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-7 MINISTÉRIO DA SAÚDE

A Declaração
de Óbito
documento
necessário
e importante

3ª edição

Brasília-DF • 2009
MINISTÉRIO DA SAÚDE
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
CENTRO BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇAS

A Declaração de Óbito
Documento necessário e importante

3ª edição

Série A. Normas e Manuais Técnicos

Brasília – DF
2009
© 2006 Ministério da Saúde.
© 2006 Conselho Federal de Medicina.
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução total ou parcial dessa obra, desde que citada a fonte e que não seja para venda
ou qualquer fim comercial.
A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e imagens dessa obra é da área técnica.
A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde:
http://www.saude.gov.br

Série A. Normas e Manuais Técnicos

Tiragem: 3ª edição - 2009 - 20.000 exemplares

Elaboração, Distribuição e Informações:


MINISTÉRIO DA SAÚDE CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA
Secretaria de Vigilância em Saúde SGAS 915 lote 72
Departamento de Análise de Situação em Saúde CEP: 70390-150, Brasília - DF
Coordenação Geral de Informações e Análises Epidemiológicas E-mail: [email protected]
Esplanada dos Ministérios, Bloco G
Edifício Sede, 6º andar, sala 655 CENTRO BRASILEIRO DE CLASSIFICAÇÃO DE DOENÇAS
CEP: 70058-900, Brasília - DF Faculdade de Saúde Pública/USP
Tel.: (61) 3315-2850 Av. dr. Arnaldo, 715, sala 40
E-mail: [email protected] CEP: 70390-150, São Paulo - SP
Home page: www.saude.gov.br/svs E-mail: [email protected]

Comissão para elaboração de Manual da DO:


André Falcão (SVS/MS) Hélio de Oliveira (SVS/MS)
Antônio Gonçalves Pinheiro (CFM) Jarbas Barbosa (SVS/MS)
Carmem Cinira (CFM) Lívia Barros Garção (CFM) – Coordenadora
Dácio de Lyra Rabello Neto (SVS/MS) Maria Helena P. de Mello Jorge (USP)
Dardeg de Sousa Aleixo (CFM) Nereu Henrique Mansano (SVS/MS)
Deborah Carvalho Malta (SVS/MS) Otaliba Libânio de Morais Neto (SVS/MS)
Eduardo Francisco de Assis Braga (SVO-TO) Renato Carvalho (SVO-Cabo Frio)
Elisabeth Carmem Duarte (SVS/MS) Ruy Laurenti (USP)
Gerson Zafalon Martins (CFM)
Equipe técnica:
Cláudia Regina Teixeira Brandão Anivalda Ferreira Costa Filha
Eliane Maria de Medeiros e Silva Eva Patrícia Álvares Lopes
Copidescagem e revisão:
Wânia de Aragão-Costa

Capa, projeto gráfico e diagramação:


All Type Assessoria Editorial Ltda

Impresso no Brasil / Printed in Brazil

Ficha Catalográfica

Brasil. Ministério da Saúde.


A declaração de óbito : documento necessário e importante / Ministério da Saúde, Conselho Federal de Medicina, Centro
Brasileiro de Classificação de Doenças. – 3. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2009.
38 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos)

ISBN 978-85-334-1614-7

1. Atestados de óbito. 2. Registros de mortalidade. I. Conselho Federal de Medicina. II. Centro Brasileiro de Classificação
de Doenças. III. Título. IV. Série.

CDU 351.755.2

Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2009/0614

Títulos para indexação:


Em inglês: Death Certificate: an important and necessary document
Em espanhol: Certificado de Defunción: documento necesario e importante
Sumário

Apresentação 5
Prefácio 7
O que é a Declaração de Óbito (DO) 9
Para que servem os dados de óbitos 9
O papel do médico 9
O que o médico deve fazer 10
O que o médico não deve fazer 10
Em que situações emitir a DO 10
Em que situações não emitir a DO 11
Quem deve emitir 12
Itens que compõem a DO 13
Como preencher os quesitos relativos à causa da morte 14
Exemplos de morte por causa natural 15
Exemplos de morte por causa não-natural 17
Preenchimento incorreto da Declaração de Óbito em mortes de
causa natural 18
Preenchimento incorreto da Declaração de Óbito em mortes
maternas 19
Esclarecendo as dúvidas mais comuns 20
Alguns conceitos importantes 25
A legislação que regulamenta a matéria 28
Referências 35
Anexo – Declaração de Óbito 36
A declaração de óbito: documento necessário e importante

Apresentação

Nós médicos somos educados para valorizar e defender a vida. Sempre nos
ensinaram que a morte é a nossa principal inimiga, contra a qual devemos
envidar todos os nossos esforços.
Esse raciocínio reducionista, porém real; equivocado, porém difundido, é
fonte de incontáveis prejuízos para as pessoas.
A morte não é a falência da Medicina ou dos médicos. Ela é apenas uma
parte do ciclo da vida. É a vida que se completa.
Nesse cenário, uma das principais vítimas é a própria documentação da
morte, a Declaração de Óbito.
Esse documento, cuja importância somente é igualada pela certidão de nasci-
mento, não é apenas algo que atesta o fechamento das cortinas da existência; ele
possui um significado muito maior e mais amplo. Ele é um instrumento de vida.
A declaração de óbito é uma voz que transcende a finitude do ser e permite
que a vida retratada em seus últimos instantes possa continuar a serviço da vida.
Para além dos aspectos jurídicos que encerra, a Declaração de Óbito é um
instrumento imprescindível para a construção de qualquer tipo de planejamento
de saúde. E uma política de saúde adequada pode significar a diferença entre a
vida e a morte para muitas pessoas.
O seu correto preenchimento pelos médicos é, portanto, um imperativo ético.
Esse é o tema do livro que tenho a honra de apresentar aos médicos brasi-
leiros. Fruto do inestimável esforço de diversos colaboradores, capitaneados
pela Conselheira Lívia Garção, reflete a importância que o Conselho Federal
de Medicina dá ao assunto e que esperançosamente, acredito, venha ser um
importante instrumento em defesa da vida.

