Dissertacao Liana Flores Maciel

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

Dissertação

Desenvolvimento de vacina recombinante de


proteína M de Streptococcus equi subsp. equi

Liana Flores Maciel

Pelotas, 2012
2

Liana Flores Maciel

Desenvolvimento de vacina recombinante de proteína M de Streptococcus equi


subsp. equi

Dissertação apresentada ao Programa de


Pós-Graduação em Biotecnologia da
Universidade Federal de Pelotas, como
requisito parcial à obtenção do título de
Mestre em Ciências (área de
conhecimento: Biologia Molecular e
Imunologia Aplicada).

Orientador: Dr. Fabricio Rochedo Conceição


Co-orientador: Dr. Fábio Pereira Leivas Leite

Pelotas, 2012
Dados de catalogação na fonte:
Ubirajara Buddin Cruz – CRB 10/901
Biblioteca de Ciência & Tecnologia - UFPel

M152d Maciel, Liana Flores


Desenvolvimento de vacina recombinante de
proteína M de Streptococcus equi subsp. equi / Liana Flores
Maciel. – 70f. : il. – Dissertação (Mestrado). Programa de
Pós-Graduação em Biotecnologia. Universidade Federal de
Pelotas. Centro de Desenvolvimento Tecnológico, 2012. –
Orientador Fabricio Rochedo Conceição; co-orientador Fábio
Pereira Leivas Leite.

1.Biotecnologia. 2.SeM. 3.LTB. 4.Garrotilho. 5.Adenite


equina. I.Conceição, Fabricio Rochedo. II.Leite, Fábio Pereira
Leivas. III.Título

CDD: 636.10896

CDD:
636.10896
Banca examinadora:

Prof. Dr. Fabricio Rochedo Conceição, Universidade Federal de Pelotas

Prof. Dr. João Rodrigo Gil de los Santos, Universidade Federal de Pelotas

Dr. Marcelo Mendonça, Universidade Federal de Pelotas

Prof. Drª. Sibele Borsuk, Universidade Federal de Pelotas


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida, e pelas oportunidades


colocadas em meu caminho.

Aos meus pais, Lisarbe e Jari, por terem acreditado na minha capacidade e
me incentivado sempre, me apoiando nos momentos difíceis, não deixando que eu
desistisse de lutar.

Ao meu parceiro de todas as horas, Junior, pelo carinho, compreensão e


incentivo para prosseguir.

Aos meus irmãos e sobrinhos pelo simples fato de fazerem parte da minha
vida.

Ao meu orientador Fabricio Rochedo Conceição pela orientação durante todo


o desenvolvimento deste projeto. Em momentos em que tudo parecia dar errado
sempre teve uma palavra de incentivo para continuar, contribuindo desta forma para
meu crescimento profissional.

Ao Dr. Fábio Pereira Leivas Leite, pelas muitas vezes que auxiliou no
desenvolvimento deste trabalho e por permitir que ele se desenvolvesse em seu
laboratório.

A minha querida amiga Luana Alves Dummer, que me acompanhou e ajudou


desde o início desta jornada, principalmente nos momentos mais difíceis. Mesmo
longe nunca deixou de me auxiliar e participar ativamente deste trabalho.

Aos colegas de laboratório, em especial: Bilica, Michele, Paula Finger, Paula


Telmo, Matheus Rosa, Itauá Araújo e Carolina Magalhães pessoas que tornaram
muitos dos meus dias de trabalho mais alegres e me auxiliaram no desenvolvimento
deste trabalho.

Agradeço a outros amigos e colegas, não menos importantes, mas que são
muitos para serem citados. Vocês também colaboraram para esta conquista.

Muito Obrigada!
6

RESUMO

MACIEL, Liana Flores. Desenvolvimento de vacina recombinante de proteína M


de Streptococcus equi subsp. equi. 2012. 70f. Dissertação (Mestrado) - Programa
de Pós-Graduação em Biotecnologia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

A equinocultura no Brasil ganha espaço em setores ligados ao lazer, cultura e


turismo, sendo responsável por milhões de empregos. A Adenite Equina causada
pelo Streptococcus equi subsp. equi é uma doença do aparelho respiratório de elevado
impacto econômico, gerando gastos com mão-de-obra e perda de desempenho dos
animais. Para amenizar este problema, medidas profiláticas são importantes, como
por exemplo, a vacinação. Porém, as vacinas disponíveis no mercado protegem
apenas 50% dos animais. Vários estudos vêm sendo realizados para obtenção de
uma vacina mais eficiente contra a Adenite, onde vários fatores de virulência do
patógeno estão sendo avaliados como possíveis antígenos vacinais, com destaque
para a proteína M de S. equi (SeM). Com base nisso este trabalho objetivou o
desenvolvimento e avaliação de uma vacina recombinante para controle da Adenite
Equina, utilizando como antígeno a rSeM e como adjuvantes a subunidade B da
enterotoxina termolábil de Escherichia coli (rLTB) e ou hidróxido de alumínio (Al(OH) 3).
Para este estudo foram utilizados 72 camundongos Balb/c fêmeas divididos em 8
grupos e 18 cavalos divididos em 6 grupos, inoculados por via IM ou IN. Os
resultados mostraram que a rSeM foi inócua e imunogênica para ambas as espécies
avaliadas, estimulando níveis significativos de imunoglobulinas (lgs) anti-rSeM sem a
necessidade de uso de qualquer adjuvante imunológico. Os adjuvantes rLTB e
Al(OH)3 não foram capazes de incrementar significativamente os títulos de lgs anti-
rSeM em camundongos, enquanto que em cavalos o tratamento rSeM + rLTB (IM)
promoveu um aumento significativo no título sérico de IgG anti-rSeM.
Interessantemente, a produção de IgA secretória anti-rSeM no trato respiratório
superior de cavalos teve aumento significativo no tratamento com rSeM + Al(OH) 3
(IM). Estes resultados são promissores para a continuidade de estudos visando a
utilização da rSeM como antígeno vacinal. Da mesma forma, o uso da rLTB como
adjuvante em vacinas para cavalos parece ser promissor.

Palavras-chave: SeM. LTB. Adenite Equina.


7

ABSTRACT

MACIEL, Liana Flores. Development of a recombinant vaccine composed by M


protein of Streptococcus equi subsp. equi. 2012. 70f. Dissertação (Mestrado) -
Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia. Universidade Federal de Pelotas,
Pelotas.

The business related to equines in Brazil has an important participation in activities


as leisure, culture and tourism, being responsible for millions of jobs. The equine
distemper caused by Streptococcus equi subsp. equi is a disease of the respiratory
tract with economical impact, generating losses with treatment and reduction in the
animal performance. To solve this problem, prophylactic measures, such as the
vaccination, are important. However, available commercial vaccines do not offer
protection to more than 50% of the vaccinated animals. Several studies are being
performed aiming the achievement of an efficient vaccine against the Adenitis, where
several virulence factors are being evaluated as possible vaccine antigens, specially
the M protein (SeM). Thus, the present work aimed the development and evaluation
of a recombinant vaccine to the control of the equine distemper composed of the
SeM antigen co-administrated with the recombinant Heat-labile enterotoxin B subunit
of Escherichia coli (rLTB) and/or aluminium hydroxide (Al(OH) 3). A total of 72 female
BALB/c mice, divided into eight groups and 18 horses, divided into six groups, were
inoculated by intramuscular or intranasal routes. The results obtained in the
experiments showed that the rSeM was innocuous and immunogenic in both
evaluated species, stimulating the production of specific immunoglobulin anti-rSeM
without the addition of immunological adjuvant. Both adjuvant rLTB and Al(OH) 3 were
not capable to increase the titer of immunoglobulin anti-rSeM in mice, while in
horses, the treatment rSeM + rLTB (IM) showed a significant increase in the level of
seric immunoglobulin IgG anti-rSeM. Interestingly, the production of anti-rSeM
secretory IgA in the upper respiratory tract has a significant increase in horses
treated with rSeM + Al(OH)3 (IM). This result is promising to further studies with rSeM
as an antigen for vaccines, as well as is the administration of rLTB as an
immunological adjuvant.

Keywords: SeM. LTB. Strangles. Equine Adenitis.


8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Eletroforese em gel de agarose 0,8% demonstrando a amplificação do


gene SeM...................................................................................................................49

Figura 2 Eletroforese em gel de agarose 0,8% para seleção dos clones


recombinantes............................................................................................................49

Figura 3 SDS-PAGE 12% para análise da expressão em pequena escala dos clones
recombinantes............................................................................................................50

Figura 4 Western blot com MAb anti-6xhis para caracterização das proteínas
recombinantes............................................................................................................50

Figura 5 SDS-PAGE 12% para análise da conservação da rSeM............................51

Figura 6 Cinética dos níveis médios de imunoglobulinas totais séricas anti-rSeM de


camundongos inoculados por via intramuscular com diferentes tratamentos contendo
rSeM...........................................................................................................................52

Figura 7 Título médio de Igs totais séricas anti-rSeM de camundongos inoculados


por via intramuscular com diferentes vacinas contendo rSeM ..................................53

Figura 8 Cinética dos níveis médios de imunoglobulinas totais séricas anti-rSeM de


camundongos inoculados por via intranasal com diferentes vacinas contendo
rSeM...........................................................................................................................54

Figura 9 Título médio de Igs totais séricas anti-rSeM de camundongos inoculados


por via intranasal com diferentes vacinas contendo rSeM.........................................54

Figura 10 Título médio de IgG sérica anti-rSeM de cavalos inoculados com


diferentes vacinas contendo rSeM.............................................................................55

Figura 11 Níveis médios de IgA secretora anti-rSeM no trato respiratório superior de


cavalos inoculados com diferentes vacinas contendo rSeM .....................................56
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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Tratamentos e doses para imunização de camundongos..........................46

Tabela 2 Tratamentos e doses para imunização de cavalos.....................................47


10

LISTA DE ABREVITURAS E SIGLAS

BSA Bovine serum albumin


MAb Anticorpo monoclonal
CNA Comissão Nacional do Cavalo
ELISA Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay
E. coli Escherichia coli
TOP 10 Escherichia coli TOP 10 (InvitrogenTM)
ESALQ Escola de Ensino Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
SeM Gene da Proteina M de Streptococcus equi subsp. equi
IN Intranasal
IM Intramuscular
IPTG Isopropyl-beta-D-thiogalactopyranoside
kDa Kilo Dalton
LB Luria Bertani
MAPA Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
MCT Ministério da Ciência e Tecnlogia
SeM Proteína M de S. equi subsp. equi
rSeM Proteína M recombinante de S. equi subsp. equi
PCR Reação em cadeia da polimerase
SEBRAE Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
S. equi Streptococcus equi subsp. equi
PMSF Fenilmetilsulfonil Fluoreto
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................ 12

