Ministerio Da Saude
Ministerio Da Saude
Ministerio Da Saude
A Declaração
de Óbito
documento
necessário
e importante
3ª edição
Brasília-DF • 2009
MINISTÉRIO DA SAÚDE
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
CENTRO BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇAS
A Declaração de Óbito
Documento necessário e importante
3ª edição
Brasília – DF
2009
© 2006 Ministério da Saúde.
© 2006 Conselho Federal de Medicina.
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução total ou parcial dessa obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda
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A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde:
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Ficha Catalográfica
ISBN 978-85-334-1614-7
1. Atestados de óbito. 2. Registros de mortalidade. I. Conselho Federal de Medicina. II. Centro Brasileiro de Classificação
de Doenças. III. Título. IV. Série.
CDU 351.755.2
Apresentação 5
Prefácio 7
O que é a Declaração de Óbito (DO) 9
Para que servem os dados de óbitos 9
O papel do médico 9
O que o médico deve fazer 10
O que o médico não deve fazer 10
Em que situações emitir a DO 10
Em que situações não emitir a DO 11
Quem deve emitir 12
Itens que compõem a DO 13
Como preencher os quesitos relativos à causa da morte 14
Exemplos de morte por causa natural 15
Exemplos de morte por causa não-natural 17
Preenchimento incorreto da Declaração de Óbito em mortes de
causa natural 18
Preenchimento incorreto da Declaração de Óbito em mortes
maternas 19
Esclarecendo as dúvidas mais comuns 20
Alguns conceitos importantes 25
A legislação que regulamenta a matéria 28
Referências 35
Anexo – Declaração de Óbito 36
A declaração de óbito: documento necessário e importante
Apresentação
Nós médicos somos educados para valorizar e defender a vida. Sempre nos
ensinaram que a morte é a nossa principal inimiga, contra a qual devemos
envidar todos os nossos esforços.
Esse raciocínio reducionista, porém real; equivocado, porém difundido, é
fonte de incontáveis prejuízos para as pessoas.
A morte não é a falência da Medicina ou dos médicos. Ela é apenas uma
parte do ciclo da vida. É a vida que se completa.
Nesse cenário, uma das principais vítimas é a própria documentação da
morte, a Declaração de Óbito.
Esse documento, cuja importância somente é igualada pela certidão de nasci-
mento, não é apenas algo que atesta o fechamento das cortinas da existência; ele
possui um significado muito maior e mais amplo. Ele é um instrumento de vida.
A declaração de óbito é uma voz que transcende a finitude do ser e permite
que a vida retratada em seus últimos instantes possa continuar a serviço da vida.
Para além dos aspectos jurídicos que encerra, a Declaração de Óbito é um
instrumento imprescindível para a construção de qualquer tipo de planejamento
de saúde. E uma política de saúde adequada pode significar a diferença entre a
vida e a morte para muitas pessoas.
O seu correto preenchimento pelos médicos é, portanto, um imperativo ético.
Esse é o tema do livro que tenho a honra de apresentar aos médicos brasi-
leiros. Fruto do inestimável esforço de diversos colaboradores, capitaneados
pela Conselheira Lívia Garção, reflete a importância que o Conselho Federal
de Medicina dá ao assunto e que esperançosamente, acredito, venha ser um
importante instrumento em defesa da vida.
5
A declaração de óbito: documento necessário e importante
Prefácio
7
A declaração de óbito: documento necessário e importante
Além da sua função legal, os dados de óbitos são utilizados para conhecer
a situação de saúde da população e gerar ações visando a sua melhoria. Para
tanto, devem ser fidedignos e refletir a realidade. As estatísticas de mortalidade
são produzidas com base na DO emitida pelo médico.
O papel do médico
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Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
1. Assinar a DO em branco.
2. Preencher a DO sem, pessoalmente, examinar o corpo e constatar a morte.
3. Utilizar termos vagos para o registro das causas de morte, como parada
cardíaca, parada cardiorrespiratória ou falência de múltiplos órgãos.
