Relatório Anual Da Atividade Das CPCJ Do Ano 2020
Relatório Anual Da Atividade Das CPCJ Do Ano 2020
Relatório Anual Da Atividade Das CPCJ Do Ano 2020
ATIVIDADE DAS
CPCJ
Relatório Anual
2020
Título: Relatório Anual de Avaliação da Atividade das CPCJ 2020
Revisão: CNPDPCJ
Paginação: CNPDPCJ
Design da capa: CNPDPCJ
ISSN: 2184-559X
Junho de 2021
Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ)
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AVALIAÇÃO DA
ATIVIDADE DAS
CPCJ
Relatório Anual
2020
MENSAGEM DA 2.5. Apadrinhamento civil 57
2.6. Pedidos de Intervenção de caráter
PRESIDENTE internacional 58
Mensagem da Presidente 4
2.7. A intervenção protetiva das CPCJ:
.....................................
perspetiva territorial 61
Sumário 2.8. Cessação da intervenção das CPCJ –
Executivo visão global 67
.....................................
Sumário Executivo 5
..................................... 3.
A pandemia Caracterização das
COVID 19 crianças e jovens e
famílias acompanhadas/
A pandemia COVID 19 9
..................................... os em 2020 com medida
Enquadramento de promoção e proteção
3.1. Caracterização das crianças e jovens 71
Enquadramento 21
..................................... 3.2. Caracterização da principal pessoa cuidadora
das crianças e jovens acompanhadas/os no ano
1. de 2020, com medida de promoção e proteção 75
A Intervenção .....................................
Preventiva e de 4.
Promoção dos Direitos Outras
1.1. Dimensão europeia e internacional 31
atribuições
1.2. Dimensão nacional 34
..................................... 4.1. Participação de crianças e jovens em
atividades de natureza cultural artística ou
2. publicitária 81
Índice de gráficos,
figuras e tabelas 117
Mensagem da Presidente
da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens
Rosário Farmhouse
O ano de 2020 foi o mais desafiante das nossas vidas, quer individualmente, quer enquanto sociedade
global.
A pandemia exigiu que tivéssemos de aprender a gerir a vulnerabilidade, a incerteza, a complexidade e a
ambiguidade.
No que respeita à matéria da infância e juventude, as preocupações foram muitas, sabendo que as crianças,
apesar de terem sido as menos infetadas, foram as mais afetadas pelos efeitos da pandemia e do respetivo
confinamento e isolamento social.
O aumento das desigualdades, da violência intrafamiliar, o desemprego dos pais ou cuidadores, o excesso
de horas em frente ao ecrã (com uma maior exposição ao abuso virtual e às dependências), o agravamento
de problemas de saúde psicológica e de consumos. A conciliação familiar entre o ensino a distância, teletra-
balho e família potenciaram situações de burn-out parental. O isolamento das crianças, quer da família alar-
gada, quer da escola ou de outras entidades protetoras, criou situações de grave fragilidade e invisibilidade.
Neste contexto, as Comissões de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ) estiveram presentes, fruto de grande
dedicação à causa dos direitos das crianças, com grande capacidade de resiliência e de criatividade, en-
contrando muitas e diversificadas maneiras de prevenir e proteger. Com o seu profissionalismo e eficácia,
generosidade e altruísmo mantiveram-se enquanto porto de abrigo dos direitos das crianças.
Este relatório tenta reproduzir o muito que foi feito pelas CPCJ no ano de 2020.
Por ter sido um ano atípico, contámos com a análise do impacto da pandemia no funcionamento das CPCJ,
elaborada pela Professora Maria João Leote (Comissária do Conselho Nacional da CNPDPCJ) e a sua colega
Cláudia Urbano, a quem muito agradeço o extraordinário contributo.
A atualização informática dos dados, por parte das CPCJ, tem sido fundamental para a recolha da informa-
ção que aqui se apresenta de forma sistematizada. Por isso, muito agradeço o esforço e o empenho!
Agradeço também à equipa técnica da Comissão Nacional que tratou os dados, redigiu e editou este rela-
tório.
Conhecer mais para agir melhor é um dos lemas que nos guia, acreditando que, todos os dias, vamos dando
passos na direção de uma sociedade mais inclusiva e protetora.
SUMÁRIO EXECUTIVO
Elaborado anualmente pela Comissão
Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e
Jovens, o Relatório Anual de Avaliação da Atividade das CPCJ é um
documento público de referência, quer para as próprias Comissões
de Proteção, quer para a sociedade em geral, na medida em que
analisa e reflete os resultados das ações desenvolvidas, tanto a nível
da prevenção como da proteção.
sumário executivo 7
30 256
TRANSITADOS DE 2019
69 622
NOVOS NO ANO
PROCESSOS DE PROMOÇÃO
39 366 31 599
E PROTEÇÃO
INICIADOS EM 2020 REABERTOS
7 767
1387 transferências de
processo, devidas a mudanças
de residência da criança ou
66 529
69 622 jovem crianças e jovens
PROCESSOS DE PROMOÇÃO beneficiaram de
1 706 situações que intervenção pelas
E PROTEÇÃO originaram mais do que uma CPCJ1
reabertura de processos no
mesmo ano.
NÃO!
1
Crianças que entraram no sistema de proteção em 2020 e aquelas que já eram acompanhadas anteriormente e continuaram a ser.
8 sumário executivo
66 529 Crianças
Análise Preliminar
3 402 processos arquivados
liminarmente
3 776
3 247
2 889
2 683
2 501
2 237
11 045 13 486
45% 55%
1 430
1 300
1 122 1 182
1 074
993
51 45 0 1
Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino
0 a 2 anos 3 a 5 anos 6 a 10 anos 11 a 14 anos 15 a 17 anos 18 a 21 anos > 21 anos Desconhecido
A PANDEMIA
COVID 19
PARA ASSEGURAR UMA RESPOSTA ROBUSTA
À SITUAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E ÀS DIFERENTES FASES DE
EVOLUÇÃO NO PAÍS, FORAM DESENVOLVIDAS, AO LONGO DO ANO,
UM CONJUNTO DE MEDIDAS EXTRAORDINÁRIAS E DE CARÁTER
URGENTE.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 11
A PANDEMIA
COVID 19
O ano de 2020, marcado pela pandemia COVID-19, enquanto crise de saúde pública, veio colocar grandes de-
safios à proteção e bem-estar das crianças e famílias, acentuando desigualdades e afetando significativamente
grupos vulneráveis da população.
Para assegurar uma resposta robusta à situação epidemiológica e às diferentes fases de evolução no país, foram
desenvolvidas, ao longo do ano, um conjunto de medidas extraordinárias e de caráter urgente.
Neste contexto, foram realizadas pela Comissão Nacional para a Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e
Jovens (CNPDPCJ) diversas ações que contribuíram para a implementação de respostas de proteção das crianças
durante a pandemia:
MATERIAIS PRODUZIDOS E
DIVULGADOS PELA CNPDPCJ À 8 ABRIL
SOCIEDADE EM GERAL, NO ÂMBITO COVID-19 – “Como lidar com... Situações Vulneráveis para
Crianças e Jovens”.
DA CAMPANHA COVID-19
COVID-19 – “How to deal with...Situations of vulnerability
for children and young people”.
13 MARÇO
20 MAIO
Comunicado da CNPDPCJ sobre a COVID-19.
Brochura digital para lançamento e divulgação da Linha
Crianças em Perigo – 96 123 1111, integrada na campa-
20 MARÇO nha “Proteger Crianças Compete a Tod@s”, amplamente
“COVID-19 – Como lidar com a situação – Conselhos para divulgada, inclusive nos meios de comunicação social.
pais em situações vulneráveis”.
Brochura Proteger Crianças Compete a Tod@s.
“COVID-19 – Como lidar com a situação – Informações e
conselhos para crianças e jovens em situações vulnerá-
1 JUNHO
veis”.
Webinar Dia da Criança, 1 de junho “COVID-19: proteger
crianças em casa e na rua”.
1 ABRIL
Apresentação do novo site da CNPDPCJ, que passou a
Mensagem da presidente da CNPDPCJ, em vídeo, dirigida
integrar o Formulário Online de Comunicação de Situa-
às CPCJ, no âmbito da campanha do Mês da Prevenção
ções de Perigo.
dos Maus-Tratos na Infância.
15 JUNHO 11 SETEMBRO
”Coronavírus #Covid-19: Como podem os adultos apoiar “Novo Ano, Novas Regras – Regressar à escola ou integrar
as crianças a lidar com o desconfinamento”. uma escola nova.”
Brochura elaborada pela CNPDPCJ para apoiar as crianças
“Coronavírus #Covid-19: vamos desconfinar. E agora?” e os jovens no regresso às aulas.
2 DEZEMBRO
Com o apoio da Delta, teve início a distribuição massiva
de cinco milhões de saquetas de açúcar reforçando a
Campanha “Proteger crianças compete a tod@s”, particu-
larmente a Linha Crianças em Perigo.
IMPACTOS DA PANDEMIA
NA ATIVIDADE DAS CPCJ
A menor visibilidade das crianças e das famílias junto das entidades de primeira linha, em resultado da necessi-
dade de cumprimento das normas de confinamento, bem como as potenciais consequências no agravamento
de situações de risco social e perigo, constituíram dois dos principais – e bem complexos – desafios a que as CPCJ
tiveram de dar resposta, no exercício das suas competências.
Nesta ordem de ideias, o Conselho Nacional da CNPDPCJ considerou ser essencial e urgente identificar a forma
como as CPCJ percecionaram a sua atuação no terreno, quais as maiores dificuldades e constrangimentos senti-
dos desde o início do estado de emergência, a par de aspetos positivos que pudessem identificar como elemen-
tos catalisadores da sua adaptação às circunstâncias emergentes.
Deste modo, foi constituído um grupo de trabalho, em estreita articulação com a Presidência da CNPDPCJ, para
análise de proposta de recolha de informação junto das CPCJ, realizada pela equipa técnica da CNPDPCJ, que
resultou no inquérito – Impactos da Pandemia na Atividade das CPCJ.
A recolha de informação das CPCJ a nível nacional foi realizada na modalidade de inquérito por questionário
online, aplicado através da plataforma LimeSurvey, disponibilizada para esse efeito pelo Instituto de Informáti-
ca (II,I.P.), do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social. O convite à participação no inquérito foi
enviado, por email, da Presidência da CNPDPCJ a cada CPCJ, contendo informação de enquadramento, o link de
acesso e as instruções de preenchimento, em outubro de 2020. A cada CPCJ foi solicitado o preenchimento de
um só questionário, tendo por objetivo que a resposta pudesse ser representativa da experiência dessa mesma
entidade. O período de preenchimento na plataforma do II, I.P. decorreu entre 20 de outubro e 26 de novembro
de 2020.
A análise detalhada ao resultado dos questionários validados para análise, 188 questionários, representando 61%
do universo das CPCJ, (ver metodologia em anexo) traduz-se no estudo – Um olhar sobre os impactos da Pandemia
COVID-19 na atividade das CPCJ, realizado por Maria João Leote1 e Cláudia Urbano2.
Alguns dos resultados obtidos são apresentados infra e foram organizados em torno das seis grandes áreas sobre
a organização e atividade das CPCJ: gestão e funcionamento, composição, instalações e condições logísticas,
articulação com outras entidades, maiores dificuldades sentidas e pontos fortes.
1
Conselho Nacional da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens (membro cooptado), Investigadora
do CICS.NOVA – Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade NOVA de Lisboa
2
Investigadora do CICS.NOVA – Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Universidade
NOVA de Lisboa
14 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
Já no que concerne às reuniões das CPCJ na modalidade alargada, o panorama é o inverso. Para a esmagadora
maioria, a regularidade das reuniões nesta modalidade foi inferior ao planeamento definido, o que se pode expli-
car, em larga medida, em função das normas impostas para o confinamento, com o consequente encerramento
das entidades e a imposição de medidas de isolamento social.
2. Composição da CPCJ
De entre os principais motivos enunciados pelas CPCJ na base da diminuição do número de Comissários/as na
modalidade restrita, destacam-se orientações da entidade de origem (19,4%), a colocação em teletrabalho pela
entidade de origem (10,4%) e, até mesmo, a cessação da representação da entidade de origem (3,1%), concreti-
zada durante os períodos em análise. A necessidade de prestação de assistência / cuidados a familiares, incluindo
crianças (14,1%) e o facto de o/a técnico/a integrar um grupo de risco, nos termos definidos nas orientações ofi-
ciais (13,0%), são outros dos motivos mais representados no conjunto das CPCJ participantes.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 15
Quando questionadas sobre as áreas de atividade em que consideravam ter sido mais afetadas pela diminuição
do número de Comissários/as na modalidade restrita, as CPCJ destacaram, em primeiro lugar – e nos dois perío-
dos em análise (Tabela 3) –, o acompanhamento da execução das medidas (30,3 % durante o estado de emergên-
cia e 16,1% na fase pós estado de emergência).
Tabela 3 | Áreas de Atividade mais afetadas pela diminuição do n.º de Comissários/as, por período em avaliação
Cerca de 66,7% das CPCJ indica ter mantido o atendimento presencial durante o estado de emergência a par
de outras formas de atendimento, nomeadamente por telefone (93%), via mail (72%) ou por outras plataformas
digitais online (26%). O número de comissões que conseguiram voltar ao atendimento presencial aumenta para
87,5% após o estado de emergência. Independentemente da modalidade de atendimento, em quase um terço
(30,7%) houve a intervenção de parceiros para que a CPCJ pudesse assegurar o funcionamento durante o estado
de emergência, número que baixa ligeiramente no segundo momento em análise (26,0%).
Do total de 188 CPCJ respondentes, metade (50%) refere que as maiores dificuldades foram sentidas na etapa
de avaliação para realização de diagnóstico da situação de perigo referenciada durante o período do estado de
emergência. Esta tendência manteve um valor significativamente elevado (44,9%) no período pós-estado de
emergência definido (de 3 de maio a 31 de agosto de 2020).
Menos de metade das CPCJ indica não ter sentido maiores dificuldades na intervenção e na aplicação das orien-
tações das autoridades ou, quando sentidas, as mesmas foram superadas.
Em diversos casos, é destacada a ação das Câmaras Municipais e outros órgãos autárquicos no apoio e disponi-
bilização de respostas, a curto e médio prazo, que permitiram à CPCJ local superar eventuais dificuldades iniciais.
“Somos poucos elementos e cada um dos membros tem pouco tempo para
disponibilizar à Comissão, sendo difícil fazer grupos equilibrados em termos
de evitar o contágio. Neste momento o nosso maior receio é se uma de nós
fica contagiada, vamos todos para casa e quem assegura o atendimento nas
instalações da Comissão?”
(46 CPCJ)
Mas, talvez a questão fulcral nesta área, levantada por mais do que uma CPCJ, e que já era relevante em fase de
pré-pandemia, tem a ver com a forma como as entidades de origem dos/as Comissários/as gerem o tempo da sua
afetação ao trabalho na comissão, que, nos termos da lei, deve constituir prioridade, mas que, em determinados
casos, assim não acontece.
6. Pontos fortes
Os pontos fortes mencionados, distribuem-se pelas seguintes grandes categorias: manutenção do funcionamen-
to, capacidade de resposta, articulação com parceiros, contactos com as crianças e as famílias, Comissários/as,
coesão da equipa, criação/adaptação a novos instrumentos/metodologias de trabalho e uma última categoria de
“outros” (que inclui uma diversidade de situações específicas e contextualizadas com valores residuais).
A necessidade de uma maior flexibilidade e capacidade de ajustamento na resposta às mais diversas necessida-
des surgidas na comunidade, obrigou a um reposicionamento e esforço adicional de planeamento e intervenção.
Naturalmente, estas são situações que foram vivenciadas de forma muito diversa por cada CPCJ, em função da
rede social e de como foi planeada a respetiva atuação e articulação das respostas em tempos de confinamento.
Para este efeito, a preocupação com a divulgação de informação na comunidade e junto das populações sobre
como era mantido o funcionamento da CPCJ, a par da manutenção de canais de comunicação permanente e de
fácil acesso, são reveladas como prioridade entre várias. Não se tratou apenas de disseminar informação sobre o
modelo e horário de atendimento da CPCJ, mas atuar num plano de prevenção, como definido nas suas compe-
tências, que suportou, em algumas, a apresentação, pelos mais diversos meios, de informação, esclarecimentos e
conhecimento relevante, emanado por outras entidades oficiais, como a DGS ou a CNPDPCJ.
