Psicomotricidade Relacional Teoria e Prática
Psicomotricidade Relacional Teoria e Prática
Psicomotricidade Relacional Teoria e Prática
ESPÍRITO SANTO
ORIGEM HISTÓRICA DA PSICOMOTRICIDADE
Fonte: ciar.com.br
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condição de superioridade, de comando, o status da eternidade, a representante do Ser
pensante. Inseridos neste contexto temos, na era pré-cristã, Sócrates (470 ou 469 A.C) e
Platão (427-347 a.C) com a imortalidade da alma, restando ao corpo o lugar transitório da
alma imortal. Aristóteles (384-322 A.C) vendo o Homem como um Ser formado
inseparavelmente pelos elementos matéria e forma, sendo o corpo a matéria moldada pela
alma, à forma, sendo esta a responsável pelos movimentos corporais.
Fonte: /www.estudecei.com.br/psicomotricidade
(...)Ao que parece, enquanto vivermos, a única maneira de ficarmos mais perto do
pensamento, é abstermo-nos o mais possível da companhia do corpo e de qualquer
comunicação com ele, salvo e estritamente necessário(...)” (Platão Fédon parte XI)
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Quanto a Aristóteles, discípulo de Platão, a questão corpo-alma não é concebida da
mesma forma que a do mestre, uma vez que não entende o corpo como uma prisão, um
entrave da alma, para o filósofo há uma composição entre corpo e alma, e que as
diferenças existentes entre os corpos não afetam a alma, a essência, contudo, não se
afasta do dualismo reinante a respeito do tema entendendo a relação corpo e alma como
uma relação matéria e forma, sendo a alma a forma do corpo, e este é a matéria da alma,
como pode ser verificado em trecho de sua obra Sobre a Alma (De Anima em grego).
“(...)não é preciso investigar se é algo uno a alma e o corpo, assim como tampouco
a cera e a figura (...)” (Aristóteles c.350 a.C - II 1 412b6-7)
“Por isso, é razoável que ela tampouco seja misturada com o corpo: pois, caso
contrário, ela se tornaria de uma certa qualidade determinada, ou fria ou quente, ou
até mesmo lhe haveria um órgão, tal como o há para a capacidade sensitiva: não
obstante, presentemente, não há nenhum órgão” (Aristóteles c.350 a.C - III 4
429a23-27).
Fonte: /www.escolabambinata.com.br
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Essa ideia de haver uma mínima interação entre corpo e alma gera grande
dificuldade de ser mantida, uma vez que, para o próprio Descartes, corpo e alma
continuam a ser duas substâncias completas e firmemente opostas. Talvez, senão por
isso, tenha sido criada a ideia de força, destinado apenas para a função da união da alma
e do corpo, como sendo algo primitivo que encontramos em nós, pela qual a alma age
sobre o corpo. “Sou, pois uma coisa que pensa. E que mais? Excitarei minha imaginação
para ver se não sou mais alguma coisa ainda.
Fonte: ciar.com.br
Não sou este conjunto de membros chamado corpo humano; não sou um ar
delicado e penetrante repartido por todos os membros; não sou um vento, um sopro; não
sou nada de tudo isto que posso fingir e imaginar, já que tenho suposto que tudo isso nada
é, e que sem alterar sua disposição, penso que não deixo de estar certo de que sou
alguma coisa" (Med. metafísicas, 2-a med.). "Não parece que o espírito humano seja
capaz de distinguir bem distintamente, num só tempo a distinção entre alma e corpo e sua
união porque para este fim necessário seria concebê-los como uma só coisa e ao mesmo
tempo como duas, o que se contraria" (DESCARTEs, Carta a Princesa). "O que esta
natureza me ensina de forma mais expressa e sensivelmente, é que tenho um corpo, o
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qual, quando sinto dor, está mal disposto e, quando tenho os sentimentos de fome ou
sede, necessita comer ou beber, etc... Por meio desses mesmos sentimentos de dor, de
fome, sede, etc..., ensina-me a natureza que não estou tão estreitamente unido e
confundido com ele, que ambos formamos como que um só todo uno e indivisível.
