01.MA - COC.Ética e Legislação Profissional Do Assistente Social
01.MA - COC.Ética e Legislação Profissional Do Assistente Social
01.MA - COC.Ética e Legislação Profissional Do Assistente Social
Assistente Social
Alessandra Medeiros
SUMÁRIO
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1 FUNDAMENTOS ANTOLÓGICOS DA ÉTICA
Este bloco deverá garantir que você compreenda a construção sócio-histórica da Ética
e também saiba diferenciar ética de moral.
Vamos agora compreender o conceito de ética e como ela foi construída na sociedade
com a ajuda da Filosofia. Rios (2008, p. 80) afirma que “a ética é a face da filosofia que
se debruça sobre os valores que orientam nossas ações e relações na sociedade”.
Podemos entender melhor este conceito através de exemplos. Onde aprendemos que
precisamos respeitar as pessoas, que não devemos cometer atos ilícitos, que não
devemos maltratar os animais, ou ainda, que devemos ser solidários uns com os
outros? Esses valores e ações foram construídos e transmitidos pela sociedade ao
longo dos séculos, especialmente por meio dos costumes.
Também é comum ouvirmos frases como “fulano é antiético” ou “nossa, que pessoa
sem ética!”, devido à tradição de corrupção que temos no Brasil.
O filósofo grego Sócrates (469 a.C. – 399 a.C) introduziu as discussões éticas no campo
da filosofia, em especial quando perguntou o que eram as virtudes e o bem. Para o
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filósofo, ninguém pratica voluntariamente o mal: “todo homem que sabe o que é o
bem e o reconhece racionalmente como tal, necessariamente, tende a praticá-lo. A
virtude consiste, pois, em conhecer as causas e os fins das ações fundadas em valores
morais assim identificados pela inteligência, o que impele o indivíduo a agir
virtuosamente em direção ao bem” (apud SOUZA, 1995: 181).
Já para Aristóteles (384 a.C – 322 a.C), toda atividade humana tende a um fim que é,
por sua vez, um bem. Para ele, “o homem virtuoso é aquele capaz de deliberar e
escolher o que é mais adequado para si e para os outros, movido por uma sabedoria
prática em busca do equilíbrio entre o excesso e a deficiência” (apud SOUZA, 1995:
181). Diz ainda que a bondade é tanto rara como nobre e louvável.
De acordo com Rios (2008, p. 84) a moral é definida como um conjunto de valores, de
princípios, de regras que norteiam o comportamento humano. Neste sentido,
aprovamos ou reprovamos o comportamento das pessoas com o que julgamos ser
correto e com relação também aos papeis do que socialmente é aceito.
Já a ética, para a mesma autora, “é a reflexão crítica sobre a moralidade”. E reitera que
a ética não tem a pretensão de definir normas, mas de indicar princípios (RIOS, 2008,
p. 84).
Assim, podemos afirmar que a ética está mais relacionada a um juízo crítico que a
moral, e desta maneira está mais relacionada à filosofia.
Heller (2000) apud Barroco (2012, p. 31) diz que a vida cotidiana é permeada por
demandas de caráter ético-moral: todas as ações práticas, desde a sua projeção ideal
até o seu resultado objetivo, são mediadas por diferentes valores; entre eles, os que
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respondem a exigências de caráter ético-moral. Heller (2000) aponta ainda que estes
valores estão presentes:
Quem nunca viveu o dilema entre decidir fazer ou não alguma coisa quando aparece a
oportunidade de “tirar vantagem” de algo, mas uma voz interna lhe diz que isto não
seria adequado?
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1.3 O homem enquanto ser social
Será que estes valores que apontamos no item anterior são características exclusivas
do ser humano? Sim! E por esta razão, vamos analisar o homem enquanto ser social,
ou seja, vamos analisar o que caracteriza a condição humana.
O homem se distingue dos animais pela presença da inteligência abstrata, por ser
transformador da natureza, pelo uso de linguagens simbólicas e pelo trabalho.
Por linguagem simbólica podemos compreender o uso das palavras, números e notas
musicais, por exemplo. Neste sentido, o homem é um ser social, pois se constrói à
medida que se relaciona com seus semelhantes, ou seja, a partir da socialização o
homem constrói sua individualidade.
Veremos sobre o trabalho mais adiante, pois se trata de uma das dimensões
valorativas do ser social que iremos estudar.
O homem é, portanto, um ser social e interage em sociedade a partir das relações que
constrói, seja com sua família, amigos, no trabalho etc. A partir dessas relações vai
construindo sua identidade e consequentemente sua visão de mundo.