Pronta capacidade de criação/adoção/adaptação de novas metodologias e instrumentos de trabalho é apon-
tada pelas CPCJ como o ponto forte da sua atuação nos dois períodos em análise (25,5% e 19,5%, respetiva-
mente). É uma área que as próprias CPCJ indicam que deve ser explorada no futuro, de forma a potenciar maior
eficiência e eficácia da sua ação, sobretudo na consideração de modalidades e ferramentas digitais.
Se para muitas CPCJ, a orientação que assinalam em resposta ao inquérito é a de que “apesar das dificuldades
do período anterior, foi possível recuperar a normalidade no funcionamento da CPCJ” (143 CPCJ). No período
pós-estado de emergência, outras há em que as principais dificuldades identificadas previamente, sobretudo de
natureza estrutural, se mantêm e requerem um novo olhar e investimento por parte de quem detém competên-
cias na área.
Globalmente, a robusta identificação de pontos positivos pelas CPCJ na sua atuação nos dois períodos em ava-
liação, permite afirmar que a pandemia trouxe igualmente janelas de oportunidades que algumas das CPCJ par-
ticipantes, por força das circunstâncias adversas, conseguiram aproveitar, tornando e transformando potenciais
problemas em forças, muito ao “fortalecer o trabalho multidisciplinar e a entreajuda da equipa” (127 CPCJ), o que
evidencia a sua capacidade de reinvenção e de abertura para a promoção da mudança no sistema.
ENQUADRAMENTO
EM PORTUGAL, EM MAIO DE 1911, MENOS DE
UM ANO DEPOIS DA PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA, É PUBLICADA A
LEI DE PROTEÇÃO À INFÂNCIA. FOI A PRIMEIRA LEI DO GÉNERO, EM
TODA A EUROPA.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 23
ENQUADRAMENTO
A proteção das crianças é uma preocupação crescente em todos os países do mundo, ao longo dos séculos XX e
XXI, tendo sido criados mecanismos e instrumentos jurídicos de promoção e proteção dos direitos das crianças,
a nível nacional e internacional.
Em Portugal, em maio de 1911, menos de um ano depois da proclamação da República, é publicada a Lei de
Proteção à Infância, um marco na legislação da época, documento que fez do nosso país um percursor, quer nos
mecanismos legais de proteção das crianças, quer no Direito de Menores, até então inexistente. Foi a primeira lei
do género, em toda a Europa.
Esta lei criou a Tutoria da Infância e a Federação Nacional dos Amigos e Defensores das Crianças. A primeira, era
um tribunal coletivo que se destinava a “guardar, defender e proteger os menores em perigo moral, desampara-
dos ou delinquentes”, composto por um juiz, um médico e um professor, abrindo o caminho da interdisciplinari-
dade a um espaço (o tribunal), até então reservado a juristas. A segunda, reunia, facultativamente, as instituições
oficiais e particulares que formavam “um verdadeiro sistema de higiene moral e social”, a fim de prevenir “os males
… das crianças, fazer interessar todo o cidadão português pela conservação e desenvolvimento da saúde das
crianças…” e “…auxiliar a tutoria da infância na execução dos seus acórdãos…”, manifestando, já então, preocu-
pações relativas à prevenção.
Algumas opções então tomadas, perduram na legislação atual, como por exemplo, a consagração de que as
decisões dos casos concretos devem basear-se no interesse da criança, a criação de um tribunal de competência
especializada (a Tutoria da Infância) e a interdição de se julgar como adultas, crianças delinquentes com menos
de 16 anos.
Esta Lei de Proteção à Infância vigorou durante praticamente meio século, até 1962, com a publicação da Organi-
zação Tutelar de Menores (OTM), que veio reforçar o caráter protetor do direito de menores e que seria revista em
1978, mantendo-se até 2001, com a entrada em vigor da Lei n.º 147/99 de 1 de setembro.
A nível internacional, a promoção e proteção dos direitos das crianças tem vindo a ser destacada pelo trabalho
desenvolvido por organizações como as Nações Unidas (ONU), Organização Internacional do Trabalho, Conselho
da Europa, Comissão Europeia e Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
A Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC) constitui o instrumento primordial da promoção dos direitos
e proteção da criança, reafirmando, no seu preâmbulo, o facto de as crianças, devido à sua vulnerabilidade, ne-
cessitarem de uma proteção e de uma atenção especiais, sublinhando, de forma particular, a responsabilidade
fundamental da família no que diz respeito aos cuidados e proteção. Reafirma, ainda, a necessidade de proteção
jurídica e não jurídica da criança antes e após o nascimento, a importância do respeito pelos valores culturais da
sua comunidade, e o papel vital da cooperação internacional, para que os seus direitos sejam uma realidade.
Portugal, ao ratificar a CDC, reconhece assim a universalidade dos direitos da criança, assumindo o compromisso
de promover a sua implementação e de respeitar, proteger e garantir estes direitos a todas as crianças sujeitas à
sua jurisdição.
Tendo em vista dar cumprimento às recomendações do Comité dos Direitos da Criança, designadamente, a ado-
ção pelo Estado Português de uma Estratégia Nacional abrangente para a aplicação da Convenção, foi aprovada
através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 112/2020, de 27.11.2020 a Estratégia Nacional para os Direitos
da Criança (ENDC 2021-2024).
24 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
A ENDC, coordenada pela Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção de Crianças e Jovens
(CNPDPCJ) vem, assim, implementar e monitorizar um conjunto coordenado de atuações intersectoriais, que
permitam garantir um progresso significativo na aplicação dos direitos das crianças.
A ENDC afigura-se, deste modo, como um importante instrumento estratégico, de carácter transversal, que con-
grega a articulação entre as diferentes áreas governativas, no desenvolvimento de planos de ação e na concreti-
zação de medidas concertadas, com vista à promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens.
Todas as crianças têm direito à dignidade humana e à sua integridade física e psicológica. Como qualquer outro
direito, o direito à proteção contra todas as formas de violência é inerente. Isso significa que – independente-
mente da nacionalidade, local de residência, sexo, idade, nacionalidade ou origem étnica, cor, religião, idioma ou
qualquer outro status – toda e qualquer criança tem o direito de viver uma vida livre de perigos.
O Estado português reconhece constitucionalmente a família enquanto elemento fundamental da sociedade e
sendo responsável primordial pelo garante da concretização dos direitos da criança. Por outro lado, as crianças
têm direito à proteção da sociedade e do Estado, com vista ao seu desenvolvimento integral, especialmente con-
tra todas as formas de abandono, de discriminação e de opressão e contra o exercício abusivo da autoridade na
família e nas demais instituições (artigo 67.º e 69.º CRP).
A UNICEF1, nos seus relatórios e estudos, assume a definição de sistema de proteção das crianças como sendo o
conjunto de estruturas formais e informais, funções e capacidades que foram reunidas para prevenir e responder
à violência, abuso, negligência e exploração da criança. Existe um consenso genérico sobre os componentes do
sistema de proteção: recursos humanos, apoio financeiro, leis e políticas, governação, monitorização e recolha de
dados estatísticos, bem como serviços de proteção e de apoio social.
Um sistema de proteção eficaz deverá implicar políticas, procedimentos e estruturas para proteger as crianças
da violência a todos os níveis e em todos os ambientes onde ela ocorre (família, escola e comunidade). Para isto,
é essencial uma abordagem multidisciplinar e multissetorial, que inclui as diversas áreas governativas, organiza-
ções da sociedade civil, comunidade, as famílias e, mas importante, as próprias crianças.
É numa visão holística da intervenção preventiva e protetiva das crianças, que o sistema de proteção deverá
assentar, através da complementaridade do trabalho desenvolvido pelas redes informais e o trabalho especializa-
do, realizado pelas redes formais de proteção e as interações e relações dinâmicas e recíprocas entre os diferentes
atores que compõem o sistema de proteção.
1
UNICEF/UNHCR/Save the Children/World Vision, 2013, p.3.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 25
Figura 1
Intervenção sistémica no perigo
Redes Informais
Comunidade + Família + Vizinhos + Grupos Comunitários + Cidadãos
Serviços de Bem-Estar e
Apoio Social
s de Prote
Fatore çã o
Respostas Sociais
Universais
Família
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Amigos/as
Criança
Jovem
Fatore
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res de Risco
Serviços Básicos de Apoio Serviços de Proteção
à Criança e Jovem Especializados
Redes Formais
Intervenção Subsidiária do Perigo
A abordagem holística permitirá aceder às dimensões da criança e aos seus problemas de múltiplos ângulos. Será
tanto mais eficaz, quanto mais integrar nos seus pressupostos de intervenção uma maior ênfase na intervenção
precoce, prevenção e apoio familiar, potenciando o sistema protetivo como parte da vida quotidiana na comu-
nidade.
As CPCJ têm a competência da promoção dos direitos e da prevenção de situações de perigo, na sua modalidade
alargada, mas não se exclui a responsabilização das comunidades locais, das redes formais e informais estabele-
26 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
cidas nos diferentes territórios, das famílias e do/a cidadão/ã, pela proximidade de eventuais situações de perigo
de que possam ter conhecimento.
O modelo de proteção de crianças e jovens em perigo, apela pois à participação ativa da comunidade, numa
relação colaborativa com o Estado, concretizada nas Comissões de Proteção de Crianças e Jovens (CPCJ), capaz
de potenciar sinergias locais, com vista ao estabelecimento de redes de desenvolvimento social. É neste princípio
colaborativo que melhor se desenvolve o esforço sistémico na implementação de cada vez mais ações preventi-
vas de situações de perigo, de forma a reduzir a necessidade de intervenção protetiva.
A promoção dos direitos e a proteção da criança e do jovem em perigo incumbe às entidades com competência
em matéria de infância e juventude, às comissões de proteção de crianças e jovens e aos tribunais (artigo 6.º da
LPCJP).
Esta intervenção ocorre subsidiariamente, devendo ser efetuada, sucessivamente, pelas entidades com compe-
tência em matéria de infância e juventude (ECMIJ), pelas Comissões de Proteção de Crianças e Jovens e, em últi-
ma instância, pelos Tribunais (alínea k) do artigo 4.º da LPCJP).
A intervenção das ECMIJ para a remoção do perigo é concretizada de acordo com as suas competências e, sem-
pre que possível, em articulação ou em parceria, preconizando-se que, de acordo com o princípio da subsidia-
riedade, a intervenção seja concretizada pela entidade competente para intervir, respeitando-se o primado da
intervenção informal e de proximidade.
A intervenção não judiciária, das CPCJ, depende da existência de consentimento dos pais ou legal representante
da criança e pressupõe que a aplicação da medida de promoção e proteção seja consensualizada com a família,
inexistindo oposição da criança de doze ou mais anos de idade.
Os Tribunais, constituem o último patamar de intervenção, segundo o princípio da subsidiariedade, e intervêm,
sempre que a Lei o preveja, com poder de aplicar as medidas de promoção e proteção, de forma coerciva, ainda
que privilegiando, sempre que possível, soluções de consenso.
Figura 2
Intervenção subsidiária no perigo
Sistema
Ministério Público
Judiciário
Família
consentimento
Comissão de Proteção de
expresso e não
Crianças e Jovens oposição da
criança*
Risco/Perigo
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 27
A AVALIAÇÃO DA
ATIVIDADE DAS CPCJ
O Relatório de Avaliação da Atividade das CPCJ pretende descrever o trabalho desenvolvido pelas mesmas na
promoção dos direitos, na prevenção e na proteção do perigo, procurando evidenciar o desafio diário da sua
intervenção, exponenciado pelo contexto pandémico vivido.
A importância da avaliação permite devolver uma visão global sobre as crianças acompanhadas no ano em análi-
se, a diversidade de atividades e iniciativas realizadas, aspetos positivos e constrangimentos, de forma a facilitar a
reflexão conjunta sobre as potencialidades da intervenção diária das CPCJ, no sentido de perspetivar o processo
evolutivo da sua capacidade preventiva e protetiva.
O presente relatório resulta da análise de dados quantitativos e qualitativos da informação dos processos de pro-
moção e proteção introduzidos por cada uma das 310 CPCJ na “aplicação informática para a gestão da CPCJ e do
processo de promoção e proteção” e da informação recolhida no âmbito do “Questionário relativo à composição,
funcionamento e atividade da CPCJ – 2020”.
A informação qualitativa foi sujeita a uma análise de conteúdo e os dados quantitativos foram alvo de uma aná-
lise estatística descritiva, com recurso ao programa Excel.
A análise da dimensão qualitativa dos dados procura congregar os contributos relativos aos aspetos positivos,
constrangimentos e propostas de melhoria, para melhor responder às necessidades observadas no desenvolvi-
mento da atividade quotidiana das CPCJ.
Este relatório pretende, assim, dar a conhecer a avaliação da atividade realizada pelas CPCJ, no ano de 2020, cen-
trada em dois eixos: intervenção preventiva e de promoção dos direitos e intervenção protetiva.
A INTERVENÇÃO PREVENTIVA E
DE PROMOÇÃO DOS DIREITOS
É NA CRIAÇÃO DE DINÂMICAS DE MOBILIZAÇÃO E
ENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE, ATRAVÉS DA CONCRETIZAÇÃO
DE ATIVIDADES DIVERSIFICADAS, QUE SE FORTALECE A PROMOÇÃO
DOS DIREITOS E A PREVENÇÃO DAS SITUAÇÕES DE PERIGO.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 31
1
A INTERVENÇÃO PREVENTIVA
E DE PROMOÇÃO DOS DIREITOS
O artigo 18.º da Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo (LPCJP) atribui à modalidade alargada das CPCJ
a competência do desempenho de um papel relevante na promoção dos direitos da criança e respetiva família,
bem como na prevenção das situações de perigo que a possam afetar.
A experiência da realidade local contribui para uma cultura de prevenção e, é nesta perspetiva, da promoção
dos direitos e da prevenção do perigo para a criança ou jovem, que as CPCJ desenvolvem e dinamizam ações ao
longo de todo o ano, dirigidas a diferentes grupos-alvo. É na criação de dinâmicas de mobilização e envolvimento
da comunidade, através da concretização de atividades diversificadas que se fortalece a promoção dos direitos e
a prevenção das situações de perigo.
1.1.
DIMENSÃO EUROPEIA
E INTERNACIONAL
Sendo a promoção e proteção dos direitos da criança parte da missão primordial das CPCJ, também estas, como
qualquer entidade de qualquer país, e no respetivo âmbito de competências, estão incumbidas da responsabili-
dade de contribuir para a implementação das Convenções e Protocolos das Nações Unidas e do Conselho da Eu-
ropa de que Portugal é Estado-Parte e que determinam o cumprimento de obrigações internacionais, relevando
para o presente documento as que dizem respeito aos direitos da criança.
Importa referir que o atual contexto mundial, o estreitamento de distâncias por via da utilização da internet,
redes sociais e demais tecnologias da informação e da comunicação, bem como o que tal representa em termos
do risco de exposição das crianças a violações graves dos seus direitos, tornam imperativa a consideração desta
realidade nas dimensões da promoção e proteção das crianças e na noção de perigo, na sua complexa dimensão
transfronteiriça. Com efeito, o risco de exposição das crianças a violações graves dos direitos em ambiente digital
pode resultar na sua exploração por predadores individuais ou por redes criminosas, redundando em potenciais
ameaças à vida ou em danos irreparáveis na saúde e no desenvolvimento das crianças e na sua qualidade de vida
em termos físicos, psicológicos e emocionais, suscetíveis de limitar a sua integração e pleno usufruto da sociali-
zação.
Acresce que os efeitos dramáticos da situação de pandemia declarada em 2020, também atingiram Portugal e
fizeram-se sentir a todos os níveis, com maior incidência nas populações mais vulneráveis, onde se incluem as
crianças. Em virtude da crise sanitária e na sequência da implementação de medidas de contenção como o confi-
namento, as crianças sofreram os efeitos de isolamento social dos seus contextos de socialização habituais, na es-
cola, desportos e tempos livres, bem como viram acrescidos os perigos de exposição à internet e às redes sociais.