E quando meu corpo tivesse necessidade de alimento, eu teria um simples
conhecimento dela sem que fossem precisos os sentimentos confusos da fome ou sede;
concluímos, pois que todos esses sentimentos de fome, sede, dor, etc., nada mais são que
certos modos de pensar confusos que procedem e dependem da íntima união do espírito
com o corpo" (Meditações met., 6-a med.).
Fonte: www.emeipeterpan.blogspot.com.br
Até o Sec. XIX o corpo era visto como uma perfeita máquina, onde cada uma das
partes corporais era comandada por um correspondente cerebral. Nesta época, dentro de
um contexto da neuropsiquiatria e da neurofisiologia, decorrentes da necessidade de se
explicar graves lesões corporais sem que, aparentemente, houvesse lesões cerebrais que
a justificassem, aparece às primeiras investigações do corpo não mais como sendo mera
extensão (Descartes), como uma porção de matéria, uma máquina com peças com exatos
e visíveis correspondentes cerebrais.
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Fonte: centraldeinteligenciaacademica.blogspot.com.br
Explicitando esse entendimento aparece Levin (1995) (LEVIN, 1995) afirmando que
a primeira vez que psicomotricidade foi nomeada como palavra, em 1870, foi em
decorrência da imposição médica de explicar os fenômenos clínicos. Temos a França, no
final do século XIX, e no início do século XX, como berço da psicomotricidade, através do
desenvolvimento e descobertas da neurofisiologia, possibilitando conhecer diferentes
disfunções graves que não mantinham, necessariamente, relação com lesões cerebrais,
ou, na existência dessas, que fossem claramente localizadas.
Neste contexto, o médico Frances Philippe Tissé, no sec. XIX, em termos práticos
pode ter sido o precursor da psicomotricidade, haja vista ter atendido e tratado um caso de
instabilidade mental com a chamada ginástica médica, por acreditar que se dirigido de
forma correta, dentro de preceitos médicos, o trabalho muscular compensaria as impulsões
enfermas dos seus pacientes, assim como o controle respiratório, interferiria nos centros
cerebrais nos quais se origina a vontade, onde se alojam os pensamentos. Porém, apesar
da prática de Tissé, temos como consenso entre a maioria dos autores, Ernest Dupré,
neurologista Francês, sendo visto como o pai da psicomotricidade ao realizar os primeiros
estudos abordando a perturbação motora e a debilidade mental, e introduzindo a
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dissociação entre as duas síndromes, a mental e a motora, explicada pela independência
relativa das zonas psíquicas e motoras no manto cortical.
Fonte: ec29taguatinga.blogspot.com.br
Outro aspecto desvendado por Dupré foi a importância do corpo, inserido nos seus
movimentos, na formação do indivíduo, tanto no que diz respeito à inteligência, como em
relação a ser um meio importante de manifestação do indivíduo. “A atividade física tem,
para o médico, o duplo interesse de ser o único meio, para o indivíduo traduzir para o
exterior seus sentimentos e suas ideias e de construir, por ela mesma, um elemento
primordial e objetivamente perceptível da personalidade”. (DUPRÉ – 1993 apud
MESQUITA K; ZIMMERMAN E, 2006).
Adiante desta atmosfera de compreensão, não obstante a essência, ainda,
essencialmente neurológica, depreende-se a existência de uma inter-relação entre o
desenvolvimento das funções motoras e o desenvolvimento das funções psíquicas. Diante
desta nova concepção no meio da neurociência, surge, no aspecto científico, a
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psicomotricidade como sendo a ciência que compreende o corpo nos aspectos
neurofisiológicos, anatômicos e locomotores, uma vez que o "esquema anátomo-clínico"
que determinava para cada sintoma sua correspondente lesão focal, não mais podia
explicar alguns fenômenos patológicos.
Fonte: www.novosite.ssps.org.br
Pouco mais adiante, na segunda década do século XX, dando início ao fim do
aspecto puramente neurofisiológico da psicomotricidade, aparece Henry Wallon, filósofo e
médico psiquiatra que adentra com vigor o campo da psicologia, principalmente a da
criança, embasando sua teoria do desenvolvimento cognitivo na relação entre motricidade
e emoção, chamando tal aspecto de diálogo tônico-emocional. Com Henry Wallon e sua
teoria, que estuda a relação entre motricidade e caráter, vendo o movimento como
construção do psiquismo, correlacionando-o ao afeto, à emoção, ao meio ambiente e aos
hábitos das crianças, temos o fim do dualismo cartesiano no qual imperava a ausência de
qualquer relação entre o corpo e o desenvolvimento intelectual e emocional do indivíduo.
