Dissertacao Liana Flores Maciel
Dissertacao Liana Flores Maciel
Dissertacao Liana Flores Maciel
Dissertação
Pelotas, 2012
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Pelotas, 2012
Dados de catalogação na fonte:
Ubirajara Buddin Cruz – CRB 10/901
Biblioteca de Ciência & Tecnologia - UFPel
CDD: 636.10896
CDD:
636.10896
Banca examinadora:
Prof. Dr. João Rodrigo Gil de los Santos, Universidade Federal de Pelotas
Aos meus pais, Lisarbe e Jari, por terem acreditado na minha capacidade e
me incentivado sempre, me apoiando nos momentos difíceis, não deixando que eu
desistisse de lutar.
Aos meus irmãos e sobrinhos pelo simples fato de fazerem parte da minha
vida.
Ao Dr. Fábio Pereira Leivas Leite, pelas muitas vezes que auxiliou no
desenvolvimento deste trabalho e por permitir que ele se desenvolvesse em seu
laboratório.
Agradeço a outros amigos e colegas, não menos importantes, mas que são
muitos para serem citados. Vocês também colaboraram para esta conquista.
Muito Obrigada!
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RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE FIGURAS
Figura 3 SDS-PAGE 12% para análise da expressão em pequena escala dos clones
recombinantes............................................................................................................50
Figura 4 Western blot com MAb anti-6xhis para caracterização das proteínas
recombinantes............................................................................................................50
LISTA DE TABELAS
Introdução...................................................................................................................20
Conclusão ..................................................................................................................... 30
Introdução ..................................................................................................................... 42
Resultados .................................................................................................................... 48
Discussão ..................................................................................................................... 56
4. CONCLUSÕES ........................................................................................................ 62
5. REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 63
1. INTRODUÇÃO GERAL
HIPÓTESE:
Proteína M recombinante de S. equi co-administrada com a subunidade
B recombinante da enterotoxina termolábil de E. coli induz resposta imune humoral
em camundongos e cavalos.
OBJETIVO GERAL:
Desenvolver e avaliar uma vacina recombinante para controle da
Adenite Equina composta pelo antígeno rSeM co-administrado com rLTB.
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OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Expressar e purificar rSeM e rLTB;
- Elaborar vacinas com rLTB e rSeM;
- Avaliar a inocuidade e imunogenicidade da vacina em camundongos;
- Avaliar a inocuidade e imunogenicidade da vacina em cavalos.
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11 2. Trabalho 1
12 Artigo a ser submetido à Revista Ciência Rural
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41 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
42 Resumo
43 A Adenite Equina, conhecida como garrotilho, é uma doença contagiosa que afeta o trato
44 respiratório superior dos equinos e é causada pela bactéria β-hemolítica Streptococcus equi
45 subsp. equi. Há vários fatores de virulência descritos para o agente S. equi que auxiliam na
47 maior virulência aos isolados que a produzem fornecendo alta capacidade antifagocítica.
50 bacteriano, lise osmótica irreversível das células entre outras. A proteína M (SeM),
51 importante por ser uma proteína de membrana com capacidade antifagocítica e de aderência,
52 possui aspecto de fímbria projetando-se a partir da parede celular. A SeM está associada ao
56 são importantes para a patogenia do agente. Nesta revisão, o potencial biotecnológico dos
59 ______________________________
60 Centro de Desenvolvimento Tecnológico - Biotecnologia, Universidade Federal de Pelotas, CP 354, 96010900 Pelotas/RS
66 The equine distemper, also knows as “strangles”, is an upper respiratory infectious disease
67 of horses caused by Streptococcus equi subsp. equi. Several virulence factors of S. equi that
68 helps in the disease pathogenesis are being described. The hyaluronic acid capsule confers a
69 mucoid characteristic to the colonies and increase the virulence to encapsulated isolates,
71 streptokinase are related to the β-hemolysis characteristic and roles like the mucosal
72 penetration and spread of the bacteria trough the tissue, bacterial growth, irreversible osmotic
73 lysis of the cells, and others. The anti-phagocytic M protein (SeM) is an important membrane
74 protein that acts in the adherence of the bacteria, possessing a fimbrial aspect and projecting
75 itself from the cell wall. The SeM is associated to the virulence increase compared to the
77 endopeptidase, pyrogenic exotoxins and extracellular proteins (adesins) which help in the
78 adherence to the target-cells are also important to the agent pathogenicity. In this review the
79 biotechnological potential of the virulence factors from S. equi subsp. equi were discussed.
