Confer. Patricio A.Bayon Inconsc en PSC e Autismo
Confer. Patricio A.Bayon Inconsc en PSC e Autismo
Confer. Patricio A.Bayon Inconsc en PSC e Autismo
1- O mártir do inc define o inc a céu aberto da psicose, é um inc que não é velado, ele
traz com isto um elemento da medicina, da cirurgia a céu aberto, que é geralmente
quando não há outras formas devido à urgência, o corpo é aberto sem a mediação das
cirurgias quando são programadas, ele usa a metáfora da cirurgia. Um inc que não está
recalcado, o recalque não funciona, inc do lado do que aparece sem véu, sem um
código definido que fornece o NP, que determina as leis da metáfora e da metonímia.
A síndrome de passividade no psicótico é o que falava De Clérambault, passivo de seus
fenômenos elementares, o psicótico não pode tomar uma posição ativa, subjetiva de
suas formações do inconsciente, ao contrário dos neuróticos que podem subjetivar
seus sonhos, associar lembranças etc. o psicótico é passivo diante de suas formações
do inconsciente. O fenômeno elementar é sua formação do inconsciente, é um
retorno, mas não do recalcado senão um retorno no real, mas é também uma
formação do inc.
1 - Inc na psicose Lacan o define a céu aberto, isto significa que não está velado pelo
recalque.
2 - Que não há código de funcionamento da metáfora nem da metonímia.
3 - A posição do sujeito psicótico é passiva, recebe o fenômeno elementar, isto é
diferente da posição subjetiva na neurose onde o sujeito está ativo frente as suas
formações do inc.
4 - A posição do mártir do inconsciente está articulada com a posição passiva. Mártir
significa ser testemunha, uma testemunha aberta que parece fixa, imobilizada, numa
posição que o deixa incapaz de restaurar o sentido do que atesta e de poder partilhá-lo
com os outros, ou seja, não pode subjetivar suas formações do inc. Fica fixado e sem
ser capaz de restaurar o sentido, sofre a presença do fenómeno elementar e é
testemunha do fenómeno elementar.
Diante disso não admitido no plano dos significantes simbólicos, o que aparece é o
retorno no real de certos significantes que são os que compõem o fenômeno
elementar. Fenômeno elementar é o correlato das formações do inc.
Lacan coloca que este retorno pode dar-se de diferentes modos. No seminário 23 ele
acrescenta outra posição possível do sujeito frente à psicose: o desabonado do
inconsciente. Ele diz que Joyce consegue ser um desabonado do inc, isto é outra
posição possível, é o que Miller chama de Psicose Ordinária, é a possibilidade em
alguns casos, de permanecer desprendido, desabonados da cadeia significante
alucinatória, de permanecer no fenômeno elementar mínimo. Isto nos orienta para
onde apontar nos tratamentos das psicoses, em apontar para o desabonamento. Se
ficarmos com o mártir, ficamos com o passivo e o sofredor. O desabonamento do inc é
que o psicótico pode se desprender disso.
O sintoma na psicose é o retorno no real, é o S1, mas o sintoma pode abolir o símbolo,
o S2, ou seja, o S1 pode abolir o enganche com o S2. Abolir é um termo tomado da
monarquia, (como recentemente o rei da Espanha aboliu a realeza) se pode renunciar
a isso. O sintoma que abole o símbolo é que o S1 renuncia à sua combinação com o S2.
Com isto Lacan dá uma orientação no trabalho na psicose, o que implica não continuar
na via do delírio e da alucinação, porque se se avança neste caminho o sujeito fica cada
vez mais desarmado, a cadeia significante fica desarmada e os três registros ficam cada
vez mais desenodados.
O que Joyce consegue com sua escrita é desabonar-se das cadeias significantes. Ao
invés de uma escrita comum com sentido que se entende, Joyce faz um trabalho com
as palavras quebrando as palavras e a linguagem, por isso é difícil de ler, é ilegível... Ele
não tenta fazer-se entender, ele faz essa operação de abolir o sintoma, uma ruptura da
palavra, não fazer cadeia.
Caso: menino de nove anos que chega à consulta por severos ataques de raiva agride
os seus bichinhos, gato e cachorro muito mal. Pais separados, o pai polícia e comenta
ter sempre um vinculo corporal forte, brincam de briga etc.(se questiona se isso pode
ser a causa da violência no filho).. Nas sessões o menino se mostra super tranquilo,
muito ordenado... eu pensava numa neurose obsessiva... Comecei a ganhar nele nos
jogos, eu ria, zombava dele, etc para deixá-lo bravo...de repente ele fica muito bravo e
quebra um objeto muito querido... o lápis do Museu Freud trazido de Viena.!!!...... seu
olhar parecia como em transe... Nas sessões seguintes ele brinca com os brinquedos e
depois volta para os de competição e eu ganho nele de novo... Nesta vez ele bate a
cabeça na mesa e murmura algo que não se entende... a palavra era "furiosa"
pergunto-lhe o que diz e ele não sabe... Não se reconhece nesse dizer... aí mudo a
minha ideia do diagnóstico anterior.