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1.4 A dimensão valorativa do ser social
Uma das características principais do ser social é a sua capacidade de trabalho. “(...)
chamamos de trabalho humano a ação dirigida por finalidades conscientes pela qual
transformamos a realidade em que vivemos e a nós mesmos” (ARANHA e MARTINS:
2005, p. 30).
Pelo trabalho, o homem cria o mundo das coisas e o necessário para a sua existência.
“Da interferência do homem sobre a natureza, por meio do trabalho, das inter-
relações entre os homens, surge o mundo dos bens simbólicos, dos saberes das coisas
e sobre os próprios homens, configurando o mundo da cultura”. (SOUZA: 1995, p.112)
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1.5 A reprodução social das objetivações ético morais
Vamos pensar agora em quais campos estão dispostas essas dimensões do ser social.
Para isso falaremos das objetivações ético-morais, ou ainda, como acontecem as
relações ético-morais.
O sujeito ético-moral é aquele capaz de responder por seus atos em termos morais, ou
seja, aquela pessoa que é capaz de discernir entre o certo e o errado, o bem e o mal. A
moral pressupõe responsabilidade de suas ações para com outros indivíduos. Já a
práxis está relacionada com conduta ou ação, neste exemplo, conduta ético-política.
Saiba Mais
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profissão, ou seja, cada profissional deve ter sua deontologia própria para regular o
exercício de sua profissão, e de acordo com o Código de Ética de sua categoria”.
Conclusão
Neste bloco estudamos a diferença entre a moral e a ética e como o homem se insere
na sociedade enquanto ser social, estabelecendo uma distinção entre o
comportamento humano e o comportamento animal. Também destacamos as
dimensões valorativas do ser social, enquanto um ser que produz trabalho e cultura
em uma dimensão política.
REFERÊNCIAS
REPRODUÇÃO SOCIAL. In: Artigos de apoio Infopédia. Porto: Porto Editora, 2003-2019.
Disponível em: https://bit.ly/2Lk9xR1. Acessado em dez. 2019.
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SOUZA, S. M. R. Um outro olhar: filosofia. São Paulo: FTD, 1995.
TARZAN. Direção de Chris Buck. Estados Unidos: Buena Vista Pictures, 1999. (88 min).
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2 AS BASES SÓCIO-HISTÓRICAS DE CONSTITUIÇÃO DA ÉTICA
Este bloco tem como objetivo contextualizar o cenário em que deveremos pensar a
ética, especificamente as bases socio-históricas de sua constituição.
Para tanto, não podemos esquecer que vivemos em uma sociedade capitalista e isso
significa que nosso cotidiano acaba sendo conduzido de modo a corresponder às
demandas do capital. Também estudaremos neste bloco a construção do ethos na
sociedade capitalista, além de discutir alguns dilemas éticos contemporâneos.
Outro ponto importante são os valores propagados pela ideia de acumulação de bens,
como se nós fôssemos aquilo que possuímos, ou seja, as pessoas são valorizadas por
suas posses, seja um carro caro, uma casa grande em um bairro nobre da cidade,
roupas de marcas famosas etc.
Também merece destaque o papel das redes sociais na propagação desses valores,
pois além dos valores mencionados acima, transmitem também a ideia de que todos
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nós precisamos ser felizes o tempo todo e caso você não corresponda a essas
expectativas que são tidas como “normais”, você tem algum problema e deve reunir
esforços para almejar esse status que é considerado o correto.
Ethos são, portanto, hábitos ou crenças que são transmitidos de geração para geração,
por exemplo, pela cultura.
Vamos pensar agora na construção desses valores para o assistente social. Como um
profissional poderá avaliar uma família caso ao chegar a uma visita domiciliar ele
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encontre o pai dormindo às dez da manhã? Será que, socialmente, valores foram
construídos de tal forma que é esperado das pessoas que elas acordem cedo para
produzir?
Cabral (2012) afirma que o ethos burguês é marcado, principalmente, pela exploração
do indivíduo social com o objetivo de obtenção da mais-valia; individualismo
exacerbado; egoísmo; a necessidade de posse e apropriação privada como
necessidades humanas; utilitarismo; pragmatismo; naturalização das desigualdades;
reificação das relações sociais; entre outros. Ainda sobre este modo de ser, são
valorizadas as práticas autoritárias, a disciplina, a harmonia social, a hierarquia e a
coesão social; A compreensão da sociedade capitalista, a partir de uma perspectiva
histórica e de totalidade, é condição necessária para apreensão de suas contradições,
nuances e contornos que projetam uma complexidade ética e política que não pode
ser reduzida ou menosprezada, como se tudo já estivesse suficientemente explicado.