4. Cobrar pela emissão da DO.
Nota: O ato médico de examinar e constatar o óbito poderá ser cobrado
desde que se trate de paciente particular a quem não vinha prestando
assistência.
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A declaração de óbito: documento necessário e importante
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Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Morte Natural
Doença
Com assistência médica Sem assistência médica
Morte Não-Natural
Causas Externas*
Em localidade com IML Em localidade sem IML
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A declaração de óbito: documento necessário e importante
13
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
c Causa intermediária
Devido ou como consequência de:
14
A declaração de óbito: documento necessário e importante
* O código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada diagnóstico será preenchido pelos
codificadores da Secretaria de Saúde.
Exemplo 2 – Paciente diabético, deu entrada no pronto-socorro às 10:00
com história de vômitos sanguinolentos desde 6:00 da manhã. Desde 8:00 com
tonturas e desmaios. Ao exame físico, descorado +++/4+, e PA de 0 mmHg. A
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Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
* O código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada diagnóstico será preenchido pelos
codificadores da Secretaria de Saúde.
Exemplo 3 – Paciente chagásico, com comprometimento cardíaco, inter-
nado com história de distensão progressiva do abdômen. Há dois dias, vem
apresentando fraqueza, febre alta, e não suporta que lhe toquem o abdômen.
Sem evacuar há três dias, tem diagnóstico colonoscópico de megacólon há cinco
anos. Na visita médica das 8:00 da manhã, paciente suava muito e apresentava
pressão sistólica de 20 mmHg. O diarista, após avaliar o hemograma, trocou o
antibiótico e, ao longo do dia, ajustou várias vezes o gotejamento de dopamina.
Às 16:00, apresentou parada cardiorrespiratória e teve o óbito confirmado pelo
médico substituto, após o insucesso das manobras de reanimação.
CAUSAS DA MORTE ANOTE SOMENTE UM DIAGNÓSTICO POR LINHA Tempo aproximado
PARTE I entre o início da
doença e a morte CID*
Doença ou estado mórbido que causou diretamente a
morte a Choque séptico 8 horas
Devido ou como consequência de:
CAUSAS ANTECEDENTES
Estados mórbidos, se existirem, que produziram a
causa acima registrada, mencionando-se em último
b Peritonite aguda 2 dias
lugar a causa básica
Devido ou como consequência de:
* O código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada diagnóstico será preenchido pelos
codificadores da Secretaria de Saúde.
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A declaração de óbito: documento necessário e importante
PARTE II
Outras condições significativas que contribuiram
para a morte, e que não entraram, porém, na Operado
cadeia acima.
PARTE II
Outras condições significativas que contribuiram
para a morte, e que não entraram, porém, na
cadeia acima.
Obs.: Anotar todas as informações que possa obter sobre as circunstâncias do evento, e ajudar a definir a
causa externa, preenchendo os campos 56 a 60 do bloco VIII da DO. Mencionar o número do Boletim
de Ocorrência e outros documentos existentes a respeito do fato.
* O código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada diagnóstico será preenchido pelos
codificadores da Secretaria de Saúde.
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Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
c
Devido ou como consequência de:
PARTE II
Outras condições significativas que contribuiram
para a morte, e que não entraram, porém, na
cadeia acima.
* O código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada diagnóstico será preenchido pelos
codificadores da Secretaria de Saúde.
Exemplo 2 – Falência múltipla de órgãos é um diagnóstico do capítulo das
causas mal definidas. Ou seja, também é um diagnóstico impreciso. No exem-
plo em epígrafe, além deste ter sido o único diagnóstico informado, o médico
deixou de informar qual afecção desencadeou a série de eventos que resultou
na falência de órgãos e culminou com a morte do paciente.
CAUSAS DA MORTE ANOTE SOMENTE UM DIAGNÓSTICO POR LINHA Tempo aproximado
PARTE I entre o início da
doença e a morte CID*
Doença ou estado mórbido que causou diretamente a
morte a Falência múltipla dos órgãos horas
Devido ou como consequência de:
CAUSAS ANTECEDENTES
Estados mórbidos, se existirem, que produziram a
causa acima registrada, mencionando-se em último
b
lugar a causa básica
Devido ou como consequência de:
c
Devido ou como consequência de:
PARTE II
Outras condições significativas que contribuiram
para a morte, e que não entraram, porém, na
cadeia acima.