Por essa razão, as CPCJ desenvolveram ações preventivas específicas para proteger as crianças da vitimização em
32 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
ambiente digital no contexto da pandemia, que acresceram à ação protetiva habitual que continuaram a levar a
cabo, apesar das limitações específicas, resultantes da situação sanitária, que ultrapassou o ano em análise.
Em 2020, como em anos anteriores e não obstante os desafios acrescidos, as CPCJ continuaram empenhadas
em refletir a dimensão europeia e internacional dos direitos da criança, promovida pela Comissão Nacional de
Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ). Fê-lo através das suas próprias iniciativas,
agora adaptadas ao contexto sanitário, o qual reforçou a necessidade de sensibilização para os riscos acrescidos
de violação dos direitos das crianças. Nesse sentido, reforçou a produção e publicação de materiais para ajudar
as crianças e cuidadores a conhecer e a lidar melhor com a situação pandémica. Este empenhamento das CPCJ
encontrou-se patente na dinamização de 1011 ações comemorativas dos dias europeus ou internacionais, com
cobertura em todo o território nacional. 707 destas iniciativas foram promovidas pelas próprias CPCJ e 304 por
outras entidades, a que as Comissões se associaram como parceiras. Comparativamente com o ano anterior,
apesar da pandemia e das medidas de confinamento, realizaram-se, apenas, menos 435 ações comemorativas
dos dias europeus e internacionais, o que revela um grande empenho e esforço de adaptação das CPCJ, para
continuar a assegurar esta vertente preventiva dos direitos, fundada nos principais instrumentos europeus e
internacionais dos direitos da criança.
As 1011 ações comemorativas dos dias europeus e internacionais dinamizadas pelas CPCJ em 2020, conseguiram
alcançar um total de 1 041 292 participantes, o que representa um acréscimo de 602 752 participantes, mais do
que o dobro, relativamente aos 438 540 no ano anterior, não obstante a redução do número de ações comemo-
rativas em resultado das limitações da pandemia. Tal revela a capacidade de adaptação das CPCJ ao contexto,
designadamente pelo recurso a meios de divulgação e de comunicação via Internet e pela disponibilização de
recursos informativos que permitiram superar as limitações decorrentes do confinamento e da modalidade de
sensibilização presencial. À semelhança de anos anteriores, para além das próprias crianças e jovens, os desti-
natários destas ações de sensibilização para a promoção e proteção dos direitos da criança, a todos os níveis de
intervenção no país – nacional, regional e local –, incluíram: pais, professores, famílias, educadores, profissionais
das entidades com competência em matéria de infância e juventude e a sociedade civil.
De entre as 1011 ações comemorativas, 243 tiveram crianças e jovens como destinatários exclusivos, tendo
abrangido um total de 88 127 crianças e jovens para além das já integradas no número global de participantes
referido no parágrafo anterior, e que assim, por esta via, usufruíram do direito a ser informados e a participar em
matérias que lhes dizem respeito, bem como a ser sensibilizados para o exercício dos seus direitos e para o recur-
so a profissionais capacitados e a entidades competentes para a sua proteção e dos seus direitos, sempre que se
encontrem ameaçados.
Importa mais uma vez sublinhar que o enquadramento legal estabelecido pela LPCJP, mormente no seu artigo
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 33
18.º, fundamentou o desenvolvimento das iniciativas promovidas pelas CPCJ, ou a que estas se associaram, para
celebrar os dias europeus e internacionais com impacto na promoção e na proteção dos direitos das crianças,
reportadas às suas competências, em função da natureza e objetivos das iniciativas em apreço.
Sessão online
20 de novembro
Assista em direto pelo
Zoom
ID: 635 691 8589
31.º aniversário
Senha: xQd3Ut
ou
da Convenção sobre
Youtube os Direitos da Criança
18 de novembro Direitos das Crianças,
Crianças com
Dia Europeu para a Direitos
e o Abuso Sexual Presidente da Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das
Crianças e Jovens (CNPDPCJ)
REPÚBLICA
PORTUGUESA
TRABALHO, SOLIDARIEDADE
E SEGURANÇA SOCIAL
Dia Europeu da Proteção das Crianças Convenção sobre os Direitos da Mês da prevenção dos maus-tratos
contra a Exploração Sexual e o Abuso Criança (CDC) – 20 novembro na infância (MPMTI)
Sexual – 18 novembro
118 ações 237 ações 527 ações
Comparando estes valores com os homólogos do ano anterior, constata-se que, em 2020, e apesar dos constran-
gimentos colocados pela pandemia, as CPCJ conseguiram manter e até mesmo aumentar as suas ações comemo-
rativas do dia 18 de novembro – Dia Europeu para a Proteção das Crianças contra a Exploração Sexual e o Abuso
Sexual1, celebrado nos Estados-Membros do Conselho da Europa, entre os quais, Portugal. A redução do número
de ações afetou sobretudo a comemoração do aniversário da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da
Criança, a 20 de novembro2, a celebração de Abril – Mês da Prevenção dos Maus-Tratos na Infância, inspirada na
Campanha Laço Azul lançada nos EUA3, e a comemoração de outras datas europeias ou internacionais4.
Como habitualmente, a Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens apoiou a
comemoração dos dias europeus e internacionais acima referidos e de campanhas que lhes são alusivas, desig-
nadamente com divulgação de informação do Conselho da Europa (18 de novembro), das Nações Unidas (20 de
novembro – Campanha Estendal dos Direitos) e do Mês da Prevenção dos Maus-Tratos na Infância (Campanha
“Serei o que me deres… que seja amor”). Mais lançou a Campanha “Proteger Crianças Compete a Tod@s”, de
abrangência nacional, que visa reforçar o envolvimento da sociedade civil para a necessidade de prevenir a vio-
lência contra crianças em contexto de pandemia, em apoio da regular ação das CPCJ.
1
118 ações realizadas em 2020, comparativamente às 83 realizadas em 2019.
2
237 ações realizadas em 2020, comparativamente às 383 realizadas em 2019.
3
527 ações realizadas em 2020, comparativamente às 828 realizadas em 2019.
4
129 ações realizadas em 2020, comparativamente às 152 realizadas em 2019.
34 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
Tabela 8
Outras comemorações de datas europeias ou internacionais
1.2.
DIMENSÃO
NACIONAL
Num ano atípico e desafiador, em consequência da situação pandémica que afetou o país a partir de março de
2020, o caráter diverso das atividades desenvolvidas vem reforçar o já observado em 2019, relativamente ao evi-
dente comprometimento das CPCJ na mobilização da comunidade e parceiros para a concretização de medidas
preventivas, visando a promoção, defesa e concretização dos direitos da criança. Por outro lado, observa-se uma
preocupação cada vez maior no estabelecimento de sinergias, assentes em planos de ação mais ajustados às
necessidades dos territórios, envolvendo parcerias estratégicas e a participação da comunidade.
A dinâmica que tem vindo a ser estabelecida no planeamento e concretização das diferentes atividades, contri-
bui para a consolidação da colaboração com as entidades competentes no levantamento das necessidades, para
a identificação e mobilização dos recursos necessários à promoção dos direitos, do bem-estar e do desenvolvi-
mento integral da criança e jovem.
Mesmo em contexto de pandemia, que redirecionou o envolvimento dos participantes para o formato virtual,
foi desenvolvido um número elevado de atividades de caráter diverso em articulação com as várias entidades,
respetivos profissionais, crianças e jovens e com a comunidade, bem como o número de participantes. Manteve-
-se, assim, o empenho na promoção da tomada de consciência da importância dos domínios da prevenção das
situações de perigo e da promoção dos direitos da criança e jovem.
Desta forma, é possível perceber a relevância atribuída ao domínio da prevenção das situações de perigo e
da promoção dos direitos da criança e jovem. Verifica-se, assim, a realização de 1110 ações diversificadas, que
incluem ações de sensibilização, formação, teatro, encontros de parceiros, fóruns de discussão, atividades re-
creativas, desportivas e culturais e construção de materiais de divulgação e de informação, envolvendo mais de
150 100 participantes, incluindo nestes, cerca de 39 000 crianças e jovens.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 35
Direitos das crianças Encontros dos afetos Perigos do uso precoce da internet
Comportamentos adequados em
Governação integrada Comunidades ciganas
contexto de pandemia
Des(cobre) o teu corpo Diversidade inclusiva Prevenção abuso sexual nas crianças
O Projeto Adélia é um aliado das CPCJ, das famílias e da comunidade na afirmação da parentalidade livre de vio-
lência física, sem recurso a castigos corporais e com ênfase nas reais necessidades das crianças e na sua capaci-
tação. O apoio à parentalidade positiva e à capacitação parental é reconhecido como uma estratégia preventiva,
indispensável para a promoção e proteção dos direitos da criança, de harmonia com o paradigma dos direitos
36 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
humanos, de respeito pela família, sendo que esse respeito constitui o princípio e fim de toda a intervenção pro-
tetora.
O apoio à parentalidade, nas vertentes preventiva e reparadora, traduz-se, no eixo I deste projeto, na elaboração
de um diagnóstico local da infância e juventude, elaborado pela CPCJ, em conjunto com as ECMIJ e com a parti-
cipação efetiva das crianças e jovens, das famílias e comunidade, através do qual se podem identificar as proble-
máticas/necessidades dominantes, sobre as quais é necessária uma intervenção de cariz preventivo, traduzida
num Plano Local de Promoção e Proteção dos Direitos das Crianças e Jovens (PLPPDCJ).
A elaboração dos PLPPDCJ é um processo assente numa metodologia de planeamento que implica várias fases:
1.ª autodiagnostico – com o levantamento interno das necessidades das entidades que constituem as CPCJ; 2.ª
diagnostico local, onde são identificados fatores que facilitam a efetivação dos direitos da criança e, por outro
lado, fragilidades na promoção do bem-estar, criando sinergias locais com todas as ECMIJ, permitindo uma con-
certação na construção do PLPPDCJ.
No ano de 2020, relativamente ao desenvolvimento do eixo I – Mais proteção, no âmbito do acompanhamento
dos PLPPDCJ junto das CPCJ, podemos verificar, no gráfico seguinte, a evolução das suas fases nos três territórios
NUTS II, Norte, Centro e Alentejo.
Gráfico 1
Fases de Elaboração do PLPPDCJ
Norte
Centro
49
Alentejo
44
31
29
25
22
2.
A INTERVENÇÃO PROTETIVA DAS CPCJ
NO ANO DE 2020
SIM NÃO
Instauração
Arquivamento
do Processo
Consentimento
(Pais, cuidadores ou
criança +12 anos)
SIM NÃO
Avaliação e Ministério
Diagnóstico Público
Execução
12 meses
+ 6 meses
Revisão
(*) Qualquer pessoa ou entidade pode comunicar a Situação de Perigo de que tenha conhecimento. Pode ser de forma anónima, dirigida à CPCJ da área de
residência da criança ou jovem.
40 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
2.1.
PROCESSOS DE PROMOÇÃO
E PROTEÇÃO EM 2020
No ano de 2020, foram movimentados pelas CPCJ 69 622 processos de promoção e proteção, relativos a 66 529
crianças e jovens.
Esta diferença (3093) relaciona-se, por um lado, com as mudanças de residência das crianças/jovens que implica-
ram a transferência do processo para outra CPCJ, o que, contabilisticamente significou contar o mesmo processo
nas diversas CPCJ que acompanharam a criança e que, em 2020, corresponderam a 1387 transferências. Por outro
lado, inclui 1706 situações que originaram mais do que uma reabertura de processos no mesmo ano.
Dos 69 622 processos, 30 256 transitaram de 2019, sendo os restantes 39 366 iniciados em 2020. Estes podem ser
divididos em duas categorias: “novos”, ou seja, processos que se iniciaram apenas em 2020, não havendo histórico
anterior – 31 599, e “reabertos”, ou seja, processos que possuem intervenções anteriores – 7767.
Tendo em consideração que quem beneficia dos processos de promoção e proteção são as crianças, doravante,
para todos os efeitos, será o número relativo às crianças acompanhadas a ser tido em conta neste relatório –
66 529.
2.2.
COMUNICAÇÕES RECEBIDAS
PELAS CPCJ
A Lei de Proteção de Crianças e Jovens em Perigo (LPCJP) dispõe que, sempre que os pais, o representante legal ou
quem tenha a guarda de facto ponham em perigo a segurança, saúde, formação, educação ou desenvolvimento, ou
quando esse perigo resulte de ação ou omissão de terceiros ou da própria criança ou do jovem a que aqueles não se
oponham de modo adequado a removê-lo, tem lugar a intervenção para a promoção dos direitos e proteção das
crianças e jovens.
De acordo com o representado na pirâmide da subsidiariedade, a proteção das crianças é uma responsabilidade
e obrigação de toda a sociedade. Assim, qualquer pessoa que tenha conhecimento de uma criança ou jovem
numa situação de perigo, deve comunicá-la à CPCJ territorialmente competente. As entidades com competência
em matéria de infância e juventude também devem comunicar à respetiva CPCJ, sempre e quando não lhes seja
possível atuar de forma adequada e suficiente a remover o perigo em que se encontram (Art.º 8.º LPCJP).
Neste ponto, são abordadas as comunicações recebidas pelas 310 CPCJ, as quais poderão ser escritas, efetuadas
por via telefónica ou decorrerem de forma presencial, bem como serem efetuadas de forma anónima pelos ci-
dadãos em geral. Nota-se ainda que a mesma comunicação pode referir-se a uma ou várias situações de perigo.
Em 2020, foram comunicadas às CPCJ 41 337 situações de perigo, menos 2459 do que em 2019, mas, ainda assim,
em número superior ao registado em 2018, em que foram comunicadas 39 053 situações de perigo.
Destas 41 337 situações de perigo, 591 foram comunicadas através da Linha Crianças em Perigo, e 784 através do
formulário online.
Das 41 337 situações de perigo comunicadas, 473 corresponderam a crianças já em acompanhamento (processos
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 41
transitados de anos anteriores), 32 583 situações de perigo respeitaram a processos novos no ano e 8281 corres-
ponderam a processos reabertos, relativos a crianças acompanhadas anteriormente pelas CPCJ, cujos processos
tinham sido arquivados.
O Gráfico 2 sintetiza o número de situações de perigo comunicadas em 2020, agrupadas em categorias1.
Gráfico 2
Comunicações de Situações de Perigo: Categorias de perigo
(N.º 41 337)
Negligência 11 955
Abandono 518
Exploração Infantil 60
Da análise do gráfico, conclui-se que a Violência Doméstica, logo seguida da Negligência, constituem as categorias
de perigo mais representadas nas comunicações recebidas pelas CPCJ, mantendo a tendência do ano anterior.
Importa salientar que a tipologia Violência Doméstica engloba as situações de perigo Exposição a Violência Do-
méstica e a Ofensa Física em contexto de Violência Doméstica, que representam aproximadamente 97% do total de
situações de perigo comunicadas nesta categoria. Do mesmo modo, no que se refere à Negligência, as situações
de perigo mais comunicadas são a Exposição a Comportamentos que possam comprometer o Bem-estar e Desenvol-
vimento da Criança (25%) e a Falta de Supervisão e Acompanhamento Familiar (21%).
Comparando com o ano de 2019 (Gráfico 3), continuam a destacar-se ainda o Direito à Educação e os Comporta-
mentos de Perigo na Infância e Juventude, com valores muito próximos entre si, mas tendo-se registado uma inver-
são, com o Direito à Educação a prevalecer ligeiramente. Nesta categoria, os valores mais elevados dizem respeito
a comunicações de Absentismo Escolar, com 60% das situações comunicadas, seguido do Abandono Escolar (30%).
No que se refere aos Comportamentos de Perigo na Infância e Juventude, predominam os Comportamentos Graves
Antissociais e/ou de Indisciplina, que assumem 35% das situações de perigo comunicadas.
1
Em anexo encontram-se as tabelas com o número de situações de perigo comunicadas, para cada categoria.