Imagine que você precisa realizar o atendimento de uma mulher que precisa de
urgentemente de uma transfusão de sangue, no entanto, sua a família é contra o
procedimento por motivos religiosos. Ou ainda, imagine que outra mulher tenha
sofrido abuso sexual e precisa ser encaminhada para o programa “aborto legal”, mas,
você (o assistente social) é contra a realização de abortos? Imagine como seria atender
o agressor de uma criança que tenha sido vítima de maus tratos.
Esses são alguns exemplos de desafios que o assistente social poderá enfrentar em seu
cotidiano profissional.
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Com isso em mente é importante reiterar que o assistente social representa uma
categoria que é composta por outros profissionais, e a categoria como um todo
defende posicionamentos que são políticos.
Como, por exemplo, um assistente social transfóbico, atenderá uma pessoa transexual
sem violar seus direitos e de maneira ética?
Temos também o exemplo do atendimento social às famílias pobres que ainda são
muito estigmatizadas por alguns profissionais, principalmente quando a família em
questão tem muitos filhos (surgem questionamentos como: Por que tiveram tantos
filhos se não possuem condições financeiras para sustentá-los?) ou ainda sobre a
relação da família com o trabalho (”Não trabalham porque não querem”).
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2.4 Questões éticas contemporâneas e seus fundamentos teórico-filosóficos
De acordo com Sarmento (2011, p.211) a sociedade contemporânea está marcada pelo
individualismo e pela apatia, os valores parecem esgarçados e as causas que nos
mobilizam estão dispersas, gerando incertezas, diversidades e diferenças. Para o autor
a ética e a política estão diretamente relacionadas à história e à sociabilidade humana,
mas são expressas por meio de diferentes concepções, condicionando as diferentes
visões de mundo, nosso modo de pensar e agir, nosso modo de ser. E o que agrava
este cenário, é a coexistência de projetos distintos em permanente confronto que nos
faz reconhecer as diversidades, limites e contradições existentes, que também se
manifestam no Serviço Social.
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Como sobreviver neste cenário?
Conclusão
Neste bloco refletimos sobre o contexto em que a ética e a moral estão inseridas,
levando em consideração o fato de que vivemos em uma sociedade capitalista.
Também pontuamos quais impactos este modelo de sociedade trás para a atuação do
assistente social e alguns dilemas que ele poderá viver em sua trajetória profissional.
REFERÊNCIAS
A MAÇÃ. Direção de Samira Makhmalbaf. Irã / França: New Yorker, 1998. (86 min.).
Vamos resgatar a história do Serviço Social. O Serviço Social, tanto no Brasil como no
mundo, nasceu vinculado às necessidades do capitalismo, sendo uma profissão que,
inicialmente, teve suas origens na demanda apresentada pela classe trabalhadora que
surgia com a Revolução Industrial. Assim, a partir da condição de trabalho dos
operários no século XVIII, emerge um conceito muito importância para o Serviço
Social: A questão social.
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Os primeiros assistentes sociais imaginavam que estariam trabalhando para atender as
necessidades da população trabalhadora, como diz Maria Lúcia Martinelli (1991), eles
tinham uma “ilusão de servir”. No entanto, os assistentes sociais estavam atuando em
prol dos donos do capital, por exemplo, ao evitar que os trabalhadores entrassem em
greve.
A trajetória da profissão nos permite afirmar que na origem do Serviço Social formou-
se no imaginário da população a ideia de que o assistente social fosse uma “moça
boazinha” que existia para “ajudar as pessoas”, mesmo que na verdade a intenção do
profissional fosse o enquadramento da pessoa atendida à sociedade capitalista
vigente.
O que muda com o atual Projeto Ético-Político do Serviço Social, que desde meados da
década de 1980 sofre influência marxista?
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compromisso com a autonomia, a emancipação e a plena expansão dos
indivíduos sociais. Consequentemente, o projeto profissional se vincula a
um projeto societário que propõe a construção de uma nova ordem social,
sem dominação e/ou exploração de classe, etnia e gênero. (NETTO, 1999, p.
104‐5).
Uma nova sociedade, sem dominação, sem exploração de classes é o maior objetivo do
Projeto Ético-Político do Serviço Social.
O posicionamento da categoria deverá ser garantido para que essa nova sociedade
possa se tornar uma realidade. Nesta luta, temos entidades representativas que
contribuem para a garantia do exercício profissional mais adequado.
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II - assessorar os CRESS sempre que se fizer necessário;
E o que viria a ser “dimensão ético-política”? Marilda Vilela Iamamoto (2000) explica:
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em consonância com a criação de uma nova ordem de sociedade, mais justa e sem
exploração.
Conclusão
Também vimos que a ética é elemento fundamental para garantir uma dimensão
política de atuação do profissional, vislumbrando uma nova ordem social, sem
injustiças e exploração.
REFERÊNCIAS
QUEM SOMOS. In: ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social.
