2021 - 12 - 21 - F - Dissertação Walter Tchivela 57806-21-12-2021.
2021 - 12 - 21 - F - Dissertação Walter Tchivela 57806-21-12-2021.
2021 - 12 - 21 - F - Dissertação Walter Tchivela 57806-21-12-2021.
A todos os meus amigos que fiz ao longo deste Mestrado, o meu muito
obrigado.
Agradeço há minha família, em especial aos meus filhos Nélia e Txitxiwé, que
tive que os deixar durante muito tempo sem a minha companhia e proteção, a eles
peço as minhas sinceras desculpas por não estar com eles nestes momentos.
ii
Por fim, mas definitivamente não menos importante, quero agradecer ao Sr.
José Tchindongo António (Pai Jojo), que acreditou em mim quando decidi partir para
em busca de conhecimento. O meu muito obrigado por tudo!
iii
Resumo
O objetivo deste trabalho prende-se com tornar possível gerar soluções para a
relocalização de populações residentes no bairro através de linhas estratégicas
consonantes com os locais de uma forma segura e ordeira. O estudo apresenta uma
solução imediata para transformer a area num poligono florestal da cidade numa
perspetiva de sustentabilidade contribuindo para uma melhor integração social da
população reduzindo o impacte no ambiente.
iv
Nesta dissertação analisam-se também diversos casos de estudo que
apresentam problemáticas semelhantes ao Bairro dos Eucaliptos. Entre esses casos de
estudo estão os Bairros de Panguila (Luanda), Tinguita (Namibe).
v
Abstract
Spatial planning is a great challenge for Angola, with several problems that arise
from the long period of civil war that the country has lived through for 27 years, which
in this period was also accompanied by various transformations that took place in
internal migrations, the lack of monitoring of public policies and consequently the
external influence that the country was facing during the cold war led by Russia and the
USA.
The Namibe/Moçâmedes province and town went through all these changes and
reflect today the general tendencies of Angola. Among these, and due to lack of
adequate public policies several neighborhhoods need urgent intervention. This is the
case of the Bairro dos Eucaliptos today, an area of risk and with great fragility with
regard to public safety.
The study presents immediate solutions for transforming the area into a forest
polygon in the city, with the application of sustainable and more attractive means, thus
providing greater social integration for the population, with less impact on the
environment.
vi
proposals for the reconversion of the peri-urban area under study, seeking to avoid
catastrophic situations.
From this work, we conclude that transformations like these will be a reality if
we can count on the support of the Provincial Government of Namibe, administrative
entities, traditional local representatives and resident population, as well as the
entrepreneurial component.
vii
Índice
Agradecimentos.....................................................................................................................ii
Resumo...................................................................................................................................ii
Índice......................................................................................................................................ii
Índice de Figuras....................................................................................................................ii
Índice de Gráficos..................................................................................................................ii
Índice de Tabelas...................................................................................................................ii
Índice de Anexos....................................................................................................................ii
Lista de Siglas e Acrónimos....................................................................................................ii
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO..................................................................................................2
1. Enquadramento e Justificação do Tema..........................................................................2
Contexto geral de Angola....................................................................................................2
A província do Namibe........................................................................................................2
O Bairro dos Eucaliptos........................................................................................................2
2. Objetivos..........................................................................................................................2
2.1. Gerais............................................................................................................................2
2.2. Específicos....................................................................................................................2
3. Estrutura da Dissertação..................................................................................................2
CAPÍTULO II- METODOLOGIA DA DISSERTAÇÃO..................................................................2
1. Corpus e Metodologia..........................................................................................................2
1.1. Técnicas de investigação utilizadas para a recolha de dados........................................2
2. Métodos e técnicas de recolha de dados.............................................................................2
2.1. Métodos teóricos..........................................................................................................2
2.2. Método estatístico........................................................................................................2
CAPÍTULO III – ABORDAGENS DO CONCEITO DE ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO..........2
1. Referências Teóricas Sobre Ordenamento Territorial em Angola........................................2
1.1. O Ordenamento territorial em Angola..........................................................................2
1.2. Enquadramento no ordenamento jurídico angolano...............................................2
1.3. Objetivos e premissas do ordenamento territorial.......................................................2
1.4. As necessidades de realojamento territorial................................................................2
viii
2. Tendência das afetações e desastres nas últimas décadas em Angola e Namibe, afetações
económicas e em vidas humanas.............................................................................................2
2.1. A gestão local de risco, principais conclusões...............................................................2
2.2. Avaliação e estimativas do risco...................................................................................2
2.3. Práticas fundamentais para vincular risco com o desenvolvimento.............................2
3. Tendência mundial dos desastres nas últimas décadas, efeitos..........................................2
económicos e em vidas humanas........................................................................................2
3.1. Conceitos Básicos.........................................................................................................2
3.2. Etapa I – Avaliação e estimativa do risco......................................................................2
3.3. Etapa II - Redução do risco............................................................................................2
3.4. Atores e os momentos da gestão de risco....................................................................2
3.5. Termos e definições......................................................................................................2
3.6. A gestão do risco e a gestão do local do risco...............................................................2
3.7. As componentes ou fases do risco como um processo.................................................2
3.8. Tipos de gestão para enfrentar os riscos atuais e futuros............................................2
3.9. Dimensão do local na gestão do risco...........................................................................2
4. Impacto, Vulnerabilidade, Adaptação às Inundações no Contexto do Bairro dos Eucaliptos
2
4.1. Cenários de Alterações Climáticas................................................................................2
CAPÍTULO IV – CASO DE ESTUDO DO BAIRRO DOS EUCALIPTOS........................................2
1. Análise e Revisão dos Fatores de Riscos e Realojamento Urbanística..................................2
1.1 Caraterização desde o ponto de vista biofísico e urbanístico ao bairro dos
Eucaliptos............................................................................................................................2
1.2. Enquadramento histórico do Bairro dos Eucaliptos......................................................2
1.3. Caracterização Biofísica da Província do Namibe.........................................................2
2. As Grandes Cheias que se abateram no Dia 5 de Abril de 2001...........................................2
3. Problemas em processos de realojamento em alguns Bairros de Angola............................2
3.1. Determinação da estrutura físico-espacial do Bairro dos Eucaliptos e os vínculos com
as áreas de influência..........................................................................................................2
3.2. Organização urbanística e territorial............................................................................2
CAPÍTULO V – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS..............................................................2
1. Inquéritos a Responsáveis por Entidades Governamentais..................................................2
2. Inquéritos à Autoridade Tradicional e à População do Bairro dos Eucaliptos......................2
CAPÍTULO VI – PROPOSTA DO PLANO DE REALOJAMENTO URBANÍSTICO TERRITORIAL
NO BAIRRO DOS EUCALIPTOS...............................................................................................2
ix
1. O Modelo Territorial............................................................................................................2
1.1 Estrutura organizacional do plano.................................................................................2
1.2. Processo de Realojamento das Populações no Bairro dos Eucaliptos...........................2
2. Etapa I - Avaliação e Estimativa dos Fatores de Risco na Província do Namibe....................2
3. Etapa II – Proposta do Plano para Mitigar o Risco................................................................2
CAPÍTULO VII – CONSIDERAÇÕES FINAIS..............................................................................2
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................2
ANEXOS..................................................................................................................................2
x
Índice de Figuras
xi
Índice de Gráficos
Índice de Tabelas
Tabela 1 - Estrutura dos Planos territorias em termos do artigo nº28 da Lei nº3/04 25 de junho
2004.............................................................................................................................................2
Tabela 2 - Progressão de Perspetivas............................................................................................2
Tabela 3 - As etapas da gestão do risco........................................................................................2
Tabela 4 - Classificação dos perigos segundo sua origem.............................................................2
Tabela 5 - População do Bairro dos Eucaliptos | Censos 2011......................................................2
Tabela 6 - Análise de SWOT do Bairro dos Eucaliptos...................................................................2
Tabela 7 - Proposta para comercialização de Lotes de terras e habitação no futuro Bairro dos
Eucaliptos-2..................................................................................................................................2
Tabela 8 - Cronograma de atividades da fase I do Bairro dos Eucaliptos.......................................2
xii
xiii
Índice de Anexos
xiv
Lista de Siglas e Acrónimos
xv
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
A província do Namibe
16
Figura 1 - Mapa da Divisão Administrativa de
Angola.
Fonte: www.google.pt, 2021
17
O Bairro dos Eucaliptos
conflito armado que assolou o país depois da independência, originado por três
movimentos (FNLA, MPLA e UNITA), contribuiu para o crescimento desorganizado do
bairro, de uma forma rápida, devido à migração das populações das regiões de Huambo
e Bié, regiões fragilizadas pela guerra.
18
Figura 4 - Casas de abode Bairro dos Eucaliptos
Fonte: Walter José Tchivela/Autor
Av. Marginal
Rotunda do
Governo da
Província do
Namibe
19
Relativamente à mobilidade, Namibe possui várias vias principais, sendo uma a
Avenida Eduardo Mondlane, uma perpendicular à marginal, com vários cruzamentos, e
zonas com velocidades reduzidas de 30 km/h de tráfego e outra uma subida para a
Fortaleza de São Fernandes (Marinha de Guerra), separando assim o tráfego viário do
ferroviário, e do Porto do Namibe.
20
Gráfico 1 - Tipos habitação que se encontra em Angola (Censos 2014)
Fonte: INE, Resultados Definitivos de Censos 2014
2. Objetivos
21
2.1. Gerais
2.2. Específicos
22
5- Estarão as infraestruturas, processos económicos, saneamento básico,
higiene, saúde, efeitos das inundações, desflorestação também a contribuir
para os problemas da qualidade de vida da população?