* O código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada diagnóstico será preenchido pelos
codificadores da Secretaria de Saúde.
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A declaração de óbito: documento necessário e importante
1º Exemplo:
2° Exemplo:
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Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
b) Hemorragia intensa
c) Coagulopatia intravascular disseminada
Comentário: Foi omitido que a coagulopatia foi decorrente de um quadro
grave de hemorragia puerperal. A Declaração de Óbito deveria ter sido
preenchida da seguinte maneira:
Parte I
a) Choque hemorrágico
b) Coagulopatia intravascular disseminada
c) Hemorragia pós-parto
Parte II - Gestação de nove meses
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A declaração de óbito: documento necessário e importante
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Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Segundo a definição, óbito por causa externa é aquele que ocorre em conse-
quência direta ou indireta de um evento lesivo (acidental, não-acidental ou de
intenção indeterminada). Ou seja, decorre de uma lesão provocada por violência
(homicídio, suicídio, acidente ou morte suspeita), qualquer que seja o tempo
decorrido entre o evento e o óbito. O fato de ter havido internação e cirurgia e
o óbito ter ocorrido 12 dias depois não interrompe essa cadeia.
O importante é considerar o nexo de causalidade entre a queda que provocou
a lesão e a morte. O corpo deve ser encaminhado ao IML e a DO emitida por
médico legista. Esse deve anotar na DO:
CAUSAS DA MORTE ANOTE SOMENTE UM DIAGNÓSTICO POR LINHA Tempo aproximado
PARTE I entre o início da
doença e a morte CID*
Doença ou estado mórbido que causou diretamente a
morte a Broncopneumonia
Devido ou como consequência de:
CAUSAS ANTECEDENTES
Estados mórbidos, se existirem, que produziram a
causa acima registrada, mencionando-se em último
b Fratura do fêmur
lugar a causa básica
Devido ou como consequência de:
c Ação contundente
Devido ou como consequência de:
d Queda de escada
PARTE II
Outras condições significativas que contribuiram Cirurgia
para a morte, e que não entraram, porém, na
cadeia acima.
* O código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada diagnóstico será preenchido pelos
codificadores da Secretaria de Saúde.
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A declaração de óbito: documento necessário e importante
Embora a legislação determine que a DO para óbitos por causa externa seja
emitida pelo IML, a autoridade policial ou judicial, com base no Código de
Processo Penal, pode designar qualquer pessoa (de preferência as que tiverem
habilitações técnicas) para atuar como perito legista ad hoc em municípios onde
não existe o IML. Essa designação não é opcional, e a determinação tem de ser
obedecida. O perito eventual prestará compromisso e seu exame ficará restrito
a um exame externo do cadáver, com descrição, no laudo necroscópico, das
lesões externas, se existirem. Anotar na DO as lesões, tipo de causa externa,
mencionar o número do Boletim de Ocorrência.
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Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
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A declaração de óbito: documento necessário e importante
Se, por acaso, o médico preencher erroneamente a DO, seja qual for o campo,
deverá inutilizá-la, preenchendo outra corretamente. Porém, se a Declaração
já tiver sido registrada em Cartório de Registro Civil, a retificação será feita
mediante pedido judicial por advogado, junto à Vara de Registros Públicos
ou similar. Nunca rasgar a DO. O médico deverá escrever “anulada” na DO e
devolvê-la à Secretaria de Saúde para cancelamento no sistema de informação.
Não. O ato médico de examinar e constatar o óbito, sim, poderá ser cobrado,
desde que se trate de paciente particular, a quem o médico não vinha prestando
assistência. Entenda-se que o diagnóstico da morte exige cuidadosa análise das
atividades vitais, pesquisa de reflexos e registro de alguns fenômenos abióticos,
como perda da consciência, perda da sensibilidade, abolição da motilidade e
do tônus muscular. (Parecer nº 17/1988- CFM).