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Fonte: educacaopublica.cederj.edu.br
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Fonte: ciar.com.br
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seguem a tudo isso. Porque as relações mais primitivas dos seres vivos e do meio são
aquelas em que as suas ações se combinam totalmente.” (WALLON, 1979, p.88) Eduard
Guilman (1901-1983): neurologista estimulado pelos estudos de Henri Wallon, da início a
prática psicomotora , instigando e conduzindo o estudo da reeducação psicomotora,
desenvolvendo um teste, um exame com a finalidade de diagnosticar, indicar tratamento
terapêutico e de prognóstico. Guilmain entendia que os distúrbios de comportamento
tinham na reeducação psicomotora o tratamento ideal.
Fonte: emeipeterpan.blogspot.com.br
Os objetivos desta reeducação apontavam para três linhas de ação, quais sejam:
reeducar a atividade tônica com exercícios de atitudes, de equilíbrio e de mímica; melhorar
a atividade de relação exercitando a dissociação e a coordenação motora tendo o lúdico
como ferramenta de apoio; e desenvolver o controle motor. “A evolução do comportamento
social e do caráter da criança é condicionada não somente por seu nível de
desenvolvimento neuromotor, mas, essencialmente, por seu tipo neuromotor, mesmo em
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crianças de nível normal” (Guilmain, remarques sur I'éducation psycho-motrice. Em
Cahiers de I'Enfance Inadaptée, nº 71960) Julian de Ajuriaguerra (1911-1993): Francês de
origem espanhola, neuropsiquiatra, psicanalista, pesquisador e teórico, discípulo de Henri
Wallon, conquista reconhecimento em vários campos da psiquiatria e da psicologia, com
foco sempre no desenvolvimento humano.
Fonte: escolajuvilianomanoelpedroso.blogspot.com.br
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Fonte: www.jeanpiaget.org
Fonte: www.google.com.br
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Fonte: escolaespaconatural.com.br
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Fonte: censaescolainfantil2013.blogspot.com.br
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permanente, do espaço, do tempo e da causalidade, subestruturas das futuras noções
correspondentes (PIAGET; INHELDER, 1998, p. 18/19).
Fonte: /www.cefid.udesc.br
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Fonte: www.microbytejoinville.com.br
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do afeto no desenvolvimento, e da concepção comportamental, no sentido de valorizar o
instrumento para um maior desempenho do indivíduo.
Fonte: www.iconerecife.com.br
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Fonte: www.emeipeterpan.blogspot.com.br
Fonte: www.ensineseubebe.blogspot.com.br
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ou terapêutica, é a de reencontrar essa carga afetiva que permitirá o desenvolvimento e a
evolução da comunicação. (AUCOUTURIER, 1986. p.30).
Fonte: www.ricmais.com.br
Compulsivo em suas pesquisas e estudos, muitas vezes auto ditada, busca e aplica
seus conhecimentos em todas as dimensões do corpo e em seus movimentos e
comportamentos. Em decorrência de suas pesquisas e observações percebe que em todas
as atividades corporais e físicas, existe, além do conteúdo mecânico e fisiológico, o
conteúdo psíquico, o afetivo. Diante de suas constatações começa a questionar, por não
mais comungar, a prática e os exercícios físicos tal como eram aplicados nas aulas de
Educação Física cuja abrangência limitava-se ao corpo físico, mecânico, e sua estrutura
fisiológica, funcional. Neste período intensifica ainda mais seus estudos anatômicos e da
fisiologia do movimento, tendo, como consequência, o encontro com a Cinesioterapia,
atuando, inclusive, como professor, momento em que teve oportunidade de reunir vasto
material e publicar sua primeira obra Reeducação Física, em três volumes.