42 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
Gráfico 3
Comunicações nos últimos 5 anos
43 431
41 337
39 194 39 293
39 053
Gráfico 4
Comunicações de Situações de Perigo: Comparação das Categorias de Perigo comunicadas nos últimos 2 anos
(N.º 2019: 43 431|100%; N.º 2020: 41 337|100%)
2019 2020
Tabela 9
Comunicações de situações de perigo: Caracterização das crianças e jovens
Categorias de Perigo
Observa-se que as situações de perigo comunicadas se referem, sobretudo, a crianças nas faixas etárias entre os
6 e os 17 anos de idade (70%), distribuindo-se de forma muito similar pelos três intervalos etários considerados,
ainda que com valores ligeiramente mais elevados no escalão etário dos 11 a 14 anos. Relativamente ao sexo,
conclui-se que foram comunicadas mais situações de crianças e jovens do sexo masculino, 22 092 (53%), do que
do sexo feminino, 19 245 (47%), o que mantém a tendência dos anos anteriores.
Proceder-se-á, de seguida, a uma análise comparativa das situações de perigo mais comunicadas.
44 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
Gráfico 5
Categorias de perigo mais comunicadas, por escalão etário e por sexo
(N.º 37 144)
3 3 9 12 110 0 0 10
339
526 677 39
616 1 331 114 210
1 061 49
1 676
1 138 1 264 961 1 045 55
845
1 591 951
1 784
1 086 202
1 209 1 1 97
1 494 406
1 272 127
692
1 181 1 300 80
1 168 1 315 630
1 829 1 918
1 356 1 385 65 62
850 101 57
761
80
0 0
O Gráfico 4 indica a distribuição das quatro categorias de perigo mais comunicadas, por faixa etária e por sexo. O
mesmo permite ainda fazer uma análise comparativa destas quatro categorias.
Assim, conclui-se pela prevalência da Violência Doméstica e da Negligência nas faixas etárias dos 0 aos 5 anos, com
valores genericamente muito próximos para ambos os sexos, surgindo valores muito residuais no que se refere
aos Comportamentos de Perigo na Infância e Juventude. A partir da faixa etária dos 6 a 10 anos, com o início da
escolaridade obrigatória, ganha relevo a categoria do Direito à Educação, com valores ligeiramente mais elevados
no sexo masculino, à semelhança do que acontece nas comunicações relativas aos Comportamentos de Perigo na
Infância e Juventude, que já começam a ter alguma expressão. A tendência de crescimento destas 2 categorias
mantém-se nos escalões etários dos 11 aos 14 anos e dos 15 aos 17 anos, sempre superior no que se refere ao
sexo masculino. As categorias de perigo Violência Doméstica e Negligência, por sua vez, registam uma progressiva
diminuição, mais evidente a partir da faixa etária dos 15 aos 17 anos.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 45
Gráfico 6
Entidades comunicantes das situações de perigo em 2020
(N.º 39 659)
Relativamente às entidades comunicantes, mantém-se a tendência verificada desde 2018, em que as Forças de
Segurança se destacam, com 14 797 comunicações, seguindo-se as escolas, com 8283 comunicações, sendo o
Ministério Público a terceira entidade comunicante.
As comunicações protagonizadas por pessoas anónimas – vizinhas, particulares e familiares –, constituem apro-
ximadamente 17% do total de comunicações efetuadas às CPCJ em 2020.
2.3.
CATEGORIAS DE PERIGO
DIAGNOSTICADAS PELAS CPCJ
Caso seja(m) confirmada a(s) a(s) situação/ções de perigo comunicada(s), nas diligências sumárias efetuadas jun-
to da entidade que a(s) comunicou, a intervenção das CPCJ só pode iniciar-se com o consentimento expresso dos
pais, do representante legal ou da pessoa que tenha a guarda de facto, e a não oposição da criança com idade
igual ou superior a 12 anos. A legitimidade de intervenção da CPCJ pode cessar a todo o momento, caso os pais
ou responsáveis legais ou quem tenha a guarda de facto retirem o consentimento à intervenção, ou a criança/
jovem expresse a sua oposição. Nestes casos, o processo de promoção e proteção será remetido para o Ministério
Público.
Tabela 10
Principais motivos do arquivamento na fase de análise preliminar
Tipo Arquivamento N %
Não existência de legitimidade para a intervenção no âmbito do art.º 3º 1 519 44,6%
Abertura de Processo indevidamente por informação incorreta na sinalização 284 8,3%
Comunicação a Entidade com Competência em Matéria de Infância e Juventude (art.º 8) 243 7,1%
Remessa de Processo a Tribunal – Sinalização a Tribunal Competente 230 6,7%
Remessa de Processo a Tribunal – Apensação a Processo Judicial 194 5,7%
Fonte: Aplicação informática para a gestão da CPCJ e do PPP.
Como se verifica, o principal motivo do arquivamento decorre da falta de legitimidade das CPCJ para a interven-
ção, por não verificação dos pressupostos previstos no art.º 3.º da LPCJP, ou seja, não se verificar a existência de
uma situação de perigo.
Nota-se que, em 243 processos foi deliberada a comunicação a entidades com competência em matéria de in-
fância e juventude (ECMIJ), entidades públicas, cooperativas, sociais ou privadas que desenvolvem atividades
nas áreas da infância e da juventude e que, nos termos do art.º 7.º da LPCJP, têm legitimidade para intervir em
situações de perigo de crianças e jovens, desde que, de modo consensual, com as pessoas de cujo consentimento
dependeria a intervenção das CPCJ. Como referido no ponto 2.2, quando não é possível a estas entidades atuar
de forma adequada e suficiente a remover o perigo em que a criança ou jovem se encontra, deve então ter lugar
a intervenção das CPCJ.
Garantidas as condições de intervenção da CPCJ, o/a gestor/a do processo de promoção e proteção prossegue
com a avaliação diagnóstica da situação de perigo em que a criança ou jovem se encontra, num período que,
nos termos da lei, não deverá exceder os 6 meses. É então reunida toda a informação relevante recolhida junto
da criança e da sua família, mas também junto dos contextos onde se movimentam (escola/equipamento de in-
fância, estabelecimento de saúde, família alargada, serviços comunitários, etc.), tendo em vista o conhecimento
aprofundado da situação de perigo comunicada e a proposta da medida de promoção e proteção mais adequada
para a sua remoção.
Não se verificando a necessidade de aplicação de medida, o gestor do processo propõe o arquivamento na fase
final de avaliação diagnóstica.
Em 2020, foram arquivados nesta fase 14 976 processos, que tiveram como
principal motivo os descritos na tabela infra.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 47
Tabela 11
Principais motivos de arquivamento na fase de avaliação diagnóstica
Tipo de Arquivamento N %
A Situação de Perigo já não Subsiste 5 517 36,8%
Remessa a MP - Não prestação de consentimento 4 294 28,7%
O jovem atingiu a maioridade e não solicitou a continuação da intervenção 1 192 7,9%
Remessa a MP - Retirada de Consentimento para Intervenção 829 5,5%
A Criança/Jovem passou a residir fora do território nacional 818 5,5%
Fonte: Aplicação informática para a gestão da CPCJ e do PPP.
Dos 60 593 processos que em 2020 estavam nesta fase, após a análise realizada
pela CPCJ, encontrava-se concluída a avaliação diagnóstica em 35 426 processos
(agregando processos novos, reabertos e transitados do ano anterior), dos quais
24 531 processos tinham medida de promoção e proteção aplicada.
Gráfico 7
Categorias de perigo diagnosticadas em 2020
(N.º 13 031)
Negligência 4 153
Abandono 146
Exploração Infantil 8
Observa-se que as categorias Negligência e Violência Doméstica continuam a integrar os principais diagnósticos
realizados, à semelhança do ano de 2019 com, respetivamente, aproximadamente 32% e 30% dos diagnósticos,
seguindo-se a categoria Comportamentos de Perigo na Infância e Juventude, atingindo 17% dos diagnósticos, e as
situações de perigo em que esteja em causa o Direito à Educação, com 14%.2
Gráfico 8
Comparação das categorias de perigo diagnosticadas em 2019 e 2020
(N.º 2019: 13825|N.º 2020 13031)
Comportamentos de
Abandono Abuso Sexual Direito à Educação Exploração Infantil Mau Trato Físico Mau Trato psicológico Negligência Violência doméstica
Perigo na Inf. e Juv.
2019 205 135 2 898 2 102 6 365 284 4 769 3 061
2020 146 124 2 262 1 864 8 309 288 4 153 3 877
Da comparação dos diagnósticos realizados em 2020 com o ano anterior, verifica-se o aumento percentual da
Violência Doméstica em 7,7%, enquanto os diagnósticos que configuram os Comportamentos de Perigo na In-
fância e Juventude e a Negligência, registaram uma diminuição, respetivamente, na ordem dos 3,6% e 2,6%. As
restantes categorias mantêm valores estáveis.
Tabela 12
Caracterização das crianças e jovens com diagnósticos no ano
Escalão Comportamentos
Sexo Violência Direito à Maltrato Maltrato Exploração Abuso Total
etário Negligência de Perigo na Inf. Abandono
Doméstica Educação Físico Psicológico Infantil Sexual
E Juv.
2
Em anexo encontram-se as tabelas com o número de situações de perigo diagnosticadas, para cada categoria.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 49
Constata-se que a maioria das crianças se situa nas faixas etárias dos 11 aos 17 anos, que reúnem aproximada-
mente 51% do total de crianças com diagnósticos de perigo no ano, o que mantém a tendência dos anos anterio-
res, seguidas da faixa etária dos 6 aos 10 anos (21,8%). Relativamente ao sexo, foram concluídos mais diagnósticos
de perigo relativamente a crianças e jovens do sexo masculino – 7105 (54,5%), do que do sexo feminino –
5926 (45,5%).
Gráfico 9
Categorias de perigo mais prevalentes nos diagnósticos, por escalão etário e por sexo
(N.º 12 156)
4 5 3 1
8 12 37
117
85
94 285
520 42
475 75
682
337 337
402 423 212
500
646 319
45
402 1
448 602 101
464
39
360 386 247
329 344 554
581 274
386 36
434
240 24
221
17
0
0 a 2 anos/F 0 a 2 anos/M 3 a 5 anos/F 3 a 5 anos/M 6 a 10 6 a 10 11 a 14 11 a 14 15 a 17 15 a 17 18 a 21 18 a 21 mais de 21 mais de 21
anos/F anos/M anos/F anos/M anos/F anos/M anos/F anos/M anos/F anos/M
O Gráfico 8 indica as quatro categorias mais prevalentes nos diagnósticos efetuados. O mesmo permite ainda fa-
zer uma análise comparativa destas quatro categorias. Assim, conclui-se pela predominância da Negligência e da
Violência Doméstica nas faixas etárias dos 0 aos 5 anos, com valores genericamente muito próximos para ambos
os sexos.
A partir da faixa etária dos 11 aos 14 anos, a categoria que engloba as situações de perigo em que esteja em causa
o Direito à Educação, começa a ganhar expressão, com maior ênfase no sexo masculino, em que os Comportamen-
tos de Perigo na Infância e Juventude assumem a primeira posição nos diagnósticos realizados.
A tendência de crescimento destas 2 categorias mantém-se no escalão etário dos 15 aos 17 anos, acentuando-se
no sexo masculino. As categorias de perigo Violência Doméstica e Negligência, por sua vez, registam uma progres-
siva diminuição, mais evidente a partir da faixa etária dos 15 aos 17 anos.
Relativamente ao diagnóstico de jovens de idade superior a 21 anos, o mesmo insere-se no âmbito da terceira
alteração à LPCJP (Lei n.º 23/2017 de 23 de maio), que alargou o período de proteção até aos 25 anos de idade,
sempre que existam e apenas enquanto durem, processos educativos ou de formação profissional.
50 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
Gráfico 10
Evolução das principais situações de perigo diagnosticadas
Da análise do Gráfico 9, constata-se que os diagnósticos no âmbito da categoria da Negligência, têm vindo a di-
minuir progressivamente desde 2013, o que se acentuou nos últimos dois anos. Por sua vez, a categoria Violência
Doméstica, que em 2018 assumia apenas 12,8% do total de diagnósticos, registou um aumento de 19 pontos
percentuais, o que se relacionará com o aumento da sua visibilidade e a crescente preocupação pelo impacto
desta problemática no desenvolvimento integral das crianças e jovens a ela sujeitos.
Os Comportamentos de Perigo na Infância e Juventude têm registado um aumento gradual até 2019, decrescendo
em 2020, o que poderá decorrer, em parte, da diminuição de comunicações por parte dos estabelecimentos de
ensino, por via do encerramento das escolas em março de 2020 e posterior ensino a distância, até ao termo do
ano letivo 2019/2020.
Relativamente aos diagnósticos que configuram as situações de perigo em que esteja em causa o Direito à Edu-
cação, têm mantido um padrão relativamente constante, tendo começado a diminuir a partir de 2019, o que se
acentuou em 2020, não obstante a transição para o ensino não presencial e os constrangimentos e dificuldades
que lhe foram inerentes.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 51
Figura 3
Situações de perigo comunicadas e diagnósticos no ano de 2020, por ETR3 e Região Autónoma4
10 515 3 838
2 830
8 368
15 762 4 105
734 345
2 249 783
Da análise da Figura 3, observa-se a distribuição das situações de perigo comunicadas e os diagnósticos efetua-
dos por área geográfica de abrangência das Equipas Técnicas Regionais (ETR) e Regiões Autónomas.
É importante salientar que várias situações de perigo podem estar na origem de um mesmo diagnóstico relati-
vamente a uma criança ou jovem.
Por outro lado, nem todas as situações de perigo comunicadas chegam à fase de avaliação diagnóstica, ou de
aplicação de medida, tal como explicado anteriormente.
2.4.
MEDIDAS DE PROMOÇÃO
E PROTEÇÃO
As medidas de promoção dos direitos e de proteção das crianças e jovens em perigo (Art.º 34.º da LPCJP), da
competência exclusiva das CPCJ e dos Tribunais (Art.º 38.º da LPCJP) visam:
a) afastar o perigo em que se encontram;
b) proporcionar-lhes as condições que permitam proteger e promover a sua segurança, saúde, formação, edu-
cação, bem-estar e desenvolvimento integral;
c) garantir a recuperação física e psicológica das crianças e jovens vítimas de qualquer forma de exploração ou
abuso.
3
O Decreto-Lei n.º 139/2017 de 10 de novembro, no seu art.º 13.º-A, procedeu à criação de 5 Equipas Técnicas Regionais (ETR) no continente, competindo-
-lhe “apoiar a Comissão Nacional na execução do plano de atividades, nomeadamente na representação, formação, acompanhamento das CPCJ da respeti-
va área territorial e correspondente articulação com os serviços de origem”.
4
Em anexo encontram-se as tabelas com o número de situações de perigo comunicadas e o número de diagnósticos, por CPCJ.
52 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
Estas medidas têm como objetivo a implementação de um conjunto de ações vertidas num acordo de promoção
e proteção construído em parceria com a criança, a família e outros intervenientes que se entenda relevantes,
com vista à remoção do perigo e à devolução do equilíbrio e estabilidade familiar.
As medidas em meio natural de vida são: Apoio Junto dos Pais, Apoio Junto de Outro Familiar, Confiança a Pessoa
Idónea e Apoio para a Autonomia de Vida. As medidas de colocação são: Acolhimento Familiar e Acolhimento Resi-
dencial.
MEDIDAS
CAUTELARES
Quando está em causa a proteção célere e urgente da criança ou jovem, as CPCJ podem ainda, excecionalmente,
aplicar medidas enquanto procedem ao diagnóstico da situação da criança e à definição do seu encaminhamento
subsequente, sem prejuízo da necessidade da celebração de um acordo de promoção e proteção (Art.º 37.º da LPCJP).
Estas medidas, aplicadas a título cautelar, têm a duração máxima de seis meses e devem ser revistas no prazo
máximo de três meses.