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88 1- Introdução
91 nos setores ligados ao lazer, cultura e turismo, sendo responsável pela geração de 3,2 milhões
95 infecciosas gera perdas econômicas significativas aos criadores quando, por exemplo, torna -se
97 A Adenite Equina, também conhecida como garrotilho, é uma doença contagiosa que
98 afeta o trato respiratório superior dos equinos e é causada por Streptococcus equi subsp. equi,
100 2004). O termo garrotilho foi estabelecido porque cavalos afetados e não tratados
102 tornavam-se aumentados obstruindo a faringe (SWEENEY, 1993). Esta foi uma das primeiras
103 moléstias equinas descritas, sendo que em 1664, Solleysell descreveu o garrotilho como uma
104 infecção pela qual os cavalos jovens tinham que passar. Convencido da natureza contagiosa
105 da doença, este autor recomendou o isolamento dos animais afetados, enfatizando que a fonte
106 mais comum de infecção consistia de baldes de água compartilhados pelos animais doentes e
107 sadios. Assim, a transmissão da enfermidade pode ocorrer de forma direta tanto por cavalos
108 que estão incubando a doença ou apresentam sinais clínicos quanto por animais que estão se
109 recuperando ou são portadores. A forma indireta da transmissão se dá por meio de fômites,
110 tais como buçais e outros utensílios, e de pastagens, aguadas e estábulos contaminados com
111 secreções (MORAES, 2008). Equídeos de todas as idades podem padecer a doença, embora
21
112 seja mais frequente em animais com menos de cinco anos de idade, especialmente, potros
115 (depressão, inapetência, febre), assim como secreção nasal, inicialmente serosa, que passa a
116 mucopurulenta e a purulenta em alguns dias, tosse produtiva, dor à palpação da região
119 Além do S. equi subsp. equi, também pertecem ao grupo C de Lancefield S. equi
123 S. equi subsp. equi é fenotipicamente relacionado com S. equi subsp. zooepidemicus.
124 Ambos eram considerados até 1984 espécies distintas (FACKLAM, 2002). A fermentação de
125 lactose, sorbitol e trealose é utilizada como critério para a diferenciação dessas espécies, pois
126 S. equi subsp. equi não fermenta nenhum destes carboidratos enquanto que S. equi subsp.
127 zooepidemicus fermenta lactose e sorbitol (KUWAMOTO et al., 2001). No entanto, cepas
128 atípicas de S. equi subsp. equi fermentam açúcares (GRANT et al., 1993), dificultando assim
130 microplaca, como o API 20 STREP (BioMérieux, França) também vêm sendo utilizados
131 como uma alternativa de alto poder discriminatório (MORAES, 2008). Acredita-se que o S.
132 equi subsp. equi possa ter evoluído do ancestral S. equi subsp. zooepidemicus, associado a
133 doenças em equinos e outras espécies animais, incluindo o homem (HOLDEN et al., 2009).
135 S. equi, os métodos moleculares para a caracterização destes vêm conquistando espaço, como
136 o emprego de sequenciamento parcial e análise do gene hsp60 (heat shock protein) utilizado
22
137 para identificação das subespécies do agente (SILVA et al., 2007); a técnica da reação da
139 (WALKER & TIMONEY, 1998); o sequenciamento de regiões intergênicas do gene 16S-23S
141 DNA mediante PCR (RAPD-PCR) (DUARTE et al., 2004); eletroforese em campo pulsado
142 (PFGE) e PCR multiplex com uso de sete a oito pares de primers simultaneamente, onde o
143 tamanho de cada amplicon caracteriza cada espécie de Streptococcus (KAWATA et al.,
144 2004).
145 S. equi subsp. equi produz uma variedade de fatores de virulência que auxiliam na
148 exotoxinas pirogênicas, além de outras proteínas extracelulares que auxiliam na aderência às
150 HARRINGTON (2002) agrupou esses fatores de virulência de acordo com suas funções: I- os
151 que promovem a aderência bacteriana, II- aqueles que contribuem para a evasão do sistema
152 imune e III- os envolvidos na aquisição de nutrientes, porém alguns fatores desempenham
154 específicas. O objetivo desta revisão foi descrever os fatores de virulência de S. equi subsp.