Disponível em: http://www.abepss.org.br/quem-somos-1. Acessado em: 04 dez. 2019.
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4 A DIMENSÃO JURÍDICO NORMATIVA DO SERVIÇO SOCIAL BRASILEIRO
As duas principais leis que embasam a atuação do assistente social são: a lei de
regulamentação profissional e o código de ética. A profissão também detém outras
normativas que serão apresentadas nos próximos blocos. A lei de regulamentação No.
8.662, de sete de junho de 1993, discorre sobre a profissão de assistente social entre
outras providências. No entanto, essa não foi a primeira lei de regulamentação que a
área do Serviço Social teve. O Serviço Social foi uma das primeiras profissões da área
social a ser regulamentada pelo Estado, em 1957. A lei vigente foi atualizada de acordo
com o momento histórico e as necessidades da sociedade.
Já na primeira lei promulgada foi determinado que a profissão na área do serviço social
só poderá ser exercida por portadores de diploma de ensino superior, em instituição
de ensino reconhecida. Isso significa que não podemos ouvir colocações do tipo “sou
uma assistente social, só me falta o diploma”. Neste caso caberia uma denúncia, pois
uma pessoa não pode se intitular assistente social sem ter cursado a graduação e por
fim, ter o referido diploma.
A primeira lei contou com nove artigos, versando principalmente sobre as atribuições
dos assistentes sociais. Assim destacamos:
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c) Direção e execução do serviço social em estabelecimentos públicos e
particulares;
d) Aplicação dos métodos e técnicas específicas do serviço social na solução de
problemas sociais.
Podemos perceber que, se compararmos com a lei vigente, temos muito mais detalhes
do que compete ao assistente social na atualidade. Naquele momento, em especial em
relação ao item d, tínhamos um direcionamento bastante genérico e devido ao
momento histórico, este método e técnica estariam relacionados ao Serviço Social de
Caso, Grupo e comunidade.
A atual lei de regulamentação (No. 8662, de sete de junho de 1993) é dividida em vinte
e quatro artigos e apresenta, especialmente, quem pode exercer a profissão, as
competências do profissional, as atribuições privativas, o que compete ao Conselho
Federal de Serviço Social (CFESS) e aos Conselhos Regionais de Serviço Social (CRESS).
Vamos agora conhecer os códigos de ética que o assistente social construiu ao longo
dos anos. Comecemos pelo ano de 1947:
I – Moral ou Ética pode ser conceituada como a ciência dos princípios e das
normas que se devem seguir para fazer o bem e evitar o mal.
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Podemos perceber uma forte relação entre a moral e a ética, e também aspectos do
funcionalismo, ou seja, da necessidade do profissional intervir para o
“enquadramento” da pessoa, pois ela estava “desajustada”.
• Deveres fundamentais;
• Do segredo profissional;
• Dos deveres para com as pessoas, grupos e comunidades atingidos pelo serviço
social; dos deveres para com os serviços empregadores;
• Dos deveres para com os colegas; das associações de classe;
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• Do trabalho em equipe;
• Da responsabilidade e da preservação da dignidade profissional;
• Da aplicação e da observância do código e das disposições gerais.
O código de ética a seguir é datado de 1975. Logo no inicio temos uma grande
introdução, que localiza o contexto no qual este novo código estava inserido. Foi
dividido em quatro títulos e 11 artigos. Devemos lembrar que este código surgiu
durante o processo de renovação do Serviço Social, em que a categoria reivindicava
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mais espaço de atuação e mais direitos. Foi trazida também como pauta a atuação do
profissional na perspectiva clínica, ou seja, o diagnóstico e a intervenção (prognóstico
social).
d. Sigilo profissional;
Percebam que ainda temos as pessoas atendidas como clientes e não como usuários.
Também destacamos, com relação aos clientes:
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Este Código é o primeiro a romper com o neotomismo e com a perspectiva positivista
e funcionalista. Passou a orientar a prática profissional articulada às lutas de classes,
como também o apoio e a participação nos movimentos sociais. No entanto, alguns
autores indicam que o código já nascia com a necessidade de ser revisto, pois, para a
época, ainda indicava uma perspectiva messiânica e não colocava o profissional como
parte da classe trabalhadora.
Assim destacamos, com relação aos direitos dos assistentes sociais constantes neste
código:
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b. Devolver as informações colhidas nos estudos e pesquisas aos sujeitos
sociais envolvidos, no sentido de que estes possam usá‐los para o
fortalecimento dos interesses da classe trabalhadora;
Chegamos então ao Código de Ética atual do Serviço Social, de 1993, ainda vigente.