Gráfico 11
Medidas Cautelares
(N.º 500 | 100%)
Acolhimento Familiar
0,2% Acolhimento Residencial
7,2%
Apoio para Autonomia de Vida
0,2%
PROCEDIMENTOS
DE URGÊNCIA
Importa igualmente assinalar que, em qualquer fase processual, existindo perigo atual ou iminente para a vida ou
de grave comprometimento da integridade física ou psíquica da criança ou jovem, e na ausência de consentimento
dos detentores das responsabilidades parentais ou de quem tenha a guarda de facto, nos termos do art.º 91.º da
LPCJP, as CPCJ removem a situação de perigo em que a criança ou jovem se encontra, providenciando pela sua
proteção de emergência, nomeadamente em casa de acolhimento ou junto de familiares. No ano de 2020, as
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 53
Gráfico 12
Crianças com medida aplicada no ano
(N.º 11 806)
1 681
1 641
1 363 1 353
1 325
1 155
739 758
711
667
234
176
2 1
Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino
0 a 2 anos 3 a 5 anos 6 a 10 anos 11 a 14 anos 15 a 17 anos 18 a 21 anos > 21 Anos
As medidas Apoio Junto dos Pais e Apoio Junto de Outro Familiar, continuam a ser as mais aplicadas, em observân-
cia da alínea h) do art.º 4.º da LPCJP, que estabelece que, sempre que estejam reunidas as condições, deve privile-
giar-se a adoção de uma medida que mantenha a criança no seu meio natural de vida, recorrendo a medidas de
colocação, apenas quando tal não é possível.
54 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
Gráfico 13
Medidas aplicadas no ano de 2020
(N.º 11 879 | 100%)
Acolhimento Familiar
0,2% Acolhimento Residencial
4,7%
Apoio para Autonomia de Vida
0,5%
Na análise comparativa de 2020 com o ano anterior não se evidenciam alterações significativas nas medidas
aplicadas, observando-se um ligeiro aumento da medida de Apoio Junto dos Pais, ao passo que a medida de Aco-
lhimento Residencial registou um decréscimo na sua aplicação.
Gráfico 14
Comparação das medidas aplicadas em 2019 e 2020
(N.º 2019: 14 249; N.º 2020: 11 879 |100%)
2019 2020
Seguidamente, analisar-se-á a evolução das medidas aplicadas em meio natural de vida, desde 2014, observan-
do-se que, relativamente às medidas de Apoio Junto dos Pais e Apoio junto de Outro Familiar, as mesmas mantêm
o padrão. No que concerne às restantes medidas, tem vindo a registar-se, genericamente, um decréscimo na sua
aplicação, mais acentuado no caso da medida de Apoio para a Autonomia de Vida.
Gráfico 15
Evolução das medidas em meio natural de vida, aplicadas nos anos em causa
Apoio Junto dos Pais Apoio Junto de Outro Familiar Confiança a Pessoa Idónea Apoio para Autonomia de Vida
Gráfico 16
Evolução das medidas de colocação, aplicadas nos anos em causa
1 119
1 074
949 937
896
746
No caso das medidas de colocação, a
562 aplicação da medida de Acolhimento
Familiar revela uma tendência de su-
bida. No que respeita ao Acolhimento
Residencial, verifica-se uma diminui-
23 13 26 16 8 15 23 ção acentuada, de 2019 para 2020.
No capitulo seguinte proceder-se-á à caracterização das crianças e jovens com medida aplicada e em execução
em 2020 5 e suas famílias.
A tabela infra descrimina os principais motivos de cessação da intervenção na fase de deliberação e contratuali-
zação.
Tabela 13
Principais motivos de cessação da intervenção na fase de deliberação e contratualização
Tipo de Arquivamento N %
A Situação de Perigo já não subsiste 5 485 53,7%
A Situação de Perigo não se confirma 2892 28,3%
Remessa ao Ministério Público – Ausência de Acordo de Promoção e Proteção 468 4,6%
Remessa ao Ministério Público – Retirada de consentimento para a intervenção 431 4,2%
O jovem atingiu a maioridade e não solicitou a continuação da intervenção 309 3,0%
Fonte: Aplicação informática para a gestão da CPCJ e do PPP.
Dos processos que tiveram medida aplicada no âmbito da sua execução e acompanhamento, foram arquivados
11 621, sendo que em 71,6% o motivo foi a cessação da situação de perigo.
5
Refere-se a medidas aplicadas no ano de 2020 e em anos anteriores.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 57
Gráfico 17
Motivos da cessação da intervenção na execução e acompanhamento das medidas aplicadas
(N.º 11 621 |100%)
2.5.
APADRINHAMENTO
CIVIL
O apadrinhamento civil é uma relação jurídica, de tipo familiar, que se constitui entre uma criança ou jovem com
menos de 18 anos e uma pessoa ou família, que exerça as responsabilidades parentais e que com ela/ele estabe-
leça vínculos afetivos que permitam o seu bem-estar. Salvo decisão judicial, a criança ou jovem mantém a relação
com a família biológica, uma vez que esta tem o direito de visita e acompanhamento do seu desenvolvimento.
Esta pode ser uma possibilidade para jovens e crianças para quem, por algum motivo, não se afigura possível
a definição de um projeto de vida com vista à adoção, mas que também não tem na sua família biológica uma
opção de vida viável.
Os padrinhos civis são sujeitos a um processo de avaliação, designado habilitação, tendo em vista a certificação
da sua idoneidade e autonomia de vida, para assumirem as responsabilidades inerentes à constituição do vínculo
de apadrinhamento civil, o qual é tendencialmente permanente.
As CPCJ podem propor o apadrinhamento civil, celebrando um compromisso entre as partes, o qual depende de
homologação ou decisão judicial do tribunal competente, estando ainda sujeito a registo civil.
No ano de 2020, as CPCJ de Albergaria-a-Velha, Lisboa Norte, Loures, Marco de Canavezes, Vila Franca do Campo
e Vila Real propuseram o apadrinhamento civil para seis crianças e jovens.
58 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
Gráfico 18
Crianças e jovens com proposta para apadrinhamento civil
F M
2.6.
PEDIDOS DE INTERVENÇÃO
DE CARÁTER INTERNACIONAL
6
Através do Decreto-Lei n.º 52/2008, de 13 de novembro.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 59
Gráfico 19
Crianças e jovens por sexo e faixa etária
(N.º 132)
23
20
16
14
13 13
11 11 Os pedidos de intervenção dirigi-
7
dos às CPCJ visaram 132 crianças
e jovens.
4
0-2 anos 3-5 anos 6-10 anos 11-14 anos 15-18 anos
Feminino Masculino
CRIANÇAS E JOVENS
POR NACIONALIDADE
Em 2020, a Comissão Nacional procurou garantir que se mantém ágil o fluxo de comunicações a observar pelas
CPCJ, em matéria de cooperação internacional, destinado a assegurar a continuação da promoção e proteção de
crianças e jovens em perigo. Este decorre em canal de comunicação direto, envolvendo as entidades implicadas,
i.e., as CPCJ e a Autoridade Central Portuguesa. A eventual intervenção da CNPDPCJ cingiu-se a casos muito pon-
tuais, relativos a situações de especial complexidade.
2.7.
A INTERVENÇÃO PROTETIVA DAS CPCJ:
PERSPETIVA TERRITORIAL
Como já indicado, em 2020, as 310 CPCJ tiveram intervenção em 66 529 crianças e movimentaram 69 622 proces-
sos, número que representa a soma dos 30 256 processos transitados de anos anteriores com os 31 599 abertos
pela primeira vez no ano e os 7767 reabertos em 2020.
Assim, comparativamente com o ano anterior, constata-se uma redução de 2394 processos, o que se relaciona,
essencialmente com a diminuição de abertura de novos processos – 2422, e não tanto com reaberturas de pro-
cessos.
62 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
PROCESSOS ATIVOS
MENSAIS
Importa também conhecer a distribuição geográfica do número de crianças e jovens acompanhados/as por cada
uma das CPCJ, por forma a serem delineadas as estratégias necessárias, designadamente ao nível dos recursos
humanos, tendo em vista assegurar a qualificação da sua missão protetiva.
Gráfico 20
CPCJ com média mensal de processos ativos mais elevada
Nota-se, contudo, um decréscimo muito significativo da CPCJ de Sintra Oriental, que no ano transato apresen-
tava uma média mensal de 1017 processos ativos. Registou-se, ainda, uma redução no caso da CPCJ de Sintra
Ocidental (menos 165 processos) e na CPCJ de Vila Nova de Gaia Norte (menos 20 processos). Relativamente às
restantes CPCJ, todas registaram um aumento da média mensal de processos ativos, destacando-se as CPCJ de
Lisboa Centro (mais 239 processos), da Amadora (mais 141), de Odivelas (mais 130 processos) e de Loures (mais
105 processos), passando a assumir o lugar de CPCJ com maior volume processual ativo em 2020.
Em anexo, consta tabela com a indicação das médias mensais de processo ativos de todas as CPCJ.
7
Para o cálculo da taxa de incidência recorreu-se à estimativa do total de população residente (crianças e jovens) realizada pelo instituto
Nacional de Estatística até 31 de dezembro de 2017.
8
Números obtidos a partir da projeção dos dados do CENSOS de 2011 para o ano de 2017, feita pelo INE.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 63
Gráfico 21
Taxa de incidência de crianças e jovens com comunicações às CPCJ, por ETR e Região Autónoma
ETR Norte
Na área territorial da ETR do
Norte, a taxa de incidência das
crianças acompanhadas pelas
CPCJ foi de 1,8, sendo de des-
tacar os concelhos de Terras de
Bouro e Alijó, que apresentam
o maior número de crianças e
jovens acompanhadas/os por
cada 100 residentes infantoju-
venis, respetivamente 7,0 e 6,9,
ao passo que Amares tem uma
taxa de incidência de 0,1.
64 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
ETR Centro
A área geográfica da ETR do
Centro apresentou uma redu-
ção de um ponto percentual na
taxa de incidência das crianças
acompanhadas relativamente
ao seu valor a nível nacional, as-
sinalando-se Vila Velha de Ro-
dão (4,8) e S. João da Pesqueira
(4,7), como os concelhos com
as taxas mais elevadas.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 65
ETR LSS
Na região da ETR de Lisboa,
Santarém e Setúbal, a taxa de
incidência das crianças acom-
panhadas pelas CPCJ foi análo-
ga ao seu valor para o território
nacional, salientando-se o con-
celho de Sardoal, com 4,9.
ETR Alentejo
O Alentejo apresentou uma
taxa de incidência de 1,9, evi-
denciando-se Mourão, com a
maior taxa de incidência, no va-
lor de 6,8.
66 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
ETR Algarve
A taxa de incidência das crian-
ças acompanhadas pelas CPCJ
no Algarve foi de 2,1, assina-
lando-se o concelho de Vila do
Bispo com a maior taxa de inci-
dência.
RAM e RAA
Nas Regiões Autónomas da
Madeira e dos Açores a taxa de
incidência foi, respetivamente,
de 2,0 e 2,2.
Em anexo, é possível encontrar o cálculo da taxa de incidência para cada uma das CPCJ.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 67
2.8.
CESSAÇÃO DA INTERVENÇÃO DAS CPCJ –
VISÃO GLOBAL
Como já constatado, a intervenção das CPCJ pode cessar em qualquer fase de evolução do processo de promo-
ção e proteção.
Em resumo, no ano em avaliação, foram cessados 40 204 processos, dos quais 3402 estavam em análise prelimi-
nar, 14 976 em avaliação diagnóstica, 10 205 em deliberação e contratualização da medida e 11 621 no âmbito da
sua execução e acompanhamento.
A tabela seguinte enumera os principais motivos de cessação da intervenção.
A principal causa do arquivamento dos processos nas CPCJ continua a ser a não subsistência da situação de peri-
go, que representa 42% do total de motivos de cessação.
A remessa ao Ministério Público, por não se encontrar reunido um dos pressupostos basilares para a interven-
ção das CPCJ – a prestação de consentimento expresso por parte dos pais ou do representante legal, assume
a segunda posição nos motivos de cessação, seguindo-se-lhe a não confirmação da situação de perigo que foi
comunicada à CPCJ.
Tabela 14
Principais motivos de cessação da intervenção dos processos de promoção e proteção
Tipo de Arquivamento N %
A Situação de Perigo já não Subsiste 16 887 42,0%
Remessa a MP – Não prestação de consentimento 4 294 10,7%
A Situação de Perigo não se confirma 2 892 7,2%
Remessa a MP – Não cumprimento reiterado do Acordo de Promoção e Proteção 1 919 4,8%
Remessa a MP – Retirada de Consentimento para Intervenção 1 786 4,4%
O jovem atingiu a maioridade e não solicitou a continuação da intervenção 1 528 3,8%
Fonte: Aplicação informática para a gestão da CPCJ e do PPP.
CARACTERIZAÇÃO DAS
CRIANÇAS E JOVENS E
FAMÍLIAS ACOMPANHADAS/
OS EM 2020 COM MEDIDA DE
PROMOÇÃO E PROTEÇÃO
APROXIMADAMENTE 70% DAS
CRIANÇAS E JOVENS ACOMPANHADAS/OS COM MEDIDA DE
PROMOÇÃO E PROTEÇÃO, SITUAM-SE ENTRE OS 6 E OS 17 ANOS,
DESTACANDO-SE AS FAIXAS ETÁRIAS DOS 15 AOS 17 ANOS E DOS 11
AOS 14 ANOS, AMBAS RELATIVAS AO SEXO MASCULINO, SEGUIDAS
DAS CRIANÇAS E JOVENS DO SEXO FEMININO DOS 15 AOS 17 ANOS,
QUE CONSTITUEM 40,4% DO TOTAL DE CRIANÇAS E JOVENS.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 71
3.
CARACTERIZAÇÃO DAS CRIANÇAS E JOVENS E FAMÍLIAS
ACOMPANHADAS/OS EM 2020 COM MEDIDA DE PROMOÇÃO
E PROTEÇÃO
3.1.
CARACTERIZAÇÃO DAS CRIANÇAS
E JOVENS
No ano de 2020, foram aplicadas ou acompanhadas a execução de 28 560 medidas, relativas a 24 531 crianças e
jovens.1
Gráfico 22
Medidas aplicadas ou em execução no ano de 2020
(N.º 28 560 |100%)
Acolhimento Residencial
8,3% Acolhimento Familiar
0,3%
Apoio para a Autonomia de Vida
0,7%
Da análise do gráfico conclui-se,
uma vez mais, pela prevalência das
Apoio Junto de Outro Familiar
8,6%
medidas em meio natural de vida,
em 91,5% das medidas aplicadas,
constituindo as medidas de afasta-
mento da criança ou jovem da sua
Confiança a Pessoa Idónea
1,2%
Apoio junto dos Pais
família, 8,6%.
81,0%
1
Refere-se a medidas aplicadas no ano de 2020 e em anos anteriores.
72 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
Gráfico 23
Crianças e jovens com medida aplicada ou em execução, por sexo e faixa etária
(N.º 24 531)
3 776
3 247
2 889
2 683
2 501
2 237
1 430
1 300
1 122 1 182
1 074
993
51 45 0 1
Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino Feminino Masculino
0 a 2 anos 3 a 5 anos 6 a 10 anos 11 a 14 anos 15 a 17 anos 18 a 21 anos > 21 anos Desconhecido
Em termos de distribuição por sexo, 11 045 eram crianças e jovens do sexo feminino, enquanto 13 486 eram do
sexo masculino.
Aproximadamente 70% das crianças e jovens acompanhadas/os com medida de promoção e proteção, situam-se
entre os 6 e os 17 anos, destacando-se as faixas etárias dos 15 aos 17 anos e dos 11 aos 14 anos, ambas relativas
ao sexo masculino, seguidas das crianças e jovens do sexo feminino dos 15 aos 17 anos, que constituem 40,4%
do total de crianças e jovens.
Gráfico 24
Enquadramento socioeducativo das crianças até à escolaridade obrigatória
(N.º 4 785)
Ama
Como se observa no gráfi-
Outro
3,5%
4,6% co, relativamente à caracte-
rização do enquadramento
socioeducativo das crianças
Creche
Estabelecimento de Educação Pré-Escolar
32,4% 30,1% até à escolaridade obriga-
tória, destaca-se uma maior
percentagem de frequência
dos estabelecimentos de
educação pré-escolar, onde
predomina a rede pública,
Escola
8,2% em 69% dos casos. Seguem-
Em casa -se as creches, com 30,1%.
21,2%
Salienta-se ainda o enquadramento das crianças nesta faixa etária junto da família (em casa), sobressaindo nesta
categoria, as crianças que permanecem aos cuidados da mãe (68%).