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158 Dentre os fatores de virulência de S. equi, a proteína M (SeM), codificada pelo gene
159 SeM, tem especial importância por ser uma proteína de membrana com capacidade
160 antifagocítica e de aderência, possuindo aspecto de fímbria que se projeta a partir da parede
161 celular. Ela tem sido associada ao aumento da virulência em comparação ao ancestral S.
23
162 zooepidemicus (GALAN & TIMONEY, 1987; TIMONEY, 2004; WALLER & JOLLEY,
163 2007). A presença da proteína SeM em S. equi foi primeiramente sugerida por BAZELY et al.
164 (1949), através da utilização de extratos ácidos oriundos de culturas puras para induzir
166 confirmada por MOORE & BRYANS (1970), WOOLCOCK (1974) e ERICKSON &
167 NORCROSS (1975). Após purificação e caracterização de proteína SeM extraída com auxílio
168 de mutanolisina, GALAN & TIMONEY (1987) demonstraram que a proteína SeM nativa é
169 produzida como um dímero ou trímero, com massa molecular variando de 54 kDa a 58 kDa. É
170 composta por uma região N-terminal variável, repetições centrais conservadas e um domínio
171 C terminal rico em prolina, sendo que dois terços dessa região possui uma estrutura α-hélice
172 superenrolada que compartilha sequências similares com a proteína SzM de S. zooepidemicus
173 (KELLY et al., 2006; WALLER et al., 2011). A região N-terminal não compartilha a mesma
174 estrutura e é única em S. equi (TIMONEY et al., 1997; WALLER et al., 2011).
176 proteína ligante de fibrinogênio (FgBP), a qual ocorre através de resíduos localizados na
177 extremidade N-terminal (MEEHAN et al., 2000). Esta interação esconde os sítios para ligação
178 de C3b na superficie da bactéria, reduzindo assim a taxa de fagocitose, de forma semelhante
180 1994; WALLER et al., 2011). Além disso, a SeM é capaz de se ligar aos fragmentos Fc de
181 IgG, principalmente às subclasses IgG4 e IgG7 na região interdomínio CH2 -CH3 da IgG. Tal
182 ligação ocorre com resíduos localizados na região central entre as repetições A e B da
183 proteína sendo capaz de romper a ativação do complemento mediada por anticorpos sugerindo
184 outro mecanismo pelo qual SeM pode mediar a resistência à fagocitose, comprometendo
185 assim a resposta imune do hospedeiro (MEEHAN et al., 2002; LEWIS et al., 2008; WALLER
187 A cápsula de ácido hialurônico é um polímero de alta massa molecular sendo formado
188 por resíduos de N-acetilglucosamina e ácido glicurônico e é responsável por conferir aspecto
189 mucoso às colônias e maior virulência a isolados que a produzem (TIMONEY, 2004). A sua
191 que fica associado à superfície de neutrófilos para ser digerido e morto posteriormente, e é
192 também essencial para a funcionalidade de proteínas, como a SeM e de proteínas hidrofóbicas
195 proteases sensíveis ao oxigênio e toxinas, tais como estreptolisina S. Sua síntese é controlada
196 pelo operon composto por hialuronidase sintetase (hasA), glicose desidrogenase (hasB) e
197 glicose pirofosforilase (hasC). Deleções em hasA ou hasB acarretam na perda da síntese da
199 2004).
201 hialurônico auxiliando na penetração das mucosas e difusão tecidual, permitindo assim a
202 disseminação do patógeno a partir do local inicial da infecção, uma vez que o ácido
203 hialurônico é componente abundante na maioria dos tecidos conjuntivos (HYNES &
205 Streptococcus dos grupos A, B, C e G (GUNTHER et al., 1996). Uma característica comum
206 em todas as hialorunidases de Streptococcus é a presença de uma fenda que serve para
207 acomodar o substrato. Com a presença desta fenda a enzima assume uma visão de barril
208 composta por α-hélices interna e externamente. A ligação do ácido hialurônico é facilitada
209 pela fenda na região entre as hélices localizada na região mais larga do barril (LI et al., 2000;
210 STERN & JEDRZEJAS, 2006). Esta enzima apresenta quatro domínios, os quais são
211 compostos por um domínio N-terminal com carboidratos de ligação, um espaçador seguido
25
212 por um catalisador e um domínio C-terminal. A enzima está ancorada à superfície da bactéria
213 por ligações covalentes. Bacteriófagos que infectam duas espécies de Streptococcus (S. equi e
214 S. pyogenes) codificam hialuronidase, uma vez que para penetrar a célula do hospedeiro
215 precisam passar pela cápsula. Não foi identificada atividade de hialuronidase no meio
216 extracelular dessas duas espécies infectadas pelos bacteriófagos, sugerindo que a enzima é
217 parte da molécula do bacteriófago (HYNES et al., 1995; HYNES & WALTON, 2000).