Durante a guerra, dirigiu um Centro de Reeducação com atendimento destinado às
crianças indicadas pelo serviço de medicina escolar que apresentavam alguma dificuldade.
Dedicava-se ainda aos estudos e manipulações de vertebrais em seu consultório de
Cinesioterapia. Contudo, apesar de dar continuidade ao trabalho desenvolvido até então,
principalmente, a vertebroterapia, sua insatisfação com os conceitos teóricos e práticas
predominantes à época, cujas propostas tinham como alvo o corpo físico e funcional, faz
com se aproxime da psicanálise e seus teóricos, buscando desta forma um espaço onde
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pudesse exercer e aprofundar-se nos estudos de sua teoria, na qual o corpo humano é um
veículo extraordinário para expressar dores, emoções, conflitos, afetos, medos, ou seja,
um corpo socioafetivo, emocional, que fala sem o uso da palavra, da linguagem verbal,
elevando a relação entre terapeuta/professor e seu cliente/aluna a patamares de
importância muitíssimos mais alto que o tratamento cinesioterápico.
Fonte: https://br.guiainfantil.com
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emocionais do diálogo inicial com o corpo do outro. Pode-se considerar que o mesmo
ocorre em educação psicomotora para uma criança de 5 ou 6 anos, cuja linguagem verbal
já está estruturada. (LAPIERRE; AUCOUTURIER, 1984, p. 57).
Fonte: http://www.ideiacriativa.org
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A PSICOMOTRICIDADE RELACIONAL
Fonte: www.baudatiasonia.blogspot.com.br
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PERCUSSORES E CONCEPÇÕES TEÓRICAS
Fonte: www.espacoalfaletrar.blogspot.com.br
Após sua origem dentro de um contexto médico e tendo como objetivo principal as
patologias, a psicomotricidade impulsionada por diversas linhas de pensamento:
biomédico, psicopedagógico, e psicanalítico, toma novos rumos com Wallon, Piaget e
Ajuriaguerra. Por volta de 1925, Wallon publica seus trabalhos de observação e estudos
junto à recém nascidos e ao desenvolvimento das crianças, que concluem ser o
movimento a única expressão e o primeiro instrumento do psiquismo, passando o campo
do desenvolvimento ser a linha de pesquisa enfatizada que, de início, traz uma proposta
reeducativa. Já em torno 1947/1948, Julian de Ajuriaguerra revoluciona a trajetória e a
narrativa da psicomotricidade, trazendo as primeiras técnicas reeducativas ligadas aos
distúrbios psicomotores, e associando, em definitivo, o movimento à concepção da
psicomotricidade.
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Fonte: /www.espacoenvolvimento.com
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qual marginaliza técnicas instrumentalista, relativizando a importância do corpo como único
protagonista no processo, ao passo que abarca e destaca a relevância da relação, da
afetividade e do emocional. Le Boulch entendia que a educação psicomotora, pelo
movimento, tem como objetivo central a ajuda ao desenvolvimento psicomotor da criança,
o qual é fator relevante e interligado à evolução da sua personalidade e ao sucesso
escolar. (LE BOULCH, 1987).
Fonte: www.cepbnormal.blogspot.com.br
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Fonte: www.institutocordeirinho.com.br
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O advento
Fonte: www.educador.brasilescola.uol.com.br
Fonte: www./maiorevolucao.blogspot.com.br
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O BRINCAR
Fonte: www.mestredosaber.com.br
34
PSICOMOTRICIDADE CLÁSSICA E A RELACIONAL
Fonte: www.censaescolainfantil2013.blogspot.com.br
Fonte: www.pmsrs.mg.gov.br
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Fonte: www.robertocooper.com
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Fonte: www.cepbnormal.blogspot.com.br
Fonte:www.unieducar.org.br
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meios, através de um controle melhor de suas emoções, possibilitando-lhe uma inserção
mais flexível, criativa e crítica no mundo social em seu aspecto mais amplo.
Fonte: www.marciasolange2013.blogspot.com.br
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EDUCAÇÃO INFANTIL
Fonte: www.objetivopa.com.br
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cognitivo, que lhe garantirá um crescimento sadio. O brincar como elemento pedagógico
deve ser mediado, isto é, o professor deve atuar como facilitador, deve ser capaz de
interpretar os jogos que a criança realiza sem ter a preocupação de julgar o mérito de suas
ações.