Óbito
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Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Óbito hospitalar
É o óbito que sobrevém em paciente que não teve assistência médica durante
a doença (campo 45 da DO).
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A declaração de óbito: documento necessário e importante
Nascido vivo
Morte materna
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Art. 77: Nenhum sepultamento será feito sem certidão, do oficial do registro do
lugar do falecimento, extraída após a lavratura do assento de óbito, em vista do
atestado de médico, se houver no lugar, ou, em caso contrário, de duas pessoas
qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte.
Código Penal
Art. 10º Deve ser utilizado o formulário da Declaração de Óbito (DO), constante
no Anexo I desta Portaria, ou novos modelos que venham a ser distribuídos pelo
Ministério da Saúde, como documento padrão de uso obrigatório em todo o
território nacional, para a coleta dos dados sobre óbitos e considerado como o
documento hábil para os fins do Art. 77, da Lei nº. 6.015/1973 para a lavratura
da Certidão de Óbito, pelos Cartórios do Registro Civil.
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A declaração de óbito: documento necessário e importante
É vedado ao médico:
Art. 114: Atestar óbito quando não o tenha verificado pessoalmente ou quando
não tenha prestado assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o fizer como
plantonista, médico substituto ou em caso necropsia e verificação médico-legal.
Art. 115: Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando assistência,
exceto quando houver indícios de morte violenta.
Art. 1º: É vedado aos médicos conceder declaração de óbito em que o evento
que levou à morte possa ter sido alguma medida com intenção diagnóstica ou
terapêutica indicada por agente não-médico ou realizada por quem não esteja
habilitado para fazê-lo, devendo, nesse caso, tal fato ser comunicado à autoridade
policial competente, a fim de que o corpo possa ser encaminhado ao Instituto
Médico Legal para verificação da causa mortis.
Art. 3º: Os médicos, na função de perito, ainda que ad hoc, ao atuarem nos casos
previstos nesta Resolução, devem fazer constar de seus laudos ou pareceres o
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Secretaria de Vigilância em Saúde/MS
Art. 4º: Nos casos mencionados nos artigos 1º e 2º, deve ser feita imediata co-
municação ao Conselho Regional de Medicina local.
É vedado ao médico:
Art. 39. Receitar ou atestar de forma secreta ou ilegível, assim como assinar em
branco folhas de receituários, laudos, atestados ou quaisquer outros documentos
médicos.
Art. 110. Fornecer atestado sem ter praticado o ato profissional que o justifique,
ou que não corresponda à verdade.
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A declaração de óbito: documento necessário e importante
Art. 114. Atestar óbito quando não o tenha verificado pessoalmente, ou quando
não tenha prestado assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o fizer como
plantonista, médico substituto, ou em caso de necropsia e verificação médico-legal.
Art. 115. Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando assistência,
exceto quando houver indícios de morte violenta”;
RESOLVE:
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A declaração de óbito: documento necessário e importante
Parágrafo único. Nas localidades onde existir apenas 1 (um) médico, esse é
o responsável pelo fornecimento da Declaração de Óbito.
Art. 3º Essa resolução entra em vigor na data de sua publicação e revoga a Re-
solução CFM nº 1.601/00.
Brasília-DF, 11 de novembro de 2005
Edson de Oliveira Andrade Lívia Barros Garção
Presidente Secretária-Geral
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A declaração de óbito: documento necessário e importante
Referências
LAURENTI, Rui; MELLO JORGE, Maria Helena P. de. O atestado de óbito. São Paulo: Centro
Brasileiro de Classificação de Doenças, 2004.
MANUAL of the international statistics classification of diseases, injuries, and causes of death:
6th revision. Gevene: World Health Organization, 1948.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação estatística internacional de doenças
e problemas relacionados à saúde: 9ª revisão 1975. São Paulo: Centro da OMS para a
Classificação de Doenças em Português, 1985.
______. Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde: 10ª
revisão. São Paulo, 1995.
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A declaração de óbito: documento necessário e importante
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ISBN 978-85-334-1614-7
9 788533 416147
Disque Saúde
0800.61.1997