Para Terra (1998) e Iamamoto (2012) apud FELIPPE (2018), o artigo 4º (competências)
descreve atividades possíveis de serem executadas por assistentes sociais e por outros
profissionais, sendo, desse modo, genéricas. Por outro lado, o artigo 5º (atribuições
privativas) enumera uma série de ações reservada aos assistentes sociais.
IV - (Vetado);
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VIII - prestar assessoria e consultoria a órgãos da administração pública
direta e indireta, empresas privadas e outras entidades, com relação às
matérias relacionadas no inciso II deste artigo;
31
X - coordenar seminários, encontros, congressos e eventos assemelhados
sobre assuntos de Serviço Social;
Um pedagogo, por exemplo, poderia coordenar um curso de Serviço Social? Não, afinal
essa é uma atribuição privativa do assistente social. Emitir um parecer social pode ser
realizado por outro profissional? Não, pois essa também é uma atribuição privativa do
assistente social.
Como afirmado anteriormente, nosso atual código de ética é o de 1993, mesmo ano
em que foi promulgada a lei de regulamentação vigente até hoje. Um código, ao
contrário de uma lei de regulamentação, surge da necessidade da própria categoria e é
elaborado e publicado por ela. Já uma lei de regulamentação nasce de uma
necessidade social, e é promulgada pelo Estado.
Introdução
Princípios Fundamentais
32
Título IV - Da Observância, Penalidades, Aplicação e Cumprimento (CFESS,
2012).
Podemos constatar que tanto a última revisão do código de ética quanto à própria lei
de regulamentação são resultados de esforços da categoria em se renovar e romper
com o conservadorismo que permeou a profissão desde sua gênese.
Foi Jeremy Bentham que usou, pela primeira vez, a palavra «deontologia»,
no título de um tratado de moral publicado postumamente em 1834:
Deontology or the scíence of morality. Etimologicamente, é o discurso ou
tratado acerca daquilo que se deve fazer. Assim, a deontologia nos impõe
como tarefa indeclinável, quer enquanto projecto, quer enquanto realização
concreta. Em formato simples, a deontologia é o estudo ou tratado dos
deveres, próprios de uma determinada situação social, no nosso caso,
profissional. Compreensivelmente, pressupõe uma teoria geral da acção
humana, isto é, uma ética geral e uma teoria especial de acordo com a(s)
tarefa(s) humana(s) em questão. Associando as duas ideias, podemos seguir
a concepção de que a Deontologia Profissional seja «o conjunto de normas
jurídicas, cuja maioria tem conteúdo ético e que regulam o exercício de uma
profissão». (NUNES, 2008, p.35-36)
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psiquismo, o direito, a educação, a habitação ou as relações humanas e, por
isso, é de relevância pública. Está diretamente vinculado ao interesse
coletivo. (SIMÕES, 2014, p. 540)
No próximo bloco, nos aprofundaremos sobre estes direitos, deveres e proibições que
implicam diretamente na atuação do assistente social.
Conclusão
REFERÊNCIAS
SIMÕES, C. Curso de direito do serviço social. 7 ed. São Paulo, Cortez, 2014.
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5 O CÓDIGO DE ÉTICA PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL:
1
Grifos nossos.
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II. Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do
autoritarismo;
XI. Exercício do Serviço Social sem ser discriminado/a, nem discriminar, por
questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade,
orientação sexual, identidade de gênero, idade e condição física. (CFESS,
2012).
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5.2 Os direitos e deveres dos assistentes sociais
Podemos pontuar, dentre os direitos citados acima, que um assistente social tem a
garantia legal de atuar pautado tanto no Código de Ética como na Lei de
Regulamentação profissional. Isso significa que o profissional tem liberdade para
realizar suas atividades e atribuições que estão previstas na lei, ou seja, de não realizar
tarefas que não sejam de sua competência. Também tem o direito à privacidade dos
conteúdos registrados nos arquivos e dos documentos do Setor de Serviço Social.
O desagravo público é uma chance de se defender, caso sua honra profissional como
assistente social tenha sido atingida de alguma forma. Este também é um direito
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garantido ao profissional do Serviço Social. Para o desagravo público surtir efeito a
ação deverá ter publicidade, ou seja, alcance para que sua imagem como profissional
seja restabelecida.
Um dever é uma obrigação. Neste caso, o assistente social, para exercer a profissão, é
obrigado a usar seu número de registro, desempenhar suas atividades de acordo com
a legislação e não realizar nenhum tipo de prática de censura ou policiamento de
comportamentos. Na prática, é correto um assistente social dizer que fará uma visita
domiciliar para ver se a pessoa está falando a verdade ou para verificar como a pessoa
age no domicílio? Não. Este é um posicionamento contrário ao nosso código de ética.