O trabalho sustentado na ação do brincar permite interferir, com base nas
observações seletivas que são realizadas, nas construções de aprendizagens das
crianças. A capacidade de imitação realizada pelas crianças sinaliza os avanços da
capacidade perceptiva e do desenvolvimento do pensamento. Através da imitação as
crianças representam ações observadas no dia-a-dia que não são compreendidas por elas
e desta forma colocando-se na visão de atores se colocam em situações diversificadas a
fim de compreendê-las transformando os processos mais elementares de pensamentos em
processos superiores. Em sessões de psicomotricidade relacional, que é uma das divisões
da terceira vertente, é facilmente observado este jogo simbólico ou faz de conta.
Para os propósitos dos fundamentos da psicomotricidade, explicou que de uma
forma geral a psicomotricidade está subdividida em três grandes vertentes: a reeducação,
a terapia, e a educação. A primeira se dirige mais para a soma do movimento, enquanto a
segunda se preocupa com a psique do movimento. A terceira vertente está voltada para o
âmbito educacional, sendo oportuno entender que está também possui uma divisão em
duas correntes principais: psicomotricidade funcional e a psicomotricidade relacional.
(FALKENBACH, 2003, p.91).
Utilizei a PR por se tratar de um processo mais espontâneo por parte dos
envolvidos. Este procedimento consiste em atividades mais livres onde possui modelos
diversificados. Os seres são livres, o que propicia o desenvolvimento da criatividade e da
interatividade entre os educandos, fazendo um ambiente que possibilite aos alunos
transferirem situações de conflitos do mundo real para o imaginário assumindo diferentes
papéis e atitudes assimilando a realidade. O educador não é o centro da atividade e sim
um facilitador da mesma.
Diferentemente acontece na psicomotricidade funcional, nesta o educador é o
modelo a ser seguido, este direciona o trabalho que será realizado, dificultando que
aconteça a interatividade dos envolvidos, e muito menos o desenvolvimento da criatividade
e autonomia. Este processo é previsível e planejado, ou seja, o educador sabe sempre o
que irá acontecer, diferente da relacional onde o improvável muitas vezes acontece
possibilitando uma maior riqueza de experiências, pois cada aluno traz uma bagagem de
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conhecimentos adquiridas no meio em que vive. A psicomotricidade relacional é entendida
como jogo brincar que a criança realiza no dia-a-dia incorporado como componente
pedagógico, estabelecendo o lúdico como facilitador das inter-relações pessoais.
Dentro do marco relacional, o mais importante para eles é trabalhar com o que a
criança tem de positivo, o que ela sabe fazer, e não se preocupar com o que ela não sabe.
Dizem que o melhor método para ajudar uma criança a superar suas dificuldades é
conseguir que ela esqueça suas inabilidades. (NEGRINE, 1995, p. 58).
Se considerarmos o ser humano como um todo, a psicomotricidade relacional
seria a mais adequada, porém em alguns momentos das aulas de educação física, a
psicomotricidade funcional serve como base para o aperfeiçoamento de algumas
habilidades específicas, ou seja, vai depender dos objetivos que o educador pretende
alcançar. Acredito que ambas devem ser trabalhadas dentro da escola, pois se completam
e aperfeiçoam o trabalho do educador.
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para uma visão relacional sendo agora um mecanismo pedagógico básico nas sessões
psicomotores.
O período de ruptura é caracterizado pelo abandono: Segundo Negrine (1995) na
prática psicomotores Aucouturier defende o jogo de pulsão, o sensório-motor como
combustível. Já o psicomotrista Lapierre defende que o alimentador é o jogo simbólico,
onde a criança envolve-se pelas suas fantasias.
Um dos aspectos mais conflitivos entre a prática e a teoria é que Lapierre entende
que o espaço de jogo onde ocorre a prática psicomotores é um espaço de jogo “simbólico”,
isto é, um espaço da fantasia que se encontra no jogo da criança, jogo simbólico que
Aucouturier não nega que ocorra com muita frequência no jogo que a criança realiza, mas
que ele não potência. Prefere potenciar o jogo de pulsão, ou seja, o jogo sensório-motor.