Edson de Oliveira Andrade


Presidente do CFM

5
A declaração de óbito: documento necessário e importante

Prefácio

O Ministério da Saúde implantou, desde 1976, um modelo único de De-


claração de Óbito (DO) para ser utilizado em todo o território nacional, como
documento base do Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM. A DO
tem dois objetivos principais: o primeiro é o de ser o documento padrão para
a coleta das informações sobre mortalidade, que servem de base para o cálculo
das estatísticas vitais e epidemiológicas do Brasil; o segundo, de caráter jurídico,
é o de ser o documento hábil, conforme preceitua a Lei dos Registros Públicos
– Lei 6.015/73, para lavratura, pelos Cartórios de Registro Civil, da Certidão de
Óbito, indispensável para as formalidades legais do sepultamento.
Para o cumprimento desses objetivos, são fundamentais o empenho e o com-
promisso do médico com relação à veracidade, à completude e à fidedignidade
das informações registradas na DO, uma vez que é o profissional responsável
pelas informações contidas no documento.
O Ministério da Saúde, por intermédio do Secretário de Vigilância em
Saúde, uniu esforços com o Conselho Federal de Medicina e com o Centro
Colaborador da OMS para as Famílias Internacionais de Classificação – CBCD,
para publicar um documento simples e elucidativo, com informações precisas
sobre o preenchimento, as responsabilidades e as condições em que a DO deve
ou não ser emitida.
O fruto dessa parceria é esse trabalho, destinado aos médicos em todas as
áreas de atuação, enfatizando os que prestam serviços em hospitais, Institutos
Médico Legais, Serviços de Verificação de Óbitos e nas equipes de Saúde da
Família.
Esse instrumento de educação permanente para os médicos que exercem a
sua missão em todo o país possibilitará uma melhoria substancial nas informa-
ções sobre mortalidade, tão preciosas e necessárias para a análise da situação
de saúde e para o planejamento das ações de saúde.

Gerson de Oliveira Penna


Secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde

7
A declaração de óbito: documento necessário e importante

O que é a Declaração de Óbito (DO)

A Declaração de Óbito é o documento-base do Sistema de Informações


sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (SIM/MS). É composta de três vias
autocopiativas, prenumeradas sequencialmente, fornecida pelo Ministério da
Saúde e distribuída pelas Secretarias Estaduais e Municipais de saúde conforme
fluxo padronizado para todo o país.

Para que servem os dados de óbitos

Além da sua função legal, os dados de óbitos são utilizados para conhecer
a situação de saúde da população e gerar ações visando a sua melhoria. Para
tanto, devem ser fidedignos e refletir a realidade. As estatísticas de mortalidade
são produzidas com base na DO emitida pelo médico.

O papel do médico

A emissão da DO é ato médico, segundo a legislação do país. Portanto, ocor-


rida uma morte, o médico tem obrigação legal de constatar e atestar o óbito,
usando para isso o formulário oficial “Declaração de Óbito”, acima mencionado.

O médico tem responsabilidade ética e jurídica


pelo preenchimento e pela assinatura da DO, assim
como pelas informações registradas em todos
os campos deste documento. Deve, portanto,
revisar o documento antes de assiná-lo.

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Secretaria de Vigilância em Saúde/MS

O que o médico deve fazer

1. Preencher os dados de identificação com base em um documento da


pessoa falecida. Na ausência de documento, caberá à autoridade policial
proceder o reconhecimento do cadáver.
2. Registrar os dados na DO, sempre, com letra legível e sem abreviações
ou rasuras.
3. Registrar as causas da morte, obedecendo ao disposto nas regras interna-
cionais, anotando, preferencialmente, apenas um diagnóstico por linha
e o tempo aproximado entre o início da doença e a morte.
4. Revisar se todos os campos estão preenchidos corretamente antes de
assinar.

O que o médico não deve fazer

1. Assinar a DO em branco.
2. Preencher a DO sem, pessoalmente, examinar o corpo e constatar a morte.
3. Utilizar termos vagos para o registro das causas de morte, como parada
cardíaca, parada cardiorrespiratória ou falência de múltiplos órgãos.
4. Cobrar pela emissão da DO.
Nota: O ato médico de examinar e constatar o óbito poderá ser cobrado
desde que se trate de paciente particular a quem não vinha prestando
assistência.

Em que situações emitir a DO

1. Em todos os óbitos (natural ou violento).


2. Quando a criança nascer viva e morrer logo após o nascimento, inde-
pendentemente da duração da gestação, do peso do recém-nascido e do
tempo que tenha permanecido vivo.

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A declaração de óbito: documento necessário e importante

3. No óbito fetal, se a gestação teve duração igual ou superior a 20 semanas,


ou o feto com peso igual ou superior a 500 gramas, ou estatura igual ou
superior a 25 centímetros.

Em que situações não emitir a DO

1. No óbito fetal, com gestação de menos de 20 semanas, ou feto com peso


menor que 500 gramas, ou estatura menor que 25 centímetros.
Nota: A legislação atualmente existente permite que, na prática, a emissão
da DO seja facultativa para os casos em que a família queira realizar o
sepultamento do produto de concepção.
2. Peças anatômicas amputadas.
Para peças anatômicas retiradas por ato cirúrgico ou de membros ampu-
tados. Nesses casos, o médico elaborará um relatório em papel timbrado
do hospital descrevendo o procedimento realizado. Esse documento será
levado ao cemitério, caso o destino da peça venha a ser o sepultamento.

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Secretaria de Vigilância em Saúde/MS

Quem deve emitir

Morte Natural
Doença
Com assistência médica Sem assistência médica

• O médico que vinha prestando • O médico do SVO, nas localidades


assistência ao paciente, sempre que que dispõem deste tipo de serviço.
possível, em todas as situações. • O médico do serviço público de
• O médico assistente e, na sua falta, saúde mais próximo do local
o médico substituto ou plantonista, onde ocorreu o evento; e na sua
para óbitos de pacientes internados ausência, por qualquer médico, nas
sob regime hospitalar. localidades sem SVO.
• O médico designado pela instituição Nota: Deve-se sempre observar se
que prestava assistência, para os pacientes estavam vinculados a
óbitos de pacientes sob regime serviços de atendimento ambulatorial
ambulatorial. ou programas de atendimento
• O médico do Programa de Saúde domiciliar, e se as anotações do seu
da Família, Programa de Internação prontuário ou ficha médica permitem
Domiciliar e outros assemelhados, a emissão da DO por profissionais
para óbitos de pacientes em ligados a esses serviços ou programas,
tratamento sob regime domiciliar. conforme sugerido na caixa ao lado.
Nota: O SVO pode ser acionado
para emissão da DO, em qualquer
das situações acima, caso o médico
não consiga correlacionar o óbito Óbito por causa natural é
com o quadro clínico concernente aquele cuja causa básica é uma
ao acompanhamento registrado nos doença ou estado mórbido
prontuários ou fichas médicas dessas
instituições.