3. Estrutura da Dissertação
23
A dissertação organiza-se em sete Capítulos descritos de seguida:
25
CAPÍTULO II- METODOLOGIA DA DISSERTAÇÃO
1. Corpus e Metodologia
26
A realização de inquéritos por questionário auxiliou o diagnóstico da situação
atual dos principais fatores de risco no bairro dos eucaliptos.
Segundo Moraes (2016 p 47): “A maior distinção feita entre esses dois tipos de
métodos é que a metodologia qualitativa explora as características dos indivíduos e
cenários que não podem ser facilmente descritos numericamente. A metodologia
27
quantitativa, por outro lado, explora as características e situações com base na
mensuração e estatística. No entanto, ambas podem ser usadas no mesmo estudo.”
28
2.2. Método estatístico
29
CAPÍTULO III – ABORDAGENS DO CONCEITO DE
ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO
Lopes (2001, p 36) refere por sua vez, “que o ordenamento é entendido, como
um ato de gestão do planeamento das ocupações, um potenciar da faculdade de
aproveitamento das infraestruturas existentes e o assegurar da prevenção de recursos
limitados. Simplificando, é a gestão da interatividade do homem para com o espaço
natural ou físico”.
Por sua vez, Oliveira (2002), citado por Papudo (2007, p 45), entende que estes
devem consistir, essencialmente, na distribuição racional, em termos geográficos, das
30
atividades económicas; no desenvolvimento socioeconómico e no restabelecimento de
equilíbrios entre partes e regiões do país; na melhoria da qualidade de vida; na gestão
responsável dos recursos naturais e na proteção do ambiente, bem como na utilização
racional do território. Perante o afirmado, são distinguidos dois sentidos distintos: um
lato e um restrito.
Caso o sentido lato seja adotado neste trabalho, “O OT deverá ter como
principal intento, segundo a autora, a aplicação ao solo de políticas públicas,
designadamente económico-sociais, urbanísticas e ambientais, visando a localização,
organização e gestão correta das atividades humanas, de forma a conseguir um
desenvolvimento regional harmonioso e equilibrado” (Oliveira, 2002 em Papudo, 2007).
Angola embora tenha sido uma colónia de Portugal até 1974, não tinha nem sequer uma
organização ou lei do ordenamento do território. Em 1975 com a independência, o país começa
a traçar seu próprio destino em termos de planificação e desenvolvimento económico e social,
com modo das várias exigências que uma jovem nação precisa para emergir.
De acordo com Viegas, 2015 (p. 81), a adaptação ao sistema ideológico socialista em Angola
acolheu influencia de Cuba realtivamente às questões de urbanização e de habitação. Foi assim
então que surgiu o desenvolvimento da orgânica dentro do Ministério da Construção e
31
habitação a criação da Direção Nacional de Planificação Física, forçada pelo decreto
nº52/77 de 14 de julho.
Deste modo a então Direção Nacional de Planificação Física foi transferida para
o Ministério do Plano, em 1981, por decreto da ex-República Popular de Angola em 09
de março 1981. Já em 1982 foi desfeita a Direção Nacional de Planificação Física, para
surgir dentro do Ministério do Plano, o Instituto Nacional de Planificação Física (INPF),
surgindo pelo decreto de 8 de fevereiro de 1982.
32
qualidade de vida da população - “Carta Europeia do Ordenamento do Território”
(Concelho da Europa 1988 p 9 e 10)
33
As normas jurídicas coloniais de produção e de transformação especial
destacamos a velha lei de terras (lei n 2.030/48, de 22 de junho) de acordo com a
legislação o governo central ou local, poderia ceder o direito de superficie e construção
para o efeito de utilidade pública. Viegas, 2015 (p. 52), relata que em 1960, o decreto-
lei e concessão de terrenos nas diversas provincias ultramarinas, nomeadamente o
aforamento, o arruamento e a concessão gratuita, contribuindo, assim, para a
mencionada metamorfose de Luanda como complementa, a Development Worksop
(2005) refere-se ao código de Construção Portuguesa (1954) e plano sanitario de
Luanda (1966) (Viegas, 2015).
34
- Suporte de todos efeitos resultantes da ação desregrada ou degradante do
homem com impactes negativos no equilíbrio ecológico que realça para o direito do
ambiente;
Tabela 1 - Estrutura dos Planos territorias em termos do artigo nº28 da Lei nº3/04 25 de junho
2004
- Plano de Pormenores
36
Licenciamento das operações de Loteamento e obras de urbanização e obras de
construção, decreto presidencial nº48/06 de 30 outubro 2006
Para este diploma ela estabelece o regime geral de licenciamento das operações
urbanistica e em particular das operações de loteamento e das obras de construções de
edificios em conjugação com o regime de execução das operações ou obras de
urbanização nos termos referidos no artigo nº7/ do ponto 2 sobre as operações
urbanistica de interesse público designadamente as seguntes; linha b) classificação dos
terrenos urbanos, urbanizaveis e de construção, na linha g) o loteamento para novas
habitações de realojamento da população de áreas sujeitas a operação de reconversão,
ainda na linha h) as operações de realojamento das populações; a linha i) no que se
refere a valorização ambiental com plantação de defesa e reaqualificação ambiental e
urbana (Francisco, 2013).
Para uma melhor abordagem deste estudo, ter-se-á, como suporte teórico, os
fatores de risco no Ordenamento Territorial e do discurso.
39
conta os seus princípios na hora de elaborar as regulações para obter um enfoque atual,
renovador, novo. Na atualidade para o Novo Urbanismo visualiza-se a falta de
investimento nas cidades centrais, o avanço da expansão urbana descontrolada, a cada
vez maior separação por raça e ganhos, a deterioração ambiental, a perda de terras
agrícolas e naturais, e o menoscabo do patrimônio edificado da sociedade, como um
desafio concernente à criação de comunidades. Entre os seus princípios fundamentais
encontram-se:
Má implementação de regulações.
Incremento da deterioração da imagem das cidades e demais
assentamentos urbanos, provocados umas vezes pelo ineficiente
controlo do território e outras porque as regulações do ordenamento
territorial e o urbanismo não estiveram encaminhadas a melhorar o
desenho urbano.
Incremento da indisciplina urbanística. “(Duverger & Castro, 2011, p.38)”
40
Má aplicação de regulações a zonas onde não corresponde, por exemplo:
regulações específicas para zonas de espaços públicos e áreas verdes
estendidas a zonas industriais, entre outros muitos casos. Nisto influi
também a não acertada delimitação das zonas e setores objeto de
regulação, primeiro, segundo o uso, e depois, segundo as tipologias
urbano-arquitetónicas predominantes. Ambas são muito importantes,
sendo que as primeiras garantem o bom funcionamento do território e
as segundas a previdência da diversidade e a identidade local.
Pouca objetividade e realismo em algumas de suas disposições,
impossíveis de cumprir nas condições materiais atuais de nosso país, o
que motiva a violação do estabelecido e acelera a deterioração das
construções e o ambiente urbano.
Extensão e complexidade que as fazem difíceis de entender e utilizar,
apesar de que em ocasiões não recolhem a heterogeneidade existente
em nossos territórios e sistemas de assentamentos.
Excessivamente proibitivas em alguns casos, por isso fica limitado o que
se permite e as possíveis alternativas.
Proibiram-se ações em zonas que se desconhece em que momento
serão afetadas ou o porquê não podem usar-se.” (Menéndez,2011, p.45)
“
41
social, do bem-estar social, de defesa do ambiente e qualidade de vida
dos cidadãos e em particular:
a. Assegurar uma valorização integrada e racional da ocupação do espaço e
condições favoráveis para o desenvolvimento de atividades económicas,
sociais e culturais, sem prejuízo da salvaguarda dos interesses de defesa
do território, segurança interna e do equilíbrio ecológico e do património
histórico-cultural;
b. Assegurar a igualdade de oportunidades de acesso dos cidadãos aos
equipamentos coletivos e serviços públicos no meio urbano e rural;
c. Adequar os níveis de densificação dos aglomerados urbanos
potencialidades infraestruturas, de equipamentos e de serviços
existentes ou previstos, de modo a suster a degradação da qualidade de
vida para prevenir o desequilíbrio socioeconômico;
d. Recuperar ou reconverter as áreas degradadas e/ou ocupação ilegal;
e. Salvaguardar e valorizar as potencialidades e condições de vida dos
espaços rurais e criar oportunidades de empregos como forma de fixar
as populações no meio rural;
f. Preservar e defender os solos com aptidão natural ou aproveitados para
atividades agrícolas, pecuárias ou florestais, restringindo-se a sua
afetação a outras utilizações aos casos em que tal for comprovadamente
necessário;
g. Proteger os recursos hídricos, as zonas ribeirinhas, a orla costeira, as
florestas e outros locais com interesse particular para a conservação da
natureza, compatível com a normal fruição pelas populações das suas
potencialidades específicas;
h. Proteger o património natural e cultural e valorizar as paisagens
resultantes da atuação humana.
2. Os fins do ordenamento do território e do urbanismo devem harmonizar-
se com as políticas ambientais, nos termos da legislação em vigor.
43
O território como suporte de todas as atividades humanas é motivo de conflitos.