219 secretada, oxigênio estável, não imunogênica e é responsável pela β-hemólise característica
220 das colônias sendo composta por um polipeptídeo associado a uma segunda molécula,
221 essencial para a sua atividade biológica, que pode ser RNA, albumina e em sistemas modelo,
222 um detergente como Tween (ALOUF, 1980; FLANAGAN et al., 1998). Essa proteína é quase
223 idêntica a estreptolisina produzida pela maioria das cepas de S. pyogenes tendo efeito
224 citopático direto em muitas células do hospedeiro, incluindo a inibição de várias funções das
225 células fagocíticas, contribuindo para a evasão da resposta imune e auxiliando também a
226 translocação do microorganismo através do epitélio (ALOUF, 1980; FONTAINE et al., 2003;
227 WALLER et al., 2011). A estreptolisina tem a capacidade de se ligar aos eritrócitos
228 resultando na formação de poros transmembrana causando lise osmótica irreversível da célula
229 (CARR, et al., 2001; TIMONEY, 2004). FONTAINE et al. (2003) promoveram a exclusão
230 dos genes para estreptolisina O (SLO) e SLS no sorotipo M5 de S. pyogenes cepa Manfredo,
231 sozinho ou em combinação, mostrando a redução nas fases iniciais da infecção e indução de
232 necrose por S. pyogenes em camundongos infectados por via subcutânea, mostrando que cada
235 interage com o domínio C-terminal da serina protease do plasminogênio formando plasmina
236 ativa, que hidrolisa fibrina e proporciona assim a disseminação e invasão tecidual pelo agente.
26
240 equi denominada CNE, com 657 aminoácidos, a qual possui a propriedade de ligar colágeno,
242 sugerindo o reconhecimento como outro fator de virulência. Outra proteína com capacidade
243 de ligar colágeno é a SclC descrita por KARLSTRÖM et al. (2006), com 302 aminoácidos, no
244 entanto, o gene que codifica para esta proteína foi identificado tanto na subsp. equi quanto na
245 zooepidemicus. Além disso, anticorpos anti-SclC foram encontrados em soros de animais sem
246 histórico de adenite e em níveis superiores nos animais que estavam convalescendo, dando
248 Duas proteínas extracelulares, FNE (30 kDa), proteína ligante de fibronectina que
249 ocorre na forma truncada na subsp. equi e é capaz de ligar colágeno (LINDMARK et al.,
250 2001; LANNERGARD et al., 2006), a SFS (40 kDa), proteína ligante de fibronectina
251 (LINDMARK & GUSS., 1999), são importantes adesinas do agente. A capacidade de ligação
254 LANNERGARD et al. (2005) descreveram uma nova proteína, denominada FNEB, com 475
255 aminoácidos, e comparou com SFS e FNE a especificidade de ligação e resposta imunológica
256 em cavalos mostrando que SFS e FNE se ligam ao mesmo domínio da fibronectina, enquanto
257 a FNEB reconhece um domínio distinto. O estudo sorológico de animais que sofrem com
258 adenite, bem como infecção experimental em camundongos, mostraram que FNEB é expressa
260 Uma IgG endopeptidase foi identificada em cepas de S. equi e denominada IdeE (IgG-
261 degrading enzyme of S. equi subsp. equi) com atividade antifagocítica. Esta proteína havia
27
263 (LANNERGARD & GUSS, 2006; TIMONEY et al., 2008). HULTING et al. (2009) isolaram
265 adicional de IgG expressa por S. equi e denominada IdeE2, semelhante a IdeE e IdeZ (S.
266 zooepidemicus).