Morte Não-Natural
Causas Externas*
Em localidade com IML Em localidade sem IML

• O médico legista, qualquer que • Qualquer médico da localidade,


tenha sido o tempo entre o evento investido pela autoridade judicial ou
violento e a morte propriamente. policial, na função de perito legista
eventual (ad hoc).

* Homicídios, acidentes, suicídios, mortes suspeitas.

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A declaração de óbito: documento necessário e importante

Óbito por causa externa (ou não-natural) é


aquele que decorre de lesão provocada por
violência (homicídio, suicídio, acidente ou morte
suspeita), qualquer que tenha sido o tempo
entre o evento lesivo e a morte propriamente.

Itens que compõem a DO

A DO é composta por nove blocos de informações de preenchimento obri-


gatório, a saber:
I. É a parte da DO preenchida exclusivamente pelo Cartório de Registro
Civil.
II. Identificação do falecido: o médico deve dar especial atenção a esse bloco,
dada a importância jurídica do documento.
III. Residência: endereço habitual.
IV. Local de ocorrência do óbito.
V. Específico para óbitos fetais e de menores de um ano: são dados extre-
mamente importantes para estudos da saúde materno-infantil.
VI. Condições e causas do óbito: destacam-se os diagnósticos que levaram
à morte, ou contribuíram para a mesma, ou estiveram presentes no
momento do óbito. Dar especial atenção a óbitos de mulheres em idade
fértil ao preencher os campos respectivos (43 e 44 do modelo vigente),
visando estudos sobre mortalidade materna.
VII. Os dados do médico que assinou a DO são importantes e devem ser
preenchidos de maneira legível, pois trata-se de documento oficial, cujo
responsável é o médico. Para elucidação de dúvidas sobre informações
prestadas, o médico poderá ser contatado pelos órgãos competentes.
VIII. Causas externas: os campos deverão ser preenchidos sempre que se
tratar de morte decorrente de lesões causadas por homicídios, suicídios,
acidentes ou mortes suspeitas.
IX. A ser utilizado em localidade onde não exista médico, quando, então, o
registro oficial do óbito será feito por duas testemunhas.

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Secretaria de Vigilância em Saúde/MS

Como preencher os quesitos relativos à causa da morte

As causas a serem anotadas na DO são todas as doenças, os estados mórbidos


ou as lesões que produziram a morte ou contribuíram para mesma, além das
circunstâncias do acidente ou da violência que produziram essas lesões.
O médico deverá declarar as causas da morte anotando apenas um diag-
nóstico por linha:
CAUSAS DA MORTE ANOTE SOMENTE UM DIAGNÓSTICO POR LINHA Tempo aproximado
PARTE I entre o início da
doença e a morte CID
Doença ou estado mórbido que causou diretamente a
morte a Causa imediata ou terminal
Devido ou como consequência de:
CAUSAS ANTECEDENTES
Estados mórbidos, se existirem, que produziram a
causa acima registrada, mencionando-se em último
b Causa intermediária
lugar a causa básica
Devido ou como consequência de:

c Causa intermediária
Devido ou como consequência de:

d Causa básica da morte


PARTE II
Outras condições significativas que contribuiram Outros estados patológicos significativos que contribuíram
para a morte, e que não entraram, porém, na
cadeia acima. para a morte, não estando, entretanto, relacionados
com o estado patológico que a produziu.

Para preencher adequadamente a DO, o médico deve declarar a causa básica


do óbito (veja conceito de causa básica do óbito na página 28) em último lugar
(parte I - linha d), estabelecendo uma sequência, de baixo para cima, até a causa
terminal ou imediata (parte I - linha a).
Na parte II, o médico deve declarar outras condições mórbidas pré-existentes
e sem relação direta com a morte, que não entraram na sequência causal de-
clarada na parte I.

No óbito por causas externas

O médico legista, ou perito ad hoc (eventual), deve declarar, na parte I, linha


a, como causa terminal, a natureza da lesão.

Na parte I, linha b, como causa básica, a circunstância do acidente ou da


violência responsável pela lesão que causou a morte.

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A declaração de óbito: documento necessário e importante

Tempo aproximado entre o início da doença e a morte

O médico não deve se esquecer de preencher, junto a cada causa, a duração


de tempo aproximado da doença (do diagnóstico até a morte). Essa informação
representa importante auxílio à seleção da causa básica.

Classificação Internacional de Doenças (CID)

É o local destinado ao código da Classificação Internacional de Doenças relati-


vo a cada diagnóstico e será preenchido pelos codificadores da Secretaria de Saúde.

Exemplos de morte por causa natural

Exemplo 1 – Masculino, 65 anos. Há 35 anos, sabia ser hipertenso e não


fez tratamento. Há dois anos, começou a apresentar dispnéia de esforço. Foi
ao médico, que diagnosticou hipertensão arterial e cardiopatia hipertensiva, e
iniciou o tratamento. Há dois meses, insuficiência cardíaca congestiva e, hoje,
teve edema agudo de pulmão, falecendo após 5 horas. Há dois meses, foi diag-
nosticado câncer de próstata.

Veja exemplo de preenchimento na DO:


CAUSAS DA MORTE ANOTE SOMENTE UM DIAGNÓSTICO POR LINHA Tempo aproximado
PARTE I entre o início da
doença e a morte CID*
Doença ou estado mórbido que causou diretamente a
morte a Edema agudo do pulmão 5 horas
Devido ou como consequência de:
CAUSAS ANTECEDENTES
Estados mórbidos, se existirem, que produziram a
causa acima registrada, mencionando-se em último
b Insuficiência cardíaca hipertensiva 2 meses
lugar a causa básica
Devido ou como consequência de:

c Cardiopatia hipertensiva 2 anos


Devido ou como consequência de:

d Hipertensão arterial 35 anos


PARTE II
Outras condições significativas que contribuiram
para a morte, e que não entraram, porém, na Neoplasia maligna de próstata 2 meses
cadeia acima.