NACIONALIDADE
Das 24 531 crianças e jovens acompanhadas/os no ano em análise, 1377 tinham nacionalidade estrangeira.
N.º Continente %
65 Asia 4,7%
331 Europa 24,0%
384 Africa 27,9%
597 América 43,4%
Predominam as crianças nacionais do Brasil (560) e dos PALOP (361), designadamente de Angola (123) e Cabo
Verde (81).
A nível europeu, distinguem-se as nacionalidades francesa (52), romena (51) e ucraniana (48). No que concerne às
crianças e jovens de nacionalidade asiática, predominaram as indianas (13) e as afegãs (10).
3.2.
CARACTERIZAÇÃO DA PESSOA PRINCIPAL CUIDADORA
DAS CRIANÇAS E JOVENS ACOMPANHADAS/OS NO ANO DE 2020
COM MEDIDA DE PROMOÇÃO E PROTEÇÃO
As crianças e jovens acompanhadas/os no ano em análise, com medida aplicada ou em execução, de acordo com
os dados disponíveis, viviam maioritariamente com a sua família biológica/ adotiva, ou com a família alargada, o
que é consistente com a prevalência das medidas em meio natural de vida, observada no Gráfico 21.
Gráfico 25
Pessoa(s) com quem vive a criança ou jovem
(N.º 25 227 |100%)
Representante Legal/ Guarda de facto
2,1%
Familia biológica/adotiva
91,1%
Gráfico 26
Tipo de família com quem vive a criança ou jovem
(N.º 22 175|100%)
Família
reconstituida Família alargada
13% 11%
Família
monoparental Família nuclear
36% 40%
Relativamente à pessoa principal cuidadora de crianças e jovens acompanhadas/os, num universo de 33 958 pes-
soas, é maioritariamente do sexo feminino, representando 68,8%. No que concerne à faixa etária, 57% têm idades
compreendidas entre os 25 e os 44 anos.
Gráfico 27
Principais pessoas cuidadoras das crianças e jovens acompanhadas/os, por faixa etária e sexo
(N.º 33 958 | 100%)
27,1%
20,4%
11,7% 11,6%
8,1%
6,2%
4,1%
2,2% 2,0% 1,8% 1,3%
0,4% 0,1% 1,0% 0,8% 0,7%
0,1% 0,1% 0,01%
<15 anos 15-18 anos 19-24 anos 25-34 anos 35-44 anos 45-54 anos 55-64 anos >= 65 anos Desconhecido
No que concerne à escolaridade da principal pessoa cuidadora, constata-se a prevalência do 3.º e 2.º ciclos de es-
colaridade, seguidos do 1.º ciclo do ensino básico, constituindo 59% do universo dos/das principais cuidadores/
as.
Gráfico 28
Prevalência dos níveis de escolaridade da principal pessoa cuidadora
(N.º 33 958 |100%)
Desconhecido 10,9%
Outro 11,0%
Relativamente ao tipo de rendimentos das principais pessoas cuidadoras, em 65% das pessoas caracterizadas2,
provém do exercício de atividade profissional, a que se segue a prestação do Rendimento Social de Inserção, com
17% do universo.
Gráfico 29
Tipo de rendimento das principais pessoas cuidadoras
(N.º 14 485 |100%)
Outros
Bolsas de Formação
Rendimentos
Profissional
4%
1%
2
Nota-se que os dados disponíveis relativamente à caracterização dos rendimentos referem-se a aproximadamente 43% do universo total (33 958) das
pessoas cuidadoras uma vez que o registo informático apenas tem lugar se a situação económica da família, for uma dimensão que carece de intervenção
para a promoção dos direitos e proteção da criança ou jovem.
OUTRAS ATRIBUIÇÕES
A COMUNICAÇÃO À CPCJ PELA ENTIDADE
PROMOTORA, DA PARTICIPAÇÃO DE CRIANÇAS EM ATIVIDADES DE
NATUREZA CULTURAL, ARTÍSTICA OU PUBLICITÁRIA, TEM LUGAR
SEMPRE QUE ESTA PARTICIPAÇÃO OCORRA NUM PERÍODO ATÉ 24
HORAS E RESPEITE A CRIANÇA COM 13 OU MAIS ANOS DE IDADE,
QUE NÃO TENHA ESTADO ENVOLVIDA EM ATIVIDADE SIMILAR NOS
180 DIAS ANTERIORES.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 81
4.
OUTRAS ATRIBUIÇÕES
4.1.
PARTICIPAÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS EM ATIVIDADES DE NATUREZA
CULTURAL, ARTÍSTICA OU PUBLICITÁRIA
A participação da criança ou jovem em atividades de natureza cultural, artística ou publicitária encontra-se pre-
vista no art.º 81.º do Código do Trabalho, tendo sido regulamentada pela Lei n.º 105/2009 de 14 de setembro.
De acordo com este diploma legal, se a criança com idade inferior a 16 anos desenvolver uma atividade por um
dado período de tempo, a entidade para a qual a irá desenvolver deve, consoante o caso, requerer autorização
para o efeito à CPCJ territorialmente competente da residência da criança, ou efetuar junto daquela entidade a
comunicação da atividade.
REQUERIMENTO DE
AUTORIZAÇÃO
O requerimento de autorização tem lugar sempre que a participação ocorra num período superior a 24 horas ou,
ainda que com duração inferior, diga respeito a criança menor de 13 anos ou que tenha participado em outras
atividades similares nos 180 dias anteriores.
A autorização é válida pelo período da participação na atividade a que respeita, no prazo máximo de 9 meses,
devendo ser renovada sempre que a participação for de duração superior.
Em 2020, 19 CPCJ rececionaram 38 requerimentos de autorização para participação de crianças e jovens em
atividades de natureza cultural, artística ou publicitária. Em comparação com o ano anterior, em que se regista-
ram 151 requerimentos de autorização, evidencia-se uma acentuada diminuição, que poderá relacionar-se com
o impacto da pandemia na diminuição da atividade artística e cultural. As CPCJ de Cascais e do Porto foram as
que registaram os números mais elevados, com 8 e 6 requerimentos de autorização, seguidas das CPCJ de Oeiras,
Sintra Oriental e Amadora, com 3, mantendo-se a tendência de anos anteriores destes registos ocorrerem em
CPCJ do litoral do país.
Foi deferida a participação da criança ou jovem em atividades de natureza cultural, artística ou publicitária em 37
processos e indeferido um requerimento de autorização.
82 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
Gráfico 30
Autorizações por faixa etária, sexo e natureza da atividade
(N.º 36)
7
O gráfico descreve os processos
autorizados por escalão etário,
1
2 2 sexo e natureza da atividade (não
5
2 tendo sido possível caracterizar
4 4
3 3 um processo).
2
1
F M F M F M F M
0-5 anos 6-10 anos 11-14 anos 15-16 anos
COMUNICAÇÃO
A comunicação à CPCJ pela entidade promotora, da participação de crianças em atividades de natureza cultural,
artística ou publicitária, tem lugar sempre que esta participação ocorra num período até 24 horas e respeite a
criança com 13 ou mais anos de idade, que não tenha estado envolvida em atividade similar nos 180 dias ante-
riores.
COMPOSIÇÃO E
FUNCIONAMENTO DAS CPCJ
EM 2020, AS 310 CPCJ CONTARAM COM UM TOTAL
DE 4910 MEMBROS, MENOS 120 EM RELAÇÃO AO ANO DE 2019,
PERTENCENDO 2033 À MODALIDADE RESTRITA.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 85
5.
COMPOSIÇÃO E FUNCIONAMENTO
DAS CPCJ
5.1
COMPOSIÇÃO E COMPETÊNCIAS
DAS CPCJ
Em Portugal encontram-se instaladas 310 Comissões de Proteção de Crianças e Jovens. Estas são instituições
oficiais não judiciárias com autonomia funcional que visam promover os direitos da criança e do jovem e prevenir ou
pôr termo a situações suscetíveis de afetar a sua segurança, saúde, formação, educação ou desenvolvimento integral.
(Art.º 12.º da LPCJP)
São instituições que, em conformidade com a lei, deliberam com imparcialidade e independência. Apresentam
uma composição pluridisciplinar, favorecendo um modelo integrado de intervenção. Integram representantes
de entidades públicas e privadas, cidadãs e cidadãos designadas/os pela Assembleia Municipal e membros coop-
tados. Cada uma das 310 comissões funciona em modalidades alargada e restrita.
A comissão, na sua modalidade restrita, integra obrigatoriamente um representante do Município, da Educação,
da Segurança Social e da Saúde. Deve incluir, também, de forma a garantir uma composição interinstitucional e
interdisciplinar, elementos com formação nas áreas de serviço social, psicologia, direito, educação e saúde.
COMPOSIÇÃO
COMPETÊNCIAS
apreciar liminarmente as situações de que a CPCJ tenha sensibilizar a comunidade para apoiar as crianças e jovens
conhecimento; em especiais dificuldades;
solicitar a intervenção dos membros da comissão alarga- colaborar com as entidades competentes no estudo e ela-
da, sempre que necessário; boração de projetos inovadores no domínio da prevenção
de fatores de risco e constituição de uma rede de respos-
tas adequadas;
solicitar parecer e colaboração de técnicos ou de outras dinamizar e dar parecer sobre programas destinados às
pessoas ou entidades; crianças e aos jovens em perigo;
decidir a aplicação, acompanhar e rever as medidas de prestar o apoio colaborando com a comissão, na sua mo-
promoção e proteção; dalidade restrita, nomeadamente no âmbito da disponi-
bilização dos recursos necessários ao exercício das suas
funções.
5.2.
ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO
DAS CPCJ
Gráfico 31
Total de membros das CPCJ por entidade, conforme a LPCJP
(N.º 4 910)
m) Freguesia 1
d) Saúde 301
c) Educação 309
a) Município 308
Gráfico 32
Membros das CPCJ por Valência Técnica
(N.º 4910)
O exercício efetivo da presidência é obrigatório para o membro eleito e vincula, nos casos aplicáveis, a entidade
representada, conforme elencado na LPCJP.
O presidente da CPCJ, eleito pelo plenário da CPCJ na sua modalidade alargada, designa um membro da comis-
são para o desempenho das funções de secretário, que o/a substitui nas suas faltas e impedimentos.
Considerando a relevância das funções do presidente e secretário, importa aqui caracterizar estes elementos
quanto à sua entidade de origem e suas valências técnicas.
No ano em análise, conforme se verifica no Gráfico 32, em 130 CPCJ, o cargo de presidente foi exercido, na sua
maioria, por membros que representam o Município. Seguem-se os representantes da área da Educação, em 78
CPCJ, os representantes da Segurança Social, no caso de 33 CPCJ, seguidos dos elementos cooptados, em 24
CPCJ.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 89
Gráfico 33
Membro que ocupa o cargo de presidente, por entidade
(N.º 310)
m) Elementos Cooptados 24
h) Associação de Pais 2
d) Saúde 11
c) Educação 78
b) Segurança Social 33
a) Município 130
Relativamente ao cargo de secretário, este foi exercido, na sua maioria, por representantes da área da Educação
(em 80 CPCJ) e do Município (em 71 CPCJ).
Gráfico 34
Membro que ocupa o cargo de secretário/a por entidade
(N.º 310)
c) Educação 80
a) Municipio 71
m) Elementos Cooptados 57
b) Segurança Social 41
d) Saúde 23
l) Cidadãos Eleitores Designados Pela Assembleia Municipal 13
e) Ipss/Ong - Actividades de Carácter não Residencial 9
h) Associação de Pais 6
g) Ipss/Ong - Actividades de Carácter Residencial 5
i) Associações Desportivas, Culturais ou Recreativas 3
l) Cidadãos Eleitores Designados Pela Assembleia de Freguesia 1
j) Associações de Jovens ou IPDJ 1
Considerando as valências técnicas dos presidentes e secretários representadas no Gráfico 34, as áreas de forma-
ção com maior prevalência nos dois cargos são a educação e serviço social.
90 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
Gráfico 35
Valências técnicas do/a Presidente e do/a Secretário/a
108
86 85
68
51
41
34 37
25
20 17 18
13 10
3 4
Serviço Social Educação Psicologia Outros Sociologia Saúde Direito Educação Social
Secretário Presidente
No universo das 310 CPCJ, 298 referem estar em falta a representação de algumas valências técnicas, sendo que
a que tem maior expressão é a área do Direito.
Gráfico 36
Valências Técnicas em falta nas CPCJ
(N.º 298)
Serviço Social
8%
Saúde
6%
Psicologia
26% Direito
57%
Educação
3%
6.
APOIO E ACOMPANHAMENTO
DAS CPCJ
6.1.
ARTICULAÇÃO COM
AS ECMIJ
A concretização das medidas de promoção e proteção assenta no desenvolvimento das atividades e ações das
ECMIJ, em estreita cooperação com as CPCJ. É no desenvolvimento desta cooperação que as ECMIJ desempe-
nham um papel essencial, com vista a uma intervenção eficaz, nomeadamente na concretização do plano de
intervenção do acordo de promoção e proteção, assegurando uma maior adequação da resposta de intervenção,
de forma a confluir para a remoção da situação de perigo diagnosticada e assegurar o bem-estar da criança.
De acordo com a LPCJP, no seu artigo 7.º, alínea d), cabe às ECMIJ executar os atos materiais inerentes às medidas
de promoção e proteção aplicadas pela comissão de proteção ou pelo tribunal, de que sejam incumbidas, nos termos
do acordo de promoção e proteção ou da decisão judicial.
No ano em análise, no âmbito da execução dos acordos de promoção e proteção e, para garantir a execução das
medidas de promoção e proteção aplicadas, foram desenvolvidas diversas ações com a colaboração das ECMIJ.
A Tabela 5 faz referência às entidades que mais vezes são chamadas a colaborar no desenvolvimento de ações
com vista à concretização das medidas de promoção e proteção aplicadas.
Tabela 15
Principais entidades envolvidas na execução das medidas
Tabela 16
Ações mais frequentes na execução das medidas em meio natural de vida
Tabela 17
Ações mais frequentes na execução das medidas de colocação
MEDIDAS DE COLOCAÇÃO
Promoção do contacto da criança com familiares e outras pessoas significativas;
Promoção de atividades de interesse da criança;
Promoção de contactos/visitas regulares com a família/pessoas de referência;
Atividades de dinamização cultural;
Atribuição de pequenas tarefas/responsabilidades à criança;
Integração no Ensino Básico (2.º e 3.º Ciclos);
Sensibilização para a interiorização de papéis familiares: pais, filhos, casal;
Promoção de formas de valorização de comportamentos positivos da criança.
Gráfico 37
Frequência da articulação com as ECMIJ
295
225
213
200
188
179
158 154
128 134 128
104 110
101
84 92 88
83 79 72
54
40 41
27 31
15 12 13 17
3 1 1 1 4 2 6 1 6 7 3
Município Freguesia Segurança Social Escolas Serviços de Saúde IPSS Forças de Segurança Associações Associações de Pais Associações de Jovens
Desportivas e
Recreativas
No ano em análise, 21,6% (67) do universo das 310 CPCJ identificaram alguns constrangimentos na articulação.
As entidades junto das quais foram sentidos esses constrangimentos, encontram-se assinaladas no Gráfico 37.
96 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
Gráfico 38
ECMIJ com constrangimentos identificados na articulação
Apresentam-se de seguida alguns dos constrangimentos observados, de acordo com a informação recolhida. Os
obstáculos apresentados, refletem a dificuldade em garantir o desenvolvimento regular de atividades, pelo con-
texto pandémico do país e consequente confinamento, bem como pela dificuldade das entidades em garantir o
representante na modalidade alargada, dando cumprimento ao estipulado no artigo 19.º da LPCJP.
Da análise qualitativa às respostas em falta ou insuficientes, elencadas pelas 310 CPCJ, considera-se haver conso-
nância com as respostas já apresentadas no ano anterior, havendo uma prevalência da necessidade de respostas
mais diferenciadas e especializadas na intervenção ao nível da capacitação parental e na área da saúde mental,
destacando-se as especialidades da psicologia e psiquiatria, nomeadamente ao nível do tratamento dos compor-
tamentos aditivos.
Destaca-se ainda a necessidade recorrente de respostas e atendimento especializado às problemáticas da infân-
cia e juventude.