267 Uma pequena proteína secretada por S. equi denominada Se18.9 inibe a via alternativa
268 do sistema complemento ao ligar-se ao fator H, sendo que este atua como regulador dessa via.
269 Ela atua como co-fator para fatores de clivagem da proteína C3b inibindo a formação da
270 enzima conversora de C3 e acelerando a sua dissociação (TIWARI et al., 2007). HOLDEN et
271 al. (2009) mostraram que 26 cepas de S. equi a produziram, enquanto apenas 1 de 140 cepas
272 de S. zooepidemicus avaliadas apresentaram a proteína, sendo um índicio de que este gene
276 pyogenes, o que afeta a patogenicidade dessas bactérias. Há dois prófagos em S. equi que
277 codificam para quatro superantígenos SeeI, SeeL, SeeM e SeeH que compartilham alta
279 O prófago ΦSEQ3 tem sequências de codificação para SeeM [SPE-M(Se)] e SeeL [SPE-
280 L(Se)] (SMOOT et al., 2002), enquanto ΦSEQ4 possui sequências para SeeH (SePE-H) e
281 SeeI (SePE-I) já caracterizadas anteriormente por ARTUSHIN et al. (2002), que
282 demonstraram que estas conferiam maior virulência à bactéria. As exotoxinas pirogênicas de
283 S. pyogenes têm uma alta capacidade imunomoduladora, sendo caracterizadas como
284 superantígenos (sAgs), pois são capazes de estimular a proliferação de linfócitos T não
285 específicos, gerando uma resposta pro-inflamatória (SRISKANDAN et al., 2007; PAILLOT
288 necrose tumoral alfa (TNF-α), interleucina-1 (IL-1), IL-6 e interferon gamma (IFN-γ)
289 (NORRBY-TEGLUND, 1994). PAILLOT et al. (2010) investigaram a atividade, in vitro, dos
292 seqüencial ou total de genes dos sAgs na ativação de células T em comparação com S. equi
293 selvagem e por fim quantificaram a cinética da resposta imune contra os sAgs de cavalos em
294 convalescença e a capacidade de seus soros em neutralizar a atividade desses sAgs in vitro.
295 Dos quatro antígenos produzidos por S. equi, três deles (SeeI, SeeL e SeeM) induzem a
296 proliferação de PBMC e síntese de IFN-γ in vitro e quando esses genes são deletados há
297 anulação da linfoproliferação e síntese de IFN-γ. Por fim cavalos naturalmente infectados
299
301 O potencial biotecnológico de muitos dos fatores de virulência de S. equi vem sendo
304 A SeM por ser uma proteína de fundamental importância na patogenia de S. equi vem
305 sendo utilizada para diagnóstico e é candidata promissora a antígeno vacinal. O Centro de
307 (rSeM), a qual foi utilizada em testes de diagnóstico e imunização de camundongos, obtendo
308 resultados promissores (MORAES, 2008). SHEORAN et al. (2002) testaram uma vacina
309 composta por uma mistura de proteína M ligada à toxina colérica por via nasal e obtiveram
310 indução da resposta específica de anticorpos IgG e IgA no soro e mucosa, respectivamente,
311 porém clinicamente os resultados não foram eficazes, uma vez que os animais não resistiram
29
312 ao desafio com S. equi. NALLY et al. (2001) usaram o peptídeo imunogênico SeMF3
313 juntamente com sucrose acetato isobutirato (SAIB) como veículo para administração nasal em
314 cavalos. Os resultados mostraram que o peptídeo administrado sozinho gerou pouca resposta
315 imune de mucosa e nenhuma sistêmica, já com a utilização do veículo houve uma melhora na
317 Uma mutação específica do gene da hialuronidase sintetase inibiu a síntese da cápsula
318 de ácido hialurônico, promovendo a atenuação da cepa Pinnacle usada como vacina intranasal
319 (Fort Dodge Animal Health, USA). Foi ainda capaz de fornecer um marcador genético
320 facilmente reconhecível por PCR, possibilitando assim diferenciar os animais infectados dos
322 Além da SeM muitas outras proteínas de S. equi estão sendo avaliadas e alguns
323 trabalhos mostram resultados promissores. FLOCK et al. (2004) desenvolveram uma vacina
324 recombinante composta por partes das proteínas FNZ, SFS e EAG, proteína ligante de α2
326 avaliada em camundongos e a resposta de anticorpos contra esses antígenos foi estudada em
328 cavalos com histórico recente de adenite tiveram níveis elevados de anticorpos contra esses
329 antígenos em relação aos que não tinham histórico da doença. Os animais vacinados
