia emergente. As crianças pequenas podem imitar seus
gestos quando estiverem manuseando uma obra com mais autonomia. É
importante que na pré-escola elas se apropriem desse modo de manuseio de
livros, cadernos, revistas, jornais e outros materiais impressos.
Após uma primeira leitura da obra em voz alta para a turma, você pode
estimular o reconto feito pelas crianças, coletivamente, a partir da história que
ouviram e da observação das imagens, agora em uma proposta de atividade de
pseudoleitura. Incentive a participação de todo o grupo, reconstruindo a sequência
de personagens, fatos, reconstruindo o jogo e a brincadeira propostos na narrativa.
Em outro momento, peça que uma criança, com o livro nas mãos, realize
a pseudoleitura de maneira mais autônoma, em voz alta para os colegas. Esse
tende a ser um momento lúdico devido à brincadeira proposta pelo autor, mas
que contribui para o desenvolvimento da oralidade, da socialização e de hipóteses
relacionadas à linguagem escrita. Você pode realizar esta atividade com todas as
crianças da turma ao longo da semana ou, se achar necessário, por um período

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 15


maior de tempo. Observe que alguns vão recuperar mais da história e falar
mais; outros vão interagir mais com o livro e as ilustrações, usarão a entonação
semelhante à que você utilizou, poderão observar as imagens e criar uma história
completamente diferente ou ainda poderão localizar algumas palavras escritas em
destaque no texto. Se achar interessante ou mesmo se as crianças pedirem, releia
a história quantas vezes forem necessárias. Assim elas se apropriarão melhor do
vocabulário e se sentirão mais seguras ao realizar a pseudoleitura com autonomia.
Nesses momentos de “leitura” individual, com mais autonomia, oriente as
crianças sobre o uso e o manuseio do livro. Explique que há uma sequência lógica
para o desencadeamento dos fatos na história, que é preciso passar uma página
por vez, senão alguma parte importante da história pode não ser percebida, entre
outras habilidades de leitura e manuseio da obra que você achar conveniente.
Se quiser ampliar possibilidades da pseudoleitura, peça para as crianças da
sua turma de pré-escola fazerem o registro escrito (escrita espontânea) do reconto
da história ou da parte da brincadeira, proposta pelo autor, de que mais gostou.
Permita que cada criança vivencie essa experiência a seu modo, mas esti-
mule sempre a participação e a expressão por meio da fala e, se achar conve-
niente, também da escrita espontânea. A prática de pseudoleitura é uma valiosa
contribuição para o desenvolvimento da linguagem oral, do pensamento e
da apropriação de conhecimentos da linguagem escrita, além de incentivar a
interação e a socialização das crianças pequenas.

J PROPOSTA 2 | Atividade de consciência fonológica

BNCC

Campo de experiências “Escuta, fala, pensamento e imaginação”


Objetivo de aprendizagem e desenvolvimento:
(EI03EF02) Inventar brincadeiras cantadas, poemas e canções, criando
rimas, aliterações e ritmos.

Campo de experiências “Traços, sons, cores e formas”


Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento:
(EI03TS01) Utilizar sons produzidos por materiais, objetos e instru-
mentos musicais durante brincadeiras de faz de conta, encenações,
criações musicais, festas.
(EI03TS03) Reconhecer as qualidades do som (intensidade, duração,
altura e timbre), utilizando-as em suas produções sonoras e ao ouvir
músicas e sons.

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 16


A consciência fonológica é uma capacidade metalinguística que consiste
em manipular os sons de forma explícita e operar com eles. As habilidades
fonológicas são imprescindíveis para o processo de alfabetização, uma vez
que o sistema de escrita alfabético a tem como base, isto é, escrevemos o que
ouvimos, os sons..
Posto isso, consideramos que o desenvolvimento da consciência fonológica
na Educação Infantil é oportuno para que as crianças pequenas familiarizem-se
com habilidades que favoreçam a alfabetização.
A consciência fonológica possui diferentes níveis em função da complexida-
de. O nível mais elementar e inicial é a percepção e a diferenciação de sons. Sub-
sequentemente, tem-se os níveis da palavra, silábico, intrassilábico e fonêmico.
Conte mais uma vez é uma obra criativa, não linear e surpreendente, o
que faz com que tenhamos muitas possibilidades de exploração nas atividades
pedagógicas, especialmente pela quebra da linearidade, que é proporcionada
de maneira tão lúdica.
Como atividade inicial, propomos fazer a mesma brincadeira de quebra
da linearidade do texto: um jogo de escuta com textos fora da ordem. A ideia
é fazer com que as crianças prestem bastante atenção na diferença entre o que
esperam ouvir e o que realmente ouvem a partir de textos da tradição oral.
Alguns exemplos:

“O rabo encurta quem cochicha”


“Bate bate que pirulito”
“Cara de pavio, nunca me viu”
“Três, quatro, feijão no prato / Um, dois, feijão com arroz”
“Vamos dar a meia-volta, volta e meia vamos dar / Ciranda, cirandinha,
vamos todos cirandar”
“O cravo ficou ferido e a rosa despedaçada / O cravo brigou com a rosa
debaixo de uma sacada”
“Assim que ela me viu, bateu asas e voou / Eu vi uma barata na careca
do vovô”

Professor(a), estimule as crianças a perceberem a inversão proposital e


peça para que elas coloquem as frases em ordem. Desafie a criatividade delas,
pedindo que façam o mesmo que você fez: apresente textos da tradição na
ordem correta e peça para que a turma inverta a ordem.
Realize esse jogo de escuta antes de contar a narrativa Conte mais uma
vez. Após a leitura da obra, peça às crianças que inventem outras formas de

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 17


contar a história. Destacamos que o livro realizou todas as possibilidades de
combinação dos personagens e seus diferentes papéis na narrativa, entretanto
é possível realizar o reconto alterando a função de um ou outro personagem.

Era uma vez um bravo DRAGÃO montado num OGRO, que atravessou
vales e montanhas, enfrentou uma PRINCESA, derrotou um CAVALEI-
RO, capturou um CAVALO e salvou uma BRUXA do alto de uma torre.

Ainda é possível sugerir às crianças a criação de outros personagens inte-


ressantes, como, por exemplo, um dinossauro no lugar de um dragão ou uma
feiticeira no lugar da bruxa. A ideia é incentivar a criatividade e desenvolver a
capacidade de escuta atenta, observando as diferenças e semelhanças das ações.
Por se tratar de um livro utilizado em turmas de 4 a 5 anos e 11 meses,
muitas atividades de consciência fonológica podem ser desenvolvidas para
favorecer o processo de alfabetização, nos diversos níveis (palavra, silábico,
intrassilábico e fonético).
No nível da palavra, propomos uma atividade em que as crianças de-
vem comparar termos curtos e longos, o que as ajuda a compreender que as
palavras são definidas pelo som, e não pelo que representam. Para isso, você
poderá apresentar as imagens organizadas na seguinte tabela em um quadro
de pregas ou ímã:

Personagens grandes Personagens pequenos

Depois, desafie a turma a recompor essa tabela, recategorizando as palavras


em grandes e pequenas. Para isso, estimule as crianças a contarem quantas
sílabas cada vocábulo possui. Peça para a meninada bater palmas para cada
sílaba e, após a contagem, solicite que informem a quantidade de sílabas de
cada palavra. Faça com que as crianças percebam que quanto mais sílabas a

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 18


palavra tem, maior ela será. Retome a comparação das palavras, agora con-
siderando a quantidade de sílabas e produza um novo quadro com a turma:

Palavras grandes Palavras pequenas

No nível silábico, explore palavras que começam com a mesma sílaba.


Como mote, utilize as palavras presentes na narrativa. Comece solicitando
palavras que começam com a mesma sílaba inicial de “cavalo” e, depois, vá
graduando com vocábulos de padrões silábicos mais complexos, como “prin-
cesa”, “bruxa” e “dragão”. Essas palavras, em especial, apresentam encontros
consonantais com a vibrante simples (o “r” fraco), cuja pronúncia é desafiadora
para a criança nessa faixa etária. Por isso, vale a pena repetir o som (inclusive,
de forma isolada) para que os pequenos possam reproduzi-lo.
As rimas (o nível intrassilábico) podem ser inicialmente exploradas com os
nomes dos personagens. Comece pelo “dragão”, cuja rima é de fácil clareza. Para
tornar a brincadeira ainda mais animada, faça com que as crianças sentem em
um círculo e, usando um dragão de brinquedo, peça que elas passem o objeto de
mão em mão, ao som de alguma música. Quando a canção parar, peça para que a
criança que está com o brinquedo na mão fale uma palavra que rima com “dragão”.
O mesmo pode ser feito com os demais personagens: princesa, bruxa, cavaleiro.
Ainda no plano das habilidades fonológicas intrassilábicas, sugerimos que
brinquem com as rimas nas palavras que designam movimento e ação, muito
exploradas na história. Faça com que a garotada compreenda que existe um sufixo
(terminação) que é idêntico em todas as palavras. Para esta atividade, sugerimos que
você tenha cartões com figuras representando as ações, por exemplo: capturando,
montando. Com isso, você deve mostrar a figura e dizer uma frase: “O cavaleiro
(...) no cavalo”, e as crianças devem completar dizendo a ação: “montando”.
Por fim, para explorar a consciência fonêmica, sugerimos que retome os en-
contros consonantais que estão presentes nos nomes da maioria dos personagens:
ogro, princesa, dragão, bruxa. Para que as crianças compreendam a alteração no
som das sílabas quando ocorre o encontro consonantal, apresente algumas palavras