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 97
6.2.
ARTICULAÇÃO COM O
MINISTÉRIO PÚBLICO
De acordo com o plasmado no n.º 2 do artigo 72.º da LPCJP, o Ministério Público acompanha a atividade das co-
missões de proteção, tendo em vista apreciar a legalidade e a adequação das decisões, a fiscalização da sua atividade
processual e a promoção dos procedimentos judiciais adequados. Este acompanhamento é levado a cabo por ma-
gistrados/interlocutores designados para cada CPCJ.
98 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
Gráfico 39
Frequência anual de contacto com o Ministério Público
(N.º 299 |100%)
Mais de 6 vezes
27%
1 a 3 vezes
48%
4 a 6 vezes
25%
Gráfico 40
Avaliação da articulação com o Ministério Público
(N.º 299 |100%)
Suficiente Insuficiente
8% 4%
Muito Boa
54%
Boa
34%
Gráfico 41
Âmbito dos contactos mais frequentes com o Ministério Público
Orientações 271
6.3.
ARTICULAÇÃO COM A COMISSÃO NACIONAL DE PROMOÇÃO
DOS DIREITOS E PROTEÇÃO DE CRIANÇAS E JOVENS
A CNPDPCJ tem, nas suas atribuições, o acompanhamento, apoio e a promoção de mecanismos de supervisão às
CPCJ, proporcionando formação especializada ajustada às suas necessidades.
São ainda atribuições desta Comissão Nacional a elaboração de orientações técnicas e diretivas genéricas rela-
tivamente ao exercício das competências das CPCJ assim como a formulação de recomendações para o regular
funcionamento das CPCJ, salvaguardando sempre o funcionamento autónomo das mesmas.
100 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
SERVIÇOS
CENTRAIS
No ano em análise, conforme se pode verificar no Gráfico 41, de uma forma geral, as CPCJ atribuem a classifica-
ção “Bom” à articulação com os serviços centrais da CNPDPCJ, destacando-se as dimensões relativas ao relatório
anual de avaliação da atividade das CPCJ, a aplicação informática e website da CNPDPCJ. Importa ainda destacar
a avaliação de “Muito Bom” na dimensão Instrumentos/documentos de apoio à atividade da CPCJ.
Gráfico 42
Avaliação da articulação com a CNPDPCJ
2
Website da CNPDPCJ 155
40
113
10
Instagram da CNPDPCJ 131
73
96
2
Página de facebook da CNPDPCJ 136
54
118
45
Ações de Formação 114
62
89
3
Relatório de Avaliação da Atividade das CPCJ 176
55
76
14
Encontro Anual 139
99
58
5
Apoio à Aplicação Informática 132
32
141
10
Aplicação Informática 169
76
55
4
Instrumentos/documentos de apoio à atividade da CPCJ 126
48
132
6.4.
ARTICULAÇÃO COM AS EQUIPAS TÉCNICAS REGIONAIS/COMISSARIADO DOS
AÇORES PARA A INFÂNCIA/COORDENAÇÃO REGIONAL DA MADEIRA
As equipas técnicas regionais têm vindo a desempenhar um papel determinante no fortalecimento da capaci-
dade de intervenção da Comissão Nacional, em todo o território nacional, contribuindo para uma maior proxi-
midade junto das CPCJ. No território continental, o apoio de proximidade conta com cinco ETR e nas Regiões
Autónomas, com o Comissariado dos Açores para a Infância (CAI) e a Coordenação Regional da Madeira (CRM).
No ano em análise, a avaliação das CPCJ ao trabalho desenvolvido pelas equipas técnicas regionais é, na sua
maioria, muito positiva (63%) e positiva (35%), designadamente ao nível do acompanhamento e apoio à ativida-
de das CPCJ. Reconhecem, contudo, que este trabalho é desenvolvido por equipas que, em algumas circunstân-
cias, são responsáveis por áreas geográficas extensas e diversificadas, condicionando o trabalho de proximidade
mais frequente e regular.
Com vista a que o apoio à atividade das CPCJ, por estas equipas, seja cada vez mais ajustado às necessidades das
CPCJ, apresenta-se abaixo as propostas de melhoria mais referenciadas no ano de 2020.
102 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
A prática da realização de encontros regionais revela-se como uma importante dinâmica, facilitadora do processo
de reflexão da atividade das CPCJ, permitindo o desenvolvimento de sessões formativas sobre as várias matérias.
Contribui igualmente para estreitar a relação de proximidade entre a CNPDPCJ e as CPCJ e potenciar a compreen-
são da realidade e necessidades sentidas por cada uma destas entidades, no âmbito da sua atuação.
Os encontros regionais constituem-se, assim, como mais um mecanismo relevante na concertação de estratégias
articuladas de atuação na promoção e na proteção das crianças e jovens.
No ano de 2020, foram realizados 18 encontros regionais. Devido ao contexto pandémico, onze destes encontros
foram realizados em formato virtual.
ENCONTROS REGIONAIS
REALIZADOS EM 2020
Região Lisboa,
Região Norte Região Centro Santarém e Setúbal Região Alentejo Região Algarve
4 5 5 2 2
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 103
6.5.
FORMAÇÃO PROMOVIDA PELA CNPDPCJ PARA MEMBROS,
TÉCNICOS/AS E OUTROS/AS PROFISSIONAIS DAS CPCJ
No ano em análise, tendo em consideração o contexto pandémico, observa-se uma diminuição do número de
ações de formação e do número de formandos, situação expectável, devido a constrangimentos vários, advindos
do contexto referido.
Ainda assim, foram desenvolvidos esforços para a continuidade do programa de formação financiado pelo PO ISE
e CRESC Algarve, que teve o seu início em 2018.
As ações de formação, para além do desenvolvimento de módulos temáticos, centraram-se em torno de quatro
temáticas principais:
• Enquadramento no sistema de proteção de crianças e jovens;
• Avaliação e intervenção no sistema de promoção e proteção;
• Processo de promoção e proteção no sistema de gestão das CPCJ;
• Aprofundamento da lei de proteção das crianças e jovens em perigo, através do estudo de caso.
Numa primeira análise ao trabalho desenvolvido, ob- É de notar que os diagnósticos no âmbito da categoria
serva-se que, apesar dos obstáculos inerentes ao con- da Negligência, têm vindo a diminuir progressivamen-
texto pandémico, evidencia-se a capacidade que o te desde 2013, o que se acentuou nos últimos 2 anos.
sistema de promoção e proteção teve em repensar e A Violência Doméstica, que em 2018 assumia apenas
adaptar-se perante uma transformação da sociedade 12,8% do total de diagnósticos, registou um aumento
imposta rapidamente. de 19 pontos percentuais, evidenciando-se a crescente
preocupação da sociedade para com esta problemática
Deste modo, este relatório permite concluir que as
e a maior consciencialização do seu impacto no desen-
CPCJ, de forma resiliente e combativa, mantiveram o
volvimento integral das crianças e jovens a ela sujeitos.
desenvolvimento das suas atividades tanto na dimen-
são preventiva, como na dimensão protetiva, muito Foram aplicadas 11879 medidas de promoção e pro-
embora seja contínua a necessidade de capacitar e teção, menos 2370 relativamente ao ano anterior, pre-
qualificar os membros da CPCJ bem como de harmo- valecendo as medidas de Apoio Junto dos Pais e Apoio
nização de procedimentos, de forma a garantir maior Junto de Outro Familiar.
eficácia e eficiência na avaliação do perigo e no acom- Foram acompanhadas 24 531 crianças com medida
panhamento das medidas aplicadas. aplicada ou em execução, tratando-se em 91% dos ca-
sos de medidas em meio natural de vida.
Importa, também, destacar o trabalho desenvolvido
CONCLUSÕES pelas ETR no acompanhamento e apoio técnico às
CPCJ, fomentando uma maior proximidade e conhe-
cimento da CNPDPCJ da realidade territorial de cada
Em matéria de promoção dos direitos e prevenção das
uma, permitindo-lhe tomar decisões mais ajustadas
situações de perigo, destaca-se o desenvolvimento de
às necessidades e potencialidades de cada Comissão
atividades pela modalidade alargada que, ao longo
de Proteção e do tecido comunitário onde se encontra
do ano, embora condicionada no desenvolvimento de
inscrita.
atividades presenciais, foi capaz de manter o nível de
diversidade das temáticas e a participação significativa Igualmente, os encontros regionais têm vindo a cons-
da comunidade e dos seus vários agentes. tituir-se como um instrumento de suporte e de capa-
citação, possibilitando uma maior aproximação entre
Na esfera protetiva, no ano de 2020, foram comunica-
a CNPDPCJ e as CPCJ, a auscultação das necessidades,
das às CPCJ 41 337 situações de perigo, menos 2459 do
propiciando momentos formativos e ajustados às es-
que em 2019, mas ainda assim em número superior ao
pecificidades dos territórios e, possibilitando momen-
registado em 2018.
tos de reflexão e intervisão contínua sobre a interven-
A Violência Doméstica, logo seguida da Negligência, ção na proteção das crianças.
constituíram as categorias de perigo mais representa-
108 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
RECOMENDAÇÕES comunidade;
• As CPCJ devem promover a participação ativa das
crianças e jovens nas atividades preventivas locais, na
Numa perspetiva evolutiva e considerando o explana- audição sobre os assuntos e decisões que lhes dizem
do neste relatório, inferem as seguintes recomenda- respeito (nas escolas, nas iniciativas municipais e ou-
ções, com vista à ampliação e fortalecimento da ativi- tras) recorrendo, sempre que viável, ao Conselho Na-
dade das CPCJ: cional de Crianças e Jovens, para auscultação de even-
tuais contributos para a prossecução deste objetivo.
INTERVENÇÃO SISTÉMICA
ASSENTE NA COMUNIDADE CAPACITAÇÃO E FORMAÇÃO
CONTÍNUA E PERMANENTE
• Deverá ser promovida uma maior sensibilização e DOS MEMBROS DAS CPCJ
formação às ECMIJ sobre o seu papel enquanto agen-
tes do sistema de promoção e proteção, potenciando • A CNPDPCJ deverá promover a qualificação dos
uma colaboração cada vez mais estreita e sistemática, membros das CPCJ através do plano de formação em
nomeadamente na concretização de medidas de pro- curso, financiado pelo POISE ou Cresc Algarve, visando
moção e proteção; a ampliação da capacidade interventiva das mesmas;
• As CPCJ devem promover o envolvimento ativo da • A CNPDPCJ deverá disponibilizar aos membros das
sua modalidade alargada na identificação e mobiliza- Comissões de Proteção maior diversidade de áreas te-
ção dos recursos necessários à promoção e proteção máticas formativas, com vista a um conhecimento mais
dos direitos das crianças e, também, na formulação de especializado e mais próximo das necessidades identi-
iniciativas colaborativas de desenvolvimento social lo- ficadas pelas CPCJ;
cal na área da infância e juventude; • Deverá ser assegurada a intensificação da frequ-
• As entidades representadas nas CPCJ devem ade- ência dos encontros regionais, privilegiando sessões
quar o/a seu/sua representante ao perfil de membro formativas sobre as várias matérias reconhecidas como
aprovado em Conselho Nacional e garantir o cumpri- prioritárias, no âmbito da atuação das CPCJ;
mento dos tempos de afetação definidos; • A CNPDPCJ deverá formular orientações técnicas
• No âmbito do projeto Adélia, as CPCJ devem oti- com vista a promover uma maior uniformização de
mizar o desenvolvimento e implementação dos Planos procedimentos nas diferentes fases de evolução do
Locais de Promoção e Proteção dos Direitos das Crian- processo de promoção e proteção bem como elabo-
ças e Jovens, em conjunto com as ECMIJ e com a parti- rar instrumentos/documentos de apoio à atividade da
cipação efetiva das crianças e jovens, das famílias e da CPCJ.
SIGLAS E ACRÓNIMOS
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 111
Siglas e
Acrónimos
Glossário
Acordo de Promoção e Proteção – Compromisso reduzido a escrito entre as comissões de proteção de crianças
e jovens ou o tribunal e os pais, representante legal ou quem tenha a guarda de facto e, ainda, a criança ou o
jovem com mais de 12 anos, pelo qual se estabelece um plano contendo medidas de promoção de direitos e de
proteção.
Acolhimento Familiar – O acolhimento familiar consiste na atribuição da confiança da criança ou do jovem a uma
pessoa singular ou a uma família, habilitadas para o efeito, proporcionando a sua integração em meio familiar e
a prestação de cuidados adequados às suas necessidades e bem-estar e a educação necessária ao seu desenvol-
vimento integral.
Acolhimento Residencial – A medida de acolhimento residencial consiste na colocação da criança ou jovem aos
cuidados de uma entidade que disponha de instalações, equipamento de acolhimento e recursos humanos per-
manentes, devidamente dimensionados e habilitados, que lhes garantam os cuidados adequados.
Apoio Junto dos Pais – A medida de apoio junto dos pais consiste em proporcionar à criança ou jovem apoio de
natureza psicopedagógica e social e, quando necessário, ajuda económica.
Apoio Junto de Outro Familiar – A medida de apoio junto de outro familiar consiste na colocação da criança ou
do jovem sob a guarda de um familiar com quem resida ou a quem seja entregue, acompanhada de apoio de
natureza psicopedagógica e social e, quando necessário, ajuda económica.
Apoio para a Autonomia de Vida – A medida de apoio para a autonomia de vida consiste em proporcionar dire-
tamente ao jovem com idade superior a 15 anos apoio económico e acompanhamento psicopedagógico e social,
nomeadamente através do acesso a programas de formação, visando proporcionar-lhe condições que o habili-
tem e lhe permitam viver por si só e adquirir progressivamente autonomia de vida. A medida pode ser aplicada a
mães com idade inferior a 15 anos, quando se verifique que a situação aconselha a aplicação desta medida.
Avaliação Diagnóstica – Fase do processo de promoção e proteção em que as pessoas gestoras do processo
reúnem toda a informação recolhida junto de diversos intervenientes, com o intuito de melhor avaliar a situação
de perigo comunicada e propor a medida adequada para a sua remoção.
Criança ou Jovem – A pessoa com menos de 18 anos ou a pessoa com menos de 21 anos que solicite a continua-
ção da intervenção iniciada antes de atingir os 18 anos, e ainda a pessoa até aos 25 anos sempre que existam, e
apenas enquanto durem, processos educativos ou de formação profissional.
Confiança a Pessoa Idónea – A medida de confiança a pessoa idónea consiste na colocação da criança ou do
jovem sob a guarda de uma pessoa que, não pertencendo à sua família, com eles tenha estabelecido relação de
afetividade recíproca. A medida pode ser acompanhada de apoio de natureza psicopedagógica e social e, quan-
do necessário, de ajuda económica.
Entidades com Competência em Matéria de Infância e Juventude – As pessoas singulares ou coletivas, públicas,
cooperativas, sociais ou privadas que, por desenvolverem atividades nas áreas da infância e juventude, têm legi-
timidade para intervir na promoção dos direitos e na proteção da criança e do jovem em perigo.
Medida Cautelar – Medida aplicada pela CPCJ enquanto se procede ao diagnóstico da situação da criança e à
definição do seu encaminhamento subsequente, sem prejuízo da necessidade da celebração de um acordo de
promoção e proteção segundo as regras gerais.
116 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
Medidas de Promoção e Proteção – A providência adotada pelas comissões de proteção de crianças e jovens ou
pelos tribunais para proteger a criança e o jovem em perigo.
Processos Ativos – Processos que permanecem com intervenção pela CPCJ no ano em referência (1 de janeiro a
31 de dezembro).
Processos Arquivados – Processos cuja intervenção foi dada por terminada pela CPCJ.
Processos Arquivados Liminarmente – Processos cujo arquivamento ocorre na fase de apreciação liminar (pré-
via ao consentimento por parte dos pais ou representante legal e à não oposição da criança com mais de 12 anos
de idade).
Processos Instaurados – Soma dos processos iniciados e dos processos reabertos, no ano em referência.