330 mostraram níveis satisfatórios de IgA e IgG quando administradas pelas vias nasal e
331 subcutânea, além de apresentar um efeito sinérgico quando utilizadas em conjunto. Outra
332 vacina composta pelos antígenos recombinantes EAG, SclC e CNE (Trivacc) foi testada em
333 pôneis, demonstrando proteção parcial contra desafio com S. equi. A quantidade de secreção
335 apresentaram redução significativa entre o grupo vacinado e o grupo controle (WALLER et
337 Duas IgG endopeptidases, IdeE e IdeE2, foram utilizadas para imunizar camundongos
338 por via nasal. IdeE2 foi capaz de reduzir significativamente, em infecção experimental, o
339 crescimento de S. equi e também a perda de peso nos animais, tornando-a um antígeno
341 Sabe-se que a utilização de sistemas experimentais podem não reproduzir um caso real
342 de infecção, no entanto trabalhos mostram que antígenos capazes de proteger camundongos
343 foram também capazes de proteger cavalos submetidos à infecção experimental (WALLER et
344 al., 2007). GUSS et al. (2009) testaram sete antígenos recombinantes (Septavacc), escolhidos
345 a partir de resultados preliminares obtidos em modelos experimentais, onde 5 destes antígenos
346 são parte da superfície de S. equi e já mencionados anteriormente (EAG, CNE, SclC e
347 proteínas com características de proteínas de superfície codificadas pelos genes: SEQ0256 e
348 SEQ0402) e duas IgG endopeptidases (IdeE e IdeE2). Os resultados obtidos neste trabalho
349 mostraram uma proteção de 85%, sendo que apenas um dos animais vacinados com Septavacc
351 A caracterização da Se18.9 produzida por S. equi, mostrou que é imunorreativa com
352 soro de animal convalescente e IgA de mucosa. Essa carcterística confere a Se18.9 potencial
353 para imunodiagnóstico e estudo da resposta imune de mucosa contra S. equi ( TIWARI et al.,
354 2007).
355
356 4- Conclusão
358 Streptococcus equi subsp. equi podem auxiliar o desenvovimento de vacinas e métodos
361
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34
436 Streptococcus equi subspecies equi that are recognised by antibodies against SclC.
438
439 KAWATA, K. et al. Simple and rapid PCR method for identification of streptococcal species
440 relevant to animal infections based on 23S rDNA sequence. FEMS Microbiology Letters.
442
443 KELLY, C. et al. Sequence variation of the SeM gene of Streptococcus equi allows
444 discrimination of the source of strangles outbreaks. Journal of Clinical Microbiology, v.44,
446
448 equi from other streptococci of Lancefield’s group C. Equine Veterinary Science, v.12, n.2,
450
455
456 LANNERGARD, J.; GUSS, B. IdeE, an IgG-endopeptidase of Streptococcus equi ssp. equi.
458
35
460 Proteins with Immunoglobulins Illustrated in the Equine System. Journal of Biological
462
465
466 LINDMARK, H.; GUSS, B. SFS, a novel fibronectin-binding protein from Streptococcus
467 equi, inhibits the binding between fibronectin and collagen. Infection and Immunity, v.67,
469
471 equi with FNZ from S. equi subspecies zooepidemicus, reveals a major and conserved
473
476
477 MEEHAN, M. et al. Localization and characterization of the ligand-binding domain of the
478 fibrinogen-binding protein (FgBP) of Streptococcus equi subsp. equi. Microbiology, n.146,
480
482 Streptococcus equi subsp. equi contains extensive α-helical coiled-coil structure and
484 MOORE, B.O.; BRYANS, J.T. Type specific antigenicity of group C streptococci from
485 disease of the horse. In: Proceedings of the Second International Conference on Equine
487
488 MORAES, C.M. Produção e avaliação de proteína SeM recombinante para o controle de
489 Adenite Equina. 2008. 79f. Tese (Doutorado em Biotecnologia)- Curso de Pós-graduação em
491
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496 exotoxin, MF, and pyrogenic exotoxins A and B. Infection and Immunity, n.62 p.3731-
498
500 Induced Mitogenicity, Gamma Interferon Synthesis, and Immunity. Infection and Immunity,
502
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504 Streptococcus equi genetically coupled to cholera toxin. Vaccine, n.20, p.1653-1659, 2002.