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 19


com padrões simples e insira fonemas (vibrante simples). Por exemplo, apresente
a palavra “pato” e a transforme em “prato”. Sugerimos que apresente a figura de
um “pato” e, depois, a figura de um “prato”. Converse sobre a mudança de som.
Pergunte qual sonzinho foi inserido, se ao ser inserido um novo fonema, a palavra
mudou completamente de sentido. Depois de explorar oralmente, apresente, com
letras móveis, a escrita das palavras “pato” e “prato”. Considere apresentar outros
exemplos, como “gato” e “grato”; “faca” e ”fraca”; “pata” e “prata”.

J PROPOSTA 3 | Atividade de Arte com participação da família

BNCC

Campo de experiências “Eu, o outro e o nós”


Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento:
(EI03EO03) Ampliar as relações interpessoais, desenvolvendo atitudes
de participação e cooperação.
(EI03EO04) Comunicar suas ideias e sentimentos a pessoas e grupos
diversos.

Campo de experiências “Corpo, gestos e movimentos”


Objetivo de aprendizagem e desenvolvimento:
(EI03CG02) Demonstrar controle e adequação do uso de seu corpo em
brincadeiras e jogos, escuta e reconto de histórias, atividades artísticas,
entre outras possibilidades.

Campo de experiências “Escuta, fala, pensamento e imaginação”


Objetivos de aprendizagem e desenvolvimento:
(EI03EF04) Recontar histórias ouvidas e planejar coletivamente roteiros
de vídeos e de encenações, definindo os contextos, os personagens,
a estrutura da história.
(EI03EF05) Recontar histórias ouvidas para produção de reconto es-
crito, tendo o professor como escriba.
(EI03EF06) Produzir suas próprias histórias orais e escritas (escrita
espontânea), em situações com função social significativa.

Professor(a), a obra Conte mais uma vez se caracteriza pela criatividade e


pela exploração de personagens conhecidos de obras infantis: princesa, dragão,
bruxa, ogro, cavaleiro, cavalo. É uma excelente oportunidade para envolver as

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 20


crianças e as famílias em uma atividade lúdica e divertida. Que tal aproveitar
a ideia do autor e recriar a história por meio de fantoches, permitindo que a
meninada abuse da imaginação?
Para isso, sugerimos o reconto como possibilidade de trabalho com as crianças
da etapa pré-escolar. Sá (2021) define reconto como a reconstrução oral de um
texto já existente. O principal procedimento é a imitação a partir de uma obra já
lida pelas crianças, na intenção de recontar algo parecido com o que estava no livro.
Para que a proposta seja mais lúdica, aconselhamos a criação antecipada
dos personagens da história, feitas em fantoches de palito ou fantoches de
dedos, por exemplo. A visualização e o manuseio dos personagens, assim como
o espaço escolhido para desenvolver o reconto oral, são de suma importância
para obter maior concentração e engajamento dos pequenos.
Com os fantoches prontos, inicie a releitura da obra Conte mais uma vez,
apresentando os personagens e utilizando entonações que convidem as crianças
a se envolverem com o enredo, construindo um ambiente inicial acolhedor
para que a atividade se desenvolva com engajamento. Após a apresentação,
relembre as partes da história que repetem “conte mais uma vez” como uma
marcação temporal que permite uma nova versão para o enredo.
É importante que as crianças já tenham vivenciado diversos contextos de
leitura da obra, de forma que conheçam bem o enredo. Converse com elas sobre
a dinâmica do reconto e explique que cada uma delas terá seu momento de
fala e interpretação dos personagens escolhidas. Lembre-se que a participação
é voluntária e que nenhuma criança pode se sentir pressionada a fazer parte
do teatro se não for seu desejo. Observe que as crianças encontram diversas
formas para expressarem suas ideias e sua imaginação. Sendo assim, acolha
e traga os(as) alunos(as) para o contexto do reconto, considerando gestos,
expressões faciais e ações que emergem do processo de participação no grupo.
Se perceber que o momento exige maior sistematização, elabore um
roteiro com partes que serão complementadas pelas crianças, identificando e
demarcando claramente a “entrada” de cada criança ou grupo nos fragmentos
selecionados. Você iniciará o reconto a partir do roteiro, e as crianças assumirão
os personagens, interferindo na narração, completando e sugerindo mudanças
nos desfechos narrativos. Veja um exemplo das partes temporais presentes na
obra que favorecem a criação das crianças:
Professor(a): Espere... Parece que está tudo trocado. Conte mais uma vez...
Entrada 1: reconto feito pelas crianças
Professor(a): Calma! Tudo está muito confuso. Conte mais uma vez...
Entrada 2: reconto feito pelas crianças
Professor(a): Agora sim! Mas... Tem de ser assim mesmo? A princesa
não concorda... E quer começar tudo de novo. Então... Conte mais uma vez!
Entrada 3: reconto feito pelas crianças