* O código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada diagnóstico será preenchido pelos
codificadores da Secretaria de Saúde.
Exemplo 2 – Paciente diabético, deu entrada no pronto-socorro às 10:00
com história de vômitos sanguinolentos desde 6:00 da manhã. Desde 8:00 com
tonturas e desmaios. Ao exame físico, descorado +++/4+, e PA de 0 mmHg. A

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Secretaria de Vigilância em Saúde/MS

família conta que paciente é portador de esquistossomose mansônica há cinco


anos, e que dois anos atrás esteve internado com vômitos de sangue, e recebeu
alta com diagnóstico de varizes de esôfago após exame endoscópico. Às 12:00,
apresentou parada cardiorrespiratória e teve o óbito verificado pelo médico
plantonista, após o insucesso das manobras de reanimação.
CAUSAS DA MORTE ANOTE SOMENTE UM DIAGNÓSTICO POR LINHA Tempo aproximado
PARTE I entre o início da
doença e a morte CID*
Doença ou estado mórbido que causou diretamente a
morte a Choque hipovolêmico 2 horas
Devido ou como consequência de:
CAUSAS ANTECEDENTES
Estados mórbidos, se existirem, que produziram a
causa acima registrada, mencionando-se em último
b Rotura de varizes esofageanas 6 horas
lugar a causa básica
Devido ou como consequência de:

c Hipertensão portal 2 anos


Devido ou como consequência de:

d Esquistossomose mansônica 5 anos


PARTE II
Outras condições significativas que contribuiram
para a morte, e que não entraram, porém, na Diabetes mellitus
cadeia acima.

* O código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada diagnóstico será preenchido pelos
codificadores da Secretaria de Saúde.
Exemplo 3 – Paciente chagásico, com comprometimento cardíaco, inter-
nado com história de distensão progressiva do abdômen. Há dois dias, vem
apresentando fraqueza, febre alta, e não suporta que lhe toquem o abdômen.
Sem evacuar há três dias, tem diagnóstico colonoscópico de megacólon há cinco
anos. Na visita médica das 8:00 da manhã, paciente suava muito e apresentava
pressão sistólica de 20 mmHg. O diarista, após avaliar o hemograma, trocou o
antibiótico e, ao longo do dia, ajustou várias vezes o gotejamento de dopamina.
Às 16:00, apresentou parada cardiorrespiratória e teve o óbito confirmado pelo
médico substituto, após o insucesso das manobras de reanimação.
CAUSAS DA MORTE ANOTE SOMENTE UM DIAGNÓSTICO POR LINHA Tempo aproximado
PARTE I entre o início da
doença e a morte CID*
Doença ou estado mórbido que causou diretamente a
morte a Choque séptico 8 horas
Devido ou como consequência de:
CAUSAS ANTECEDENTES
Estados mórbidos, se existirem, que produziram a
causa acima registrada, mencionando-se em último
b Peritonite aguda 2 dias
lugar a causa básica
Devido ou como consequência de:

c Volvo do sigmóide 3 dias


Devido ou como consequência de:

d Megacolon chagásico crônico 5 anos


PARTE II
Outras condições significativas que contribuiram
para a morte, e que não entraram, porém, na Cardiopatia chagásica
cadeia acima.

* O código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada diagnóstico será preenchido pelos
codificadores da Secretaria de Saúde.

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A declaração de óbito: documento necessário e importante

Exemplos de morte por causa não-natural

Exemplo 1 – Masculino, 25 anos, pedreiro, estava trabalhando quando sofreu


queda de andaime (altura correspondente a dois andares). Foi recolhido pelo
serviço de resgate e encaminhado ao hospital, onde fez cirurgia em virtude de
traumatismo craniencefálico. Morreu após três dias.
Veja exemplo de preenchimento na DO:
CAUSAS DA MORTE ANOTE SOMENTE UM DIAGNÓSTICO POR LINHA Tempo aproximado
PARTE I entre o início da
doença e a morte CID*
Doença ou estado mórbido que causou diretamente a
morte a Edema cerebral 3 dias
Devido ou como consequência de:
CAUSAS ANTECEDENTES
Estados mórbidos, se existirem, que produziram a
causa acima registrada, mencionando-se em último
b Traumatismo craniencefálico 3 dias
lugar a causa básica
Devido ou como consequência de:

c Queda de andaime 3 dias


Devido ou como consequência de:

PARTE II
Outras condições significativas que contribuiram
para a morte, e que não entraram, porém, na Operado
cadeia acima.

Exemplo 2 – Falecimento de homem com traumatismo torácico consequente


à perfuração na região precordial, por projétil de arma de fogo.
CAUSAS DA MORTE ANOTE SOMENTE UM DIAGNÓSTICO POR LINHA Tempo aproximado
PARTE I entre o início da
doença e a morte CID*
Doença ou estado mórbido que causou diretamente a
morte a Choque hemorrágico agudo +- 2 horas
Devido ou como consequência de:
CAUSAS ANTECEDENTES
Estados mórbidos, se existirem, que produziram a
causa acima registrada, mencionando-se em último
b Perfuração cardíaca
lugar a causa básica
Devido ou como consequência de:

c Projétil de arma de fogo


Devido ou como consequência de:

PARTE II
Outras condições significativas que contribuiram
para a morte, e que não entraram, porém, na
cadeia acima.

Obs.: Anotar todas as informações que possa obter sobre as circunstâncias do evento, e ajudar a definir a
causa externa, preenchendo os campos 56 a 60 do bloco VIII da DO. Mencionar o número do Boletim
de Ocorrência e outros documentos existentes a respeito do fato.
* O código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada diagnóstico será preenchido pelos
codificadores da Secretaria de Saúde.

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Secretaria de Vigilância em Saúde/MS

Preenchimento incorreto da Declaração de Óbito em


mortes de causa natural

Exemplo 1 – Um erro crasso e uma das formas mais comuns de preenchimen-


to incorreto de DO, trata-se de declarar parada cardíaca como causa básica da
morte. Para um bom preenchimento, deve-se evitar anotar diagnósticos impre-
cisos que não esclarecem sobre a causa básica da morte, como parada cardíaca,
parada respiratória ou parada cardiorrespiratória. De acordo com o Volume II
da CID 10, esses são sintomas e modos de morrer, e não causas básicas de óbito.
Além do mais, nesse exemplo, as causas antecedentes e principalmente a
causa básica foram omitidas.
CAUSAS DA MORTE ANOTE SOMENTE UM DIAGNÓSTICO POR LINHA Tempo aproximado
PARTE I entre o início da
doença e a morte CID*
Doença ou estado mórbido que causou diretamente a
morte a Parada cardiorrespiratória horas
Devido ou como consequência de:
CAUSAS ANTECEDENTES
Estados mórbidos, se existirem, que produziram a
causa acima registrada, mencionando-se em último
b
lugar a causa básica
Devido ou como consequência de:

c
Devido ou como consequência de:

PARTE II
Outras condições significativas que contribuiram
para a morte, e que não entraram, porém, na
cadeia acima.

