Teste 1 - Texto Dramático e Gramática
Teste 1 - Texto Dramático e Gramática
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TEXTO B
4. Assinala, nos itens 4.1. a 4.4., a opção que completa cada afirmação, de acordo com o texto.
4.1. A frase “Na vida e obra de Yvette Centeno os cambiantes são muitos” (linhas 1-2) realça
a. a extensão da obra desta autora.
b. a capacidade de articular formas de arte distintas.
c. o seu amor pelo teatro.
d. a sua adaptação a diferentes lugares.
4.3. Na frase das linhas 14 a 16, os locais em que Yvette Centeno trabalhou ocorrem em cons-
tituintes com a função sintática de
a. modificador do nome.
b. predicativo do sujeito.
c. complemento oblíquo.
d. modificador do grupo verbal.
TEXTO C
Os desejos do Rei
O rei está sentado no cadeirão do trono. É um rei velho, de longas barbas brancas. […]
A sala grande do palácio tem um ar desolado, mais parece um deserto, e nela vão circulando
alguns (poucos) cortesãos e criados. […]. A um canto, discreto e retirado até que chegue o seu
momento, o poeta da corte, o trovador, que o rei e o príncipe muito apreciam. Canta ou recita,
5 acompanhando-se à viola. […]
Rei: Eu devia ser feliz, mas não consigo. Olho ao redor, e o que vejo? A terra gasta, sem
flor. Olho para m i m e o que sinto? Um peso enorme na alma. O corpo gasto, a alma
gasta – u m vazio, por dentro, maior do que este vazio que vejo à minh a roda, na
terra, ou nos salões enormes do palácio. Falta-me a boa rainha. Ainda não me conso-
10 lei… Espero agora que pela mão do meu filho me seja trazida uma nora. Uma prin-
cesa linda, digna do príncipe herdeiro… Sonho com o momento em que se beba tal
vinho. O doce vinho do amor, a mágica bebida do desejo que eu outrora bebi e agora
vejo que o meu filho, por mim, pelo nosso reino, terá também de beber. Não é por
mim, digo mal. É por tudo à nossa volta: a terra, que se quer fértil, com o trigo lumi-
15 noso… os mares, cheios de peixe… O próprio céu, com as aves. Não é exagero meu,
é o segredo da vida, que passa por tais mistérios. A vida que nos é dada, e não em vão,
nunca em vão – mas para ser continuada… sempre amada… desejada…
Secretário: Senhor, desculpai a interrupção. O príncipe já está pronto a sair para a ca-
çada.
20 Rei: Ai, é isso que me desgosta! O príncipe não liga nada aos pedidos que lhe faço. Diz
que tem tempo, que é novo… E é verdade, ainda é novo… Ele é novo. Mas eu sou
velho, é esse o meu grande problema que ele não há meio de ver. Preciso de u m su-
cessor. É a vez dele. E eu espero… Sim, sonho e espero! Durmo, faço como as crian-
ças… e fico à espera que alguma coisa aconteça. O príncipe meu filho não poderá
25 perceber-me? Dar-me u m pouco de atenção? Este reino é u m deserto. […]
Entra o príncipe, a cavalo (cavalo de papelão).
Príncipe: Adeus, meu pai. Mais logo voltarei e daremos um a bela festa: veados, javalis,
perdizes… sei lá! O que vier da caçada.
O rei nem sequer responde. Atrás do príncipe seguem criados e cortesãos. Cantam, enquanto
30 vão. O trovador acompanha-os.
Rei: Uma bela festa! Ora bolas! O que eu desejo ver é a festa do casamento. Essa é que
seria uma bela festa. Tão bela que já quase não acredito nela! Ai que desgosto o
meu… espera! Espera aí! Chamem o príncipe!
O príncipe volta a entrar, sempre a cavalo.
35 Rei: Chegou mais uma série de retratos. Quem sabe se desta vez… Ora vê lá. Vê lá se há
alguém do teu agrado.
Desfilam os retratos.
Príncipe: Essa não. É, muito alta. Não pode ser o meu par. Ao pé dela tomavam-me por
anão. Ah, essa também não. É muito baixa. Querem que eu passe a vida de cócoras?
40 […] Já me posso ir embora? Que mania. Quer mesmo casar-me à força! […]
O príncipe sai e o trovador entoa o lamento do rei à guisa de despedida. […]
Rei: Sem rainha e sem princesa, o meu reino é só tristeza… Ai que desgosto o meu!…
Nem u m pomar a florir!
Yvette Centeno, As três cidras do amor, Ed. Cotovia, 1991 (págs. 19-23, com supressões)
6. Associa as indicações cénicas (Coluna A) ao tipo de informações que transmitem (Coluna B).
Nota: Os elementos da Coluna A podem ser associados a mais do que um elemento da Coluna B.
Coluna A Coluna B
7. Explica a relação que se estabelece entre o espaço descrito (na primeira indicação cénica) e
a caracterização do Rei (linhas 6-17). Justifica a tua resposta.
8. Assinala, nos itens 8.1. a 8.6., a opção que completa cada afirmação, de acordo com o texto.
8.2. No excerto “O corpo gasto, a alma gasta – um vazio, por dentro, maior do que este vazio
que vejo à minha roda, na terra, ou nos salões enormes do palácio.” (linhas 7-9), não está
presente
a. a personificação.
b. a repetição.
c. a enumeração.
d. a metáfora.
8.3. Na sua segunda fala, o Rei reproduz o discurso do Príncipe,
a. na frase “O príncipe não liga nada aos pedidos que lhe faço.” (linha 20)
b. na frase “O príncipe meu filho não poderá perceber-me?” (linhas 24-25)
c. utilizando como verbo introdutor do discurso “Diz”. (linha 20)
d. na modalidade de discurso direto.
8.5. Na expressão “Sem rainha e sem princesa, o meu reino é só tristeza…” (linha 42), quanto às
relações que estabelecem entre si, as palavras sublinhadas são
a. antónimos.
b. sinónimos.
c. holónimos.
d. hipónimos.
8.6. A frase “Tão bela que já quase não acredito nela!” (linha 32) integra uma oração
subordinada adverbial
a. causal.
b. concessiva.
c. consecutiva.
d. condicional.
“Príncipe: Adeus, meu pai. Mais logo voltarei e daremos uma bela festa […]” (linha 27)
10. Apresenta, por palavras tuas, os dois motivos principais que impedem o Rei de ser feliz.
5. 1
Texto C
6. 1. f.; 2. c.; 3. b., d.; 4. d., e.
7. Por exemplo: Entre o espaço descrito e a
caracterização do Rei estabelece-se uma relação de
semelhança. A sala do palácio surge como um
espaço dominado pela tristeza, pelo abandono (“ar
desolado”) e pela ausência de vida (“mais parece um
deserto”). Na sua primeira fala, também o Rei
exprime a sua tristeza, por se sentir só e sem razões
para viver.
8.1. c.; 8.2. a.; 8.3. c.; 8.4. a.; 8.5. d.; 8.6. c.
9. O Príncipe despediu-se do pai, anunciando que
mais tarde voltaria/regressaria e dariam uma bela
festa.
10. Por exemplo: O Rei não consegue ser feliz porque,
por um lado, se sente só sem a rainha e, por outro,