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508 SRISKANDAN, S. et al. Streptococcus pyogenes: insight into the function of the
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529
530 TIWARI, R. et al. Se18.9, an anti-phagocytic factor H binding protein of Streptococcus equi.
532
38
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536
537 WALKER, J.A.; TIMONEY, J.F. Construction of a stable non-mucoid deletion mutant of the
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539
540 WALLER, A. S.; JOLLEY, K. A. Getting a grip on strangles: recent progress towards
541 improved diagnostics and vaccines. The Veterinary Journal, v.173, p.492-501, 2007.
542
543 WALLER, A. et al. Vaccination of horses against strangles using recombinant antigens from
545
546 WALLER, A.S. et al. Streptococcus equi: a pathogen restricted to one host. Journal of
548
551
552
3. Trabalho 2
40
MACIEL, L.F., DUMMER, L.A., STURBELE, R.T., ROSA, M.C., MAGALHÃES, C.,
MORAES, C., LEITE, F.P.L., CONCEIÇÃO, F.R*
RESUMO
A Adenite Equina é uma doença infecciosa que pode acometer animais de todas as
idades, causando perdas econômicas importantes na equinocultura. O objetivo deste
trabalho foi desenvolver uma vacina composta de proteína M recombinante de
Streptococcus equi subsp. equi (rSeM) co-administrada com a subunidade B
recombinante da enterotoxina térmolábil de Escherichia coli (rLTB) e avaliar a sua
inocuidade e imunogenicidade em camundongos e cavalos. Foram utilizados 72
camundongos Balb/c fêmeas divididos em 8 grupos e 18 cavalos divididos em 6
grupos. Ambas as espécies foram inoculadas por via intramuscular ou intranasal
com diferentes tratamentos contendo rSeM, rLTB e/ ou AI(OH)3. Os resultados
obtidos tanto na avaliação dos camundongos quanto dos cavalos mostraram que a
rSeM foi inócua e imunogênica por si só, aumentando os níveis de imunoglobulinas
(Igs) séricas e secretórias específicas sem a necessidade de adição de qualquer
adjuvante imunológico. Os adjuvantes rLTB e Al(OH)3 não foram capazes de
incrementar significativamente os títulos de Igs séricas totais anti-rSeM em
camundongos, enquanto em cavalos o tratamento rSeM + rLTB (IM) promoveu um
aumento significativo no título sérico de IgG anti-rSeM. jInteressantemente, em
cavalos, o tratamento rSeM + Al(OH) 3 (IM) estimulou níveis significativos de IgA
secretora anti-rSeM no trato respiratório superior. A vacina composta por rSeM co-
administrada com rLTB pode ser uma ferramenta útil no controle da Adenite Equina.
ABSTRACT
The equine adenitis is an infectious disease which affects horses from all ages and
causes important economic losses in the equine related business. The aim of this
research was the development of a vaccine composed by the recombinant M protein
from Streptococcus equi subsp. equi (rSeM) co-administered with the recombinant Heat-
labile enterotoxin B subunit from Escherichia coli (rLTB), and evaluates its innocuity and
immunogenicity in both mice and horses. A total of 72 female BALB/c were divided
into eight groups and 18 horses into six groups. Both species were inoculated by
intramuscular (IM) or intranasal (IN) routes with different treatments containing rSeM,
rLTB and/or AI(OH)3. The results obtained in the evaluation of mice and horses
showed that the rSeM alone, without the addition of any immunological adjuvant, was
innocuous and immunogenic, resulting in an increase in the titers of both specific
secretory and seric immunoglobulin. The immunological adjuvant rLTB and Al(OH) 3
were not capable to increase significantly the titers of anti-rSeM antibodies in mice.
However, in horses treated with rSeM + rLTB (IM), a significant increase in the titers
of seric anti-rSeM IgG was observed. Interestingly, horses inoculated with rSeM +
Al(OH)3 (IM) showed a significant increase in the titers of secretory anti-rSeM IgA in
the upper respiratory tract. Thus, the vaccine composed by rSeM co-administered
with rLTB could be a useful tool in the equine distemper control.