Entre as principais causas destes processos se encontram (Otero, 2009):
Um exemplo importante que pode ser referido resulta dos conflitos da estrutura
rural-urbana de um determinado território, que são um reflexo dos processos históricos
de apropriação e uso de um espaço em prejuízo de outros espaços. Para os solucionar,
requer-se a superposição em um mesmo espaço pelo qual competem interesses
contrapostos e, por conseguinte, efeitos ambientais diversos. Torna-se fundamental
selecionar aqueles que devem ocupar prioritariamente esse espaço único. A este
exemplo cabem duas respostas, por um lado as entidades estatais transformam os
interesses dos setores hegemônicos e os apresentam como o interesse público; ou se
44
promovem critérios de sustentabilidade territorial e equidade social em proveito de
toda a comunidade (Otero, 2009).
45
Otero, 2009, refere que “o ordenamento territorial pela necessidade de superar
a parcialidade e o reducionismo que caracteriza ao planejamento setorial, ao ficar tudo
plasmado em um sistema territorial, que de acordo com a teoria de sistemas, só pode
ser entendido e planejado como um todo. Para obtê-lo os planos de ordenamento
territorial utilizam dois tipos de instrumentos: a normativa, orientada, prioritária, mas
não exclusiva para manter quão positivo tem a situação atual e acautelar os problemas
futuros e os programas de atuações dirigidos a aproveitar as oportunidades e a corrigir
os problemas atuais” (Gómez Areja, 2003, p. 39, em Otero, 2009).
1
Namibe
46
por incrível que pareça no dia seguinte tudo ficou vazio, devastado pela natureza. Com
o recuo da água, restaram apenas lama e insetos.
Milhares de famílias ficaram ao relento, tendo-se verificado uma intervenção
rápida por parte do então governador do Namibe, naquela altura, Salomão Xirimbibimbi
que se encontrava de férias na África do Sul. Decidiu enviar tendas para acomodar
todos os sinistrados, mas colocou-os numa área deserta, onde não havia água e nem
sequer um posto de saúde. Foi indicada uma comissão multissetorial dirigida pelo vice-
governador da área de Infraestruturas com o fim de coordenar a situação, desenvolver
planos de ajuda e controlar as necessidades básicas fundamentais para os sinistrados.
Após as cheias verificou-se um crescimento considerável, tendo inclusive sido
atribuído o nome “5 de abril” ao bairro mais populoso da cidade do Namibe, que
cresceu e conta com mais de dez mil habitantes, na maioria funcionários públicos.
Entretanto, surgiram novos quatros bairros com populações oriundas do Huambo,
Benguela, Cunene, Bié, Moxico e Cuando Cubango.
O atual Bairro 5 de Abril conta com várias infraestruturas sociais e económicas
como escolas, centros e postos de Saúde, captação de água, esquadras policiais,
mercado, lojas comerciais, centralidade, central térmica elétrica e outros serviços que
têm vindo a servir a população.
Desde aquela altura, até aos dias de hoje, os munícipes comemoram o dia 5 de
abril com uma maratona cultural mensal, onde as feirantes vendem alimentos e bebidas
tradicionais da região. Os artistas atuam aos fins-de-semana alegrando e animando os
moradores do bairro e dos seus arredores.
Hoje a cidade cresceu muito e conta com duas zonas centrais com tipologia T2,
T3 e prédios com 3 a 4 pisos, que começaram a ser erguidas em 2010. Existem cerca de
duas mil casas na urbanização do Bairro 5 de Abril, e outras duas mil na Praia da Amélia
totalizando quatro mil residências. Este projeto contou com ajuda do governo chinês no
âmbito “Vamos transformar Angola num Canteiro de Obras" e a sua conclusão decorreu
em 2016. Visivelmente satisfeitos, os beneficiários, que na sua maioria são os antigos
sinistrados, fazem saber que a partir dessa altura as famílias passaram a viver com
maior segurança e mais acomodadas, tendo deste modo sido assumido o bem-estar das
populações em geral.
47
2.1. A gestão local de risco, principais conclusões
48
É importante desenvolver planos de controle e medidas de prevençãode risco
que envolvam a participação de todos os atores que têm responsabilidade nas
transformações espaciais. É igualmente importante instrumentos jurídicos que
suportem estes planos incluindo mecanismos de obrigatoriedade e controlo
imprescindíveis para controlar e não incrementar as vulnerabilidades identificadas.
A gestão de risco deve então transitar através de um trabalho devidamente
articulado, consensual e coordenado entre os mais diversificados atores:
institucionalizados, setor privado, setores humanitários e a sociedade civil em seu
conjunto para materialização e controlo das ações, para minimizar vulnerabilidades e
diminuir os impactes negativos ao meio ambiente assim como a exposição da
população. A participação inclui, além disso, o acionar dos indivíduos, a família e as
comunidades em maior escala (Otero, 2009).
Os riscos são dinâmicos, alteram-se gradualmente no tempo, daí que a
realização de cenários de risco não deve ser exclusivamente obra dos técnicos, mas
deve incluir o parecer e critérios dos atores face a situações de risco, organizações
regionais, locais ou comunitárias de forma a possibilitar que sejam expostas todas as
considerações que perante um determinado risco requer ações corretivas ou
transformadoras (Otero, 2009)
A gestão do risco contempla entre suas finalidades-chave o possibilitar resposta
às fases que de forma tradicional reconhecemos como a prevenção e as emergências,
com seus momentos de reparação, reabilitação e reconstrução. Entre as principais
premissas da gestão local do risco encontram-se (Otero, 2009):
Cabe assinalar como exemplo: o terramoto na China do 2008, todos são casos
eloquentes da crescente vulnerabilidade tanto dos países desenvolvidos como dos
países em desenvolvimento ante os perigos que desencadeiam desastres naturais,
ambientais e tecnológicos. Entretanto, apesar de todos os países serem suscetíveis aos
perigos naturais, constata-se que os países em desenvolvimento se veem muito mais
gravemente afetados, especialmente no que respeita à perda de vidas e à percentagem
de perdas económicas em relação com seu produto nacional bruto (PNB) ou em
términos de tempo de recuperação. Diversos estudos das Nações Unidas em 2006
revelaram que 90% das vítimas de desastres viviam em países em desenvolvimento.
51
O relatório da ONU refere que as duas primeiras décadas do século XXI,
respetivamente de 2000 a 2010 e de 2010 a 2020, foram marcadas por surpreendentes
desastres climáticos.
Além disso 4 mil milhões de pessoas foram afetadas por desastres naturais, ou
seja, estas duas décadas causaram uma perda de 2,97 triliões de dólares na economia
global. Comparativamente com os anos transatos de 1980 a 1999, constataram-se
4.212 desastres relacionadas, com eventos naturais tendo estes causado 1,19 milhões
de mortes e uma estimativa da perda da economia de 1,63 triliões de dólares e mais de
3 mil milhões de pessoas foram afetadas por catástrofes naturais.
Verificou-se ainda que 37 739 pessoas foram afetadas por tsunamis e 21 656 por
sismos, sendo que, a esses valores se adicionaram as vítimas por inundações que
superaram o número de 5 000 mortos.
52
No ano 2000 a gestão de desastre se converte em uma disciplina do
conhecimento e adquire uma terminologia e linguagem própria de grande utilidade
para enfrentar um problema de incidência global (Otero, 2009).
53
II. Redução do risco. d. Prevenção
e. Preparação e educação
f. Resposta à emergência
Ameaça ou perigo
Tipo Subtipo
Deslizamentos de
terra, derrube,
desabamento de
Mudanças morfológicas e erosão da
Exógeno geleiras,
costa
Dinâmica inundações, e
externa da retrocesso da linha
terra de costa
Rutura de represas,
Tecnológicos modificação da Inundações, deslizamentos de terras
drenagem e o relevo
Desmatamento,
Humano Inundações, enfermidades
contaminação
Infestações e
Biológico Enfermidades humanas, e animais
epidemias
Vulnerabilidade
A vulnerabilidade, por sua vez pode ser subdividida, de acordo com alguns
autores (e.g., Arenas, 2002) da seguinte forma (Otero, 2009):
- Estrutural: referida às diferenças e capacidades das edificações para resistir o
embate de um determinado perigo.
- Não estrutural: abrange a análise de redes vitais, infraestruturas técnicas,
eletricidade, comunicações, água, oleodutos, gasodutos, entre outras, que podem ficar
total ou parcialmente inutilizados.
- Funcional: refere-se ao conhecimento do efeito sobre as atividades da
população, cidades e territórios em geral gerados pelos diversos graus de afetação
alcançadas por vulnerabilidades estrutural e não estrutural.
- Ecológica: diz respeito aos valores de biodiversidade, recursos naturais, em
particular os ecossistemas mais sensíveis e áreas protegidas que perdem valores ou têm
capacidades de recuperação diferenciadas ante um perigo severo dado.
- Económica: reconhecida a partir dos elementos económicos expostos, áreas
agrícolas, pesca, indústrias, entre outras cuja destruição ou paralisação incidem no
56
desenvolvimento dos territórios, inclui além disso a aplicação de orçamentos dirigidos a
diminuir a vulnerabilidade dos diversos elementos em exposição.
- Social: é a expressão da afetação direta à população por um evento severo,
mediante a densidade, distribuição espacial, perceção do risco, capacidade de resposta.
Consoante o seu nível de capacitação e organização, pode abranger outros aspetos
como educação, valores culturais e a visão alcançada pelo tema. Pode considerar ainda
a preparação de políticas de centralização e descentralização ou centralização) e o
fortalecimento de instâncias locais para acionar ou prevenir desastres.