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 21


Como sugestão, você pode organizar um rodízio entre as crianças, permi-
tindo que a cada momento que se fale “conte mais uma vez” uma nova criança
assuma a história e crie sua própria versão. Será uma experiência muito divertida e
que permitirá o desenvolvimento da oralidade, da improvisação e da criatividade.
Como desfecho, você pode registrar por escrito o reconto produzido pelas
crianças, sendo você a escriba da turma. É um ótimo momento para atrelar a
atividade desenvolvida aos conhecimentos e às habilidades relativas à apropriação
do sistema de escrita pelas crianças da pré-escola. Em outra situação, preferencial-
mente no dia posterior à proposta, reúna todas as crianças e compartilhe a leitura
do reconto. Demonstre como elas reinventaram as ações dos personagens e como
a produção ficou surpreendente e autêntica. Convide as crianças a expressarem
o que acharam do resultado final e da experiência de recriar uma história.
Se você achar necessário, a produção final poderá ser enviada às famílias das
crianças, com a descrição da atividade desenvolvida e as orientações sobre seus
objetivos de aprendizagem e desenvolvimento. Indique a leitura da obra Conte mais
uma vez e sugira um momento de diversão, com maior envolvimento da família
na vida escolar da criança. Outra proposta é digitar as produções, convidando as
famílias a conversarem sobre como foi feito o desfecho da história e repetirem a
prática, de maneira lúdica, em casa, quando fizerem outras leituras com as crianças.
Reforçamos que a literacia familiar é uma parte importante no desenvolvimento
das crianças da pré-escola, principalmente quando se está em diálogo com os
espaços educativos frequentados por elas. Invista no estreitamento desses laços!

Indicações de leituras complementares

Professor(a), aqui você encontra sugestões de livros que consideramos re-


levantes para o desenvolvimento das atividades propostas no Material Digital.
Além das sugestões, deixamos uma breve descrição das obras.

ADAMS, Marilyn Jager et al. Consciência fonológica em crianças pequenas.


D I V U LG AÇ ÃO

Porto Alegre: Artmed, 2006.


Este livro pode ser considerado um programa de trabalho com a consciência
fonológica (CF) para crianças pequenas (iniciando pelos bebês e indo até o ciclo
de alfabetização). Trata-se de uma proposta prática, com etapas bem descritas,
e já consagrada no exterior. Inicialmente, o livro esclarece, de forma bem didá-
tica, o conceito de consciência fonológica e depois fornece um compêndio de

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 22


atividades de CF organizadas em blocos, a saber: jogos de linguagem, jogos de
escuta, jogos com rimas, consciência das palavras e frases, consciência silábica,
introduzindo fonemas iniciais e finais, consciência fonêmica, introduzindo as
letras e a escrita, avaliando a consciência fonológica.

MORAIS, Artur. Consciência fonológica na Educação Infantil e no Ciclo de


D I V U LG AÇ ÃO

Alfabetização. Belo Horizonte: Autêntica, 2019.


