Sofrimento Fetal - Dra Célia

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Monique Fortes – MEDUFES 97

SOFRIMENTO FETAL AGUDO – CÉLIA TRINDADE


Sofrimento fetal agudo geralmente tem-se HIPÓXIA/ SANGRAMENTO/ INFECÇÃO quase sempre
são infecções maternas que podem repercutir sobre o feto (sendo que QUALQUER foco de
infecção materna pode sim gerar infecção uterina).
ETIOLOGIAS:
- Infecções;
- Descolamento prematuro de placenta: tem-se a diminuição da área funcionante da placenta
devido aos grandes hematomas e coágulos formados, tanto o feto quanto a mãe estão perdendo
sangue, pode ocorrer um sangramento tão importante que culmina com o óbito materno, e anóxia
fetal. Lembrando que no DPP temos a tríade: sangramento da segunda metade da gestação de
coloração escura com coágulos + hipertonia uterina + hipertensão;
– Placenta prévia (gera hipóxia no feto e sofrimento agudo). Os tipos são:
✓ Placenta prévia marginal cuja implantação apenas margeia o orifício interno do colo do útero;
✓ Placenta prévia central parcial cuja placenta oblitera metade do orifício interno do colo do útero;
✓ Placenta prévia central total cuja placenta obstrui o orifício interno do colo do útero por completo,
nesses casos se ocorrer sangramento leva ao choque materno, é uma situação emergencial.

Imagem acima se refere a placentas prévias


- Placenta acreta (adere ao miométrio), increta (invade o miométrio, para na serosa), percreta
(perfura a serosa).
- Compressão (comprimiu o cordão = hipóxia aguda imediata) ou circular de cordão: não há
problema em fazer parto natural com circular de cordão desde que ela esteja frouxa, avaliamos isso
através do BCF, o BCF não pode cair, se cair isso significa cesária de emergência (BCF normal =
120 a 160).
- Distocia de apresentação/ DCP (desproporção céfalo pélvica): pode ocorrer um sofrimento fetal
pois a mãe não tem condição de realizar um parto por via baixa, e nesse caso se a mulher ficar em
trabalho de parto por muito tempo (forçando o parto normal) pode ocorrer lesão neurológica do
bebê durante a passagem, e óbito.
- Taquissistolia: pode ocorrer por ocitocina excessiva no soro (↑ do gotejamento) OU infecção na
gestante, uso de drogas OU de etiologia desconhecida. A contratilidade uterina é muito intensa,
tem um intervalo mínimo menor que 40 segundos, com frequências elevadas que chegam a 8 por
exemplo em 10 minutos, ou seja, a paciente mal sai de uma contração já entra em outra;
- Expulsão prolongada;
Monique Fortes – MEDUFES 97

- Prolapso de cordão umbilical: o feto ainda não chegou ao plano zero


de apresentação na espinha isquiática, mas ocorreu ruptura da bolsa
antes da hora, ou o profissional rompeu para facilitar o trabalho de
parto e o cordão desceu. O polo cefálico do feto comprime esse
cordão, logo, é uma indicação de cirurgia de emergência;
Obs.: Onde há a espinha isquiática é o ZERO de De Lee. Quando a
apresentação atinge o Zero de De LEE significa que o bebe está
encaixado ou insinuado.

- Circular de cordão/ nó verdadeiro;

Manifestações clínicas do sofrimento fetal agudo:


- Bradicardia ou arritmia fetal;
- Sangramento uterino (se for sangue vivo = tá sangrando agora, mesmo assim tem que olhar se é
DPP por que pode sangrar pouco no início e passar a sangrar muito quando descolar tudo);
- Hipertonia uterina (contração sustentada, mantida) / Taquissistolia (número maior de contrações,
que são intensas e com intervalo pequeno. Pode evoluir para hipertonia ou hipotonia por exaustão).
- Prolapso de cordão umbilical;
- Mecônio: é QUASE SEMPRE SINÔNIMO DE SOFRIMENTO FETAL, bebês podem evacuar
mecônio em resposta a estresse como a falta de oxigênio, esse estresse pode levar a movimentos
respiratórios que fazem com que os bebês aspirem mecônio para os pulmões levando a síndrome
de aspiração de mecônio, podemos visualizar essa situação ao romper-se a bolsa expondo-se o
líquido amniótico com o mecônio.
Obs.: O mecônio só é normal em trabalho de parto em apresentação pélvica, eliminado pela
compressão do abdome do feto na porção inferior da descida;

CARDIOTOCOGRAFIA É O EXAME USADO PARA O SOFRIMENTO FETAL.