Risco
R=P x V
57
3.3. Etapa II - Redução do risco
Prevenção
Preparação e educação
Resposta à emergência
59
No momento da emergência torna-se fundamental o bom funcionamento das
estruturas, e a clara delimitação das responsabilidades, pertinências, e competências,
para evitar o “desastre sobre o desastre”, que acontece em geral, pelas indefinições
existentes neste aspeto, ou pelos afãs de protagonismo ou oportunismo político que
frequentemente se apresentam durante as situações de crise em alguns países (Otero,
2009).
A modo de resumo mostramos as ações mais importantes para controlar um
risco identificado segundo (Lavell et al, 2003, Lavell, 2005 em Otero, 2009):
- Avaliar nos novos investimentos o risco de cada localidade e implementar as
ações para as reduzir ou as eliminar
- Estabelecer normas de ordenamento territorial e uso de solo que contribuam
para a segurança e investimento da população
- Destacar usos alternativos em localidades expostas a perigos de forma
reiterada
- Aplicar normas construtivas que minimizem a vulnerabilidade das instalações
- Propiciar o fortalecimento dos governos locais, comunais para garantir uma
intervenção efetiva na gestão do território,
- Capacitar a sociedade para as situações e fomentar a consciência da prevenção
- Aperfeiçoar os mecanismos de controlo de normas e fiscalização de
irregularidades e possibilitar novas soluções,
- Orientar projetos sob o princípio de obter sustentabilidade ambiental
- Incorporar a gestão do risco nos programas curriculares do ensino e fortalecer
na população a cultura da segurança e a gestão ambiental do risco
- Prover de iniciativas de prevenção ao âmbito local e promover políticas de
melhoria no que toca às práticas de gestão de recursos
- Propiciar os incentivos económicos por conceito da contribuição à redução de
riscos.
Estas ações possuem plena vigência na atualidade e dão respostas aos objetivos
referidos na na Cimeira de Hyogo, 2005. (World Conference on Disaster Risk Reduction
2005, Hyogo, Japão).
60
A sua adequada interpretação e implementação em todas as escalas do
planeamento contribuiriam para melhorar situações atuais diagnosticadas, ao evitar a
improvisação em contextos onde se atenta a incrementação da pobreza global (Otero,
2009).
61
entre outras que podem influir ou fazer perigar o desenvolvimento humano
sustentável.
Risco de desastre: é a probabilidade de ocorrência de impactes adversos sobre
as atividades económicas e sociais num sítio em particular e num determinado
momento, sendo que gera interrupção das atividades e não é possível a recuperação
autônoma, dependendo de ajuda externa (Francisco, 2013).
Risco secundário: constroem-se sobre a base do risco primário no instante em
que um fenômeno físico perigoso se instala e gera um impacto físico, entre os exemplos
podem referir-se: a insegurança alimentar e a falta de acesso à água potável (Rasga,
2015).
Sistema de gestão de risco: é a estrutura aberta, lógica, dinâmica e funcional de
instituições e organizações, normas, recursos, programas, atividades científicas
técnicas, de planeamento e participação da comunidade que velam por incorporar na
prática os processos de gestão de risco na cultura e desenvolvimento econômico e
social das comunidades (Rasga, 2015).
Gestão de risco: é um processo social complexo cujo único fim é o de fazer que
se reduza, se preveja e controle permanentemente o risco mediante a integração com o
desenvolvimento econômico, ambiental e territorial. Conta com diversos níveis de
intervenção nomeadamente, o global, a integral, o setorial e o macro territorial até o
local, o comunitário e o familiar (Louzeiro et al., 2019).
Gestão de risco local: consiste no processo de redução, de previsão e controle
de riscos manifestados no nível local, que se executam com a participação de atores
sociais de diversas jurisdições territoriais, internacionais, nacionais, regionais e locais.
62
Por sua vez surge como produto da materialização de um determinado modelo
de desenvolvimento que implica transformações económicas, sociais e ambientais, que
não devem comprometer mais ainda a vulnerabilidade das localidades (Otero, 2009).
Cada um destes níveis tem as suas particularidades e todos em conjunto
contribuem para a gestão do risco (Otero, 2009).
Existem dois tipos de gestão para enfrentar os riscos atuais e futuros (Arenas,
2002 em Otero, 2009):
Gestão Correctiva: dirigida a solucionar os problemas identificados para uma
situação de partida ou diagnosticada, retificar os enganos cometidos na construção de
imóveis, na localização de investimentos iniciais, e também na aparição de novas
condicionais de vulnerabilidade no tempo produto da dinâmica do desenvolvimento
63
não consequente com a diminuição do risco (Otero, 2009). Este tipo de gestão divide-se
em (Otero, 2009):
- Conservacionista: intervenção de proteção sem incluir ou perseguir mudanças
significativas no contexto avaliado
- Transformadora: intervenção proposta que estimula as mudanças ambientais,
de produção, de assentamento; dirigidas mais à eliminação das ameaças e a redução da
vulnerabilidade de forma integral
64
A esta escala aprovam-se planos de prevenção, incentiva-se a investigação e
efetua-se a monitorização do risco, pretende-se ainda contribuir para reduzir
vulnerabilidades, propor operações de emergência, efetuar ações de recuperação e
aplicar-se o marco normativo para a construção das edificações (Otero, 2009).
A gestão local do risco deve envolver o governo e toda a sociedade na
materialização das respostas em plena concordância com as realidades e possibilidades
de cada comunidade, que respaldem as orientações, políticas, ações e investimentos
que se brindam nacional ou regionalmente que se desenharam para conduzir o
processo de mitigar efeitos, reduzir vulnerabilidades, obter adaptações e reconstruir se
for necessário, para fechar o ciclo da gestão do risco (Otero, 2009).
O local pode construir-se também a um nível inferior (e até possivelmente o
trabalho de participação se obtenha com maior eficiência) e não se descartam outras
unidades de ação como a comunidade, a aldeia, ou a família, entre outros. Ao intervir
cada um age de acordo com uma cota de responsabilidade na gestão do risco, com
maior ênfase nas fases de captação do conhecimento e de implementação de ações,
sendo que a participação se ativa como um todo e é um processo contínuo. Para isso
pode precisar-se de comissões locais de emergência, que assumem diversas estruturas
(segundo os países), e que encaminhem por igual os seus esforços não apenas de apoio
às ações de emergência, mas também que desempenhem, pouco a pouco, papéis
interventivos mais importantes no momento da prevenção e na mitigação de efeitos
previsíveis, onde a integração de autoridades, instituições públicas, científicas, etc.,
permitem-lhes assumir uma maior responsabilidade, a ampla diversidade e
complexidade de trabalhos, sob um conceito totalmente integrador (Otero, 2009).
Alguns países com mais recursos económicos e humanos, organização e
prioridade política no tema da redução de desastres, conseguem estruturar o modelo
de gestão de riscos que pode ir do nível nacional da base ao topo, pondo em prática
todo um instrumental de comunicação, organização da sociedade, domínio dos perigos
e vulnerabilidades que permitem minimizar perdas em vidas humanas em primeira
instância e dos recursos económicos, móveis e imóveis chegando até a comunidade em
todos seus momentos e com um amplo trabalho participativo de atores (Arenas,2002
em Otero, 2009).
65
4. Impacto, Vulnerabilidade, Adaptação às Inundações no
Contexto do Bairro dos Eucaliptos
As modificações do clima a longo prazo, assim como sua variabilidade atual, são
objeto de estudo pela comunidade científica internacional; o uso pelo homem de
combustíveis fósseis para gerar eletricidade, no desenvolvimento dos processos
produtivos industriais, as atividades agrícolas, de serviço e o transporte, assim como no
uso domiciliário para calefação ou refrigeração e cocção de mantimentos constitui a
causa principal do incremento da proporção de gases de efeito estufa em particular o
CO2 à atmosfera, que repercutem na ascensão das temperaturas da atmosfera, os
mares e oceanos; estes fenômenos de caráter global que provocam impactes
diferenciados por latitudes, regiões, ecossistemas e setores de atividades (Otero, 2009).
Desenvolveram-se várias gerações de cenários e modelos de cálculo do
comportamento das temperaturas e sua distribuição espacial a nível global, de
moderados, regiões e países nos últimos anos para estimar uma situação previsível.
Estes modelos possuem diversos níveis de precisão, quando ocorrem requerem um
elevado número de indicadores do comportamento meteorológico, séries históricas de
dados, entre eles, os ritmos estimados de crescimento das emissões de gases de efeito
de estufa pelos países e se executam por programas e técnicas computadorizadas
(Otero, 2009).
66
Outro fenomeno esperado é a mudança na intensidade e frequência de eventos
meteorológicos extremos, que como os ciclones e furacões, as altas precipitações e as
secas aparecem com maior periodicidade em territórios mais amplos e causam grandes
perdas à economia dos países e a população, com especial interesse no âmbito da
produção de mantimentos e a satisfação das necessidades alimentares de uma
população crescente (Otero, 2009).
Entre outros impactes esperados se encontra as afetações aos ecossistemas
marinhos e terrestres, a redução das disponibilidades dos recursos hídricos, a redução
dos rendimentos e níveis de produção de mantimentos agrícolas, a modificação dos
padrões de aparição e desenvolvimento de enfermidades humanas (Otero, 2009).
As zonas costeiras podem vir a apresentar os impactes mais significativos, em
particular em zonas baixas e em pequenas zonas insulares onde a ascensão do nível
médio do mar provocado pela dilatação da água dos oceanos e o acelerado processo de
derretimento das calotes polares com valores entre 27 e 85 cm de ascensão nos
próximos 50 e 100 anos com impactes à população e atividades económicas assentes
nas costas, IPCC, 2007 (Otero, 2009).