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f- assumir responsabilidade por atividade para as quais não esteja
capacitado/a pessoal e tecnicamente;
Concomitante aos deveres, temos as proibições, ou seja, o que não podemos fazer
dentro do exercício da profissão. Não podemos transgredir o que está preconizado na
lei de regulamentação e no Código de Ética, nem ser conivente com condutas
antiéticas, nem mesmo acatar determinações que firam os princípios deste Código.
Devemos também lembrar que o assistente social é um trabalhador. Como negar uma
atividade solicitada por seu chefe se o que foi solicitado vai contra os preceitos do
Código de Ética? Como denunciar a prática antiética de um chefe assistente social?
Para nos auxiliar e guiar no melhor caminho a seguir, existem conselhos regionais que
poderão ser acionados em caso de dúvida e que também poderão receber denúncias
anônimas, caso seja necessário. O importante é não compactuarmos com a injustiça.
Observem que nas relações do assistente social com outras pessoas, não observamos
direitos, apenas deveres e proibições. Os direitos só aparecem nas relações com
instituições.
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Tabela 1.1 – Deveres e proibições do Serviço Social em relação aos usuários
Deveres Proibições
a- contribuir para a viabilização da a- exercer sua autoridade de maneira a
participação efetiva da população usuária limitar ou cercear o direito do/a
nas decisões institucionais; usuário/a de participar e decidir
livremente sobre seus interesses;
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h- esclarecer aos/às usuários/as, ao iniciar
o trabalho, sobre os objetivos e a
amplitude de sua atuação profissional.
Fonte: CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS – BRASIL).
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políticas sociais; se refere à avaliação da
conduta profissional, como
em relação às decisões
quanto às políticas
institucionais.
e- empregar com
transparência as verbas sob
a sua responsabilidade, de
acordo com os interesses e
necessidades coletivas
dos/as usuários/as.
Fonte: CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS – BRASIL).
Percebam que os deveres estão relacionados à defesa dos direitos dos usuários e isso
se justifica pela própria conjuntura que antecedia essa versão do Código, pois a
profissão, durante muito tempo, serviu a outros interesses, mesmo sem ter plena
consciência disso.
Tabela 1.3 – Deveres e proibições das relações com Assistentes Sociais e outros/as
profissionais
Deveres Proibições
a- ser solidário/a com outros/as profissionais, a- intervir na prestação de serviços
sem, todavia, eximir-se de denunciar atos que que estejam sendo efetuados por
contrariem os postulados éticos contidos outro/a profissional, salvo a pedido
neste Código; desse/a profissional; em caso de
urgência, seguido da imediata
comunicação ao/à profissional; ou
quando se tratar de trabalho
multiprofissional e a intervenção fizer
parte da metodologia adotada;
Temos no quadro acima os deveres e proibições nas relações com outros profissionais
e com outros assistentes sociais. Devemos estabelecer uma relação de respeito e
responsabilidade, tanto no contato direto com essas pessoas, como também com as
informações que forem levantadas a partir dos diálogos que se estabelecerem entre as
partes.
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exercício profissional;
c- respeitar a autonomia
dos movimentos populares
e das organizações das
classes trabalhadoras.
Fonte: CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS – BRASIL).
Tabela 1.5 – Deveres e proibições das Relações do(a) assistente social com a Justiça
Deveres Proibições
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competente, quando intimado/a a prestar atuar em perícia quando a situação não se
depoimento, para declarar que está caracterizar como área de sua
obrigado/a a guardar sigilo profissional competência ou de sua atribuição
nos termos deste Código e da Legislação profissional, ou quando infringir os
em vigor. dispositivos legais relacionados a
impedimentos ou suspeição.
Fonte: CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS – BRASIL).
5.4 O sigilo profissional do assistente social e as relações do(a) assistente social com
a Justiça
Talvez um dos itens mais polêmicos do Código de Ética está relacionado ao sigilo
profissional.
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coletividade? Temos aqui uma questão que pode ser polêmica, pois trabalhamos com
pessoas e cada um pode avaliar uma mesma situação de diferentes maneiras.
Vamos pensar em um exemplo prático. Suponha que uma pessoa assumiria a guarda
de uma criança recém-nascida, cujos pais são portadores do vírus HIV. A pessoa em
questão seria a tia paterna, que passaria a cuidar do sobrinho, pois os genitores
alegaram não ter condições de prestar os cuidados necessários à criança, inclusive no
que tange ao acompanhamento médico. No entanto, a tia não sabia que a criança
também nasceu portadora do vírus HIV e precisaria tomar medicação antirretroviral.