2 ARTIGO 1: Potencial biotecnológico dos fatores de virulência de Streptococcus equi


subsp. equi...................................................................................................................17

Introdução...................................................................................................................20

Fatores de virulência de Streptococcus equi subsp. equi..........................................22

Aplicação biotecnológica dos fatores de virulência de S. equi...................................28

Conclusão ..................................................................................................................... 30

Referências bibliográficas ............................................................................................ 31

3 ARTIGO 2: Avaliação da imunogenicidade de proteína M recombinante de


Streptococcus equi subsp. equi co-administrada com a subunidade B
recombinante da enterotoxina termolábil de Escherichia coli
................................................................................................................................39

Introdução ..................................................................................................................... 42

Material e Métodos ....................................................................................................... 43

Resultados .................................................................................................................... 48

Discussão ..................................................................................................................... 56

Referências bibliográficas ............................................................................................ 59

4. CONCLUSÕES ........................................................................................................ 62

5. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 63
1. INTRODUÇÃO GERAL

O Brasil possui o maior rebanho de equídeos na América Latina e o


terceiro maior rebanho do mundo com oito milhões de cabeças (MAPA, 2011). A
equinocultura no país vem ganhando espaço principalmente em setores ligados ao
lazer, cultura e turismo, sendo responsáve, em 2006, por 1,2 milhões de empregos
(ESALQ, 2006). A partir da criação, em 2003, da Comissão Nacional do Cavalo
(CNA) que buscou parcerias com o Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento (MAPA), Ministério da Ciência e Tecnlogia (MCT), Serviço de Apoio
às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e Escola de Ensino Superior de
Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ), o complexo do agronegócio do cavalo vem
ocupando uma importante posição no cenário nacional. Porém, pouco se conhece
sobre sua real situação, uma vez que este setor engloba aproximadamente 30
segmentos, que estão distribuídos entre insumos, criação e destinação final,
proporcionando riqueza econômica e geração de 3,2 milhões de empregos diretos e
indiretos (MAPA, 2011). Com base nisso, o desenvolvimento de técnicas precisas de
diagnóstico e prevenção de doenças são de extrema valia, tanto para o mercado
como para a saúde animal.
, As doenças do aparelho respiratório ocupam o segundo lugar dentre as
doenças limitantes das atividades dos equinos, gerando gastos com mão-de-obra e
perda de desempenho desses animais (FREY JR, 2006). Dentre as afecções do
trato respiratório superior de cavalos, a Adenite Equina, ou “garrotilho”, é uma das
mais comumente atingem os animais. Esta é uma enfermidade onde há baixa
letalidade, porém, alta morbidade, o que tem grande relevância no que diz respeito a
locais com grandes concentrações de eqüinos (SWEENEY et al., 2005). Por não
haver disponibilidade no mercado de vacinas eficientes, torna-se difícil a profilaxia,
uma vez que estas protegem apenas 50% dos animais (HARRINGTON et al, 2002;
MORAES, 2005; WALLER; JOLLEY, 2007). Condições climáticas de frio e umidade
facilitam a disseminação e sobrevivência do agente, porém a doença pode oc orrer
em todas as épocas no ano. Em estudo realizado por Ivens et al. (2011) no Reino
Unido houve mais de 700 surtos durante o ano de 2008, onde alguns envolveram
mais de 200 cavalos, gerando significativos gastos econômicos.
O Streptococcus equi subsp. equi, agente etiológico da Adenite Equina, pode
permanecer viável nas descargas nasais purulentas por semanas ou meses, e os
13

estábulos permanecem contaminados se não forem cuidadosamente limpos e


desinfetados com iodo povidona ou clorhexidina, (MORAES, 2009). Estresse,
transporte, excesso de trabalho, viroses e parasitoses aumentam a suscetibilidade
dos animais e podem desencadear a enfermidade em animais com infecção latente
(SCHILD, 2001).
A enfermidade ocorre quando, após contaminação de forma direta ou
indireta, o S. equi penetra pela boca ou narinas e se adere a receptores específicos
das tonsilas e linfonodos regionais onde desenvolvem-se abscessos, causando uma
rinofaringite (TIMONEY, 2004; HIRSH e ZEE, 2003). Os sinais clínicos da doença
surgem geralmente após duas semanas da exposição ao agente, e são típicos de
um processo infeccioso generalizado (depressão, inapetência, febre), bem como
secreção nasal, inicialmente serosa, passando a mucopurulenta e a purulenta em
alguns dias, tosse produtiva, dor à palpação da região mandibular e aumento de
volume de linfonodos, principalmente submandibulares, assim adotam posição de
pescoço estendido devido à dificuldade de respiração (SWEENEY, 1993;
AINSWORTH & BILLER, 2000).
O diagnóstico pode ser confirmado por isolamento do agente a partir de
secreção nasal purulenta ou do conteúdo proveniente de abscessos. Atualmente é
utilizada a técnica de Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), que é capaz de
detectar o agente vivo ou morto através da amplificação do gene da proteína SeM,
permitindo a detecção de até 90% dos portadores (HARRINGTON et al., 2002). A
técnica de ELISA também pode ser utilizado no diagnóstico indireto da enfermidade,
demonstrando a presença de anticorpos específicos. Recentemente, a proteína M
de S. equi, produzida no Centro de Biotecnologia da Universidade Federal de Pelotas,
foi utilizada como antígeno em reações de ELISA indireto com resultados
promissores, diferenciando animais sadios, doentes e vacinados (MORAES et al.,
2007).
O tratamento da Adenite Equina é estabelecido conforme o seu estágio.
Os animais sem abcessos nos linfonodos são tratados com penicilina G ou
trimetoprim, associado à sulfametoxazol, via intramuscular, por 5-10 dias (SILVA;
VARGAS, 2006). Havendo abscessos, aplicam-se substâncias revulsivas que
facilitam a maturação, tais como iodo, para posteriormente realizar a punção. Após
punção curativa deve ser feita a irrigação do abscesso com solução de iodo a 2%.
Animais em risco podem ser tratados preventivamente com penicilina, durante o
14

período de exposição ao microorganismo (MORAES et al. 2009). Complicações


devem ser tratadas com terapia de suporte como fluidoterapia, medicações
expectorantes e antimicrobianos em dosagens superiores às normalmente
recomendadas (SWEENEY et al., 2005).
O S. equi sintetiza vários fatores de virulência, entre eles cápsula de ácido
hialurônico, adesinas, endopeptidases, hialuronidase, estreptolisina O,
estreptoquinase, receptores para Fc de IgG e proteína M (TYMONEY, 2004;
MORAES, 2008). Para produzir vacinas mais eficientes e consequentemente reduzir
gastos com o tratamento dos animais se faz necessário um completo entendimento
sobre a patogênese desse microorganismo.
A proteína M (SeM) de 58 kDa, codificada pelo gene SeM, por ser uma
proteína de membrana com capacidade antifagocítica e de aderência, tem papel
importante na patogenia sendo uma candidata promissora a antígeno vacinal. É uma
molécula ácido-resistente com aspecto de fímbria que se projeta a partir da parede
celular (TYMONEY et al., 1997; TYMONEY, 2004; MORAES, 2008). Esta proteína
apresenta capacidade de se ligar ativamente ao fibrinogênio através de resíduos
localizados na sua extremidade N-terminal (MEEHAN et al., 2000). Com esta
interação os sítios para ligação de C3b na superficie da bactéria ficam escondidos,
com isso há significativa redução na taxa de fagocitose (BOSSCHWITZ &
TIMONEY, 1994; WALLER et al., 2011). Além disso, a SeM é capaz de se ligar aos
fragmentos Fc de IgG, principalmente às subclasses IgG4 e IgG7. Tal ligação ocorre
com resíduos localizados na região central entre as repetições A e B da proteína
rompendo desta forma a ativação do complemento mediada por anticorpos,
comprometendo assim a resposta imune do hospedeiro (MEEHAN et al., 2002;
LEWIS et al., 2008; WALLER et al., 2011). Devido a estes fatores ela vem sendo
avaliada como antígeno vacinal promissor.
Devido ao fato da infecção pelo agente ter início na mucosa respiratória,
uma adequada estimulação do sistema imune associado à mucosa é estratégica,
porém, antígenos administrados localmente não são imunogênicos, levando a
tolerância imunológica (MCGHEE, 1992). Uma alternativa é a utilização de
adjuvantes da imunidade de mucosa que estimulam uma melhor apresentação do
antígeno e, consequentemente uma resposta imune local mais efetiva. A subunidade
B da enterotoxina termolábil de Escherichia coli (LTB) é um potente adjuvante da
imunidade de mucosa que vem ganhando destaque na produção de vacinas
15

(FINGERUT et al., 2005; CONCEIÇÃO; MOREIRA; DELLAGOSTIN; 2006;


FISCHER et al., 2010). Esta subunidade atóxica estimula uma resposta sistêmica e
secretória (IgAs) de anticorpos contra antígenos co-administrados ou fusionados. A
sua função adjuvante parece estar relacionada à sua capacidade de ligação ao
gangliosídeo GM1, um glicolipídeo amplamente distribuído na superfície de células
eucarióticas (DE HAAN et al., 1998).
Dentre as vacinas contra garrotilho, há as bacterinas que utilizam,
geralmente, cepas autóctones de S. equi, subsp. equi, e hidróxido de alumínio como
adjuvante e as vacinas de subunidade utilizam proteína M ou frações dela. Uma
cepa mutante não encapsulada denominada de Pinnacle (Pinnacle I.N, Fort Dodge
Animal Health, USA) utilizada como vacina intranasal não teve sua comercialização
licenciada na Europa devido a preocupação com segurança, já a Equilis StrepE
(Equilis StrepE, Intervet UK) chegou a ser comercializada mas foi retirada do
mercado em 2007 pelas mesmas questões de segurança (NEWTON; WALLER;
KING, 2005; KEMP-SYMONDS; KEMBLE; WALLER, 2007; GUSS et al., 2009). No
Brasil estão disponíveis uma vacina que contém antígenos de S. equi subesp. equi,
S. pyogenes, Micrococcus pyogenes e Pasteurella multocida, uma composta por
uma suspensão de S. equi em soro fisiológico e inativada por calor, e outra
constituída por cultivo total de S. equi inativado por formol (ANDREI, 2002).
Portanto, o desenvolvimento de uma vacina mais eficaz e barata é importante para o
controle da Adenite Equina.
O presente trabalho teve por objetivo desenvolver e avaliar uma vacina
recombinante para controle da Adenite Equina composta pelo antígeno rSeM co-
administrado com rLTB.