Os trabalhos de redução de desastres e os estudos de mudança climática têm
pedestais de uma coluna diferentes e transitaram que forma independente. A mudança
climática é o resultado da ação antrópica ao emitir o homem elevados volume de gases
efeito estufa (GEI) à atmosfera como resultado do uso do combustível fóssil nos
processos industriais, o consumo doméstico, o transporte, entre outros, com o
consequente aquecimento da atmosfera e aumento das águas do nível médio do mar,
além disso influi na frequência ou recrudescimento de eventos meteorológicos severos
causadores por igual de situações de estresse de territórios e de catástrofes (secas,
chuvas intensas, e intensidade de furacões), portanto as ações que se tomem em uma
ou outra disciplina suportam o mesmo objetivo. EIRD referiu gestão de riscos e
prevenção, enquanto IPCC desenvolveu duas linhas de trabalho: a mitigação (redução
de emissões do GEI) e a adaptação dos ecossistemas, as comunidades, as atividades
económicas e o homem em geral (Otero, 2009).
As duas organizações estão adstritas ao Sistema de Nações Unidas e junto ao
PNUD e ao PNUMA, entre outros, disseram unir os seus esforços e recursos e
67
estabelecer as sinergias necessárias para contribuir à formulação de políticas do global
ao local e incidir na preparação da população ante as emergências que se apresentam,
com programas de ação conjunta capazes de enfrentar com maior eficiência a
ocorrência dos eventos Hidrometeorológicos severos derivados tanto da variabilidade
como das mudanças climáticas (Otero, 2009).
Outros eventos naturais alheios ao comportamento do clima e com incidência
na população, economia e meio ambiente como, sismos, tsunamis, seguirão sendo
tratados de maneira personalizada pelo EIRD dadas as perdas que destes fenômenos
naturais têm vindo a causar e as necessidades de encontrar respostas necessárias pela
comunidade internacional (Otero, 2009).
Unir estes esforços foi a colocação deixada pelo UNFCCC - Technical Workshop
on integrating pratique, tools and systems for climate risk assessment and management
and disaster risk reducction strategies into national policies and programes”, que sob o
programa do Nairobi sobre os impactes, vulnerabilidade e adaptação ante a mudança
climática, teve por sede a Havana, Cuba em março do 2009; onde ficou de manifesto a
necessidade de aglutinar e especificar estes temas e fortalecer os esforços em todas as
ordens e muito em particular ao canalizar recursos financeiros para desenvolver uma
estratégia comum de trabalho no futuro. (Otero, 2009).
68
CAPÍTULO IV – CASO DE ESTUDO DO BAIRRO DOS
EUCALIPTOS
69
Quais os principais riscos que existem no Bairro dos Eucaliptos que contribuem
para que a população não tenha uma vida de qualidade?
Existem inúmeros problemas que estão na base dos riscos eminente que o
bairro enfrenta:
1- O fraco saneamento básico; que torna uma ameaça para a saúde dos
moradores
70
5- Falta de planos de asseguramento para eventos extremos como cheias
e seca que assolam a região sul de Angola.
72
1.2. Enquadramento histórico do Bairro dos Eucaliptos
73
Para além disso, com base no ponto de vista socioeconómico o Vice-governador
da Área Técnica e Infraestrutura do Namibe assinalou que o Bairro dos Eucaliptos como
um bairro não viável socialmente. Constatou ainda que não há recolha, nem tratamento
de águas residuais e de resíduos sólidos e existe uma forte atividade comercial informal
que contribui substancialmente para a produção de resíduos.
74
Figura 9 - Centro de Saúde do Bairro dos Eucaliptos
Fonte: Walter José Tchivela/Autor
A província do Namibe por apresentar um clima que árido, ao longo da sua faixa,
ela sofre grande influência pelas correntes frias de Benguela que nos meses de maio e
agosto os valores são muito baixos rodando aos 15ºC, já nos meses de novembro e
dezembro ocorrem os valores mínimos da humidade relativa do ar.
Os ventos são muito regulares por serem influenciados pelas correntes de
Benguela que sopram das altas monções e vai até a baixa monções em todo ano.
Clima
O clima da província do Namibe é considerado o melhor de toda costa litoral de
Angola, tropical de altitude, nas zonas limites (com variação entre os 17 e os 25ºC) ao
longo do litoral (Francisco, 2013).
De acordo com a classificação de Thornthwaite, o clima da província do Namibe
é árido ao longo de uma faixa ocidental e semiárida na parte restante, excetuando uma
estreita faixa no (NE) da província com clima sub-húmida seco, marcando a transição
para os planaltos do interior com clima húmido (Francisco, 2013).
A humidade relativa diminui do litoral para o interior, sendo da ordem dos 75 a
80% junto à costa e de 55 a 60% no planalto (Francisco, 2013).
75
Na zona costeira, isto é, Benguela, Luanda e Namibe, os valores mais altos
ocorrem de junho a agosto, sendo da ordem dos 85%. (Francisco, 2013). No interior os
valores mais elevados, cerca de 70%, verificam-se no mês de março.
Vegetação e Fauna
Fruto das características climáticas da região, as comunidades vegetais típicas
são essencialmente moldadas pela sua capacidade de se adaptar a secura. A vegetação
predominante nesta parcela do país é o deserto, estepes povoadas de pequenos
arbustos, destacando a rara planta Weliwítschia mirabilis (Francisco, 2013).
A fauna terrestre apresenta características únicas ao nível das suas
componentes específicas no panorama nacional, fruto das particularidades
biogeográficas da região (Francisco, 2013).
Solo
De acordo com a classificação FAO-UNESCO, dos 10 agrupamentos principais de
solos que ocorrem na província, o mais representativo é o agrupamento Calciosolos
(solos com o interesse agrícola limitado) cerca de 28,6%, devido sobretudo à presença
de Calciosóis lúcidos com cerca de (16,1%) (Francisco, 2013).
No entanto, verifica-se que cerca de 45% da província (quase a totalidade da
região Sul), foi cartografada com a designação de Terrenos Rochosos. As áreas com
potencial de utilização agrícola são restritas limitando-se às baixas aluviais dos
princípios rios. Fora da faixa costeira, as áreas com potencial agrícola mantem-se
reduzida às estreitas orlas fluviais dos principais rios (Francisco, 2013).
Sustentabilidade
A componente da sustentabilidade implica definir as ações e atividades humanas
que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro
das próximas gerações. Ou seja, a sustentabilidade está diretamente relacionada ao
desenvolvimento económico e material sem agredir o meio ambiente, usando os
recursos naturais de forma inteligente para que se mantenham no futuro. Segundo
estes parâmetros, a humanidade pode garantir o desenvolvimento sustentável
(Francisco, 2013).
76
Princípios da Sustentabilidade
Partindo do princípio de que a sustentabilidade é a exploração de um
determinado recurso com responsabilidade, pensando e salvaguardando as gerações
vindoura (filhos, netos e bisnetos).
Assim podemos garantir o equilíbrio dos grandes ecossistemas terrestres
(marinho, aquático e terrestre), mas para tal devemos pensar em fontes de energias
limpas (energia eólica e energia solar), pautar para o processo de reciclar os materiais
que achamos que já não se tem utilidade, sobretudo os resíduos urbanos, passarem por
um processo de seleção de forma a futuramente serem reutilizados.
Benefícios
Os vários estudos leva-nos a orientar que o processo de combater o
desmatamento é um esforço que não pode apenas ser apenas do Ministério do
ambiente, mais sim de todos.
A província do Namibe encontra-se entre o deserto e o mar, por esta razão
temos registados aumento de altas temperaturas nos meses de verão. Para tal o
processo de plantação de árvores tem que ser algo contínuo, devido às alterações
climáticas que se têm verificado. Entretanto, a escassez de zonas verde leva-nos muitas
das vezes a consumir muito ar condicionado, que é bastante prejudicial à nossa saúde,
forçando assim as máquinas a libertar CO2 para atmosfera.
Estudos revelam que lugares com pouca arborização têm poucos estudos em
termos de capturas de imagens por satélite, porque elas ficam com pouca resolução,
devemos denunciar publicamente a exploração abate das árvores na floresta do
Maiombe (Cabinda), para que as gerações futuras possam também beneficiar do
encanto desta floresta. Pesquisas publicadas na revista Nature, afirmam que cobriram
uma área de 1,3 milhões de Km e analisaram mais de 11 mil imagens. Estas técnicas de
análises sugerem que no futuro talvez seja possível mapear uma determinada
localidade para se determinar a quantidade de Carbono está sendo armazenado nessa
área. Contudo, Brandt, diz que ainda é prematuro falar disto porque os estudos ainda
estão a ser realizados.
77
1.3.2 Caraterização biofísica do Bairro Eucaliptos
78
de tamanho e a invadir a pouca vegetação que ainda existe. Isso pode ser constatado
através da observação da Figura 11.
80
14 300 Habitantes 6 963 7 337
Relativamente aos rios que inundam o bairro, apenas existe um, o Bero, um
curso de água do Namibe que faz parte da vertente atlântica.
A província apresenta-se dividida, do ponto de vista geomorfológico, em três
sectores:
81
Figura 14 - Rio Bero – causa das inundações
no Bairro dos Eucaliptos
Fonte: IGCA, 2019
Em princípio temos que ter em conta que o rio Bero é um rio intermitente ou
temporário (Figura 14) alternando de acordo com as precipitações. Este tipo de rio
possui água apenas na época chuvosa e não tem caudal na época de seca ou estiagem.