* O código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada diagnóstico será preenchido pelos
codificadores da Secretaria de Saúde.
Exemplo 2 – Falência múltipla de órgãos é um diagnóstico do capítulo das
causas mal definidas. Ou seja, também é um diagnóstico impreciso. No exem-
plo em epígrafe, além deste ter sido o único diagnóstico informado, o médico
deixou de informar qual afecção desencadeou a série de eventos que resultou
na falência de órgãos e culminou com a morte do paciente.
CAUSAS DA MORTE ANOTE SOMENTE UM DIAGNÓSTICO POR LINHA Tempo aproximado
PARTE I entre o início da
doença e a morte CID*
Doença ou estado mórbido que causou diretamente a
morte a Falência múltipla dos órgãos horas
Devido ou como consequência de:
CAUSAS ANTECEDENTES
Estados mórbidos, se existirem, que produziram a
causa acima registrada, mencionando-se em último
b
lugar a causa básica
Devido ou como consequência de:

c
Devido ou como consequência de:

PARTE II
Outras condições significativas que contribuiram
para a morte, e que não entraram, porém, na
cadeia acima.

* O código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada diagnóstico será preenchido pelos
codificadores da Secretaria de Saúde.

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A declaração de óbito: documento necessário e importante

Preenchimento incorreto da Declaração de Óbito em


mortes maternas

1º Exemplo:

Mulher atendida na emergência às 22h com quadro de queda da pressão


arterial, hemoglobina de 7 g/l, volume globular de 28%, dor à palpação de
abdome, distensão abdominal e macicez de decúbito. Às 23h, foi encaminhada
para laparotomia e recebeu 2 unidades de concentrado de hemácias. Na cirur-
gia, sofreu parada cardíaca. Durante a laparotomia, constatou-se quadro de
gravidez ectópica rota.
Causas da morte na DO:
Parte I
a) Parada cardiorrespiratória
b) Insuficiência renal aguda
c) Choque hipovolêmico
Comentário: o médico que cuidou do caso constatou a gravidez ectópica
rota mas não a declarou na DO. A forma correta de preenchimento seria:
Parte I
a) Falência de órgãos
b) Choque hipovolêmico
c) Gravidez ectópica rota

2° Exemplo:

Parturiente de 23 anos, III gesta, I para, I aborto, 10 consultas de pré-natal


desde janeiro. Internada no dia 28.09.97, às 2h, com história de gestação no
curso do 9° mês, em trabalho de parto, apresentação cefálica, dilatação cervi-
cal de 6 cm, PA 110X60. Deu à luz às 5h45 do mesmo dia. Às 8h detectou-se
hemorragia pós-parto, sendo a puérpera submetida à histerectomia subtotal e
evoluindo para óbito às 9h40 no transoperatório.
Causas da morte na DO:
Parte I
a) Anemia aguda

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Secretaria de Vigilância em Saúde/MS

b) Hemorragia intensa
c) Coagulopatia intravascular disseminada
Comentário: Foi omitido que a coagulopatia foi decorrente de um quadro
grave de hemorragia puerperal. A Declaração de Óbito deveria ter sido
preenchida da seguinte maneira:
Parte I
a) Choque hemorrágico
b) Coagulopatia intravascular disseminada
c) Hemorragia pós-parto
Parte II - Gestação de nove meses

Esclarecendo as dúvidas mais comuns

1) Óbito ocorrido em ambulância com médico. Quem deve


fornecer a DO?

A responsabilidade do médico que atua em serviço de transporte, remoção,


emergência, quando o mesmo dá o primeiro atendimento ao paciente, equipara-
se à do médico em ambiente hospitalar e, portanto, se a pessoa vier a falecer,
caberá ao médico da ambulância a emissão da DO, se a causa for natural e se
existirem informações suficientes para tal. Se a causa for externa, chegando ao
hospital, o corpo deverá ser encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML).

2) Óbito ocorrido em ambulância sem médico é considerado sem


assistência médica?

Sim. O corpo deverá ser encaminhado ao Serviço de Verificação de Óbito


(SVO) na ausência de sinais externos de violência ou ao IML em mortes vio-
lentas. A DO deverá ser emitida por qualquer médico em localidades onde não
houver SVO, em caso de óbito por causa natural, sendo declarado na parte I
“CAUSA DA MORTE DESCONHECIDA”.

20
A declaração de óbito: documento necessário e importante

3) Para recém-nascido com 450g que morreu minutos após o


nascimento, deve-se ou não emitir a DO? Considera-se óbito
fetal?

O conceito de nascido vivo depende, exclusivamente, da presença de sinal


de vida, ainda que essa dure poucos instantes. Se esses sinais cessaram, signi-
fica que a criança morreu e a DO deve ser fornecida pelo médico do hospital.
Não se trata de óbito fetal, dado que existiu vida extra-uterina. O hospital deve
providenciar também a emissão da Declaração de Nascido Vivo, para que a
família promova o registro civil do nascimento e do óbito.

4) Médico do serviço público emite DO para paciente que morreu


sem assistência médica. Posteriormente, por denúncia, surge
suspeita de que se tratava de envenenamento. Quais as
conseqüências legais e éticas para esse médico?

Ao constatar o óbito e emitir a DO, o médico deve proceder a um cuidadoso


exame externo do cadáver, a fim de afastar qualquer possibilidade de causa
externa. Como o médico não acompanhou o paciente e não recebeu infor-
mações sobre essa suspeita, não tendo, portanto, certeza da causa básica do
óbito, deverá anotar, na variável causa, “óbito sem assistência médica”. Mesmo
se houver exumação e a denúncia de envenenamento vier a ser comprovada, o
médico estará isento de responsabilidade perante a justiça se tiver anotado, na
DO, no campo apropriado, “não há sinais externos de violência” (campo 59 da
Declaração de Óbito vigente).

5) Paciente chega ao pronto-socorro (PS) e, em seguida, tem


parada cardíaca. Iniciadas manobras de ressuscitação, estas não
tiveram sucesso. O médico é obrigado a fornecer DO? Como
proceder com relação à causa da morte?

Primeiro, deve-se verificar se a causa da morte é natural ou externa.


Se a causa for externa, o corpo deverá ser encaminhado ao IML. Se for morte
natural, o médico deve esgotar todas as possibilidades para formular a hipótese

21
Secretaria de Vigilância em Saúde/MS

diagnóstica, inclusive com anamnese e história colhida com familiares. Caso


persista dúvida e na localidade exista SVO, o corpo deverá ser encaminhado
para esse serviço. Caso contrário, o médico deverá emitir a DO esclarecendo
que a causa é desconhecida.