HIPÓTESE:
Proteína M recombinante de S. equi co-administrada com a subunidade
B recombinante da enterotoxina termolábil de E. coli induz resposta imune humoral
em camundongos e cavalos.

OBJETIVO GERAL:
Desenvolver e avaliar uma vacina recombinante para controle da
Adenite Equina composta pelo antígeno rSeM co-administrado com rLTB.
16

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Expressar e purificar rSeM e rLTB;
- Elaborar vacinas com rLTB e rSeM;
- Avaliar a inocuidade e imunogenicidade da vacina em camundongos;
- Avaliar a inocuidade e imunogenicidade da vacina em cavalos.
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11 2. Trabalho 1
12 Artigo a ser submetido à Revista Ciência Rural
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35 Potencial biotecnológico dos fatores de virulência de Streptococcus equi


36 subsp. equi
37
38 Liana Flores Maciel, Luana Alves Dummer, Fábio Pereira Leivas Leite, Fabricio Rochedo
39 Conceição*
40

41 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

42 Resumo

43 A Adenite Equina, conhecida como garrotilho, é uma doença contagiosa que afeta o trato

44 respiratório superior dos equinos e é causada pela bactéria β-hemolítica Streptococcus equi

45 subsp. equi. Há vários fatores de virulência descritos para o agente S. equi que auxiliam na

46 patogenia da doença. A cápsula de ácido hialurônico confere aspecto mucoso às colônias e

47 maior virulência aos isolados que a produzem fornecendo alta capacidade antifagocítica.

48 Enzimas como hialuronidase, estreptolisina e estreptoquinase estão relacionadas a

49 característica de β-hemólise, penetração das mucosas e difusão tecidual, crescimento

50 bacteriano, lise osmótica irreversível das células entre outras. A proteína M (SeM),

51 importante por ser uma proteína de membrana com capacidade antifagocítica e de aderência,

52 possui aspecto de fímbria projetando-se a partir da parede celular. A SeM está associada ao

53 aumento da virulência em comparação ao ancestral da subespécie zooepidemicus. Outros

54 fatores como presença de receptores para Fc de IgG, endopeptidases, exotoxinas pirogênicas,

55 além de outras proteínas extracelulares que auxiliam na aderência às células-alvo (adesinas)

56 são importantes para a patogenia do agente. Nesta revisão, o potencial biotecnológico dos

57 fatores de virulência de S. equi subsp. equi foi discutido.

58 Palavras-chave: Adenite Equina, Garrotilho, Streptococcus equi, fatores de virulência.

59 ______________________________

60 Centro de Desenvolvimento Tecnológico - Biotecnologia, Universidade Federal de Pelotas, CP 354, 96010900 Pelotas/RS

61 *Autor para correspondência: [email protected]


19

62 Biotechnologial potential of the virulence factors from Streptococcus equi


63 subsp. equi
64
65 Abstract

66 The equine distemper, also knows as “strangles”, is an upper respiratory infectious disease

67 of horses caused by Streptococcus equi subsp. equi. Several virulence factors of S. equi that

68 helps in the disease pathogenesis are being described. The hyaluronic acid capsule confers a

69 mucoid characteristic to the colonies and increase the virulence to encapsulated isolates,

70 providing a higher anti-phagocytic capacity. Enzymes such as hyaluronidase, streptolysin and

71 streptokinase are related to the β-hemolysis characteristic and roles like the mucosal

72 penetration and spread of the bacteria trough the tissue, bacterial growth, irreversible osmotic

73 lysis of the cells, and others. The anti-phagocytic M protein (SeM) is an important membrane

74 protein that acts in the adherence of the bacteria, possessing a fimbrial aspect and projecting

75 itself from the cell wall. The SeM is associated to the virulence increase compared to the

76 subspecies zooepidemicus ancestor. Other virulence factors, as the IgG Fc-receptors,

77 endopeptidase, pyrogenic exotoxins and extracellular proteins (adesins) which help in the

78 adherence to the target-cells are also important to the agent pathogenicity. In this review the

79 biotechnological potential of the virulence factors from S. equi subsp. equi were discussed.

80

81 Keywords: Equine adenitis, Strangles, Streptococcus equi, virulence factors.

82

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85

86

87
88 1- Introdução

89 O Brasil possui o terceiro maior rebanho de equinos do mundo e assim o complexo do

90 agronegócio do cavalo vem ganhando importante posição no cenário nacional, principalmente

91 nos setores ligados ao lazer, cultura e turismo, sendo responsável pela geração de 3,2 milhões

92 de empregos diretos e indiretos (MAPA, 2011).

93 A capacidade de produzir animais de alta qualidade eleva a perspectiva de

94 crescimento do setor. Contrapondo esta realidade de crescimento, a ocorrência de doenças

95 infecciosas gera perdas econômicas significativas aos criadores quando, por exemplo, torna -se

96 necessário a interrupção do treinamento desses animais.

97 A Adenite Equina, também conhecida como garrotilho, é uma doença contagiosa que

98 afeta o trato respiratório superior dos equinos e é causada por Streptococcus equi subsp. equi,

99 bactéria Gram-positiva, β-hemolítica e pertencente ao grupo C de Lancefield (TIMONEY,

100 2004). O termo garrotilho foi estabelecido porque cavalos afetados e não tratados

101 frequentemente pareciam estar sendo estrangulados (garroteados), pois os linfonodos

102 tornavam-se aumentados obstruindo a faringe (SWEENEY, 1993). Esta foi uma das primeiras

103 moléstias equinas descritas, sendo que em 1664, Solleysell descreveu o garrotilho como uma

104 infecção pela qual os cavalos jovens tinham que passar. Convencido da natureza contagiosa

105 da doença, este autor recomendou o isolamento dos animais afetados, enfatizando que a fonte

106 mais comum de infecção consistia de baldes de água compartilhados pelos animais doentes e

107 sadios. Assim, a transmissão da enfermidade pode ocorrer de forma direta tanto por cavalos

108 que estão incubando a doença ou apresentam sinais clínicos quanto por animais que estão se

109 recuperando ou são portadores. A forma indireta da transmissão se dá por meio de fômites,

110 tais como buçais e outros utensílios, e de pastagens, aguadas e estábulos contaminados com

111 secreções (MORAES, 2008). Equídeos de todas as idades podem padecer a doença, embora
21

112 seja mais frequente em animais com menos de cinco anos de idade, especialmente, potros

113 (AINSWORTH & BILLER, 2000).

114 Os animais mostram sinais clínicos típicos de um processo infeccioso generalizado

115 (depressão, inapetência, febre), assim como secreção nasal, inicialmente serosa, que passa a

116 mucopurulenta e a purulenta em alguns dias, tosse produtiva, dor à palpação da região

117 mandibular e aumento de volume de linfonodos, principalmente submandibulares

118 (SWEENEY, 1993; AINSWORTH & BILLER, 2000).

119 Além do S. equi subsp. equi, também pertecem ao grupo C de Lancefield S. equi

120 subsp. zooepidemicus e o S. dysgalactiae subsp. equisimilis. Estes microrganismos são

121 relacionados geneticamente, porém com potencial patogênico diferenciado e frequentemente

122 isolados de amostras clínicas como contaminantes secundários (TIMONEY, 2004).

123 S. equi subsp. equi é fenotipicamente relacionado com S. equi subsp. zooepidemicus.

124 Ambos eram considerados até 1984 espécies distintas (FACKLAM, 2002). A fermentação de

125 lactose, sorbitol e trealose é utilizada como critério para a diferenciação dessas espécies, pois

126 S. equi subsp. equi não fermenta nenhum destes carboidratos enquanto que S. equi subsp.

127 zooepidemicus fermenta lactose e sorbitol (KUWAMOTO et al., 2001). No entanto, cepas

128 atípicas de S. equi subsp. equi fermentam açúcares (GRANT et al., 1993), dificultando assim

129 a diferenciação fenotípica desses agentes. Kits comerciais de fermentação de açúcares em

130 microplaca, como o API 20 STREP (BioMérieux, França) também vêm sendo utilizados

131 como uma alternativa de alto poder discriminatório (MORAES, 2008). Acredita-se que o S.

132 equi subsp. equi possa ter evoluído do ancestral S. equi subsp. zooepidemicus, associado a

133 doenças em equinos e outras espécies animais, incluindo o homem (HOLDEN et al., 2009).

134 Pela ocorrência de problemas com a diferenciação fenotípica entre as subespécies de

135 S. equi, os métodos moleculares para a caracterização destes vêm conquistando espaço, como

136 o emprego de sequenciamento parcial e análise do gene hsp60 (heat shock protein) utilizado
22

137 para identificação das subespécies do agente (SILVA et al., 2007); a técnica da reação da

138 polimerase em cadeia (PCR) baseada na caracterização da região hipervariável da proteína M

139 (WALKER & TIMONEY, 1998); o sequenciamento de regiões intergênicas do gene 16S-23S

140 (CHANTER et al., 1997); polimorfismo associado à amplificação aleatória de fragmentos de

141 DNA mediante PCR (RAPD-PCR) (DUARTE et al., 2004); eletroforese em campo pulsado

142 (PFGE) e PCR multiplex com uso de sete a oito pares de primers simultaneamente, onde o

143 tamanho de cada amplicon caracteriza cada espécie de Streptococcus (KAWATA et al.,

144 2004).

145 S. equi subsp. equi produz uma variedade de fatores de virulência que auxiliam na

146 patogenia da enfermidade, como cápsula de ácido hialurônico, hialuronidase, estreptolisina,

147 estreptoquinase, receptores para Fc de IgG, proteína M antifagocítica, endopeptidases,

148 exotoxinas pirogênicas, além de outras proteínas extracelulares que auxiliam na aderência às

149 células-alvo do hospedeiro (TIMONEY, 2004), essenciais para o estabelecimento da doença.

150 HARRINGTON (2002) agrupou esses fatores de virulência de acordo com suas funções: I- os

151 que promovem a aderência bacteriana, II- aqueles que contribuem para a evasão do sistema

152 imune e III- os envolvidos na aquisição de nutrientes, porém alguns fatores desempenham

153 múltiplas funções no estabelecimento da doença, sendo difícil enquadrá-los em categorias

154 específicas. O objetivo desta revisão foi descrever os fatores de virulência de S. equi subsp.

155 equi enfatizando os seus potenciais biotecnológicos.