O rio Bero por apresentar estas características e por ser o único rio que passa
junto à cidade do Namibe, é alimentado pelos outros rios da província vizinha (Figura
15) como por exemplo da Huíla, pelo rio Nambambi. Por sua vez esta província sofre a
realimentação pelos rios do planalto central Huambo e Bié, originando assim grandes
transtornos nos meses de fevereiro, março e abril.
82
Figura 15 - Os principais rios que inundam a
província
Fonte: IGCA, 2019
No que diz respeito aos aglomerados urbanos e às hortas, foram traçados planos
na sequência das cheias catastróficas de abril de 2001. Deu-se início, em setembro do
mesmo ano, à execução de um conjunto de intervenções que tiveram como objetivos:
83
O Gabinete de Obras Públicas do Namibe adotou as seguintes medidas da
reconstituição do leito do rio:
A Tabela 6 que refere análise de SWOT foi elaborado na base nas fragilidades
que o bairro apresenta desde o ponto de vista biofísico, ordenamento do território, a
mobilidade, o saneamento básico a criminalidade e da gentrificação urbana.
84
Tabela 6 - Análise de SWOT do Bairro dos Eucaliptos
Localização geográfica do O Bairro está situado numa Reconversão do bairro Elevados índices de criminalidade
Bairro, na entrada da zona periurbana Plantação de Eucaliptos e Bananal por assaltos à mão armada
cidade O Bairro esta localizada na linha no bairro População fragilizada por
Constitui a cintura verde, d´água do Rio Bero Transformar em zona verde da imigrantes vindos da RDC
área adjacente do Bairro Esta sobre um lençol freático Cidade (polígono florestal) Fortes frequências de construções
Facilidade no escoamento Habitações precária (adobe) Criação de um plano estratégico de armazéns
dos produtos vindo das Fracas condições de de evacuação das populações Números construções de cubatas
zonas de cultivos para os saneamento básico (esgotos, Colocar o bairro em manutenção de chapas ainda podem aumentar
mercados formal e latrinas, falta de passagem de temporária (Demolição) Muito quente, por falta de
informal águas paradas) Uma forte predominância no arborização
Passagem da estrada que Solo impróprio para a comércio tradicional (informal) Aumento de doenças tropicais
liga a cidade do Namibe construção de residências Criação de chafarizes, sondas para (paludismo, febre tifoide, as
com as demais províncias (impermeável) a população consumir água em diarreias agudas e a malária)
(Lubango, Benguela e Falta de arborização no bairro perfeitas condições
Cunene) Autoconstrução, com
Concentração de possibilidade de ilegalidade de
infraestruturas de grande lotes
impacto (armazéns) Baixo índice de classe social e
85
População de escolaridade
maioritariamente jovem Área não planeada
Instalação de
Crescimento desordenado de
equipamentos sociais
casas
Falta de segurança
policiamento de proximidade
Grandes aglomerados de lixos
ao redor do Bairro
Grandes dificuldades de
mobilidades das pessoas e dos
veículos
86
3. Problemas em processos de realojamento em alguns Bairros de
Angola
O Panguila (Luanda) e Valodia II (Namibe) são dois bairros para onde foram
realojados moradores de grandes bairros problemáticos.
Os moradores da Chicala (Luanda) foram relocalizados para uma zona com
menos risco, indo ocupar o Bairro Panguila. No entanto, este realojamento teve sérias
críticas uma vez que houve ausência de acompanhamento por parte das autoridades e
as pessoas foram colocadas em habitações sem condições. A construção destas
habitações era inadequada e com materiais precários. De facto, estavam revestidas a
esferovite, tinham paredes metálicas, apenas três pequenas divisões, chão de cimento
bruto e tecto de chapa de zinco vermelha, falta de água para o consumo. Em questões
de equipamentos sociais, faltavam hospitais e esquadras policias, deixando assim as
populações em condições de grande vulnerabilidade.
A par disso o mesmo sucedeu com as populações que viviam no Tinguita, o
estado retirou as populações daquele local e colocou-as numa zona muito distante, a
Substação electrica do Valodia II. Tendo cedido lotes de terras para aquelas populações.
Isto demonstra que o processo de realojamento das populaçãoes em Angola é
ainda muito deficiente e pouco adquado, fundamentalmente devido à falta de
acompanhamento e monitorização por parte do Estado.
A título ilustrativo apresenta-se aqui a imagem após chuvada de um bairro em
Luanda (Figura 16).
87
Figura 16 - Alguns Bairros de Luanda, depois da última chuva
Fonte: www.google.pt, 2021
88
Figura 17 - Divisão administrativa dos bairros de Moçâmedes
Fonte: Imagem de Ildeberto Madeira (2002)
90
CAPÍTULO V – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
91
homem e por isso existem inundações quer através das águas subterrâneas como das
águas superficiais por transbordo do rio Bero. Considerou ainda que a população que
habita o bairro quase não possui organização e gestão em caso de ocorrência de
eventos extremos.
As questões relativas aos problemas mais graves que a população do bairro dos
Eucaliptos enfrenta face aos eventos extremos- cheias e seca - são também assinaladas
pela Administradora Comunal do Forte Santa Rita (Moçâmedes). No que se refere à
seca extrema, não temos nada a dizer. Quanto às cheias podemos dizer que o maior
problema é a falta de esgotos que não existem, pois, o bairro não está urbanizado.
Na opinião do Sr. Administrador Municipal de Moçâmedes os principais
problemas que o Bairro dos Eucaliptos enfrenta face aos eventos extremos - cheias e
seca - são o saneamento básico (águas estagnadas) e consequentemente as doenças
endémicas. Na resposta ao questionário considera ainda que tendo em conta o número
da população hoje existente no Bairro dos Eucaliptos, consideram-se insuficientes as
infraestruturas ali disponibilizadas. Tal opinião é também partilhada pela
Administradora Comunal do Forte Santa Rita (Moçâmedes) que assinala que as
infraestruturas que o Bairro dos Eucaliptos tem não correspondem à demanda da
população.
No que se refere às políticas que o governo tem para mitigar os problemas que a
população do Bairro dos Eucaliptos enfrenta em caso de eventos extremos, o Sr.
Administrador assinala, para além do restante, que seriam fundamentais campanhas de
sensibilização às populações, campanhas de vacinação e fumigação em redor de todo o
bairro para matar os insetos.
Na sua opinião no que se refere às estratégias que o Governo tem para
requalificar o Bairro dos Eucaliptos, tem de se tomar atenção pois é uma zona de risco
devido à existência do lençol freático no local, sendo que considera uma boa estratégia
transferir a população para zonas mais seguras.
Por outro lado, também o Vice-Governador da Área Técnica e Infraestrutura do
Namibe aponta algumas soluções como forma de o Governo mitigar os problemas que a
população do Bairro dos Eucaliptos enfrenta face a estes eventos, tais como:
92
Sensibilização da população para retirada das zonas mais críticas e até do
bairro todo.
Reforço da única infraestrutura (Talude do rio Bero)
Construção de canais de drenagem.
93
A Administradora Comunal do Forte Santa Rita (Moçâmedes) diz que as
estratégias que o Governo tem para o bairro é de requalificar, e criar condições de
habitação dessas populações e posteriormente realojá-los e requalificar o bairro.
Considera também que as medidas que o governo tem traçado para garantir a
segurança das populações são:
O atual estado de saneamento básico do bairro dos eucaliptos é crítico, por falta
de colaboração da parte dos moradores, apesar das constantes campanhas de
sensibilização no combate pela higiene, ambiente e pelo esforço em regularizar os
horários estabelecidos para o depósito dos resíduos sólidos (lixo). Tem havido recolha
uma vez por outra por camiões do governo. No que se refere à água a solução tem sido
recorrer a motobombas como meio de drenagem. Ainda sobre arborização tem havido
campanhas de sensibilização para a prática de plantação de árvores.
Vários inquiridos defendem que a população do Bairro deveria ser deslocalizada
para uma zona com maior segurança, pois este não oferece condições de
habitabilidade, não tem garantia de higiene, o que constitui um grande atentado a
saúde pública. Verifica-se também amontoados de resíduos urbanos ao redor das
residências, nas escolas, hospitais e postos polícias e nas imediações do bairro.
De acordo com a opinião do Vice-Governador da Área Técnica e Infraestrutura
do Namibe e relativamente à questão de o Bairro dos Eucaliptos deixar de existir é
também referido que o Bairro dos Eucaliptos pode existir, mas deve ser requalificado,
com arruamentos, quer longitudinais e transversais, para dar lugar às infraestruturas
básicas. Deve-se ainda proceder a uma consolidação da infraestrutura do saneamento
básico. Considera-se ainda que a população do bairro dos Eucaliptos deveria ser
deslocalizada para uma zona com maior segurança.
94
2. Inquéritos à Autoridade Tradicional e à População do Bairro dos
Eucaliptos
95
Quanto à presença de água canalizada em casa verificou-se que 37
inquiridos responderam positivamente e 55 negativamente.
De destacar ainda que 90 inquiridos assinalaram que não há recolha de
lixo no bairro enquanto dois destacaram que sim.
Um total de 92 inquiridos assinalaram que não existem espaços verdes
no Bairro dos Eucaliptos, tendo simultaneamente o mesmo número
considerado que não há árvores suficientes no Bairro.
Relativamente às cheias e às ações da população quando estas ocorrem
ficou registado que muitas pessoas permanecem mesmo nas suas casas,
e outros vão para zonas que oferecem melhor segurança.