Processo de Promoção e Proteção – O processo de promoção e proteção é individual, sendo organizado um
único processo para cada criança ou jovem. Inicia-se com o recebimento da comunicação escrita ou com o re-
gisto das comunicações verbais ou dos factos de que a referida comissão tiver conhecimento. Inclui a recolha de
informação, as diligências e os exames necessários e adequados ao conhecimento da situação, à fundamentação
da decisão, à aplicação da respetiva medida e à sua execução.
Processos Reabertos – Processos arquivados pela CPCJ e que são alvo de nova sinalização na mesma CPCJ.
Processos Transferidos – Processos remetidos a outra CPCJ, em virtude do critério da competência territorial.
Processos Transitados – Processos cuja intervenção se mantém a 31 de dezembro do ano em referência, pelo
que transitam para o ano seguinte.
Situação de Emergência – A situação de perigo atual ou iminente para a vida ou a situação de perigo atual ou
iminente de grave comprometimento da integridade física ou psíquica da criança ou jovem, que exija proteção
imediata nos termos do artigo 91.º, ou que determine a necessidade imediata de aplicação de medidas de pro-
moção e proteção cautelares.
ÍNDICE DE GRÁFICOS, FIGURAS
E TABELAS
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 119
ÍNDICE DE GRÁFICOS
ÍNDICE DE TABELAS
ÍNDICE DE FIGURAS
ANEXO 1
1. Instrumento
O inquérito foi realizado por questionário online que pretendeu recolher informação sobre a experiência das
CPCJ no período compreendido entre 19 de março e 31 de agosto de 2020, diferenciando duas fases distintas em
função das limitações impostas pelas normas em vigor no combate à pandemia do Covid-19:
• 1.ª fase, correspondente ao primeiro confinamento imposto, entre 19 de marco e 2 de maio de 2020, na se-
quência da declaração do estado de emergência no país;
• 2.ª fase, correspondente uma primeira etapa de desconfinamento, entre 3 de maio e 31 de agosto de 2020,
iniciada com a passagem a estado de calamidade.
Inicialmente, foi planeada a recolha de informação que iria contemplar uma 3.ª fase, com a duração de 4 meses,
cujo início coincidiria com a entrada no ano letivo 2020/2021 (1 de setembro de 2202) e terminaria a 31 de de-
zembro de 2020. No entanto, a evolução da situação pandémica em Portugal, com o agravamento dos indicado-
res ao longo desse período, que conduziu à reentrada em estado de emergência, e a implementação de medidas
de contenção mais restritivas em janeiro de 2021, levaram a que essa opção não tivesse sido ainda colocada em
prática.
O questionário foi organizado em três partes. A primeira, com a apresentação do convite pela Presidente da
CNPDPCJ, seguindo-se os dados de identificação da CPCP. As duas restantes, uma focada no 1.º momento de
avaliação dos impactos, correspondente ao período do estado de emergência, e a outra direcionada para o 2.º
momento, na fase imediatamente a seguir, o pós-estado de emergência, apresentam uma estrutura idêntica or-
ganizada em torno de seis áreas (Tabela 1).
Tabela 1
Estrutura do questionário
CONVITE À PARTICIPAÇÃO
IDENTIFICAÇÃO DA CPCJ
Periodicidade e Modalidade restrita 5 questões (4 fechadas)
1.º momento metodologia de reuniões
Modalidade alargada 5 questões (4 fechadas)
ESTADO DE EMERGÊNCIA da CPCJ
(de 19 de março a 2 de maio Composição das equipas Modalidade restrita 4 questões (1 fechada)
de 2020) da CPCJ Modalidade alargada 3 questões (1 fechada)
2 questões (resposta
ECMIJ
múltipla)
Articulação da CPCJ com
CNPDPCJ 7 questões (4 fechadas)
2.º momento outras entidades
CNPDPCJ-ETR 3 questões (2 fechadas)
PÓS-ESTADO DE
EMERGÊNCIA MP 3 questões (fechadas)
(de 3 de maio a 31 de agosto Instalações e condições logísticas 6 questões (4 fechadas)
de 2020) Principais dificuldades sentidas – normas DGS 1 questão (aberta)
Pontos fortes / positivos identificados na atuação da CPCJ 1 questão (aberta)
126 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
2. Participantes
No universo das 310 CPCJ existentes no país foram recolhidos 192 questionários. No processo de validação inicial
foram identificadas quatro CPCJ cujos questionários se encontravam em duplicado pelo que houve a necessida-
de de validar um. Para este efeito, eliminou-se o documento cujo preenchimento não se encontrava completo.
Após esta etapa, o total de questionários validado para análise diz respeito a 188 CPCJ (61% do universo).
A taxa de resposta ao questionário, tendo por referência o total de CCPJ existentes por distrito ou Região Autóno-
ma, é muito variável (Figura 1). Há distritos que apresentam uma elevada taxa de participação (acima dos 75%),
como Faro, Portalegre e Coimbra, e outros com uma participação baixa (inferior a 35% do total de CPCJ neles
localizada). A diversidade regional está assegurada, uma vez que CPCJ de todos os distritos e das duas Regiões
Autónomas estão representadas entre as participantes no inquérito.
Figura 1
Taxa de resposta ao questionário em cada distrito e Região Autónoma
Considerando a distribuição das CPCJ participantes em função da organização administrativa do país por regiões
NUT, as regiões Centro (30,9%), Norte (25,0%) e Alentejo (20,2%) são as mais representadas. Seguem-se, a larga
distância, as localizadas na área metropolitana de Lisboa (7,4%), no Algarve (6,9%) e nas Regiões Autónomas dos
Açores (6,4%) e da Madeira (3,2%).
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 127
3. Procedimentos de análise
Em dezembro de 2020, a informação dos questionários foi transferida da plataforma do II,I.P. para ficheiros MS
Excel V.2019 Pro pelos técnicos do núcleo de apoio informático da CNPDPCJ, Dora Alvarez e Ruben Cardoso. Num
segundo momento, os ficheiros foram enviados para as autoras deste texto que, nos dois primeiros meses de
2021, procederam à sua validação em estreita articulação com a equipa da CNPDPCJ. Posteriormente, a informa-
ção recolhida foi transposta para uma base criada para esse efeito, recorrendo ao software para análise de dados
IBM SPSS v26. Os dados quantitativos foram validados e codificados enquanto as respostas de natureza qualitati-
va obtidas através de questões abertas foram inicialmente sujeitas a análise de conteúdo temática e codificadas.
Seguiu-se uma fase exploratória dos dados, sujeitos a uma análise estatística descritiva, univariada, para um pri-
meiro levantamento das principais tendências. À medida que a análise avançou, procedeu-se à recolha de in-
dicadores da atividade das CPCJ nos anos de 2019 e 2020 junto do núcleo de apoio informático da CNPDPCJ
(abril de 2021), com o objetivo de associar a cada CPCJ um conjunto de indicadores que permitissem traçar a sua
caraterização.
Numa segunda fase, com uma noção mais geral sobre as tendências, foram selecionadas as variáveis para a rea-
lização de uma análise multivariada, que permitisse articular as diferentes dimensões respeitantes à caracteri-
zação, às condições de funcionamento e à atividade das CPCJ. Para tal: i) reduziu-se o número de variáveis e o
número de possibilidades de resposta (recodificando e/ou agregando categorias de forma a sistematizar mais a
informação); ii) submeteu-se a uma análise fatorial as variáveis relativas à caracterização organizacional das CPCJ
(número de processos – VPG, por ano, e evolução registada entre 2019 e 2020, periodicidade de reuniões e meto-
dologias usadas), às condições de exercício da atividade (instalações, acesso à internet, meios e recursos existen-
tes), à sua apreciação sobre a articulação com diferentes entidades (CNPDPCJ, serviços centrais e ETR, entidades
regionais e Ministério), e às fragilidades sentidas e aos pontos fortes identificados na sua atuação.
Da análise fatorial resulta a identificação de duas dimensões que sintetizam o posicionamento das CPCJ. Uma
primeira dimensão, relativa às infraestruturas para o desenvolvimento da atividade; uma segunda referente a
uma dimensão mais funcional, sobre os apoios, as respostas e o seu funcionamento.
Uma vez identificada a estrutura da informação nestas duas dimensões, os dados foram submetidos a uma cons-
trução de perfis (clusters) para permitir identificar a existência de realidades distintas na representação que as
CPCJ apresentam sobre a sua atuação em tempos de pandemia do Covid-19.
128 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
ANEXO 2
CJACABED (A criança/jovem
assume comportamentos
que afetam gravemente o seu
bem-estar e desenvolvimento
sem que os pais, representante
legal ou quem tenha a guarda
de facto se lhes oponham de
A criança/jovem assume forma adequada a remover essa
comportamentos que situação)
afetam o seu bem-estar e
CJACABED: Bullying CJACABED: Bullying
desenvolvimento, sem que os
pais, representante legal ou CJACABED: Comportamentos CJACABED: Comportamentos
quem tenha a guarda de facto graves anti-sociais e/ou de graves anti-sociais e/ou de
indisciplina Comportamentos de Perigo na indisciplina
se lhes oponham de forma
CJACABED: Consumo de Infância e Juventude CJACABED: Consumo de
adequada a remover a situação
(CJACABED) bebidas alcoólicas bebidas alcoólicas
CJACABED: Consumo de CJACABED: Consumo de
estupefacientes estupefacientes
CJACABED: Gambling CJACABED: Gambling
CJACABED: Gaming CJACABED: Gaming
CJACABED: Outros CJACABED: Outros
comportamentos comportamentos
PFQC (Prática de facto
Prática de facto qualificado pela lei penal como crime para qualificado pela lei penal como
crianças com idade inferior a 12 anos (PFQC) crime para crianças com idade
inferior a 12 anos)
ETI (Exploração do trabalho
Exploração do trabalho infantil (ETI)
infantil)
MND (Mendicidade) MND (Mendicidade)
MND: Prática de mendicidade Exploração Infantil MND: Prática de mendicidade
Mendicidade MND: Utilização da criança na MND: Utilização da criança na
prática da mendicidade prática da mendicidade
AS: Prostituição Infantil
MT: Mutilação genital feminina MT: Mutilação Genital Feminina
MT: Ofensa física MT: Ofensa física
Mau Trato Físico (MT) MT: Ofensa física em contexto Mau Trato Físico
de violência doméstica
MT: Ofensa física por castigo MT: Ofensa física por castigo
corporal corporal
130 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
ANEXO 3
Desconhecido Feminino 0 60 2
Desconhecido Masculino 0 55 2 119 0,89%
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA N %
NEGLIGÊNCIA N %
CDTR Está aos cuidados de terceiros em simultâneo com o não exercício pelos pais das suas funções parentais 312 2,61%
ECPCBEDC (Exposição a comportamentos que possam comprometer o bem-estar e desenvolvimento da criança) 3026 25,31%
ECPCBEDC: Consumo de álcool 765 6,40%
ECPCBEDC: Consumo de estupefacientes 596 4,99%
ECPCBEDC: Prostituição 63 0,53%
NEG (Negligência) 1102 9,22%
NEG: Ao nível da saúde 827 6,92%
NEG: Ao nível Educativo 841 7,03%
NEG: Ao nível psico-afectivo 653 5,46%
NEG: Face a comportamentos da criança/jovem 136 1,14%
NEG: Falta de supervisão e acompanhamento/familiar 2540 21,25%
NEG: Negligência Grave 1094 9,15%
Total 11955 100,00%
134 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
DIREITO À EDUCAÇÃO N %
CJACABED (A Criança/Jovem assume comportamentos que afecta o seu bem-estar e desenvolvimento sem
917 16,39%
que os pais se oponham de forma adequada)
CJACABED: Bullying 323 5,77%
CJACABED: Comportamentos graves anti-sociais ou/e de indisciplina 1998 35,72%
CJACABED: Consumo de Bebidas Alcoólicas 231 4,13%
CJACABED: Consumo de Estupefacientes 273 4,88%
CJACABED: Gambling (jogo a dinheiro) 4 0,07%
CJACABED: Gaming (jogo de entretenimento) 28 0,50%
CJACABED: Outros comportamentos 1743 31,16%
PFQC (Pratica de facto qualificado pela lei penal como crime para crianças com idade inferior a 12 anos) 77 1,38%
Total 5594 100,00%
136 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
0 a 2 anos Feminino 0 68 0
0 a 2 anos Masculino 2 72 0 142 8,30%
3 a 5 anos Feminino 0 83 12
3 a 5 anos Masculino 2 130 22 249 14,55%
6 a 10 anos Feminino 5 149 47
6 a 10 anos Masculino 2 193 64 460 26,88%
11 a 14 anos Feminino 4 170 39
11 a 14 anos Masculino 3 215 60 491 28,70%
15 a 17 anos Feminino 2 122 44
15 a 17 anos Masculino 3 96 28 295 17,24%
18 a 21 anos Feminino 1 20 1
18 a 21 anos Masculino 1 13 3 39 2,28%
mais de 21 anos Feminino 0 0 0
mais de 21 anos Masculino 0 0 0 0 0,00%
Desconhecido Feminino 0 16 1
Desconhecido Masculino 0 17 1 35 2,05%
Nacional 25 1364 322 1711 100,00%
MAU-TRATO FÍSICO N %
0 a 2 anos Feminino 0 47 2
0 a 2 anos Masculino 0 33 2 84 7,05%
3 a 5 anos Feminino 1 55 12
3 a 5 anos Masculino 0 55 14 137 11,49%
6 a 10 anos Feminino 0 140 43
6 a 10 anos Masculino 1 160 41 385 32,30%
11 a 14 anos Feminino 1 129 37
11 a 14 anos Masculino 2 136 34 339 28,44%
15 a 17 anos Feminino 2 85 32
15 a 17 anos Masculino 2 49 12 182 15,27%
18 a 21 anos Feminino 0 13 7
18 a 21 anos Masculino 0 7 2 29 2,43%
mais de 21 anos Feminino 0 0 0
mais de 21 anos Masculino 0 0 0 0 0,00%
Desconhecido Feminino 0 15 0
Desconhecido Masculino 0 21 0 36 3,02%
Nacional 9 945 1192 100,00%
MAU-TRATO PSICOLÓGICO N %
EXPLORAÇÃO INFANTIL N %
ABUSO SEXUAL N %
ANEXO 4
ANEXO 5
NEGLIGÊNCIA
NEGLIGÊNCIA N %
CDTR Está aos cuidados de terceiros em simultâneo com o não exercício pelos pais das suas funções
203 4,89%
parentais
ECPCBEDC: Consumo de álcool 419 10,09%
ECPCBEDC: Consumo de estupefacientes 277 6,67%
ECPCBEDC: Prostituição 20 0,48%
NEG: Ao nível da saúde 539 12,98%
NEG: Ao nível Educativo 508 12,23%
NEG: Ao nível psico-afectivo 491 11,82%
NEG: Face a comportamentos da criança/jovem 152 3,66%
NEG: Falta de supervisão e acompanhamento/familiar 1254 30,20%
NEG: Negligência Grave 290 6,98%
Total 4153 100,00%
relatório anual de avaliação da atividade das cpcj 2020 149
VIOLENCIA DOMÉSTICA
VIOLENCIA DOMÉSTICA N %
DIREITO À EDUCAÇÃO
DIREITO À EDUCAÇÃO N %
MAU-TRATO FÍSICO
MAU-TRATO FÍSICO N %
MAU-TRATO PSICOLÓGICO
MAU-TRATO PSICOLÓGICO N %
ABANDONO
ABANDONO TOTAL %
ABUSO SEXUAL
ABUSO SEXUAL N %
AS: Importunação sexual pela linguagem ou pela prática perante a criança de actos de carácter
28 22,58%
exibicionista ou constrangimento a contacto
AS: Aliciamento sexual 39 31,45%
AS: Violação ou outro acto sexual 54 43,55%
AS: Pornografia Infantil 3 2,42%
Total 124 100,00%
156 comissão nacional de promoção dos direitos e proteção das crianças e jovens
EXPLORAÇÃO INFANTIL
EXPLORAÇÃO INFANTIL N %
ANEXO 6
ANEXO 7
ANEXO 8
ANEXO 9
Comissão Nacional de Promoção dos Direitos e Proteção das Crianças e Jovens (CNPDPCJ)
www.cnpdpcj.gov.pt
www.facebook.com/CNPDPCJ
www.instagram.com/cnpdpcj
https://www.youtube.com/c/CNPDPCJ