156

157 2- Fatores de virulência de Streptococcus equi subsp. equi

158 Dentre os fatores de virulência de S. equi, a proteína M (SeM), codificada pelo gene

159 SeM, tem especial importância por ser uma proteína de membrana com capacidade

160 antifagocítica e de aderência, possuindo aspecto de fímbria que se projeta a partir da parede

161 celular. Ela tem sido associada ao aumento da virulência em comparação ao ancestral S.
23

162 zooepidemicus (GALAN & TIMONEY, 1987; TIMONEY, 2004; WALLER & JOLLEY,

163 2007). A presença da proteína SeM em S. equi foi primeiramente sugerida por BAZELY et al.

164 (1949), através da utilização de extratos ácidos oriundos de culturas puras para induzir

165 anticorpos protetores em camundongos e cavalos. Esta observação foi posteriormente

166 confirmada por MOORE & BRYANS (1970), WOOLCOCK (1974) e ERICKSON &

167 NORCROSS (1975). Após purificação e caracterização de proteína SeM extraída com auxílio

168 de mutanolisina, GALAN & TIMONEY (1987) demonstraram que a proteína SeM nativa é

169 produzida como um dímero ou trímero, com massa molecular variando de 54 kDa a 58 kDa. É

170 composta por uma região N-terminal variável, repetições centrais conservadas e um domínio

171 C terminal rico em prolina, sendo que dois terços dessa região possui uma estrutura α-hélice

172 superenrolada que compartilha sequências similares com a proteína SzM de S. zooepidemicus

173 (KELLY et al., 2006; WALLER et al., 2011). A região N-terminal não compartilha a mesma

174 estrutura e é única em S. equi (TIMONEY et al., 1997; WALLER et al., 2011).

175 Com capacidade de se ligar ativamente ao fibrinogênio, SeM é conhecida como

176 proteína ligante de fibrinogênio (FgBP), a qual ocorre através de resíduos localizados na

177 extremidade N-terminal (MEEHAN et al., 2000). Esta interação esconde os sítios para ligação

178 de C3b na superficie da bactéria, reduzindo assim a taxa de fagocitose, de forma semelhante

179 aos Streptococcus pertencentes ao Grupo A de Lancefield (BOSSCHWITZ & TIMONEY,

180 1994; WALLER et al., 2011). Além disso, a SeM é capaz de se ligar aos fragmentos Fc de

181 IgG, principalmente às subclasses IgG4 e IgG7 na região interdomínio CH2 -CH3 da IgG. Tal

182 ligação ocorre com resíduos localizados na região central entre as repetições A e B da

183 proteína sendo capaz de romper a ativação do complemento mediada por anticorpos sugerindo

184 outro mecanismo pelo qual SeM pode mediar a resistência à fagocitose, comprometendo

185 assim a resposta imune do hospedeiro (MEEHAN et al., 2002; LEWIS et al., 2008; WALLER

186 et al., 2011).


24

187 A cápsula de ácido hialurônico é um polímero de alta massa molecular sendo formado

188 por resíduos de N-acetilglucosamina e ácido glicurônico e é responsável por conferir aspecto

189 mucoso às colônias e maior virulência a isolados que a produzem (TIMONEY, 2004). A sua

190 característica antifagocítica é capaz de reduzir significativamente a quantidade de patógeno

191 que fica associado à superfície de neutrófilos para ser digerido e morto posteriormente, e é

192 também essencial para a funcionalidade de proteínas, como a SeM e de proteínas hidrofóbicas

193 de superfície, auxiliando na manutenção da conformação. Como a cápsula aumenta a carga

194 negativa e a hidrofilicidade bacteriana, se produz um ambiente protetor contra a atividade de

195 proteases sensíveis ao oxigênio e toxinas, tais como estreptolisina S. Sua síntese é controlada

196 pelo operon composto por hialuronidase sintetase (hasA), glicose desidrogenase (hasB) e

197 glicose pirofosforilase (hasC). Deleções em hasA ou hasB acarretam na perda da síntese da

198 cápsula e consequentemente da virulência (WALKER & TIMONEY, 2002; TIMONEY,

199 2004).

200 A enzima hialorunidase, posui massa molecular de 55 kDa, hidrolisa o ácido

201 hialurônico auxiliando na penetração das mucosas e difusão tecidual, permitindo assim a

202 disseminação do patógeno a partir do local inicial da infecção, uma vez que o ácido

203 hialurônico é componente abundante na maioria dos tecidos conjuntivos (HYNES &

204 WALTON, 2000; HARRINGTON et al., 2002). A produção de hialorunidase é relatada em

205 Streptococcus dos grupos A, B, C e G (GUNTHER et al., 1996). Uma característica comum

206 em todas as hialorunidases de Streptococcus é a presença de uma fenda que serve para

207 acomodar o substrato. Com a presença desta fenda a enzima assume uma visão de barril

208 composta por α-hélices interna e externamente. A ligação do ácido hialurônico é facilitada

209 pela fenda na região entre as hélices localizada na região mais larga do barril (LI et al., 2000;

210 STERN & JEDRZEJAS, 2006). Esta enzima apresenta quatro domínios, os quais são

211 compostos por um domínio N-terminal com carboidratos de ligação, um espaçador seguido
25

212 por um catalisador e um domínio C-terminal. A enzima está ancorada à superfície da bactéria

213 por ligações covalentes. Bacteriófagos que infectam duas espécies de Streptococcus (S. equi e

214 S. pyogenes) codificam hialuronidase, uma vez que para penetrar a célula do hospedeiro

215 precisam passar pela cápsula. Não foi identificada atividade de hialuronidase no meio

216 extracelular dessas duas espécies infectadas pelos bacteriófagos, sugerindo que a enzima é

217 parte da molécula do bacteriófago (HYNES et al., 1995; HYNES & WALTON, 2000).

218 Estreptolisina S (SLS), produzida por S. equi e S. zooepidemicus, é uma citolisina

219 secretada, oxigênio estável, não imunogênica e é responsável pela β-hemólise característica

220 das colônias sendo composta por um polipeptídeo associado a uma segunda molécula,

221 essencial para a sua atividade biológica, que pode ser RNA, albumina e em sistemas modelo,

222 um detergente como Tween (ALOUF, 1980; FLANAGAN et al., 1998). Essa proteína é quase

223 idêntica a estreptolisina produzida pela maioria das cepas de S. pyogenes tendo efeito

224 citopático direto em muitas células do hospedeiro, incluindo a inibição de várias funções das

225 células fagocíticas, contribuindo para a evasão da resposta imune e auxiliando também a

226 translocação do microorganismo através do epitélio (ALOUF, 1980; FONTAINE et al., 2003;

227 WALLER et al., 2011). A estreptolisina tem a capacidade de se ligar aos eritrócitos

228 resultando na formação de poros transmembrana causando lise osmótica irreversível da célula

229 (CARR, et al., 2001; TIMONEY, 2004). FONTAINE et al. (2003) promoveram a exclusão

230 dos genes para estreptolisina O (SLO) e SLS no sorotipo M5 de S. pyogenes cepa Manfredo,

231 sozinho ou em combinação, mostrando a redução nas fases iniciais da infecção e indução de

232 necrose por S. pyogenes em camundongos infectados por via subcutânea, mostrando que cada

233 gene atua como fator de virulência.

234 A estreptoquinase é uma proteína secretada por muitas cepas de Streptococcus e

235 interage com o domínio C-terminal da serina protease do plasminogênio formando plasmina

236 ativa, que hidrolisa fibrina e proporciona assim a disseminação e invasão tecidual pelo agente.
26

237 Outra função desta proteína é a ativação do complemento e produção de substratos

238 nitrogenados que favorecem o crescimento bacteriano (TIMONEY, 2004).

239 Em 2003, LANNERGARD et al. descreveram uma proteína de superfície celular do S.

240 equi denominada CNE, com 657 aminoácidos, a qual possui a propriedade de ligar colágeno,

241 e apresenta significativa semelhança com a proteína CNA de Staphylococcus aureus,

242 sugerindo o reconhecimento como outro fator de virulência. Outra proteína com capacidade

243 de ligar colágeno é a SclC descrita por KARLSTRÖM et al. (2006), com 302 aminoácidos, no

244 entanto, o gene que codifica para esta proteína foi identificado tanto na subsp. equi quanto na

245 zooepidemicus. Além disso, anticorpos anti-SclC foram encontrados em soros de animais sem

246 histórico de adenite e em níveis superiores nos animais que estavam convalescendo, dando

247 indícios de que esta proteína é produzida durante a infecção.

248 Duas proteínas extracelulares, FNE (30 kDa), proteína ligante de fibronectina que

249 ocorre na forma truncada na subsp. equi e é capaz de ligar colágeno (LINDMARK et al.,

250 2001; LANNERGARD et al., 2006), a SFS (40 kDa), proteína ligante de fibronectina

251 (LINDMARK & GUSS., 1999), são importantes adesinas do agente. A capacidade de ligação

252 à fibronectina é descrita para várias bactérias como Staphylococcus coagulase-positiva e

253 Streptococcus dos grupos sorológicos A, B, C e G (LANNERGARD et al., 2005).

254 LANNERGARD et al. (2005) descreveram uma nova proteína, denominada FNEB, com 475

255 aminoácidos, e comparou com SFS e FNE a especificidade de ligação e resposta imunológica

256 em cavalos mostrando que SFS e FNE se ligam ao mesmo domínio da fibronectina, enquanto

257 a FNEB reconhece um domínio distinto. O estudo sorológico de animais que sofrem com

258 adenite, bem como infecção experimental em camundongos, mostraram que FNEB é expressa

259 durante a infecção, resultando numa resposta de anticorpos IgG.

260 Uma IgG endopeptidase foi identificada em cepas de S. equi e denominada IdeE (IgG-

261 degrading enzyme of S. equi subsp. equi) com atividade antifagocítica. Esta proteína havia
27

262 sido descrita apenas em Streptococcus pertencentes ao grupo A de Lancefield

263 (LANNERGARD & GUSS, 2006; TIMONEY et al., 2008). HULTING et al. (2009) isolaram

264 e caracterizaram uma segunda endopeptidase extracelular responsável pela degradação

265 adicional de IgG expressa por S. equi e denominada IdeE2, semelhante a IdeE e IdeZ (S.

266 zooepidemicus).

267 Uma pequena proteína secretada por S. equi denominada Se18.9 inibe a via alternativa

268 do sistema complemento ao ligar-se ao fator H, sendo que este atua como regulador dessa via.