Para terminar, ficou ainda a saber-se que o Soba considera que o bairro
deveria ser requalificado e que a população deveria ser evacuada para as
zonas mais seguras quando há cheias.
Em resumo:
Em suma, no que se refere aos resultados dos inquéritos 100 habitantes, foi possível
constatar, com base na análise dos mesmos, que 92 dos moradores têm a noção de que
vivem em zonas de risco. e reclamam que o Governo deveria criar condições que
ofereçam maior segurança.
96
Como resposta aos problemas, uma forma de o Governo mitigar os problemas que a
população dos Eucaliptos enfrenta face a estes eventos tem a ver, na opinião do Sr.
Vice-governador com:
São ainda referidas algumas estratégias que o Governo possui para requalificar o bairro
dos Eucaliptos:
O representante da administração pública considera que o Bairro pode existir, mas deve
ser requalificado, com arruamentos, quer longitudinais e transversais, para dar lugar as
infraestruturas básicas consolidar a infraestrutura de proteção para o saneamento
básico.
Com base nas análises dos inquéritos e resultados obtidos elaborou-se o Gráfico
2, que apresenta de forma sucinta os resultados:
97
98
Sim Não Sim2 Não2 Series5 Series6
Series7 Series8
100
92 92 92 92 92 92 92 90 92 92
90
80 80
80
70
60
60 55
50
42
Gráfico dos resultados do inqueritos feito
40 37
30
20
12
10 5
0 0 0 0 0 2 0
0
99
Com base nos estudos e análise dos questionários foi possível realizar a proposta
apresentada no capítulo a seguir. Esta proposta terá como âncora de estudo a Proposta
de plano de realojamento da população do bairro dos Eucaliptos, para podermos
mitigar os vários problemas que o bairro enfrenta, nomeadamente: ordenamento do
território, saneamento básico, mobilidade no bairro e maior segurança face aos eventos
naturais (seca e cheias).
100
CAPÍTULO VI – PROPOSTA DO PLANO DE REALOJAMENTO
URBANÍSTICO TERRITORIAL NO BAIRRO DOS EUCALIPTOS
1. O Modelo Territorial
101
hortas comunitárias e um sistema de eixos pedonais. Todos estes gestos procuram
atribuir a estes espaços, novas centralidades que permitam o seu maior dinamismo,
abertura e que se insiram na estrutura de bairros inteligentes (Francisco, 2013).
Localizado na estrada que liga Namibe-Lubango passando pelo Giraúl de baixo,
numa via com aproximadamente 10km, da sede, o bairro eucaliptos-2, terá:
Tabela 7 - Proposta para comercialização de Lotes de terras e habitação no futuro Bairro dos
Eucaliptos-2
102
instalarmos no novo bairro dos Eucaliptos -2, pessoas que vivem no actual bairro dos
Eucaliptos, mais sim de pessoas que também sintam a necessidade de irem viver em
locais com maior espaço de lazeres de acomunidade.
Com uma área total de 149 hectares para o novo Bairro dos Eucaliptos-2, o
bairro terá uma estrutura pensando em cidades inteligentes com os serviços próximo
ao cidadão. Para tornar o plano possível, propõem-se demolições de forma faseada
que, após uma análise mais detalhada, apresentam baixo valor para o local (Francisco,
2013), que é uma zona de risco, onde maior parte das casas estão degradadas ou que
não se enquadrarão no futuro plano, como é possível observar na Figura 19.
103
Figura 19 - Modelo do Novo Bairro do Eucaliptos
Fonte: Walter José Tchivela/Autor
104
Figura 20 - Estaleiro dos Netinhos obstáculo à passagem das águas
Fonte: Walter José Tchivela/Autor
105
Na génese da proposta, e como se pode constatar no presente plano, procurou-
se conciliar alguns temas teóricos e ideológicos do urbanismo de intervenção na cidade,
aplicados no plano proposto e desenhado para os bairros periurbano.
A ideia de Permeabilidade através dos conjuntos de fatores é também
asseverada como objetivo da proposta, uma vez que o próprio tecido que conforma
este bairro possui uma complexidade tal que acaba por os segregar do ponto de vista
de acessos e aberturas, procurando desta forma estabelecer ou reforçar dependências
entre os diferentes pontos do bairro e também entre o próprio bairro e as suas
vizinhanças.
O estabelecimento de hierarquia que o novo bairro terá vai contar com a
homogeneidade do uso dos espaços, permitindo tornar os bairros inteligíveis, mais
seguros, e estabelecendo uma nova ordem.
Esta valorização converge para a restrição ao uso geral de determinados espaços
e a sua requalificação, de tal forma que permita a continuação das práticas atuais da
população sem que a intervenção se assuma como uma incisão agressiva. São exemplos
destas práticas o cultivo de hortas para autoconsumo e venda de produtos em feiras,
que se assumam importantes para a sustentabilidade do bairro, uma vez que muitos
dos residentes delas dependem.
Valoriza-se também a acessibilidade a todos os pontos da intervenção, criando
condições para facilitar a mobilidade de todos os utilizadores dentro dos pontos
principais dos bairros.
É aqui que o tema das Novas Centralidades assume papel primordial, trazendo
aqui um conceito mais atualizado de bairros inteligentes. É possível que a solução não
passe apenas por criar condições à existência de transportes públicos que facilitem a
mobilidade e abertura aos bairros, nem de criar espaços públicos impostos ou pouco
identificados com o local, sem questionar as suas capacidades estruturantes dentro e
fora das localidades.
É pertinente criar centralidades mais dinâmicas no seio de cada bairro, quando a
sua dimensão e número de ocupantes o permite, e de outras mais amplas e
abrangentes para o conjunto de vizinhança em que se inserem.
106
Quatro mil residências, este projeto contou com ajuda do governo chinês no
âmbito “Vamos transformar Angola num Canteiro de Obras" e a sua conclusão foi em
2016. Visivelmente satisfeitos, os beneficiários, na sua maioria são os antigos
sinistrados, que afirmam, que a partir dessa altura as famílias passaram a viver mais
acomodadas e em segurança assumindo assim o bem-estar das populações em geral.
107
Figura 24 - Novos Edifícios na Urbanização do 5 de abril
Fonte: www.Imogestin.co.ao, 2019
108
Na medida em que as populações forem reassentadas, serão demolidas as suas
casas, para não criar outros constrangimentos no processo. Será também imperioso
proceder à deslocalização do mercado dos eucaliptos para o bairro 4 de março e alterar
a denominação para Mercado dos Eucaliptos -2, que se pensa vir a ser o maior da
província (desde que sejam criados outros serviços e infraestruturas para o efeito).
A ideia de se levar o mercado para aquela zona é que por ser um planalto (zona
alta), será possível desenvolver (no 4 de março), um novo local para a evolução do
comércio precário de forma organizada, visto que o Mercado 5 de Abril não consegue
suportar a demanda quer de tantos vendedores, quer de um número tão elevado de
compradores. Bem como, trará um crescimento e tendência de abertura e aumento do
número de lojas e armazéns ao longo da única estrada que dá acesso ao mercado 5 de
abril.
Para tal, levando em consideração esses pressupostos que estão bem
modelados na lei de terra, foi tida em consideração na estruturação do plano a
elaboração de um cronograma (Tabela 8).
109
Tabela 8 - Cronograma de atividades da fase I do Bairro dos Eucaliptos
2022
Tarefas
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Constituição da Equipa de Trabalho
110
2. Etapa I - Avaliação e Estimativa dos Fatores de Risco na
Província do Namibe
111
Figura 25 - Mapa das principais zonas de riscos da
província
Fonte: Carlos Gaudari
112
A Cidade Namibe, e, por conseguinte, a área de intervenção, não é
exceção no que respeita a ser afetada pela problemática atual das Alterações
Climáticas, sobretudo no que toca às questões que se prendem com os efeitos
causados pela “Ilha de Calor” (Seca que assola toda região sul de Angola),
“Ventos Fortes”, correntes marítimas de Benguela, e Cheias que se têm
registado nos últimos anos.
No seguimento da análise efetuada ao território em causa, e tendo em
conta as lições aprendidas com os casos de estudo suprarreferidos, a proposta
apresentada visa estabelecer as regras de intervenção na área em estudo,
nomeadamente, no que toca às medidas de adaptação às alterações climáticas.
a. Ilha de Calor
b. Ventos Fortes
c. Chuvas e Cheias
116
Neste contexto, a presente proposta desta dissertação prevê ir ao
encontro das raízes e da vocação rural anterior deste território, implementando
hortas comunitárias e prevendo a plantação de um bananal, tendo em vista o
usufruto da população.
117
CAPÍTULO VII – CONSIDERAÇÕES FINAIS
118
ausência de recolha e tratamento de resíduos urbanos atualmente depositados
a céu aberto e à ausência de um saneamento básico adequado.
As análises às respostas dos inquéritos demonstraram que existe uma
perceção por parte das populações quanto aos riscos e às fragilidades do local
onde vivem a par de uma vontade expressa e da necessidade de procurarem
alternativas. Contudo, tudo isso vai depender muito das políticas publicas
angolanas a serem implementadas.
Com este estudo foi possível traçar um plano de realojamento do Bairro
dos Eucaliptos, que foi aprovado pelo Governo da Província do Namibe, para
poder realojar de uma forma faseada a população num local com melhores
condições e mais seguro.
O contacto direto com os locais e o envolvimento das populações, e
respetivas autoridades permitirá uma maior eficácia da implementação do
plano, nomeadamente
através de uma ação mais interventiva e ativa junto dos moradores, a serem realojado
para o novo Bairro dos Eucaliptos-2.