Isso ocorreu por que a tia também não sabia que seu irmão e sua cunhada são
portadores do vírus. Nesse caso, o assistente social deveria contar para a tia sobre a
condição da criança? Em se tratando da saúde da criança e da necessidade de
tratamento, essa revelação seria necessária. Uma opção mais adequada também
poderia ser orientar o casal para que eles mesmos contassem para a tia a condição da
criança.
Finalmente vamos estudar as sanções para os assistentes sociais que não aplicarem ou
não cumprirem o disposto no Código de Ética.
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c- Deixar de pagar, regularmente, as anuidades e contribuições devidas ao
Conselho Regional de Serviço Social a que esteja obrigado/a;
d- Participar de instituição que, tendo por objeto o Serviço Social, não esteja
inscrita no Conselho Regional;
São penalidades:
a- multa;
b- advertência reservada;
c- advertência pública;
Parágrafo único: Serão eliminados/as dos quadros dos CRESS aqueles/as que
fizerem falsa prova dos requisitos exigidos nos Conselhos.
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• Quando o assistente social não garante a plena informação e discussão sobre
as possibilidades e consequências das situações apresentadas, respeitando
democraticamente as decisões dos(as) usuários(as), mesmo que sejam
contrárias aos valores e às crenças individuais dos(as) profissionais,
resguardados os princípios deste Código;
• Quando ele deixa de fornecer à população usuária, quando solicitado,
informações concernentes ao trabalho desenvolvido pelo Serviço Social e as
suas conclusões, resguardado o sigilo profissional;
Conclusão
REFERÊNCIAS
48
6 AS LEGISLAÇÕES PROFISSIONAIS DO ASSISTENTE SOCIAL
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A tabela a seguir, sintetiza as resoluções publicadas nos últimos vinte anos. O
importante é que dominemos os temas que elas tratam, para que, quando necessário,
possamos acessar esses conhecimentos.
Número Assunto
Resolução nº Caracteriza o/a assistente social como profissional da saúde.
383/1999
Resolução nº Altera a Portaria 05/91 que estabelece procedimentos para
392/1999 concessão e autorização de suprimento de fundos.
50
Resolução nº Aprovação da Proposta Orçamentária do Conselho Federal e
481/2005 Conselhos Regionais de Serviço Social da 1a. a 24a. regiões.
51
Resolução nº Homologação e criação do Conselho Regional de Serviço Social
514/2007 da 25ª Região, com jurisdição no Estado de Tocantins e sede
em Palmas e alteração da jurisdição do CRESS da 19ª região.
52
Resolução nº Estabelece os patamares mínimo e máximo para fixação da
534/2008 anuidade para o exercício de 2009 de pessoa física e o
patamar da anuidade de pessoa jurídica, no âmbito dos
CRESS.
53
Resolução nº Procedimentos para efeito da Lacração do Material Técnico e
556/2009 Material Técnico-Sigiloso do Serviço Social.
54
Resolução nº Dispõe sobre as normas que regulamentam o CÓDIGO
586/2010 ELEITORAL do Conjunto CFESS-CRESS, alterando e revogando a
Resolução nº 499/2006.
55
Resolução nº Dispõe sobre a VEDAÇÃO de utilização de SÍMBOLOS,
627/2012 IMAGENS E ESCRITOS RELIGIOSOS nas dependências do
Conselho Federal, dos Conselhos Regionais e das Seccionais de
Serviço Social.
56
Resolução n.º Estabelece os parâmetros para o cumprimento da Lei n.º
650/2013 12.527/2011 – Lei de Acesso à Informação.
57
Resolução n.º Altera a Resolução CFESS 392/1999, que estabelece
680/2014 procedimentos para concessão e autorização de suprimento
de fundos.
Resolução n.º Homologa o resultado final das eleições do CFESS, dos CRESS e
681/2014 Seccionais especificados na presente norma para a Gestão
2014/2017, cujos mandatos respectivos se iniciam em 15 de
maio de 2014 e se expiram em 15 de maio de 2017.
58
Resolução n.º Reorganiza o número dos profissionais assistentes sociais, que
708/2015 passam a estar jurisdicionados ao Conselho Regional de
Serviço Social da 26ª Região, com sigla CRESS da 26ª Região,
com jurisdição no Estado do ACRE.
60
Resolução 765/2016 Determina a prorrogação do prazo de sobrestamento,
estabelecido pela Resolução CFESS nº 755/16, para efeito da
análise e da decisão dos pedidos de inscrição profissional, já
protocolizados ou que vierem a ser apresentados perante os
Conselhos Regionais de Serviço Social/ CRESS, onde existam
elementos, indícios ou evidências que disciplinas do curso de
Serviço Social foram ofertadas em cursos livres de extensão e
os diplomas expedidos por instituições de ensino.