269 Ela atua como co-fator para fatores de clivagem da proteína C3b inibindo a formação da

270 enzima conversora de C3 e acelerando a sua dissociação (TIWARI et al., 2007). HOLDEN et

271 al. (2009) mostraram que 26 cepas de S. equi a produziram, enquanto apenas 1 de 140 cepas

272 de S. zooepidemicus avaliadas apresentaram a proteína, sendo um índicio de que este gene

273 (Se18.9) foi importante para a evolução de S. equi.

274 HOLDEN et al. (2009) analizaram os genomas de S. equi e S. zooepidemicus e

275 encontraram evidências de troca genética horizontal entre S. equi, S. zooepidemicus e S.

276 pyogenes, o que afeta a patogenicidade dessas bactérias. Há dois prófagos em S. equi que

277 codificam para quatro superantígenos SeeI, SeeL, SeeM e SeeH que compartilham alta

278 homologia com as toxinas mitogênicas de S. pyogenes pertencente ao grupo A de Lancefield.

279 O prófago ΦSEQ3 tem sequências de codificação para SeeM [SPE-M(Se)] e SeeL [SPE-

280 L(Se)] (SMOOT et al., 2002), enquanto ΦSEQ4 possui sequências para SeeH (SePE-H) e

281 SeeI (SePE-I) já caracterizadas anteriormente por ARTUSHIN et al. (2002), que

282 demonstraram que estas conferiam maior virulência à bactéria. As exotoxinas pirogênicas de

283 S. pyogenes têm uma alta capacidade imunomoduladora, sendo caracterizadas como

284 superantígenos (sAgs), pois são capazes de estimular a proliferação de linfócitos T não

285 específicos, gerando uma resposta pro-inflamatória (SRISKANDAN et al., 2007; PAILLOT

286 et al., 2010). A ativação de superantígenos dependentes de células T resulta na ativação e


28

287 liberação descontrolada de mediadores pró-inflamatórios e citocinas, incluindo fator de

288 necrose tumoral alfa (TNF-α), interleucina-1 (IL-1), IL-6 e interferon gamma (IFN-γ)

289 (NORRBY-TEGLUND, 1994). PAILLOT et al. (2010) investigaram a atividade, in vitro, dos

290 antígenos recombinantes de S. equi e sobrenadante de cultivo de S. equi em células

291 mononucleares do sangue periférico de eqüinos (PBMC), avaliaram o impacto da exclusão

292 seqüencial ou total de genes dos sAgs na ativação de células T em comparação com S. equi

293 selvagem e por fim quantificaram a cinética da resposta imune contra os sAgs de cavalos em

294 convalescença e a capacidade de seus soros em neutralizar a atividade desses sAgs in vitro.

295 Dos quatro antígenos produzidos por S. equi, três deles (SeeI, SeeL e SeeM) induzem a

296 proliferação de PBMC e síntese de IFN-γ in vitro e quando esses genes são deletados há

297 anulação da linfoproliferação e síntese de IFN-γ. Por fim cavalos naturalmente infectados

298 desenvolveram uma resposta de anticorpos com atividade neutralizante limitada.

299

300 3- Aplicação biotecnológica dos fatores de virulência de S. equi

301 O potencial biotecnológico de muitos dos fatores de virulência de S. equi vem sendo

302 amplamente estudado para o desenvolvimento de vacinas e métodos de diagnóstico eficazes e

303 muitos trabalhos apresentam perspectivas promissoras.

304 A SeM por ser uma proteína de fundamental importância na patogenia de S. equi vem

305 sendo utilizada para diagnóstico e é candidata promissora a antígeno vacinal. O Centro de

306 Biotecnologia da Universidade Federal de Pelotas produziu a proteína SeM recombinante

307 (rSeM), a qual foi utilizada em testes de diagnóstico e imunização de camundongos, obtendo

308 resultados promissores (MORAES, 2008). SHEORAN et al. (2002) testaram uma vacina

309 composta por uma mistura de proteína M ligada à toxina colérica por via nasal e obtiveram

310 indução da resposta específica de anticorpos IgG e IgA no soro e mucosa, respectivamente,

311 porém clinicamente os resultados não foram eficazes, uma vez que os animais não resistiram
29

312 ao desafio com S. equi. NALLY et al. (2001) usaram o peptídeo imunogênico SeMF3

313 juntamente com sucrose acetato isobutirato (SAIB) como veículo para administração nasal em

314 cavalos. Os resultados mostraram que o peptídeo administrado sozinho gerou pouca resposta

315 imune de mucosa e nenhuma sistêmica, já com a utilização do veículo houve uma melhora na

316 resposta imune.

317 Uma mutação específica do gene da hialuronidase sintetase inibiu a síntese da cápsula

318 de ácido hialurônico, promovendo a atenuação da cepa Pinnacle usada como vacina intranasal

319 (Fort Dodge Animal Health, USA). Foi ainda capaz de fornecer um marcador genético

320 facilmente reconhecível por PCR, possibilitando assim diferenciar os animais infectados dos

321 vacinados (WALKER & TIMONEY, 2002).

322 Além da SeM muitas outras proteínas de S. equi estão sendo avaliadas e alguns

323 trabalhos mostram resultados promissores. FLOCK et al. (2004) desenvolveram uma vacina

324 recombinante composta por partes das proteínas FNZ, SFS e EAG, proteína ligante de α2

325 macroglobulina, albumina e imunoglobulina G, respectivamente. A vacina produzida foi

326 avaliada em camundongos e a resposta de anticorpos contra esses antígenos foi estudada em

327 cavalos convalescentes, sem histórico de adenite e cavalos experimentalmente imunizados. Os

328 cavalos com histórico recente de adenite tiveram níveis elevados de anticorpos contra esses

329 antígenos em relação aos que não tinham histórico da doença. Os animais vacinados

330 mostraram níveis satisfatórios de IgA e IgG quando administradas pelas vias nasal e

331 subcutânea, além de apresentar um efeito sinérgico quando utilizadas em conjunto. Outra

332 vacina composta pelos antígenos recombinantes EAG, SclC e CNE (Trivacc) foi testada em

333 pôneis, demonstrando proteção parcial contra desafio com S. equi. A quantidade de secreção

334 nasal, o número de bactérias recuperadas em lavagens nasais e de material de abcesso

335 apresentaram redução significativa entre o grupo vacinado e o grupo controle (WALLER et

336 al., 2007).


30

337 Duas IgG endopeptidases, IdeE e IdeE2, foram utilizadas para imunizar camundongos

338 por via nasal. IdeE2 foi capaz de reduzir significativamente, em infecção experimental, o

339 crescimento de S. equi e também a perda de peso nos animais, tornando-a um antígeno

340 promissor para o desenvolvimento de vacinas (HULTING, 2009).

341 Sabe-se que a utilização de sistemas experimentais podem não reproduzir um caso real

342 de infecção, no entanto trabalhos mostram que antígenos capazes de proteger camundongos

343 foram também capazes de proteger cavalos submetidos à infecção experimental (WALLER et

344 al., 2007). GUSS et al. (2009) testaram sete antígenos recombinantes (Septavacc), escolhidos

345 a partir de resultados preliminares obtidos em modelos experimentais, onde 5 destes antígenos

346 são parte da superfície de S. equi e já mencionados anteriormente (EAG, CNE, SclC e

347 proteínas com características de proteínas de superfície codificadas pelos genes: SEQ0256 e

348 SEQ0402) e duas IgG endopeptidases (IdeE e IdeE2). Os resultados obtidos neste trabalho

349 mostraram uma proteção de 85%, sendo que apenas um dos animais vacinados com Septavacc

350 apresentou formação de abcessos.

351 A caracterização da Se18.9 produzida por S. equi, mostrou que é imunorreativa com

352 soro de animal convalescente e IgA de mucosa. Essa carcterística confere a Se18.9 potencial

353 para imunodiagnóstico e estudo da resposta imune de mucosa contra S. equi ( TIWARI et al.,

354 2007).

355

356 4- Conclusão

357 O estudo e a caracterização dos fatores que contribuem para a virulência de

358 Streptococcus equi subsp. equi podem auxiliar o desenvovimento de vacinas e métodos

359 diagnósticos mais eficientes, melhorando o controle da Adenite Equina e consequentemente

360 diminuindo os gastos para o produtor.

361
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551

552
3. Trabalho 2
40

Avaliação da imunogenicidade de proteína M recombinante de Streptococcus


equi subsp. equi co-administrada com a subunidade B recombinante da
enterotoxina termolábil de Escherichia coli

MACIEL, L.F., DUMMER, L.A., STURBELE, R.T., ROSA, M.C., MAGALHÃES, C.,
MORAES, C., LEITE, F.P.L., CONCEIÇÃO, F.R*

Centro de Desenvolvimento Tecnológico - Biotecnologia, Universidade Federal de


Pelotas, CP 354, 96010900, Pelotas, RS, Brazil.
*Autor para correspondência: [email protected]

RESUMO

A Adenite Equina é uma doença infecciosa que pode acometer animais de todas as
idades, causando perdas econômicas importantes na equinocultura. O objetivo deste
trabalho foi desenvolver uma vacina composta de proteína M recombinante de
Streptococcus equi subsp. equi (rSeM) co-administrada com a subunidade B
recombinante da enterotoxina térmolábil de Escherichia coli (rLTB) e avaliar a sua
inocuidade e imunogenicidade em camundongos e cavalos. Foram utilizados 72
camundongos Balb/c fêmeas divididos em 8 grupos e 18 cavalos divididos em 6
grupos. Ambas as espécies foram inoculadas por via intramuscular ou intranasal
com diferentes tratamentos contendo rSeM, rLTB e/ ou AI(OH)3. Os resultados
obtidos tanto na avaliação dos camundongos quanto dos cavalos mostraram que a
rSeM foi inócua e imunogênica por si só, aumentando os níveis de imunoglobulinas
(Igs) séricas e secretórias específicas sem a necessidade de adição de qualquer
adjuvante imunológico. Os adjuvantes rLTB e Al(OH)3 não foram capazes de
incrementar significativamente os títulos de Igs séricas totais anti-rSeM em
camundongos, enquanto em cavalos o tratamento rSeM + rLTB (IM) promoveu um
aumento significativo no título sérico de IgG anti-rSeM. jInteressantemente, em
cavalos, o tratamento rSeM + Al(OH) 3 (IM) estimulou níveis significativos de IgA
secretora anti-rSeM no trato respiratório superior. A vacina composta por rSeM co-
administrada com rLTB pode ser uma ferramenta útil no controle da Adenite Equina.

Palavras-chave: Adenite Equina, Garrotilho, vacina, rSeM, rLTB.