6) Paciente idoso, vítima de queda de escada, sofre fratura


de fêmur, é internado e submetido à cirurgia. Evoluía
adequadamente, mas adquire infecção hospitalar, vindo a
falecer, 12 dias depois, por broncopneumonia. Quem deve
fornecer a DO e o que deve ser anotado com relação à causa da
morte?

Segundo a definição, óbito por causa externa é aquele que ocorre em conse-
quência direta ou indireta de um evento lesivo (acidental, não-acidental ou de
intenção indeterminada). Ou seja, decorre de uma lesão provocada por violência
(homicídio, suicídio, acidente ou morte suspeita), qualquer que seja o tempo
decorrido entre o evento e o óbito. O fato de ter havido internação e cirurgia e
o óbito ter ocorrido 12 dias depois não interrompe essa cadeia.
O importante é considerar o nexo de causalidade entre a queda que provocou
a lesão e a morte. O corpo deve ser encaminhado ao IML e a DO emitida por
médico legista. Esse deve anotar na DO:
CAUSAS DA MORTE ANOTE SOMENTE UM DIAGNÓSTICO POR LINHA Tempo aproximado
PARTE I entre o início da
doença e a morte CID*
Doença ou estado mórbido que causou diretamente a
morte a Broncopneumonia
Devido ou como consequência de:
CAUSAS ANTECEDENTES
Estados mórbidos, se existirem, que produziram a
causa acima registrada, mencionando-se em último
b Fratura do fêmur
lugar a causa básica
Devido ou como consequência de:

c Ação contundente
Devido ou como consequência de:

d Queda de escada
PARTE II
Outras condições significativas que contribuiram Cirurgia
para a morte, e que não entraram, porém, na
cadeia acima.

* O código de Classificação Internacional de Doenças relativo a cada diagnóstico será preenchido pelos
codificadores da Secretaria de Saúde.

22
A declaração de óbito: documento necessário e importante

7) Médico de um município onde não existe IML é convocado


pelo juiz local a fornecer atestado de óbito de pessoa vítima de
acidente. O médico pode se negar a fazê-lo?

Embora a legislação determine que a DO para óbitos por causa externa seja
emitida pelo IML, a autoridade policial ou judicial, com base no Código de
Processo Penal, pode designar qualquer pessoa (de preferência as que tiverem
habilitações técnicas) para atuar como perito legista ad hoc em municípios onde
não existe o IML. Essa designação não é opcional, e a determinação tem de ser
obedecida. O perito eventual prestará compromisso e seu exame ficará restrito
a um exame externo do cadáver, com descrição, no laudo necroscópico, das
lesões externas, se existirem. Anotar na DO as lesões, tipo de causa externa,
mencionar o número do Boletim de Ocorrência.

8) Quando o médico for o único profissional da cidade, é dele a


obrigação de emitir a DO após o exame externo do cadáver?

Se ele não prestou assistência ao paciente, deve examinar o corpo e, não


havendo lesões externas, emitir a DO, anotando “causa da morte desconheci-
da” no lugar da causa, mencionando a ausência de sinais externos de violência.
Usar a parte II do atestado médico para informar patologias anteriores referidas
pela família e/ou acompanhantes do falecido, podendo os diagnósticos estar
sinalizados com interrogação “(?)”, ou os termos “sic” ou “provável”. Havendo
qualquer lesão, deverá comunicar à autoridade competente e, se for designado
perito ad hoc, emitir a DO, anotando a natureza da lesão e as circunstâncias do
evento, preenchendo os campos 56 a 60 do bloco VIII.

9) De quem é a responsabilidade de emitir a DO de doente


transferido de hospital, clínica ou ambulatório para hospital de
referência, que morre no trajeto?

Se o doente foi transferido sem o acompanhamento de um médico, mas com


relatório médico que possibilite o diagnóstico da causa de morte, a DO poderá
ser emitida pelo médico que recebeu o doente já em óbito, ou pelo médico

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que o encaminhou. Porém, se o relatório não permitir a conclusão da causa da


morte, o corpo deverá ser encaminhado ao SVO, ou, em caso de morte sus-
peita, ao IML. Se o doente foi transferido sem médico e sem relatório médico,
o que é considerado ilícito ético (Resolução 1672/2003- CFM), a DO deverá
ser emitida pelo médico que encaminhou; na impossibilidade, o corpo deverá
ser encaminhado ao SVO, ou, em caso de morte suspeita, ao IML. Se o médico
acompanhou a transferência, a DO será emitida por ele, caso tenha elementos
suficientes para firmar o diagnóstico da causa de morte. Porém, se não tiver,
o corpo deverá ser encaminhado ao SVO, ou, em caso de morte suspeita, ao
IML. Em caso de óbito por causa natural, em localidades sem SVO, o médico
que acompanhou ou recebeu o falecido, e não tenha elementos para firmar a
causa básica do óbito, deve emitir a DO e declarar na parte I – “Morte de causa
da desconhecida”. Usar a parte II para informar patologias referidas por acom-
panhantes, podendo usar interrogação “(?)”, ou os termos “sic” ou “provável”
junto aos diagnósticos.

10) Quem deverá emitir a DO em caso de óbito de paciente


assistido pelo Programa de Saúde da Família (PSF)?

Homem 54 anos, lavrador, apresenta perda de peso acentuada nos últimos


três meses. Teve diagnóstico de câncer de esôfago no início do quadro, e foi
submetido à cirurgia e sessões de radioterapia, que foram suspensas há um mês
após constatação de metástases em vários órgãos. O paciente evoluiu para um
quadro de caquexia e vinha recebendo atendimento domiciliar pelo médico
do PSF que o visitava regularmente em casa. A família procura o médico na
sede do Programa de Saúde da Família e comunica que, após a última visita, o
paciente evoluiu com falta de ar, vindo a falecer no domicílio.
O médico da família emitirá a DO, considerando-se que ele prestava assis-
tência médica ao falecido, conhecia o quadro clínico apresentado nos últimos
meses, bem como o prognóstico do quadro. Contudo, o médico deverá verificar
pessoalmente o cadáver, após ter sido comunicado do óbito.

24
A declaração de óbito: documento necessário e importante

11) Como proceder para enterrar peças anatômicas amputadas?

O médico fornecerá um relatório sobre as circunstâncias da amputação, em


receituário ou formulário próprio (nunca DO). A peça deverá ser sepultada ou
incinerada.

12) Como proceder em caso de preenchimento incorreto da DO?