1. INTRODUÇÃO
2. MATERIAl E MÉTODOS
1 IM e IN PBS 2 mL 4
2 IN rSeM 100 µg 3
3 IM rSeM 100 µg 2
4 IN rSeM + rLTB 100 µg + 50 µg 2
5 IM rSeM + rLTB 100 µg + 50 µg 4
6 IM rSeM + Al(OH)3 100 µg + 15% 3
*Via intramuscular (IM) e via intranasal (IN). **n= número de animais por grupo.
(leite desnatado 5%) e as placas incubadas a 37ºC por 1h. Para a titulação de
anticorpos, foram feitas diluições de 1:1000 até 1:16.000. Soro anti-IgG de cavalo
conjugado a peroxidase (SIGMA- Aldrich, Brasil) foi acrescentado na diluição 1:6000
por 90 min a 37ºC. A reação foi revelada usando uma solução de orto fenil diamina
(3,4mg em 10mL de tampão citrato) à qual foram adicionados 5µL de água
oxigenada 30vol. A leitura da densidade ótica foi feita a 450nm em leitor de ELISA
MR 700 (Dynatech Labs. Inc. Chantilly, VA, USA), 15min após adição do revelador.
Para avaliação de IgA secretora anti-rSeM, o material coletado dos swabs foi
aplicado diretamente na placa de poliestireno previamente sensibilizada com rSeM,
e incubado a temperatura ambiente durante a noite. Após, acrescentou-se anti-IgA
de cavalo conjugado a peroxidase (Bethyl laboratories, USA), na diluição 1:2000 por
2h a 37ºC. A leitura da densidade ótica foi feita a 450nm em leitor de ELISA MR 700
(Dynatech Labs. Inc. Chantilly, VA, USA)), 15min após adição de solução
reveladora. O mesmo critério para a determinação do título de Igs em camundongos
foi utilizado em cavalos.
3. Resultados
Figura 4 - Western blot com MAb anti-6xhis para caracterização das proteínas
recombinantes. 1- Controle positivo (LipL32); 2- Extrato de E. coli BL21
DE3 Star (controle); 3- rLTB; 4- rSeM; 5- Marcador de massa molecular.
51
A
A
A
AB
10000
9000
8000 *
7000
6000
Pré- imunização
5000
Pós- imunização
4000
3000
2000
1000
0
controle (PBS) rSeM (I.N.) rSeM + rLTB (I.N.) rSeM (I.M.) rSeM + rLTB (I.M.) rSeM + Al(OH)3 (I.M.)
4. Discussão
A Adenite Equina é uma das enfermidades mais relevantes dentre aquelas
que acometem o trato respiratório superior dos equinos e, com isso, a busca por
vacinas mais eficientes é de extrema importância. Neste trabalho, avaliou-se o
potencial de uma vacina recombinante contra a Adenite Equina utilizando como
antígeno vacinal a proteína M de Streptococcus equi subsp. equi co-administrada com a
subunidade B da enterotoxina termolábil de Escherichia coli, ambas produzidas em
sistema de expressão heterólogo (E. coli). A vacina composta por rSeM co-
administrada com rLTB mostrou-se inócua para camundongos e cavalos e foi capaz
de gerar um elevado título de Igs séricas anti-rSeM em ambas espécies.
Para avaliação da resposta imune foi utilizado apenas a SeM recombinante
como antígeno, pois esta demonstrou resultados satisfatórios quando utilizada em
diagnóstico por ELISA, reagindo com o soro de animais doentes, convalescentes e
vacinados com bacterina, o que demonstrou que os anticorpos estimulados pela
SeM nativa foram capazes de reconhecer a rSeM, com 100% de sensibilidade e
especificidade (MORAES, 2008). Este mesmo autor demonstrou ainda que a rSeM
foi capaz de proteger camundongos em desafio letal com cepa virulenta de S. equi.
Os resultados obtidos no experimento com camundongos mostraram que os
tratamentos contendo rSeM promoveram um aumento no nível de imunoglobulinas
totais séricas anti-rSeM, tanto por via IM como por via IN, e que mesmo sem adição
de adjuvante, a rSeM foi capaz de elevar os níveis de anticorpos, sugerindo que esta
versão da SeM é altamente imunogênica, corroborando com os resultados já
demonstrados por Moraes (2008).
57
5. Referências Bibliográficas
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4. CONCLUSÕES
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