41

Immunogenicity evaluation of the recombinant M protein from Streptococcus


equi subsp. equi co-administered with the recombinant Heat-labile enterotoxin
B subunit from Escherichia coli

ABSTRACT

The equine adenitis is an infectious disease which affects horses from all ages and
causes important economic losses in the equine related business. The aim of this
research was the development of a vaccine composed by the recombinant M protein
from Streptococcus equi subsp. equi (rSeM) co-administered with the recombinant Heat-
labile enterotoxin B subunit from Escherichia coli (rLTB), and evaluates its innocuity and
immunogenicity in both mice and horses. A total of 72 female BALB/c were divided
into eight groups and 18 horses into six groups. Both species were inoculated by
intramuscular (IM) or intranasal (IN) routes with different treatments containing rSeM,
rLTB and/or AI(OH)3. The results obtained in the evaluation of mice and horses
showed that the rSeM alone, without the addition of any immunological adjuvant, was
innocuous and immunogenic, resulting in an increase in the titers of both specific
secretory and seric immunoglobulin. The immunological adjuvant rLTB and Al(OH) 3
were not capable to increase significantly the titers of anti-rSeM antibodies in mice.
However, in horses treated with rSeM + rLTB (IM), a significant increase in the titers
of seric anti-rSeM IgG was observed. Interestingly, horses inoculated with rSeM +
Al(OH)3 (IM) showed a significant increase in the titers of secretory anti-rSeM IgA in
the upper respiratory tract. Thus, the vaccine composed by rSeM co-administered
with rLTB could be a useful tool in the equine distemper control.

Keywords: Equine Adenitis, Strangle, vaccine, SeM, LTB.


42

1. INTRODUÇÃO

O agronegócio do cavalo ocupa atualmente importante posição no cenário


nacional, principalmente nos setores ligados ao lazer, cultura e turismo, sendo
responsável pela geração de 3,2 milhões de empregos de empregos diretos e
indiretos (MAPA, 2011). Contrapondo a realidade de crescimento do setor, a
ocorrência de doenças infecciosas gera perdas econômicas significativas aos
criadores quando, torna-se necessário a interrupção do treinamento dos animais.
A Adenite Equina é uma doença contagiosa que afeta o trato respiratório
superior dos equinos e é causada por Streptococcus equi subsp. equi, bactéria Gram-
positiva, β-hemolítica e pertencente ao grupo C de Lancefield (TIMONEY, 2004). A
enfermidade pode acometer equídeos de todas as idades, embora seja mais
frequente em animais com menos de cinco anos de idade e, especialmente, em
potros (AINSWORTH; BILLER, 2000). É uma das doenças mais prevalentes entre os
equinos, apresentando baixa letalidade, porém, alta morbidade, o que tem grande
relevância no que diz respeito a locais com grandes concentrações de equinos
(SWEENEY et al., 2005).
S. equi subsp. equi produz uma variedade de fatores de virulência que auxiliam

na patogenia, tais como cápsula de ácido hialurônico, hialuronidase, estreptolisina,


estreptoquinase, receptores para Fc de IgG, endopeptidases, proteína M
antifagocítica (SeM), além de outras proteínas extracelulares que auxiliam na
aderência às células-alvo, sendo esta capacidade de se ligar à célula hospedeira um
passo essencial no estabelecimento da doença (TIMONEY, 2004). A resposta imune
induzida na doença espontânea é dirigida principalmente contra a SeM, tornando-a
um antígeno de eleição para o desenvolvimento de vacinas mais eficientes
(SHEORAN et al., 1997). Dentre a variedade de vacinas utilizadas para previnir a
Adenite Equina, há bacterinas que contém extratos da bactéria inativados e vacinas
de subunidade que contém proteína M ou frações desta (WALLER; JOLLEY, 2007;
MORAES et al., 2009), porém são pouco eficientes, reduzindo em 50% a severidade
da doença (MORAES, 2005; WALLER; JOLLEY, 2007). Moraes (2008) demonstrou
que a expressão heteróloga da SeM resultou em uma proteína recombinante
antigênica e imunogênica e que foi capaz de induzir proteção em camundongos
desafiados com uma cepa virulenta de S. equi.
43

Como a infecção pelo agente ocorre através da mucosa respiratória, uma


adequada estimulação do sistema imune associado à mucosa seria estratégica, e
para que isso ocorra, os antígenos devem ser administrados localmente. No entanto,
antígenos aplicados dessa forma geralmente não são imunogênicos levando à
tolerância imunológica (MCGHEE, 1992). A utilização de adjuvantes capazes de
induzir imunidade de mucosa é uma alternativa a tolerância imunológica. Estudos
recentes mostram resultados positivos em relação ao uso da subunidade B da
enterotoxina termolábil de Escherichia coli (LTB) como um adjuvante imunológico
(BRUM et al., 2008; DA HORA et al., 2011).
Desta forma, este estudo teve por objetivo desenvolver uma vacina
composta de proteína M recombinante de S. equi subsp. equi (rSeM) co-administrada
com a subunidade B recombinante da enterotoxina termolábil de E. coli (rLTB) e
avaliar a sua inocuidade e imunogenicidade em camundongos e cavalos.

2. MATERIAl E MÉTODOS

2.1 Cultivo do S. equi e extração do DNA cromossomal


Uma cepa de S. equi isolada de um cavalo com garrotilho foi cultivada em
meio infuso de cérebro-coração (BHI) acrescido de 1% de peptona a 37ºC por 18h a
150 rpm. Após foi realizada extração do DNA cromossomal através do método
descrito por Sambrook & Russell (2001).

2.2 Clonagem, expressão e purificação das proteínas recombinantes


A sequência codificadora do antígeno SeM de S. equi, depositada no
GenBank sob número de acesso U73162 foi amplificada por PCR. A digestão do
inserto e do vetor de expressão (pAE) foi realizada com as enzimas de restrição
KpnI e BamHI. O processo de clonagem foi feito de acordo com Sambrook & Russell
(2001) e a seleção dos transformantes realizada em meio Luria-Bertani, acrescido
de 100g/mL de ampicilina. Os clones recombinantes contendo o inserto de
interesse foram selecionados por “Microprep”, conforme descrito por JOUGLARD et
al. (2005).
Células de E. coli BL21 (DE3) Star foram transformadas com os vetores
recombinantes (pAE-SeM) por choque térmico. A expresão da SeM recombinante foi
feita utilizando 0,3mM de IPTG , e levado ao agitador, por 3h a 37ºC. Os cultivos
44

foram centrifugados a 10.000 x g por 20min e os pellets resultantes ressuspendidos


em tampão Tris-NaCl pH 8.0 e submetidos à SDS-PAGE e Western blot para
verificar a expressão da proteína de interesse. Para expressão da LTB recombinante
usou-se o vetor pAE-ltb (CONCEIÇÃO et al., 2003). A indução foi realizada
conforme descrito anteriormente, com a utilização de IPTG 0,3mM. As células foram
centrifugadas a 10.000 x g por 20min, ressuspendidas em PBS pH 7.4 e submetidas
a sonicação. Após a lise, os corpos de inclusão foram lavados 6 vezes com PBS (pH
7.4), este processo foi adotado tanto para rSeM quanto para rLTB. Para
solubilização, os corpos de inclusão da rSeM foram ressuspendidos em tampão
contendo N-Lauryl sarcosine (100mM Tris, 200mM NaCl, 0,2% de N-Lauryl
Sarcosine, pH 8.0) e incubados a 4ºC sob agitação de 150rpm por 48h. Para a
solubilização dos corpos de inclusão da rLTB utilizou-se tampão contendo uréia
(100mM Tris, 200mM NaCl, 6M de uréia, pH 8.0) e incubou-se a 4ºC sob agitação
por 24h. Após esse período as amostras foram novamente centrifugados a 10.000 x
g por 20min e o sobrenadante coletado. As proteínas recombinantes foram
dialisadas em membrana de celulose para diálise (Sigma-Aldrich, Brasil) contra o
mesmo tampão utilizado na solubilização, porém sem agente desnaturante. Ao final
do processo as proteínas foram concentradas com polietilenoglicol (PEG) e
quantificadas de acordo com o método de Bradford (1976).

2.3 Caracterização por SDS-PAGE e Western blot


A identificação dos clones recombinantes e caracterização das proteínas foi
realizado após as amostras serem fervidas por 10min e separadas em SDS-PAGE
12%. Após a eletrotransferência para membrana de nitrocelulose 0,45µm (Hybond-C
Extra, GE Healthcare, Brasil), foi realizado o bloqueio com solução de leite
desnatado a 5% por 1h. Após 3 lavagens com PBS, acrescido de 0,5% de Tween 20
(PBS-T), a membrana foi incubada com anticorpo monoclonal (MAb) anti-6xHis
(Sigma-Aldrich, Brasil) na diluição 1:10.000, durante 1h a temperatura ambiente.
Após o período de incubação foram realizadas novas lavagens com PBS-T e
adicionou-se o anticorpo secundário anti-IgG de camundongo conjugado a
peroxidase (Sigma-Aldrich, Brasil) na diluição 1:6000 por 1h. Por fim, foi adicionada
solução cromógena (9mL de Tris-HCl 50mM, 1mL de sulfato de níquel 0.3%, 10μL
de peróxido de hidrogênio e 6mg 3.3-diaminobenzidine tetrahydrochloride). A reação
foi interrompida após lavagens com água destilada.
45

2.4 Testes para conservação de rSeM


Para testar a forma mais adequada de conservação da rSeM foram
realizados testes com diferentes condições. Alíquotas de 500µl contendo solução de
rSeM foram separadas, onde: 1- manteve-se estocada a 4ºC com adição de PMSF
1mM, 2- sob congelamento, 3- com adição de 4% de glicerol e estocada a 4ºC, 4-
adição de PMSF a 1mM sob congelamento, 5- adição de PMSF 1 mM e glicerol 4%
sob congelamento, 6- liofilização do material (para liofilização foram adicionados
PMSF 1mM e glicerol 4%) e 7- estocada a 4ºC sem nenhum tratamento. Amostras
da proteína, após quinze dias de conservação, foram submetidas à eletroforese em
gel SDS-PAGE 12%.

2.5 Imunização dos camundongos


Para avaliar a resposta imune foram utilizados 72 camundongos Balb/c
fêmeas de 6-8 semanas, fornecidos pelo Biotério Central da UFPel e divididos em 8
grupos descritos na tabela 1. Foram inoculadas três doses de 100µl, diluídas em
solução salina, nos dias 0, 14 e 21 do experimento. Amostras de soro foram
coletadas por punção do seio venoso retro-ocular nos dias 0, 7, 14, 21 e 42 pós-
imunização. Os animais foram mantidos e manuseados de acordo com os requisitos
legais previstos na Lei Nacional de Proteção aos Animais de Experimentação.
46

Tabela 1 - Tratamentos e doses para imunização de camundongos.