✓ O Transdutor posicionado no fundo do útero avalia a contratilidade uterina;
✓ O outro transdutor é colocado aonde foi localizado o BCF pelo sonar anteriormente, este
transdutor irá avaliar o BCF;
✓ No equipamento tem-se um espaço no meio para colocar um terceiro transdutor para gravidez
gemelar, OU, pode ser usado para avaliar os movimentos fetais nesse caso a paciente sempre
irá apertar o botão quando sentir que o bebê mexeu;
✓ Na cardiotocografia o traçado mais inferior mede a atividade uterina/contratilidade uterina cujo
transdutor está no fundo do útero (é medida em unidade de montevidéu);
✓ O traçado de cima é o BCF;
Podemos observar as acelerações transitórias (AT), constituem-se em um pequeno momento onde
aumenta o BCF do feto e representam a capacidade hemodinâmica do feto: se a mãe espirrou
o BCF sobe, se mexeu um pouco o BCF sobe, sendo assim, é normal e esperado a taquicardia
naquele momento.
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Essa resposta de aceleração cardíaca = capacidade de defesa imediata do feto

ALTERAÇÕES DETECTADAS NA CARDIOTOCOGRAFIA


DESACELERAÇÃO:
Nem sempre é patológica, a do tipo I por exemplo não é patológica, mas a do tipo II e III são.
FISIOPATOLOGIA DIP I: Durante uma metrossístole existe uma compressão do polo cefálico, isso
gera uma hipertensão intracraniana que reduz o fluxo de sangue cerebral, tem-se uma resposta
vagal com desaceleração do BCF.
DIP I = não é uma desaceleração de BCF prejudicial, ele coincide com os momentos de
contratilidade uterina, observe:
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FISIOPATOLOGIA DIP II: Podemos ter metrossístoles que existem por uma baixa circulação
uteroplacentária, levando a uma placenta mal perfundida, mas ainda assim tem-se um feto com
PO2 normal, tendo-se então um traçado normal na cardiotocografia, o problema é quando ocorre
a metrossístole por baixa circulação uteroplacentária mas o feto tem a PO2 reduzida (ele
entra em hipóxia) nesse caso tem-se desaceleração do BCF e isso caracteriza o DIP II.
DIP II = Tem-se as metrossístoles uterinas e a desaceleração do BCF só ocorre
POSTERIORMENTE, É UMA DESACELERAÇÃO ATRASADA, significa que houve algo que
abaixou a capacidade do feto de aguentar um desgaste e ele não respondeu na hora.

FISIOPATOLOGIA DIP III (SINÔNIMO de DIP umbilical, ou DIP variável): tanto pode se
comportar como DIP I quanto como DIP II, mas ele é claramente um DIP III. É um corte de
perfusão no CORDÃO UMBILICAL, seja por compressão, nó, ou qualquer outro problema no
trajeto do cordão levando a hipoperfusão.
Tem-se uma hipertensão arterial no cordão umbilical (e consequentemente no feto).
Desaceleração do BCF aguda e profunda chegando quase no 60 (desaceleração do BCF aguda e
intensa que gera no feto uma condição extremamente desagradável), além disso antes de cair o
BCF, percebe-se uma aceleração na entrada e na saída da onda (CHAMA-SE ACELERAÇÃO
OMBRO) característico do DIP III = ISSO É CONTRAÇÃO DE CORDÃO.
CONFIRA A CARDIOTOCOGRAFIA NA PRÓXIMA PÁGINA.
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TRABALHO DE PARTO: abaixo observamos um traçado bastante típico de trabalho de parto, com
duração similar e intervalo homogêneo das contrações, cuja amplitude chega a 50 – 60
montevidéus.
Lembrar: trabalho de parto = 2 contrações de 30 segundos durante 10 min + 3cm de dilatação nas
multíparas ou 2 cm nas primíparas! Se a mulher só tiver dilatação ou só tiver contrações ela está no
período prodrômico e não no trabalho de parto ainda.

Entretanto, também existem várias desacelerações do BCF em sinusóides (PADRÃO


SINUSÓIDE), todas as vezes que virmos um PADRÃO SINUSÓIDE, é um padrão gravíssimo de
HIPÓXIA, por um desequilíbrio ácido básico grave determinado por hipóxia ou insuficiência
cardíaca, nesse caso ou nasce ou morre.
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EXAMES COMPLEMENTARES:
- Cardiotocografia, podemos ver:
✓ Aceleração transitórias;
✓ Desacelerações/ bradicardia;
✓ Padrão comprimido (ondas pequenininhas, como se fossem várias frequências);
✓ Feto hipoativo (não se movimenta, não faz aceleração transitória, a mãe mesmo já chega à
consulta dizendo que o bebê não está mexendo ou não mexe quase nada). O feto hipoativo
você estimula dando uma mexidinha no abdome, se ele não se mexer aí já é um feto não
reativo.
✓ Não reativo.
OBS.: solicitamos USG? Esse exame pode nos dar alguns indícios de sofrimento fetal agudo, mas
não é o exame de escolha para isso. Porém na rotina ginecológica podemos acabar capitando
algum indício de sofrimento fetal na USG, mas sem a intenção.
CONDUTA:
- O2 sob máscara para mãe (3 a 5L por minuto);
- Decúbito lateral esquerdo pois descomprime cava inferior, aumenta o retorno venoso e melhora
a perfusão da placenta;
- É necessário saber a viabilidade do feto (um feto viável é um feto acima de 28 semanas, um feto
abaixo de 24 semanas aqui no Brasil não se faz investimento nele porque não vai sobreviver);
- Assistência neonatal: não adianta correr para fazer cesariana em uma mulher que mora no interior,
se não tem um pediatra para cuidar desse feto depois. É preciso oferecer toda a assistência
neonatal necessária se quiser garantir a sobrevivência desse feto.

Obs.: se não tiver tempo de fazer cesariana, passe fórceps e tente retirar, desde que esse neném
esteja sob um trabalho de parto em que já está nascendo.
Obs.: emergência hipertensiva na mãe pode descolar a placenta e levar a um sofrimento fetal
agudo.

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