Esperamos que este trabalho e o respetivo estudo possa servir como
contributo para ajudar a ultrapassar/responder aos vários problemas e riscos do
Bairro dos Eucaliptos e evitar reicidências e possíveis consequências mais graves
de futuro. Nesta senda assume-se esta seja uma ideia com potencial para se
obter uma base sólida para intervir nas demais áreas com carateristicas
semelhantes que existem em Angola e nomeadamente na província do Namibe.
119
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Portal do Ambiente - http://www.iambiente.pt
República Portuguesa - XXII Governo - http://www.portugal.gov.pt
124
ANEXOS
Anexo 1 - Regulamento de Licenciamento das Operações de Loteamento
Filipa da Graça Domingos António Martins (2016)
125
Anexo 2 - Algumas referências sobre a Lei do ordenamento do território
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Arq. Irina Duverger Johnston & a Arq. Mailyn Castro Premier Procedimiento Metodológico
Actualización Plan General Ordenamiento Territorial Municipal. IPF Dirección de Urbanismo. La
Habana
126
Anexo 3 - Inquéritos aplicados ao Vice-Governador da área técnica e infraestrutura do Namibe
Habilitações Literárias: Licenciado; Sua ocupação Profissional: Funcionário Público; Sua Faixa
Etária: 45 -54; Área em que trabalha: Sector de Infraestruturas.
R: Por se um bairro Suburbano, esta muito pobre em Infraestruturas básicas como: vias de
acesso pelo bairro; deficiente distribuição de água e energia elétrica; redes de águas residuais e
pluviais.
(3) Qual é o estado atual se encontra o saneamento básico do bairro (ambiente, os resíduos,
sólidos e arborização)?
R: No bairro quase não há única árvore, por escassez de espaços; não há recolha de resíduos
depositados no limite do bairro; o saneamento básico não existe; há casas sem latrinas e as que
possuem podem contaminar os poços de águas existentes.
(4) Quais são os maiores problemas que esta população enfrenta face a eventos extremos
cheias e secas?
R: Enchentes no período da chuva, porque a zona faz parte do leito antigo do rio hoje desviado
por ação do homem e por isso existem inundações que por curso de águas subterrâneas como
águas superficiais por transbordo do rio Bero.
127
(5) Por exemplo; considera que a população que habita no bairro tem infraestruturas
suficientes no que se refere a eventos extremos?
R: Não, quase que não existem infraestruturas para eventos extremos.
(6) Quais são as políticas que o Governo tem para mitigar os problemas que a população dos
Eucaliptos enfrenta face a estes eventos?
R: 1. Sensibilização da população para retirada nas zonas mais críticas e até do bairro todo.
(7) Quais são as estratégias que o Governo tem para requalificar o bairro dos Eucaliptos face a
estes eventos?
R: - Deslocalização de alguns moradores em zonas críticas;
- Implementação de um novo modelo de alinhamento ou estruturação para uma urbanização
minimamente aceitável;
-Fixação de novas famílias constituídas para novas zonas de indicação da administração
municipal de Moçâmedes.
(8) Que planos o Governo tem em relação a segurança do bairro no ponto de viste das
alterações climáticas como se deu na antiga Nação Praia (Cheias de 2001)
R: - Melhoramento dos taludes do rio Bero, para evitar grandes transbordos para o bairro em
causa;
(9) Como representante da administração pública, achas que o bairro dos Eucaliptos deve deixar
de existir por apresentar um risco para as populações? Sim ou Não e Porquê?
R: O Bairro pode existir, mas deve ser requalificado, com arruamentos, quer longitudinais e
transversais, para dar lugar as infraestruturas básicas consolidar a infraestrutura de proteção
para o saneamento básico.
128
Anexo 4 - Inquérito aplicado ao administrador municipal de Moçâmedes
(2) Quais dirias que são os problemas maiores que a população do bairro Eucaliptos enfrenta
face aos eventos extremos- cheias e seca?
R: O saneamento básico (águas estagnadas) e consequentemente as doenças endémicas.
(3) Considera que a população que habita o bairro tem infraestruturas suficientes?
R: Tendo em conta o número da população hoje existente, considera-se insuficientes as
infraestruturas ali disponibilizadas.
(4) Quais são as políticas que o governo tem para mitigar os problemas que a população dos
Eucaliptos enfrenta em caso de eventos extremos, cheias e seca?
R: Campanha de sensibilização as populações, campanha de vacinação e fumigação ao arredor
do bairro para matar os insetos.
(5) Quais são as estratégias que o Governo tem para requalificar o bairro dos Eucaliptos?
129
R: Considerando como zona de risco através do lençol freático existente no bairro passa por
uma estratégia de transferir a população em zonas seguras.
(6) Que medidas de segurança o governo tem traçado para acudir as populações em caso de
alterações climáticas; como se deu na antiga Nação Praia (Cheias 2001)?
R: Reassentamento da população em zonas com maior segurança.
(7) Qual é o estado atual do saneamento básico do bairro? (tratamento dos resíduos sólidos,
cuidados com águas paradas ou águas residuais e arborização)
R: O estado atual do saneamento básico e preocupante, em função da falta de cuidado de como
tem sido tratado e depositado os resíduos.
(8) Como representante da administração pública, acha que a população do bairro dos
Eucaliptos deveria ser evacuada para uma zona com maior segurança? Por este apresentar um
risco para as populações em vários domínios? Sim ou Não; e porquê?
R: Sim. Porque é estratégia do governo reassentar a população para zona de segurança
(Aeroporto, 4 de março, e Boa Esperança).
130
Anexo 5 - Inquérito aplicado à administradora Comunal do Forte Santa Rita (Moçâmedes)
Na questão um (1) Como caracteriza o bairro dos Eucaliptos do ponto de vista socioeconómico?
R: Do ponto de vista socioeconómico, o bairro do Eucaliptos é caracterizado como fontes de
receitas para o desenvolvimento da cidade de Moçâmedes, pelo facto de existirem algumas
lojas e armazéns.
(2) Quais dirias que são os problemas maiores que a população do bairro Eucaliptos enfrenta
face aos eventos extremos- cheias e seca?
R: Os problemas maiores que a população do bairro do Eucaliptos enfrentam face aos eventos
extremos- Cheias e Secas é de salientar que o extremo seca, não temos por dizer, agora
relativamente a cheias podemos dizer que temos maior problema é a falta de esgotos no bairro
não tem, pelo facto de o bairro não estar urbanizado.
(3) Considera que a população que habita o bairro tem infraestruturas suficientes?
R: Não, Porque as infraestruturas que o bairro dos Eucaliptos tem não corresponde com a
demanda da população.
(4) Quais são as políticas que o governo tem para mitigar os problemas que a população dos
Eucaliptos enfrenta em caso de eventos extremos, cheias e seca?
R: Em caso de eventos extremos - cheias, as políticas que o governo tem para mitigar os
problemas que a população dos eucaliptos enfrenta é futuramente retirar as populações
daquela zona e serem transferida para áreas urbanizadas, segura e que oferece melhor
condições de habitabilidade.
(5) Quais são as estratégias que o Governo tem para requalificar o bairro dos Eucaliptos?
131
R: As estratégias que o Governo tem para o bairro é de requalificar, e criar condições de
habitação dessas populações e posteriormente desalojá-los e requalificar o bairro.
(6) Que medidas de segurança o governo tem traçado para acudir as populações em caso de
alterações climáticas; como se deu na antiga Nação Praia (Cheias 2001)?
R: As medidas que o governo tem traçado para garantir a segurança as populações são:
- Trabalhar na sensibilização da população para não construírem em zona de risco, bem como o
perigo que o bairro dos eucaliptos apresenta;
- Transferir a população para uma zona apropriada de modo a garantir segurança.
(7) Qual é o estado atual do saneamento básico do bairro? (tratamento dos resíduos sólidos,
cuidados com águas paradas ou águas residuais e arborização)
R: O atual estado do saneamento básico do bairro dos eucaliptos é crítico, por falta de
colaboração por parte dos moradores, apesar das contantes campanhas de sensibilização no
combate contra a higiene, ambiente e lutando também para regularização de horários
estabelecidos para o depósito dos resíduos (Lixo) os resíduos sólidos, e o tratamento tem sido
por recolha uma vez a outra por camiões do governo, sobre água o cuidado tem sido por meio
de evacuação com ajuda de motobombas. Ainda sobre arborização tem havido campanha de
sensibilização para a prática de plantação de árvores.
132
Anexo 6 - Inquérito de aplicação autoridade tradicional e a população do Bairro dos Eucaliptos
Marca com (X) o SIM no primeiro quadro e NÃO no segundo SIM NÃO
92
6. Considera o número de escolas é suficiente………………
133
8. O Saneamento básico é bom………………………………. 12 80
R: Muitos deles permanecem mesmo nas suas casas, e outros vão para umas zonas que
oferecem melhor segurança.
18. O soba acha que a população deveria ser evacuada para as zonas mais seguras quando
há cheias?……………………………….
sim
134
Anexo 7 - Ficha de Inscrição para os moradores do Bairro dos Eucaliptos
REPÚBLICA DE ANGOLA
Nome__________________________________________________________
Rendimento Mensal_________________AKZ.
Assinatura______________________________________________________________
2- Dados da Residência
135
3- Dados do Inquiridor
Nome_____________________________________________________
Data______________/_____/___________
_______________________________________________
136
Anexo 8 - Levantamento Fotográfico Do Bairro Dos Eucaliptos
137
138