Grupo Via de Tratamento Dose (n)**


administração*

1 IM rSeM + Al(OH)3 25 µg + 10% 7


2 IM rSeM + rLTB 25 µg + 10 µg 7
3 IM rSeM + rLTB + Al(OH)3 25 µg + 10 µg + 10% 7
4 IM rLTB + Al(OH)3 10 µg + 10% 7
5 IM rSeM 25 µg 7
6 IN rSeM 25 µg 15
7 IN rSeM + rLTB 25 µg + 10 µg 13
8 IN rLTB 10 µg 9
*Via intramuscular (IM) e via intranasal (IN). **n= número de animais por grupo

2.6 Avaliação da resposta imune humoral em camundongos


A avaliação da cinética de imunoglobulinas séricas específicas
bem como a titulação (dia 42) foram realizadas mediante ELISA indireto utilizando
como antígeno rSeM. Resumidamente, placas de poliestireno, com 96 cavidades,
foram sensibilizadas com 100µl do antígeno (12µg/mL), diluído em tampão
carbonato-bicarbonato pH 9,6 e mantidas a 4ºC durante a noite. Posteriormente, as
placas foram lavadas 3 vezes com PBS-T. Inicialmente os soros foram diluídos
1:100 em PBS-T e, posteriormente, para titulação, foram utilizadas diluições de
1:200 até 1:145.800 para os grupos IM e de 1:40 até 1:320 para os grupos IN. Os
soros em teste foram incubados a 37ºC por 1,5h. Soro anti-IgG total de camundongo
conjugado a peroxidase (Sigma-Aldrich, Brasil) foi acrescentado na diluição 1:4000 e
incubado a 37ºC por 90 min. A reação foi revelada usando uma solução de orto fenil
diamina (3,4mg em 10mL de tampão fosfato citrato) à qual foram adicionados 5µL de
água oxigenada 30vol. A leitura da densidade ótica foi feita a 450nm em leitor de
ELISA MR 700 (Dynatech Labs. Inc. Chantilly, VA, USA), 15min após adição do
revelador. O título de anticorpos foi determinado como a recíproca da maior diluição
com DO igual ou superior a do Cut-off (DO média do soro pré-imune acrescida de 2
desvios padrões).
47

2.7 Imunização dos cavalos


Antes da realização do experimento foi feito teste de inocuidade em 6
equinos cedidos pelo Hospital de Clínica Veterinária da UFPel. Foram elaboradas
vacinas contendo 100µg de rSeM e 10% de Al(OH)3. As doses com volume de 3mL
foram aplicadas por via intramuscular e subcutânea. Os animais foram avaliados
clinicamente por 15 dias e não apresentaram nenhuma reação à vacina contendo
rSeM.
Para o experimento foram imunizados cavalos provenientes de uma
propriedade particular, localizada no município de Canguçu (RS), com idades entre 7
meses a 13 anos, nos dias 0 e 28 por via intramuscular ou intranasal, conforme
tabela 2. O volume das doses foi de 3mL para a via Intramuscular e 1mL para a via
Intranasal (aplicada em spray) ambas diluídas em solução salina. O sangue foi
coletado por punção da veia jugular nos dias 0, 28 e 42. Foram coletados swabs
nasais e da língua para quantificação de IgA secretora e o material armazenado em
solução de 5mM de EDTA, 1mM PMSF, 0,5% de gelatina, 0,05% de Tween 80 e
0,05% de NaN3 diluído em PBS.

Tabela 2 - Tratamentos e doses para imunização dos cavalos.

Grupo Via de Tratamento Dose (n)**


administração*

1 IM e IN PBS 2 mL 4
2 IN rSeM 100 µg 3
3 IM rSeM 100 µg 2
4 IN rSeM + rLTB 100 µg + 50 µg 2
5 IM rSeM + rLTB 100 µg + 50 µg 4
6 IM rSeM + Al(OH)3 100 µg + 15% 3
*Via intramuscular (IM) e via intranasal (IN). **n= número de animais por grupo.

2.8 Avaliação da resposta imune humoral em cavalos


A presença de anticorpos anti-rSeM em cavalos foi quantificada através de
ELISA indireto. As placas de poliestireno, com 96 cavidades, foram sensibilizadas
com 100µl de rSeM (6µg/mL), diluído em tampão carbonato-bicarbonato pH 9,6 e
mantidas a 4ºC durante a noite. Posteriormente, foi adicionado solução de bloqueio
48

(leite desnatado 5%) e as placas incubadas a 37ºC por 1h. Para a titulação de
anticorpos, foram feitas diluições de 1:1000 até 1:16.000. Soro anti-IgG de cavalo
conjugado a peroxidase (SIGMA- Aldrich, Brasil) foi acrescentado na diluição 1:6000
por 90 min a 37ºC. A reação foi revelada usando uma solução de orto fenil diamina
(3,4mg em 10mL de tampão citrato) à qual foram adicionados 5µL de água
oxigenada 30vol. A leitura da densidade ótica foi feita a 450nm em leitor de ELISA
MR 700 (Dynatech Labs. Inc. Chantilly, VA, USA), 15min após adição do revelador.
Para avaliação de IgA secretora anti-rSeM, o material coletado dos swabs foi
aplicado diretamente na placa de poliestireno previamente sensibilizada com rSeM,
e incubado a temperatura ambiente durante a noite. Após, acrescentou-se anti-IgA
de cavalo conjugado a peroxidase (Bethyl laboratories, USA), na diluição 1:2000 por
2h a 37ºC. A leitura da densidade ótica foi feita a 450nm em leitor de ELISA MR 700
(Dynatech Labs. Inc. Chantilly, VA, USA)), 15min após adição de solução
reveladora. O mesmo critério para a determinação do título de Igs em camundongos
foi utilizado em cavalos.

2.9 Análise estatística


Para determinar as diferenças significativas (p < 0,05) entre as médias
aritméticas foi utilizado o teste T Student.

3. Resultados

3.1 Clonagem, expressão e caracterização das proteínas recombinantes


A seqüência de 1600pb correspondente a região codificadora do gene da
proteína M foi amplificada por PCR e visualizada através de eletroforese em gel de
agarose 0,8% (Fig. 1).
49

Figura1 - Eletroforese em gel de agarose 0,8% demonstrando a amplificação do


SeM. 1- marcador λ HindIII; 4-8- região codificadora do gene SeM
amplificada.

A Fig. 2 mostra o resultado da triagem das colônias recombinantes após o


processo de clonagem, onde foi possível observar em gel de agarose 0,8% a
diferença de tamanho entre os plasmídeos recombinantes e não recombinantes.
Obteve-se 3 clones recombinantes.

Figura 2 - Eletroforese em gel de agarose 0,8% para seleção dos clones


recombinentes. 1- marcador λ HindIII; 2- pAE (controle); 4, 6 e 7- clones
recombinantes; 3, 5, 8-14- clones não recombinantes.

Após a seleção dos clones recombinantes, estes foram testados para


verificar a expressão da proteína de interesse. A Fig. 3 mostra a expressão da
proteína recombinante por apenas um dos clones selecionados.
50

Figura 3 - SDS-PAGE 12% para análise da expressão em pequena escala dos


clones recombinantes. 1- Controle positivo (Toxina α de Clostridium
perfringens); 2- Cultivo de Star (Controle); 3-5- Teste de expressão dos
clones recombinantes.

As proteínas rSeM de 58 kDa (Fig. 4) e rLTB de 14 kDa (CONCEIÇÃO et al.,


2003) foram reconhecidas pelo MAb anti-6xHis na análise de Western blot.

Figura 4 - Western blot com MAb anti-6xhis para caracterização das proteínas
recombinantes. 1- Controle positivo (LipL32); 2- Extrato de E. coli BL21
DE3 Star (controle); 3- rLTB; 4- rSeM; 5- Marcador de massa molecular.
51

3.2 Teste para a conservação da rSeM


No processo de armazenamento da rSeM, observou-se que esta sofre
degradação sendo armazenada sob congelamento. Buscando minimizar este
problema separou-se alíquotas de rSeM que foram armazenadas sob diferentes
condições (Fig. 5). Para continuação do trabalho optou-se por adotar o método de
liofilização da proteína, embora as condições rSeM e PMSF congelada; rSeM, PMSF
e glicerol congelada também tenham sido eficientes para conservar a proteína.

Figura 5 - SDS-PAGE 12% para análise da conservação da rSeM. 1- Extrato de E.


coli BL21 DE3 Star (controle); 2- rSeM e PMSF 4ºC; 3- rSeM
congelada; 4- rSeM e glicerol a 4ºC; 5- rSeM e PMSF congelada; 6-
rSeM, PMSF e glicerol congelada; 7- rSeM liofilizada; 8- rSeM 4ºC.

3.3 Resposta imune humoral em camundongos


Os níveis de anticorpos de camundongos inoculados por via intramuscular
com diferentes tratamentos contendo rSeM são apresentados na Fig. 6. Houve um
aumento significativo (p < 0,05) nos níveis de Igs séricas anti-rSeM induzidos pelos
tratamentos em relação ao grupo controle (rLTB + Al(OH) 3), entretanto, entre os
demais grupos não houve diferença estatística significativa. Observa-se ainda que
uma dose das vacinas contendo rSeM foi capaz de gerar elevados níveis de
anticorpos anti-rSeM, mostrando que este antígeno apresenta boa imunogenicidade.
Não houve efeito “boost” com as doses posteriores, uma vez que os níveis de
anticorpos não aumentaram de forma significativa no decorrer do tempo.
52

Interessantemente, a rSeM por si só estimulou elevados níveis de Igs totais anti-


rSeM.

Figura 6 - Cinética dos níveis médios de imunoglobulinas totais séricas anti-rSeM de


camundongos inoculados por via intramuscular com diferentes tratamentos contendo
rSeM. As setas presentes no gráfico indicam os dias de imunização.* p < 0,05 em
relação ao grupo controle (rLTB + Al(OH) 3).

O título médio de Igs totais séricas anti-rSeM no dia 42 é mostrado na Fig. 7.


Todos os tratamentos contendo rSeM induziram elevados títulos de Igs totais anti-
rSeM (p < 0,05 em relação ao grupo controle). O grupo rSeM + rLTB apresentou o
maior título médio de Igs totais anti-rSeM, porém a diferença com os demais grupos
também imunizados com rSeM não foi significativa.
53

A
A
A

Figura 7 - Título médio de Igs totais séricas anti-rSeM de camundongos inoculados


por via intramuscular com diferentes vacinas contendo rSeM. Letras
diferentes p < 0,05.