(NEGRINE, 1995. p. 69)
Os dois autores Lapierre e Aucouturier têm um papel importantíssimo na prática
psicomotriz, pois eles sempre tiveram umas posturas científicas, que mostra querer inovar
no fazer pedagógico; defendendo sempre a formação do psicomotrista, ou seja, a
formação pessoal. Ambos tiveram formação na escola de expressão e psicomotricidade de
Barcelona – Espanha que seguiu uma orientação de Aucouturier, sendo assim privilegiado
por estudar e observar seus seguidores e formadores.
Portanto por mais que pareça que ambos seguem sempre a mesma linha é neste
período que começam a divergir suas ideias sobre a psicomotricidade.
A verdade é que as concepções teórico-práticas de Aucouturier e Lapierre em
relação à prática psicomotriz educativa diferem quanto à concepção sobre a intervenção
do psicomotricista, mas estão muito próximas no que se referem à reeducação e a terapia.
Hoje em dia, ambos buscam no campo da psicanálise seus fundamentos teóricos para
justificar a prática que propõem, e esta tendência passa a se constituir em alicerce da
psicomotricidade relacional proposta por eles. (NEGRINE, 1995, p.74).
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A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Fonte: www.bhemfesta.com.br
Muitas vezes pais e até mesmo alguns educadores não sabem o valor e a
importância que se deve dar ao brincar para o desenvolvimento físico e psíquico das
crianças, pois de certa forma para alguns o brincar é apenas um passatempo, sem funções
importantes, ou seja, serve para entreter a criança em atividades que sejam prazerosas
para ela. Isto também acontecia nos tempos mais remotos de nossa sociedade, onde não
se dava a devida atenção à criança e muito menos a seu brincar, os jogos eram
extremamente sociais.
O professor dentro da escola deve atuar como facilitador durante o brincar deve
ser capaz de interpretar os jogos que a criança realiza sem ter a preocupação de julgar o
mérito de suas ações e sempre que preciso acrescentar elementos a fim de propiciar
momentos mais ricos de possibilidades de exploração. Não basta oferecer espaços físicos
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e materiais para que as crianças realizem seus jogos, é fundamental definir as pautas de
intervenções pedagógicas para ajudar a criança a evoluir a partir da atividade lúdica.
O trabalho sustentado nesta ação permite inferir com base nas observações
seletivas que são realizadas, que a capacidade de imitar sinaliza, de certa forma, os
avanços da capacidade perceptiva e do desenvolvimento do pensamento,
fundamentalmente, das transformações dos processos mais elementares em processos
superiores. Observar a criança brincar sem bases teóricas significa deixar escapar a
essência do ato. Quando falta fundamento teórico, fica difícil compreender o que ocorre
quando a criança brinca.
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inquietantes e os adaptem aos esquemas mentais já adquiridos em experiências
anteriores, construindo então novos esquemas mentais mais elaborados.
Na psicomotricidade relacional este processo acontece com o passar das
sessões. Materiais que inicialmente não chamaram a atenção por não fazerem parte de
seu meio de convívio com o passar das sessões ao observá-lo mais de uma vez este
passa a ser incorporado a sua realidade e desta forma é manipulado e explorado suas
possibilidades.
O desenvolvimento mental se dá em acordo com os períodos de idade, sendo
assim conforme o desenvolvimento físico o raciocínio também é desenvolvido.
Este teórico nos mostra uma visão em que você aprende a interagir com os
alunos. O russo defendeu uma teoria sociocultural do desenvolvimento, para ele, é nas
relações pessoais que o ser humano se constrói; é por meio delas que o indivíduo
internaliza os elementos da cultura. A aprendizagem impulsiona o desenvolvimento e,
portanto, o professor tem um papel de interferir, propondo desafios desencadeando
avanços e estimulando a interação entre as crianças.
Apesar de Piaget e Vygotsky nunca terem desenvolvido uma teoria junta, suas
ideias se completam. Somente nos dias de hoje, após muitas discussões sobre as teorias,
é que se aceita esta afirmação. Vygotsky nem chegou a ter conhecimento sobre a obra de
Piaget, e este só foi tomar conhecimento da existência de Vygotsky 25 anos após a morte
do mesmo. Devido sua morte prematura muitas de suas obras foram escritas por terceiros
que durante suas conferencias realizavam registros de suas ideias.