Se, por acaso, o médico preencher erroneamente a DO, seja qual for o campo,
deverá inutilizá-la, preenchendo outra corretamente. Porém, se a Declaração
já tiver sido registrada em Cartório de Registro Civil, a retificação será feita
mediante pedido judicial por advogado, junto à Vara de Registros Públicos
ou similar. Nunca rasgar a DO. O médico deverá escrever “anulada” na DO e
devolvê-la à Secretaria de Saúde para cancelamento no sistema de informação.

13) O médico pode cobrar honorários para emitir a DO?

Não. O ato médico de examinar e constatar o óbito, sim, poderá ser cobrado,
desde que se trate de paciente particular, a quem o médico não vinha prestando
assistência. Entenda-se que o diagnóstico da morte exige cuidadosa análise das
atividades vitais, pesquisa de reflexos e registro de alguns fenômenos abióticos,
como perda da consciência, perda da sensibilidade, abolição da motilidade e
do tônus muscular. (Parecer nº 17/1988- CFM).

Alguns conceitos importantes

Óbito

É o desaparecimento permanente de todo sinal de vida, em um momento


qualquer depois do nascimento, sem possibilidade de ressuscitação, conforme
definição da Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Óbito por causa natural

É aquele cuja causa básica é uma doença ou um estado mórbido.

Óbito por causa externa

É o que decorre de uma lesão provocada por violência (homicídio, suicí-


dio, acidente ou morte suspeita), qualquer que seja o tempo decorrido entre o
evento e o óbito.

Óbito hospitalar

É a morte que ocorre no hospital, após o registro do paciente, independen-


temente do tempo de internação.

Óbito sem assistência médica

É o óbito que sobrevém em paciente que não teve assistência médica durante
a doença (campo 45 da DO).

Causa básica da morte

É a doença ou lesão que iniciou a cadeia de acontecimentos patológicos que


conduziram diretamente à morte, ou as circunstâncias do acidente ou violência
que produziram a lesão fatal.

Instituto Médico Legal (IML)

Órgão oficial que realiza necropsias em casos de morte decorrente de causas


externas.

26
A declaração de óbito: documento necessário e importante

Serviço de Verificação de Óbito (SVO)

Órgão oficial responsável pela realização de necropsias em pessoas que


morreram sem assistência médica ou com diagnóstico de moléstia mal definida.

Nascido vivo

É a expulsão ou extração completa do corpo da mãe, independentemente


da duração da gravidez, de um produto de concepção que respire ou apresente
qualquer outro sinal de vida, tal como batimentos do coração, pulsações do
cordão umbilical ou movimentos efetivos dos músculos de contração voluntá-
ria, estando ou não cortado o cordão umbilical e estando ou não desprendida
a placenta.

Óbito fetal, morte fetal ou perda fetal

É a morte de um produto de concepção antes da expulsão do corpo da mãe,


independentemente da duração da gravidez. A morte do feto é caracterizada pela
inexistência, depois da separação, de qualquer sinal descrito para o nascido vivo.

Atestado, declaração e certidão

“Atestado” e “declaração” são palavras sinônimas, usadas como o ato de atestar


ou declarar. “Declaração de óbito” é o nome do formulário oficial no Brasil em
que se atesta a morte. “Certidão de Óbito” é o documento jurídico fornecido
pelo Cartório de Registro Civil após o registro do óbito.

Morte materna

É a morte de uma mulher, ocorrida durante a gestação ou até um ano após


seu término, independentemente da duração ou da localização da gravidez,
devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por
medidas em relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou incidentais.

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Secretaria de Vigilância em Saúde/MS

A legislação que regulamenta a matéria

Lei dos Registros Públicos (Lei 6.015, de 31.12.1973)

Art. 77: Nenhum sepultamento será feito sem certidão, do oficial do registro do
lugar do falecimento, extraída após a lavratura do assento de óbito, em vista do
atestado de médico, se houver no lugar, ou, em caso contrário, de duas pessoas
qualificadas que tiverem presenciado ou verificado a morte.

Código Penal

Art. 302: Dar o médico, no exercício de sua profissão, atestado falso.


Pena: detenção de 1 mês a 1 ano.
Parágrafo único: Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se tam-
bém multa.

Portaria nº 116, de 11 de fevereiro de 2009, Ministério da Saúde/


Secretaria de Vigilância em Saúde

Art. 10º Deve ser utilizado o formulário da Declaração de Óbito (DO), constante
no Anexo I desta Portaria, ou novos modelos que venham a ser distribuídos pelo
Ministério da Saúde, como documento padrão de uso obrigatório em todo o
território nacional, para a coleta dos dados sobre óbitos e considerado como o
documento hábil para os fins do Art. 77, da Lei nº. 6.015/1973 para a lavratura
da Certidão de Óbito, pelos Cartórios do Registro Civil.

Resolução RDC nº 306, de 07 de dezembro de 2004, da Agência


Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) (www.anvisa.gov.br)

Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o gerenciamento de resíduos de


serviços de saúde. (Essa Resolução inclui peças anatômicas do ser humano,
tecidos, membros, órgãos e fetos com peso inferior a 500 g, inferior a 25 cm e
idade gestacional menor que 20 semanas).

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A declaração de óbito: documento necessário e importante

Código de Ética Médica

É vedado ao médico:

Art. 112: Deixar de atestar atos executados no exercício profissional, quando


solicitado pelo paciente ou seu responsável legal.
Parágrafo único: O atestado médico é parte integrante do ato ou tratamen-
to médico, sendo o seu fornecimento direito inquestionável do paciente, não
importando em qualquer majoração dos honorários.

Art. 114: Atestar óbito quando não o tenha verificado pessoalmente ou quando
não tenha prestado assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o fizer como
plantonista, médico substituto ou em caso necropsia e verificação médico-legal.

Art. 115: Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando assistência,
exceto quando houver indícios de morte violenta.

Resolução nº 1.641, de 12 de julho de 2002, do Conselho Federal de


Medicina (Publicada no DOU., 29 jul 2002, Seção I, p. 229)

Art. 1º: É vedado aos médicos conceder declaração de óbito em que o evento
que levou à morte possa ter sido alguma medida com intenção diagnóstica ou
terapêutica indicada por agente não-médico ou realizada por quem não esteja
habilitado para fazê-lo, devendo, nesse caso, tal fato ser comunicado à autoridade
policial competente, a fim de que o corpo possa ser encaminhado ao Instituto
Médico Legal para verificação da causa mortis.