Os tratamentos contendo rSeM aplicados nos camundongos por via


intranasal (Fig. 8) mostraram que foi necessário três doses de vacina para induzir
níveis significativos de anticorpos, embora pode-se observar que o tratamento rSeM
foi capaz de aumentar o nível de anticorpos já com duas doses. O aumento gerado
por rSeM foi significativo em relação ao controle rLTB (p < 0,05).
54

AB

Figura 8 - Cinética dos níveis médios de imunoglobulinas totais séricas anti-rSeM de


camundongos inoculados por via intranasal com diferentes vacinas
contendo rSeM. As setas no gráfico indicam os dias de vacinação. Letras
diferentes p < 0,05.

A titulação de anticorpos anti-rSeM de camundongos inoculados por via


intranasal é apresentada na Figura 9. Novamente, a rSeM mostrou-se imunogênica
por via intranasal mesmo sem adição de adjuvante e da mesma forma que os
resultados obtidos por via intramuscular, a rLTB não incrementou de forma
significativa o título de anticorpos.
A

Figura 9 - Título médio de Igs totais séricas anti-rSeM de camundongos inoculados


por via intranasal com diferentes vacinas contendo rSeM. Letras diferentes
p < 0,05.
55

3.4 Resposta imune humoral em cavalos


O título médio de IgG sérica anti-rSeM em cavalos é apresentado na Fig. 10.
Nota-se que no grupo imunizado com rSeM + rLTB (IM) o título sérico de IgG foi
incrementado significativamente (p < 0,05) comparando o período pré e pós-
imunização. Apesar das outras vacinas também terem aumentado o título de IgG
sérica anti-rSeM, este não foi significativo. No entanto, estes resultados são
animadores, uma vez que vários animais pertencentes a estes grupos, no mínimo
duplicaram os títulos de IgG sérica anti-rSeM quando comparado ao título pré-
imunização. Houve cavalos que incrementaram 4,8 vezes o título de IgG sérica anti-
rSeM.

10000

9000

8000 *
7000

6000
Pré- imunização
5000
Pós- imunização
4000

3000

2000

1000

0
controle (PBS) rSeM (I.N.) rSeM + rLTB (I.N.) rSeM (I.M.) rSeM + rLTB (I.M.) rSeM + Al(OH)3 (I.M.)

Figura 10 - Título médio de IgG sérica anti-rSeM de cavalos inoculados com


diferentes vacinas contendo rSeM.* p < 0,05 comparando pré e pós
imunização.

Além da avaliação do título médio de IgG sérica, avaliou-se também os


níveis de IgA secretora anti-rSeM no trato respiratório superior dos animais
inoculados com os diferentes tratamentos (Fig. 11). O grupo imunizado com rSeM +
Al(OH)3 (IM) incrementou significativamente (p < 0,05) o nível de IgA secretora anti-
rSeM no trato respiratório superior. Os demais tratamentos não foram capazes de
incrementar os níveis de IgA. IgA secretora anti-rSeM não foram detectadas nas
amostras de saliva (dados não mostrados).
56

Figura 11 - Níveis médios de IgA secretora anti-rSeM no trato respiratório superior


de cavalos inoculados com diferentes vacinas contendo rSeM. *p < 0,05
comparando pré e pós imunização.

4. Discussão
A Adenite Equina é uma das enfermidades mais relevantes dentre aquelas
que acometem o trato respiratório superior dos equinos e, com isso, a busca por
vacinas mais eficientes é de extrema importância. Neste trabalho, avaliou-se o
potencial de uma vacina recombinante contra a Adenite Equina utilizando como
antígeno vacinal a proteína M de Streptococcus equi subsp. equi co-administrada com a
subunidade B da enterotoxina termolábil de Escherichia coli, ambas produzidas em
sistema de expressão heterólogo (E. coli). A vacina composta por rSeM co-
administrada com rLTB mostrou-se inócua para camundongos e cavalos e foi capaz
de gerar um elevado título de Igs séricas anti-rSeM em ambas espécies.
Para avaliação da resposta imune foi utilizado apenas a SeM recombinante
como antígeno, pois esta demonstrou resultados satisfatórios quando utilizada em
diagnóstico por ELISA, reagindo com o soro de animais doentes, convalescentes e
vacinados com bacterina, o que demonstrou que os anticorpos estimulados pela
SeM nativa foram capazes de reconhecer a rSeM, com 100% de sensibilidade e
especificidade (MORAES, 2008). Este mesmo autor demonstrou ainda que a rSeM
foi capaz de proteger camundongos em desafio letal com cepa virulenta de S. equi.
Os resultados obtidos no experimento com camundongos mostraram que os
tratamentos contendo rSeM promoveram um aumento no nível de imunoglobulinas
totais séricas anti-rSeM, tanto por via IM como por via IN, e que mesmo sem adição
de adjuvante, a rSeM foi capaz de elevar os níveis de anticorpos, sugerindo que esta
versão da SeM é altamente imunogênica, corroborando com os resultados já
demonstrados por Moraes (2008).
57

Na avaliação da resposta imune em cavalos, a rLTB incrementou de forma


siginificativa o título sérico de IgG anti-rSeM pós-imunização no grupo vacinado com
rSeM + rLTB (IM), o que torna estes resultados encorajadores. No entanto, esse
comportamento não foi observado nos demais tratamentos utilizados. Apesar de a
rSeM ser fortemente imunogênica, alguns autores demonstraram resultados
promissores em camundongos, porém, não conseguiram níveis significativos de
proteção quando testada em cavalos, apesar de gerar anticorpos reativos anti-SeM
(MEEHAN, et al. 1998; SHEORAN; ARTIUSHIN, 2002). Buscando vacinas mais
eficazes, alguns estudos têm avaliado a utilização de outras proteínas de superfície
usadas em combinação. Waller et al. (2007) conseguiram proteger parcialmente
pôneis com uma vacina composta por partes dos antígenos recombinantes EAG,
CNE and SclC. Flock et al. (2004) avaliaram uma vacina recombinante composta por
FNZ, SFS e EAG, obtendo bons resultados de IgA e IgG. Em 2006, os mesmos
autores avaliaram três novos antígenos, SclC, CNE e FNEB, demonstrando que a
vacinação com CNE e SclC protegeu, enquanto que com FNEB não houve proteção.
Eles também estudaram o efeito sinérgico de EAG, que em resultados anteriores
mostrou-se eficiente, e obtiveram resultados promissores quando co-administrada
com CNE. Florindo et al. (2009) testaram a resposta imune desenvolvida com
nanoesferas adsorvidas ou encapsuladas com uma mistura de proteínas extraídas
da parede bacteriana de S. equi e obtiveram bons resultados, sugerindo não ser
necessária a utilização de outros adjuvantes para alcançar uma resposta imune
equilibrada. A ativação eficiente do sistema imune de mucosa é de extrema
importância para combater patógenos que invadem o hospedeiro por esta via, com
isso a necessidade de melhorar a eficácia das vacinas existentes é suplementada
pela utilização de substâncias adjuvantes que sejam capazes de estimular resposta
nesta porta de entrada. Tem recebido destaque a subunidade B da enterotoxina
termolábil de E. coli, que tem a sua propriedade adjuvante associada a capacidade de
se ligar ao gangliosídeo GM1 (DE HAAN et al., 1998). Vários trabalhos
demonstraram sua atividade adjuvante uma vez que é capaz de aumentar a
resposta imune humoral e celular antígeno-específicas (FINGERUT et al., 2005;
ROCHA et al., 2008; FISCHER et al., 2010). Fingerut et al. (2006) demonstraram
que a co-administração da LTB com a proteína recombinante Knob, em galinhas,
apresentou boa resposta por via oral e transcutânea, porém não quando
administrada por via intramuscular. Os resultados aqui obtidos demonstraram que a
58

rLTB incrementou de forma significativa o título de IgG sérica anti-rSeM no grupo de


equinos vacinados com rSeM + rLTB por via intramuscular. Fischer et al. (2010)
avaliaram o efeito adjuvante da rLTB por diferentes via parenterais (IM e SC) e
demonstraram que em camundongos a via intramuscular foi mais eficiente. O fato da
rLTB não ter aumentado de forma significativa o título de anticorpos nos demais
tratamentos em cavalos pode estar relacionado a utilização de uma dose baixa, ao
número de doses e ao número de animais avaliados, porém esses aspectos devem
continuar sendo explorados em estudos futuros, buscando resultados mais
consistentes.
A IgA secretora é o isotipo de imunoglobulina predominante em mucosas e
desempenha um papel na defesa contra infecções bacterianas e virais bloqueando a
entrada do patógeno ou modulando respostas pró-inflamatórias (RODRIGUEZ et al.,
2005). A avaliação dos níveis de IgA secretora em material coletado do trato
respiratório superior de cavalos mostrou um aumento significativo apenas no grupo
imunizado com rSeM + Al(OH)3 por via IM. O Al(OH)3 forma um depósito de antígeno
no local da inoculação e de onde é liberado lentamente aumentando o tempo de
duração do antígeno com o sistema imune e é amplamente empregado em vacinas
por via parenteral. A geração de anticorpos de mucosa por vacinação parenteral é
muito difícil devido à distinção anatômica e funcional dos sistemas imunitários de
mucosa e sistêmico, resultante da compartimentalização da resposta imune
(PETROVSKY; AGUILAR, 2004; KAUFMAN, et al., 2008). Apesar dos dados obtidos
demonstrarem aumento de IgA secretora na inoculação via intramuscular, futuros
estudos deverão ser realizados para uma melhor compreensão destes resultados.
Os resultados obtidos neste trabalho demonstram viabilidade do uso da
rSeM como antígeno vacinal e da rLTB como adjuvante imunológico. Porém mais
estudos devem ser realizados, em relação a concentração da dose do antígeno e
número de doses, assim como avaliação da capacidade destas vacinas de proteger
animais a campo.
59

5. Referências Bibliográficas

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62

4. CONCLUSÕES

- A rSeM foi inócua e imunogênica para cavalos e camundongos;

- A rSeM induziu por si só elevados títulos de Igs totais anti-rSeM em


camundongos imunizados por via intramuscular;

- A rLTB incrementou significativamente o título de IgG sérica anti-rSeM em


cavalos imunizados por via intramuscular;

- O adjuvante Al(OH) 3 aumentou o nível de IgA secretora anti-rSeM no trato


respiratório superior de cavalos.
63

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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