61
Resolução 779/2016 Altera a Resolução CFESS nº 696, de 15 de dezembro de 2014,
para alterar o início do prazo para recadastramento nacional
dos/as assistentes sociais, a substituição das atuais carteiras e
cédulas de identidade profissional e pesquisa sobre o perfil
do/da assistente social e realidade do exercício profissional
nopaís.
62
Resolução 799/2017 Sobre esta a vigência do inciso III do artigo 4º da Resolução
CFESS nº 775, de 21 de outubro de 2016, e prorroga a vigência
do inciso III do artigo 4º da Resolução CFESS nº 724, de 2 de
outubro de 2015, ambos até 30 de junho de 2017.
63
Resolução nº Altera dispositivo na Resolução CFESS 582, de 01 de julho de
832/2017 2010.
65
Resolução nº Altera ementa e dispositivo da Resolução Cfess nº 884, de 23
900/2019 de outubro de 2018.
Uma resolução, portanto, consiste em uma decisão do Conselho Federal e que deve
ser seguida por todos os profissionais.
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documentos produzidos por comissões ou especialistas no tema que se reuniram para
produzir referido material.
A seguir, podemos observar os assuntos que foram produzidos nos últimos anos.
Percebam que são publicações realizadas com menor frequência e que se direcionam
para assuntos específicos colocados em discussão no momento histórico em que
foram escritas. Podemos perceber na tabela acima a presença de duas notas técnicas
sobre o mesmo assunto: o da escuta especializada e o depoimento especial. Trata-se
da escuta de crianças e adolescentes vítimas de violência, cujo depoimento é colhido
por psicólogos (e em algumas cidades do Brasil por assistentes sociais) em uma sala
preparada com uma câmera. As filmagens realizadas são transmitidas diretamente na
audiência criminal do agressor, como elemento de prova para a possível condenação.
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Constatamos então que as notas técnicas tratam de temas contemporâneos e por
vezes polêmicos e servem para auxiliar na condução do posicionamento coletivo da
categoria frente a esses assuntos.
Além de diversos seminários e congressos que são organizados de acordo com a área
específica de trabalho, como por exemplo: direitos humanos, habitação, pessoas em
situação de rua, famílias etc., existem eventos específicos direcionados para nossa
categoria profissional. Dentre eles, destacamos:
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• Original e cópia do Diploma de Bacharel em Serviço Social ou Certidão de
Colação de Grau expedido por estabelecimento de ensino superior do país,
devidamente registrado nos órgãos oficiais competentes;
• Original e cópia das declarações de exercício de estágio, assinadas pelos
supervisores de campo e supervisor acadêmico ou coordenador do curso ou
coordenador do estágio. A exigência da declaração aplica-se aos formandos a
partir de dezembro de 2011;
• Original e Fotocópia do R.G;
• Original e Fotocópia do Título de Eleitor;
• Original e Fotocópia do Cadastro de Pessoa Física – CPF;
• Duas fotografias 3×4 recentes, com fundo branco, nítida e com roupa escura;
Original e Fotocópia da Certidão de casamento
• (apenas no caso do nome não estar alterado no R.G.);
• Original e Fotocópia do comprovante de quitação com o serviço militar
obrigatório (para requerente brasileiro do sexo masculino);Fotocópia do
comprovante do tipo sanguíneo (opcional);
• Fotocópia do comprovante de endereço.
1ª Etapa:
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Documentos a serem preenchidos: Requerimento de Inscrição, a Declaração de
Inscrição, a Declaração de Estágio e o Requerimento do Documento de Identidade
Profissional (DIP).
2ª Etapa:
3ª Etapa:
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No caso de Assistente Social diplomado em país estrangeiro, o diploma deverá estar
revalidado e registrado em órgão competente no Brasil.
Importante: É necessário assinar o diploma. Para envio pelo correio é exigida cópia
autenticada, frente e verso.
Conclusão
Este bloco teve como objetivo apresentar subsídios para o trabalho do assistente
social, em especial no que concernem as normatizações da profissão, buscando auxiliar
o profissional de acordo com sua necessidade cotidiana. Também buscamos orientar o
processo de registro do assistente social, que deve realizar seu registro após a
conclusão da graduação, e finalmente, indicamos eventos importantes e também sites
para que os profissionais permaneçam em constante formação e capacitação para
melhor desempenharem suas funções como assistentes sociais.
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REFERÊNCIAS
CFESS (Org.). Atribuições privativas do/a assistente social em questão. Brasília: CFESS,
2012b. Disponível em: https://bit.ly/2PrG5tI Acesso em dez. 2019.
CRESS-SP (Org.). Primeira Inscrição. In: Conselho Regional de Serviço Social de São
Paulo 9ª região. Disponível em: https://bit.ly/2E1WGPi. Acesso em dez. 2019.
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