Art. 2º: Sem prejuízo do dever de assistência, a comunicação à autoridade po-


licial, visando o encaminhamento do paciente ao Instituto Médico Legal para
exame de corpo de delito, também é devida, mesmo na ausência de óbito, nos
casos de lesão ou dano à saúde induzida ou causada por alguém não-médico.

Art. 3º: Os médicos, na função de perito, ainda que ad hoc, ao atuarem nos casos
previstos nesta Resolução, devem fazer constar de seus laudos ou pareceres o

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tipo de atendimento realizado pelo não-médico, apontando sua possível relação


de causa e efeito, se houver, com o dano, lesão ou mecanismo de óbito.

Art. 4º: Nos casos mencionados nos artigos 1º e 2º, deve ser feita imediata co-
municação ao Conselho Regional de Medicina local.

Resolução nº 1.779, de 11 de novembro de 2005, do Conselho Federal


de Medicina (Publicada no DOU., 05 dez 2005, Seção I, p. 121)

Regulamenta a responsabilidade médica no fornecimento da Declaração de


Óbito. Revoga a Resolução CFM nº 1.601/2000.

O CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA, no uso das atribuições conferidas


pela Lei nº 3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto nº
44.045, de 19 de julho de 1958, e

CONSIDERANDO o que consta nos artigos do Código de Ética Médica:

“Art. 14. O médico deve empenhar-se para melhorar as condições de saúde e


os padrões dos serviços médicos e assumir sua parcela de responsabilidade em
relação à saúde pública, à educação sanitária e à legislação referente à saúde.

É vedado ao médico:

Art. 39. Receitar ou atestar de forma secreta ou ilegível, assim como assinar em
branco folhas de receituários, laudos, atestados ou quaisquer outros documentos
médicos.

Art. 44. Deixar de colaborar com as autoridades sanitárias ou infringir a legis-


lação vigente.

Art. 110. Fornecer atestado sem ter praticado o ato profissional que o justifique,
ou que não corresponda à verdade.

30
A declaração de óbito: documento necessário e importante

Art. 112. Deixar de atestar atos executados no exercício profissional, quando


solicitado pelo paciente ou seu responsável legal.

Art. 114. Atestar óbito quando não o tenha verificado pessoalmente, ou quando
não tenha prestado assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o fizer como
plantonista, médico substituto, ou em caso de necropsia e verificação médico-legal.

Art. 115. Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando assistência,
exceto quando houver indícios de morte violenta”;

CONSIDERANDO que Declaração de Óbito é parte integrante da assistência


médica;

CONSIDERANDO a Declaração de Óbito como fonte imprescindível de dados


epidemiológicos;

CONSIDERANDO que a morte natural tem como causa a doença ou lesão


que iniciou a sucessão de eventos mórbidos que diretamente causaram o óbito;

CONSIDERANDO que a morte não-natural é aquela que sobrevém em decor-


rência de causas externas violentas;

CONSIDERANDO a necessidade de regulamentar a responsabilidade médica


no fornecimento da Declaração de Óbito;

CONSIDERANDO, finalmente, o decidido em sessão plenária realizada em 11


de novembro de 2005,

RESOLVE:

Art. 1º: O preenchimento dos dados constantes na Declaração de Óbito é da


responsabilidade do médico que atestou a morte.

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Art. 2º: Os médicos, quando do preenchimento da Declaração de Óbito, obe-


decerão as seguintes normas:
1) Morte natural:
I. Morte sem assistência médica:
a) Nas localidades com Serviço de Verificação de Óbito (SVO):
A Declaração de Óbito deverá ser fornecida pelos médicos do SVO;
b) Nas localidades sem SVO:
A Declaração de Óbito deverá ser fornecida pelos médicos do
serviço público de saúde mais próximo do local onde ocorreu o
evento; na sua ausência, por qualquer médico da localidade.
II. Morte com assistência médica:
a) A Declaração de Óbito deverá ser fornecida, sempre que possível,
pelo médico que vinha prestando assistência ao paciente.
b) A Declaração de Óbito do paciente internado sob regime hospitalar
deverá ser fornecida pelo médico assistente e, na sua falta, médico
substituto pertencente à instituição.
c) A Declaração de Óbito do paciente em tratamento sob regime
ambulatorial deverá ser fornecida por médico designado pela
instituição que prestava assistência ou pelo SVO.
d) A Declaração de Óbito do paciente em tratamento sob regime
domiciliar (Programa Saúde da Família, internação domiciliar
e outros) deverá ser fornecida pelo médico pertencente ao
programa ao qual o paciente estava cadastrado, ou pelo SVO, caso
o médico não consiga correlacionar o óbito com o quadro clínico
concernente ao acompanhamento do paciente.
2) Morte fetal:
Em caso de morte fetal, os médicos que prestaram assistência à mãe fi-
cam obrigados a fornecer a Declaração de Óbito quando a gestação tiver
duração igual ou superior a 20 semanas, ou o feto tiver peso corporal
igual ou superior a 500 gramas e/ou estatura igual ou superior a 25cm.
3) Mortes violentas ou não-naturais:
A Declaração de Óbito deverá, obrigatoriamente, ser fornecida pelos
serviços médico-legais.

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A declaração de óbito: documento necessário e importante

Parágrafo único. Nas localidades onde existir apenas 1 (um) médico, esse é
o responsável pelo fornecimento da Declaração de Óbito.

Art. 3º Essa resolução entra em vigor na data de sua publicação e revoga a Re-
solução CFM nº 1.601/00.
Brasília-DF, 11 de novembro de 2005
Edson de Oliveira Andrade Lívia Barros Garção
Presidente Secretária-Geral

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A declaração de óbito: documento necessário e importante

Referências
LAURENTI, Rui; MELLO JORGE, Maria Helena P. de. O atestado de óbito. São Paulo: Centro
Brasileiro de Classificação de Doenças, 2004.
MANUAL of the international statistics classification of diseases, injuries, and causes of death:
6th revision. Gevene: World Health Organization, 1948.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação estatística internacional de doenças
e problemas relacionados à saúde: 9ª revisão 1975. São Paulo: Centro da OMS para a
Classificação de Doenças em Português, 1985.
______. Classificação estatística internacional de doenças e problemas relacionados à saúde: 10ª
revisão. São Paulo, 1995.

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Secretaria de Vigilância em Saúde/MS

Anexo – Declaração de Óbito

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A declaração de óbito: documento necessário e importante

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ISBN 978-85-334-1614-7

9 788533 416147

Disque Saúde
0800.61.1997

Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde


www.saude.gov.br/bvs

Secretaria de Vigilância em Saúde


www.saude.gov.br/svs

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