A criança através da interação com o meio e ao longo de várias experiências
acaba incorporando um significado dado por seus semelhantes a seus atos passando a
realizá-los objetivamente de acordo com suas necessidades, passando a estabelecer uma
comunicação informal com os mesmos. Portanto, os elementos mediadores entre o
homem e o mundo são fornecidos pelas relações com seus semelhantes.
Vitor da Fonseca (1988) descreve que a "Psicomotricidade" é atualmente
concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível
entre a criança e o meio.
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Através do brinquedo a criança aprende de forma lúdica, este processo se
aproxima da compreensão da zona proximal. As brincadeiras das crianças são
determinadas pelas situações concretas em que elas se encontram. Numa situação de faz-
de-conta (Vygotsky) ou jogo simbólico (Piaget), a criança atua em um mundo imaginário
onde ela representa uma realidade ausente, o que permite a criança a separar objetos e
significados o que na vida adulta resultará numa capacidade de desvinculação de
situações concretas. No brincar as atitudes são mais avançadas do que na realidade
compreendendo os diferentes papéis que desempenha.
Fonte: www.colegiohenriwallon.com.br
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os alunos precisam compreender imagens, coisas e canções; jogos de fabricação se
resumem em organizar, agrupar, modificar objetos e usar a criatividade para recriá-los.
Para ele desde que uma atividade se torne utilitária e subordinada como meio a um
fim, perde a característica de jogo.2 Negrine (1994): A imitação é a regra do jogo, no caso
das crianças menores; sendo muito difícil para elas captar a determinação abstrata
utilizam, basicamente o mundo concreto e real.
A imitação se torna alimento para o brincar, sendo utilizado este artifício pela
criança em indivíduos que tem prestigio para ela, ao qual está se espelha em suas
condutas e comportamentos, e obviamente tem admiração, sentimentos, estando assim
relacionado ao lado afetivo.
Imitação, para ele, não é mera cópia de um modelo, mas reconstrução individual
daquilo que é observado nos outros. Essa reconstrução é balizada pelas possibilidades
psicológicas da criança que realiza a imitação e constitui, para ela, criação de algo novo a
partir do que observa no outro. (OLIVEIRA, 1997, p.63).
No jogo a criança age muitas vezes com inquietação e culpabilidade que se
combina com agressividade, a origem comum dessas variáveis é o desejo da criança em
se colocar no lugar dos adultos. Wallon propõe jogo de papai-mamãe, ou de estar casados
para tentar saciar esta necessidade do universo infantil. Assim as crianças envolvidas no
processo vão buscar a reprodução de atos ou gestos de seus pais, levados pela
curiosidade ou até mesmo por não terem o compreendido, e assim imitam buscando
motivos em suas experiências de jogo.
Naquilo que se refere ao ato motor, situação predominante nos jogos das
crianças, Wallon é de opinião que o movimento pode ser técnico ou simbólico, sem fazer
referência ao plano de representação e do conhecimento. Concluo que Wallon segue tanto
uma linha de Lapierre como de Aucouturier um defendendo o jogo no âmbito de exercícios
e outro no jogo simbólico seguindo visões vigotskiana.
infantil.htm
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BIBLIOGRAFIA
MATTOS, Mauro Gomes de; ROSSETO JÚNIOR, José; BLECHER, Shelly. Teoria e
prática da metodologia da pesquisa em educação física: construindo seu trabalho
acadêmico: monografia, artigo científico e projeto de ação. São Paulo: Phorte, 2004.
MORO, Daniele Ribas Précoma. et. al. A psicomotricidade relacional como propulsora
do vínculo afetivo na educação infantil. In: VII Congresso Nacional de Educação -
EDUCERE - Saberes Docentes. Anais, PUCPR, Curitiba: 2007,
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adulto diante da criança de 0 a 3 anos: psicomotricidade relacional e formação da
personalidade. 2 ed. Curitiba: Editora UFPR, 2002.
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