Em mais uma obra circunscrita na área da alfabetização, Morais retoma o tema
que estuda desde o início de sua carreira acadêmica: a consciência fonológica (CF).
O autor, que sempre estabeleceu seu posicionamento sobre CF em consonância
com a psicogênese da escrita, apresenta, inicialmente, a interpretação da habi-
lidade fonológica por outros autores. Nos capítulos que se seguem, o professor
retoma o conceito de CF de forma reflexiva e, ainda, revisa trabalhos que ele
mesmo desenvolveu sobre a temática. Ao fim do livro, Morais apresenta propos-
tas adequadas à Educação Infantil (pré-escola) e para os ciclos de alfabetização.

PAIVA, Aparecida et al. (Orgs.). Literatura: saberes em movimento. Belo Ho-


D I V U LG AÇ ÃO

rizonte: Autêntica, 2007. (Coleção Literatura e Educação.)


A obra faz parte da coleção Literatura e Educação e é o resultado do evento
bienal “Jogo do Livro”, no qual o objetivo foi integrar investigações que
focalizam desde a produção até a recepção de livros que alcançam crianças e
jovens. Este livro aprofunda os estudos sobre a literatura e sua influência para
o conhecimento e os saberes constituintes da formação humana.

ROSSET, Joyce et al. Educação Infantil: um mundo de janelas abertas. Porto


D I V U LG AÇ ÃO

Alegre: Edelbra, 2018.


A obra coloca em prática os pressupostos de valorização da Educação Infantil
como uma etapa de exploração do diálogo, da pesquisa, da experiência, da
cultura e do ambiente nos quais a escola está inserira. Você encontrará con-
teúdos provocativos e afinados com a BNCC para auxiliar o dia a dia dos
profissionais da Educação Infantil.

Referências bibliográficas comentadas


Professor(a), nesta seção estão disponibilizadas as fontes a partir das quais
escrevemos este Material Digital. Como consideramos leituras relevantes,
adicionamos uma síntese relativa a cada uma das indicações.

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 23


BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC/Consed/Undime, 2018.
Disponível em: https://bit.ly/3qLC9FB. Acesso em: 14 maio 2021.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter
normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens
essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e mo-
dalidades da Educação Básica.

BRASIL. Política Nacional de Alfabetização. Brasília: MEC/SEALF/Secretaria de Alfa-


betização, 2019. Disponível em: https://bit.ly/3hIUd1k. Acesso em: 14 maio 2021.
A Política Nacional de Alfabetização (PNA), instituída pelo Decreto n.º
9.765, de 11 de abril de 2019, foi elaborada visando oferecer às redes e aos
alunos brasileiros, por meio de programas e ações, contribuições das ciências
cognitivas, especialmente da ciência cognitiva da leitura. Uma política de
alfabetização com a intenção de produzir reflexos positivos não apenas na
educação básica, mas em todo o sistema educacional do país.

COELHO, Nelly. Literatura infantil: teoria, análise, didática. 1. ed. São Paulo:
Moderna, 2000.
O livro apresenta um arcabouço teórico sobre a literatura infantil e sua importância
para a primeira infância. A autora busca apresentar como o universo literário infantil
está em diálogo com o imaginário da criança e atua em seu desenvolvimento do
ponto de vista cognitivo, psicoemocional, sociocultural e histórico.

MORAIS, J. Alfabetizar para a democracia. Porto Alegre: Penso Editora, 2014.


No livro, o autor trata de o que é a democracia, e das razões pelas quais a
universalização da leitura e da escrita é indispensável na construção de uma
autêntica democracia.

SÁ, Alessandra Latalisa de. Reconto. In: GLOSSÁRIO CEALE. Disponível em:
https://bit.ly/3fAFiDy. Acesso em: 13 maio 2021.
O Glossário CEALE foi definido, a partir de várias possibilidades diciona-
rizadas, como “conjunto de termos de uma área de conhecimento e seus
significados”, e concebido para ser um apoio aos processos de ensino e apren-
dizagem da alfabetização, leitura e escrita. Neste verbete, vemos que Reconto
nada mais é que a “reconstrução oral de um texto já existente”, ou seja, uma
imitação a partir de um texto modelo, respeitando seu tipo de linguagem, as
marcas de gênero e sua estrutura. Essa atividade não pressupõe que a pessoa
seja alfabetizada, pois ela pode ser realizada oralmente. Portanto, o trabalho
pedagógico do reconto de uma história clássica, por exemplo, com crianças da
pré-escola é essencial para o desenvolvimento de bons “autores” e “leitores”.

MATERIAL DIGITAL DO PROFESSOR – Conte mais uma vez 24

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