Em entrevistas com os pais, pergunto como é que ele começou a bater nos animais. O
pai estava de licença por causa de um tiro na perna e disse-lhe que os ladrões que o
alvejaram eram, segundo ele pensava, policiais, que eram ilegais com drogas. Em seus
jogos apareciam personagens bons que se tornavam maus... A transformação se
repetia nos jogos... Ele chama isso de transformação, que seria o S1 com o qual
trabalhar a partir disso "a transformação".
Traz dois sonhos, onde o sonho tem essa forma do S1 e não da cadeia significante.
Sonho 1: bate violentamente no cachorro. Assim como ele fez no dia anterior. O
analista pergunta sque tinha acontecido com o cachorro e ele diz que o cachorro
comeu demais e brincou demais com o irmão. O analista repete é um cachorro muito
Demais e o paciente de novo com esse olhar em trance e muito fortemente repete
sim.
Sonho 2 :outro elemento chave, sonha com um policial mau que mata o pai e ele
acorda e corre para o quarto e vê que o pai estava vivo. Por muito tempo, aparecem
jogos de transformers de zumbis e o roteiro de como o bonzinho se torna mau e como
transformá-lo de volta em bom… isto vá regulando o gozo desregulado e sai das cenas
de violência. O que funciona como uma conjuntura dramática nesta psicose é que o pai
lhe diz que um policial atira nele, uma cena que é traumática em si para cualquer
criança, mas aqui o que se quebra é a especularidade de a a” que a criança tinha em
relação ao ideal do eu da polícia... é paradoxal que o policial atire no policial, ai a
identificação imaginaria com o policial cai da criança, e faz com que apareça um
pequeno desregulamento... ele não desencadeio a psicose, não apareceu nenhuma
alucinação...consegue-se suprir essa lei desregulada e isso impede que a criança
desencadeie a psicose. Um regulamento é produzido com os jogos de transformação.
Com a escola vai visitar os bombeiros voluntários e decide ser bombeiro, totalmente
convencido disso ele pesquisa sobre... etc etc.. e começa a reconstruir algo de aquela
identificação ao ideal do eu, e depois pede aos pais ser escoteiro .. E ele não teve mais
presença de fenômenos elementares. Soube anos depois que foi professor de educação
física... Ele se recompõe em relação a um ideal do eu. Foi um fenómeno elementar que
ficou desabonado do inconsciente. Não produziu o efeito da cadeia significante,
delírios, alucinações, foi uma recomposição do ideal do eu a partir de uma suplência.
Autismo:
Com o autismo, Lacan planteia algo muito diferente, ele da uma definição de autismo
com a qual insiste por 20 anos... No seminário 1 (1953), depois em Alocução sobre
as psicoses da criança (1967) e na Conferência em Genebra (1974) ele diz que no
autismo há algo detido, interrompido ou congelado diante da linguagem.
Ele não da uma descrição senão, define um elemento estrutural: detido, interrompido
na linguagem. Ele planteia para a neurose e na psicose duas posições do sujeito diante
da linguagem: na neurose tudo acontece no nível simbólico e na psicose há um retorno
no real e diz no seminário 3 que há um transtorno na linguagem na psicose.
Dá uma definição de estrutura, diz que o autista está congelado, não habita a
linguagem, não se inscreve no plano da linguagem. Para a psicose Lacan disse que não
habita o discurso, aqui podemos dizer que não habita a linguagem, ele tem linguagem
sim, mas não se inscreve em relação à linguagem como o nurótico ou o psicótico.
Serve para definir o autismo o que Lacan chama de Lalangue. Lalíngua é a entrada do
gozo no corpo onde o S1 não forma cadeia, não se encadeia como sistema de
oposições significantes, formando uma linguagem, é um enxame de S1, é um enxame
de zumbidos, que faz barulho, murmúrio, que produz ressonância, mas não produz
palavras, nem significantes recortados e diferenciados. É o murmúrio de S1, nesse
sentido pode-se deduzir que o autista está detido no nível de lalíngua, nesse efeito do
murmúrio de lalíngua.
Miller toma o título do primeiro trabalho sobre o autismo, dos Lefort, “O nascimento
do Outro”, dizendo que eles perceberam muito bem como no autismo o Outro não
existe, ele têm que ser construído. Esta criança, ao conversar com a analista, começa a
construir um laço, mas esse laço não vem dado, ele não chega no plano do laço, que é
o campo da linguagem, ser amável para o Outro, ser querido pelo Outro etc, etc. e
todas as variantes de vínculo com o Outro. É uma direção a tomar nos tratamentos,
que o sujeito passe a dirigir-se ao outro, que entre no plano da presença e da ausência,
por exemplo, os jogos de esconde-esconde, que ele possa demandar algo, poder pedir
algo ao outro sempre levando em conta a posição, que está detido na linguagem,
sabendo que está do lado de lalíngua.